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Percepção Social

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Percepção Social.
1.1 Conceitos de percepção.
O palavra percepção tem origem etimológica do latim perceptìo,ónis, que possuí sentido de compreensão habilidade de perceber; enxergar (HOUAISS, 2002). Pode-se afirmar também que percepção é a faculdade de aprender por meio dos sentidos ou da mente, função ou efeito mental de representação dos objetos; sensação, senso e o ato de exercer essa função, consciência dos elementos do meio ambiente através das sensações físicas, ato, operação ou representação intelectual instantânea, aguda, intuitiva.
Pode-se afirmar que o termo percepção trás consigo o sentido formal de consciência de algo ou alguém, impressão ou intuição, sensação física interpretada através da experiência, capacidade de compreensão. Penna (1997) afirma que é possível perceber, conhecer objetos e situações através dos sentidos, sendo que o ato implica a proximidade do objeto no tempo e no espaço. Logo, objetos distantes no tempo não podem ser percebidos, podem ser evocados, imaginados ou pensados, mas nunca percebidos. Em outras palavras, dificilmente pode-se realizar uma pesquisa evocando experiências passadas para o estudo da percepção.
Para a Psicologia, segundo Monteiro (2007), percepção é um processo cognitivo que nos ajuda a perceber o que acontece quando recebemos um estimulo de algo que vemos, tocamos, ouvimos. Através da percepção, o ser humano entra em contato com o mundo, ou seja, é graças à percepção que desde pequenos nos é possível saber as cores, as formas, as texturas, os aromas, saber distinguir o frio do calor. 
Monteiro (2007) segue afirmando que a percepção é baseada na interpretação que as pessoas fazem da sua realidade e não na realidade em si, por este motivo a percepção do mundo é diferente para cada um de nós. A percepção não se limita ao registro de uma informação sensorial, é muito mais que isso, pois implica a atribuição de sentido, sentido esse que vai de encontro com a experiência de cada um.
A medida que vamos adquirindo novas informações, a nossa percepção altera-se e é no cérebro todo esse processo, pois a informação que chega dos órgãos sensoriais é por ele processada. Pode-se por este motivo afirmar que a percepção é um processo cognitivo complexo em que para além de estarem presentes na sua construção as estruturas fisiológicas, como é o caso dos órgãos sensoriais e também das estruturas nervosas, estão aliadas as experiências humanas, dando sentido e significado ao que se precise.
A percepção decorre dos estímulos captados por nossos sentidos e cada posição do objeto (perto, longe, claro, escuro) produz uma imagem visual diferente, mas para a percepção trata-se do mesmo objeto. A percepção é apenas uma consequência da nossa sensação e nem sempre esta inteiramente disponível a nossa, consciência pois é filtrada pelo mecanismo da atenção, sono e emoção.
Guedes (2011) afirma que o estudo da percepção pela Psicologia, faz-se importante a medida que o comportamento observado das pessoas está relacionado a interpretação que o mesmo faz da realidade e não da realidade em si. Portanto a percepção tem grande importância, pois ela pode ser relacionada pelas impressões que o homem faz do outro, pelo conteúdo da memória, conceitos de valor e normas sócios culturais, ou seja, a percepção está relacionada a valores específicos do individuo ou de grupos distintos.
No campo da Psicologia Social pode-se afirmar segundo Guedes (2011), que o termo percepção está relacionado à visão social do ser que faz parte da mesma, dizendo que percepção está relacionada a modo como formamos impressões sobre outras pessoas e sobre como fazemos inferências sobre elas. As conclusões mostram a importância de abordar o papel dos valores no processo subjetivo-objetivo e nas relações do individuo com a sociedade. Portanto, é através desses aspectos que é possível dar sentido ao mundo social, e também, através dela ocorre a capacidade de formar impressões de maneira rápida e objetiva sobre esse mundo. 
1.2 A formação do ser social
Aristóteles fundamenta a tese que “o homem é um animal social” dizendo que a união entre os homens é natural, porque o homem é um ser naturalmente carente, que necessita de coisas e de outras pessoas para alcançar a sua plenitude. Aristóteles afirma:
“As primeiras uniões entre pessoas, oriundas de uma necessidade natural, são aquelas entre seres incapazes de existir um sem o outro, ou seja, a união da mulher e do homem para perpetuação da espécie (isto não é resultado de uma escolha, mas nas criaturas humanas, tal como no outros animais e nas plantas, há um impulso natural no sentido de querer deixar depois de individuo um outro ser da mesma espécie).” (Política, I, 1252a e 1252b, 13-4)
Aristóteles faz a diferenciação entre dois tipos de espécies, as gregárias (koinonia), e as solitárias(monadika), sendo que o homem faz parte das duas espécies. As duas espécies são passiveis de uma nova divisão, aquelas que são propensas há uma vida sociável (politika) e aquelas que vivem de maneira esparsa (sporadika). O homem faz parte do primeiro grupo (politika). Portanto, a sociabilidade faz parte da natureza humana. Segundo Aristóteles:
“a cidade é uma criação natural, e que o homem é por natureza uma animal social, e que é por natureza e não por mero acidente, não fizesse parte de cidade alguma, seria desprezível ou estaria acima da humanidade […] Agora é evidente que o homem, muito mais que a abelha ou outro animal gregário, é um animal social. Como costumamos dizer, a natureza não faz nada sem um propósito, e o homem é o único entre os animais que tem o dom da fala. Na verdade, a simples voz pode indicar a dor e o prazer, os outros animais a possuem (sua natureza foi desenvolvida somente até o ponto de ter sensações do que é doloroso ou agradável e externá-las entre si), mas a fala tem a finalidade de indicar o conveniente e o nocivo, e portanto também o justo e o injusto; a característica especifica do homem em comparação com os outros animais é que somente ele tem o sentimento do bem e do mal, do justo e do injusto e de outras qualidades morais, e é a comunidade de seres com tal sentimento que constitui a família e a cidade.” (Política, I, 1253b, 15)
Assim, “a natureza social do homem se manifesta na linguagem, no dizer ou no logos […] O homem é o único animal que fala, e o falar é função social” (MARÍAS 2004, 91). Assim em sociedade, o homem poderá realizar a sua potencia mais elevada – vida política (politikon).
Cada estágio da vida oferece ao indivíduo desafios importantes para o seu desenvolvimento. O ser humano está em constante processo de aprendizagem e essa não ocorre de forma isolada. São inúmeros os fatores, tanto biológicos, quanto sociais ou históricos que influenciam na formação do sujeito, mas que isoladamente não determinam a sua constituição. Como afirma Vigotski "o comportamento do homem é formado por peculiaridades e condições biológicas e sociais do seu crescimento" (2001, p.63). 
Pode-se dizer que desde o nascimento, o homem já é um ser social em desenvolvimento e todas as suas manifestações acontecem porque existe um outro social. Mesmo, quando ainda não se utiliza da linguagem oral, o sujeito já está interagindo e se familiarizando com o ambiente em que vive. 
No mesmo sentido, a aprendizagem não acontece de maneira isolada, o indivíduo participante de um grupo social, ao conviver com outras pessoas efetua trocas de informações e, desta forma, vai construindo o seu conhecimento conforme seu desenvolvimento psicológico e biológico lhe permite. Para Vigotski: 
A história do desenvolvimento das funções psicológicas superiores seria impossível sem um estudo de sua pré história, de suas raízes biológicas, e de seu arranjo orgânico. As raízes do desenvolvimento de duas formas fundamentais, culturais, de comportamento, surge durante a infância: o uso de instrumentos e a fala humana. Isso, por si só coloca a infância no centro da pré- história e do desenvolvimento cultural. (1998, p.61) 
A partir da abordagem do autor,é possível observar que a interação tem papel fundamental no desenvolvimento da mente. A partir da interação entre diferentes sujeitos se estabelecem processos de aprendizagem e, por consequência, o aprimoramento de suas estruturas mentais existentes desde o nascimento. 
Neste processo, o ser humano necessita estabelecer uma rede de contatos com outros seres humanos para incrementar e construir novos conceitos. O outro social, se torna altamente significativo para as crianças que estão no auge do seu desenvolvimento, uma vez que assume o papel de meio de verificação das diferenças entre as suas competências e as dos demais, para, a partir deste processo, formular hipóteses e sintetizar ideias acerca desses laços constituídos, tornando um processo interpessoal, num processo intrapessoal. Ao tratar das funções psicológicas superiores no desenvolvimento da criança, Vigotski as classifica em dois momentos: 
Primeiro no nível social, e, depois, no nível individual; primeiro entre pessoas (inter psicológica), e , depois, no interior da criança (intra psicológica). Isso se aplica igualmente para atenção voluntária, para a memória lógica e para a formação de conceitos. Todas as funções superiores originam-se das relações reais entre indivíduos humanos. (Vigostki. 1998, p.75) 
A partir deste ponto pode-se afirmar segundo o autor que o conhecimento não está no sujeito nem no objeto, mas na interação entre ambos. Agindo sobre os objetos e sofrendo a ação destes, o homem vai ampliando a sua capacidade de conhecer , ou seja, de vivenciar processos de aprendizagem. Nesta dinâmica, é possível apontar que o sujeito é um elemento ativo no processo de construção do seu conhecimento, pois, conforme estabelece relações e se comunica, desenvolve-se cultural e socialmente, constituindo-se como individuo ativo. 
Sobre isto, Rogoff estabelece que o aprendizado acontece a partir da apropriação participatória: 
O conceito de apropriação participatória se refere a como indivíduos mudam através de seu envolvimento em uma ou outra atividade. Com a participação guiada como processo interpessoal através do qual as pessoas são envolvidas na atividade sociocultural, a apropriação participatória é o processo pessoal pelo qual, através do compromisso em uma atividade, os indivíduos mudam e controlam uma situação posterior de maneiras preparadas pela própria participação na situação prévia. Esse é o processo de apropriação, e não de aquisição. (Rogoff, p.126) 
Assim como teoriza Vigostki, acerca da natureza social do ser humano que o acompanha desde seu nascimento, Rogoff aprofunda a teoria afirmando que através da apropriação participatória os envolvidos estabelecem novas condição para aquela situação. Ou seja, estabelecem conexões conforme as necessidades do grupo, dinâmica natural uma vez que todos os processos biológicos e socias se organizam em uma lógica reticular, assumindo-se como uma pessoa que se comunica com outras e que, com estas, estabelece relações conforme seu interesse. 
O ser humano não vive isolado, ele participa de diferentes ambientes. Os grupos reúnem seus integrantes em torno de um objetivo comum e as pessoas geralmente participam desses porque se sentem acolhidas, porque percebem que naquele grupo sua presença é importante, então, pode-se afirmar que a comunicação cria vínculos e é fundamental para que os indivíduos se efetivem como ser social. 
1.3 Conceito de percepção social
A percepção social é um processo de interpretação do comportamento das outras pessoas; sendo entendida desta forma, ela se dá em diferentes etapas. Na primeira etapa, o comportamento do outro deve atingir nossos sentidos, e para que isto aconteça, eles devem estar funcionando corretamente, além disso, é imprescindível que o ambiente forneça as condições necessárias (fase pré-psicológica do fenômeno perceptivo). A segunda etapa acontece quando o comportamento do outro já atingiu nossos sentidos, a partir daí acontece a ação dos nossos interesses, estes entendidos como nossos “preconceitos, estereótipos, valores, atitudes e ainda outros esquemas sociais”, (fase psicológica do fenômeno perceptivo) (RODRIGUES, 1996, p. 202).  
O entendimento do comportamento do outro se dará então a partir do que nossos sentidos captaram juntamente com o que pensamos, formando assim a interpretação deste comportamento (LUZA, 2008). 
Segundo Rodrigues (2007, p. 203), a percepção social é condição para a interação humana. O processo perceptivo é permeado por variáveis que se intercalaram entre “o momento da estimulação sensorial e a tomada de consciência daquilo que foi responsável pela estimulação”. Estas variáveis influenciam em como as pessoas percebem determinado comportamento (LUZA, 2008).        
No caso da percepção social, quando ouvimos uma pessoa falando de outra, acontece que algumas características, por serem mais centrais que outras, fazem com que nos atenhamos a elas e portanto existe a tendência de que as informações recebidas primeiramente exerçam maior representatividade do que as apresentadas posteriormente. 
Outra variável que influencia na percepção que teremos de determinada pessoa são os estereótipos, estes podem ser positivos ou negativos, e consistem em designar características às pessoas de determinado grupo, ao qual inferimos características típicas. Destaca-se que, ainda, devemos considerar a variável preconceito, neste caso a representação do grupo é negativa, e este “influi decididamente no processo perceptivo”, como veremos determinada pessoa (RODRIGUES, p. 220, 1996).
A partir da interpretação que fizemos do comportamento do outro, tendemos a tentar explicá-lo. Para compreendermos como se dá este processo, autores como Rodrigues (2007) e Leyens (1999) trazem considerações acerca da Teoria da Atribuição de Causalidade, que explica como atribuímos causas, motivos, aos comportamentos das pessoas. Para os autores, as causas atribuídas podem ser internas, “a pessoa é assim mesmo”, logo, são causas estáveis, ou externas, “a pessoa agiu desta forma porque o outro fez algo que a irritou”, estas são causas instáveis, pois, podem variar dependendo do ambiente (LUZA, 2008).
Nesta tentativa de comentar os comportamentos, podemos perceber a diferença quando explicamos o nosso próprio comportamento e quando estamos explicando o de outras pessoas. Segundo Myers (2000), enquanto explicamos nosso comportamento, o fazemos a partir da situação que o desencadeou, já quando explicamos o comportamento das outras pessoas, tendemos a inferir que esta atitude é uma característica desta pessoa, não considerando em que situação ela agiu de determinada forma. Quando fazemos isto, incorremos no que é chamado por psicólogos sociais de erro fundamental de atribuição (LUZA, 2008).
Podemos compreender aqui, que os nossos julgamentos se dão a partir das características que inferimos às pessoas. Torna-se importante abordar esta questão neste momento, para que possamos visualizar que todos nós cometemos julgamentos e nestes julgamentos podemos incorrer no erro fundamental da atribuição (LUZA, 2008).
De acordo com Rodrigues (1996), a Teoria da Gestalt com seus direcionamentos e estudos em relação à percepção exerceu grande influência na Psicologia Social, promovendo maior entendimento e melhor desenvolvimento de pesquisas que contribuíram para que muitos conceitos da Gestalt fossem transpostos para a Psicologia Social. Cognição e boa organização perceptiva (proximidade, semelhança, experiência passada, boa forma, assimilação e contraste) são exemplos dessa transposição (SÁ, 2009).
A percepção social, um dos processos que mais interfere nas relações humanas, obteve grandes benefícios ao incorporar diversos conceitos da Gestalt. Foi possível descobrir que essa percepção de pessoas é baseada em princípios semelhantes aos da percepção de objetos e obedece, portanto, as leis da boa forma (RODRIGUES, 1996). Entretanto, ao contrário da percepção de objetos, a percepção social da ênfase para a atribuiçãode intenções. Outra diferença crucial é que nela, além de perceber, também é possível ser percebido (RODRIGUES, ASSMAR & JABLONSKI, 2002).
A percepção em si é um processo que segue uma trajetória que parte de uma estimulação sensorial e vai até a tomada de consciência. É algo extremamente complexo, pois no caminho está sujeito a uma série de importantes interferências cognitivas que serão determinantes para o resultado perceptivo final (RODRIGUES, 1996).
A percepção social se apresenta como uma espécie de pré-condição do processo de interação social, exatamente porque ela permite uma análise recíproca e inicial dos sujeitos. A percepção social começa no instante que a estimulação sensorial chega ao percebedor e tem seu fim em uma tomada de consciência. Os meandros desse caminho apresentam uma série de variáveis e interferências cognitivas que vão influenciar a finalização do processo (RODRIGUES, ASSMAR & JABLONSKI, 2002).
Alguns fatores interferem no processo perceptivo como (RODRIGUES, ASSMAR & JABLONSKI, 2002), como a seletividade perceptiva que diz respeito ao fato de que apesar das pessoas serem bombardeadas por uma grande quantidade de estímulos, apenas uma parte é captada, experiência prévia, que tem relação com a familiaridade ao estímulo que faz com que a pessoa tenha maior disposição para responder a ele. Enfim, nossas vivências passadas nos predispõem a mais facilmente percebermos os estímulos conhecidos em detrimento dos desconhecidos. Outro fator que vale lembrar é o condicionamento onde a sombra do behaviorismo também tem seu espaço na psicologia social. Quando reforçarmos certos tipos de percepções colocando outros possíveis em segundo plano, a tendência é de viciarmos os sujeitos em apenas uma percepção possível. Os Fatores contemporâneos ao fenômeno perceptivo, o estado do observador frente ao percebido, no dado momento da percepção, também pode deixar marcas na mesma. Assim, o cansaço, estresse, sede, ira, ciúmes etc. podem alterar a percepção do sujeito em uma direção totalmente nova. Defesa Perceptiva que esta relacionada ao bloqueio na conscientização de estímulos emocionalmente perturbadores.
Além disso, valores, atitudes, tendenciosidades, interesses, estereótipos, preconceito e atribuições de causalidade também são capazes de interferir e distorcer o estímulo percebido inicialmente (RODRIGUES, 1996).
Para a percepção social, todas estas interferências são de extrema relevância, uma vez que permitem compreender como um indivíduo muitas vezes coloca significado nas ações de outras pessoas. Pode-se dizer que a maneira como a ação do outro é percebida, independente do seu significado real e dependente das interferências cognitivas, vai determinar o tipo de resposta que será dada. Neste processo, a atribuição de causas aos fatos observados ou vivenciados assume importante papel, destacado inicialmente por Fritz Heider (1970) (SÁ, 2009).
Aplicações Práticas dos Conhecimentos sobre o Fenômeno de Percepção Social (BRAGHIROLLI et al, 2003):
a) Psicologia da Propaganda
A mensagem transmitida pela propaganda deve ser apresentada de forma tão clara que torna difícil sua distorção pelos processos psicológicos. Quanto mais específico for o estímulo distante, aliado a boas condições mediadoras, maior será a probabilidade de o destinatário perceber o estímulo distante tal como ele é na realidade.
b) Psicologia do Boato
A importância do assunto e a ambiguidade do mesmo são as condições essenciais para a propagação do boato. No boato e na transmissão de qualquer informação ambígua, as pessoas que fazem parte da cadeia de transmissão da informação alteram o conteúdo da mensagem devido à ação dos processos psicológicos.
c) Psicologia das Discussões
As pessoas não gostam de serem contraditas em suas ideias, opiniões, sentimentos e julgamentos, e quando duas posições entram em choque, sobre elas se estabelece uma discussão, que é sempre conduzida num clima de alta emotividade. Inúmeras são as distorções perceptivas acarretadas pela emocionalidade e demais processos psicológicos destorcidos dos estímulos que nos atingem durante uma discussão. Comunicação com as emoções e sentimentos irracionais controlados é recomendada para que as discussões possam conduzir a algo construtivo e não a conflitos.
d) Psicologia do remorso e do sentimento de realização
Sentimos remorso quando deixamos de fazer algo que podíamos e devíamos fazer ou quando cometemos algum ato que não devíamos cometer. Se estiver além de nossas forças não fazer o que devemos ou fazer o que não devemos, não há remorso. Quando realizamos algo meritório por razões outras que não são a nossa intenção e habilidade de fazê-lo, não há sentimento de realização. É a maneira pela qual percebemos nossos atos que determina o sentimento de remorso e o sentimento de realização.
e) Psicologia das relações internacionais
Geralmente, os dirigentes de um país veem suas ações como sendo as melhores, conducentes à paz mundial, à justiça e à prosperidade; as ações do adversário são sempre as piores, dominadoras e exploradoras. O grau do temor expresso por uma nação em relação à outra depende da percepção da capacidade do adversário e de sua intenção de causar dano.
f) Rotulação das pessoas e suas consequências
Uma vez rotulada, é difícil para a pessoa, alvo da rotulação, mudar sua imagem. A tendência à rotulação decorre da necessidade que temos de simplificar nossas relações interpessoais, fazendo com que certos comportamentos sejam antecipados; nós tendemos a perceber a pessoa à luz do rótulo que lhe foi imputado. Embora comum, tal tendência à rotulação é perigosa e leva a injustiças e erros de julgamento.
Nossas percepções são distorcidas pela rotulação, pois nos predispõe a antecipar comportamentos compatíveis com o rótulo. Isso acarreta duas consequências: 
a) comportamentos que não se harmonizam com o rótulo imposto tendem a passar desapercebidos ou são deturpados para adequar-se ao rótulo; 
b) as expectativas ditadas pelo rótulo fazem com que sejam salientados os comportamentos com eles compatíveis e o nosso próprio comportamento frente à pessoa rotulada pode a induzir a comportamentos coerentes com os que antecipamos.
g) Atribuição de causalidade e suas aplicações a outros setores da psicologia
As causas de sucesso ou de fracasso podem ser atribuídas a fatores internos (habilidade, esforço) ou a fatores externos (dificuldade da tarefa, sorte, azar). Tais fatores internos e externos podem ser estáveis (habilidade, dificuldade da tarefa) ou instáveis (esforço, sorte). Além destas duas dimensões (internalidade/externalidade e estabilidade/instabilidade), há também a controlabilidade, pois determinados aspectos estão fora do controle das pessoas.

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