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Saussure e o Status Cientifico da Linguistica

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Saussure e o Status Cientifico da Linguística
A fundação do estruturalismo e supostamente da linguista moderna como ciência autônoma ocorre com Ferdinand Saussure. É importante ressaltar que o estruturalismo visa explorar as inter-relações (estruturas), sendo estas subentendidas e produtoras de um significado inclusas na cultura.
A teoria estrutural resume-se em quando percebemos que na cultura o significado reproduzido nas práticas, fenômenos e atividades atuam como sistemas de significação. Podemos citar como exemplo, o estruturalismo antropológico de Claude Lévi-Strauss, serão observados e analisados os fenômenos culturais pertinentes a mitologia, os sistemas de parentescos e a preparação de alimentos. Enquanto que na análise da literatura, serão investigadas as relações latentes entre os elementos de um texto literário, sendo confrontados os vínculos e estruturas equivalentes em obras pertencentes às diferentes fases, épocas e culturas.
Para a linguística, o estruturalismo constitui-se de estruturas implícitas na linguagem. A publicação da obra de Saussure, “Cours de Linguistique génerale .
Saussure é fundador de antinomias (contradições), que buscam dar um rigor cientifico ao sistema descritivo. O próprio Saussure, comentou a obra de Franz Bopp e, assim a gramática comparativa, afirma:
“Mas esta escola, que tem mérito incontentável de abrir um campo novo e fecundo, não conseguiu constituir uma verdadeira ciência linguística. Eles jamais se preocuparam em discernir a natureza do seu objeto de estudo. Ou seja, através de operações elementares, uma ciência incapaz de estabelecer um método. ” (SAUSSURE, Ferdinand, 1972, p.16). 
As críticas que Saussure faz aos gramáticos comparativos visam o estabelecer o estatuto cientifico da linguística, isto é a linguística aprisionada à filologia, à filosofia e a diferentes campos do conhecimento, que só assumiria esta condição pela ausência de rigor cientifico. A primeira dicotomia saussuriana (separação) ocorre entre língua e discurso. A língua (la langue) é parte social da linguagem. Além da distinção entre língua e discurso, Saussure interpreta a linguagem, que é inata e universal da ,língua, que é uma aquisição a partir da observação das realizações individuais da linguagem, sendo esta observação não sistemática, isto é: a aquisição de uma língua ocorre pela vivência comunitária ( a língua adquirida na infância ).Saussure alega que não é possível conhecer o organismo linguístico interno, mantendo-se nos fenômenos linguísticos externos os quais poderão ser conhecidos e estudados.
O estudo sincrônico representes a descrição da língua sem levar em consideração a ação do tempo sobre ela. Ainda no tocante à sincronia, a distinção entre língua oral e língua literária, entre oposição e diferença, entre as relações sintagmáticas ou in prsentia e associativas ou in absentia. O estudo diacrônico corresponde a descrição da língua no eixo das sucessividades, quer dizer, uma descrição de sua evolução histórica. Relacionada ainda ao campo da diacronia, Saussure caracterizou as mudanças fonéticas e analogia, analogia e aglutinação, linguística externa, linguística interna, linguística prospectiva e retrospectiva.
A língua é um sistema de signos os quais combinam com um significado (conceito), e com a imagem acústica, presente na psique do som, conhecida como significante. Os estudos dos signos linguísticos deveriam ser estudados por uma ciência que envolveria a própria linguística, a semiologia (semântica). Com relação a linguística, parte da semiologia deve descrever as estruturas presentes nos sistemas linguísticos. Para Saussure sistema é tudo aquilo que também é estrutura. Os sistemas linguísticos são o fonológico, lexical e morfossintático, havendo nestes subsistemas: o vocálico, consonantal, nominal, verbal, temporal, aspectual, etc.
A língua é uma administração destes sistemas, sendo a língua não apenas uma de suas divisões, mas um vasto sistema que abarca todos os subsistemas. Para Saussure conhecer uma língua é conhecer todo o sistema, e não apenas conhecer uma parte do mesmo. Dentro da semiótica (semântica), Saussure afirma que os elementos fundamentais são o significante (marca escrita ou oral, impressão acústica) e o significado (o conceito da coisa). A união desses dois elementos irá formar o signo. O signo linguístico é arbitrário, em virtude da relação entre o signo e o significado, o qual não se depreende de nenhuma característica fixa presente no campo do significado.
O conceito de valor foi atribuído a rigorosa visão estruturalista das línguas, na qual as línguas são consideradas como sistemas. Em relação ao significado, este não está separado do elemento analisado e de sua ideia representada; complementado o conceito de língua-sistema como uma visão pessoal das relações entre a palavra e o pensamento e entre a matéria acústica e os sons. Na língua som e pensamento estão ligados, no entanto, delimitados em unidades.
Referência Bibliográfica 
SAUSSURE, F. Curso de linguística geral. 33ª Ed. São Paulo: Cultrix, 2006
LOPES, E. Fundamentos da linguística contemporânea. 22 Ed. São Paulo: Cultrix, 2004.
JAKOBSON, R. Linguística e comunicação. 8a Ed. (trad. Izidoro Blikstein e José Paulo Paes). São Paulo: Cultrix, 1975.
CUNHA, M. A. F.; OLIVEIRA, M. R.; MARTELOTTA, M. E. (Org.). Linguística funcional: teoria e prática. Rio de Janeiro: DP & A, 2003.
COSERIU, E. (1979) Sincronia, diacronia e história: o problema da mudança linguística. Rio/S. Paulo: Presença/USP, 1979.

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