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educacao e diversidade unidad

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1
UNIDADE 1
DIVERSIDADE E CIDADANIA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade tem por objetivos:
• compreender o conceito de diversidade e desigualdade social;
•	 pensar	como	as	ações	afirmativas	podem	contribuir	para	contemplar	a	di-
versidade cultural na sociedade e na educação;
• reconhecer a representação de identidade e alteridade.
Esta unidade está organizada em três tópicos. Em cada um deles você 
encontrará	dicas,	 textos	complementares,	observações	e	atividades	que	 lhe	
darão	uma	maior	compreensão	dos	temas	a	serem	abordados.
TÓPICO 1 – DIVERSIDADE COMO DIREITO: A INCLUSÃO COMO 
 GARANTIA DA IGUALDADE E DIGNIDADE DO INDIVÍDUO
TÓPICO 2 – DIVERSIDADE COMO CONCEITO: CONCEPÇÕES E 
 INTERPRETAÇÕES DE DIVERSIDADE E DE DESIGUALDADE
TÓPICO 3 – DIVERSIDADE COMO PRÁTICA: MULTICULTURALISMO, 
 ALTERIDADE E GESTÃO DEMOCRÁTICA
Assista ao vídeo 
desta unidade.
2
3
TÓPICO 1UNIDADE 1
DIVERSIDADE COMO DIREITO: A 
INCLUSÃO COMO GARANTIA DA 
IGUALDADE E DIGNIDADE DO INDIVÍDUO
1 INTRODUÇÃO
Os direitos humanos foram criados para garantir aos cidadãos uma vida 
plena, ou seja, os direitos humanos garantem, pelo reconhecimento das leis, dos 
Estados e do povo, a cidadania através dos direitos civis, políticos e sociais.
Dentre os direitos humanos está o direito à diversidade. O reconhecimento 
da diversidade social, cultural e econômica é uma parcela fundamental na 
construção da cidadania. Para compreender o direito à diversidade, este tópico 
será	dedicado	 ao	debate	 sobre	 a	 diversidade,	 as	 desigualdades	 e	 a	 inclusão	 no	
contexto da cidadania e da educação.
2 DIVERSIDADE E CIDADANIA
Caro	 acadêmico,	 você	 já	 se	 perguntou	 quais	 características	 garantem	 a	
um	cidadão	o	acesso	aos	direitos	humanos?	Ou	ainda,	quais	são	as	barreiras	que	
precisamos	superar	para	garantir	a	todos	o	acesso	aos	direitos	humanos?	Observe	
a	charge	a	seguir	e	reflita	sobre	essas	questões.
FIGURA 1 - DIREITOS E CIDADANIA
FONTE: Disponível em: <https://blogdofialho.files.
 wordpress.com/2012/02/charge2011-titulo_de_
 cidadao.jpg>. Acesso em: 20 ago. 2016.
UNIDADE 1 | DIVERSIDADE E CIDADANIA
4
A	garantia	dos	direitos	humanos	requer	um	movimento	de	transformação	
social no sentido da construção de uma postura ética e da promoção da igualdade 
e respeito às diversidades.
 
A ética emancipatória dos direitos humanos demanda transformação 
social,	a	fim	de	que	cada	pessoa	possa	exercer,	em	sua	plenitude,	suas	
potencialidades,	sem	violência	e	discriminação.	É	a	ética	que	vê	no	outro	
um ser merecedor de igual consideração e profundo respeito, dotado 
do direito de desenvolver as potencialidades humanas, de forma livre, 
autônoma	 e	 plena.	 Enquanto	 um	 construído	 histórico,	 os	 direitos	
humanos não traduzem uma história linear, não compõem uma marcha 
triunfal,	e	tampouco	uma	causa	perdida.	Mas	refletem,	a	todo	tempo,	a	
história	de	um	combate,	mediante	processos	que	abrem	e	consolidam	
espaços de luta pela dignidade humana (PIOVESAN, 2008, p. 887).
A	igualdade	e	a	postura	ética,	tão	almejadas	quando	falamos	em	respeito	
aos	direitos	humanos,	passam	por	diferentes	níveis	que	demandam	nossa	atenção	
e	reconhecimento.	Podemos	observar,	no	contexto	social,	que	as	diversidades	se	
constituem em diferentes níveis. Dessa forma, a concepção de igualdade pode ser 
dividida em: igualdade formal; igualdade material em relação à justiça social; e 
igualdade material em relação ao respeito das diversidades. 
 
Destacam-se,	 assim,	 três	 vertentes	 no	 que	 tange	 à	 concepção	 da	
igualdade: a) a igualdade formal, reduzida à fórmula ‘todos são 
iguais	 perante	 a	 lei’	 (que,	 ao	 seu	 tempo,	 foi	 crucial	 para	 abolição	 de	
privilégios);	b)	a	igualdade	material,	correspondente	ao	ideal	de	justiça	
social	e	distributiva	(igualdade	orientada	pelo	critério	socioeconômico);	
e	c)	a	igualdade	material,	correspondente	ao	ideal	de	justiça	enquanto	
reconhecimento de identidades (igualdade orientada pelos critérios 
de gênero, orientação sexual, idade, raça, etnia e demais critérios 
(PIOVESAN, 2008, p. 888).
Caro(a)	acadêmico(a),	observe	a	interação	dessas	noções	na	figura	a	seguir.	
A	promoção	da	 igualdade	 requer	 atenção	 aos	diferentes	níveis,	pois	 ela	não	 se	
justifica	por	um	único	motivo.	
Especialmente no espaço da educação, os professores vivenciam 
diariamente em sala de aula experiências com sujeitos diversos – pela cultura, 
etnia, gênero, religião, classe social. Por essa razão, garantir a igualdade diante de 
tamanha	diversidade	é	um	desafio	contínuo.	
TÓPICO 1 | DIVERSIDADE COMO DIREITO: A INCLUSÃO COMO GARANTIA DA IGUALDADE E DIGNIDADE DO INDIVÍDUO
5
FIGURA 2 - DIMENSÕES DA CONCEPÇÃO DE IGUALDADE
FONTE: A autora
Para alcançarmos tais ideais é essencial reconhecer a justiça em seu caráter 
bidimensional,	que	representa	a	redistribuição	e	o	reconhecimento.	A	redistribuição	
representa a superação de desigualdades econômicas e o reconhecimento 
representa a superação dos padrões culturais de preconceitos e exclusão social em 
relação à diversidade (PIOVESAN, 2008).
Em	 um	 contexto	 social	 que	 promova	 um	 movimento	 em	 direção	 à	
redistribuição	e	ao	reconhecimento,	as	práticas	devem	incorporar	e	naturalizar	as	
diferenças. Esse reconhecimento da diferença deve alimentar a postura igualitária 
e não reproduzir as desigualdades vigentes na sociedade (PIOVESAN, 2008). 
Visando	as	transformações	mencionadas	acima,	se	consolida	no	âmbito	dos	
direitos	humanos	o	universo	das	ações	afirmativas.	Essas	ações	propõem	formas	
de	 reorganização	 social	 tendo	 como	 finalidade	 a	 promoção	 da	 igualdade	 e	 da	
justiça	social	em	áreas	em	que	predominam	padrões	de	exclusão	e	desigualdade. 
Os	debates	e	lutas	direcionados	aos	direitos	humanos	remetem	ao	século	
XVII, porém, se consolidaram através da Declaração Universal dos Direitos 
Humanos de 1948.
UNIDADE 1 | DIVERSIDADE E CIDADANIA
6
A Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH) é um documento marco 
na história dos direitos humanos. Elaborada por representantes de diferentes origens jurídicas 
e culturais de todas as regiões do mundo, a Declaração foi proclamada pela Assembleia 
Geral das Nações Unidas em Paris, em 10 de dezembro de 1948, através da Resolução 217 A 
(III) da Assembleia Geral, como uma norma comum a ser alcançada por todos os povos e 
nações. Ela estabelece, pela primeira vez, a proteção universal dos direitos humanos.
FONTE: A Declaração Universal dos Direitos Humanos. Disponível em: <http://
www.dudh.org.br/declaracao/>. Acesso em: 28 ago. 2016.
O direito à educação é reconhecido internacionalmente através da 
Declaração Universal dos Direitos Humanos em seu vigésimo sexto artigo. Além 
de garantir o acesso gratuito – pelo menos no Ensino Fundamental –, a declaração 
prevê	como	objetivos	da	educação	promover	a	expansão	da	personalidade	humana,	
de	sua	liberdade	e	da	compreensão,	tolerância	e	amizade	entre	todas	as	nações.
FIGURA 3 - ARTIGO 26º DA DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS
FONTE: Adaptado de <http://www.humanrights.com/pt/what-are-human-rights/
 universal-declaration-of-human-rights/articles-21-30.html>. Acesso em: 8 
 ago. 2016.
No Brasil, a Constituição Federal de 1988 prevê no artigo 205 a educação 
como direito de todos e dever do Estado; no artigo 206 o direito à inclusão e à 
educação	infantil;	e	em	seu	artigo	208	prevê	as	garantias	atribuídas	como	papel	do	
Estado.
IMPORTANT
E
Toda pessoa tem direita à educação. A educação deve ser gratuita, pelo menos a 
correspondente	ao	ensino	elementar	fundamental.	O	ensino	elementar	é	obrigatório.	O	
ensino	técnico	e	profissional	deve	ser	generalizado,	o	acesso	aos	estudos	superioresdeve	
estar	aberto	a	todos	em	plena	igualdade,	em	função	do	seu	mérito.
A educação deve visar à plena expansão da personalidade humana e ao esforço dos direitos 
do	homem	e	das	liberdades	fundamentais	e	deve	favorecer	a	compreensão,	a	tolerância	
e	a	amizade	entre	todas	as	nações	e	todos	os	grupos	raciais	ou	religiosos,	bem	como	o	
desenvolvimento das atividades das Nações Unidas para a manutenção da paz.
Os	pais	têm	um	direito	preferencial	para	escolher	o	tipo	de	educação	que	será	dadas	aos	
seus	filhos.
TÓPICO 1 | DIVERSIDADE COMO DIREITO: A INCLUSÃO COMO GARANTIA DA IGUALDADE E DIGNIDADE DO INDIVÍDUO
7
FIGURA 4 - ARTIGOS 205, 206 E 208 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL
FONTE: Adaptado de: <http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_
 docman&view=download&alias=430-constituicao-de-
 1988&Itemid=30192>. Acesso em: 10 ago. 2016.
Como	reflexo	da	legislação	vigente	e	do	posicionamento	do	Estado	brasileiro	
em	relação	à	garantia	da	cidadania,	as	políticas	educacionais	brasileiras	preveem	
o direito à diversidade e à inclusão. Tais direitos são reforçados nos documentos 
que	orientam	a	elaboração	dos	currículos	e	as	práticas	educacionais	no	país.	Estão	
presentes nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), nas Diretrizes Nacionais 
para Educação (DCN) e na Política de Inclusão Social.
Os PCN possuem um volume dedicado à pluralidade cultural e à orientação 
sexual. O volume apresenta a relevância dessas temáticas para a formação da 
cidadania	e	inclui	a	discussão	sobre	pluralidade	cultural	e	orientação	sexual	como	
parte	do	currículo	das	escolas	brasileiras.
O	direito	à	educação	pública	e	de	qualidade	faz	parte	do	legado	das	lutas	
sociais	pela	garantia	dos	direitos	humanos.	No	cotidiano	das	escolas	brasileiras,	o	
acesso	à	educação	de	qualidade	e	sem	distinção	permanece	cada	vez	mais	presente	
nos discursos, avança em muitas práticas, porém está distante de alcançar os 
parâmetros	estabelecidos	pela	legislação.
Art. 
205. A educação, 
direito de todos e dever 
do Estado e da família, será 
promovida e incentivada com a 
colaboração	da	sociedade,	visando	ao	
pleno desenvolvimento da pessoa, seu 
preparo para o exercício da cidadania e sua 
qualificação	para	o	trabalho.
Art. 208. O dever do 
Estado com a Educação 
será efetivado mediante 
a garantia de: III 
atendimento educacional 
especializado aos 
portadores	de	deficiência,	
preferencialmente na 
rede regular de ensino; IV 
atendimento em creche e 
pré-escola às crianças de 0 a 
6 anos de idade
Art. 206. O ensino será 
ministrado	com	base	nos	
seguintes princípios: I – 
igualdade de condições para 
o acesso e permanência na 
escola [...]
UNIDADE 1 | DIVERSIDADE E CIDADANIA
8
3 DIREITOS E CIDADANIA
A garantia dos direitos civis, políticos e sociais na legislação, infelizmente, 
não	reflete	a	realidade	da	grande	maioria	da	população.	Direitos	são,	na	verdade,	
privilégios	em	uma	sociedade	em	que	a	diversidade	se	converte	em	desigualdade	
e	 exclusão.	 Portanto,	 atualmente	 é	 possível	 afirmar	 que	 cidadania	 formal	 está	
distante da real.
A	cidadania	ganhou	espaço	no	debate	social	com	a	luta	pelos	direitos	civis	
nos	séculos	XVII	e	XVIII.	Os	direitos	civis	estavam	ligados	à	garantia	da	liberdade	
de	expressão,	da	liberdade	religiosa,	de	ir	e	vir,	da	propriedade	privada	e	escolha	
de emprego. Os direitos passaram a ser incluídos nas legislações europeias, porém, 
a noção de cidadania vigente amparava as elites em detrimento do restante da 
população (MARSHALL, 1967).
FIGURA 5 - MARTIN LUTHER KING – LIDERANÇA RECONHECIDA 
 MUNDIALMENTE PELA LUTA PELOS DIREITOS CIVIS 
 NOS ESTADOS UNIDOS
FONTE: Disponível em: <https://umapalavra.files.wordpress.
 com/2008/04/mking.jpg>. Acesso em: 20 ago. 2016.
Os direitos políticos foram consolidados ao longo do processo de 
formação do Estado moderno e a expansão da democracia. Podem ser vistos como 
desdobramentos	da	conquista	dos	direitos	civis	no	século	XVII,	contudo,	chegaram	
a	boa	parte	dos	países	apenas	no	decorrer	do	século	XX	(MARSHALL,	1967).
TÓPICO 1 | DIVERSIDADE COMO DIREITO: A INCLUSÃO COMO GARANTIA DA IGUALDADE E DIGNIDADE DO INDIVÍDUO
9
FIGURA 6 - MOVIMENTO DIRETAS JÁ! – REPRESENTA LUTA 
 PELAS ELEIÇÕES DIRETAS NO BRASIL
FONTE: Disponível em: <http://i0.statig.com.br/
 bancodeimagens/bo/y3/65/
 boy365zqjzk10prnc80q6kjer.jpg>. Acesso em: 20 
 ago. 2016.
Por	 fim,	 apenas	 no	 século	 XX	 os	 direitos	 sociais	 passam	 a	 integrar	 o	
universo	da	cidadania	através	da	garantia	do	acesso	à	saúde,	educação,	habitação,	
previdência, transporte coletivo, acesso ao Judiciário, lazer, entre outros 
(MARSHALL, 1967).
FIGURA 7 - MOVIMENTO “REMOÇÃO – MEGAEVENTOS E 
 MILITARIZAÇÃO” - LUTA PELO DIREITO À 
 MORADIANO BRASIL
FONTE: Disponível em: <https://memorialatinacupula.files.
 wordpress.com/2013/07/004.jpg?w=470&h=313>. 
 Acesso em: 20 ago. 2016.
Caro acadêmico, como mencionado no início do texto, a cidadania real está 
distante	da	realidade	da	grande	maioria	da	população.	Bittar	(2004)	descreve	essa	
realidade ao avaliar a presença da cidadania na América Latina na virada do século 
XX	para	o	XXI,	pois	a	camada	mais	pobre	da	população	não	tem	acesso	pleno	aos	
direitos civis e sociais. Em outras palavras:
[...]	a	real	 identidade	da	palavra	cidadania,	com	o	acento	que	se	quer	
conferir	ao	termo,	reflete	exatamente	essas	preocupações,	significando,	
portanto,	 algo	mais	 que	 simplesmente	 direitos	 e	 deveres	 políticos,	 e	
ganhando	a	dimensão	de	sentido	segundo	a	qual	é	possível	identificar	
nas	questões	ligadas	à	cidadania	as	preocupações	em	torno	do	acesso	às	
UNIDADE 1 | DIVERSIDADE E CIDADANIA
10
condições	dignas	de	vida.	Nessa	perspectiva	conceitual,	o	que	se	quer	
ver	 é	que	não	é	possível	pensar	 em	um	povo	capaz	de	exercer	a	 sua	
cidadania	 de	modo	 integral	 (no	 sentido	 político-jurídico)	 em	que	 ela	
(no	 conceito	 aqui	 assumido)	 esteja	 plenamente	 alcançada	 e	 realizada	
em suas instâncias mais elementares de formação e implementação 
de	 estruturas	 garantidoras	 de	 bens,	 serviços,	 direitos,	 instituições	 e	
instrumentos de garantia da existência da vida e da dignidade (BITTAR, 
2004, p. 18).
É preciso, ainda, ressaltar a visão de senso comum da luta pela cidadania como 
garantia	de	privilégios	àqueles	que	pela	meritocracia	não	os	alcançaram.	Essa	visão	
ignora	as	desigualdades	promovidas	pela	estratificação	social	e	as	dívidas	históricas,	
por	exemplo,	em	relação	à	escravidão	e	questão	dos	afrodescendentes	no	Brasil.
4 A INCLUSÃO COMO PROMOÇÃO DA CIDADANIA E 
RESPEITO À DIVERSIDADE
A	diversidade	representa	muito	mais	que	as	múltiplas	culturas,	diferentes	
classes	 sociais	 e	 orientações	 sexuais.	 O	 debate	 sobre	 diversidade	 trouxe	 para	
as escolas de ensino regular novos sujeitos, até então restritos a outros espaços 
escolares.	A	política	de	inclusão	tornou	mais	desafiador	para	educadores	e	gestores	
levar o discurso do respeito à diversidade para a prática.
Contudo, a política de inclusão por si só não garante a inclusão como realidade 
nas	escolas	brasileiras.	O	caminho	a	ser	percorrido	coloca	diante	de	nós,	educadores,	a	
superação	de	barreiras	construídas	ao	longo	de	anos	de	exclusão	e	preconceito	social.
É	importante	uma	parada	para	reflexão.	A	charge	a	seguir	mostra	que	nossa	
sociedade	não	está	preparada	para	a	plena	inclusão	social.	Quais	são	os	desafios	
que	você	observa	para	a	inclusão	em	nosso	país,	no	seu	estado,	no	município	e	no	
seu	bairro?
FIGURA 8 - INCLUSÃO SOCIAL
FONTE: Disponível em: <https://linhaslivres.files.
 wordpress.com/2013/10/charge-do-rico-
 inclusc3a3o-social.jpg>.Acesso em: 25 ago. 
 2016.
TÓPICO 1 | DIVERSIDADE COMO DIREITO: A INCLUSÃO COMO GARANTIA DA IGUALDADE E DIGNIDADE DO INDIVÍDUO
11
A	inclusão	escolar	é	um	tema	polêmico,	especialmente	quando	consideramos	
a	 responsabilidade	 delegada	 ao	 professor	 em	 relação	 à	 inclusão.	 Mesmo	 que	
prevista na legislação e garantida na escola através das políticas educacionais, a 
inclusão permanece uma fonte de constantes discussões.
Questionamentos a respeito do tema atravessam diálogos entre professores 
nos mais diversos momentos: como planejar para uma turma com sujeitos tão 
diferentes? Como atender tantos alunos ao mesmo tempo e incluir os alunos 
especiais? Tratar o aluno especial igual aos demais? Ou dar atenção especial a 
esses	alunos?	Simplesmente	permitir	que	o	aluno	frequente	a	escola	é	o	mesmo	
que	incluir?
No	 Brasil,	 há	 uma	 política	 de	 inclusão	 que	 norteia	 esses	 processos	 nas	
escolas, a concepção da política inclusiva aponta para a necessidade de superar a 
visão excludente do sujeito com necessidades especiais. Para alcançar esse propósito 
a inclusão é entendida como uma forma de repensar a educação e transformar a 
sociedade, ou seja, a inclusão é social, não é tarefa apenas para o professor em sala 
de aula, mas para toda a sociedade. A educação inclusiva deve atender a todos 
através de uma pedagogia voltada para a criança.
O	princípio	é	que	as	escolas	devem	acolher	a	todas	as	crianças,	incluindo	
crianças	 com	 deficiências,	 superdotadas,	 de	 rua,	 que	 trabalham,	 de	
populações distantes, nômades, pertencentes a minorias linguísticas, 
étnicas ou culturais, de outros grupos desfavorecidos ou marginalizados. 
Para	isso,	sugere	que	se	desenvolva	uma	pedagogia	centrada	na	relação	
com a criança, capaz de educar com sucesso a todos, atendendo às 
necessidades de cada um, considerando as diferenças existentes entre 
elas (MEC, 2005 apud PAULON; FREITAS; PINHO, 2005, p. 20).
Dessa	 forma,	 a	 inclusão	 é	 fundamental	 para	 compreender	 a	 questão	 da	
diversidade	na	educação.	Afinal,	 compreender	a	diversidade	exige	reconhecê-la	
em suas mais variadas expressões e incorporá-la ao cotidiano escolar numa prática 
pedagógica voltada para a construção da cidadania.
LEITURA COMPLEMENTAR
Pluralidade Cultural nos PCN
Justificativa
É	sabido	que,	apresentando	heterogeneidade	notável	em	sua	composição	
populacional, o Brasil desconhece a si mesmo. Na relação do país consigo mesmo, 
é	comum	prevalecerem	vários	estereótipos,	 tanto	regionais	quanto	em	relação	a	
grupos	 étnicos,	 sociais	 e	 culturais.	 Historicamente,	 registra-se	 dificuldade	 para	
se lidar com a temática do preconceito e da discriminação racial/étnica. O país 
evitou	 o	 tema	 por	 muito	 tempo,	 sendo	 marcado	 por	 “mitos”	 que	 veicularam	
uma imagem de um Brasil homogêneo, sem diferenças, ou, em outra hipótese, 
promotor de uma suposta “democracia racial”. Na escola, muitas vezes, há 
UNIDADE 1 | DIVERSIDADE E CIDADANIA
12
manifestações de racismo, discriminação social e étnica, por parte de professores, 
de	alunos,	da	equipe	escolar,	ainda	que	de	maneira	involuntária	ou	inconsciente.	
Essas atitudes representam violação dos direitos dos alunos, professores e 
funcionários	discriminados,	trazendo	consigo	obstáculos	ao	processo	educacional,	
pelo	sofrimento	e	constrangimento	a	que	essas	pessoas	se	veem	expostas.
Movimentos sociais, vinculados a diferentes comunidades étnicas, 
desenvolveram	uma	história	de	resistência	a	padrões	culturais	que	estabeleciam	
e	 sedimentavam	 injustiças.	 Gradativamente	 conquistou-se	 uma	 legislação	
antidiscriminatória,	culminando	com	o	estabelecimento,	na	Constituição	Federal	
de 1988, da discriminação racial como crime. Mais ainda, há mecanismos de 
proteção e promoção de identidades étnicas, como a garantia, a todos, do pleno 
exercício dos direitos culturais, assim como apoio e incentivo à valorização e 
difusão das manifestações [...]
Mesmo em regiões onde não se apresente uma diversidade cultural tão 
acentuada, o conhecimento dessa característica plural do Brasil é extremamente 
relevante,	 pois,	 ao	 permitir	 o	 conhecimento	 mútuo	 entre	 regiões,	 grupos	 e	
indivíduos, consolida o espírito democrático. Da mesma forma, tratar de aspectos 
referentes à discriminação social mesmo em locais onde as situações de exclusão 
não se manifestam diretamente ou pelo menos não de maneira dramática, permitirá 
formar	a	criança	e	o	adolescente	para	a	 responsabilidade	social	de	cidadão	que	
participa	dos	destinos	do	país	como	um	todo,	direcionando	a	proposta	para	a	busca	
de soluções. A demanda social existe há muito tempo, a urgência é inadiável [...].
A criança na escola convive com a diversidade e poderá aprender com 
ela.	 Frequentemente,	 contudo,	 as	 escolas	 acabam	 repercutindo,	 sem	 qualquer	
reflexão,	as	contradições	que	a	habitam.	A	escola	no	Brasil,	durante	muito	tempo	
e	até	hoje,	disseminou	preconceito	de	formas	diversas.	Conteúdos	indevidos	e	até	
errados,	notadamente	presentes	em	livros	que	têm	sofrido	críticas	fundamentadas,	
constituem	assunto	que	merece	constante	atenção.	Também	contribuía	para	essa	
disseminação	 de	 preconceitos	 certa	 mentalidade	 que	 vinha	 privilegiar	 certa	
cultura,	 apresentada	 como	 a	 única	 aceitável	 e	 correta,	 como	 também	 aquela	
que	hierarquizava	culturas	entre	si,	como	se	isso	fosse	possível,	sem	prejuízo	da	
dignidade dos diferentes grupos produtores de cultura. Amparada pelo consenso 
daquilo	que	se	impôs	como	se	fosse	verdadeiro,	o	chamado,	criticamente,	“mito	
da	democracia	racial”,	a	escola	muitas	vezes	silencia	diante	de	situações	que	fazem	
seus alunos alvo de discriminação, transformando-se facilmente em espaço de 
consolidação de estigmas [...].
O	 reconhecimento	 da	 complexidade	 que	 envolve	 a	 problemática	 social,	
cultural e étnica é o primeiro passo. Tal reconhecimento aponta a necessidade de a 
escola	instrumentalizar-se	para	fornecer	informações	mais	precisas	para	questões	
que	 vêm	 sendo	 indevidamente	 respondidas	 pelo	 senso	 comum,	 quando	 não	
ignoradas por um silencioso constrangimento [...]
Do	ponto	de	vista	educacional,	o	que	se	busca	é	sobretudo	a	transformação	
de atitudes, e não a repetição de slogans. Do ponto de vista social, este tema vem 
TÓPICO 1 | DIVERSIDADE COMO DIREITO: A INCLUSÃO COMO GARANTIA DA IGUALDADE E DIGNIDADE DO INDIVÍDUO
13
das	forças	sociais	e	para	elas	retorna	na	possibilidade	de	parceria	e	recriação	da	
proposta.	 Espera-se	 com	 isso	 colaborar	 na	 consolidação	 democrática	 do	 Brasil,	
prestando	uma	homenagem	àqueles	que	constituíram	e	constituem	este	país,	com	
suas	vidas	e	seus	 trabalhos,	suas	histórias	de	sofrimentos	e	 lutas,	de	conquistas	
e	perdas,	 ressaltando	que	o	patrimônio	humano	da	nação	 é	 o	bem	maior	 a	 ser	
cuidado, protegido e promovido.
FONTE: Parâmetros Curriculares Nacionais – vol. 10 Pluralidade Cultural. Disponível em: <http://
portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro101.pdf>. Acesso em: 15 ago. 2015.
Orientação Sexual no PCN
Justificativa
A	discussão	sobre	a	inclusão	da	temática	da	sexualidade	no	currículo	das	
escolas	de	primeiro	e	segundo	graus	tem	se	intensificado	a	partir	da	década	de	70	
por	ser	considerada	importante	na	formação	global	do	indivíduo.	Com	diferentes	
enfoques	e	ênfases	há	registros	de	discussões	e	de	trabalhos	em	escolas	desde	a	
década	de	20.	A	retomada	contemporânea	dessa	questão	deu-se	juntamente	com	os	
movimentos	sociais	que	se	propunham,	com	a	abertura	política,	a	repensar	sobre	
o	papel	da	escola	e	dos	conteúdos	por	ela	trabalhados.	Mesmo	assim	não	foram	
muitas	as	iniciativas,	tanto	na	rede	pública	como	na	rede	privada	de	ensino	[...]
As	manifestações	de	sexualidade	afloram	em	todas	as	faixas	etárias.	Ignorar,	
ocultar	ou	reprimir	são	as	respostas	mais	habituais	dadas	pelos	profissionais	da	
escola.Essas	práticas	se	 fundamentam	na	 ideia	de	que	o	 tema	deva	ser	 tratado	
exclusivamente pela família. De fato, toda família realiza a educação sexual de 
suas	crianças	e	jovens,	mesmo	aquelas	que	nunca	falam	abertamente	sobre	isso.	O	
comportamento	dos	pais	entre	si,	na	relação	com	os	filhos,	no	tipo	de	“cuidados”	
recomendados,	nas	expressões,	gestos	e	proibições	que	estabelecem	são	carregados	
de	determinados	valores	associados	à	sexualidade	que	a	criança	apreende	[...]
Não	é	apenas	em	portas	de	banheiros,	muros	e	paredes	que	se	inscreve	a	
sexualidade no espaço escolar; ela “invade” a escola por meio das atitudes dos 
alunos em sala de aula e da convivência social entre eles [...]
Sabe-se	 que	 as	 curiosidades	 das	 crianças	 a	 respeito	 da	 sexualidade	 são	
questões	muito	significativas	para	a	subjetividade,	na	medida	em	que	se	relacionam	
com	o	conhecimento	das	origens	de	cada	um	e	com	o	desejo	de	saber.	A	satisfação	
dessas	 curiosidades	 contribui	 para	 que	 o	desejo	de	 saber	 seja	 impulsionado	 ao	
longo	da	vida,	enquanto	a	não	satisfação	gera	ansiedade	e	tensão.	A	oferta,	por	
parte	da	escola,	de	um	espaço	em	que	as	crianças	possam	esclarecer	suas	dúvidas	
e	 continuar	 formulando	 novas	 questões	 contribui	 para	 o	 alívio	 das	 ansiedades	
que	muitas	vezes	interferem	no	aprendizado	dos	conteúdos	escolares.	Se	a	escola	
que	se	deseja	deve	ter	uma	visão	integrada	das	experiências	vividas	pelos	alunos,	
buscando	desenvolver	o	prazer	pelo	conhecimento,	é	necessário	que	ela	reconheça	
que	desempenha	um	papel	importante	na	educação	para	uma	sexualidade	ligada	
à	vida,	à	saúde,	ao	prazer	e	ao	bem-estar	que	 integra	as	diversas	dimensões	do	
UNIDADE 1 | DIVERSIDADE E CIDADANIA
14
ser	humano	envolvidas	nesse	aspecto.	O	trabalho	sistemático	e	sistematizado	de	
Orientação	Sexual	dentro	da	escola	articula-se,	portanto,	com	a	promoção	da	saúde	
das crianças e dos adolescentes [...].
O	trabalho	de	Orientação	Sexual	 também	contribui	para	a	prevenção	de	
problemas	graves,	como	o	abuso	sexual	e	a	gravidez	indesejada.	As	informações	
corretas	 aliadas	ao	 trabalho	de	autoconhecimento	e	de	 reflexão	 sobre	a	própria	
sexualidade	ampliam	a	consciência	sobre	os	cuidados	necessários	para	a	prevenção	
desses	problemas.	Finalmente,	pode-se	afirmar	que	a	implantação	de	Orientação	
Sexual	nas	escolas	contribui	para	o	bem-estar	das	crianças	e	dos	jovens	na	vivência	
de sua sexualidade atual e futura.
FONTE: Parâmetros Curriculares Nacionais. v. 10 Orientação Sexual. Disponível em: <http://portal.
mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro102.pdf>. Acesso em: 15 ago. 2015.
Educação com qualidade social nas DNC
Construir	a	qualidade	social	pressupõe	conhecimento	dos	interesses	sociais	
da	comunidade	escolar	para	que	seja	possível	educar	e	cuidar	mediante	interação	
efetivada	entre	princípios	e	finalidades	educacionais,	objetivos,	conhecimentos	e	
concepções	curriculares.	Isso	abarca	mais	que	o	exercício	político-pedagógico	que	
se	viabiliza	mediante	atuação	de	todos	os	sujeitos	da	comunidade	educativa,	ou	
seja, efetiva-se não apenas mediante participação de todos os sujeitos da escola – 
estudante,	professor,	técnico,	funcionário,	coordenador	–,	mas	também,	mediante	
aquisição	e	utilização	adequada	dos	objetos	e	espaços	(laboratórios,	equipamentos,	
mobiliário,	salas-ambiente,	biblioteca,	videoteca,	ateliê,	oficina,	área	para	práticas	
esportivas	e	culturais,	entre	outros)	requeridos	para	responder	ao	projeto	político-
pedagógico	 pactuado,	 vinculados	 às	 condições/disponibilidades	 mínimas	
para	 se	 instaurar	 a	 primazia	 da	 aquisição	 e	 do	 desenvolvimento	 de	 hábitos	
investigatórios	 para	 construção	 do	 conhecimento.	A	 escola	 de	 qualidade	 social	
adota	como	centralidade	o	diálogo,	a	colaboração,	os	sujeitos	e	as	aprendizagens	
[...]	A	qualidade	social	da	educação	brasileira	é	uma	conquista	a	ser	construída	
coletivamente,	de	forma	negociada,	pois	significa	algo	que	se	concretiza	a	partir	da	
qualidade	da	relação	entre	todos	os	sujeitos	que	nela	atuam	direta	e	indiretamente.	
Significa	compreender	que	a	educação	é	um	processo	de	produção	e	socialização	da	
cultura	da	vida,	no	qual	se	constroem,	se	mantêm	e	se	transformam	conhecimentos	
e valores. Produzir e socializar a cultura inclui garantir a presença dos sujeitos 
das	aprendizagens	na	escola.	Assim,	a	qualidade	social	da	educação	escolar	supõe	
encontrar	 alternativas	 políticas,	 administrativas	 e	 pedagógicas	 que	 garantam	 o	
acesso, a permanência e o sucesso do indivíduo no sistema escolar, não apenas 
pela	redução	da	evasão,	da	repetência	e	da	distorção	idade-ano/série,	mas	também	
pelo aprendizado efetivo.
FONTE: Diretrizes Curriculares Nacionais. Educação com qualidade 
social. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_
docman&view=download&alias=15547-diretrizes-curiculares-nacionais-2013-pdf-
1&Itemid=30192>. Acesso em: 15 ago. 2016.
15
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:
•	A	conquista	dos	direitos	humanos	é	resultado	da	luta	de	movimentos	sociais	que	
buscaram	garantir	o	acesso	de	todos	à	cidadania.
•	A	garantia	dos	direitos	humanos	requer	o	respeito	às	diversidades.
•	A	igualdade	pode	ser	concebida	em	três	níveis:	a	igualdade	formal,	a	igualdade	
material em relação à justiça social e a igualdade material em relação ao 
reconhecimento das identidades.
• O direito à educação é reconhecido internacionalmente através do artigo 26º da 
Declaração Universal dos Direitos Humanos.
• O direito à educação no Brasil é previsto na Constituição Federal de 1988 como 
direito do cidadão e dever do Estado.
•	As	políticas	educacionais	brasileiras	preveem	o	direito	à	diversidade	e	à	inclusão	
de todos os cidadãos.
• A inclusão social é fundamental para o exercício da cidadania.
• A educação inclusiva deve atender a todos através de uma pedagogia centrada 
no sujeito.
16
AUTOATIVIDADE
1 A política de inclusão é responsável por orientar as práticas pedagógicas 
voltadas para o respeito da diversidade e o exercício da cidadania. 
Considerando	 essa	política,	 analise	 as	 afirmações	 e	 assinale	 a	 alternativa	
CORRETA:
a) ( ) A política de inclusão manteve o curso das ações pedagógicas existentes 
no país.
b)	(	 	)	A	 inclusão	é	uma	 forma	de	pensar	 a	 educação	visando	 transformar	o	
universo da escola.
c)	(		)	A	inclusão	é	de	responsabilidade	do	professor	e	deve	ocorrer	no	espaço	
da sala de aula.
d) ( ) A educação inclusiva supera a visão excludente do sujeito com necessidades 
especiais.
2 Os direitos humanos são contemplados pela cidadania formal e são garantidos 
pela	 legislação,	 porém,	 sua	 conquista	 foi	 resultado	da	 luta	 de	 diversos	
movimentos sociais em diferentes momentos da história. Considerando os 
diferentes	tipos	de	direitos	humanos,	classifique	as	afirmações	utilizando	o	
código a seguir:
I – Direitos civis.
II – Direitos políticos.
III – Direitos sociais.
(		)	Direitos	consolidados	no	século	XX,	garantem	o	acesso	à	saúde,	educação,	
moradia, previdência etc.
(		)	Direitos	ligados	à	liberdade	de	expressão	conquistados	ao	longo	dos	séculos	
XVII e XVIII.
( ) Direitos consolidados ao longo da formação do Estado moderno a partir do 
século XVII, porém, chegaram à maioria dos países no século XX.
Agora,	assinale	a	alternativa	que	apresenta	a	sequência	correta:
a) ( ) I – III – II.
b)	(		)	III	–	I	–	II.
c) ( ) II – III – I.
d) ( ) III – II – I.
3		A	igualdade	pode	ser	considerada	a	partir	de	três	categorias	que	representam	
o reconhecimento das diversidades e a superação das desigualdades e da 
exclusão	social.	A	partir	dessas	categorias,	analise	as	afirmações	e	classifique	
V para verdadeiras e F para falsas:
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( ) A igualdade material representa a fórmula todos são iguais perante a lei.
(		)	A	justiça	social	e	distributiva	representa	aigualdade	formal.
(		)	A	igualdade	formal	representou	o	fim	de	privilégios	sociais.
( ) A igualdade material representa o reconhecimento das identidades.
( ) Os critérios de raça, etnia e gênero dizem respeito à igualdade material.
Agora,	assinale	a	alternativa	que	representa	a	sequência	CORRETA:
a) ( ) F – F – V – V – V.
b)	(		)	F	–	V	–	F	–	F	–	V.
c) ( ) V – F – V – F – F.
d) ( ) V – V – F – F – V.
Assista ao vídeo de
resolução da questão 2
Assista ao vídeo de
resolução da questão 3
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19
TÓPICO 2
DIVERSIDADE COMO CONCEITO: 
CONCEPÇÕES E INTERPRETAÇÕES DE 
DIVERSIDADE E DE DESIGUALDADE
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
O	termo	diversidade	ganha	espaço	em	diferentes	abordagens	e	contextos	
sociais. A multiplicidade das relações sociais se constituiu ao longo do tempo como 
um	campo	fértil	para	debates	teóricos	e	lutas	dos	movimentos	sociais	em	busca	de	
direitos e reconhecimento de suas identidades.
Neste tópico você será apresentado às noções de diversidade e identidade 
em diversos contextos sociais e às principais categorias de diversidade – cultural, 
social,	 política,	 econômica,	 étnica,	 de	 gênero	 –	 que	 compõem	 o	 debate	 sobre	
educação e diversidade na atualidade.
2 DIVERSIDADE: CONCEITOS E ABORDAGENS
Você	 já	deve	ter	se	deparado	e	feito	uso	do	termo	diversidade	inúmeras	
vezes em seu cotidiano. Contudo, como compreender o conceito de diversidade? 
Qual o papel da diversidade na sociedade atual? Quais relações sociais são 
representadas	pelos	conceitos	e	abordagens	que	se	referem	à	diversidade?	Variadas	
são	as	reflexões	que	surgem	diante	de	nós	quando	nos	deparamos	com	a	ideia	de	
diversidade. 
FIGURA 9 - DIVERSIDADE
FONTE: Disponível em: <http://semanadabiologiauffs.
 blogspot.com.br/p/minicursos-diversa.html>. 
 Acesso em: 9 jul. 2016.
UNIDADE 1 | DIVERSIDADE E CIDADANIA
20
Podemos	 identificar	 no	 campo	 conceitual	 abordagens	 que	 remetem	 à	
diversidade	 a	 partir	 das	 noções	 de	 cultura,	 gênero,	 etnia,	 religião,	 deficiências,	
questões	 econômicas,	 entre	 outras.	 No	Dicionário	Aurélio	 o	 termo	 diversidade	
se	 refere	 à:	 “1.	 qualidade	 do	 diverso.	 2.	 variedade	 (em	 oposição	 à	 identidade);	
multiplicidade”.	Considerando	o	significado	do	termo	é	fundamental	reconhecer	
que	a	sociedade	é	formada	por	indivíduos	diversos	e	cabe	à	educação	reconhecer	e	
respeitar	a	diversidade,	além	de	formar	a	cidadania	baseada	nesse	princípio.	
Inicialmente,	é	importante	destacar	que	debater	a	questão	da	diversidade	
não é tarefa simples. Nosso contexto social, seja pela legislação vigente, seja pelas 
consequências	da	globalização,	apresenta-se	num	universo	variado	de	indivíduos	
e relações sociais. 
Para	iniciar	nossos	estudos,	vamos	observar	como	o	antropólogo	Clifford	
Geertz	 apresenta	 o	 debate	 da	 diversidade	 no	 cenário	 das	mudanças	 sociais	 no	
âmbito	da	cultura,	reconhecendo	que	os	usos	do	conceito	são	desafiadores.
Os usos da diversidade cultural, de seu estudo, sua descrição, análise e 
compreensão dependem menos de separarmos nós mesmos dos outros 
e os outros de nós para defesa da integridade do grupo e manutenção 
da	lealdade	do	grupo	do	que	de	definir	o	terreno	a	ser	percorrido	pela	
razão se as suas modestas recompensas tiverem de ser alcançadas 
e apreciadas. Esse terreno é desigual, cheio de falhas repentinas e 
passagens perigosas onde acidentes podem acontecer e acontecem, e 
cruzá-lo, ou tentar, pouco ou nada faz para torná-lo seguro, nivelado 
e	 sem	 barrancos,	mas	 apenas	 torna	 visível	 seus	 contornos	 e	 fissuras	
(GEERTZ, 1999, p. 29).
Partindo	 da	 reflexão	 de	 Geertz	 (1999),	 sobre	 a	 cultura,	 reconhecemos	
os	 desafios	 de	 adentrar	 às	 discussões	 sobre	 diversidade	 e,	 ao	mesmo	 tempo,	 a	
necessidade de seguir esse caminho para reconstruir as relações sociais em uma 
perspectiva inclusiva.
A diversidade se apresenta de diferentes formas, podemos reconhecer 
elementos	da	diversidade	nas	relações	sociais	que	envolvem	cultura,	identidade,	
gênero	 e	 estratificação	 social,	 por	 exemplo.	 A	 cultura	 é	 uma	 das	 noções	 mais	
presentes	nas	ciências	humanas	e	podemos	definir	cultura	como:
As	formas	de	vida	dos	membros	de	uma	sociedade	ou	de	grupos	dentro	
da	sociedade	[...]	aqueles	aspectos	da	cultura	que	são	antes	aprendidos	
do	 que	 herdados.	 Esses	 elementos	 culturais	 são	 compartilhados	 por	
membros	da	sociedade	e	tornam	possível	a	cooperação	e	a	comunicação.	
Formam	um	contexto	comum	em	que	os	 indivíduos	numa	sociedade	
vivem suas vidas. A cultura de uma sociedade compreende tanto 
aspectos	intangíveis	–	as	crenças,	as	ideias	e	os	valores	que	formam	o	
conteúdo	da	cultura	–,	como	também	aspectos	tangíveis	–	como	objetos,	
os	símbolos	ou	a	tecnologia	que	representam	esse	conteúdo	(GIDDENS,	
2005, p. 38).
A diversidade cultural encontra-se nas variações das práticas e dos 
comportamentos	 humanos,	 ou	 seja,	 vai	 além	 da	 variedade	 de	 elementos	 que	
TÓPICO 2 | DIVERSIDADE COMO CONCEITO: CONCEPÇÕES E INTERPRETAÇÕES DE DIVERSIDADE E DE DESIGUALDADE
21
compõem a cultura de um determinado grupo social. Além disso, é importante 
ressaltar	que	a	cultura	tem	simultaneamente	o	papel	de	perpetuar	os	elementos	
culturais e promover a criatividade e as mudanças desses elementos (GIDDENS, 
2005).
Meu nome é Khan (2010). Direção de Karan Johar.
O filme “My Name is Khan” conta a história de Rizvan Khan, 
um indiano com síndrome de Asperger, um tipo de autismo. 
Depois que se muda para os Estados Unidos, Khan se 
apaixona por Mandira, uma cabeleireira separada que vive 
com o filho Sameer (Sam). Khan é maometano e Mandira, 
hindu, mas suas diferenças religiosas não impedem que se 
casem. Os problemas começam com o 11 de setembro, 
quando passam a ser atacados por sua origem étnica e 
devido a generalizações preconceituosas. Depois de sofrer 
bullying por parte de colegas, Sam é morto em uma briga, 
e Mandira, revoltada, culpa o marido, e lhe diz que ele só 
poderia voltar depois que dissesse ao presidente da república 
que ele não é um terrorista, e que o filho dela também não 
era. Rizvan interpreta isso literalmente, e empreende uma 
peregrinação para ter sua esposa de volta.
FONTE: Psicologia e cinema. Disponível em: <http://www.psicologiaecinema.
com/2012/02/meu-nome-e-khanhtml>.Acesso em: 13 ago. 2016.
DICAS
UNIDADE 1 | DIVERSIDADE E CIDADANIA
22
A boa mentira (2014). Direção de Phillipe Falardeau.
Entre 1983 e 2005, durante os terríveis anos da Guerra Civil que 
assolou o Sudão, estima-se que mais de dois milhões de pessoas 
tenham perdido a vida. Em busca de abrigo, um sem-número 
de famílias deixou as suas casas e seguiu em direção a campos 
de refugiados. Devido à situação caótica em que viviam, perto 
de 27 mil crianças foram separadas dos pais, fazendo o trajeto 
sozinhas. Eram estes os "lost boys/girls", crianças de todas as 
idades que, fugindo aos perigos e, muitas vezes, acompanhadas 
pelos irmãos, percorriam milhares de quilômetros para alcançar 
os campos. Alguns anos mais tarde, um esforço humanitário 
levou para os EUA algumas destas crianças.
1993. Mamere e Theo são filhos do chefe de uma pequena 
aldeia no Sul do Sudão. Quando um ataque das milícias destrói 
toda a aldeia e lhes mata os pais, Theo é forçado a liderar um 
grupo de jovens sobreviventes e levá-los para um lugar seguro. 
Nesse árduo percurso, vão encontrando outras crianças em fuga. Entre elas está Jeremiah, 
de 13 anos, um rapaz inteligente e destemido que os ajuda a chegar com vida ao campo 
de refugiados de Kakuma, no Quênia. Anos mais tarde, Mamere, Theo e Jeremiah têm a 
oportunidade de deixar o campo e de se estabelecerem na América. Ao chegarem a Kansas 
City, no Missouri, são recebidos por Carrie Davis, que foi incumbida de os ajudar a retomar 
as suas vidas. Paraela, esta será uma oportunidade de perceber como a generosidade e o 
despojamento podem fazer realmente a diferença na vida de alguém.
FONTE: Cinecartaz. Disponível em: <http://cinecartaz.publico.pt/Filme/338964_a- 
boa-mentira>. Acesso em: 13 ago. 2016.
As variações culturais remetem à formação de diferentes características 
que	formam	as	identidades	sociais.
A identidade social	 refere-se	 às	 características	 que	 são	 atribuídas	 a	
um indivíduo pelos outros. Elas podem ser vistas como marcadores 
que	 indicam	quem,	 em	um	 sentido	 básico,	 essa	 pessoa	 é. Ao mesmo 
tempo, esses marcadores posicionam essa pessoa em relação a outros 
indivíduos	que	compartilham	dos	mesmos	atributos	(GIDDENS,	2005,	
p. 44, grifos do original).
A identidade social pode ser reconhecida através de várias características 
do sujeito.
São exemplos de identidade social o estudante, a mãe, o advogado, o 
católico, o sem-teto, o asiático, o disléxico, o casado e assim por diante. 
Muitos	indivíduos	têm	identidades	sociais	que	compreendem	mais	do	
que	um	atributo.	Uma	pessoa	poderia	ser	simultaneamente	uma	mãe,	
uma engenheira, muçulmana e uma vereadora (GIDDENS, 2005, p. 44).
DICAS
TÓPICO 2 | DIVERSIDADE COMO CONCEITO: CONCEPÇÕES E INTERPRETAÇÕES DE DIVERSIDADE E DE DESIGUALDADE
23
Diante	do	exposto,	fica	claro	o	desafio	que	essas	relações	significam	para	a	
educação. E, ao mesmo tempo, como a educação e a produção do conhecimento só 
podem	ser	construídas	através	do	diálogo	e	do	contato	com	o	outro,	com	a	dúvida	
e	com	as	necessidades	sociais	que	promovem	as	inovações.
3 OS DESAFIOS DA DIVERSIDADE NA ATUALIDADE
 
As	 características	 que	 compõem	 as	 identidades	 sociais	 refletem	 as	
multiplicidades e as pluralidades sociais. Diante dessa pluralidade, grupos com 
identidades próximas se organizam pelas características comuns. Os movimentos 
sociais	 configuram	 uma	 poderosa	 forma	 de	 organização	 capaz	 de	 formar	
significados.
Múltiplas	 identidades	sociais	refletem	as	muitas	dimensões	das	vidas	
das pessoas. [...] As identidades sociais, portanto, envolvem uma 
dimensão	 coletiva.	 Elas	marcam	 as	 formas	pelas	 quais	 os	 indivíduos	
são	‘o	mesmo’	que	os	outros.	As	identidades	compartilhadas	–	baseadas	
em	um	 conjunto	de	 objetivos	 comuns,	 de	 valores	 ou	de	 experiências	
–	 podem	 formar	 uma	 base	 importante	 para	 os	 movimentos	 sociais	
(GIDDENS, 2005, p. 44). 
Entretanto, a diversidade cultural e o reconhecimento das diversas 
identidades	 não	 significam	 que	 as	 relações	 sociais	 sejam	 harmônicas	 em	 nossa	
sociedade.	Muito	pelo	contrário,	diariamente	observamos	em	nosso	cotidiano	ou	
nos	noticiários	situações	de	desigualdades,	violência	e	conflitos	sociais	decorrentes	
do preconceito e da perspectiva etnocêntrica.
O que é etnocentrismo?
Etnocentrismo é uma visão do mundo em que o nosso próprio grupo é tomado como 
centro de tudo e todos os outros são pensados e sentidos através dos nossos valores, 
nossos modelos, nossas definições do que é a existência. No plano intelectual, pode ser 
visto como a dificuldade de pensarmos a diferença; no plano afetivo, como sentimentos de 
estranheza, medo, hostilidade etc. Perguntar sobre o que é etnocentrismo é, pois, indagar 
sobre um fenômeno onde se misturam tanto elementos intelectuais e racionais quanto 
elementos emocionais e afetivos. No etnocentrismo, estes dois planos do espírito humano 
– sentimento e pensamento – vão juntos compondo um fenômeno não apenas fortemente 
arraigado na história das sociedades como também facilmente encontrável no dia a dia 
das nossas vidas. Assim, a colocação central sobre o etnocentrismo pode ser expressa 
como a procura de sabermos os mecanismos, as formas, os caminhos e razões, enfim, 
pelos quais tantas e tão profundas distorções se perpetuam nas emoções, pensamentos, 
imagens e representações que fazemos da vida daqueles que são diferentes de nós. Este 
problema não é exclusivo de uma determinada época nem de uma única sociedade. Talvez 
o etnocentrismo seja, dentre os fatos humanos, um daqueles de mais unanimidade. Como 
NOTA
UNIDADE 1 | DIVERSIDADE E CIDADANIA
24
uma espécie de pano de fundo da questão etnocêntrica temos a experiência de um choque 
cultural. De um lado, conhecemos um grupo do “eu”, o “nosso” grupo, que come igual, veste 
igual, gosta de coisas parecidas, conhece problemas do mesmo tipo, acredita nos mesmos 
deuses, casa igual, mora no mesmo estilo, distribui o poder da mesma forma, empresta à 
vida significados em comum e procede, por muitas maneiras, semelhantemente. Aí, então, 
de repente, nos deparamos com um “outro”, o grupo do “diferente” que, às vezes, nem sequer 
faz coisas como as nossas ou quando as faz é de forma tal que não reconhecemos como 
possíveis. E, mais grave ainda, este “outro” também sobrevive à sua maneira, gosta dela, 
também está no mundo e, ainda que diferente, também existe.
FONTE: ROCHA, Everardo. O que é etnocentrismo? Coleção Primeiros Passos. 
São Paulo: Brasiliense: 1988.
As desigualdades raciais fazem parte da formação histórica da sociedade 
brasileira.	O	modelo	de	desenvolvimento	econômico,	aliado	à	escravidão	no	período	
colonial,	configuraram	um	padrão	de	exclusão	social	dos	negros	persistente	até	os	
dias	de	hoje.	Podemos	observar	que	tal	padrão	foi	reproduzido	mesmo	diante	da	
expansão da modernidade e do capitalismo no país (FERNANDES, 1973).
Ainda segundo Fernandes (2008), há um mito da democracia racial no 
Brasil,	 pois	 a	 ideia	 de	 uma	 democracia	 racial	 foi	 utilizada	 para	 reafirmar	 uma	
idealizada	relação	harmoniosa	entre	brancos	e	não	brancos.	Esse	mito	fez	com	que	
a	 crença	 na	meritocracia	 se	 consolidasse	 em	 relação	 à	 questão	 racial.	 Seguindo	
esse	pensamento,	cabe	ao	negro	superar	com	seu	esforço	pessoal	as	contradições	
sociais.
O contexto apresentado acima pode ser compreendido através da análise 
dos	dados	do	Instituto	Brasileiro	de	Geografia	e	Estatística	(IBGE),	que	demonstram	
a	 persistência	 da	desigualdade	 racial	 apesar	 das	 conquistas	 sociais	 das	 últimas	
décadas.
IBGE: mesmo com conquistas, desigualdade racial é alta
Novos dados do Censo Demográfico 2010 divulgados pelo IBGE nesta quarta-feira, dia 
17, mostram que a desigualdade racial diminuiu pouco no Brasil no que se refere à educação 
e renda. Os brancos, assim como no Censo de 2000, seguem recebendo salários mais altos e 
estudando mais que os negros (pretos e pardos).
Essa realidade é mais acentuada na região Sudeste do país, onde os rendimentos recebidos 
pelos brancos correspondem ao dobro dos pagos aos pretos. A menor diferença é observada 
na região Sul, onde a população branca ganha 70% mais que aquela que se autodeclarou preta.
A pesquisa mostra também que os brancos dominam o Ensino Superior no país e que ainda 
há diferenças relevantes na taxa de analfabetismo entre as categorias de cor e raça. Enquanto 
para o total da população a taxa de analfabetismo é de 9,6%, entre os brancos esse índice cai 
para 5,9%. Já entre pardos e pretos a taxa sobe para 13% e 14,4%, respectivamente.
IMPORTANT
E
TÓPICO 2 | DIVERSIDADE COMO CONCEITO: CONCEPÇÕES E INTERPRETAÇÕES DE DIVERSIDADE E DE DESIGUALDADE
25
Outro dado revelado mostra que cerca de 70% da população brasileira tem relacionamentos 
amorosos com pessoas do mesmo grupo de cor ou raça. Entre os brancos, grupo mais 
“fechado”, 69,3% se unem a pessoas da mesma cor. Eles são seguidos pelos pardos, com 
68,5%, indígenas (65%) e pretos (45,1%).
Quanto à escolha de parceiros relacionada ao grau de escolaridade, a pesquisa revela 
que a maioria dos homens (82,9%) e das mulheres (85,3%) sem instrução ou com Ensino 
Fundamental incompleto se relacionam com pessoas com a mesma situação educacional.
Em números gerais, 68,2% das pessoas uniram-se a outras de mesmo nível de instrução (em 
2000, esse percentualera de 63%), sendo que 47% dos homens com diploma universitário 
escolhem parceiras com o mesmo grau de escolaridade. No caso das mulheres, o índice 
sobe para 51,2%.
FONTE: Revista Brasileiros. IBGE: mesmo com conquistas, desigualdade racial 
é alta. Disponível em: <http://brasileiros.com.br/2012/10/ibge-mesmo-com-
conquistas-desigualdade-racial-e-alta/>. Acesso em: 20 ago. 2016.
A	diversidade	de	gênero	também	é	foco	de	estudo	nas	ciências	humanas	e,	
atualmente,	o	debate	sobre	a	presença	de	tal	temática	nos	currículos	escolares	vem	
ganhando espaço e gerando polêmica, em todo o Brasil.
Essa temática será retomada na Unidade 3 – O ESPAÇO DA DIVERSIDADE NO 
COTIDIANO ESCOLAR – do caderno de estudos. 
A	 noção	 de	 gênero	 é	 socialmente	 construída	 e	 são	 atribuídos	 papéis	 e	
identidades diferentes para homens e mulheres na sociedade. Contudo, as divisões 
de	gênero	são	carregadas	de	intencionalidade,	dificilmente	são	concepções	neutras,	
pois	na	grande	maioria	das	sociedades	representam	formas	de	estratificação	social:
O gênero é um fator crucial na estruturação dos tipos de oportunidades 
e de chances de vida enfrentadas pelos indivíduos e por grupos, 
influenciando	 fortemente	 os	 papéis	 que	 eles	 representam	dentro	 das	
instituições	sociais,	desde	os	serviços	domésticos	até	o	Estado.	Embora	
os papéis de homens e mulheres variem de cultura para cultura, não há 
nenhuma	 instância	conhecida	de	uma	sociedade	em	que	as	mulheres	
são	mais	poderosas	que	os	homens	(GIDDENS,	2005,	p.	107).
A divisão entre homens e mulheres ainda permanece como característica 
marcante	nos	debates	sobre	diversidade.	Observamos	avanços	consideráveis	nas	
últimas	décadas	na	luta	pela	igualdade	de	gênero.	Porém,	mesmo	diante	desses	
avanços,	a	desigualdade	de	gênero	permanece	como	base	para	as	desigualdades	
sociais (GIDDENS, 2005).
ESTUDOS FU
TUROS
UNIDADE 1 | DIVERSIDADE E CIDADANIA
26
A	 reflexão	 de	 gênero	 incorpora	 a	 dimensão	 da	 sexualidade	 e	 das	
influências	sociais	nos	padrões	de	sexualidade.	A	heterossexualidade	é	o	padrão	de	
envolvimento	emocional	para	a	maioria	das	sociedades	e	configura,	nesses	casos,	
o fundamento do casamento e da família. Por outro lado, a homossexualidade faz 
parte de relações afetivas em todas as culturas (GIDDENS, 2005).
Teoria Queer, o que é isso?
Queer é uma palavra inglesa, usada por anglófonos há quase 400 anos. Na Inglaterra havia até 
uma “Queer Street”, onde viviam, em Londres, os vagabundos, os endividados, as prostitutas 
e todos os tipos de pervertidos e devassos que aquela sociedade poderia permitir. O termo 
ganhou o sentido de “viadinho, sapatão, mariconha, marimacho” com a prisão de Oscar 
Wilde, o primeiro ilustre a ser chamado de “queer”.
Desde então, o termo passou a ser usado como ofensa, tanto para homossexuais, quanto 
para travestis, transexuais e todas as pessoas que desviavam da norma cis-heterossexual. 
Queer era o termo para os “desviantes”. Não há em português um sinônimo claro. Talvez, 
como propõe a professora Berenice Bento, possamos pensar o queer como “transviado”.
Para saber mais sobre a teoria queer e suas implicações nas discussões de gênero, leia a 
reportagem completa no link abaixo.
FONTE: Teoria Queer, o que é isso? Disponível em: <http://www.revistaforum.
com.br/osentendidos/2015/06/07/teoria-queer-o-que-e-isso-tensoes-entre-
vivencias-e-universidade/>. Acesso em: 12 ago. 2016.
Diante	desse	contexto,	observamos	atitudes	de	 intolerância	em	relação	à	
homossexualidade	construídas	socialmente	desde	o	passado.	Somente	nos	últimos	
anos	podemos	observar	que	tabus	vêm	sendo	desconstruídos:	“a	homossexualidade	
não	 é	 uma	 doença	 e	 não	 está	 distintamente	 associada	 com	 quaisquer	 formas	
de	 distúrbios	 psiquiátricos.	Os	 homossexuais	masculinos	 não	 estão	 limitados	 a	
nenhum	 setor	 ocupacional	 específico,	 como	 o	 de	 cabeleireiro,	 da	 decoração	 de	
interiores e das artes” (GIDDENS, 2005, p. 122). No entanto, persistem preconceitos 
em	relação	à	questão	de	gênero	e	à	sexualidade,	por	exemplo:	“[...]	como	termos	
racismo	e	 sexismo,	o	heterossexismo	refere-se	ao	processo	pelo	qual	as	pessoas	
não heterossexuais são categorizadas e discriminadas em função de sua orientação 
sexual.	A	homofobia	descreve	um	temor	aos	indivíduos	homossexuais	e	também	o	
desdém por eles” (GIDDENS, 2005, p. 122).
A luta pela garantia de direitos e pelo reconhecimento legal permitiu uma 
maior normalização da homossexualidade. Tais lutas garantiram o reconhecimento 
em vários países da união homoafetiva reconhecida pelo Estado. Contudo, a luta 
da maior parte dos ativistas é pelo reconhecimento da normalidade, o direito de 
serem reconhecidos como pessoas normais (GIDDENS, 2005).
DICAS
TÓPICO 2 | DIVERSIDADE COMO CONCEITO: CONCEPÇÕES E INTERPRETAÇÕES DE DIVERSIDADE E DE DESIGUALDADE
27
Hoje eu quero voltar sozinho (2014). Direção de Daniel Ribeiro.
O premiado filme de Daniel Ribeiro poderia ser apenas mais uma obra sobre o despertar 
da sexualidade na adolescência, se não fosse por duas importantes variantes: Léo, o 
protagonista, é cego e começa a gostar de Gabriel, um estudante de sua sala, de quem se 
torna amigo. Claudia Mogadouro selecionou o filme em sua lista de 15 filmes nacionais para 
crianças e adolescentes verem em cada momento do desenvolvimento.
Segundo a especialista, é uma boa obra para passar para estudantes do Ensino Médio. “O 
tema da homossexualidade pode trazer nervosismo e, com isso, piadas de mau gosto. 
Sem reprimi-las, sugere-se que as aproveite para discutir a homofobia em nossa cultura. 
O filme também trata do desejo de autonomia em relação aos pais, o que é comum 
entre os adolescentes. Mas a deficiência visual de Léo potencializa esse problema, dando 
a oportunidade de se discutir a relativa e crescente autonomia que os adolescentes vão 
conquistando à medida que amadurecem”.
FONTE: 13 filmes para debater diversidade 
 sexual e de gênero. Disponível em: 
 <http://educacaointegral.org.br/
 noticias/filmes-para-debater-
 diversidade-sexual-de-genero/>. 
 Acesso em: 12 ago. 2016.
A	 estratificação	 social	 e,	 consequentemente	 a	 diversidade,	 podem	 ser	
configuradas	pela	situação	econômica	de	um	determinado	grupo.	As	classes	sociais	
são	 responsáveis	 pela	 estratificação	 econômica	 em	nossa	 sociedade	 (GIDDENS,	
2005).
Podemos	definir	uma	classe	como	um	agrupamento,	em	larga	escala,	de	
pessoas	que	compartilham	recursos	econômicos	em	comum,	os	quais	
influenciam	profundamente	o	tipo	de	estilo	de	vida	que	podem	levar.	A	
posse	de	riquezas,	juntamente	com	a	profissão,	são	as	bases	principais	
das diferenças de classe (GIDDENS, 2005, p. 234).
A divisão da sociedade capitalista em classes, comumente conhecida como 
classe	alta,	classe	média	e	classe	baixa,	conforma	uma	realidade	de	exclusão	social	
dos	mais	pobres.	A	exclusão	social	diz	respeito	às	formas	pelas	quais	os	indivíduos	
podem	acabar	isolados,	sem	um	envolvimento	integral	na	sociedade	mais	ampla.	
DICAS
UNIDADE 1 | DIVERSIDADE E CIDADANIA
28
Mais	abrangente	que	o	conceito	de	classe	baixa,	tem	ainda	vantagem	de	
enfatizar os processos – mecanismo de exclusão. Por exemplo, pessoas 
que	moram	em	um	conjunto	habitacional	dilapidado,	com	escolas	de	
baixa	 qualidade	 e	 poucas	 chances	 de	 emprego	 no	 local,	 podem	 não	
encontrar efetivamente as oportunidades de autoaperfeiçoamento da 
maioria das pessoas na sociedade (GIDDENS, 2005, p. 265).
Além	 da	 diferenciação	 em	 relação	 ao	 termo	 classe	 baixa,	 a	 noção	 de	
exclusão	 social	 também	 contribui	 para	 identificar	 relações	 além	 da	 noção	 de	
pobreza:	“Também	é	diferente	da	pobreza	propriamente	dita,	concentrando	sua	
atenção	sobre	uma	ampla	variedade	de	fatores	que	impedem	que	os	indivíduos	ou	
os	grupos	tenham	asmesmas	oportunidades	que	estão	abertas	para	a	maioria	da	
população” (GIDDENS, 2005, p. 234).
A	 exclusão	 social	 pode	 ser	 consequência	 de	 diferentes	 relações	 sociais.	
As relações de exclusão e inclusão podem ser compreendidas como econômicas, 
políticas ou sociais.
FIGURA 10 - TIPOS DE EXCLUSÃO SOCIAL
FONTE: Giddens (2005, p. 265-267)
Exclusão econômica: 
Indivíduos e comunidades 
podem ser excluídos da 
economia	no	que	diz	
respeito à produção e 
ao consumo. Quanto ao 
aspecto da produção, o 
emprego e a participação 
no	mercado	de	trabalho	
são centrais para a 
inclusão. [...] A exclusão 
da	economia	também	
pode se dar em termos 
de padrões de consumo, 
ou seja, com relação ao 
que	as	pessoas	adquirem,	
consomem e utilizam na 
sua vida diária.
Exclusão política: 
A participação popular 
e contínua na política é 
o alicerce dos estados 
democráticos	liberais.	Os	
cidadãos são estimulados 
a manterem uma atitude 
consciente	quanto	às	
questões	políticas,	a	
levantarem sua voz em 
apoio ou em protesto, 
a contarem com seus 
representantes eleitos para 
assuntos importantes, e a 
participarem do processo 
político em todos os níveis. 
Porém, uma participação 
política ativa pode estar 
fora do alcance dos 
indivíduos socialmente 
excluídos,	a	quem	podem	
faltar informações, as 
oportunidades e os 
recursos necessários para o 
envolvimento no processo 
político.
Exclusão social: 
A	exclusão	também	pode	
ser sentida no domínio da 
vida social e comunitária. 
Áreas	que	sofram	de	um	
alto grau de exclusão 
social podem contar com 
instalações comunitárias 
limitadas,	como	parques,	
quadras	de	esportes,	
centros culturais e teatros. 
Os níveis de participação 
cívica são muitas vezes 
baixos.	Além	disso,	
famílias e indivíduos 
excluídos podem ter 
menos oportunidades de 
lazer, viagens e atividades 
fora de casa. A exclusão 
social	também	pode	
significar	uma	rede	social	
limitada	ou	frágil,	que	
leva ao isolamento e ao 
contato mínimo com os 
outros.
TÓPICO 2 | DIVERSIDADE COMO CONCEITO: CONCEPÇÕES E INTERPRETAÇÕES DE DIVERSIDADE E DE DESIGUALDADE
29
A	exclusão	social	no	Brasil	decorre	de	um	contexto	mais	amplo	que	compõe	
a	 origem	 do	 povo	 brasileiro,	 pois	 nossa	 formação	 histórica	 é	 resultado	 de	 um	
processo de exclusão social construído pela imigração europeia, pela escravidão 
e	tráfico	dos	escravos.	Essas	características	tornaram	problemática	a	dimensão	da	
cidadania no país (BITTAR, 2004).
Podemos	observar	que	as	relações	sociais	que	fomentam	as	desigualdades	
descritas	 até	 esse	 momento	 refletem	 as	 formas	 como	 diferentes	 indivíduos	 se	
relacionam e como veem o outro.
Preste atenção na música a seguir, analise a mensagem que ela transfere.
O Homem Que Não Tinha Nada (part. Negra Li) - Projota
 
O homem que não tinha nada acordou bem cedo
Com a luz do Sol já que não tem despertador
Ele não tinha nada, então também não tinha medo
E foi ‘pra’ luta como faz um bom trabalhador
O homem que não tinha nada enfrentou o trem lotado
Às sete horas da manhã com sorriso no rosto
Se despediu de sua mulher com um beijo molhado
‘Pra’ provar do seu amor e pra marcar seu posto
O homem que não tinha nada tinha de tudo
Artrose, artrite, diabetes e o que mais tiver
Mas tinha dentro da sua alma muito conteúdo
E mesmo sem ter quase nada ele ainda tinha fé
O homem que não tinha nada tinha um trabalho
Com um esfregão limpando aquele chão sem fim
Mesmo que alguém sujasse de propósito o assoalho
Ele sorria alegremente, e dizia assim
O ser humano é falho, hoje mesmo eu falhei
Ninguém nasce sabendo, então me deixe tentar (me deixe tentar)
O ser humano é falho, hoje mesmo eu falhei
Ninguém nasce sabendo (ninguém), então me deixe tentar
O homem que não tinha nada tinha Marizete
Maria Flor, Marina, Mário, que era o seu menor
Um tinha nove, uma doze, outra dezessete
A de quarenta sempre foi o seu amor maior
O homem que não tinha nada tinha um problema
Um dia antes mesmo foi cortada a sua luz
Subiu no poste experiente, fez o seu esquema
Mas à noite reforçou o pedido ‘pra’ Jesus
ATENCAO
UNIDADE 1 | DIVERSIDADE E CIDADANIA
30
O homem que não tinha nada seguiu a sua trilha
Mesmo caminho, mesmo horário, mas foi diferente
Ligou ‘pra’ casa ‘pra’ dizer que amava sua família
Achou que ali já pressentia o que vinha na frente
O homem que não tinha nada
Encontrou outro homem que não tinha nada
Mas este tinha uma faca
Queria o pouco que ele tinha, ou seja, nada
Na paranoia, ‘noia’ que não ganha te ataca
O homem que não tinha nada agora já não tinha vida
Deixou ‘pra’ trás três filhos e sua mulher
O povo queimou pneu, fechou a avenida
E escreveu no asfalto "saudade do Josué"
O ser humano é falho, hoje mesmo eu falhei
Ninguém nasce sabendo, então me deixe tentar (me deixe tentar)
O ser humano é falho, hoje mesmo eu falhei
Ninguém nasce sabendo (ninguém), então me deixe tentar
Então me deixe tentar
Então me deixe tentar
Então me deixe tentar
Além	 disso,	 frequentemente,	 as	 ações	 sociais	 têm	 sido	 marcadas	 por	
discursos	que	formam	imperativos	antiéticos,	como:
1. “você deve concorrer e ser vencedor, preferencialmente o melhor, 
eliminando os demais”;
2. “você deve agir segundo seus interesses individuais, pois nunca 
compensa pensar nos interesses alheios”;
3. “você deve tomar cuidado com estranhos, desconhecidos e não 
identificados”;
4.	“você	deve	lutar	muito	para	se	afirmar	em	sociedade”;
5.	“você	deve	se	relacionar	somente	com	gente	fina”;
6.	“você	deve	ter	dinheiro	para	ter	liberdade	de	fazer	o	que	quiser”;
7.	 “você	 deve	 se	 adequar	 ao	 mercado	 de	 trabalho	 cada	 vez	 mais	
competitivo”;
8. “nesta sociedade, só vencem os melhores” etc. (BITTAR, 2004, p. 7-8).
Observamos,	 até	 esse	 momento,	 que	 as	 expressões	 da	 diversidade	 são	
múltiplas,	 e	 em	 decorrência	 de	 nossa	 formação	 histórica	 e	 de	 elementos	 que	
compõem	nossa	cultura,	o	diferente	acaba	por	delimitar	a	exclusão	social.
TÓPICO 2 | DIVERSIDADE COMO CONCEITO: CONCEPÇÕES E INTERPRETAÇÕES DE DIVERSIDADE E DE DESIGUALDADE
31
LEITURA COMPLEMENTAR
Educação e desigualdade
A luta por uma educação pública e igualitária deve estar na pauta das lutas 
políticas nos mesmos níveis das demais lutas sociais e econômicas
 Otaviano Helene*
 
Uma	 das	 características	 mais	 perversas	 da	 sociedade	 brasileira	 é	 a	
desigualdade	de	renda.	Nas	últimas	décadas,	chegamos	a	ocupar	a	pior	posição	
entre todos os países. Mesmo considerando certa melhoria mais recentemente, 
ainda estamos entre os 12 países mais desiguais do mundo, juntamente com a 
África do Sul, o Chile, o Paraguai, o Haiti, Honduras, entre outros.
Enquanto	entre	nós	os	10%	mais	ricos	têm	uma	renda	média	(familiar	per 
capita)	mais	do	que	50	vezes	maior	que	os	10%	mais	pobres,	nos	antigos	países	
socialistas	que	ainda	preservam	algumas	conquistas	sociais	(Eslováquia,	República	
Checa	 e	 Hungria	 entre	 eles)	 ou	 nos	 países	 que	 têm	 ou	 tiveram	 recentemente	
influências	socialistas	relativamente	fortes	(como	os	países	nórdicos,	por	exemplo),	
essa mesma relação é da ordem de cinco vezes. Mesmo nos países de economia 
fortemente	liberal,	EUA	entre	eles,	essa	relação	está	na	faixa	de	10	e	20	vezes.	O	que	
ocorre	aqui	é	simplesmente	escandaloso.	
Muitos fatores estão na origem dessa situação, entre eles o sistema 
econômico, a ausência de uma reforma agrária real e efetiva, as heranças do 
escravagismo, a repressão aos movimentos sociais organizados, o monopólio dos 
meios	de	comunicação	usados	para	propaganda	das	“verdades”	que	interessam	às	
elites e as políticas educacionais excludentes.
De fato, a educação tem sido um importante instrumento para a reprodução 
das	desigualdades.	Vejamos	alguns	dados	que	ilustram	como	e	com	que	intensidadeisso ocorre.
Atualmente,	três	em	cada	dez	crianças	abandonam	a	escola,	em	definitivo,	
antes de completar o Ensino Fundamental e praticamente a totalidade delas vem 
dos setores economicamente mais desfavorecidos. Como o investimento anual na 
educação dessas crianças está na casa dos dois ou três mil reais, todo o investimento 
ao longo da vida pode não exceder os dez ou vinte mil reais. No outro extremo, 
onde estão os mais ricos, o investimento por criança e por ano pode exceder – e em 
muito, se considerarmos as escolas de elite e incluirmos cursos de línguas, aulas 
particulares, material didático, viagens culturais etc. – os trinta mil reais por ano. 
Ao longo de toda a vida escolar esse investimento pode chegar a meio milhão de 
reais,	ou	ainda	muito	mais	que	isso.
Essa	perversa	desigualdade	na	formação	educacional,	quando	combinada	
com a dependência da renda de uma pessoa adulta com seu nível de escolarização, 
fecha um círculo vicioso extremamente perverso. Em valores aproximados, 
UNIDADE 1 | DIVERSIDADE E CIDADANIA
32
segundo vários levantamentos feitos por especialistas, cada ano de escolaridade 
a	mais	de	uma	pessoa	implica	em	um	aumento	de	renda	da	ordem	de	10%	a	20%	
(variação essa devida à época, à sistemática adotada no levantamento dos dados e 
aos	níveis	escolares	considerados).	A	qualidade	da	educação,	por	sua	vez,	medida,	
por	exemplo,	pelo	nível	escolar	do	professor,	pode	contribuir	com	uma	diferença	
de	cerca	de	50%	na	renda	de	pessoas	com	mesmos	níveis	de	formação	educacional.
Assim, ao escolarizar mal as crianças e jovens mais desfavorecidos, nosso 
sistema	 educacional	 está	 contribuindo	para	 preservar	 ou	mesmo	 acirrar	 nossas	
desigualdades	econômicas,	respondendo	aos	desígnios	das	elites	econômicas,	que	
consideram	inaceitável	qualquer	destinação	de	recursos	públicos	para	fins	sociais,	
inclusive	para	a	educação	pública.	Programas	como	o	Bolsa	Família	e	sua	extensão,	
o	Brasil	Sem	Miséria,	ainda	que	sejam	importantes	instrumentos	de	distribuição	de	
renda,	têm	efeitos	apenas	nos	casos	de	pauperização	extrema,	pouco	contribuindo	
para	combater	as	raízes	do	problema	da	distribuição	de	renda.	Para	isso,	seriam	
necessários	 instrumentos	mais	permanentes	e	mais	 sólidos,	que	viabilizassem	a	
desconcentração de renda em longo prazo. E a educação é um deles.
A	 luta	 por	 uma	 educação	 pública	 e	 igualitária	 deve	 estar	 na	 pauta	 das	
lutas políticas nos mesmos níveis das demais lutas sociais e econômicas, como a 
reforma	agrária,	a	luta	por	moradia,	a	defesa	do	setor	público	e	a	luta	por	salários	
dignos. Se não rompermos com a atual situação educacional – e esse rompimento 
só	será	possível	por	meio	de	uma	ampla	luta	social	–	jamais	construiremos	bases	
realmente sólidas para superarmos nossa desigualdade.
 
*Otaviano Helene é professor associado do Instituto de Física, presidiu a 
Adusp (Associação de Docentes da Universidade de São Paulo) de julho de 2007 a 
junho	de	2009.	Foi	presidente	do	INEP	(Instituto	Nacional	de	Estudos	e	Pesquisas	
Educacionais).
FONTE: Brasil de Fato. Disponível em: <http://antigo.brasildefato.com.br/node/7045>. 
Acesso em: 15 ago. 2016.
33
RESUMO DO TÓPICO 2
 Neste tópico, você aprendeu que:
•	O	termo	diversidade	envolve	um	universo	múltiplo	de	indivíduos	e	suas	relações	
sociais.
•	O	desafio	em	relação	à	diversidade	remete	à	compreensão	das	relações	sociais	
com	uma	visão	que	reconheça	a	multiplicidade	e	a	inclusão.
•	A	diversidade	cultural	compreende	variações	das	práticas	e	comportamentos	que	
compõem a cultura de um determinado grupo social.
•	As	variações	culturais	formam	as	identidades	sociais	que	refletem	multiplicidades	
e pluralidade.
•	O	etnocentrismo	é	uma	visão	de	mundo	na	qual	as	noções	do	nosso	grupo	social	
ocupam posição de centralidade.
•	As	desigualdades	raciais	no	Brasil	são	sobrepostas	ao	mito	da	democracia	racial	
e	à	formação	social	brasileira.
• A noção de gênero é socialmente construída e representa papéis e identidades de 
homens e mulheres, porém, tais concepções não são neutras e representam formas 
de	estratificação	social.
•	A	estratificação	social	pode	ser	delimitada	por	critérios	econômicos.
• A exclusão pelas classes sociais tem implicações em aspectos econômicos, políticos 
e sociais.
34
1		As	relações	sociais	que	configuram	a	exclusão	social	são	diferentes	e	podem	ser	
consideradas a partir da divisão dessas relações em três níveis. Considerando 
esses	níveis,	classifique	as	afirmações	usando	o	seguinte	código:
I – Exclusão econômica.
II – Exclusão política.
III – Exclusão social.
(		)	Os	cidadãos	são	estimulados	a	manterem	uma	atitude	consciente	quanto	às	
questões	políticas,	a	levantarem	sua	voz	em	apoio	ou	em	protesto.
( ) Quanto ao aspecto da produção, o emprego e a participação no mercado de 
trabalho	são	centrais	para	a	inclusão.	
(	 	 )	Áreas	que	sofram	de	um	alto	grau	de	exclusão	social	podem	contar	com	
instalações	comunitárias	limitadas,	como	parques,	quadras	de	esportes,	centros	
culturais e teatros.
Agora,	assinale	a	alternativa	que	apresenta	a	sequência	CORRETA:
a) ( ) II – I – III.
b)	(		)	III	–	II	–	I.
c) ( ) I – II – III.
d) ( ) II – III – I.
2		As	desigualdades	sociais	fazem	parte	da	formação	histórica,	geográfica,	política	
e	cultural	do	Brasil.	Porém,	acredita-se	que	as	desigualdades	foram	convertidas	
de	exclusão	para	inclusão,	no	que	chamamos	de	mito	da	democracia	racial.	
Partindo	desse	pressuposto,	disserte	 sobre	o	mito	da	democracia	 racial	no	
Brasil.
3 As lutas voltadas para a garantia dos direitos dos homossexuais e as discussões 
de	gênero	vêm	ganhando	 força	 e	 espaço	na	 sociedade	nos	últimos	 anos.	
Contudo, o preconceito persiste em nossa sociedade. Comente os avanços 
conquistados	em	relação	a	essas	lutas	e	os	desafios	que	persistem.
AUTOATIVIDADE
Assista ao vídeo de
resolução da questão 1
35
TÓPICO 3
DIVERSIDADE COMO PRÁTICA: MULTICULTURALISMO, 
ALTERIDADE E GESTÃO DEMOCRÁTICA
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
A compreensão da diversidade visando transformar nossa prática na 
educação	 é	 um	grande	desafio,	 para	 tanto	 você	 terá	 contato,	 neste	 tópico,	 com	
teorias	que	elaboram	esse	desafio	propondo	caminhos	para	construir	uma	educação	
pautada no respeito à diversidade.
Neste	tópico,	você	acompanhará	o	desdobramento	teórico	das	discussões	
sobre	 diversidade.	 Inicialmente	 nossos	 estudos	 concentram-se	 nos	 conceitos	
de alteridade. Em um segundo momento, serão apresentadas as teorias do 
multiculturalismo	com	foco	para	o	reflexo	dessas	questões	no	âmbito	da	educação.	
E,	por	fim,	abordaremos	os	desafios	da	gestão	democrática	em	relação	à	inclusão,	
respeito à diversidade e promoção da democracia na escola.
2 ALTERIDADE E O RECONHECIMENTO DO OUTRO
Você já ouviu falar do termo alteridade? Por acaso já se perguntou como 
construímos	 nossa	 identidade?	 Como	 descobrimos	 o	 diferente?	 Como	 nos	
relacionamos com o outro e as diferenças na sociedade?
FIGURA 11 – ALTERIDADE
FONTE: Disponível em: <http://1.bp.blogspot.
 com/_N616RsBs8LM/SltTvvwdv6I/
 AAAAAAAAAUA/w6Q-zJC4mdo/s1600/
 alteridade.jpg>. Acesso em: 10 ago. 2016.
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UNIDADE 1 | DIVERSIDADE E CIDADANIA
O conceito de alteridade pode ser compreendido em diversos contextos, 
usualmente,	no	universo	de	estudo	da	antropologia	e	filosofia,	e	remete	à	construção	
da identidade individual em relação ao outro. Devido a essas características, 
conhecer	mais	 sobre	 esse	 tema	 nos	 auxilia	 a	 responder	 às	 questões	 levantadas	
acima.
O que é Alteridade:
Alteridade é um substantivo feminino que expressa a qualidade ou estado do que é outro ou 
do que é diferente. É um termo abordado pela Filosofia e pela Antropologia.
Um dos princípios fundamentais da alteridade é que o homem, na sua vertente social,tem 
uma relação de interação e dependência com o outro. Por esse motivo, o "eu" na sua forma 
individual só pode existir através de um contato com o "outro".
Quando é possível verificar a alteridade, uma cultura não tem como objetivo a extinção de 
uma outra. Isto porque a alteridade implica que um indivíduo seja capaz de se colocar no 
lugar do outro, em uma relação baseada no diálogo e valorização das diferenças existentes.
Alteridade na Filosofia
No âmbito da Filosofia, alteridade é o contrário de identidade. Apresentada por Platão (no 
Sofista) como um dos cinco "gêneros supremos", ele recusa a identificação do ser como 
identidade e vê um atributo do ser na multiplicidade das ideias, entre as quais existe a relação 
de alteridade recíproca.
A alteridade tem também papel de relevo na lógica de Hegel: o "qualquer coisa", o ser 
determinado qualitativamente, está em uma relação de negatividade com o "outro" (nisso 
reside a sua limitação), mas está destinado a se tornar em outro, a se "alterar", incessantemente, 
mudando as próprias qualidades (as coisas materiais nos processos químicos).
O uso do termo também surge na filosofia do século XX (existencialismo), mas com 
significados não equivalentes.
Alteridade na Antropologia
A Antropologia é conhecida como a ciência da alteridade, porque tem como objetivo o 
estudo do Homem na sua plenitude e dos fenômenos que o envolvem. Com um objeto de 
estudo tão vasto e complexo, é imperativo poder estudar as diferenças entre várias culturas 
e etnias. Como a alteridade é o estudo das diferenças e o estudo do outro, ela assume um 
papel essencial na Antropologia.
FONTE: Significados. Disponível em: <http://www.significados.com.br/alteridade/>. 
Acesso em: 10 ago. 2016.
O conceito de alteridade levanta as discussões acerca das relações de 
construção de identidade diante do reconhecimento da identidade do outro. 
Provoca	a	busca	por	novos	olhares:
Desfragmentando	 a	 dualidade	 no	 sujeito,	 entendemos	 que	 os	 olhos	
não	 são	 apenas	 atributos	 do	 corpo,	 mas	 também	 da	 alma;	 e,	 nesta	
dimensão	 religada,	 o	 ‘eu’	 pelo	 olhar	 –	 independentemente	 por	 qual	
olho se manifesta a natureza e cultura – encontra-se com o Outro pelos 
caminhos	que	a	alma	e	o	corpo	se	constroem	ao	caminhar.	Nesse	percurso	
de	 raízes	 abertas	 ao	mundo,	 em	meio	 à	 crise	 do	 pensamento	 que	 se	
IMPORTANT
E
TÓPICO 3 | DIVERSIDADE COMO PRÁTICA: MULTICULTURALISMO, ALTERIDADE E GESTÃO DEMOCRÁTICA
37
instaurou nas concepções do ontem, afetando contundentemente o hoje, 
ressignificamos	o	passado	e	o	presente	continuamente.	Em	meio	a	essas	
ressignificações	 complexas,	 a	 lucidez	 de	 estar	 no	mundo	 nos	 sugere	
que,	mesmo	temendo	olhar	para	o	inesperado,	antes	interrogarmos	não	
somente	o	ontem	e	o	hoje	para	se	viver,	mas	também	o	próprio	sujeito	
para	se	conviver,	do	que	tentar	pôr	um	ponto	final	nisso	e	continuarmos	
a fragmentá-lo (MARQUES; JESUS, 2015, p. 116). 
Nesse	 sentido,	 educar	 na	 diversidade	 coloca	 diante	 de	 nós	 o	 desafio	
cotidiano	 de	 superar	 a	 fragmentação	 e	 construir	 novos	 significados	 no	 contato	
com	o	outro.	No	processo	de	ressignificar	nossas	relações	com	o	outro	é	possível	
compreender o passado e construir o presente.
O reconhecimento das diferenças faz parte do cotidiano da educação. 
Segundo	 Guérios	 e	 Stoltz	 (2010),	 a	 educação	 vai	 além	 da	 transmissão	 de	
conhecimentos,	educar	requer	preparar	o	sujeito	em	diferentes	sentidos,	como	o	
autoconhecimento, e em diferentes níveis, como o corpóreo, o mental e o espiritual.
Para tanto, o desenvolvimento do aprendizado passa pelo seu 
relacionamento	com	o	outro.	Aprendemos	quando	estamos	em	contato	com	outros	
sujeitos, aprendemos através de relações com sujeitos de características, contextos 
e culturas diferentes. 
Colegas (2012). Direção de Marcelo Galvão.
Stallone, Aninha e Márcio eram grandes amigos e viviam juntos em 
um instituto para pessoas com síndrome de Down. Certo dia, surge 
a ideia de realizar o sonho individual de cada um, e para isso, fogem 
com o carro do jardineiro. A imprensa começa a cobrir o caso e 
a polícia sai à procura dos fujões, delegando para o trabalho dois 
policiais trapalhões. Os jovens, que só querem realizar seus sonhos, 
estão dispostos a viver uma grande aventura, que vai se revelar 
repleta de momentos inesquecíveis.
FONTE: Filmes especiais. Disponível: <https://educacaoespecialinclusiva.
wordpress.com/filmes-especiais/>. Acesso em: 25 ago. 2016.
DICAS
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UNIDADE 1 | DIVERSIDADE E CIDADANIA
Aprender	é	olhar	além	das	relações	com	as	quais	estamos	habituados	em	
nosso cotidiano.
A	 experiência	 com	 alteridades	 conduz-nos	 a	 ver	 aquilo	 que	 jamais	
poderíamos	 imaginar	 e	 nem	 sequer	 sonhar	 por	 estarmos	 demasiado	
fixados	 no	 que	 consideramos	 como	 evidente	 e	 relacionado	 com	 o	
cotidiano.	É	essa	experiência	que	permite	a	consciência	de	nós	mesmos,	
o espiar-se e o surpreender-se (GUÉRIOS; STOLTZ, 2010, p. 11).
Os	novos	olhares	que	direcionamos	aos	outros	nos	levam	a	novos	olhares	
que	podem	conformar	e	transformar	a	nós	mesmos.	Cabe	à	educação	apresentar	o	
diferente e, mais além, promover a vivência da diferença. Tais momentos podem 
ocorrer	nas	interações	sociais	e	também	nas	interações	com	a	natureza	(GUÉRIOS;	
STOLTZ,	 2010).	 Nesse	 sentido,	 educação,	 cultura	 e	 subjetividade	 compõem	 o	
mesmo cenário:
Partindo do visível sensível, a educação deve nos levar ao invisível 
vidente.	 Isso	 implica	 o	 reconhecimento	 da	 intersubjetividade	 como	
base	 para	 a	 subjetividade.	 Somos	 visíveis	 a	 nós	mesmos	 pelos	 olhos	
dos	 outros.	 A	 cultura	 está,	 assim,	 na	 raiz	 do	 que	 somos,	 porque	 a	
intersubjetividade	ocorre	em	um	mundo	sensível	onde	eu	e	os	outros	
estamos situados e inter-relacionados. Esse movimento é vivido por 
meio do corpo, pois não é possível ser vidente sem ser ao mesmo tempo 
visível (GUÉRIOS; STOLTZ, 2010, p. 12).
Na alteridade a minha perspectiva e a do outro são igualmente importantes 
e estão em relação continuamente. É preciso, então, repensar a divisão entre sujeito 
e	objeto.	Essa	 tarefa	perpassa	pela	emancipação	do	 indivíduo	e	na	educação	tal	
tarefa é possível (GUÉRIOS; STOLTZ, 2010).
Caro	 acadêmico,	 as	 obras	 de	 Edgar	 Morin	 trazem	 para	 o	 debate	
elementos ligados à complexidade, tais elementos demonstram a relevância da 
compreensão	das	complexas	e	diversas	relações	que	compõem	nossa	sociedade	e,	
consequentemente,	o	espaço	da	educação.	
Acompanhe na reportagem a seguir as principais características de Morin e 
suas	contribuições	para	o	pensamento	crítico	em	educação	e	diversidade.
Edgar Morin, o arquiteto da complexidade
Sociólogo	francês	propõe	a	religação	dos	saberes	com	novas	concepções	
sobre	o	conhecimento	e	a	educação.	Mudanças	profundas	ocorreram	em	escala	
mundial	nas	últimas	décadas	do	século	20,	entre	elas	o	avanço	da	tecnologia	de	
informação,	a	globalização	econômica	e	o	fim	da	polarização	ideológica	entre	
capitalismo e comunismo nas relações internacionais. Diante desse cenário, 
o	 sociólogo	 francês	 Edgar	 Morin,	 hoje	 com	 87	 anos,	 percebeu	 que	 a	 maior	
urgência	no	campo	das	 ideias	não	é	rever	doutrinas	e	métodos,	mas	elaborar	
uma nova concepção do próprio conhecimento. No lugar da especialização, 
da	 simplificação	 e	 da	 fragmentação	 de	 saberes,	Morin	 propõe	 o	 conceito	 de	
complexidade.
TÓPICO 3 | DIVERSIDADE COMO PRÁTICA: MULTICULTURALISMO, ALTERIDADE E GESTÃO DEMOCRÁTICA
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Ela	é	a	ideia-chave	de	O	Método,	a	obra	principal	do	sociólogo,	que	se	
compõe	de	seis	volumes,	publicados	a	partir	de	1977.	A	palavra	é	tomada	em	
seu	sentido	etimológico	latino,	"aquilo	que	é	tecido	em	conjunto".	O	pensamento	
complexo, segundo Morin, tem como fundamento formulações surgidas no 
campo das ciências exatas e naturais, como as

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