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Reforma Psiquiátrica Brasileira aula slaides

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Reforma Psiquiátrica Brasileira 
PROFª GRAÇA MACIEIRA
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 Tratar da reforma psiquiátrica brasileira requer abordar a história da psiquiatria no Brasil, bem como a sua concepção acerca da loucura. (Amado, S.M, 2007)
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 A psiquiatria surge, com a chegada da Família Real ao Brasil, com o objetivo de colocar ordem na urbanização disciplinando a sociedade e sendo, dessa forma, compatível ao desenvolvimento mercantil e as novas políticas do século XIX.
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 É a partir do embasamento nos conceitos da psiquiatria européia, como degenerescência moral, organicidade e hereditariedade do fenômeno mental, que a psiquiatria brasileira intervém no comportamento considerado como desviante e inadequado às necessidades do acúmulo de capital, isolando-o e tratando-o no hospital psiquiátrico.
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 Em 1960, com a unificação dos institutos de pensões e de aposentadoria, é criado o Instituto Nacional de Previdência Social (INPS). O Estado passa a comprar serviços psiquiátricos do setor privado e concilia pressões sociais com o interesse de lucro por parte dos empresários. Dessa forma, cria-se uma “indústria para o enfrentamento da loucura” 
 (Amarante, 1995:13).
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A experiência de Franco Basaglia em Trieste e a repercussão no Brasil
 Basaglia – 1971 
 fecha os manicômios, acabando com a violência dos tratamentos e põe fim no aparelho da instituição psiquiátrica tradicional. 
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 Basaglia
 
 É possível a constituição de uma nova forma de organização da atenção que ofereça e produza cuidados, ao mesmo tempo que produza novas formas de sociabilidade e de subjetividade para aqueles que necessitam da assistência psiquiátrica.
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 Esse grande passo dado pela Itália influenciou o Brasil, fazendo ressurgir diversas discussões que tratavam da desinstitucionalização do portador de sofrimento mental, da humanização do tratamento a essas pessoas, com o objetivo de promover a reinserção social.
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1970
 São registradas várias denúncias quanto à política brasileira de saúde mental em relação à política privatizante da assistência psiquiátrica por parte da previdência social, quanto às condições de atendimento psiquiátrico à população.
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Rio de Janeiro - 1978
 Eclode o movimento dos trabalhadores da Divisão Nacional de Saúde Mental (DINSAM), que faz denúncias sobre as condições de quatro hospitais psiquiátricos da DINSAM e coloca em xeque a política psiquiátrica exercida no país.
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O Movimento de Trabalhadores em Saúde Mental
1970 
 Surge a questão da reforma psiquiátrica no Brasil. 
 Pequenos núcleos estaduais principalmente nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais constituem o Movimento de Trabalhadores em Saúde Mental (MTSM). 
 A questão psiquiátrica é colocada em pauta: 
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A relação entre a Reforma Sanitária e a Reforma Psiquiátrica
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 O movimento de reforma sanitária tem influência constitutiva no movimento de reforma psiquiátrica. 
 Nos primeiros anos da década de 1980 os dois movimentos se unem, ocupando os espaços públicos de poder e de tomada de decisão como forma de introduzir mudanças no sistema de saúde. 
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 “A Proposta da Reforma Sanitária Brasileira representa, por um lado, a indignação contra as precárias condições de saúde, o descaso acumulado, a mercantilização do setor, a incompetência e o atraso e, por outro lado, a possibilidade da existência de uma viabilidade técnica e uma possibilidade política de enfrentar o problema”. 
 (Arouca, 1988:2)
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O Movimento de Luta Antimanicomial
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1980
 Ocorrem vários encontros, de preparação para a I Conferência Nacional de Saúde Mental (I CNSM), que ocorreu em 1987 e recomenda a priorização de investimentos nos serviços extra-hospitalares e multiprofissionais como oposição à tendência hospitalocêntrica.
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1987 - II Congresso Nacional em Bauru
 Movimento de Luta Antimanicomial 
 é construído o lema ‘por uma sociedade sem manicômios’. 
 Nesse congresso amplia-se o sentido político-conceitual acerca do antimanicomial.
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 Construído o Projeto de Lei 3.657/89, conhecido como Lei Paulo Delgado
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detém a oferta de leitos manicomiais financiados com dinheiro público, redireciona os investimentos para outros dispositvos assistenciais não-manicomiais.
torna obrigatória a comunicação oficial de internações feitas contra a vontade do paciente oferecendo: “(...) pela primeira vez um instrumento legal de defesa dos direitos civis dos pacientes”.
 (Bezerra, 1992: 36) 
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1990
 Conferência ‘Reestruturación de la Atención Psiquiátrica en la Región’, promovida pelas Organizações Panamericana e Mundial de Saúde (OPS/OMS)
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 Necessidade premente de reestruturação imediata da assistência psiquiátrica pela adequação das legislações dos países de forma que “assegurem o respeito dos direitos humanos e civis dos pacientes mentais e promovam a reorganização dos serviços que garantam o seu cumprimento”
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Os serviços de saúde mental substitutivos ao modelo manicomial
 Portaria nº 224, de 29 de janeiro de 1992 do Ministério da Saúde - estabelece as diretrizes para o atendimento nos serviços de saúde mental, normatizando vários serviços substitutivos como:
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Atendimento ambulatorial com serviços de saúde mental (unidade básica, centro de saúde e ambulatório)
Centros e Núcleos de atenção psicossocial (CAPS/NAPS)
Hospital-Dia (HD) 
Serviço de urgência psiquiátrica em hospital-geral
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Leito psiquiátrico em hospital-geral
Além de definir padrões mínimos para o atendimento nos hospitais psiquiátricos, até que sejam totalmente superados.
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 A Portaria nº 106, de 11 de fevereiro de 2000 
 
 Serviços Residenciais Terapêuticos em saúde mental para pacientes de longa permanência em hospitais psiquiátricos.
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7 de abril o Dia Mundial da Saúde2001. 
 Este ano com o tema Cuidar Sim, Excluir Não. Este dia foi marcado por uma série de eventos em todo o país, como resultado do empenho de estados e municípios na construção de uma Política de Saúde Mental equânime, inclusiva, extra-hospitalar e de base comunitária. 
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CAPS
Como dispositivo estratégico, capaz de funcionar como centro articulador, em uma lógica de rede, das instâncias de cuidados básicos em saúde.
Programa de Saúde da Família
Rede de ambulatórios
Atendimento terciário (internações) e atividades de cuidado e suporte social como, por exemplo, lares abrigados, trabalho protegido, lazer, advocacia de direitos e de questões previdenciárias. 
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Residências Terapêuticas
 Em funcionamento em alguns municípios, e têm início várias ações que visam resgatar a contratualidade desta clientela. Outros estados como, por exemplo, São Paulo e Rio Grande do Sul, também estão em processo de implantação desse novo modelo assistencial. 
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 No final da década de 1980 e início de 1990,
 - outros paradigmas relacionados com atenção aos portadores de transtornos mentais, substituindo intencionalmente a palavra "tratar", que sempre pressupõe uma nomeação diagnóstica, por "cuidar", 
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 Desde 1991, os regulamentos da Política Nacional de Saúde Mental
 – Portarias n. 189/91 e 224/92 – definem claramente a integralidade como componente obrigatório dessa política.
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 Lei Federal que reorienta a assistência psiquiátrica – n. 10.216, de 06/04/2001
 Artigo 4º, §2º – determina que:
 "O tratamento em regime de internação será estruturado de forma a oferecer assistência integral à pessoa portadora de transtornos mentais, incluindoserviços médicos, de assistência social, psicológicos, ocupacionais, de lazer e outros".
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 Centros ou Núcleos de Atenção Psicossocial (CAPS/NAPS)
 Serviços comunitários de saúde mental - que por e para serem comunitários, têm que atender aos postulados de acessibilidade, e portanto, de qualidade.
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 Programa de Saúde da Família 
 Por isso a referência, em nossa sistematização dos períodos e respectivos modelos de atenção à "Inversão de Modelo" e "Ausência de Serviços", à tendência imaginada para este século. 
 De fato, propõe-se aquilo que desde o final da década de 80 era consenso entre os sanitaristas a mudança da lógica do modelo assistencial, do coletivo para o individual.
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Programa “De Volta para Casa” - Ministério da Saúde
 programa de reintegração social de pessoas acometidas de transtornos mentais, egressas de longas internações, segundo critérios definidos na Lei nº 10.708, de 31 de julho de 2003.
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Pagamento do auxílio-reabilitação psicossocial
 Artigo 5º, determina que os pacientes há longo tempo hospitalizados, ou para os quais se caracterize situação de grave dependência institucional, sejam objeto de “política especí­fica de alta planejada e reabilitação psicossocial assistida”. 
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 O benefício consiste no pagamento mensal de auxílio-pecuniário no valor de R$ 240,00 (duzentos e quarenta reais) ao beneficiário ou seu representante legal, se for o caso, com duração de um ano. 
 Poderá ser renovado, a partir da avaliação de equipe municipal e de parecer da Comissão de Acompanhamento do Programa “De Volta para Casa” (CAP-SES e CAP-MS), e tem como objetivo apoiar e acompanhar o beneficiário no seu processo de reabilitação psicossocial. 
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No âmbito municipal
- ser responsável pela atenção integral em saúde e assegurar a continuidade de cuidados em saúde mental, em programas extra-hospitalares, para os beneficiários do programa;
- selecionar, avaliar, preencher e encaminhar ao Ministério da Saúde informações 
- cadastrais necessárias para inclusão dos beneficiários no Programa;
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Ministério da Saúde 
 O Ministério da Saúde constituiu uma Comissão de Acompanhamento do Programa “De Volta para Casa”, definida em Portaria nº 2278/GM, de 31 de outubro de 2003. 
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Estado 
 Acompanhar a implementação do programa nos municípios habilitados de seu Estado, por meio do acesso a relatórios sobre beneficiários incluídos no programa por município. 
 Também poderá assessorar os municípios na orientação quanto ao cadastramento de beneficiários, proporcionando avaliações e discussões coletivas quanto à implantação e implementação do programa nos municípios.
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Município 
 O município habilitado assegurará estratégia de acompanhamento dos beneficiários por equipe de saúde local e promoverá avaliações do processo de implantação do programa. Para tal enviará ao Ministério da Saúde relatório anual e relatório específico sobre essa implantação.
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TERMO DE ADESÃO MUNICIPAL AO PROGRAMA “DE VOLTA PARA CASA”
 A Prefeitura Municipal de solicita adesão ao Programa “De Volta para Casa”, que se destina à assistência, acompanhamento e integração social, fora de unidade hospitalar, de pacientes acometidos de transtornos mentais, egressos de longa internação em hospitais ou unidades psiquiátricas, sendo o auxílio parte integrante de um programa de ressocialização de pessoas com transtorno mental e excluídas do convívio social, 
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  A rede de saúde mental pode ser constituída por vários dispositivos assistenciais que possibilitem a atenção psicossocial aos pacientes com transtornos mentais, segundo critérios populacionais e demandas dos municípios. 
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 Esta rede pode contar com ações de saúde mental na atenção básica,
 - Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), 
 - Serviços residenciais terapêuticos (SRT), 
 - Leitos em hospitais gerais, ambulatórios, 
 - Programa de Volta para Casa, 
 Ela deve funcionar de forma articulada, tendo os CAPS como serviços estratégicos na organização de sua porta de entrada e
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 Os CAPS podem ser de tipo I, II, III, Álcool e Drogas (CAPS AD) e Infanto-juvenil (CAPSi). 
- Municípios até 20.000 habitantes - rede básica com ações de saúde mental 
- Municípios entre 20 a 70.000 habitantes - CAPS I e rede básica com ações de saúde mental
- Municípios com mais de 70.000 a 200.000 habitantes - CAPS II, CAPS AD e rede básica com ações de saúde mental
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 Municípios com mais de 200.000 habitantes  - CAPS II, CAPS III, CAPS AD, CAPSi, e rede básica com ações de saúde mental e capacitação do SAMU.
 A composição da rede deve ser definida seguindo estes parâmetros mas também atendendo a realidade local.
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Organização das ações de saúde mental na atenção básica
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 As ações de saúde mental devem ser organizadas a partir da constituição de núcleos de atenção integral na saúde da família. 
 Estas equipes deverão dar suporte técnico (supervisão, atendimento em conjunto e atendimento específico, além de participar das iniciativas de capacitação) às equipes responsáveis pelo desenvolvimento de ações básicas de saúde para a população (PSF e ACS). 
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      Os núcleos devem ser constituídos em municípios acima de 40.000 habitantes, na proporção de 1 núcleo para cada 9 a 11 equipe de saúde da família, e para na   Amazônia, nos municípios acima de 30.000 habitantes, na proporção de 1 núcleo para cada 7 a 9 equipes de saúde da família.
       A equipe de saúde mental deverá ser constituída por 1 psicólogo ou psiquiatra necessariamente e 1 terapeuta ocupacional e/ou 1 assistente social.
 As equipes devem estar articuladas preferencialmente aos CAPS, onde houver, ou a um outro serviço de saúde mental de referência.
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Implantar um CAPS
 Para a implantação do CAPS em seu município, deve-se primeiro observar o critério populacional, definido no item 2, para a escolha do tipo de CAPS mais adequado ao porte do município. 
 O Ministério da Saúde repassa um incentivo antecipado para a implantação do serviço nos valores de R$ 20.000,00 (CAPS I), R$ 30.000,00 (CAPS II e CAPSi), R$ 50.000,00 (CAPS III e CAPSad).
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solicitação do incentivo antecipado 
 Encaminhar ofício com a solicitação do incentivo ao Ministério da Saúde, com cópia para a respectiva Secretaria de Estado da Saúde, com os seguintes documentos:
 II - projeto terapêutico do serviço;
 III - cópia das identidades profissionais dos técnicos compondo equipe mínima, segundo as diretrizes da Portaria 336/GM, de 19/02/02;
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 IV - termo de compromisso do gestor local, assegurando o início do funcionamento do CAPS em até 3 (três) meses após o recebimento do incentivo financeiro de que trata esta Portaria; e
 V - proposta técnica de aplicação dos recursos.
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 Documentação da Secretaria Municipal de Saúde e do gestor.
 Projeto Técnico do CAPS;
 Planta Baixa do CAPS;
 Discriminação da Equipe Técnica, anexados os currículos dos componentes;
Relatório de Vistoria realizada pela Secretaria de Estado da Saúde.
 (ref.: Portaria nº 336/GM, de 19/02/02 e Portaria nº 189/SAS de 20/03/02) 
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Marcos políticos, teóricos e práticos A superação do modelo manicomial.
 Políticas de saúde do Brasil que tiveram um marco teórico e político na 8a Conferência Nacional de Saúde (1986), na 1a Conferência Nacional de Saúde Mental (1987), na 2a Conferência Nacional de Saúde Mental (1992), culminando na 3ª Conferência Nacional de Saúde Mental (2001). 
 Reforma Psiquiátrica brasileira, nas últimas décadas, intercalação de períodos de intensificação das discussões e de surgimento de novos serviços e programas, com períodos em que ocorreu uma lentificação do processo. Historicamente, podemos situar as décadas de 80 e 90 como marcos 
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 ConferênciaRegional para a Reestruturação da Assistência Psiquiátrica, realizada em Caracas, em 1990. 
 “Declaração de Caracas”
 Nele, os países da América Latina, inclusive o Brasil, comprometem-se a promover a reestruturação da assistência psiquiátrica,
 rever criticamente o papel hegemônico e centralizador do hospital psiquiátrico, salvaguardar os direitos civis, a dignidade pessoal, os direitos humanos dos usuários e propiciar a sua permanência em seu meio comunitário.1 
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REFERÊNCIAS 
 Brasil. Ministério da Saúde. Carta de Brasília. Princípios Orientadores para o Desenvolvimento da Atenção em Saúde Mental nas Américas. [acesso em 07/Mar/2006]. Disponível em: http://portal.saude.gov.br/portal/sas/mental 
 Nicácio, M.F.S. O processo de transformação da saúde mental em Santos: desconstrução de saberes, instituições e cultura. São Paulo, 1994. 155 p. Dissertação (Mestrado) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
 Aguiar, M.G.G. A reinvenção do ser enfermeira no cotidiano da Casa de Saúde Anchieta e núcleos de atenção psicossocial. São Paulo, 1995. 155 p. Dissertação (Mestrado) – Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo.

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