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2011 Raskin Fluidos

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R
askin e M
eyer
C
itologia C
línica
D
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 C
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S
 &
 G
A
T
O
S
ATLAS COLORIDO E 
GUIA DE INTERPRETAÇÃO
DE CÃES & GATOS
Citologia
Clínica
Rose E. Raskin e Denny J. Meyer
Rose E. Raskin e Denny J. Meyer
TRADUÇÃO DA 2ª EDIÇÃO
ATLAS COLORIDO E 
GUIA DE INTERPRETAÇÃO
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Classificação de Arquivo Recomendada
CLÍNICA DE PEQUENOS ANIMAIS
CITOLOGIA
www.elsevier.com.br
DE CÃES & GATOS
Citologia
Clínica
2ª EDIÇÃO
2ª EDIÇÃO
171
 Normalmente, há uma quantidade pequena de fl uido nas 
cavidades peritoneal, pleural e pericárdica, e essas são con-
sideradas espaços virtuais. Descrições fi siológicas detalha-
das da homeostase da cavidade corporal serosa estão dispo-
níveis ( Bouvy et al. , 1991 ; Forrester, 1988; Kirby, 2003 ). Essas 
cavidades corporais serosas são formadas por células espe-
cializadas, chamadas de células mesoteliais . Os sinais clíni-
cos da presença de uma maior quantidade de fl uido são 
aumento abdominal, dor abdominal, dispneia, sons cardíacos 
abafados e arritmia cardíaca. A coleta e a avaliação dos fl ui-
dos desses locais podem ser terapêuticas, bem como diag-
nósticas, para a presença de condições infl amatórias, hemor-
rágicas, neoplásicas, linfáticas ou biliares. Além disso, outros 
testes diagnósticos podem ser indicados pelas característi-
cas citológicas. A retirada e a avaliação do fl uido são alta-
mente recomendadas, a menos que o risco anestesiológico 
e de sangramento esteja presente ou o agravamento seja 
provável. 
 TÉCNICAS DE COLETA 
 Fluido Abdominal 
 Coloque o paciente em decúbito lateral esquerdo e o con-
tenha. Tricotomize e prepare cirurgicamente uma área (p. ex., 
10 a 15 cm 2 ) com a cicatriz umbilical no centro. A bexiga 
deve ser esvaziada antes de iniciar a paracentese. Infi ltre 
uma pequena área com anestésico local, se desejado. 
Utilize uma agulha de calibre 20 a 22 ou acima, para pun-
cionar o abdome. Atente para a obtenção de fl uido nos 
quatro quadrantes, permitindo que o fl uido fl ua livremente 
pela ação da gravidade e da capilaridade. Se necessário, 
realize uma aspiração delicada utilizando uma seringa de 
3 ou 6 mL. Para uma completa descrição da técnica, devem-se 
consultar outras literaturas ( Ford e Mazzaferro, 2006 ). 
 Certifi que-se de que o animal permaneça parado enquanto 
o líquido está sendo retirado. Movimentar o paciente, ou 
permitir que ele se movimente enquanto a agulha está no 
abdome pode resultar em lacerações de órgãos. Alguns 
pesquisadores preferem que o animal mantenha-se em esta-
ção; entretanto, esta posição pode causar oclusão da agulha 
pelo omento. 
 Fluido Pleural 
 Para retirada de fluido no tórax, o paciente deve estar 
em pé ou em decúbito ventral/esternal. Tricotomize os 
pelos e prepare cirurgicamente a parede torácica do 5°– 
ao 11°– espaços intercostais. Infiltre uma pequena quan-
tidade de anestésico local do 7°– ao 8°– espaços intercos-
tais na altura da junção costocondral. É preferível aco-
plar um tubo extensor no conector da agulha ou do 
cateter, com um sistema de três vias para a retirada do 
fluido pleural. Insira a agulha ou cateter na parede torá-
cica preparada cirurgicamente, tomando cuidado com 
os vasos intercostais localizados na região caudal de 
cada costela. Para uma completa descrição desta técnica, 
deve-se consultar outras literaturas ( Ford e Mazzaferro, 
2006 ). 
 Fluido Pericárdico 
 Para a remoção de líquido do saco pericárdico, realize a 
 sedação do paciente, se necessário. Prepare cirurgica-
mente uma área entre o 5°– e o 7°– espaços intercostais 
bilateralmente. Posicione o paciente em decúbito lateral 
ou esternal. Mantenha o paciente com monitoração de 
ECG, para avaliação de arritmias durante o procedimento. 
Na área já selecionada, aplique uma pequena quantidade 
de anestésico local na junção costocondral, ou aproxima-
damente na região nos espaços intercostais onde ocorre a 
inserção das costelas ao tórax. Utilize um cateter ou sis-
tema Intrafusor ® com uma válvula de três vias acoplada 
em uma seringa de 30 mL. Mantenha sempre uma pressão 
negativa na seringa enquanto a parede torácica estiver 
sendo puncionada. Cuidadosamente avance a agulha para 
o 4°– espaço intercostal por meio de uma pequena inci-
são em direção ao coração. Avance a agulha até encontrar 
resistência (vinda do pericárdio). A resistência será rom-
pida no momento em que entrar no saco pericárdico 
e um pequeno jato de sangue for normalmente observado. 
Fixe o tubo ou cateter para que esteja de forma segura 
 dentro do saco pericárdico. Para uma completa descrição 
dessa técnica, devem-se consultar outras literaturas ( Ford e 
Mazzaferro, 2006 ). 
C A P Í T U L O6
 Fluidos de Cavidade Corporal 
 
 Alan H. Rebar e Craig A. Thompson 
C0030.indd 171C0030.indd 171 9/13/11 9:59:09 PM9/13/11 9:59:09 PM
172 CAPÍTULO 6  Fluidos de Cavidade Corporal
 MANIPULAÇÃO DA AMOSTRA 
 Observe a cor e a característica do fluido no início da 
retirada ( Fig. 6-1 ). Se o fluido for inicialmente claro e se 
tornar vermelho, é provável que haja contaminação san-
guínea iatrogênica. O fluido deverá ser coletado em um 
frasco de tampa lilás (com anticoagulante EDTA) para 
citologia e em tubo de tampa vermelha (ou outro tubo 
estéril sem aditivos), para uma possível cultura bacte-
riana. Também no momento da coleta, faça esfregaços 
diretos de amostras não centrifugadas por deslizamento 
ou por técnica de esfregaço sanguíneo e esfregaços de 
amostras centrifugadas. As colorações do tipo Roma-
nowsky como a coloração de Wright ou Wright em base 
aquosa (rápida) podem ser aplicadas em poucas amos-
tras para uma avaliação imediata. Os esfregaços restantes 
não corados, assim como as em EDTA e os fluidos em 
tubos de sorologia, devem ser encaminhados para o labo-
ratório. Isso irá permitir ao patologista clínico avaliar a 
amostra paracomparar a celularidade da amostra e a 
aparência das células no momento da coleta, com o que 
está sendo submetido no tubo. 
 AVALIAÇÃO LABORATORIAL 
 Quantifi cação de Proteína 
 A quantifi cação de proteína é normalmente realizada por 
refratometria, entretanto, algumas instituições determinam 
proteína pelo espectrofotômetro ou pela análise automati-
zada. Ambos os métodos oferecem uma leitura acurada em 
uma vasta gama de concentração de proteínas ( George, 
2001 ; George e O’Neill, 2001 ). Foi observado que em efu-
sões caninas que a refratometria subestima o conteúdo 
proteico quando for < que 2,0 g/dL e que o método de es-
pectofotometria é mais acurado quando apresenta um 
conteúdo proteico maior ( Braun et al. , 2001 ). Outros des-
creveram que refractometria pode ser utilizada com mais 
acuidade quando está abaixo de 1,0 g/dL ( George e O’Neill, 
2001 ). Pode ocorrer um achado similar subestimando o 
conteúdo proteico em efusões felinas com refratometria 
( Papasouliotis et al. , 2002 ). Neste mesmo estudo, um anali-
sador químico seco produziu um aumento na concentração 
de globulina e, portanto, uma menor relação albumina/glo-
bulina (A: G), quando comparado com um analisador úmido 
usando metodologias semelhantes de biuretos e bromo-
cresol verde ( Papasouliotis et al. , 2002 ). Este achado é par-
ticularmente importante quando a relação A:G diminuída 
auxilia um diagnóstico de peritonite infecciosa felina ( Hart-
mann et al. , 2003 ). 
 Para amostras túrbidas ou turvas e amostras de san-
gue, o fluido deve ser centrifugado e a proteína mensu-
rada do sobrenadante. A turbidez pode interferir com a 
avaliação da proteína tanto por refratometria quanto por 
espectofotometria. O conteúdo proteico é utilizado com 
a contagem de células nucleadas para a classificação da 
efusão e auxilia na formulação de uma lista das causas 
possíveis. 
 Hematimetria e Contagem 
de Células Nucleadas Totais 
 Embora uma impressão inicial de celularidade e quanti-
dade de sangue possa normalmente ser realizada através 
de uma inspeção visual da amostra ( Fig. 6-1 ), o conheci-
mento real da contagem de células para eritrócitos e para 
células nucleadas será importante para classifi car o tipo 
de fl uido. Com essa informação, podemos começar a es-
treitar a lista de possíveis causas do acúmulo de fl uido de 
forma anômala. Para amostras submetidas para um labora-
tório de referência, a colocação da amostra em um tubo 
com tampa lilás (EDTA) e também em tubo com tampa de 
cor vermelha é recomendada. O tubo com tampa lilás 
contém anticoagulante, que evita a coagulação da amos-
tra, se houver conteúdo altamente proteico. O EDTA é 
bactericida, logo, é contraindicado se a amostra for culti-
vada ( Songer e Post, 2005 ). Assim, parte do fl uido deve ser 
também colocado em um tubo de tampa vermelha ou em 
um tubo estéril sem aditivos. A contagem de células será 
realizada com um hemocitômetro ou com um equipa-
mento automático de contagem celular. Se a quantidade 
de fi brinogênio da amostra for alta, então a amostra do 
tubo de tampa vermelha deverá coagular, produzindo re-
sultados errôneos. 
 Nota : Não use tubos sor ológicos separador es (TSS) 
com gel para o envio de f uidos para o laboratório de 
r eferência. As células podem se ligar ao gel desses 
tubos e levar a um r esultado com uma contagem 
baixa de células artif cialmente. 
 Diferencial de Células Nucleadas 
 Os procedimentos básicos para realizar uma diferencia-
ção de células nucleadas variam entre os laboratórios. 
Alguns laboratórios não diferenciam, outros diferenciam 
em três partes de 100 células (células mononucleadas 
grandes, células mononucleadas pequenas e neutrófi los), 
enquanto outros irão fornecer uma diferenciação de 100 
células de todos os tipos observados. A diferenciação 
promove uma imagem dos tipos e números celulares e 
ajuda na instituição de uma lista de causas potenciais de 
acúmulo de fl uidos. Uma diferenciação não é um substi-
tuto para uma avaliação citológica. A avaliação citológica 
é realizada no intuito de determinar um diagnóstico espe-
cífi co. 
a b c d e f g
 FIGURA 6-1 . ■ Cores e características de efusão. Aparência visual 
de diversas efusões. Da esquerda para a direita são: (a) claro e in-
color – transudato; (b) amarela e levemente turva – transudato 
modifi cado; (c) vermelha e levemente turva (provável hemolisado de 
hemácias) – hemorragia; (d) laranja e turva – provável fl uido infl a-
matório com sangue; (e) fl uido sedimentado – observe uma espessa 
massa de células no fundo do tubo; (f) vermelho e turvo-sanguino-
lento resultado de hemorragia ou contaminação iatrogênica; (g) 
marrom e levemente turvo – possível bile ou ruptura de hemácias. 
C0030.indd 172C0030.indd 172 9/7/11 6:43:20 PM9/7/11 6:43:20 PM
173CAPÍTULO 6  Fluidos de Cavidade Corporal
 CITOLOGIA NORMAL E HIPERPLASIA 
 Normalmente, apenas uma pequena quantidade de fl uido é 
encontrada nos espaços peritoneal, pleural e pericárdico, 
logo, a avaliação citológica não é realizada, a não ser que 
haja aumento na quantidade de fl uido acumulado. O fl uido 
normal é claro e incolor ( Fig. 6-1 ). Diversos tipos de células 
podem ser encontrados em efusões de cavidade corporal e 
suas proporções relativas variam dependendo da causa do 
acúmulo de fl uido. É esperada a presença de células em um 
fl uido normal incluindo fagócitos mesoteliais mononuclea-
res, linfócitos e raros neutrófi los. O mesotélio irá rapida-
mente se tornar hiperplásico ou reativo quando houver um 
aumento no fl uido da cavidade corporal ou se uma infl ama-
ção estiver presente. 
 Células Mesoteliais 
 Na maioria dos casos, o citologista irá encontrar células me-
soteliais reativas em fl uidos de cavidade corporal. Estas são 
consideradas células mononucleares grandes em um diferen-
cial celular de três partes. As células mesoteliais podem ser 
vistas como células individualizadas ou em aglomerados de 
tamanhos variados. Eles contêm uma quantidade moderada 
de citoplasma azulado ( Fig. 6-2 ). As células mesoteliais hiper-
plásicas são grandes (12 a 30 � m) com citoplasma azul- 
escuro e podem mostrar um bordo citoplasmático de rosa a 
vermelho “franjado” ( Fig. 6-3 A e B). Esta característica ajuda 
a identifi car estas células como células mesoteliais. Estas cé-
lulas podem conter um ou mais núcleos de tamanho igual 
( Fig. 6-3 B). Os nucléolos podem ser visíveis e ocasionalmente 
fi guras mitóticas podem ser evidenciadas. 
 Macrófagos 
 Os macrófagos são células mononucleares com citoplasma 
de cinza-claro a azul-claro abundante e um núcleo redondo a 
reniforme ( Figs. 6-3 A e 6-4 ). A cromatina pode ser fi na e os 
nucléolos podem ser visíveis. Os macrófagos normalmente 
contêm vacúolos ou células previamente fagocitadas e/ou 
debris, se houver infl amação ou se o fl uido estiver exposto há 
muito tempo ( Fig. 6-5 ). Os macrófagos são considerados célu-
las mononucleares grandes em um diferencial de três partes. 
 Células Linfoides 
 Os linfócitos pequenos e médios encontrados em efusões 
aparecem similares aos encontrados em sangue periféricos. 
Estas células nucleadas normalmente apresentam um anel 
fi no de citoplasma levemente basofílico e um núcleo re-
dondo. Os linfócitos são considerados células mononuclea-
res pequenas em um diferencial de três partes. Em fl uidos 
normais eles se apresentam em maiores proporções em ga-
tos e bovinos do que em cães e cavalos. O núcleo pratica-
mente ocupa toda a célula, produzindo uma proporção nú-
cleo-citoplasma (N:C) uniformemente alta. A cromatina é de 
fi namente pontilhada a uniformemente aglomerada e os 
nucléolos não são visíveis ( Fig. 6-6 A e B). 
 FIGURA 6-2 . ■ Célula mesotelial normal. Célula esfoliada em 
uma efusão com sua franja rosa característicajunto do bordo cito-
plasmático. (Wright-Giemsa, Óleo HP.) (De Meyer DJ, Franks PT: 
Classifi cation and cytologic examination, Compend Contin Educ Pract 
Vet 9:123-29, 1987.) 
25 µm
A
B
 FIGURA 6-3 . ■ Célula mesotelial reativa. A, Célula mesotelial bi-
nucleada esfoliada (direita superior) e macrófago levemente vacuo-
lado e basofílico em uma efusão. A célula mesotelial tem uma franja 
rosa característica junto do bordo citoplasmático. (Wright modifi -
cado, Óleo HP.) B, Um grupo frouxo de células mesoteliais reativas 
variáveis na franja do esfregaço, feito com uma efusão. Essas células 
podem conter um ou mais núcleos. Observe a presença de “franja” 
(glicocálice) nas células mesoteliais. Diversas células contêm grânu-
los escuros paranucleares, o signifi cado disso é desconhecido. 
(Wright modifi cado; Óleo HP.) 
C0030.indd 173C0030.indd 173 9/7/11 6:43:38 PM9/7/11 6:43:38 PM
174 CAPÍTULO 6  Fluidos de Cavidade Corporal
 Neutrófi los 
 Os neutrófi los aparecem similares aos encontrados em san-
gue periférico. Eles são células de tamanho mediano com 
citoplasma pálido a claro e um núcleo segmentado. Os neu-
trófi los devem ser ausentes ou presentes em números muito 
baixos em um fl uido normal, mas eles são encontrados em 
grande número com acúmulo crônico de fl uido ou com in-
fl amação ( Figs. 6-5 e 6-6B ). 
 CLASSIFICAÇÃO GERAL DE EFUSÕES 
 As efusões são normalmente classifi cadas como transudatos, 
transudatos modifi cados e exsudatos, relacionadas com a 
concentração proteica, contagem de células nucleadas e ti-
pos de células presentes ( Tabela 6-1 ). 
 Transudato 
 Os fl uidos são classifi cados como transudatos quando apre-
sentam um conteúdo proteico pequeno e uma contagem 
celular baixa (proteína < 2,5 g/dL e células < 1.000/ � L). Es-
tes fl uidos aumentam no volume em resposta a mecanismos 
fi siológicos, como o aumento na pressão hidrostática vascu-
lar ou na diminuição da pressão osmótica coloidal, causados 
pelo mecanismo homeostático normal de produção de 
fl uidos e o bloqueio da reabsorção. Algumas causas de acú-
mulo de transudato incluem hipoalbuminemia severa, hiper-
tensão portal, insufi ciência hepática, shunt portossistêmico 
e insufi ciência miocárdica precoce. As células comumente 
encontradas no transudato são similares aos encontrados no 
fl uido normal, que são na sua maioria de células mononu-
cleares consistindo em macrófagos, linfócitos pequenos e 
células mesoteliais ( Fig. 6-6 A). Os neutrófi los compõem uma 
pequena proporção da população. 
25 µm
 FIGURA 6-5 . ■ Macrófago. Neutrófi los. Evidenciados um macró-
fago moderadamente vacuolado e basofílico e dois neutrófi los não 
degenerados. (Wright modifi cado; Óleo HP.) 
A
B
 FIGURA 6-6 . ■ A, Fluido normal/transudato. Observe o macró-
fago e um linfócito pequeno com diversos eritrócitos. O fl uido nor-
mal e transudatos contêm uma contagem muito baixa de células 
nucleadas ( < 1.000/ � L) e conteúdo de baixa proteína ( < 2,5 g/dL). 
(Romanowsky; Óleo HP.) B, Transudato modifi cado. Pleural. Gato. 
As células de efusão estão concentradas nesse animal com miocar-
diopatia. Observe um grande macrófago, muitos linfócitos pequenos 
e neutrófi los não degenerados. Esse fl uido apresentava 2,5 g/dL de 
proteínas e um aumento da contagem de células nucleadas de 
4.000 células/ � L. O macrófago fagocitou uma hemácia. (Roma-
nowsky; Óleo HP.) 
 FIGURA 6-4 . ■ Macrófagos. Estão presentes três macrófagos de 
indistinguíveis a levemente basofílicos e vacuolados de uma efusão. 
(Wright modifi cado; Óleo HP.) 
C0030.indd 174C0030.indd 174 9/7/11 6:44:06 PM9/7/11 6:44:06 PM
175CAPÍTULO 6  Fluidos de Cavidade Corporal
 Transudato Modifi cado 
 Um fl uido é classifi cado como um transudato modifi cado 
quando o transudato modifi ca suas características físicas. O 
acúmulo de fl uido transudativo em uma cavidade corporal 
causa aumento na pressão, que é irritante para as células 
mesoteliais que revestem o espaço. Eles respondem pela 
proliferação e descamação do tecido para a efusão. Com o 
tempo, as células mesoteliais descamadas morrem e com 
isso liberam quimiotáticos que atraem um pequeno número 
de fagócitos para a efusão para remover os debris celulares. 
O resultado é um aumento leve tanto na proteína total 
( ≥ 2,5 g/dL) quanto na contagem de células nucleadas 
(menos que 5.000/ � L). Logo, os transudatos modifi cados 
são geralmente transudatos que estiveram presentes por 
tempo sufi ciente para promover uma reação infl amatória 
leve ( Fig. 6-6 B). É muitas vezes associada a doença cardiovas-
cular ou a condições neoplásicas. 
 Em casos em que têm uma duração prolongada, os tran-
sudatos modifi cados podem apresentar uma aparência vi-
sual turva à quase leitosa. Esses fl uidos se assemelham forte-
mente ao quilo e, de fato, no passado eram denominados 
“efusões pseudoquilosas” (um termo não mais utilizado). A 
aparência visual destes fl uidos é o resultado de um con-
teúdo altamente lipídico (devido ao conteúdo maior de co-
lesterol do que de soro), mas não há relação com uma efusão 
quilosa verdadeira, pois não há presença de triglicerídeos 
ou quilomícrons ( Hillerdal, 1997 ; Tyler e Cowell, 1989 ). Os 
fagócitos atraídos para removerem os debris celulares dos 
transudatos são ricos em enzimas que digerem a proteína, 
mas são virtualmente desprovidos de enzimas que quebram 
complexos lipídicos. Consequentemente, enquanto a maio-
ria dos constituintes das células mortas é removida pelos 
fagócitos, o conteúdo lipídico das células simplesmente 
acumula na efusão. As efusões formadas dessa maneira são 
facilmente distinguidas citologicamente das efusões quilo-
sas verdadeiras. 
 O principal constituinte celular do transudato modifi -
cado é a célula mesotelial reativa ( Fig. 6-3 A). Por causa da 
habilidade da célula mesotelial em responder a uma irrita-
ção pela proliferação, a presença de número aumentado de 
aglomerados e placas de células mesoteliais é um achado 
comum na reação ( Fig. 6-3 B). As mitoses são aumentadas e 
ocasionalmente células mesoteliais reativas multinucleadas 
são observadas. As células mesoteliais reativas em aglomera-
dos são capazes de absorver lipídeos do fl uido da efusão e 
quando eles o fazem, eles carregam as características de 
células secretórias. Com esta forma, eles devem ser diferen-
ciados de adenocarcinoma metastático ou mesotelioma. Isso 
deve ser realizado por uma avaliação cuidadosa da popula-
ção celular pelo critério de malignidade. 
 Com o amadurecimento do transudato modifi cado, a pro-
porção de células infl amatórias irá aumentar. Na maioria dos 
casos, a principal célula infl amatória é o neutrófi lo não dege-
nerado, mas os neutrófi los raramente contam em mais de 
30% do total da população de células. Ao longo do tempo, o 
transudato modifi cado torna-se gradualmente indistinguível 
citologicamente de um exsudato não específi co. Um método 
utilizado para distinguir transudatos modifi cados de exsuda-
tos ou transudatos de exsudatos é mensurar as concentrações 
de proteína C reativa em efusões caninas ( Parra et al. , 2006 ). 
 TABELA 6-1 Classifi cação de Efusões Cavitárias Corporais Baseada nas Características Fluidas 
Tipo de Efusão Cor/Turbidez
Proteína Total 
(g/dL) Densidade * 
Leucócitos 
(Nº– por � L)
Tipo(s) Celular(es) 
Predominante(s)
Condições Gerais
Transudato Incolor/clara < 2,5 < 1,017 < 1.000 Mesotelial 
 Fagócitos mononucleares
Transudato 
 modifi cado
Amarelo-claro a 
 laranja-claro a turva
 ≥ 2,5 1,017 a 1,025 > 1.000 Células mononucleares
Exsudato Laranja a marrom/turva > 3,0 > 1,025 > 5.000 Neutrófi los 
 Asséptico (não degenerado) 
 Séptico (degenerado)
Condições Específi casQuilosa Branca/opaca > 2,5 > 1,017 Variável Aguda: Linfócitos pequenos 
 Crônica : População mista
Neoplásica Amarela-clara a laranja/
clara a turva
 > 2,5 > 1,017 Variável Mesotélio reativo 
 Células neoplásicas
Hemorrágica Rosa a vermelha-clara 
a turva
 > 3,0 > 1,025 > 1.000 Eritrócitos 
 Leucócitos similares aos do sangue 
 Macrófagos exibindo eritrofagocitose
Biliar Amarela- escura ou marrom 
ou verde/opaca
 > 3,0 > 1,025 > 5.000 População mista com material azul-
esverdeado, marrom ou amarelo 
fagocitado por macrófagos
 
 * Observe que as mensurações de densidade utilizando um refratômetro padrão não são válidas para uso em fl uidos corporais cavitários, apenas para urina. Mas 
os valores devem ser considerados com cautela ( George, 2001 ). 
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176 CAPÍTULO 6  Fluidos de Cavidade Corporal
 Exsudato 
 Os exsudatos são o resultado do aumento da permeabili-
dade vascular secundária a uma infl amação ou dano/vaza-
mento vascular (efusão hemorrágica, efusão quilosa). Um 
fl uido exsudativo normalmente apresenta um aumento pro-
teico e um aumento na contagem de células nucleadas. A 
concentração de proteína total é normalmente maior do 
que 3,0 g/dL junto com contagem de células maior do que 
5.000/ � L. As causas infecciosas de exsudato incluem bacté-
rias ( Fig. 6-7 A e B), fungos, vírus, protozoários como o Toxo-
plasma ( Toomey et al. , 1995 ) ou helmintos como o Meso-
cestoides sp. ( Caruso et al. , 2003 ). As causas não infecciosas 
envolvem infl amações orgânicas, como pancreatite, esteatite 
e neoplasias infl amatórias e irritantes como bile ou urina. A 
avaliação citológica é útil para determinar as causas primá-
rias nos casos de efusões exsudativas. 
 As efusões infl amatórias são classifi cadas de acordo com 
as regras básicas de infl amação como neutrofílicas, mistas 
ou macrofágicas. Em reações neutrofílicas, os neutrófi los 
(tanto os não degenerados quanto os degenerados) com-
preendem > 70% das células infl amatórias observadas. As 
reações mistas são caracterizadas pela mistura de neutrófi -
los e macrófagos. Na infl amação histiocítica, os macrófagos 
são as células prevalentes observadas. 
 A maioria das efusões infl amatórias são citologicamente 
inespecífi cas em termos de diagnóstico etiológico. Entre-
tanto, como em qualquer resposta infl amatória, a citomorfo-
logia fornece pistas signifi cativas para a causa primária. As 
efusões infl amatórias neutrofílicas indicam uma irritação 
severa ( Fig. 6-8 ). Se os neutrófi los estão degenerados, um 
esforço deve ser realizado para identifi car o organismo 
bacteriano nos fagócitos (anteriormente neutrófi los). Isso é 
mais fácil na extremidade da franja do esfregaço. Se os orga-
nismos não forem vistos, o fl uido deve ser cultivado. As 
efusões infl amatórias mistas e macrofágicas mostram uma 
irritação menos severa e são encontradas em efusões agudas 
em resolução ou em associação a agentes etiológicos menos 
irritantes do que as bactérias (p. ex., organismos fúngicos ou 
corpos estranhos). A avaliação química de fl uidos de efusão 
é útil para identifi car sepse. 
 As efusões sépticas podem ser diagnosticadas pelo uso de 
parâmetros bioquímicos em cães e gatos. Foi demonstrado 
que os fl uidos de efusão em cães e gatos com um pH < 7,2, 
pCO 2 > 55 mmHg, concentração de glicose < 50 mg/dL e con-
centração de lactato > 5,5 mmol/L são altamente sugestivos de 
infecção bacteriana ( Swann et al. , 1996 ). Um estudo envol-
vendo fl uido peritoneal em cães e gatos avaliou as concen-
trações de glicose sanguínea e de fl uido de efusão. Este estudo 
constatou que a diferença de glicose sanguínea e da efu-
são > 20 mg/dL fornece um meio rápido e confi ável para dife-
renciar fl uidos de efusão séptico e asséptico ( Bonczynski 
 et al., 2003 ). Nesse estudo, uma diferença na concentração de 
lactato sanguíneo e de efusão em cães < – 2,0 mmol/L foi 100% 
 FIGURA 6-8 . ■ Exsudato não séptico. Peritoneal. C ão. Fluido 
concentrado de um animal com pancreatite mostrando um aglome-
rado de células mesoteliais reativas e neutrófi los. A proteína contida 
nesta amostra era de 3,0 g/dL com contagem celular de 8.000 célu-
las/ � L. A maioria das células é de neutrófi los, sugerindo uma condi-
ção infl amatória inicial. Testes futuros (p. ex., lipase sérica e do 
fl uido ou ultrassonografi a) devem ser realizados para determinar a 
causa específi ca do acúmulo de fl uido. (Romanowsky, Óleo HP.) 
B
A
 FIGURA 6-7 . ■ A, Peritonite séptica. C ão. Numerosos neutrófi los 
degenerados são notados com um grande número de bactérias 
pleomórfi cas, ambos no fundo e nos neutrófi los. Esse esfregaço 
concentrado era de um cão com abscesso pancreático rompido. 
(Wright modifi cado; Óleo HP.) B, Exsudato séptico. Pleural. Ga to. 
Os neutrófi los degenerados estão intumescidos, com citoplasma es-
ponjoso ou vacuolado e também com núcleos líticos inchados. 
Observe a presença de bacilos pequenos, Gram-positivos e pleo-
mórfi cos. Culturas aeróbicas e anaeróbicas são recomendadas 
em casos de piotórax. Esta amostra contém muitas células nuclea-
das ( > 100.000 células/ � L) e proteína > 3,0 g/dL. (Gram; Óleo HP.) 
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177CAPÍTULO 6  Fluidos de Cavidade Corporal
sensível e 100% específi co para o diagnóstico de peritonite 
séptica. 
 TIPOS ESPECÍFICOS DE EFUSÕES 
 Enquanto a maioria das efusões infl amatórias são citologica-
mente inespecífi cas, algumas etiologias causam reações 
com aspectos diagnósticos característicos. Estas efusões são 
discutidas a seguir. 
 Peritonite Infecciosa Felina 
 A peritonite infecciosa felina (PIF) é a única entre as causas 
de efusão infl amatória em que o fl uido que se acumula é 
normalmente alto em proteína, mas apresenta baixa celula-
ridade ( McReynolds et al. , 1997 ). A classifi cação como efu-
são infl amatória é baseada principalmente na presença de 
proteína total elevada (normalmente > 4,5 g/dL), que é um 
refl exo de um aumento semelhante de proteína sérica. A 
eletroforese tanto do fl uido de efusão quanto do soro revela 
uma gamopatia policlonal. Uma relação albumina-globulina 
abaixo de 0,8 no fl uido é bem sugestiva de PIF. Tem sido 
relatado que caso a gamaglobulina seja maior do que 32% da 
proteína no fl uido da efusão, isso é sugestiva de PIF ( Shelly 
 et al. , 1988 ). Outro teste que pode ajudar a confi rmar ou 
descartar a PIF é o teste de Rivalta. Para a realização desse 
teste relativamente simples, coloque uma gota de ácido 
acético a 98% em 5 mL de água destilada e misture bem em 
um tubo de ensaio. Então, adicione lentamente uma gota do 
fl uido da efusão na superfície da solução de ácido acético. 
Um resultado positivo requer que a gota de efusão mante-
nha sua forma na superfície ou precipite lentamente para 
o fundo com a forma de uma gota ou de uma água-viva 
( Fig. 6-9 A ). Esse teste indica um alto conteúdo proteico as-
sim como fi brina e mediadores infl amatórios. Esse teste 
apresenta um valor preditivo positivo de 86% e um valor 
preditivo negativo de 97% ( Hartmann et al. , 2003 ). Um teste 
citológico mais específi co para PIF envolve a imunofl uores-
cência de coronavírus intracelular felino (V CoF) em ma-
crófagos da efusão. Quando positivo ( Fig. 6-9 B), esse teste é 
o diagnóstico para PIF, entretanto, um valor preditivo nega-
tivo é de 57%, logo, um resultado negativo pode falhar em 
casos de PIF ( Hartmann et al. , 2003 ). 
 Citologicamente, esses fl uidos normalmente apresentam 
um número de células relativamente baixas (1.000 a 
30.000/ � L) e são inconsistentes no quediz respeito aos tipos 
celulares presentes. Na maioria dos casos a célula predomi-
nante é o neutrófi lo não degenerado ( Fig. 6-9 C). Entretanto, 
podem ser vistas reações mistas a macrofágicas ( Fig. 6-9 D). 
Em casos raros, há uma predominância de linfócitos. Indepen-
dentemente do tipo celular predominante, as lâminas apre-
sentam um fundo granular roxo em todos os casos, que é o 
resultado de um conteúdo altamente proteico ( Fig. 6-9 C). 
 Efusões Nocárdicas/Actinomicóticas 
 As bactérias complexas como a Nocardia asteroides e Acti-
nomyces sp. são causas importantes de efusões tanto perito-
neais quanto pleurais em cães e gatos. Visualmente, essas 
efusões são de turvas e amarelas a tingidas de sangue dando 
um aspecto de “sopa de tomate”. Mesmo quando coletadas 
em EDTA, normalmente contêm partículas ou grânulos (os 
chamados “grânulos de enxofre”) ( Songer e Post, 2005 ). 
 Com base nos parâmetros físicos, essas efusões são tipi-
camente exsudatos, com proteína total alta e celularidade 
muito alta. Devido a sua alta celularidade, os esfregaços dire-
tos são geralmente adequados para o exame citológico. Se 
forem observadas partículas no fl uido, é importante realizar 
preparados de macerado dessas partículas, além dos esfrega-
ços apenas do fl uido. 
 Microscopicamente, as infecções nocárdicas e actinomi-
cóticas são caracterizadas por uma infl amação de neutrofí-
lica a mista, provavelmente dependendo da duração da 
doença. Em reações mais crônicas, há normalmente um 
componente celular mesotelial signifi cativo para a resposta. 
Uma característica marcante da resposta infl amatória é a 
morfologia dos neutrófi los. Enquanto a maioria dos casos de 
pleurite e peritonite sépticas é manifestada pela presença 
predominante de neutrófi los degenerados, nas efusões no-
cárdicas e actinomicóticas a maioria dos neutrófi los distan-
tes dos organismos são não degenerados. Os neutrófi los 
degenerados são vistos apenas quando estão bem próximos 
aos organismos, pois esses agentes, em contraste com a 
maioria das outras bactérias, produzem apenas toxinas lo-
cais fracas. O efeito em rede desse fenômeno é que os es-
fregaços nesses casos são facilmente interpretados erronea-
mente como não infeccioso, principalmente se não houver 
presença generalizada desses organismos. Como as partícu-
las que são visíveis a olho nu normalmente são compostas 
de colônias de bactérias, é extremamente importante que 
preparações de macerados dessas partículas sejam examina-
das para assegurar que o diagnóstico não seja prejudicado 
( Fig. 6-10 A e B). 
 A morfologia desses organismos microscopicamente são 
muito características. As colônias são compostas de organis-
mos delicados fi lamentosos, muitas vezes frisados e normal-
mente são encontrados na região de franja do esfregaço 
( Fig. 6-10 C). A característica de diagnóstico mais marcante 
desses organismos é que os fi lamentos são ramifi cados. Uti-
lizando colorações hematológicas de rotina, a Nocardia não 
pode ser diferenciada do Actinomyces . Entretanto, a Nocar-
dia sp. é Gram-positiva e é ácido-rápido positivo variável, 
enquanto o Actinomyces sp é Gram-positivo e ácido-rápido 
negativo ( Songer e Post, 2005 ). 
 O diagnóstico citológico deve ser confi rmado pela cul-
tura bacteriana da efusão e/ou dos grânulos de enxofre. 
Como essas espécies têm uma necessidade especial de cul-
tura, é importante que o laboratório de bacteriologia esteja 
ciente do diagnóstico provisório no envio da amostra. 
 Histoplasmose Sistêmica 
 A histoplasmose sistêmica causada pelo Histoplasma cap-
sulatum é causa relativamente frequente de efusão em cães 
que moram em Ohio River Valley (Estados Unidos). Como o 
fungo é endêmico na área, a sorologia pode não ser um 
método de diagnóstico confi ável. Em muitos casos, é funda-
mental a identifi cação citológica do organismo. 
 O fl uido de efusão da histoplasmose é relativamente 
ímpar. É normalmente claro e incolor. Com base nas carac-
terísticas físicas, o fl uido é um transudato modifi cado, en-
tretanto, citologicamente é claramente infl amatório com 
mais neutrófi los do que observados em um transudato 
modifi cado típico em cães. Sempre que transudatos modifi -
cados infl amatórios são vistos em cães, deve-se considerar 
a possibilidade de histoplasmose no diagnóstico diferencial. 
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178 CAPÍTULO 6  Fluidos de Cavidade Corporal
Se observados em uma efusão, a doença é considerada dis-
seminada e pode ser encontrada em qualquer local, como 
no fígado, no baço, na medula óssea, na parede retal e no 
sangue periférico. 
 A manifestação do organismo é realizada melhor em 
macrófagos ( Fig. 6-11 ) na região de franja do esfregaço. 
Os organismos de histoplasma medem, aproximadamente, 
de 2 a 3 � m de diâmetro, são de redondos a ovoides no 
formato e apresentam núcleo basofílico único cercado 
de uma parede celular espessa e incolor. Nos fluidos, é 
comum encontrar organismos individuais livres no fundo. 
O único outro organismo semelhante citologicamente e 
A B
C
25 µm
D
 FIGURA 6-9 . ■ A-C, Efusão abdominal, gato. A, Teste de Rivalta. Resultados positivos do teste são indicados pela camada de gel no topo 
da solução de ácido acético. O fl uido é de um gato com PIF confi rmado por PCR. O gato estava moderadamente ictérico. Observe as estrias 
amarelas de gel no meio do tubo do material parcialmente fl utuante. B, Teste de imunofl uorescência V CoF. Um teste citológico específi co 
para PIF envolve a imunofl uorescência de coronavírus felino intracelular (V CoF). Evidenciados três macrófagos infectados e intactos ( verde ) 
presentes em fl uido abdominal de um gato com PIF. (V CoF; Óleo HP.) C, Este esfregaço concentrado é de um gato diagnosticado com PIF. 
Observe os macrófagos moderadamente basofílicos e neutrófi los não degenerados. O fundo contém proteína basofílica grosseiramente granu-
lar assim como proteína basofílica em forma de lua crescente e fi brina em corda. (Wright modifi cado; Óleo HP.) D, Exsudato asséptico. Peri-
toneal. Gato. Este animal foi diagnosticado com PIF. O fl uido contém macrófagos esponjosos e vacuolados, neutrófi los levemente degenerados 
e células linfoides de intermediárias a grandes. Os linfócitos podem ser de tamanho intermediário e aparecerem reativos em alguns casos de PIF. 
Observe também o precipitado granular proteico por toda a parte. (Romanowsky, Óleo HP.) (A, foto por Sam Royer, Purdue University. B, 
Cortesia de Jacqueline Norris, University of Sydney, Austrália.) 
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179CAPÍTULO 6  Fluidos de Cavidade Corporal
morfologicamente são as Leishmanias. Entretanto, os 
protozoários de Leishmania são distinguidos pela pre-
sença de um cinetoplasto, que dá a aparência de ter dois 
núcleos. 
 Efusão Biliar 
 A ruptura da vesícula biliar ou do ducto biliar comum 
pode ocorrer em qualquer espécie secundária a um 
trauma direto ou doença da árvore biliar. Além disso, é um 
acompanhado incomum de hérnia diafragmática por qual-
quer motivo no cão e no gato. Quando um trauma direto 
ocorre principalmente no sistema biliar, o vazamento de 
bile é praticamente sempre restrito à cavidade peritoneal, 
causando uma peritonite. Quando associado à hérnia dia-
fragmática, o vazamento ocorre quando o fígado está 
preso à fenda diafragmática e há necrose da vesícula biliar 
ou do ducto biliar comum. Desse modo, ocorre tanto uma 
peritonite quanto uma pleurite. A bile é uma substância 
muito irritante e sua presença promove uma resposta in-
fl amatória rapidamente. Visualmente, o fl uido aparenta ser 
inicialmente de cor marrom ( Fig. 6-1 G) a amarelado a es-
verdeado, entretanto, com o avançar da resposta, torna-se 
A
B
25µm
CCC
 FIGURA 6-10 . ■ Exsudato séptico, actinomicose. Pleural. 
Cão. Mesmo caso A-C. A, O esfregaço direto de uma efusão 
pleural demonstra uma colônia densa ( i.e. , grânulos de enxofre) 
junto com muitas células lisadas e estrias nucleares. Esses grânu-
los normalmente são arrastados para a franja do esfregaço, que 
foi o caso desse esfregaço. (Wright modifi cado; IP.) B, Maior 
aumento da colônia em A. (Wright modifi cado; IP.) C, O fl uido 
apresentava uma infl amação supurativa severa com muitos neu-
trófi los degenerados e macrófagos esponjosos. Organismos fi la-
mentosos curtos e longos e células lisadas são visualizados por 
todo o fundo. Nas áreas de esfregaço sem bactérias (não mos-
trada), os neutrófi los eram apenas levemente degenerados. 
(Wright modifi cado; IP.) 
 FIGURA 6-11 . ■ Histoplasmose. Cão. Um macrófago contendo 
numerosos organismos leveduriformes ovais de 2 a 3 � m de Histo-
plasma capsulatum é visto no centro à esquerda. Há numerosas hemá-
cias no fundo do esfregaço. (Wright modifi cado; IP.) 
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192
 O emprego da endoscopia facilitou o acesso às superfícies 
mucosas, ampliando a aplicação do diagnóstico citológico 
na avaliação do trato gastrointestinal. Este procedimento auxi-
liar é especialmente útil quando combinado com a avaliação 
histológica do tecido para uma avaliação completa do trato 
gastrointestinal. Os achados citológicos e histológicos ten-
dem a ser díspares quando: (1) as amostras são obtidas de 
locais diferentes; (2) a lesão encontra-se localizada profun-
damente na lâmina própria ou submucosa, causando esfo-
liação; (3) achados associados à superfície são perdidos 
durante o processamento da amostra histológica; e (4) 
quando alterações celulares decorrentes de artefatos de 
técnica ocorrem tanto no material citológico quanto no 
histológico. 
 Em nossa experiência, tanto os imprints , quanto a ci-
tologia esfoliativa por escova são capazes de fornecer 
informações úteis quando associadas à histologia ( Jergens 
 et al. , 1998 ). A esfoliação por escova proporciona a obten-
ção de mais células, mas também tem o potencial de in-
duzir hemorragias e introduzir leucócitos que podem ser 
falsamente considerados como parte de processo infl a-
matório. A citologia de escova frequentemente representa 
a patologia da lâmina própria mais profunda, quando 
comparada aos imprints , que, por sua vez, refl etem alte-
rações de superfície e mucosas. Os critérios que diferen-
ciam benignidade e malignidade devem ser cuidadosa-
mente avaliados ao se examinar amostras de citologia 
esofágica e gastrointestinal, uma vez que a atipia celular, 
associada à hiperplasia epitelial e à regeneração decor-
rentes de infl amação, podem assemelhar-se a neoplasias 
epiteliais. 
 CAVIDADE ORAL 
 A razão mais comum para a realização da análise citológica 
da cavidade oral é a avaliação de uma massa ou lesão ulce-
rativa. Achados radiográfi cos irão indicar se há envolvimento 
ósseo. 
 Citologia Normal 
 Células epiteliais escamosas superfi ciais e intermediárias 
constituem o tipo celular comumente esfoliado na cavidade 
bucal e na superfície da língua ( Fig. 7-1 A ). Uma variedade 
de bactérias da orofaringe pode ser vista em amostras da 
cavidade oral. Um exemplo relevante é a Simonsiella sp. 
( Fig. 7-1 B e C). Neutrófi los costumam ser perdidos pela 
transmigração através das membranas submucosas para 
dentro da cavidade oral e podem ser observados em pe-
queno número. 
 Infl amação 
 Infl amações que afetam a cavidade oral envolvem doenças 
imunomediadas, como o penfi goide bolhoso, corpos es-
tranhos, patologias odontológicas, manifestações sistêmi-
cas de uremia e infecções bacterianas, virais ou fúngicas 
( Guilford, 1996a ). O exudato infl amatório pode ser com-
posto por leucócitos, debris necróticos e fl ora bacteriana. 
Algumas lesões orais elevadas, semelhantes a placas com a 
superfície ulcerada, serão compostas por uma população 
exclusiva de eosinófi los ou mista de eosinófi los e neutrófi -
los. Relatos de estomatite eosinofílica ulcerativa em Cava-
lier King Charles spaniels ( Fig. 7-2 A e B ) sugerem que esta 
resposta infl amatória eosinofílica possa ocorrer concomi-
tantemente a outras alterações sistêmicas e represente uma 
resposta de hipersensibilidade nesta raça ( Joffe e Allen, 
1995 ; German et al. , 2002). Em outras condições, a superfí-
cie inferior da língua pode, ocasionalmente, apresentar uma 
massa elevada e esbranquiçada que, além de epitélio citolo-
gicamente normal, apresenta quantidades variáveis de cris-
tais de aparência fi na ou grosseira. Geralmente, esse mate-
rial é extracelular, mas muitos cristais encontram-se no 
interior de macrófagos ( Fig. 7-3 A e B ). Esta infl amação ma-
crofágica ou granulomatosa (se células gigantes são obser-
vadas) é típica de calcinose lingual circunscrita. Cristais de 
uratos podem também ser considerados. O cálcio pode ser 
C A P Í T U L O7
 Cavidade Oral, Trato Gastrointestinal 
e Estruturas Associadas 
 Claire B. Andreasen , Albert E. Jergens e Denny J. Meyer 
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193CAPÍTULO 7  Cavidade Oral, Trato Gastrointestinal e Estruturas Associadas
BB
C
AA
 FIGURA 7-1 . ■ A, Cavidade oral. Citologia de epitélio gengi-
val. Cão. O epitélio estratifi cado escamoso queratinizado forma 
projeções papilares a partir da lâmina própria (tecido conjun-
tivo). (H e E; LP). B, Cavidade oral. Achados citológicos normais. 
Células epiteliais escamosas angulares cobertas por Simonsiella sp. 
( seta longa ); uma célula epitelial escamosa está localizada no cen-
tro e o fundo encontra-se composto por numerosas bactérias de 
tamanhos e formas variadas sobre um fundo proteináceo leve-
mente basofílico. Um fi lamento de proteína nuclear livre oriunda 
de uma célula rompida também está presente ( seta curta ). (Wright; 
HP em imersão). C, Cavidade oral. Epitélio normal com fl ora. 
Cão. Uma célula epitelial escamosa intermediária coberta por Si-
monsiella sp. (estruturas retangulares arredondadas com estriações 
transversais). Um eritrócito isolado está presente no canto infe-
rior direito para comparação de tamanho. (Wright; HP em imer-
são). (A e C, cortesia de Rose Raskin, Purdue University.) 
25�m
BA
 FIGURA 7-2 . ■ O mesmo caso A-B. A, Estomatite eosinofílica e neutrofílica. Imprint . Cão. Esta lesão indolor, de 2 × 2 cm, elevada e lem-
brando uma placa, com superfície ulcerada foi identifi cada no palato mole de um Cavalier King Charles spaniel . Evidencia-se uma população 
mista, na maioria constituída de neutrófi los degenerados e eosinófi los, sobre um fundo hemodiluído. Ambos os tipos celulares encontravam-se 
dentro dos valores de referência no sangue periférico. (Wright; HP em imersão). B, Estomatite eosinofílica ulcerativa. Histologia. A superfície 
ulcerada encontra-se densamente infi ltrada com um misto de neutrófi los e eosinófi los. Em uma área adjacente (não representada), encon-
trava-se tecido de granulação. Apesar disso, a formação de granuloma não foi observada. (H e E; IP) (A e B, cortesia de Rose Raskin, Purdue 
University.) 
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194 CAPÍTULO 7  Cavidade Oral, Trato Gastrointestinal e Estruturas Associadas
confi rmado por meio da coloração de Von Kossa ( Fig. 7-3 C) 
ou vermelho Alizarina S ( Marcos et al. , 2006 ). 
 Neoplasias 
 Neoplasias epiteliais, mesenquimais e neoplasias de células 
redondas podem envolver a cavidade oral. Assim como em 
outros sistemas orgânicos, a sensibilidade do diagnóstico cito-
lógico é mais alta para as neoplasias de células redondas e 
menor para os tumores mesenquimais.Isto ocorre devido à 
reduzida esfoliação e à difi culdade de diferenciar células me-
senquimais neoplásicas de fi brócitos/fi broblastos reativos que 
compõem os processos reparativos/infl amatórios. Neoplasias 
de células redondas incluem linfomas, mastocitomas, plasmo-
citomas, tumores venéreos transmissíveis e histiocitoma. O 
plasmocitoma pode envolver a mucosa oral, língua ou a mu-
cosa do trato digestivo e ser de difícil diagnóstico defi nitivo 
quando a caracterização imunocitoquímica ou imuno-histo-
química não for realizada ( Rakich et al. , 1989 ). A neoplasia 
epitelial mais comum é o carcinoma de células escamosas 
( Fig. 7-4 A e B ). De ocorrência menos comum é a neoplasia 
epitelial odontogênica ( Poulet et al. , 1992 ) ( Fig. 7-5 A-C ). O 
carcinoma de células escamosas pode ocorrer em qualquer 
localização na cavidade oral, mas em gatos ocorre frequente-
mente no frênulo da língua com metástases iniciais nos linfo-
nodos regionais. A epúlide é uma massa gengival comum em 
cães ou gatos e pode ocorrer devido a uma alteração de de-
senvolvimento, hiperplasia, infl amação ( Fig. 7-6 A e B ) ou uma 
lesão neoplásica. Um estudo envolvendo epúlides em felinos 
( de Bruijn et al. , 2007 ) defi niu que as células multinucleadas 
presentes nas epúlides de células gigantes provavelmente re-
fl etiam uma resposta infl amatória através da formação de os-
teoclastos a partir de macrófagos mononucleares. Estas lesões 
confundem a avaliação citológica, pois podem ser compostas 
de ninhos epiteliais dentários envolvidos em tecido estromal 
fi broso. Quando há dúvida no estabelecimento do diagnóstico 
citológico, recomenda-se a realização de biópsia excisional. 
Melanomas orais são frequentemente malignos e infi ltrativos, 
podendo conter pigmentos abundantes ou apenas uma quan-
tidade mínima dos mesmos (melanomas amelanóticos) e que 
rapidamente metastizam para os linfonodos regionais ( Head 
 et al. , 2002 ) ( Fig. 7-7 A-C ). Os fi brossarcomas, condrossarcomas 
e osteossarcomas ( Fig. 7-8 ) são os tumores mesenquimais que 
mais comumente envolvem a cavidade oral. Menos frequen-
tes, todavia, são fi bromas, hemangiossarcomas e lipossarcomas 
( Bernreuter, 2008 ). Os fi brossarcomas de mandíbula e maxila 
podem, ocasionalmente, apresentar padrões morfológicos 
benignos no exame citológico ou histológico e, entretanto, 
20�m
B
15�m
A
C
20�m
 FIGURA 7-3 . ■ Língua. Calcinose circunscripta. Imprint . Cão. 
Mesmo caso A-C. A, Um calo esbranquiçado sobre a região média 
da língua estava presente há seis meses. Quatro macrófagos es-
ponjosos e altamente vacuolizados aparecem contra um fundo 
refrátil e granular juntamente com eritrócitos, produzindo infl a-
mação granulomatosa. (Wright; HP em imersão). B, Grânulos 
grosseiros, e claramente refráteis estão presentes no fundo. 
(Wright; IP.) C, Mesmo aumento que em B. Grânulos amarronza-
dos confi rmam a mineralização por cálcio. (Von Kossa; IP) (A-C, 
Cortesia de Rose Raskin, Purdue University.) 
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195CAPÍTULO 7  Cavidade Oral, Trato Gastrointestinal e Estruturas Associadas
demonstrar um comportamento biológico agressivo ( Ciekot 
 et al. , 1994 ). Neoplasias detectadas no palato mole ou duro 
podem ser extensões da cavidade oriundas da cavidade nasal. 
Em um estudo de lesões na língua (Denis et al. , 2006), aproxi-
madamente 4% dos casos em cães envolviam tumores de cé-
lulas granulares, tumores de histogênese variada ( Head et al. , 
2002 ). Os tumores de células granulares ( Fig. 7-9 A-C ) são 
preferencialmente associados à língua, em comparação a 
qualquer outro local na cavidade oral de cães idosos e podem 
ocorrer também em gatos. Acredita-se que a maioria dos tu-
mores de células granulares se origine do neuroectoderma e 
que estes sejam compostos de fi bras de reticulina. Estes tumo-
res têm a aparência de uma massa branca, aderida e fi rme e 
possuem comportamento benigno. Citologicamente, as célu-
las encontram-se individualizadas, apresentando núcleo ex-
cêntrico, abundante citoplasma eosinofílico ou com grânulos 
citoplasmáticos fagolisossomais fortemente positivos para o 
ácido periódico de Schiff. 
AAA
B
 FIGURA 7-4 . ■ Carcinoma oral de células escamosas. A, Imprint . 
Esse material é de uma massa que se estendia do frênulo da língua até 
a mandíbula de um gato. Há várias células epiteliais escamosas de ma-
turidade e formas diversas, variando de oval a angular. Algumas dessas 
células apresentam disqueratose (bem à esquerda). Outras característi-
cas morfológicas incluem proporção núcleo-citoplasma (N:C) e colora-
ção variáveis. Vários neutrófi los estão distribuídos entre as células neo-
plásicas. Vários apresentam degeneração nuclear ou estão rompidos, 
resultando em fi lamentos de proteína nuclear livre. Células escamosas e 
queratina frequentemente induzem infl amação neutrofílica. (Wright; 
HP em imersão). B, Histologia. Cordões de células escamosas pleomór-
fi cas estão separados por um estroma fi broso fi no. Núcleos centrais de 
queratinócitos ( setas ) demonstram a disqueratose (queratinização pre-
matura ou anormal das células epiteliais antes de atingirem a superfície) 
e coloração mais intensamente eosinofílica (H e E; IP). 
A
200�m
C
B
 FIGURA 7-5 . ■ A, Tumor epitelial oral odontogênico. Imprint . A im-
pressão citológica de uma neoplasia epitelial pode ser realizada com 
base na morfologia geral dos agrupamentos com interdigitações envol-
vendo as células epiteliais neoplásicas. Elas apresentam anisocitose de 
leve a moderada e anisocariose, com variação nuclear de leve a mode-
rada. O grupo inferior parece estar formando uma estrutura acinar or-
ganizada com um lúmen central ( seta ). As características morfológicas 
são sugestivas de malignidade de células epiteliais. O citoplasma con-
tém fi nos grânulos eosinofílicos. Vários eritrócitos circundam o agrupa-
mento de células neoplásicas. (Wright; H e P em imersão). B, Maligni-
dade epitelial oral odontogênica. Histologia. A população densa de 
células epiteliais neoplásicas apresenta forma de um redemoinho dis-
creto no centro, cercado por células epiteliais de cuboidais a cilíndricas 
localizadas na periferia. Figuras mitóticas estão presentes ( setas ). As cé-
lulas neoplásicas encontram-se circundadas por um estroma fi brovas-
cular menos denso (rosa pálido). (H e E; IP) C, Gengiva. Ameloblas-
toma acantomatoso. Histologia. Cão. Uma camada de epitélio 
queratinizado (fi na borda externa, próximo à escala) cobre o espesso 
epitélio acantomatoso característico dessa neoplasia maligna. Esse é um 
tumor infi ltrativo que forma cordões de epitélio dentro da submucosa. 
(H e E; LP.) (C, cortesia de Rose Raskin, Purdue University.) 
C0035.indd 195C0035.indd 195 9/7/11 2:46:01 PM9/7/11 2:46:01 PM
196 CAPÍTULO 7  Cavidade Oral, Trato Gastrointestinal e Estruturas Associadas
B
20�m20�m
A
 FIGURA 7-6 . ■ Gengiva. Epúlide de células gigantes. Cão. Mesmo caso A-B. A , Aspirado. Agregados de células infl amatórias compostos por 
histiócitos multinucleados e macrófagos isolados são proeminentes. O estroma fi brovascular cria uma forma linear (metade superior) 
(Wright-Giemsa; IP.) B, Histologia. Características anaplásicas nucleares estão presentes nessa massa sólida de células multinucleadas com 
mínimo estroma. (H e E; LP.) (A e B, cortesia de Rose Raskin, Purdue University.) 
15�m
BA
C 50�m
 FIGURA 7-7 . ■ A, Melanoma oral maligno. Imprint . Células polié-
dricas pleomórfi cas com proporção N:C variável, anisocitose e in-
tensidade variável de coloração são indicativos de neoplasia. Em 
uma célula ( seta ), é possível notar a presença abundante de pig-
mento escuro intracitoplasmático (melanina). A maioria das outras 
célulasnão contém pigmento evidente (amelanóticas) e podem ser 
facilmente confundidas com células epiteliais neoplásicas ou células 
mesenquimais tumorais. (Wright; HP em imersão) B, Parede bucal. 
Melanoma amelanótico. Imprint . Cão. Novamente, o fundo de eri-
trócitos e bactérias forma uma camada de epitélio anaplásico 
apresentando uma N:C alta e variável, cromatina grosseira, nucéo-
los múltiplos e proeminentes, anisocariose e uma fi gura mitótica 
(abaixo, à direita). Há presença de raros grânulos fi nos no cito-
plasma, mas essa granulação não é signifi cativa. (Wright; HP em 
imersão). C, Parede bucal, Melanoma amelanótico. Histologia. 
Cão. O mesmo caso representado em B. Células pobremente granu-
lares, isoladas com núcleos pálidos e abertos infi ltrando a submu-
cosa com alguma atividade juncional, pela sua presença dentro da 
membrana basal do epitélio ( setas ), suportando o diagnóstico de 
melanoma. As células hipercromáticas visualizadas são neutrófi los. 
(H e E; IP.) (B e C, cortesia de Rose Raskin, Purdue University.) 
C0035.indd 196C0035.indd 196 9/7/11 2:46:09 PM9/7/11 2:46:09 PM
197CAPÍTULO 7  Cavidade Oral, Trato Gastrointestinal e Estruturas Associadas
 GLÂNDULAS SALIVARES 
 Citologia Normal 
 A análise citológica das doenças da glândula salivar é diag-
nosticamente recompensadora. A glândula salivar pode ser 
puncionada incidentalmente na tentativa de aspirar o linfo-
nodo submandibular. Citologicamente, a glândula salivar 
contém uma população uniforme de células epiteliais se-
cretórias que se encontram agrupadas ou isoladas, pos-
suindo núcleo excêntrico intensamente basofílico e cito-
plasma claro, vacuolizado ou espumoso ( Fig. 7-10 ). A 
coloração do citoplasma das células difere entre as serosas 
(distinguível) das mucosas (pode estar bem claro). Células 
epiteliais isoladas podem ser difíceis de diferenciar de ma-
crófagos. Estas células, entretanto, possuem um citoplasma 
claro a fi namente vacuolizado e não contêm material fagoci-
tado. Observa-se comumente a presença de muco de colora-
ção eosinofílica que, estando presente, pode fazer com que 
os eritrócitos distribuam-se em linhas ou colunas paralelas 
na lâmina ( Fig. 7-11 ). 
 Hiperplasia 
 Suspeita-se de hiperplasia quando há aumento glandular e 
as células epiteliais possuem aparência citológica relativa-
mente normal. As células podem estar cercadas de muco 
abundante. Deve-se considerar a sialocele no diagnóstico 
diferencial. 
 Infl amação 
 A lesão infl amatória mais comum é causada pela mucocele 
salivar (sialocele) ou rânula. A rânula é uma distensão cística 
de um ducto revestido por epitélio no assoalho da boca. 
Sialocele é o acúmulo de secreções salivares em cavidades 
não revestidas por epitélio adjacentes ao ducto. Uma vez 
desconhecida a causa, acredita-se que o trauma associado à 
predisposição anatômica seja determinante para o apareci-
mento dessa lesão. A saliva acumulada estimula uma reação 
 FIGURA 7-8 . ■ Osteossarcoma oral. Imprint . Células mesenqui-
mais pleomórfi cas apresentando anisocitose e anisocariose intensas. 
Os núcleos possuem cromatina pontilhada e vários nucléolos de 
tamanhos variados e coloração pálida e estão cercados de um cito-
plasma abundante e basofílico com bordas indefi nidas. Os redemoi-
nhos da matriz basofílica intercelular produzidos pelas células neo-
plásica favorecem diagnóstico de tumor ósseo maligno. (Wright; HP 
em imersão.) 
A
200�m
100�m
BB
10�m
C
 FIGURA 7-9 . ■ Língua. Tumor de células granulares. Histologia. 
Gato. Mesmo caso A-C. A, Visualização em menor aumento de uma 
pequena massa elevada. (H e E; LP.) B, Redes densas de fi bras es-
tromais separam as células em pequenos agregados. (Reticulina; 
LP.) C, Fibras estromais formam cordões de células individualizadas, 
contendo citoplasma granular eosinofílico abundante e núcleos hi-
percromáticos excêntricos. (H e E; HP). (A-C cortesia de Rose Ras-
kin, Purdue University.) 
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249
 A aspiração por agulha fi na (AAF) dos rins e da bexiga para 
obter células para avaliação citológica é um procedimento 
simples, rápido, seguro e relativamente barato. As principais 
indicações para o exame citológico do sistema urinário são 
aumento uni ou bilateral dos rins, massas discretas na be-
xiga ou espessamento da parede da bexiga e tumor na 
uretra. A avaliação citológica do trato urinário costuma dis-
tinguir as causas mais comuns de aumento de órgão (infl a-
mação, cisto e neoplasia), indicar outros métodos diagnósti-
cos (p.ex., cultura ou biópsia) ou descartar uma intervenção 
cirúrgica desnecessária (como nos casos de neoplasia me-
tastática). 
 ANATOMIA E HISTOLOGIA 
 O sistema urinário é composto pelos rins, ureteres, bexiga 
e uretra. O rim possui quatro componentes morfológicos 
básicos: glomérulo, túbulos, interstício e vasos sanguíneos 
( Fig. 10-1 ). A unidade funcional do rim é o néfron. Cada 
néfron compõe-se por um glomérulo e um sistema de tú-
bulos renais. O glomérulo é um novelo de capilares reves-
tido por endotélio fenestrado que se encontra intimamente 
associado às células epiteliais tubulares. Os componentes 
do glomérulo ( Fig. 10-2 ), incluindo o endotélio, a mem-
brana basal e as células epiteliais especializadas conheci-
das como podócitos, formam a barreira de fi ltração do rim 
( Jones et al. , 1997 ). 
 O túbulo renal divide-se em segmentos funcionais distin-
tos, como o túbulo contorcido proximal, a alça de Henle 
(ramos ascendente e descendente), o túbulo contorcido 
distal e os túbulos coletores. As células epiteliais que reves-
tem os túbulos variam, de acordo com sua função, de uma 
única camada de células cuboides com bordas em escova 
nos túbulos contorcidos proximais a um epitélio colunar 
sem borda em escova nos segmentos contorcidos distais 
( Fig. 10-3 ). As células caudadas transicionais revestem a 
pelve e os cálices renais. De modo semelhante, as mucosas 
dos ureteres, da bexiga urinária e da uretra são revestidas 
quase que exclusivamente por células epiteliais transicio-
nais. O tecido intersticial renal é composto por tecido co-
nectivo (células mesenquimais), tecido linfático, células 
musculares lisas e uma extensa rede capilar ( Jones et al. , 
1997; Borjesson, 2003 ). 
 TÉCNICAS ESPECIALIZADAS DE COLETA 
 O método de coleta para obtenção de amostras citológicas 
depende da localização da lesão, mas pode envolver tanto a 
AAF direta da massa como a cateterização traumática no 
caso de um tumor uretral ou tumor na bexiga na área do 
trígono. Reciprocamente, a biópsia renal costuma ser indi-
cada a cães e gatos com doença glomerular (e proteinúria) 
ou insufi ciência renal aguda. A biópsia pode ser guiada por 
ultrassom ou realizada por métodos cirúrgicos. Os riscos 
associados à biópsia incluem a transecção de vasos sanguí-
neos ou da pelve renal resultando em hemorragia, hidrone-
frose ou hematúria ( Borjesson, 2003 ). Um estudo multi-ins-
titucional recente encontrou taxas de complicações para 
biópsia renal de 13,4% e 18,5% para cães e gatos, respecti-
vamente ( Vaden et al. , 2005 ). A complicação mais comum 
foi hemorragia. Numerosas revisões foram publicadas recen-
temente comparando os métodos de biópsia renal, para 
aperfeiçoar a obtenção de amostras e minimizar as compli-
cações induzidas pela biópsia ( Vaden et al. , 2005; Rawlings 
 et al. , 2003; Vaden, 2004 ). 
 Na AAF, principalmente em gatos, pode-se utilizar a imo-
bilização manual do rim e a aspiração percutânea cega para 
se obter amostras para revisão citológica. No entanto, esta 
técnica é mais reservada para lesões difusas que provocam 
renomegalia, pois as lesões focais podem não ser alcançadas 
e existe um risco elevado de punção inadvertida e laceração 
dos principaisvasos sanguíneos. Recomenda-se a AAF guiada 
por ultrassom por ser minimamente invasiva e possuir taxa 
de complicação baixa. A hemorragia é a complicação poten-
cial principal, podendo ser indicado um perfi l de coagula-
ção para tal. 
 Para a AAF guiada por ultrassom, deve-se manter o pa-
ciente em decúbito dorsal. Se as alterações forem bilaterais, 
recomenda-se a aspiração da extremidade caudal do rim 
esquerdo, pois assim o risco de aspirar acidentalmente o 
intestino e o pâncreas diminui. A agulha é direcionada do 
córtex da extremidade caudal, ventral para dorsal. A agulha 
pode ser inclinada em sentido medial para lateral para evitar 
atingir um vaso renal de grande calibre. Cuidados devem ser 
tomados para se evitar que a pelve renal seja atingida. Come-
çar com agulha de 1,5 polegadas e calibre 25 a 27. Se não 
for obtida amostra com celularidade adequada, pode-se usar 
agulha de maior calibre. Os melhores resultados são obtidos 
C A P Í T U L O10
 Trato Urinário 
 
 Dori L. Borjesson e Keith DeJong 
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250 CAPÍTULO 10  Trato Urinário
quando são realizadas múltiplas preparações e uma das lâmi-
nas é rapidamente corada com o corante do tipo Roma-
nowsky ou com o Novo Azul de Metileno para verifi car a 
qualidade da amostra ( Borjesson, 2003 ). 
 Independentemente do tipo da massa, recomenda-se a aspi-
ração da área central e periférica. Frequentemente o centro da 
massa pode consistir somente de debris necróticos ou células 
infl amatórias, resultando em uma amostra sem potencial diag-
nóstico. Embora a infl amação purulenta e a necrose possam 
estar associadas à malignidade, a abundância das duas frequen-
temente mascara a desordem primária. Logo, quase sempre é 
recomendado realizar diversas aspirações em diferentes áreas 
da massa para aumentar o campo celular e o potencial diagnós-
tico, e também para diferenciar entre infl amação primária e 
secundária ( Borjesson, 2003 ). Se for obtido um fl uido, pode-se 
realizar imediatamente um esfregaço direto e o restante do 
fl uido pode ser acondicionado em um tubo com EDTA para 
prevenir a coagulação. Podem ser preparados esfregaços a 
partir do sedimento ou após citocentrifugação, principalmente 
se a amostra for de baixa celularidade. Por fi m, esfregaços por 
impressão podem ser realizados a partir de amostras prove-
nientes de biópsias renais. A avaliação citológica de esfregaços 
por impressão pode auxiliar no diagnóstico rápido de agentes 
infecciosos ou neoplasias ( Borjesson, 2003 ). 
 As células provenientes de massas no interior da bexiga 
podem ser prontamente obtidas utilizando-se a AAF guiada 
por ultrassom ou a cateterização uretral traumática. Células 
tumorais podem ser observadas ocasionalmente no sedi-
mento urinário. Entretanto, submeter urina para citologia ra-
ramente resulta em diagnóstico defi nitivo de neoplasia. A 
cateterização uretral traumática pode fornecer amostras 
adequadas e com potencial diagnóstico, porém muitas destas 
células obtidas podem ser células epiteliais transicionais rea-
tivas e superfi ciais. Desse modo, a cateterização traumática 
pode resultar em um laudo citológico falso negativo devido 
ao viés da amostra, com a massa primária não sendo coletada 
com êxito. Embora tenham sido relatados alguns casos de 
implantação tumoral ao longo da parede abdominal ventral 
após a AAF direta de massas vesicais ( Nyland et al. , 2002 ), essa 
complicação é rara e provavelmente não afeta a evolução 
clínica. Assim, a AAF guiada por ultrassom continua sendo o 
melhor método para obtenção de células associadas a tecidos 
e maximização do campo celular para revisão citológica. 
 CITOLOGIA RENAL NORMAL 
 Os aspirados renais caracterizam-se por apresentar baixa ce-
lularidade e, em geral, conter pequenos aglomerados de cé-
lulas tubulares renais entremeadas com sangue. Como os 
rins são altamente vascularizados, a presença de sangue 
geralmente deve-se à hemorragia iatrogênica no momento 
 FIGURA 10-2 . ■ Corte histológico de glomérulo normal de 
gato. Ampliação de alta potência de glomérulo com novelo capilar 
central revestido por endotélio fenestrado (não mostrado). Células 
tubulares renais normais de felino com vacúolos de lipídeos ao redor 
do glomérulo. (H&E; objetiva de imersão em óleo.) 
 FIGURA 10-3 . ■ Corte histológico de túbulos renais de cães. 
Notam-se os túbulos proximais com sua característica borda em 
escova, espessa e rósea ( seta ), adjacente a túbulo distal com única 
camada de células epiteliais e sem borda em escova ( cabeça de seta ). 
(H&E; objetiva de imersão em óleo.) 
 FIGURA 10-1 . ■ Corte histológico de um rim normal de cão. 
Numerosos glomérulos ( setas ) são encontrados entremeados aos 
túbulos renais ( cabeça de seta ) seccionados longitudinalmente. A 
maior parte dos túbulos está revestida por única camada de células 
epiteliais cuboides. (H&E; objetiva de média ampliação.) 
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251CAPÍTULO 10  Trato Urinário
da coleta. Em geral, as células tubulares esfoliam individual-
mente ou em pequenos aglomerados de células epiteliais 
apresentando formato arredondado, oval ou cilíndrico. Elas 
apresentam abundante citoplasma basofílico ocasionalmente 
vacuolizado que circunda um núcleo arredondado e uni-
forme com frequência localizado excentricamente ( Fig. 10-4 ). 
As células tubulares dos gatos são citologicamente similares, 
com exceção daqueles que normalmente possuem deposição 
lipídica nos seus túbulos renais. As gotículas de lipídeos apa-
recem como evidentes vacúolos intracitoplasmáticos, de ta-
manhos variáveis, pontilhados e claros ( Figs. 10-5 e 10-6 ). 
Também podem estar presentes túbulos renais totalmente 
intactos e arranjados em estruturas lineares coesivas ( Fig. 10-7 ). 
As células tubulares também podem conter grânulos intraci-
toplasmáticos escuros que não devem ser confundidos com 
um tumor de melanócitos bem diferenciado ( Fig. 10-8 ). O 
glomérulo esfolia individualmente ou em densos aglomera-
dos arredondados e extremamente basofílicos, possuindo um 
núcleo arredondado a oval muito uniforme ( Fig. 10-9 ). 
 LESÕES BENIGNAS E NÃO NEOPLÁSICAS
DO TRATO URINÁRIO 
 Bexiga 
 Cistite Polipoide, Pólipo de Células
Transicionais e Papiloma 
 As massas vesicais hiperplásicas e benignas são raras, porém 
constituem um conjunto importante de doenças da bexiga 
que podem mimetizar neoplasia maligna. A cistite polipoide 
caracteriza-se por infl amação, proliferação epitelial e desen-
volvimento de massa não neoplásica. De modo semelhante 
à maioria das doenças da bexiga urinária, esses cães apre-
sentam-se com hematúria ou infecção recorrente do trato 
urinário. No entanto, ao contrário da neoplasia de células 
 FIGURA 10-4 . ■ Células epiteliais do túbulo renal de cães. 
Observa-se um pequeno aglomerado de células do túbulo renal que 
variam do aspecto arredondado ao cilíndrico (colunar). Os eritróci-
tos no fundo fornecem uma perspectiva do tamanho das células 
(Wright-Giemsa; objetiva de imersão em óleo.) 
 FIGURA 10-5 . ■ Células epiteliais do túbulo renal de gatos. No-
tam-se gotículas de lipídeo intracitoplasmáticas de tamanhos variáveis 
que se apresentam como vacúolos claros pontilhados no interior das 
células tubulares renais. Observa-se também citoplasma vacuolizado 
livre proveniente de célula lisada ( seta longa ). O tamanho das células 
tubulares pode ser comparado com os neutrófi los presentes ( setas cur-
tas ). (Wright-Giemsa; objetiva de imersão em óleo.) 
 FIGURA 10-6 . ■ Corte histológico de túbulos renais de gatos. 
Notam-se neste corte de rim felino gotículas de lipídeo intracito-
plasmáticas de tamanhos variáveis que se apresentam como vacúo-
losclaros e pontilhados no interior destas células do túbulo renal 
proximal ( setas ). (H&E; objetiva de imersão em óleo.) 
 FIGURA 10-7 . ■ Túbulo renal intacto. As células no interior do 
túbulo são minimamente pleomórfi cas. Os núcleos apresentam-se 
arredondados e uniformes com pequenos nucléolos regulares. O 
grande tamanho deste túbulo sugere tratar-se de um ducto coletor 
ou de um túbulo distal. Os leucócitos fornecem uma perspectiva do 
tamanho ( setas ). (Wright-Giemsa; objetiva de imersão em óleo.) 
C0050.indd 251C0050.indd 251 9/7/11 6:34:51 AM9/7/11 6:34:51 AM
252 CAPÍTULO 10  Trato Urinário
transicionais que normalmente se instala na região do trí-
gono, essas massas localizam-se mais frequentemente na 
região cranioventral da bexiga ( Martinez et al. , 2003 ). 
 A hiperplasia de células transicionais e o pólipo benigno de 
células transicionais podem esfoliar em folhas celulares exten-
sas com discreto pleomorfi smo ( Fig. 10-10 ). Os núcleos são ge-
ralmente uniformes com padrão de cromatina grosseira e irre-
gular ( Fig. 10-11 ). Os papilomas de células transicionais também 
podem ocorrer e são caracterizados por aglomerados de tama-
nhos variados de células epiteliais transicionais uniformes. Essas 
células são de formato cuboide a poliédrico e apresentam dis-
creta anisocariose com uma proporção núcleo-citoplasma ele-
vada ( Fig. 10-12 ). A diferenciação entre os processos benignos 
de hiperplasia, pólipo e papiloma não pode ser realizada citolo-
gicamente. Muitas vezes, é difícil distinguir esses processos be-
nignos dos neoplásicos, visto que a proximidade com a urina 
provoca discreto a acentuado rompimento das células, tor-
nando problemático o diagnóstico defi nitivo ( Fig. 10-13 ). 
 Rim 
 Cistos 
 Os cistos renais podem ser adquiridos ou congênitos, únicos 
ou múltiplos. Eles possuem a parede fi na e contêm fl uido 
que geralmente é viscoso ou aquoso de tonalidade clara ou 
amarela. Embora seja facilmente analisado citologicamente, o 
histórico clínico e o exame de ultrassonografi a podem ser 
sufi cientes para o diagnóstico, especialmente em casos de 
doença policística. Utiliza-se a avaliação citológica de cisto 
apenas quando há a necessidade de distinguir entre abs-
cesso, neoplasia e doença cística primária ( Borjesson, 2003 ). 
 Citologicamente, os cistos possuem celularidade de baixa 
a moderada, apresentando o fundo denso e pontilhado, ca-
racterizado pelo elevado conteúdo proteico. As células nu-
cleadas consistem, principalmente, em macrófagos ativados 
 FIGURA 10-10 . ■ Hiperplasia de células transicionais ou pó-
lipo benigno. A hiperplasia epitelial ou formação de pólipo é dife-
renciada da neoplasia epitelial maligna pelo padrão distinto e regu-
lar dos aglomerados e da aparência uniforme das células epiteliais. 
(Wright-Giemsa; objetiva de baixa ampliação.) 
 FIGURA 10-11 . ■ Hiperplasia de células transicionais ou pó-
lipo benigno. As células transicionais desse aglomerado de células 
epiteliais hiperplásicas apresentam núcleos arredondados a ovais 
uniformes. A cromatina é grosseira (uma característica citomorfoló-
gica comum do sistema urotelial) sem nucléolo aparente. Muitas 
vezes os bordos célula-célula são facilmente observados e há apenas 
um pleomorfi smo discreto. Comparar as características desse aglo-
merado celular com as células mostradas nas Figuras 10-20 a 10-24 . 
(Wright-Giemsa; objetiva de imersão em óleo.) 
 FIGURA 10-8 . ■ Túbulo renal intacto. Os grânulos intracito-
plasmáticos escuros ( setas ) das células que compõem este segmento 
de um túbulo indicam que elas se originam da alça de Henle ascen-
dente ou do túbulo distal. A possibilidade de um tumor de melanó-
citos bem diferenciado poderia ser uma dúvida inicial. (Wright-Giemsa; 
objetiva de imersão em óleo.) 
 FIGURA 10-9 . ■ Glomérulo intacto. Um único glomérulo in-
tacto, com novelo capilar e células epiteliais tubulares associadas. 
(Wright-Giemsa; objetiva de baixa ampliação.) (Friedrichs KR: Labo-
ratory medicine – yesterday today tomorrow: renal resplendence, Vet 
Clin Pathol 36[1]:7, 2007.) 
C0050.indd 252C0050.indd 252 9/7/11 6:34:54 AM9/7/11 6:34:54 AM
253CAPÍTULO 10  Trato Urinário
com numerosos vacúolos grandes que frequentemente con-
têm material secretório de cor rósea e, se houver hemorra-
gia, produtos da degradação da heme, hemossiderina e he-
matoidina ( Fig. 10-14 ). Alguns processos neoplásicos 
possuem um componente cístico, mas as células neoplási-
cas podem ou não esfoliar para dentro do fl uido. Portanto, 
deve-se realizar a aspiração da parede ou dos componentes 
mais sólidos de uma estrutura cística. 
 Cristais 
 Os cristais são raramente observados nas preparações cito-
lógicas de aspirados renais. No entanto, sua presença pode 
ser muito útil no diagnóstico de nefrotoxicose. O ácido 
oxálico, um metabólito do etileno glicol, pode precipitar 
nos túbulos renais como cristais de oxalato de cálcio ( Fig. 
10-15 A e B ). Citologicamente, esses cristais aparecem claros 
e apresentando bordas de irregulares a lineares quase im-
perceptíveis ( Fig. 10-16 A ). Esses cristais são facilmente vi-
sualizados sob luz polarizada ( Fig. 10-16 B). 
 A doença renal aguda e os cristais intratubulares têm sido 
associados a surtos de nefrotoxicose devido à ingestão de 
ração contaminada. Cristais arredondados ou em formato de 
haltere, de coloração verde-claro a amarelo-ouro têm sido 
identifi cados na histologia renal (Fig. 10-17 A e B ) e na cito-
logia do sedimento urinário. Esses cristais são sugestivos 
daqueles formados a partir da precipitação combinada de 
melamina e ácido cianúrico, podendo ser classifi cados erro-
neamente como cristais de carbonato de cálcio tingidos de 
verde ou cristais lisos de biurato de amônio. Os relatos ante-
riores também podem ter associado de modo equivocado 
esses cristais à micotoxina ( Jeong et al. , 2006 ). 
 Infl amação 
 A pielonefrite é uma doença tubulointersticial infecciosa 
que geralmente resulta de infecção ascendente do trato 
urinário inferior. No exame citológico, diagnostica-se facil-
mente acentuada infl amação supurativa, caracterizada por 
número elevado de neutrófi los e macrófagos ativados dis-
seminados ( Fig. 10-18 ). Frequentemente, a morfologia nu-
clear está degenerada. Quando a etiologia subjacente é 
uma infecção bacteriana, podem ser observadas bacté-
rias intracitoplasmáticas, incluindo a Mycobacterium sp. 
( Fig. 10-19 ). Recomenda-se a realização de cultura e antibio-
grama, independentemente da presença de bactéria. De 
modo semelhante, as infecções sistêmicas por algas (p.ex., 
 Prototheca zopfi i ), fungos (p.ex., Cryptococcus neofor-
mans e Aspergillus spp.), protozoários (p.ex., Leishmania ) 
 FIGURA 10-12 . ■ Papiloma de células transicionais. Distin-
gue-se a formação de pólipo epitelial ou hiperplasia da neoplasia 
epitelial maligna pela aparência uniforme das células epiteliais. Estas 
células apresentam discreta anisocariose e anisocitose com discreto 
aumento da proporção núcleo-citoplasma. Observam-se os vacúo-
los citoplasmáticos que podem ser vistos em células do sistema 
urotelial. Comparar as características desse aglomerado celular com 
as células nas Figuras 10-20 a 10-24 . (Wright-Giemsa; objetiva de 
imersão em óleo.) 
 FIGURA 10-13 . ■ Células transicionais degeneradas. A prolon-
gada exposição à urina causa de discreto a acentuado rompimento 
das células, impedindo a caracterização citológica defi nitiva. As al-
terações comuns incluem cromatina grosseira, vacúolos claros no 
interior do citoplasma e/ou núcleo e núcleos com bordas irregulares. 
(Wright-Giemsa; objetiva de imersão em óleo.) 
 FIGURA 10-14 . ■ Cisto renal. O fl uido cístico geralmente apre-
senta baixa celularidade

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