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Trabalho de Civil

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Uma das principais projeções acerca dos reflexos da constitucionalização do direito privado se refere aos chamados direitos da personalidade. De fato, não se poderia deixar de reconhecer, face às profundas implicações da cada vez mais intensa implicação do Direito Público sobre o Direito Privado, que os direitos de personalidade, intimamente ligados ao próprio homem, poderiam deixar de ser afetados, por não mais ser visto o homem como um mero titular de propriedades.
Os direitos da personalidade podem desse modo ser reconduzidos de sua sede civil, com fundamento no artigo 11 e seguintes do Código Civil, para as normas mais gerais do artigo 5º, X, da Constituição Federal de 1988, segundo o qual “são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação”.
Tem-se assim uma especial proteção aos bens jurídicos em referência, notadamente considerando a superioridade hierárquica das normas constitucionais, que se impõem sobre as normas que lhe são inferiores no ordenamento jurídico. Considerando ainda a variedade de bens também reconhecidos como fundamentais pela Carta Magna, podem vir a ocorrer conflitos entre os direitos da personalidade e outros igualmente objeto de tutela, os quais deverão ser resolvidos de forma a evitar o total sacrifício de um dos direitos. Tais conflitos deverão ser resolvidos no plano constitucional, com o uso das técnicas que têm sido consagradas pela doutrina e jurisprudência constitucionais, notadamente os princípios da proporcionalidade e ponderação de interesses.
 Uma das hipóteses atuais de conflito entre um direito de personalidade e outro igualmente com sede constitucional é aquele em que se verifica caso se defrontem o direito à honra, imagem e privacidade, de um lado, com o direito à liberdade de expressão, de outro, nos moldes do artigo 20 do Código Civil, que por sua vez encontra fundamento no artigo 5º, X, da Constituição Federal de 1988, em oposição ao artigo 5º, XII, da norma em tela, como se verá a seguir.
A preocupação em torno da pessoa humana, originada das declarações de direitos, surgida com o intuito de proteger as pessoas do Estado totalitário, encontrava fundamento apenas na tutela conferida pelo direito público, de cuidar da integridade física dos sujeitos e garantir certos direitos políticos, sendo que inexistia, no que tange ao direito privado, um sistema de proteção, encontrando-se a tutela destes, apenas no campo dos tipos penais.
O direito brasileiro absorve plenamente estas lições, tendo em vista que os incisos III e II, do art. 1º da CF de 1988, expressamente consagram como fundamento da nação brasileira, o princípio matriz da dignidade da pessoa humana e da cidadania, que se apresentam como uma verdadeira cláusula geral de proteção da personalidade humana, incluindo a Constituição, em seu § 2º,do art. 5º,os direitos e garantias fundamentais oriundos de tratados internacionais em que Brasil seja parte [...]
Os Direitos da Personalidade constituem-se, em construção recente, fruto de elaborações doutrinárias germânicas e francesas presentes na metade do século XIX. Compreendem-se como direitos da personalidade, os direitos atinentes a tutela da pessoa humana, como por exemplo, a intimidade, a imagem das pessoas, o que ela crê ser sua honra, a vida privada, declarados pela nossa Carta Magna como invioláveis, sendo de primordial importância à sua dignidade e a sua integridade, para o seu bem estar e realização como pessoa, como cidadão no meio social na qual convive, assegurando direito a indenização por danos materiais ou morais decorrentes dessa violação (Artigo 5º, X, CF/88) não podendo o legislador, nem tampouco o intérprete, vedar tal tutela. Tais direitos são considerados o mínimo, porém não há impedimento para que outros direitos sejam elencados em lei conforme o disposto no Artigo 5º, §2º, CF/88.
     Art. 5º, §2º. Os direitos e garantias expressos nesta constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais de que a República Federativa do Brasil seja parte.
     Em síntese, a personalidade é identificada no “ser” e não no “ter”, por isso, goza de titularidade de direitos, não pode ser meramente considerada como objeto qualquer sem valor. Nesse sentido, o indivíduo abriga essa personalidade e esse direito, levando ao seu detentor possuir direito a vida, a saúde, a honra, a liberdade, a integridade moral, ao próprio nome, e aos demais direitos inerentes a sua pessoa, na qual seja digno de amparo e proteção seja na ordem constitucional, penal, administrativa, processual ou civil, predispondo-se à tutela das relações patrimoniais e de particular domínio.
     O Código Civil vigente (Lei 10.406/2002) vem a tratar dos Direitos da Personalidade, referindo-se pela primeira vez neste ordenamento, cujo posicionamento reflete na proteção integral e incólume da pessoa humana.
     Tais direitos são inalienáveis, imprescritíveis, intransmissíveis e irrenunciáveis. É o que elenca o Artigo 11, CC/02:
     Art. 11. Com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da personalidade são intransmissíveis e irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária.
     No perpasse do século XX, foram observadas mudanças no arcabouço jurídico com reflexos para os direitos da personalidade, sociedade pela qual torna-se cada vez mais complexa em que as relações privadas não poderiam mais se valer de um sistema em que a propriedade era medida em termos de coisas, ou do “ter”.
     Nesse momento, o Estado assume um papel de suma importância como mediador dos interesses nas situações, primando pelos direitos de igualdade social decorrentes dessa nova visão e estrutura, com uma renovação conceitual.
     Tipificar os direitos da personalidade tornou-se uma solução viável no ordenamento atual, por identificá-los para a preservação da inviolabilidade incólume dessa categoria, ou seja, reconhecer que trata-se de um direito subjetivo do ser humano foi um avanço social e jurídico buscado a mais de um século, mas que nesse momento se estabeleceu com rigor nas legislações brasileiras vigentes.
Tais direitos são, portanto, essenciais, uma vez que a própria personalidade humana que daria descaracterizada se a proteção que eles concedem não fossem reconhecida pela ordem jurídica. São, por outro lado, direitos gerais, isto é, direitos de que são titulares todos os seres humanos, não estando essa titularidade ligada a um grupo, classe ou categoria específica de homens (característica, esta, que é a decorrente óbvia de, por um lado, se reconhecer a qualidade de pessoa a todos e de, por outro lado, estes direitos serem essenciais).
Os dispositivos encontrados no Código Civil de 2002, ao tratarem dos direitos da personalidade, retratam a evolução da construção legislativa, doutrinária, jurisprudencial e sociológica destes direitos, sagrando assim as posições trazidas nos estudos acerca da matéria, consagrando as posições demonstradas no presente estudo, afirmando a importância da tutela destes direitos.
Neste aspecto, a construção legislativa foi realizada de forma a levar em consideração esta iniciativa da doutrina, em legalizar e reconhecer os direitos da personalidade, afirmando a importância do ser humano, fundamentando, assim, legislações com base do Princípio da Dignidade da Pessoa Humana, originando assim uma base fortíssima para a construção de nossa Carta Magna de 1988.
Outro aspecto relevante analisado no presente trabalho é o fato de se perceber a importância e a necessidade da realização de um estudo integrativo entre a Constituição Federal de 1988 e o Código Civil de 2002, superando-se desta maneira a dicotomia encontrada entre o direito público e o privado, posto que, em verdade, os mesmos direitos são tutelados, todavia, em perspectivas diferenciadas.
Por este motivo, percebe-se a importância do estudo integrativo, para afastar-se uma ética meramente tipificadora,á fim de atingirmos uma efetiva tutela dos direitos da pessoa humana, sendo, desta forma, tutelados referidos direitos da personalidade, em seus mais variados aspectos, e, por este motivo, encontra-se fundamentação a adoção da chamada cláusula geral de direitos da personalidade, conforme apresentado no presente trabalho.