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Macroscopia e Microscopia de Minerais de Minério Este Guia disponibiliza um material de consulta atualizado e em português que foca explicitamente a identificação de minerais de minério, abordando aspectos gerais, propriedades físicas e, principalmente, as características que os minerais apresentam em seção polida ao microscópio de Luz Refletida. O Guia não aborda apenas minerais opacos, mas também minérios translúcidos e transparentes. A necessidade de um Guia com essas características se impôs para as aulas de Mineralogia dos Minérios tendo em vista a grave deficiência de textos atualizados e, principalmente, em português, sobre o assunto. O Guia é uma primeira versão, ainda sem imagens. As imagens macroscópicas dos minerais podem ser encontradas com facilidade na internet. As imagens ao microscópio devem ser buscadas no livro “The ore minerals under the microscope”, editado por Bernhard Pracejus. À medida que estiverem disponíveis, imagens próprias do autor serão incluídas nas próximas versões do Guia. Verifique a última versão em www.ufrgs.br/museumin/YouTube.pdf. Erros e enganos são inerentes à Mineralogia e, apesar de todos os cuidados, o Guia os deve conter. Portanto, correções e observações são bem vindas pelo email heinrich.frank@ufrgs.br. Sobre o autor: Heinrich Frank é geólogo, professor de Mineralogia no Departamento de Mineralogia e Petrologia do Instituto de Geociências da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Brasil. Perfil no facebook: Heinrich Theodor Frank Versão de final de agosto de 2016 2 Sumário: Acanthita.. ............................ .............. 5 Aeschynitas .......................... .............. 7 Alabandita ............................ .............. 8 Altaita ................................... .............. 10 Alabastro: ver Gipso. Alumilitita = Alunita Alumínio Nativo = Minerais Raros Alunita .................................. .............. 11 Amálgama = Prata Nativa Âmbar .................................................. 13 Ambrita = Âmbar Ambligonita ......................................... 14 Anatásio .............................................. 15 Anglesita ............................................. 16 Anidrita ................................................ 17 Ankerita........... .................................... 19 Antimonita = Estibnita Antlerita ............................................... 21 Apatitas ............................................... 22 Aragonita ............................................. 24 Argentita = ver Acanthita Arrojaditas ........................................... 26 Arsênio Nativo ..................................... 27 Arsenopirita ......................................... 29 Asbolana ............................................. 31 Atacamita ............................................ 32 Auricalcita ............................................ 33 Auricupride = Minerais Raros Awaruita = Minerais Raros Azurita ................................................. 34 Baddeleyita ......................................... 36 Barita ................................................... 38 Bauxita ................................................ 40 Bertrandita ........................................... 41 Biotita .................................................. 42 Bismutita ............................................. 43 Bismuto Nativo .................................... 44 Bixbyita ................................................ 46 Blenda = Esfalerita Blister Copper = Calcopirita Bog Iron = Goethita. Bornita ................................................. 47 Bournonita ........................................... 50 Braunita ............................................... 52 Bravoita = Pirita Breithauptita ........................................ 54 Brookita ............................................... 55 Brown iron ore: ver Hematita e Goethita. Brucita ................................................. 56 Cádmio Nativo = Minerais Raros Calafatita = Alunita Calamina: ver Smithsonita Calaverita ............................................ 57 Calcita ................................................. 59 Calcocita ............................................. 61 Calcopirita ........................................... 65 Calcotrichita = Cuprita Caldasito = ver Baddeleyita Carnallita ............................................. 69 Cassiterita ........................................... 70 Celadonita: ver Malaquita Celestina ............................................. 72 Cerussita ............................................. 73 Chalmersita = Cubanita Chloantita = Eskutterudita Chlorargyrita ........................................ 75 Chumbo Nativo = Minerais Raros Cloantita = Eskutterudita Cilindrita .............................................. 77 Cinábrio ............................................... 78 Clay Ironstone = Siderita Cleiophano: ver Esfalerita Clorargirita = ver Chlorargyrita Cobaltita .............................................. 80 Cobre Nativo ....................................... 82 Cobre Gris = Tetraedrita Cobre Cinzento = Tetraedrita Cohenita = Minerais Raros Colofano: ver Apatita Coltan: ver Columbita e Tantalita Columbita ............................................ 84 Coríndon ............................................. 86 Coronadita = Psilomelano Covellita .............................................. 88 Criolita ................................................. 90 Criptomelano ....................................... 92 Crisocola ............................................. 94 Crisoprásio = ver Garnierita 3 Crocoita ............................................... 95 Cromita ................................................ 96 Cubanita .............................................. 98 Cuprita ................................................. 101 Descloizita ........................................... 103 Diamante ............................................. 104 Diásporo .............................................. 105 Digenita ............................................... 106 Dolomita .............................................. 107 Electrum = Ouro Nativo Embotia: ver Chlorargyrita Emery: ver Coríndon Enargita ............................................... 108 Enxofre Nativo ..................................... 110 Erythrita ............................................... 112 Esfalerita ............................................. 113 Eskutterudita ....................................... 117 Esmaltita = Eskutterudita Especularita = Hematita Espinélio .............................................. 119 Esperrilita = Sperrylita Estanho-Madeira = Cassiterita Estannita ............................................. 121 Estefanita ............................................ 124 Estibnita .............................................. 126 Estromeyerita = Stromeyerita Fahlore = Tetraedrita Favas = ver Baddeleyita Feather Ore = Jamesonita Ferberita = Wolframita Fergusonitas ....................................... 129 Ferro Nativo ........................................ 130 Ferro-Columbita = Columbita Fluorita ................................................ 132 Fosforita: ver Apatita (Colofano) Franklinita ............................................ 133 Freibergita = Tetraedrita Galena................................................. 135 Garnierita ............................................ 139 Geikielita = ver Ilmenita Gersdorffita ......................................... 140 Gibbsita ............................................... 142 Gipso ................................................... 143 Goethita ............................................... 144 Grafita ................................................. 147 Hausmannita ....................................... 149 Hematita .............................................. 151 Hemimorfita ......................................... 154 Heteroclásio = Braunita Hidrargillita = Gibbsita Hidrozincita = Calamina Hollandita = Psilomelano Horn Silver = Chlorargyrita Hübnerita = Wolframita Ilmenita ................................................ 156 Iodargyrita ........................................... 160 Iserina = Ilmenita Jamesonita .......................................... 161 Jarosita ................................................ 163 Jordisita = Molibdenita Kidney ore = Hematita Küstelita: ver Ouro Nativo Lepidocrocita ....................................... 165 Leucoxênio = ver Ilmenita Limonita = Goethita Lodestone = Magnetita Luzonita ............................................... 167 Maghemita .......................................... 169 Magnesita ............................................ 171 Magnetita ............................................ 172 alaquita ................................................ 177 Manganita ........................................... 179 Marcassita ........................................... 181 Marmatita = Esfalerita Martita = Hematita Matraíta = Esfalerita Menaccanita = Ilmenita Mercúrio Nativo ................................... 184 Millerita ................................................ 185 Minerais Raros .................................... 187 Molibdenita .......................................... 188 Monazita .............................................. 191 Muchuanita: ver Molibdenita Muscovita ............................................ 192 Neodigenita = Digenita Nicolita = Niquelina Niquelina ............................................. 193 Niobita = Columbita Noumeaita = ver Garnierita Orpiment = Ouropigmento 4 Ouro Nativo ......................................... 196 Ouropigmento ..................................... 198 Panabase = Tetraedrita Peacock Ore: ver Bornita Pentlandita .......................................... 200 Periclásio ............................................. 203 Perovskita ........................................... 204 Pirargirita ............................................. 206 Pirita .................................................... 209 Pirocloros ............................................ 213 Pirofanita: ver Ilmenita Pirolusita ............................................. 214 Piromorfita ........................................... 217 Pirrotita ................................................ 219 Platina Nativa ...................................... 223 Plattnerita ............................................ 225 Polianita = Pirolusita Porpezita: ver Ouro Nativo Powellita .............................................. 226 Prata Nativa ........................................ 227 Proustita .............................................. 229 Psaturose = Estefanita Pseudo-Malaquita: ver Malaquita Psilomelano ......................................... 232 Quartzo ............................................... 234 Realgar ................................................ 235 Reinita = ver Scheelita Resinita = Âmbar Rhodocrosita ....................................... 237 Rosa do Deserto: Gipso ou Barita. Rubi = Coríndon Ruby Jack: ver Esfalerita Ruby Silver = Pirargirita Rutilo ................................................... 239 Safflorita .............................................. 241 Safira = Coríndon Sagenita = Rutilo Scheelita ............................................. 243 Schalenblende = ver Esfalerita Scherbenkobalt: ver Arsênio Nativo Schwazita = Tetraedrita Selenita = Gipso Senarmontita ....................................... 245 Siderita ................................................ 246 Silvanita ............................................... 248 Skutterudita = Eskutterudita Smaltita = Eskutterudita Smithsonita ......................................... 250 Stephanita = Estefanita Stibnita = Estibnita Strontianita .......................................... 252 Struverita = Rutilo Tantalita .............................................. 253 Tennantita ........................................... 255 Tenorita ............................................... 258 Tetraedrita ........................................... 260 Thermite: ver Magnetita Tiger Iron = Hematita Todorokita ........................................... 263 Travertino: ver Aragonita Trimontita = ver Scheelita Tufa: ver Aragonita Tungstato de Cálcio = ver Scheelita Tungstein = ver Scheelita Turgita = Hematita + Goethita Wad = Pirolusita Washingtonita = Ilmenita Witherita .............................................. 264 Wolframita ........................................... 265 Wood Tin = Cassiterita Wulfenita ............................................. 268 Zeolitas ................................................ 269 Zincita .................................................. 270 Zirkita = ver Baddeleyita Nomes desacreditados: www.mindat.org 5 Acanthita - Ag2S Macroscopia: Acanthita e argentita são polimorfos. Sulfeto de prata pode se formar a mais de 177ºC (literatura diverge: 173ºC, 179ºC, 180ºC) com estrutura cúbica ou abaixo desta temperatura com estrutura monoclínica. O mineral com estrutura cúbica chama-se argentita, não tem seu nome aprovado pela IMA e não existe a temperatura ambiente. O mineral com estrutura monoclínica é a acanthita. Se o mineral formou-se a altas temperaturas, exibe formas cúbicas (cubos e octaedros com até 8 cm de tamanho, distorcidos devido à transformação do retículo de cúbico para monoclínico), mas possui estrutura monoclínica e é um pseudomorfo. Se o mineral formou-se a baixas temperaturas (T<177ºC), exibe cristais monoclínicos prismáticos longos, com até 2,5 cm de comprimento. A acanthita, o mais importante minério de prata (além de galena argentífera), é um mineral de veios hidrotermais de moderadamente baixa temperatura, contendo sulfetos, também ocorre em ambientes de enriquecimento secundário, nas zonas de oxidação e de cimentação. É um mineral comum em minérios de prata. Associa-se a estefanita, esfalerita, calcopirita, prata nativa, argyrodita, quartzo, pirargirita, proustita, polibasita, galena, calcopirita, calcita, barita, bornita, ouro e aguilarita. Pode ser confundida, macroscopicamente, com muitos minerais pretos de brilho metálico a submetálico, especialmente quando maciça ou em grãos pequenos intercrescidos com outros minerais. Microscopia de Luz Refletida: A dureza de polimento da acanthita é uma das mais baixas que se conhece; por isso é de polimento muito difícil. Geralmente se apresenta com muitos sulcos de polimento e de relevo negativo. Quando acompanhada apenas de minerais de dureza mais baixa, como calcita, um polimento cuidadoso, com o disco em baixa rotação e sem excesso de água no abrasivo, produz superficiaispolidas de boa qualidade. Quando acompanhada de minerais de dureza mais elevada é quase impossível produzir uma seção polida de boa qualidade. Essa dificuldade de polimento é um aspecto muito diagnóstico; apenas jalpaita é tão mole. Polimento vigoroso pode produzir na acanthita filmes superficiais que cobrem e mascaram todas as estruturas do mineral. Nic. // : cor de reflexão cinza a cinza-esverdeada. Se comparada a galena ou prata nativa, possui nitidamente uma suave tonalidade azul-verde. Refletividade de 29.59%. Não possui birreflectância. Seu pleocroísmo apenas é visível com imersão em óleo, em seções favoráveis, apenas no contraste em limites intergranulares e lamelas, mas fica mais nítido em seções que repousaram alguns dias, devido à incipiente corrosão ao ar. Sistema Cristalino Cor Hábitos Clivagem Monoclínico prismático Cinza escuro a quase preto. Cristais pseudo-cúbicos ou pseudo-octaédricos, paramorfos de argentita. Dendrites e placas. {100} distinta {110} distinta Tenacidade Flexível, maleável, séctil Maclas Fratura Dureza Mohs Densidade Polissintéticas em {111} De contato em {101} Sub-conchoidal 2 – 2,5 7,2 – 7,4 Traço Brilho Diafaneidade Magnético Preto e brilhante Metálico Opaco não Radioativo Fluorescente Reação com HCl dil. Reação com H2O2 não não não não 6 Nic. + : fraca anisotropia, apenas visível em seções com bom polimento, sem sulcos nem filmes superficiais. Seções com muitos sulcos são inúteis devido às despolarizações ao longo dos sulcos. Pode mostrar a estrutura lamelar da Acanthita-beta, bem como grande número de sulcos de polimento que não são visíveis a Nicóis Paralelos. Não possui reflexões internas. Forma dos grãos: agregados granulares poligonais ou intercrescidos (“toothed”); cristais isolados podem mostrar desenvolvimento de (111) e (100). Pode formar coberturas de grãos muito pequenos ou massas friáveis esponjosas. O tamanho de grão varia de cristais centimétricos até grãos submicroscópicos de algumas massas chamadas de “Silberschwärze” (= preto de prata). Corrosão ao ar devido ao aquecimento da lâmpada do microscópio é tão rápida que perturba a análise, mas pode ressaltar estruturas que de outra forma não são visíveis. Além disso, a corrosão ao ar serve como característica muito diagnóstica, pois ocorre com apenas poucos minerais. Clivagem pode ser observada às vezes em cristais especialmente grandes, mas geralmente é pouco perceptível devido à maleabilidade do mineral. Maclas polissintéticas são comuns, formando lamelas de textura grosseira (“acanthita lamelar”). Essas lamelas são lamelas de transformação de argentita para acanthita, mostrando que sua formação ocorreu acima de 177ºC. Grãos sem maclas ocorrem, mostrando sua formação abaixo dessa temperatura. Devido à dificuldade de produzir um ataque químico na acanthita e devido à fraca anisotropia as maclas podem ser de visualização difícil. Zonação pode ocorrer, sendo visível em graus distintos de nitidez devido ao ataque por luz (“corrosão ao ar”). Deformações por translação são freqüentes devido à maleabilidade da acanthita. Desmisturas são muito raras na acanthita, mas acanthita às vezes ocorre como desmistura na galena. Substituições: a gênese da acanthita sugere condições favoráveis de ocorrer como fase invasora. Pode substituir alguns sulfetos e arsenietos, pode ocorrer em ocorrências de Co-Ni-Ag e pode substituir, de forma ascendente, galena, esfalerita e calcopirita. Freqüentes e economicamente importantes foram as substituições das zonas de oxidação e da zona de cimentação, onde a acanthita se forma a partir de minérios de teores mais baixos de prata, depositando-se sobre os restos desses. Deposições rítmicas foram observadas em minérios da zona de oxidação e da zona de cimentação, como massas concêntricas de cerussita e outros minerais de chumbo de zonas de oxidação. Intercrescimentos mirmequíticos são bem freqüentes, mesmo ali onde a gênese da acanthita certamente foi cementativa. Freqüentes são tais intercrescimentos com polibasita, freibergita e proustita/pirargirita. Em alguns casos os intercrescimentos de acanthita e pirargirita lembram as lamelas do tipo folha-de-oleandro (espirradeira) da dyscrasita. Desintegração de acanthita ocorre com temperaturas mais elevadas e baixa pressão de enxofre, produzindo cachinhos ou ganchos de prata nativa, que frequentemente se sobressaem de um resto de acanthita ainda não desintegrado. Confusões possíveis: a jalpaita é muito semelhante em grãos pequenos, mas é mais dura e tem tons rosados. Stromeyerita não é atacada pela luz. Polibasita possui reflexões internas. 7 Aeschynitas – óxidos com ETRs Macroscopia: As aeschynitas são um grupo de óxidos contendo Elementos de Terras Raras (ETRs), sendo o membro do grupo mais comum aquele que contêm o Yttrio. O Grupo das Aeschynitas é composto por Aeschynita-(Ce) - (Ce,Ca,Fe)(Ti,Nb)2(O,OH)6, Nioboaeschynita-(Ce) - (Ce,Ca)(Nb,Ti)2(O,OH)6, Aeschynita- (Y) - (Y,Ca,Fe,Th)(Ti,Nb)2(O,OH)6, Tantalaeschynita-(Y) - (Y,Ce,Ca)(Ta,Ti,Nb)2O6, Aeschynita-(Nd) - (Nd,Ce)(Ti,Nb)2(O,OH)6, Nioboaeschynita-(Nd) - (Nd,Ce)(Nb,Ti)2(O,OH)6 e Nioboaeschynita-(Y) - [(Y,REE),Ca,Th,Fe](Nb,Ti,Ta)2(O,OH)6 . As aeschynitas ocorrem em pegmatitos graníticos ricos em ETRs. Associam-se a quartzo, feldspatos, zircão, columbita, xenotima, monazita e tantalita, bem como outros minerais de ETRs. Podem ocorrer em carbonatitos dolomíticos com ankerita e como mineral detrital em placers. A aeschynita, quando maciça, é indistinguível do rutilo. Pode se apresentar em cristais bem formados. Seu brilho nas faces cristalinas é submetálico a perláceo, em superfícies de fraturas é resinoso a gorduroso. Nomes desacreditados para aeschynita-(Y) são blomstrandina e priorita. Cristais alterados frequentemente estão cobertos por uma crosta terrosa de limonita. Os dados abaixo se referem a aeschynita-(Y): Sistema Cristalino Cor Hábitos Clivagem Ortorrômbico holoédrico. Amarelo pálido, amarelo, laranja-amarelo, esverdeado pálido. .Geralmente tabular, pode ser prismática, granular, cristais de até 7 cm. {100} perfeita {010} perfeita {001} perfeita Tenacidade Quebradiça. Maclas Fratura Dureza Mohs Densidade não Irregular 5 - 6 4.82 – 4.93 Traço Brilho Diafaneidade Magnético Branco, amarelo-pálido a avermelhado. Veja acima. Semitransparente Sim Radioativo Fluorescente Reação com HCl dil. Reação com H2O2 não não não não Microscopia de Luz Refletida: nenhum Banco de Dados de Luz Refletida aborda as aeschynitas. Microscopia de Luz Transmitida: informações escassas e fragmentárias. Nic. // : relevo muito alto Nic. + : birrefringencia máxima de 0,15 – 0,22 Luz Convergente: B(+), ângulo 2V de 70-80º 8 Alabandita - MnS Macroscopia: A alabandita é um sulfeto de manganês relativamente raro, contendo 63.14% de Mn e 36.86% de S. Pode ocorrer em grandes quantidades em veios sulfetados polimetálicos epitermais e especialmente em depósitos de manganês de baixa temperatura. Pode acompanhar minérios de prata ou de ouro-telúrio. Associa-se a acanthita, calcita, calcopirita, galena, pirita, quartzo, rodochrosita, rhodonita, esfalerita e telúrio nativo. Já foi constatada em meteoritos e forma-se durante muitos processos metalúrgicos. A alabandita é dimorfa com a rambergita e frequentemente contêm teores apreciáveis de FeS. Também pode apresentar teores de Mg e Co. Em fragmentos muito finos é translúcida em cores verdes, marrons ou vermelhas. Sistema Cristalino Cor HábitosClivagem Cúbico holoédrico. Preta, cinza do aço, embaça para preto amarronzado (lembra mofo). Geralmente maciça a granular. Cristais cúbicos ou octaédricos de até 1 cm. {100} perfeita Tenacidade Quebradiça Maclas Fratura Dureza Mohs Densidade Lamelar {111} Irregular 3,5 - 4 4,0 Traço Brilho Diafaneidade Magnético Verde ou marrom Submetálico, diamantino Opaco não Radioativo Fluorescente Reação com HCl dil. Reação com H2O2 não não não ? Microscopia de Luz Refletida: Adquire um bom polimento com facilidade depois de um desgaste cuidadoso. Em muitos casos a superfície polida cobre-se, após dias ou semanas, com um filme preto amarronzado que lembra mofo, assim como ocorre com fraturas recentes em amostras macro. Durante o polimento o pano de polimento cobre-se de pó verde. Nic. // : cor de reflexão cinza-branco, pode apresentar um tom esverdeado, sem nenhuma característica muito conspícua. Lembra bastante a esfalerita. Refletividade de 21.91%. Não apresenta pleocroísmo nem birreflectância. Nic. + : isótropa, completamente escura. Com alguma atenção, com imersão em óleo, podem ser observadas reflexões internas em verde profundo. Se oxidada, reflexões internas em marrom. Forma dos grãos: geralmente a alabandita apresenta grãos grosseiros, anédricos. Em crostas os grãos são euédricos, posteriormente recobertos por outros minerais. Os grãos são pouco dentados. Clivagem só é visível em seções polidas de baixa qualidade. Maclas lamelares finas, muito semelhantes àquelas da esfalerita, são frequentemente visíveis já devido ao relevo gerado pelo polimento. Zonação ocorre em alguns casos, quando grãos pequenos ostentam inclusões idiomórficas de pirrotita, dispostas paralelamente a (111). Grãos maiores apresentam estas inclusões (geradas por desmistura) em uma zona marginal. Após ataque químico geralmente se constata zonação. Inclusões muito pequenas (“poeira”) de calcopirita e pirita podem ocorrer. 9 Substituições são comuns, porque a alalbandita é atacada tanto por soluções descendentes como por soluções ascendentes. Nas fraturas e clivagens penetram com frequencia pirita e marcassita, podendo substituir porções apreciáveis da alabandita. Pirolusita pode se formar, raramente, nas fraturas. Confusões possíveis: muito semelhante à esfalerita, que possui refletividade menor e reflexões internas de cores diferentes. Alguns outros minérios semelhantes são anisótropos e muito mais duros. As reflexões internas em verde profundo são muito diagnósticas. 10 Altaita - PbTe Macroscopia: A altaita é um mineral (sulfeto) relativamente raro do Grupo do Galena que constitui um minério de menor importância de chumbo e telúrio. Associa-se a ouro nativo, prata nativa e minerais de ouro e prata em veios hidrotermais. Ocorre com antimônio nativo, telúrio, telúrioantimônio, galena, pirita, hessita, nagyágita, tetraedrita, sylvanita, petzita, calaverita, arsenopirita, esfalerita, calcopirita, jamesonita, boulangerita, bournonita, aguilarita, pirrotita, siderita, cerussita, calcedônia e quartzo. A altaita é muito similar à galena, inclusive com a clivagem cúbica perfeita. Sua determinação em seções polidas exige experiência e métodos auxiliares. Diagnósticas são a clivagem e o alto poder de reflexão. Devido à sua raridade, não possui importância econômica. Sistema Cristalino Cor Hábitos Clivagem Cúbico holoédrico Branco do estanho a branco amarelado. Embaça para amarelo do bronze e azul. Normalmente maciça ou granular, raramente cubos ou octaedros de até 1 cm. Cúbica perfeita {100} Tenacidade Séctil Maclas Fratura Dureza Mohs Densidade não Subconchoidal 3 8,2 Traço Brilho Diafaneidade Magnético Preto Metálico intenso Opaco não Radioativo Fluorescente Reação com HCl dil. Reação com H2O2 não não não não Microscopia de Luz Refletida: A altaita adquire bom polimento com facilidade. A baixa dureza da altaita faz com que seja difícil evitar grande quantidade de sulcos de polimento nas seções polidas, especialmente na presença de minerais mais duros, como quartzo na ganga. Nic. // : cor de reflexão branca a cinza claro com um tom verde. É mais clara e mais branca que a galena; na comparação direta a galena aparenta ser rosa-marrom. Refletividade de 66,83%. Não apresenta pleocroísmo nem birreflectância. Nic. + : É isótropa, eventuais efeitos de anisotropia devem-se a problemas no polimento. Não possui reflexões internas. Forma dos grãos: os grãos normalmente são muito pequenos e anédricos, formando agregados. Clivagem paralela a (100) frequentemente está muito nítida, semelhante àquela da galena. Mirmequitos de altaita em outros sulfetos como krennerita e aguilarita podem ocorrer. Intercrescimentos orientados de altaíta com galena ocorrem, o que pode ser constatado pela continuidade da clivagem dos grãos de galena para dentro dos grãos de altaita. Cristais de mistura não ocorrem. Alteração para um material opaco, marrom-amarelado, fortemente anisótropo pode ocorrer. A alteração se processa ao longo dos planos de clivagem para dentro do mineral e, em seu interior, progride de forma orientada. 11 Alunita – KAl3(SO4)2(OH)6 Macroscopia: Inicialmente denominada de aluminilita por J.C. Delamétherie em 1797, a alunita recebeu esse nome de François Beudant em 1824. Outro nome usado é “alumstone”. “Calafatita” é a alunita de uma ocorrência em Benahadux (Almeria, Espanha). A alunita é minerada como fonte de alúmen (KAl(SO4)2- 12H2O), às vezes é usada como minério de Al (36,92% Al2O3) e K (11,37% K2O) e como matéria prima para fertilizantes potássicos. A alunita é um tradicional e importante minério em certas regiões, pois ocorrências de alunita são muito comuns; alguns depósitos são enormes. O jazimento mais famoso é nas montanhas de Tolfa (14 km NE de Civitavecchia, Lazio, Itália), onde foi reconhecida no Século XV nas minas de Allumiere. A alunita se forma pela ação de soluções contendo ácidos sulfúricos sobre rochas ricas em feldspatos potássicos, um processo denominado de “alunitização”. Os ácidos sulfúricos, às vezes gerados pela oxidação e lixiviação de sulfetos como pirita, acompanham soluções hidrotermais geralmente ricas em certos metais. A alunita ocorre em veios e como massas de substituição em traquitos, riolitos e outras rochas vulcânicas aluminosas e ricas em potássio, nestes casos sendo um mineral formador de rocha. Às vezes, pequenos cristais muito brilhantes são encontrados soltos em cavidades (vesículas) de riolitos alterados. Associa-se a caulinita, halloysita, diásporo, pirita, gipso e quartzo. As temperaturas de formação da alunita variam de 15 a 400ºC e a cristalização de alunita geralmente é acompanhada por caulinização e silicificação. Alunita também pode ser encontrada próxima a fumarolas vulcânicas e associada a depósitos epitermais de quartzo-alunita-ouro. As massas brancas e finamente granulares de alunita são extremamente semelhantes a calcários, dolomita, anidrita e magnesita. As massas de alunita mais compactas encontradas na Hungria são tão duras que foram usadas como pedras de moinho. Cristais de alunita são, morfologicamente falando, romboedros, mas apresentam ângulos de 90º 50´ e se assemelham muito a cubos (são pseudocúbicos). Na realidade são uma combinação de duas pirâmides trigonais. Podem ser encontradas nas paredes de fissuras de rochas com alunita. A alunita forma uma série com a natroalunita (de sódio) e é um análogode jarosita, onde o alumínio é substituído pelo ferro. Alunita tem sido usada para datações geocronológicas pelo método K-Ar de processos intempéricos em depósitos de minérios e em relação à sua deposição em cavernas. Sistema Cristalino Cor Hábitos Clivagem Trigonal. Amarela, vermelha a marrom avermelhada. Incolor quando pura, pode ser branca ou em tons pálidos de cinza. .Fibrosa a colunar, porcelanácea, geralmente granular a maciça densa. Cristais até 1 cm. {0001} perfeita Tenacidade Quebradiça. Maclas Fratura Dureza Mohs Densidade não Conchoidal. 3,5 - 4 2,6 – 2,9 Traço Brilho Diafaneidade Magnético Branco Vítreo, algo perláceo em {0001} em cristais, terrosa se maciça. Transparente a translúcida. não Radioativo Fluorescente Reação com HCl dil. Reação com H2O2 não não não não Fortemente piroelétrica. Insolúvel em água, mas solúvel em ácido sulfúrico (H2SO4). 12 Microscopia de Luz Refletida: sem informações Critérios para reconhecimento: A alunita pode ser distinguida de calcários e dolomitos pelo fato de não apresentar efervescência com ácido clorídrico diluído, nem mesmo se pulverizada e a quente. Microscopia de Luz Transmitida: Nic. // : relevo moderado. Nic. + : birrefringência máxima de 0,020. Luz Convergente: U(+) 13 Âmbar Âmbar é resina vegetal fóssil amorfa de baixa densidade, usada desde o Neolítico como gema e ainda hoje alcançando preços altíssimos. A cor varia desde amarelo muito claro até cor de mel e preto. Existe um âmbar da República Dominicana que é azul. Pode conter animais inclusos, tais como insetos de todos os tipos, sapos e lagartixas, além de penas de aves e pelos de mamíferos. Além disso, uma infinidade de restos vegetais, portanto o interesse paleontológico é muito grande. Âmbar normalmente forma massas arredondadas. A maior massa de âmbar encontrada tinha um comprimento de 3,5 m, uma largura de 1,5 m de vários decímetros de altura, na mina de linhito de Merit Pila, Sarawak, Malásia (veja imagem abaixo). A classificação dos tipos de âmbar é muito complexa, com 5 classes definidas pela sua composição química. Há uma série de imitações de âmbar no mercado, como plásticos, vidros coloridos e resinas de árvores atuais. Âmbar verdadeiro flutua em água salgada, queima e possui inclusões. O âmbar que ocorre associado a camadas de carvão chama-se resinita. O âmbar que ocorre nos carvões da Nova Zelândia é chamado de ambrita. Há um enorme volume de informações disponíveis a respeito de âmbar, na gemologia, nos usos, nos poderes medicinais que lhe são atribuídos, quando às maneiras de mineração (na realidade coleta, garimpagem), etc. Uma história longa e curiosa é aquela do “Amber Room”, uma sala revestida com âmbar esculpido que desapareceu no final da Segunda Guerra Mundial (veja imagem abaixo). Portanto, âmbar é um minério de altíssimo interesse e alto valor que pode constituir uma jazida de enorme interesse econômico. 14 Ambligonita – (Li,Na)AlPO4(F,OH) Macroscopia: A ambligonita, um minério de Li, é um mineral relativamente comum que ocorre em pegmatitos ricos em Li e PO4. É facilmente confundida com outros minerais, apesar de sua densidade algo superior. Se o observador não prestar atenção nas clivagens, pode confundir até com quartzo, além de vários outros minerais de cores brancas a claras, sem características proeminentes, como albita e outros feldspatos, espodumênio e berilo. Associa-se a espodumênio, apatita, lepidolita, turmalina e outros minerais de Li. Sistema Cristalino Cor Hábitos Clivagem Triclínico Branco ou creme, incolor, amarelo-pálido, verde, azul, bege, marrom, cinza ou rosa. Normalmente maciço, também colunar ou prismático. [100] perfeita [110] boa [011] distinta Maclas Fratura Dureza Mohs Densidade Maclas polissintéticas comuns. Irregular a subconchoidal 5,5 - 6 2,98 – 3,11 Traço Brilho Diafaneidade Magnético Branco Vítreo a perláceo Transparente não Radioativo Fluorescente Reação com HCl dil. Reação com H2O2 não Muito fracamente verde sob ondas UV longas. não não Apresenta fosforescência azul clara sob ondas UV curtas e longas. Microscopia de Luz Refletida e de Luz Transmitida: sem informações. Comentários finais: A ambligonita é indistinguível da Montebrasita, o membro com mais OH que F. Um teste importante para o reconhecimento da ambligonita é sua fusibilidade. Na Escala de von Kobell, a fusibilidade da ambligonita é 2. Isso significa que o mineral funde sob uma vela comum, formando uma pérola branca opaca. Este teste a diferencia do quartzo e dos feldspatos. Além de ser possível confundir ambligonita e montebrasita com vários outros minerais maciços, incolores a leitosos, os dois minerais em amostra de mão podem ser confundidos, pelo menos teoricamente, com rochas maciças e brancas como mármores, calcários, carbonatitos e anortositos. 15 Anatásio – TiO2 Macroscopia: Anatásio é o mais raro dos 3 polimorfos de TiO2 (anatásio, rutilo e brookita). Ocorre como cristais isolados pequenos e bem desenvolvidos que podem ser bipiramidais alongadas ou então tabulares (veja imagens abaixo). Estes pequenos cristais normalmente são confundidos com esfalerita ou rutilo. Muito frequentemente anatásio ocorre como massas criptocristalinas a colomorfas quando substitui ilmenita, como um dos componentes do leucoxênio (associação submicroscópica de anatásio com rutilo e outros). Pode formar cristais euédricos em areias pesadas que contem ilmenita. Também pode substituir perovskita. Ocorre em gangas de mineralizações do tipo Alpino, como produto de alteração de minerais de Ti (ilmenita) e como grãos detritais. Associa-se a hematita, ilmenita, magnetita, perovskita, pirocloro e rutilo. Sistema Cristalino Cor Hábitos Clivagem Tetragonal Incolor, preto, marrom avermelhado, marrom- amarelado, azul escuro e cinza. Cristais (bi)piramidais ou tabulares, também massas criptocristalinas. [001] e [011] perfeitas Maclas Fratura Dureza Mohs Densidade Raras segundo {112} Subconchoidal 5,5 - 6 3,79 – 3,97 Traço Brilho Diafaneidade Magnético branco, fracamente amarelo. Adamantino, metálico, especular. Transparente a quase opaco. não Radioativo Fluorescente Reação com HCl dil. Reação com H2O2 não não não não Microscopia de Luz Refletida: Nic. // : apresenta baixa refletividade (~20%), cor de reflexão cinza azulada, pleocroísmo muito fraco, muitas vezes é criptocristalino e também coloforme, substituindo perovskita ou ilmenita. Nic. + : anisotropia mascarada pelas generalizadas reflexões internas brancas, azuladas, amarelo-leitosas e marrons, raramente azuladas. Critérios para reconhecimento: dureza alta, polimento difícil, refletividade pouco menor do que a do rutilo, sem maclas, texturas coloformes de substituição, reflexões internas amarelo-leitosas. Confusões possíveis: o anatásio é bem mais escuro que o rutilo, não tem pleocroísmo de reflexão e a cor é diferente. Apresenta grande semelhança com a esfalerita e confusões são inevitáveis, principalmente em seções de bom polimento (sem relevo) e em amostras de concentrados de areias pesadas. Diagnósticas são as reflexões internas incolores ou azuis, bem como a inexistenteassociação com sulfetos. 16 Anglesita – PbSO4 Macroscopia: A anglesita se forma na zona de oxidação de minérios sulfetados de chumbo, normalmente a partir da galena (PbS). Pode ser reconhecida pela alta densidade, pelo elevado índice de refração devido ao chumbo (“brilha mais”) e pelo teste de fusão, porque sua fusibilidade é de apenas 1,5 na Escala de von Kobell, o que faz ela crepitar na chama da vela. É um mineral de chumbo mais raro e apenas é minerado quando forma massas grandes. Pode conter prata e cobre. Normalmente ocorre como cristais subédricos a anédricos em matriz. Macroscopicamente seu brilho adamantino é muito característico. A cerussita, muito semelhante, não possui pleocroísmo e efervesce em ácido clorídrico, a anglesita não. Phosgenita - (PbCl)2CO3 - é muito difícil de distinguir da anglesita, mas a phosgenita é rara, forma cristais diferentes (tetragonais), é séctil e flexível, enquanto a anglesita é quebradiça. Piromorfita não possui reflexões internas coloridas. Sistema Cristalino Cor Hábitos Clivagem Ortorrômbico holoédrico Incolor ou branco, normalmente com fracas tonalidades em cinza ou laranja ou amarelo ou verde ou azul, mais raramente em violeta. Cristais tabulares ou prismáticos (quase 200 formas combinadas), agregados fibrosos, nodulares, estalagtíticos, granulares. {001} boa {210} distinta {010} em traços Tenacidade Quebradiça. Maclas Fratura Dureza Mohs Densidade não Irregular a conchoidal 2,5 - 3 6,37 – 6,39 Traço Brilho Diafaneidade Magnético Incolor Adamantino a vítreo, fosca quando maciça ou terrosa Transparente a translúcida a opaco não Radioativo Fluorescente Reação com HCl dil. Reação com H2O2 não sim, veja abaixo. não não Às vezes em amarelo ou laranja sob ondas UV longas ou curtas Microscopia de Luz Refletida: Nic. // : cor de reflexão cinza escura, refletividade (12 – 16%) pouco acima dos minerais da ganga. Não apresenta pleocroísmo nem birreflectância. Clivagem é muito pouco visível. Nic. + : reflexões internas brancas, leitosas, multicoloridas a amarronzadas. Baixa dupla refração, o que faz com que as reflexões internas praticamente não podem ser vistas em pares. Não possui anisotropia. Critérios para reconhecimento: associação com galena, baixa refletividade, ausência de pleocroísmo, birreflectância e anisotropia. Confusões possíveis: Piromorfita é mais reflexiva. Cerussita é muito semelhante, mas possui forte pleocroísmo de reflexão e forte anisotropia. Anglesita possui as mesmas estruturas e texturas que a cerussita; muito freqüentes são crostas rítmicas de granulação muito fina sobre galena, frequentemente com camadas intermediárias de galena secundária. Minerais associados: galena, cerussita, barita, limonita, smithsonita, hemimorfita (“calamina”), esfalerita, azurita, malaquita, enxofre nativo, piromorfita e linarita. Pode formar cristais pseudomórficos a partir da galena ou da anglesita ou conter restos de galena não-alterada em seu interior. 17 Anidrita – CaSO4 Macroscopia: Mineral transparente de cores claras, pouco comum, que é ganga em veios hidrotermais de minérios. Também ocorre em ambientes sedimentares e pela desidratação do gipso (CaSO4.2H2O) no topo de domos de sal. A perda de água implica em redução de volume; a reação é reversível, criando cristais parcialmente de anidrita, parcialmente de gipso. Os cristais podem dissolver, deixando uma cavidade que pode depois ser preenchida por quartzo, ametista ou prehnita, criando pseudomorfos. Maclas (ver tabela) são freqüentes. Quanto a variedades: “Chicken wire anhydrite” é formada por um mosaico de nódulos irregulares, formados em planícies de maré nas sabkhas do Golfo Pérsico; “tripe-stone” ou “bowlstone” são massas concrescionárias contorcidas assemelhadas a tripas; “angelita” é uma anidrita de cor azul celeste que é usada para a produção de peças ornamentais; “volpinita” é uma variedade granular escamosa que ocorre em Volpino, próximo a Bergamo, na Lombardia (Itália), usada para finalidades ornamentais. Sistema Cristalino Cor Hábitos Clivagem Ortorrômbico Incolor, branco, cinzento-azulado, avermelhado, amarelo, azul, laranja, rosa, violeta. Cristais (prismáticos ou tabulares) são raros, normalmente forma massas compactas, granulares ou fibrosas {010} e {100} perfeitas, {001} boa, originando fragmentos pseudocúbicos. Tenacidade Quebradiça. Maclas Fratura Dureza Mohs Densidade Maclas simples ou polissintéticas {011} 3 - 3,5 2,9 – 3,0 Traço Brilho Diafaneidade Magnético Branco a cinza claro Perláceo em {010} e vítreo em {001} e {100}. Transparente a translúcido não Radioativo Fluorescente Reação com HCl dil. Reação com H2O2 não Ás vezes, após aquecimento. Solúvel em HCl não Fusibilidade 2 (funde na vela) Microscopia de Luz Refletida: Nic. // : A refletividada é muito baixa (4-7%), a cor de reflexão é cinza escuro e há forte birreflectância. Fáceis de observar e muito característicos são os arranjos de cristais longos e finos, semiparalelos, frequentemente formando arranjos radiais. Devido à baixa dureza, apresenta muitos sulcos de polimento. Figuras de arranque triangulares são comuns em seções cujo polimento não é perfeito. Há muitas maclas polissintéticas e reflexões internas multicoloridas mesmo a Nicóis Paralelos. Nic. + : reflexões internas claras, multicoloridas a leitosas. Pode apresentar anisotropia em cores cinza amarronzadas Critérios para reconhecimento: muitos sulcos de polimento, maclas freqüentes, textura de grãos longos e finos. 18 Confusões possíveis: quando em cristais pequenos, pode ser confundida com vários outros minerais transparentes de baixa refletividade. Minerais associados: gipso, halita, calcita, brucita e sulfetos como galena, calcopirita, molibdenita e pirita. Microscopia de Luz Transmitida ND Cor / pleocroísmo: incolor. Pode ser pleocróica: X = incolor a amarelo muito claro ou rosa; Y = violeta claro ou rosa; Z = violeta. Relevo: baixo Clivagem: {100} perfeita, {010} perfeita, {001} boa. Hábito: cristais granulares anédricos a subédricos, maciça, fibrosa (radial ou plumosa), encurvada, formas concrescionárias contorcidas. NC Birrefringência e cores de interferência: birrefringência alta, de 0,042 a 0,044, cores intensas, muito coloridas. Extinção: paralela às direções de clivagem Sinal de Elongação: SE(+) em {001} e SE(-) em {010} Maclas: maclas de contato, lamelas polissindéticas (por pressão). Zonação: sem informações LC Caráter: B(+) Ângulo 2V: 36 – 45º Alteração: a gipso, por hidratação. Pode ser confundido com: gipso, mas a anidrita possui relevo maior e birrefringência alta. 19 Ankerita – Ca(Fe2+,Mg,Mn2+,)(CO3)2 Macroscopia: A ankerita é um carbonato com uma composição muito próxima à dolomita, mas com substituição de magnésio por quantidades variáveis de ferro e manganês. Forma uma série com a dolomita e com a kutnohorita; possui características cristalográficas e físicas semelhantes à dolomita e à siderita. A complexidade da estrutura faz com que a simetria, que deveria ser equivalente àquela da calcita, seja apenas (-3). Ankerita ocorre com siderita em formações ferríferas (“ironstones”) de baixo grau de metamorfismo e em formações ferríferas bandadas (BIFs). Também ocorre em carbonatitos e como produto de alteração hidrotermal de sedimentos carbonáticos.Em sedimentos ocorre como mineral autigênico, diagenético. Pode ocorrer em veios hidrotermais de sulfetos. Os cristais da ankerita tipicamente possuem faces curvas, lembrando o formato de sela. Também podem ser prismáticos a tabulares {11-20} com {0001}, ou pseudo-octaédricos com um desenvolvimento igual de {10-11} e {0001}, também colunar, estalagtítico, granular ou maciça. Associa-se a sulfetos como pirrotita, esfalerita e galena; a carbonatos como calcita, dolomita, rhodocrosita e siderita; a quartzo, albita e clorita. Sistema Cristalino Cor Hábitos Clivagem Trigonal romboédrico. Marrom, amarela, amarela-marrom, bronze, branca a cinza. .Cristais romboédricos com faces curvas, até 5 cm (veja acima). Perfeita em {10-11} Tenacidade Quebradiça. Maclas Fratura Dureza Mohs Densidade Simples em {0001}, {10-10} e {11-20} Subconchoidal. 3,5 - 4 2.93 a 3.10 Traço Brilho Diafaneidade Magnético Branco. Vítreo a perláceo. Translúcido a transparente. não Radioativo Fluorescente Reação com HCl dil. Reação com H2O2 não não efervescência dscreta a frio, forte a quente. não Microscopia de Luz Refletida: O comportamento da ankerita ao Microscópio de Luz Refletida é similar àquele da dolomita, conforme reproduzido abaixo: A dureza ao polimento da dolomita é média, maior que a da calcita e da calcopirita. Nic. // : cor de reflexão cinza escuro. Refletividade baixa, um pouco maior que a da calcita. As refletividades de smithsonita, rhodocrosita e siderita são maiores. Pleocroísmo de reflexão muito forte, como na calcita. Muito semelhante à calcita, mas tem lamelas de macla de pressão mais raramente. Nic. +: anisotropia forte como na calcita, mas praticamente não observável devido às fortes e abundantes reflexões internas leitosas e incolores que apresenta. Clivagem não se observa em seções polidas. Lamelas de macla de pressão paralelas a {02-21} ocorrem raramente, muito menos que na calcita. 20 Texturas variam muito. Há uma tendência muito maior ao desenvolvimento de formas euédricas que na calcita. Confusões possíveis: é relativamente fácil confundir a ankerita com dolomita e siderita. Muitas peças catalogadas como “ankerita” são na realidade dolomitas com alto teor em ferro. Microscopia de Luz Transmitida: Nic. // : incolor, relevo médio. Nic. +: birrefringência de 0.180 a 0.202. Luz Convergente: U(-) 21 Antlerita – Cu3(SO4)(OH)4 Macroscopia: A antlerita era considerada um mineral raro, até que se descobriu que é o minério primário das zonas oxidadas de várias minas enormes de cobre, como Chuquicamata, no Chile, onde preenche veios que transectam o granodiorito alterado em todas as direções. Mas ocorre apenas em minas de cobre de condições muito ácidas (pobres em carbonatos), especialmente se localizadas em regiões áridas. Nestas minas, ocorre em profundidade o minério primário sulfetado, acima dele uma zona de minerais oxidados (onde ocorre a antlerita) e acima da zona oxidada, em superfície, o “chapéu de ferro” (gossan), que é a zona lixiviada. A antlerita é, portanto, um importante minério de cobre com 67,27% de CuO. Seu modo típico de ocorrência é preenchendo veios em cristais fibrosos orientados perpendicularmente à direção do veio. A espessura dos veios varia de menos de um milímetro até 2,5 cm. Associa-se a limonita, brochantita, cuprita, malaquita, gipso, calcantita, atacamita, kröhnkita, linarita, natrocalcita e azurita. Sistema Cristalino Cor Hábitos Clivagem Ortorrômbico holoédrico Verde claro intenso (verde-esmeralda), verdes em tons escuros a preto. Tabular, acicular e fibroso, como tapetes. Reniforme, maciço ou granular em veios. Perfeita em {010}, pobre em {100} Tenacidade Quebradiça. Maclas Fratura Dureza Mohs Densidade Não Irregular 3,5 3,93 Traço Brilho Diafaneidade Magnético Verde pálido Vítreo Translúcido, também transparente. não Radioativo Fluorescente Reação com HCl dil. Reação com H2O2 não não não não Microscopia de Luz Refletida: Nic. // : apresenta cor de reflexão cinza clara e refletividade baixa (< 10%). Mesmo a Nic. // é possível observar algumas reflexões internas verdes. Nic. + : possui anisotropia distinta, difícil de visualizar em função das suaves e generalizadas reflexões internas verdes. Confusões possíveis: É semelhante à malaquita (mas a malaquita efervesce em HCl quente e a antlerita não), à atacamita (menos dura e menos transparente) e à brochantita (que apresenta cristais com terminações mais arredondadas que aqueles da antlerita). Especialmente a brochantita é quase indistinguível da antlerita. A paragênese auxilia no reconhecimento da antlerita. Microscopia de Luz Transmitida: possui relevo alto, é pleocróico (verde amarelado – verde azulado – verde) com birrefringência máxima de 0,063 e biaxial positivo com 2V de 53º. 22 Apatitas – Ca10(PO4)6(OH,F,Cl)2 Macroscopia: Apatita não é um mineral, mas um grupo de minerais isomórficos formado pela apatita-(CaOH), apatita-(CaF) e apatita-(CaCl). Em amostra de mão são praticamente indistinguíveis e podem se substituir parcialmente. Estas dificuldades de classificação originaram mais de 60 nomes atualmente desacreditados. O membro mais comum do grupo é a Apatita-(CaF). Ocorrem em rochas ígneas (sienitos, rochas alcalinas, carbonatitos, pegmatitos graníticos), sedimentares (fosforitas, lateritas) e metamórficas (escarnitos, mármores, hornfels (cornubianito)), normalmente como grãos muito pequenos disseminados. A variedade criptocristalina botrioidal chamada de colofano forma as fosforitas que contém 18–40% de PO4 e que são um importante minério da indústria de fertilizantes. Apatitas verdes e azuis são usadas na confecção de peças gemológicas. Apatitas com Elementos de Terras Raras (ETRs) são mineradas para a obtenção destes elementos. É o fosfato formador de rocha mais comum. Forma ganga em veios hidrotermais de minerais com metais. Sistema Cristalino Cor Hábitos Clivagem Hexagonal Incolor, branco, amarelo, marrom, cinza, rosa, violeta, azul, verde, multicolorido. Verde- mar, verde-azulado Maciço, granular, acicular, estalagtítico, terroso, botrioidal, cristais hexagonais tabulares ou prismáticos. Pobre em {0001} e {10-10)}, normalmente não reconhecíveis. Tenacidade Quebradiça. Maclas Fratura Dureza Mohs Densidade Raras, de contato {11-21} e {10-13} Conchoidal a irregular 5 3,2 Traço Brilho Diafaneidade Magnético Branco Vítreo a subresinoso Transparente a translúcido não Radioativo Fluorescente Reação com HCl dil. Reação com H2O2 não Veja abaixo Solúvel em HCl não Às vezes possui fluorescência em laranja-amarelo sob ondas UV curtas, mais forte em ondas UV longas. Quando aquecido, possui fluorescência em laranja-amarelo em ondas UV longas. Algumas variedades são fosforescentes quando aquecidas. A apatita apresenta termoluminescência em branco-azulado. Microscopia de Luz Refletida: A literatura não informa nada sobre seu comportamento a Luz Refletida. Os dados abaixo foram obtidos em blocos polidos próprios. Nic. // : possui cor de reflexão cinza escura e refletividade baixa (< 10%). Nic. + : possui anisotropia, mascarada pelas intensas reflexões internas brancas e multicoloridas. Critérios para reconhecimento: forma, dureza, cor e paragênese, com teste em HCl.Confusões possíveis: macroscopicamente e com pouca prática, cristais prismáticos bem desenvolvidos podem ser confundidos com turmalina, olivina, berilo (esmeralda) e diopsídio. Na Microscopia de Luz Transmitida, é possível confundir com zircão, zoisita e nefelina. 23 Minerais associados: diopsídio, forsterita, escapolita, flogopita, condrodita, calcita, magnetita, nefelina, e hornblenda. Microscopia de Luz Transmitida: Nic. // : forma bastões curtos de pontas arredondadas ou seções hexagonais. É incolor e pode ser confundida com nefelina e com zircão. Quando azul, apresenta pleocroísmo de fraco a forte em cores azuis, amarelas a incolor. Relevo moderadamente positivo, clivagem basal {0001} imperfeita, extinção paralela. Nic. + : Birrefringência baixa (0,003-0,004), cor de interferência cinza; extinção paralela, sinal de elongação negativo nos cristais prismáticos, é uniaxial negativo. 24 Aragonita – CaCO3 Macroscopia: A aragonita é o polimorfo ortorrômbica da calcita (CaCO3), que é trigonal. O terceiro polimorfo, muito raro, é a vaterita (CaCO3), que é hexagonal. A aragonita não é um mineral de minério, pois ela recristaliza para calcita em uma escala de tempo de até 100 milhões de anos e, portanto, não existe aragonita mais antiga que o Carbonífero. Entretanto, existe uma mineração de aragonita oolítica nas Bahamas, chamada de Ocean Cay. Aragonita é formada quase sempre a baixas temperaturas. É um produto comum de processos biológicos: conchas, corais e pérolas são de aragonita. Também se forma por precipitação em ambientes de água salgada (oólitos, lama carbonática) e em ambientes de água doce (cavernas (“flos ferri”) e cavidades de rochas vulcânicas como basaltos e andesitos). Também ocorre no metamorfismo da fácies xistos azuis (alta pressão, baixa temperatura), e como um componente secundário em rochas ultramáficas alteradas. Freqüentes são pseudomorfos de calcita sobre aragonita. Pode conter estrôncio, chumbo e zinco. Sistema Cristalino Cor Hábitos Clivagem Ortorrômbico holoédrico Incolor, branco-cinzento, amarelado, azulado, vermelho, marrom e outros. Pseudohexagonal, prismático, acicular, globular, reniforme, pisolítico, bandado, etc. {010} distinta, {110} e {011} imperfeitas Tenacidade Quebradiço Maclas Fratura Dureza Mohs Densidade Polissintéticas paralelas a {001}, cíclicas em {110} Subconchoidal 3,5 - 4 2,95 Traço Brilho Diafaneidade Magnético Branco Vítreo, resinoso em superfícies de fratura, fosco. Translúcido a transparente. não Radioativo Fluorescente Reação com HCl dil. Reação com H2O2 não em rosa, branco, amarelo, ou azulado sob ondas UV curtas e longas. Forte efervescência com HCl dil. a frio. não Fosforescência em esverdeado ou branco (UV onda longa), amarelado (UV onda curta). Catodoluminescente. Cristais transparentes exibem uma forte Dupla Refração. Microscopia de Luz Refletida: Sem informações. Critérios para reconhecimento: clivagem mal desenvolvida, hábitos de macla, efervescência em HCl diluído a frio, baixa dureza. Confusões possíveis: hemimorfita é mais densa e dura, cerussita, witherita e strontianita possuem densidade mais elevada, calcita possui clivagem romboédrica perfeita, não apresenta muitos dos hábitos da aragonita e é um pouco menos dura. 25 Minerais associados: gipso, enxofre, celestita, calcita, dolomita, albita, azurita, calcopirita, bornita, barita, smithsonita, malaquita, sepentina, zeolitas, argilominerais, limonita, wulfenita e outros. em xistos azuis: pumpellyita + lawsonita + glaucofano + quartzo; em rochas ultramáficas alteradas: hidromagnesita + brucita + magnesita; Variedades: alabastro, flos ferri, mossottita, nicholsonita, “onyx marble”, satin spar, tarnowitzita, travertino, tufa. Microscopia de Luz Transmitida ND Cor / pleocroísmo: incolor, não apresenta pleocroísmo. Relevo: Varia com a direção, desde baixo negativo até alto e muito alto. Clivagem: {010} distinta, {110} má e {011} má. Normalmente uma clivagem é visível em lâmina delgada. Hábito: prismas curtos ou longos, acicular, tabular, estalagtítico, colunar, agregados radiados, crostas fibrosas de cristais aciculares finos, coralóide, reniforme, pisolítico, globular. Maclas comuns (veja abaixo). NC Birrefringência e cores de interferência: birrefringência extrema de 0,156, resultando em cores fortes e coloridas de 3ª e 4ª ordem, difíceis de determinar. São cores em tons cremes. Extinção: paralela Sinal de Elongação: de difícil determinação devido à birrefringência extrema. Maclas: Maclas cíclicas em {110}, resultando nos típicos agregados pseudo- hexagonais. Maclas polissintéticas geram lamelas ou estrias finas paralelamente a {100}. Zonação: sem informações LC Caráter: B(-) Ângulo 2V: 18 – 19º Alteração: transforma-se em calcita, pseudomorfos são possíveis. Pode ser confundido com: calcita possui duas clivagens e é U(-). 26 Arrojaditas – KNa4CaMn ++4Fe++10Al(PO4)12(OH,F)2 Macroscopia: As arrojaditas são relativamente raras e na Classificação Dana formam um grupo, subdividido em 4 subgrupos, contendo um total de 17 espécies minerais. O grupo forma uma série com a Dickinsonita. São minerais primários de altas (~800ºC) temperaturas, ocorrendo apenas em pegmatitos graníticos, onde formam cristais de até 15 cm de comprimento. Suas estruturas cristalinas são “infernalmente complexas” (Huminicki & Hawthorne, 2002, p. 186), formam um “enigma” (Chopin et al., 2006, Am. Min. 91:1260-1270) e passaram por uma “história investigativa tumultuada” (Moore et al. 1981. Am. Min. 66:1034-1049). Devido à sua raridade, as arrojaditas não são um mineral de minério (apesar de conter 40% de P2O5). Ocorrem em pegmatitos contendo minerais de minério importantes, como cassiterita, espodumênio, berilo, muscovita e graftonita. As arrojaditas frequentemente são confundidas, devido às suas cores verde-oliva a verde-grama, com trifilita-litiofilita, que são bem mais comuns. Sistema Cristalino Cor Hábitos Clivagem Monoclínico domático Verde-oliva, verde- garrafa, amarelo- esverdeado, marrom, amarelo. Sem informação {100} boa {102} má (informações conflitantes) Tenacidade Sem informação. Maclas Fratura Dureza Mohs Densidade Sem informação Irregular a conchoidal 5 3,56 Traço Brilho Diafaneidade Magnético Cinza-esverdeado Vítreo a gorduroso Translúcido Sem informação, provavelmente não. Radioativo Fluorescente Reação com HCl dil. Reação com H2O2 Muito fraca, apenas detectável. Sem informação, provavelmente não. Sem informação, provavelmente não. Sem informação, provavelmente não. Microscopia de Luz Refletida: não há informações disponíveis. Microscopia de Luz Transmitida: Nic. // : relevo alto, pleocróico entre incolor, incolor a verde pálido, verde-amarelado pálido. Nic. + : birrefringência de 0,011 . Luz Convergente: biaxial negativo com 2V de 80-86º. Informações conflitantes: B(+)? 27 Arsênio Nativo – As Macroscopia: Arsênio nativo não é um mineral comum nem um mineral de minério para arsênio, visto que arsênio é recuperado de arsenopirita acidentalmente presente em minérios de outros elementos metálicos, incluindo prata nativa. Macroscopicamente é indistinguível de antimônio nativoe stibarsênio (SbAs). O arsênio nativo é muito semelhante a vários outros minerais. Pode conter antimônio. Ocorre em veios mesotermais e epitermais de Co-Ni-Ag-U e em depósitos com outros minerais de As. Também em meta-dolomitos. Associa-se a estibnita, esfalerita, realgar, pirita, galena, cinábrio, barita, arsenolita, ouropigmento. Um hábito típico do arsênio nativo são crostas de estrutura rítmica (com teores variáveis de Sb) formando superfícies mamelonadas a botrioidais, chamadas de “Scherbenkobalt” (= cobalto em pedaços), que são muito diagnósticas. Nestas crostas, os cristais formam tufos orientados perpendicularmente à base. Em massas compactas é finamente granular. Cristais isolados (romboédricos, pseudocúbicos) bem formados são muito raros e alcançam tamanhos de 1 mm. Sempre contém um pouco de Sb; pode conter Bi, Fe, Ni, Ag, S e Se. Forma uma série com antimônio nativo e é dimorfo com arsenolamprita (arsênio nativo ortorrômbico). Em certas ocorrências, arsênio nativo está presente como inclusões em grãos finíssimos em muitos outros minerais de minério. Pode ocorrer intercrescido de várias formas (veios finos, gotas, etc.) com stibarsênio (SbAs; nome antigo do stibarsênio: allemontita). Por sua vez, o arsênio nativo pode conter grãos de dyscrasita (Ag3Sb), ao redor dos quais se depositam as crostas de “Scherbenkobalt”. Sistema Cristalino Cor Hábitos Clivagem Trigonal Branco do estanho em fratura fresca, embaça para cinza escuro do chumbo a preto. Granular, maciço, reticular, ripiforme, estalagtítico, crostas de camadas concêntricas. {0001} perfeita {01-14} imperfeita Tenacidade Quebradiço Maclas Fratura Dureza Mohs Densidade {01-14} raras; frequentes lamelas de pressão em {01-12} Desigual a granular 3,5 5,63 – 5,78 Traço Brilho Diafaneidade Magnético Cinza a preto Quase metálico a fosco. Opaco não Radioativo Fluorescente Reação com HCl dil. Reação com H2O2 não não não Sim ATENÇÃO: contém As, que é tóxico. Sempre lave as mãos após manusear. Evite inalar poeira durante o manuseio ou quebra. Nunca lambe ou engula. Cheira a alho se batido ou aquecido: gases tóxicos de As! Microscopia de Luz Refletida: Possui baixa dureza de polimento, algo maior que bismuto nativo e antimônio nativo. Nic. // : cor de reflexão branca a cinza, levemente amarronzada; refletividade de 46,95 - 52,76%. Não possui birreflectância e seu pleocroísmo é débil, nitidamente mais forte em contatos intergranulares. Nic. + : possui anisotropia bem distinta, de amarelo-marrom e cinza claro a cinza amarelado. Não possui reflexões internas. 28 Embaçamento das superfícies polidas ocorre em dois a três dias para cores cinza-marrons, foscas. Este filme de embaçamento não pode ser retirado por fricção, apenas por repolimento com água. Este embaçamento, tratado na literatura como corrosão ao ar, é bastante diagnóstico. Clivagem {0001} frequentemente é bem visível. Maclas muito frequentemente são visíveis em grande quantidade, formando finas lamelas paralelas a (01-12). Zonação pode ocorrer muito bem desenvolvida, mas é rara. Estruturas rítmicas são freqüentes, parcialmente em camadas alternadas com minerais com As. Deformações ocorrem, mostrando amarrotamentos, torções e o desenvolvimento de maclas lamelares de pressão. Confusões possíveis: antimônio nativo é mais claro e menos anisótropo, não embaça; bismuto nativo é muito mais claro e mais macio. A atacabilidade do arsênio nativo com água oxigenada é muito típica. 29 Arsenopirita – FeAsS Macroscopia: A arsenopirita, muito comum e com um alto (46%) teor em arsênio, possui uma longa e turbulenta história de exploração, com mais de 40 nomes desacreditados atualmente. É um minério de arsênio (mas As é recuperado como “by-product” no processamento dos minérios para obter outros elementos) e pode conter teores elevados de ouro. Também pode conter Ag, Co, Sn, Ni, Sb, Bi, Cu, Pb. Quando presente em minérios de ouro, dificulta a recuperação do ouro e libera vapores tóxicos durante o processo. Minas com arsenopirita geram efluentes de mina ácidos e tóxicos. Arsenopirita ocorre em veios hidrotermais de alta temperatura (como um dos primeiros minerais a se formar) com ouro e estanho, em pegmatitos, em rochas de metamorfismo de contato e em rochas metassomáticas. Mais raramente em folhelhos bituminosos ou em aluviões. É monoclínica, mas maclas podem lhe conferir aparência pseudo-ortorrõmbica. Sistema Cristalino Cor Hábitos Clivagem Monoclínico prismático cinza do aço a branco da prata (pode ter cores cinza escuras ou películas iridescentes por embaçamento). Acicular, prismático, distorcido, estriado, compacto, granular, colunar, etc. Cristais de até 20 cm. {110} distinta Tenacidade Estrias Quebradiço // a [001] Maclas Fratura Dureza Mohs Densidade Freqüentes em {100} e {001}, de contato em (101) e (012), formando cruzes ou “trillings” Subconchoidal a irregular 5,5 – 6 5,9 – 6,2 Traço Brilho Diafaneidade Magnético Cinza-preto a preto Metálico intenso Opaco Se aquecido, liberando vapores tóxicos Radioativo Fluorescente Reação com HCl dil. Reação com H2O2 não não não ataca a superfície polida Apresenta cheiro de alho quando é quebrado ou pulverizado, liberando vapores de arsênio tóxicos. Quando alterado apresenta coloração esverdeada; produz cores verdes em paredes rochosas. Triboluminescente: libera “faíscas” amarelas ou laranjas quando batido. Microscopia de Luz Refletida: Devido à importância e frequência da arsenopirita, o Prof. Ramdohr apresenta 8 páginas sobre o mineral, com muitos detalhes e descrições. Um extrato está apresentado abaixo. Nic. // : cor de reflexão branca, levemente amarelada (creme), o que apenas se reconhece quando o mineral está na vizinhança de minerais que permitam comparações. É muito semelhante à galena. Refletividade de 50,36 – 51,21%, maior (51,15 – 53,6%) se o mineral contém cobalto. Não apresenta birreflectância. Nic. + : anisotropia forte, variando de acordo com a seção, entre Azul-da-Prússia-escuro e marrom. As cores também são denominadas de vermelho e violeta. Essa anisotropia é muito diagnóstica. 30 Clivagem não é visível na seção polida. Pleocroísmo fraco, visível nos contatos intergranulares: // [001] = branco com tom azulado; // [100] = suavemente amarelo avermelhado; // [010] = muito semelhante, avermelhado-amarelo. Se associado com minérios radioativos, apresenta bordas isótropas (metamictas). Cristais euédricos e esboços losangulares são freqüentes devido ao fato do mineral se formar muito cedo. Os cristais normalmente são pequenos, com dimensões inferiores a um centímetro. Maclas em geral são muito freqüentes; ocorrem na forma de lamelas de maclas miméticas. Maclas em cruz produzem agrupamentos radiais, macroscopicamente e microscopicamente. Cataclase pode ocorrer, concentrada em zonas, cujas fraturas podem conter outros minerais. Zoneamento pode ocorrer. Desmisturas decididamente não ocorrem. Substituições da arsenopirita são muito comuns: através das fraturas cataclásticas entram galena, calcopirita, esfalerita, cassiterita, calcocita, acantita e outros minérios de prata, além de magnetita e löllingita. Por outro lado, a arsenopirita pode substituir a pirita e a cobaltita, mais raramente a magnetita. Ouro surge nas fraturas como substituição ou substituído, também ocorre como inclusões (primárias?) na arsenopirita. Intercrescimentos orientadoscom outros minerais do Grupo da Arsenopirita, especialmente, löllingita e safflorita, não são raros, podendo a arsenopirita formar o núcleo interno ou uma zona exterior. Alteração da arsenopirita produz combinações solúveis com ou sem limonita. Critérios para reconhecimento: dureza alta, polimento bom, euédrico ou subédrico, esboços losangulares, anisotropia forte com cores características, zoneamento e maclas frequentes. Confusões possíveis: muito semelhante à gudmundita e à loellingita. A arsenopirita pode ser confundida com todos os minerais brancos (a Nic. //) do Grupo da Pirita e da Marcassita, quando ocorre em grãos muito pequenos. Além disso, pode ser confundida os minerais do Grupo da Safflorita e da Rammelsbergita. Cobaltita é rosado; glaucodoto é semelhante, porém tem anisotropia fraca (nx: amarelo e azulado) e é associado a outros minerais de cobalto; loellingita e safflorita são mais brancos e apresentam outras cores de anisotropia. Minerais associados: granada, ortoclásio, muscovita, prata nativa, cassiterita, esfalerita, estanita, galena, loellingita, ouro nativo, pirrotita, wolframita, pirita, calcopirita, ouro, scheelita e muitos outros. 31 Asbolana – (Ni,Co)2-xMn 4+(O,OH)4·nH2O Macroscopia: A asbolana é um dos muitos minerais de manganês que, durante séculos, se abrigaram sob os termos “guarda-chuva” de “criptomelano”, “psilomelano” e “wad”. Estes termos se referem a minérios duros, pretos e hidratados de manganês, com teores variáveis de cobalto, níquel e bário, além de traços de outros elementos. Macroscopicamente é muito difícil a impossível diferenciar os minerais individuais que compõe estas misturas, e que foram reconhecidos apenas com a generalizada aplicação de técnicas analíticas melhores, especialmente a Difratometria de Raios X. A asbolana é um minério de cobalto (até 32%) e níquel, um “wad niquelífero”, contendo impurezas como Al, Ca, Fe e Si. É formada pelo intemperismo de rochas silícicas e se associa à goethita. Também ocorre em xistos silícicos e é comum em solos residuais desenvolvidos sobre rochas ultramáficas, que foram fonte do cobalto e do níquel. Seus cristais são placas com dimensões de alguns microns, que formam agregados. Sistema Cristalino Cor Hábitos Clivagem Hexagonal Preto azulado a amarronzado. Terroso, maciço, botrioidal, microcristais (veja acima) sem informações Tenacidade sem informações Maclas Fratura Dureza Mohs Densidade não sem informações 6 3,1 (calculada) Traço Brilho Diafaneidade Magnético Preto a preto-marrom Fosco Opaco não Radioativo Fluorescente Reação com HCl dil. Reação com H2O2 não não não efervescência Microscopia de Luz Refletida: Não existem informações específicas para asbolana. Critérios de reconhecimento devem ser associados com as observações a Luz Refletida de psilomelano, criptomelano, hollandita e coronadita. 32 Atacamita – Cu2Cl(OH)3 Macroscopia: A atacamita, descrita pela primeira vez nos depósitos de cobre do Deserto de Atacama (Chile), é um mineral comparativamente raro, formado a partir de minerais primários de cobre na zona de oxidação ou intemperismo, especialmente em climas áridos e salinos. Também ocorre em depósitos de fumarolas vulcânicas, como alteração de sulfetos de “black smokers’” (fumarolas submarinas) e como alteração de artefatos antigos de bronze e cobre. Associa-se a cuprita, brochantita, linarita, caledonita, malaquita, crisocola e seus polimorfos. É um minério de cobre. A atacamita é polimorfa com botallackita, clinoatacamita e paratacamita. Apresenta tanto maclas de contato como de interpenetração, pode formar doublets e triplets, com agrupamentos de maclas complexos. Seus cristais podem atingir até 10 cm de comprimento, são geralmente tabulares ou pseudooctaédricos. Pode alterar a malaquita e crisocola, formando pseudomorfos. Sistema Cristalino Cor Hábitos Clivagem Ortorrômbico holoédrico. Verde claro, verde- esmeralda profundo e preto esverdeado. .Maciço, granular arenoso a compacto, fibroso, cristais prismáticos delgados. {010} perfeita {101} boa Tenacidade Quebradiça. Maclas Fratura Dureza Mohs Densidade Veja acima. Conchoidal 3 – 3,5 3.74 Traço Brilho Diafaneidade Magnético Verde maçã. Adamantino a vítreo. Transparente a translúcido. não Radioativo Fluorescente Reação com HCl dil. Reação com H2O2 não não Facilmente solúvel. não Microscopia de Luz Refletida: sem informações Microscopia de Luz Transmitida: Nic. // : relevo muito alto, colorido em tons de verde. pleocróica entre X = verde pálido, Y = verde-amarelado, Z = verde grama. Nic. + : birrefringência máxima de 0,049. Luz Convergente: B(-), com ângulo 2V de 74º . 33 Auricalcita – (ZnCu)5(CO3)2(OH)6 Macroscopia: A auricalcita é um carbonato secundário, formado em zonas de oxidação de depósitos de Cu e Zn, constituindo um minério de Cu e Zn de menor importância. A cor azul-celeste com um tom de verde é muito característica. O mineral nunca forma cristais grandes; sempre ocorre em revestimentos e crostas espessas ou formando tufos divergentes de pequenos cristais aciculares frágeis que podem formar esferas completas. O tamanho máximo dos cristais é de 3 cm (excepcional). A fragilidade dos cristais faz com que o simples ato de lavar a amostra com água os danifique. Normalmente a auricalcita contém algum Ca. Pode ser confundida com rosasita, que é mais maciça e não lamelar e tem dureza 4. Associa-se a malaquita, azurita, calcita, austinita, limonita, rosasita, smithsonita, hemimorfita, hidrozincita e adamita. Sistema Cristalino Cor Hábitos Clivagem Monoclínico prismático, pseudo-ortorrômbico Verde pálido, azul esverdeado, azul-celeste Crostas, tufos de cristais delicados, raramente colunar, laminar ou granular. {010} e {100} perfeitas, indiscerníveis Tenacidade Estrias Algo flexível e séctil // [001] Maclas Fratura Dureza Mohs Densidade Observadas em padrões de Raios X Irregular e fibrosa 1 - 2 3,64 – 3,9 Traço Brilho Diafaneidade Magnético Azul-verde pálido a incolor Perláceo a sedoso Transparente a translúcido não Radioativo Fluorescente Reação com HCl dil. Reação com H2O2 não não Efervescência não Microscopia de Luz Refletida: Não há informações sobre as características da auricalcita sob luz refletida. Microscopia de Luz Transmitida: Nic. // : incolor a azul pálido ou verde pálido. Relevo relativamente alto. Pleocroísmo fraco entre incolor e azul-verde ou verde pálido. Nic. + : Birrefringência máxima de 0,089 . Luz Convergente: biaxial negativo com 2V de 1-4º (parece uniaxial !). 34 Azurita – Cu3(CO3)2(OH)2 Macroscopia: A azurita é um carbonato secundário de cobre e, como o próprio nome indica, possui uma cor azul profunda inconfundível, extremamente característica. Forma cristais prismáticos que são translúcidos nas arestas agudas. Os cristais atingem até 30 cm de comprimento e mais de 100 formas combinadas foram registradas. A azurita pode formar agregados bandados, com camadas alternadas com malaquita ou cuprita. Forma-se na zona de oxidação da porção superior de minérios sulfetados de cobre, associados a rochas carbonáticas, quase sempre a partir de enargita, famatinita ou tennantita-tetraedrita. É um minério muito secundário de cobre. Associa-se a malaquita, crisocola, calcocita,
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