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Acido Guanidinoacetico(2)

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COMPLEXOS DE CROMO(III) E ÁCIDO GUANIDOACÉTICO E A SUA IMPORTÂNCIA NO 
METABOLISMO DA INSULINA 
Daniella Rodrigues Fernandes (IC)1, Débora França de Andrade (IC)1, Elizabeth da Silva Figueiredo 
(PG)1 , Jussara Lopes de Miranda1,2 (PQ), Judith Felcman2 (PQ) 
Introdução : 
O ácido guanidinoacético (GAA) pertence à classe dos compostos guanidínicos que são 
caracterizados pela presença de um grupo extremamente básico, o grupo guanidino, o HN=C(NH2)-
NH-. Estes compostos já foram quantificados em diferentes tecidos dos mamíferos como os rins, 
cérebro, fígado e músculo [1], explicando, assim, a diversidade dos processos metabólicos dos quais 
eles participam [2]. O GAA é sintetizado principalmente nos rins, sendo o resultado da 
transamidinação da glicina via arginina [3]. Depois, ele é transportado para o fígado onde é metilado 
para a formação da creatina [4]. O GAA está envolvido em diversos processos metabólicos além da 
atividade renal, como por exemplo, a produção do colesterol, a deficiência da creatina e a disfunção 
da encefalopatia hepática. Este aminoácido também é capaz de alterar a produção da insulina [5], 
escolhendo-se o íon cromo(III) justamente porque ele está presente no fator de tolerância de glicose 
[6]. Neste estudo foram sintetizados os seguintes complexos : a) binário de cromo(III) e GAA e 
ternário de cromo(III), GAA e glicina. Também houve tentativas para a síntese dos complexos 
ternários contendo o cromo(III), o GAA e os aminoácidos ácido glutâmico/ ácido aspártico. 
Objetivo : Sintetizar e caracterizar os complexos de cromo(III) com o ácido guanidoacético e os 
ternários contendo além destes a glicina(Gli), os ácidos glutâmico (Glu) e aspártico (Asp). 
Método : O método de síntese envolveu a solubilização dos ligantes, GAA, Gli, Glu e Asp em meio 
aquoso, acidulando-se quando necessário. Em seguida, foi feita a adição da solução aquosa de 
cloreto de cromo(III), com posterior agitação de 1 hora. Acrescentou-se hidróxido de potássio 
lentamente, com adição e aquecimento até 70oC, por cerca de duas a três horas. Concentrou-se o 
volume da solução, adicionando-se, posteriormente, etanol. Os precipitados formados apresentaram 
coloração de roxo a violeta, sendo, depois de lavados e secos, caracterizados por diversas técnicas. 
Resultados : Os complexos sintetizados foram o ternário K2[Cr2(C5H10N4O12Cl6)] e os binários 
K2[Cr2 (C12H19N3O15)].4,5 H2O.KNO3 , K2(Cr2C15H24N3O15).4.5H2O.KNO3 e Cr(GAA)3, caracterizados 
por análise elementar (CHN), ultravioleta, análise termogravimétrica (TGA), espectroscopia de 
infravermelho e gravimetria. A análise do ultravioleta dos complexos dissolvidos em água indicou a 
presença de transições d-d típicas da formação de um complexo hexacoordenado, possivelmente 
octaédrico não-perfeito. No infravermelho, a banda em 1671 cm-1, característica do grupamento 
guanidino, apareceu apenas em K2[Cr2(C5H10N4O12Cl6)], com o ligante glicina, indicando a formação 
do complexo misto. Neste complexo, as bandas em 1144 e 627 cm-1 sugerem o ânion 
ClO4- coordenando-se ao metal por um dos seu oxigênios, atuando como um ligante monodentado. 
As bandas em 413 cm-1 e em 318 cm-1 referem-se aos estiramentos  M-N e  M-Cl respectivamente, 
sendo o nitrogênio do grupamento -amino. A análise de CHN e gravimetria foram : calculado : C= 
8,42 % ; H= 1,4%; N= 7,86% e Cl = 29,84 %; encontrado : C= 8,52%; H= 1,52%; N= 7,65% e Cl = 
28%. O TGA indicou 1,4% de umidade na amostra. Nos complexos binários, os ligantes Asp e Glu 
comportaram-se como bidentados e tridentados, onde um de seus carboxilatos atuou como ponte 
entre duas moléculas, favorecendo a formação de uma estrutura polimérica. No 
K2[Cr2 (C12H19N3O15)].4,5 H2O.KNO3 encontramos as bandas em 3384 cm-1 referentes a  OH da 
água. As bandas em 568 e 517 cm-1 indicam a coordenação M-O e M-OH ponte (hidroxila atuando 
como ponte). As bandas em 419, 398 e 383 cm-1 podem ser atribuídas a  M-O e  M-N. A análise 
elementar, a gravimetria e o TGA confirmaram tal fórmula molecular proposta . Calculado : C=17,80 % 
H=3,36 %, 6,92%. Encontrado : C=17,83%; H= 4,20%; N= 6,86%. Para o K2(Cr2C15H24N3O15).4.5H2O. 
KNO3, as principais bandas do infravermelho foram : 565 e 500 cm-1 indicando os estiramentos  M-O 
e  M-OH ponte; Em 398, 375 e 335 cm-1 devem referir-se aos estiramentos  M-O e  M-N, sendo o 
nitrogênio do grupo -amino e oxigênio do grupo carboxilato. A análise elementar e o TGA foram 
concordantes com a fórmula molecular proposta : calculado : C= 21,17 %; H= 4,1% ; N= 6,58%; 
encontrado : C= 21,17%; H= 4,65%; N= 6,59%. Para a obtenção dos ternários CrAGAGlu e 
CrAGAAsp propôs-se sintetizá-los utilizando a proporção 1: 1: 2, M: L1: GAA , usando KHCO3 ou 
Ba(OH)2 como agente precipitante e o HClO4 para a auxiliar a dissolução dos ligantes. 
Conclusões : O ácido guanidoacético atua como ligante bidentado, sendo o nitrogênio-alfa e o 
oxigênio seus átomos doadores. O ácido glutâmico e o aspártico são ligantes de grande tamanho 
comparativamente à glicina, uma das razões que favoreceu a formação do complexo ternário apenas 
com este último. Além disso, os ácidos glutâmico e aspártico possuem dois grupos carboxilatos que, 
quando desprotonados, podem atuar como ligantes ponte, favorecendo a polimerização. A glicina, por 
sua vez, é a que sofre desprotonação em pH mais próximo do GAA, favorecendo a sua entrada na 
esfera de coordenação. Estes complexos sintetizados e a competição que existe entre estes 
aminoácidos em relação ao íon cromo(III) exemplificam in vitro o que pode ocorrer em processos 
biológicos, em destaque ao metabolismo da insulina, no qual todos estão envolvidos. 
Referências

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