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Direito civil NEGOCIOS JURIDICOS - AULA 9 - 12-9-18 SIMULAÇÃO E FRAUDE CONTRA CREDORES

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DIREITO CIVIL II
NEGÓCIOS JURÍDICOS
AULA 9
PROFA. TANIA AFONSO
12/9/18
Fraude contra credores 
e simulação.
Plano de ensino
(CONTEÚDO PROGRAMÁTICO)
1. Apresentação da matéria, do programa e da bibliografia. Atos jurídicos, fatos jurídicos e seus reflexos 
sociais. Fatos naturais (Fatos jurídicos "strictu sensu") e Fatos humanos (Atos jurídicos "lato sensu")
2. Negócio jurídico. Conceito, classificação e interpretação (Elemento Volitivo)
3. Teoria da Existência, validade e eficácia do negócio jurídico.
4. Elementos dos negócios jurídicos. Classificação. Elementos essenciais naturais: Vícios redibitórios e 
evicção. 
5. Elementos dos negócios jurídicos. Classificação. Elementos acidentais: Condição, termo e encargo.
6. Aquisição, defesa e extinção. Teorias sobre a autonomia privada.
7. Defeitos dos negócios jurídicos (vícios do negócio): erro ou ignorância, dolo, coação;
8. Estado de perigo e lesão de direito.
9. Fraude contra credores e simulação.
10. Invalidade e ineficácia dos negócios jurídicos
11. Atos ilícitos. Teoria geral. Responsabilidade Civil. Abuso de direito.
12. Atos lesivos não considerados ilícitos: Legítima defesa, exercício regular de direito e estado de 
necessidade.
13. Tempo no direito: Prescrição
14. Tempo no direito: Decadência
15. Provas no direito civil: Noções gerais. Espécies.
ÚLTIMO EXAME DA OAB (5/8/2018)
35ª Questão: A cidade de Asa Branca foi atingida por uma tempestade de grandes 
proporções. As ruas ficaram alagadas e a população sofreu com a inundação de 
suas casas e seus locais de trabalho. Antônio, que tinha uma pequena barcaça, 
aproveitou a ocasião para realizar o transporte dos moradores pelo triplo do preço 
que normalmente seria cobrado, tendo em vista a premente necessidade dos 
moradores de recorrer a esse tipo de transporte.
Nesse caso, em relação ao citado negócio jurídico, ocorreu
a) estado de perigo.
b) dolo.
c) lesão.
d) erro.
OAB 2017 (NOVEMBRO)
• Eduardo comprometeu-se a transferir para Daniela um imóvel que possui no 
litoral, mas uma cláusula especial no contrato previa que a transferência somente 
ocorreria caso a cidade em que o imóvel se localiza viesse a sediar, nos próximos 
dez anos, um campeonato mundial de surfe. Depois de realizado o negócio, 
todavia, o advento de nova legislação ambiental impôs regras impeditivas para a 
realização do campeonato naquele local. Sobre a incidência de tais regras, 
assinale a afirmativa correta. 
• a) Daniela tem direito adquirido à aquisição do imóvel, pois a cláusula especial 
configura um termo.
• b) Prevista uma condição na cláusula especial, Daniela tem direito adquirido à 
aquisição do imóvel.
• c) Há mera expectativa de direito à aquisição do imóvel por parte de Daniela, 
pois a cláusula especial tem natureza jurídica de termo.
• d) Daniela tem somente expectativa de direito à aquisição do imóvel, uma vez 
que há uma condição na cláusula especial.
OAB 2016
• Durante uma viagem aérea, Eliseu foi acometido de um mal súbito, que demandava 
atendimento imediato. O piloto dirigiu o avião para o aeroporto mais próximo, mas a 
aterrissagem não ocorreria a tempo de salvar Eliseu. Um passageiro ofereceu seus 
conhecimentos médicos para atender Eliseu, mas demandou pagamento bastante 
superior ao valor de mercado, sob a alegação de que se encontrava de férias. Os termos 
do passageiro foram prontamente aceitos por Eliseu. Recuperado do mal que o atingiu, 
para evitar a cobrança dos valores avençados, Eliseu pode pretender a anulação do 
acordo firmado com o outro passageiro, alegando
• a) erro.
• b) dolo.
• c) coação.
• d) estado de perigo.
•
OAB 2017
• Juliana, por meio de contrato de compra e venda, adquiriu de Ricardo, profissional 
liberal, um carro seminovo (30.000km) da marca Y pelo preço de R$ 24.000,00. Ficou 
acertado que Ricardo faria a revisão de 30.000km no veículo antes de entregá-lo para 
Juliana no dia 23 de janeiro de 2017. Ricardo, porém, não realizou a revisão e omitiu tal 
fato de Juliana, pois acreditava que não haveria qualquer problema, já que, 
aparentemente, o carro funcionava bem. No dia 23 de fevereiro de 2017, Juliana sofreu 
acidente em razão de defeito no freio do carro, com a perda total do veículo. A perícia 
demostrou que a causa do acidente foi falha na conservação do bem, tendo em vista que 
as pastilhas do freio não tinham sido trocadas na revisão de 30.000km, o que era 
essencial para a manutenção do carro.
• Considerando os fatos, assinale a afirmativa correta.
• a) Ricardo não tem nenhuma responsabilidade pelo dano sofrido por Juliana (perda 
total do carro), tendo em vista que o carro estava aparentemente funcionando bem no 
momento da tradição.
• b) Ricardo deverá ressarcir o valor das pastilhas de freio, nada tendo a ver com o 
acidente sofrido por Juliana.
• c) Ricardo é responsável por todo o dano sofrido por Juliana, com a perda total do 
carro, tendo em vista que o perecimento do bem foi devido a vício oculto já existente ao 
tempo da tradição.
• d) Ricardo deverá ressarcir o valor da revisão de 30.000km do carro, tendo em vista 
que ela não foi realizada conforme previsto no contrato.
OAB 2017
• 41ª Questão: Em um bazar beneficente, promovido por Júlia, Marta adquiriu um 
antigo faqueiro, praticamente sem uso. Acreditando que o faqueiro era feito de 
prata, Marta ofereceu um preço elevado sem nada perguntar sobre o produto. 
Júlia, acreditando no espírito benevolente de sua vizinha, prontamente aceitou o 
preço oferecido. Após dois anos de uso constante, Marta percebeu que os 
talheres começaram a ficar manchados e a se dobrarem com facilidade. 
Consultando um especialista, ela descobre que o faqueiro era feito de uma liga 
metálica barata, de vida útil curta, e que, com o uso reiterado, ele se deterioraria. 
De acordo com o caso narrado, assinale a afirmativa correta.
• a) A compra e venda firmada entre Marta e Júlia é nula, por conter vício em 
seu objeto, um dos elementos essenciais do negócio jurídico.
• b) O negócio foi plenamente válido, considerando ter restado comprovado que 
Júlia não tinha qualquer motivo para suspeitar do engano de Marta.
• c) O prazo decadencial a ser observado para que Marta pretenda 
judicialmente o desfazimento do negócio deve ser contado da data de descoberta 
do vício.
• d) De acordo com a disciplina do Código Civil, Júlia poderá evitar que o negócio 
seja desfeito se oferecer um abatimento no preço de venda proporcional à baixa 
qualidade do faqueiro.
 20º Exame da Ordem – OAB/RJ – 1ª fase
 3 – No que se refere à coação, assinale a alternativa 
INCORRETA:
 a) A coação física, violência, vis absoluta, exclui o 
consentimento. Não há negócio jurídico porque falta o 
elemento principal – a vontade do agente – que foi privado 
de manifestá-la, o que acarreta a inexistência do negócio;
 b) A coação, como vício do consentimento, se aprecia 
objetivamente, sem consideração à condição das partes;
 c) O caso do credor que ameaça levar o devedor a juízo, a 
fim de obrigá-lo ao pagamento da dívida, não constitui 
coação;
 d) A ameaça de um mal remoto ou evitável não constitui 
coação capaz de viciar o negócio.
 O negócio jurídico depende da regular manifestação de 
vontade do agente envolvido. Nesse sentido, o art. 138 do 
Código Civil dispõe que “são anuláveis os negócios 
jurídicos quando as declarações de vontade emanarem 
de erro substancial que poderia ser percebido por pessoa 
de diligência normal, em face das circunstâncias do 
negócio”. Relativamente aos defeitos dos negócios 
jurídicos, assinale a alternativa correta. 
 (A) O falso motivo, por sua gravidade, viciará a 
declaração de vontade em todas as situações e, por 
consequência, gerará a anulação do negócio jurídico. 
 (B) O erro não prejudica a validade do negócio jurídico 
quando a pessoa, a quem a manifestação de vontade se 
dirige, se oferecer para executá-la na conformidade da 
vontade real do manifestante. 
 (C) O erro é substancial quando concerne à identidade 
ou à qualidadeessencial da pessoa a quem se refira a 
declaração de vontade, ainda que tenha influído nesta de 
modo superficial. 
 (D) O erro de cálculo gera a anulação do negócio 
jurídico, uma vez que restou viciada a declaração de 
vontade nele baseada. 
OAB 2011
 IV EXAME DE ORDEM UNIFICADO– PROVA PRÁTICO-PROFISSIONAL 
– DIREITO CIVIL Página 14 QUESTÃO 4 
 A arquiteta Veronise comprou um espremedor de frutas da marca Bom 
Suco no dia 5 de janeiro de 2011. Quarenta dias após Veronise iniciar 
sua utilização, o produto quebrou. Veronise procurou uma autorizada 
e foi informada de que o aparelho era fabricado na China e não havia 
peças de reposição no mercado. No mesmo dia, ela ligou para o 
Serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC) da empresa. A 
orientação foi completamente diferente: o produto deveria ser levado 
para o conserto. Passados 30 dias da ocasião em que o espremedor 
foi encaminhado à autorizada, o fabricante informou que ainda não 
havia recebido a peça para realizar o conserto, mas que ela chegaria 
em três dias. Como o problema persistiu, o fabricante determinou que 
a consumidora recebesse um espremedor novo do mesmo modelo. 
 Diante da situação apresentada, responda aos itens a seguir, 
empregando os argumentos jurídicos apropriados e a fundamentação 
legal pertinente ao caso. 
 a) O caso narrado caracteriza a ocorrência de qual instituto jurídico, 
no que se refere ao defeito apresentado pelo espremedor de frutas? 
(Valor: 0,5) 
 b) Como advogado (a) de Veronise, analise a conduta do fornecedor, 
indicando se procedeu de maneira correta ao deixar de realizar o 
reparo por falta de peça e determinar a substituição do produto por um 
novo espremedor de frutas. (Valor: 0,75) 
GABARITO OFICIAL – Civil – Questão 4
No primeiro tópico, o examinando deve informar a ocorrência 
de vício do produto, instituto caracterizado por ser VR. Deve 
explicitar que o defeito só seria “de conhecimento” após uso.
No segundo tópico, o candidato deve explicitar que há, por 
parte do fabricante, obrigatoriedade de manter peças de 
reposição no mercado mas no caso em tela, como se 
passaram mais de 30 dias que o produto foi para conserto, 
cabe ao consumidor decidir se quer a troca do produto, 
abatimento no preço ou devolução do dinheiro, razão pela 
qual se pode afirmar que procedeu equivocadamente o 
fornecedor ao determinar, sem previamente consultar a 
consumidora, a substituição do produto.
OAB 126 – 2ª FASE
•
Jacobino, acossado por seu credor Girondino, 
que ameaçava de mal maior a sua família caso 
não pagasse suas dívidas, viu-se obrigado a 
vender a este a casa onde residiam. Com o fruto 
da venda, pagou as dívidas, mas devido à pressão 
exercida pelo credor a transação deu-se por preço 
equivalente à metade do valor justo para o imóvel. 
Jacobino pode exercer algum direito perante 
Girondino, para recuperar a casa ou o valor pago? 
Com qual fundamento?
GABARITO OFICIAL DA OAB/SP
• O contrato de compra e venda pode ser anulado 
por lesão (Código Civil, art. 157), em razão da 
desproporção entre as prestações e do estado de 
premente necessidade que levou Jacobino a 
vender o imóvel. Eventualmente, poderá Jacobino 
receber a complementação do valor justo (CC, art. 
157, §2o).
SIMULAÇÃO
• A simulação é um vício do negócio
jurídico consistente em um
desacordo entre a vontade
declarada e o que é desejado com o
intuito de enganar terceiros.
Conforme ensina Flávio Tartuce, “há
uma discrepância entre a vontade e
a declaração; entre a essência e a
aparência”.
Simulação
• Simulação, como conceito jurídico, corresponde ao ato, 
ou negócio jurídico, que oculta a real intenção do 
agente. Ao contrário do que dispunha o Código Civil de 
1916, a simulação agora é causa de nulidade do ato e 
não mais de anulabilidade. A razão dessa alteração 
reside no fato de que na simulação, não há vício da 
vontade. Há, sim, uma aparência de legalidade, mas 
o interior do ato esconde a intenção de burla à lei. 
• A simulação tecnicamente, não figura dentre os 
vícios negociais presentes no Código Civil.
• O que é uma pessoa simulada? Não é uma pessoa 
“dissimulada”, como recorrentemente dito; o termo 
correto é “simulada”. 
• É uma pessoa falsa, que aparenta algo que não é. 
• É idêntico o raciocínio do vício negocial da 
simulação: um ato falso é praticado. 
• DISSIMULADO – esconde o que é
• SIMULADO – aparenta algo que não é
 Veremos simulação devidamente elencada no 
Código Civil, mas no Art. 167 temos o seguinte:
 Art. 167. É nulo o negócio jurídico simulado, 
mas subsistirá o que se dissimulou, se válido for na 
substância e na forma. 
 § 1o Haverá simulação nos negócios jurídicos 
quando: 
 I - aparentarem conferir ou transmitir direitos a 
pessoas diversas daquelas às quais realmente se 
conferem, ou transmitem; 
 II - contiverem declaração, confissão, condição 
ou cláusula não verdadeira; 
 III - os instrumentos particulares forem 
antedatados, ou pós-datados.

Caso para análise
 Por entender que havia irregularidades em um 
contrato de compra e venda, o juiz Llewellyn Davies 
A. Medina, de Belo Horizonte, determinou o 
cancelamento da escritura, bem como uma 
retificação no documento com a inclusão do nome 
de uma empresária que impetrou a ação. Falência de 
sociedade, duas simulações de venda de imóvel e 
empréstimo fraudulento foram algumas das 
irregularidades observadas pelo juiz. A decisão foi 
publicada no dia 17 de maio de 2014.
 A empresária entrou com uma ação ordinária com 
pedido de anulação de uma escritura pública em 
2008 como resposta a uma ação de rescisão 
contratual que pedia o fim de um comodato e 
solicitava que ela devolvesse o apartamento onde 
residia com a filha, recém nascida. 
 A ação de rescisão contratual havia sido proposta 
por um casal que alegava ter comprado o 
apartamento do antigo sócio da empresária, com a 
condição de assumir as providências para que a 
empresária desocupasse o imóvel. O casal alegou 
ainda que comprou o imóvel como forma de receber 
uma dívida, uma vez que o valor do débito seria 
descontado do valor negociado pelo imóvel. Pedia 
ainda, naquele processo, em caráter liminar, que a 
Justiça determinasse a imissão de posse e 
consequente desocupação do imóvel pela 
empresária. 
 Porém, em audiência de justificação determinada 
pelo juiz naquele processo foi verificado que as 
provas produzidas eram conflitantes, o que levou o 
juiz a não conceder a liminar.
 O juiz Llewellyn Davies observou que havia 
contradições nos depoimentos dos compradores e 
do ex-sócio, nos documentos apresentados, nos 
contratos e comprovantes bancários
 Ficou comprovado, segundo o magistrado, que a 
empresária simulou a venda de seu apartamento 
ao ex-sócio, por sugestão dele, a fim de utilizar o 
dinheiro do Fundo de Garantia por Tempo de 
Serviço (FGTS) da esposa dele, liberado pela 
Caixa Econômica Federal, para saldar as dívidas 
da sociedade, causadas, como demonstrou a 
empresária, pela má gestão de seu ex-sócio. 
 A empresária disse que devolveu os valores 
através de depósitos nas contas utilizadas pelos 
sócios. Ela revelou ainda que a escritura do 
imóvel deveria ter sido novamente registrada em 
seu nome pelo ex-sócio, mas ao invés disso, de 
posse do documento, mesmo tendo recebido 
todo o dinheiro emprestado pela esposa de 
volta, ele simulou a venda do apartamento para o 
outro casal
• O primeiro negócio analisado pelo juiz foi a venda do 
apartamento para o ex-sócio da empresária. Llewellyn 
Davies entendeu que os documentos anexados ao 
processo comprovaram que a venda do apartamento 
ocorreu como narrada pela empresária. Também que 
os valores que foram recebidos, oriundos do FGTS da 
esposa do sócio, retornaram para as contas que eram 
administradas por ele, fato que demonstra que não 
houve pagamento do respectivo preço pela suposta 
compra e venda. Comprovada a simulação, o juiz 
declarou a nulidade do negócio jurídico 
 Atento ao diposto no artigo 167 do Código Civil, que ressalvaos direitos dos terceiros de boa-fé, o juiz passou a analisar o 
direito do outro casal que afirmava ter adquirido o imóvel do 
ex-sócio. Mas o magistrado considerou os depoimentos do 
casal e do ex-sócio da empresária divergentes, inclusive 
quanto ao valor da venda do apartamento. Além disso, 
Llewellyn Davies A. Medina classificou como muito estranha a 
conduta do casal, que deveria pagar aproximadamente R$ 50 
mil, sem sequer comparecer ao imóvel para avaliá-lo. 
 Assim, ele reconheceu a simulação em relação a essa segunda 
venda do apartamento e a nulidade dos negócios, julgando 
improcedente a ação que era movida contra a empresária. 
Não há que se falar em rescisão do contrato de comodato que, 
na verdade, nunca ocorreu, concluiu ele. 
 Na simulação, o negócio que se apresenta à vista de 
todos não é o realmente desejado pelas partes, mas é 
aquele que confere aparência legal ao que a 
verdadeira manifestação volitiva persegue. Destaque-
se ainda que essa disparidade entre o querido e o 
apresentado não é ocasional, mas proposital.
 A característica mais relevante do negócio simulado é 
a divergência intencional entre a vontade e a 
declaração. Não há que se falar aqui em vício da 
vontade, pois essa se manifesta de forma 
desembaraçada. A simulação é um vício social, na 
medida em que as partes, agindo em conluio, criam a 
imagem de um negócio diferente do pretendido
•Diante da análise dos artigos 167 e 
48, parágrafo único, ambos do 
Código Civil, pode-se dizer que o ato 
simulado é nulo ou anulável? 
• O ato simulado é nulo (art. 167 , CC) e não anulável 
como disposto no art. 48 , parágrafo único do mesmo 
instituto. Por isso os doutrinadores defendem que 
esse artigo foi equivocado, sendo necessário, com 
urgência, uma modificação legislativa para adaptá-lo 
melhor ao sistema codificado. Neste sentido, o prof. 
Pablo Stolze defende que, enquanto não concretizada 
tal alteração, deve-se entender que se trata de um 
prazo especial para a pratica de atos jurídicos não 
negociais. 
O que diz o artigo para vicios simulados? 
 É nulo o negócio, ou seja, invalidade absoluta. 
 É o único vício negocial que gerará nulidade. Todos os 
demais vícios negociais gerarão somente a anulabilidade. 
Haverá simulação dos negócios jurídicos quando:
 •I: aparentar conferir: isso é exatamente a característica 
de alguém simulado;
 •II: firma-se um contrato, e depois se vê que uma 
cláusula não corresponde à realidade;
 •III: é a coisa que mais acontece. “Bota a data de 
ontem!” Isso é simulação, porque não é verdade. Se 
alguém prova que aquele negócio não foi assinado na 
data, haverá simulação
• Nesse sentido, na caracterização da simulação, 
destaca-se a 
• (i) intencionalidade na divergência entre vontade e 
declaração, 
• (ii) acordo simulatório entre os que declaram 
vontade, (iii) o intuito de enganar terceiros
• Há intencionalidade na divergência entre vontade e 
declaração. O emitente sabe que a declaração é 
errada, mas ainda assim procede com essa falsa 
representação da realidade.
 O intuito de enganar não pode ser equiparado com o de 
prejudicar terceiros. Não há, na simulação, vinculação 
necessária de prejuízo a alguém. No entanto, quando essa 
vontade de implicar prejuízo a outrem existe, diz-se que a 
simulação é maliciosa. Fácil, diante do exposto, é 
perceber que a declaração que não visa ao mal alheio 
reputa-se como inocente.
 No que se refere a essa distinção entre inocente e 
maliciosa, erige-se uma celeuma doutrinária. No Código 
anterior, o art. 103 determinava que somente a simulação 
maliciosa viciava o negócio. Tal regra não foi repetida pelo 
atual Código, o que levou grande parte dos autores, na 
esteira da corrente jurisprudencial já majoritária, a 
acreditar que a simulação inocente ensejaria a nulidade 
do negócio da mesma forma que a maliciosa
• A simulação pode assumir a forma de simulação 
relativa e simulação absoluta. Há simulação absoluta 
quando a declaração falaciosa se faz objetivando a 
não produção de nenhum resultado. O interesse real 
dos agentes é não praticar ato algum. Na realidade, 
não há que falar em ato ou negócio encoberto, pois 
nenhum ato existe.
• Na simulação relativa há de fato um negócio 
pretendido pelas partes, mas a intenção delas é que 
esse negócio permaneça dissimulado (daí também ser 
chamada dissimulação). O negócio aparente tem por 
escopo encobrir outro de natureza diversa
• Se esse ato não prejudicar terceiros e não atentar 
contra a lei, o ato que o dissimula pode ser afastado, 
assumindo a vontade perante todos a sua face real. 
Esse é o sentido da lei, manifestado pelo art. 167 do 
Código Civil:
• Art. 167. É nulo o negócio jurídico simulado, mas 
subsistirá o que se dissimulou, se válido for na 
substância e na forma.
 Apesar de inválido o negócio simulado (nulo), subsistirá o 
dissimulado se suas forma e substância. forem válidas.
 Em relação à simulação relativa, a construção doutrinária 
enfoca ainda 3 formas pelas quais ela pode se manifestar:
 (i) Sobre a natureza do negócio – ex. simulação de 
doação, quando na realidade procede-se com compra e 
venda. O objetivo é fugir da excessiva tributação que 
marca a alienação de imóveis.
 (ii) Sobre o conteúdo do negócio – ex. numa alienação, o 
valor definido no instrumento contratual é inferior o valor 
efetivo da transação;
 (iii) Sobre a pessoa que participa do negócio – trata-se 
de uma verdadeira construção ficcional, onde outra 
pessoa é envolvida na transação a fim de mascarar o 
conhecimento daqueles que realmente atuam no ato. É o 
caso dos chamados “laranjas” ou “testas de ferro”.
• O art. 168 destaca os legitimados, que podem ser 
quaisquer interessados, bem como o Ministério 
Público, nos casos em que seja chamado a intervir.
 24º Exame da Ordem – OAB/RJ – 1ª fase
 40 – Sobre simulação no novo Código Civil, é correto 
afirmar que:
 a) Não se trata de hipótese de anulação, como no Código 
anterior, mas sim de nulidade do negócio jurídico;
 b) Decorre da prática de atos legais, mas com a finalidade 
de prejudicar terceiros, ou, ao menos, frustrar a aplicação 
de determinada regra jurídica;
 c) Foi excluída do novo Código Civil, não sendo causa de 
inexistência, nem nulidade e, tampouco, de anulação do 
negócio jurídico;
 d) É o artifício ou expediente astucioso, empregado para 
induzir alguém à prática de um ato jurídico, que o 
prejudica.
• 22º Exame da Ordem – OAB/RJ – 1ª fase
• 3 – Em relação à simulação é CORRETO afirmar:
• a) tal como na coação, uma das partes é forçada, 
mediante grave ameaça, a praticar o ato ou celebrar o 
negócio;
• b) na simulação relativa o negócio dissimulado não 
subsiste, mesmo que seja válido na substância e na forma;
• c) nunca é acordada com a outra parte ou com as pessoas 
a quem ela se destina;
• d) é uma declaração falsa, enganosa, da vontade, visando 
aparentar negócio diverso do efetivamente desejado.
 20º Exame da Ordem – OAB/RJ – 1ª fase
 3 – No que se refere à coação, assinale a alternativa 
INCORRETA:
 a) A coação física, violência, vis absoluta, exclui o 
consentimento. Não há negócio jurídico porque falta o 
elemento principal – a vontade do agente – que foi 
privado de manifestá-la, o que acarreta a inexistência do 
negócio;
 b) A coação, como vício do consentimento, se aprecia 
objetivamente, sem consideração à condição das partes;
 c) O caso do credor que ameaça levar o devedor a juízo, a 
fim de obrigá-lo ao pagamento da dívida, não constitui 
coação;
 d) A ameaça de um mal remoto ou evitável não constitui 
coação capaz de viciar o negócio.
 21. (OAB ES CESPE/UnB 2004) No tocante aos defeitos do ato e do 
negócio jurídico, assinale a opção correta.
 A) Para caracterização do vício da simulação, com a consequente 
nulidade do negócio jurídico, é necessário que, na conduta do 
agente, ocorra a intenção de lesar terceiro. 
 B) Constatada a ocorrência de vício da simulação no negócio 
jurídico, admite-se a subsistência do atodissimulado se este for 
válido na forma e na substância. Assim, na simulação, sobrevive o 
negócio jurídico dissimulado, que consistia na verdadeira intenção 
das partes, e aniquila-se o negócio jurídico simulado, que se 
apresenta no mundo real, mas veicula vontade enganosa.
 C) O negócio jurídico é anulável, se atingido por erro de direito que 
recaia sobre norma cogente, bem como sobre norma dispositiva, 
ambas sujeitas ao livre acordo das partes, mesmo se tal transação 
fosse considerada legal por uma das partes.
 D) O pagamento de dívida vencida efetuado pelo devedor insolvente 
a um de seus credores quirografários presume-se em fraude ao 
concurso de credores, o que obriga o beneficiado a devolver o que 
recebeu em proveito do acervo do devedor.
Aula do dia 19/9/11
fraude contra credores
Profa Tânia
 A respeito do negócio jurídico é INCORRETO afirmar que 
 a) os negócios jurídicos benéficos e a renúncia 
interpretam-se estritamente. 
 b) a validade do negócio jurídico requer agente capaz, 
objeto lícito, possível, determinado ou determinável e 
forma prescrita ou não defesa em lei. 
 c) o silêncio importa anuência, quando as circunstâncias 
ou os usos o autorizarem, ainda que seja necessária a 
declaração de vontade expressa. 
 d) os negócios jurídicos devem ser interpretados 
conforme a boa-fé e os usos do lugar da sua celebração. 
 e) nas declarações de vontade se atenderá mais à 
intenção nelas consubstanciada do que no sentido literal 
da linguagem
• A respeito dos defeitos e da invalidade do negócio 
jurídico, assinale a opção correta.
• a) São anuláveis os negócios jurídicos por vício de 
erro. 
• b) São nulos os negócios jurídicos por vício de dolo. 
• c) O negócio jurídico resultante do vício de coação 
não é passível de confirmação, por ser nulo de pleno 
direito. 
• d) Configura-se o vício de lesão quando alguém, 
premido pela necessidade de salvar a si mesmo, ou a 
pessoa de sua família, de grave dano conhecido pela 
outra parte, assume obrigação onerosa. 
• Num negócio jurídico, houve erro de cálculo do valor 
das prestações mensais do preço estabelecido para a 
transação. Nesse caso, o erro de cálculo 
• a) implica a inexistência do negócio jurídico. 
• b) apenas autoriza a retificação da declaração de 
vontade. 
• c) acarreta a nulidade do negócio jurídico. 
• d) possibilita a anulação do negócio jurídico. 
• e) só possibilita a anulação do negócio jurídico se o 
seu objeto for bem imóvel.
•
 José recebeu quantias em dinheiro de Paulo, Pedro e 
Antonio, que assinaram escrituras de doação em seu 
favor, com fundado temor de dano imediato decorrente 
de ameaças por este formuladas. José ameaçou Paulo de 
agressão física; intimidou Pedro, ameaçando agredir seu 
neto; e disse a Antonio que, se não o fizesse, atearia fogo 
em sua fazenda. Nesse caso, pode(m) ser anulada(s) por 
coação a(s) doação(ões) feita(s) por 
 a) Pedro e Antonio, apenas. 
 b) Paulo, apenas. 
 c) Paulo e Pedro, apenas. 
 d) Paulo e Antonio, apenas. 
 e) Paulo, Pedro e Antonio. 
• São requisitos do instituto da lesão, EXCETO
• a) onerosidade excessiva para um dos contratantes. 
• b) desproporcionalidade das prestações. 
• c) imprevisibilidade do fator de desestabilização do 
contrato. 
• d) inexperiência de um dos contratantes. 
• e) imperativo em contratar de uma das partes. 
 Marcelo, filho de Joana e Lauro, após realizar uma ressonância 
magnética, teve diagnóstico de câncer de pulmão. Com isso, 
Lauro, no dia seguinte, vendeu seu apartamento pela metade 
do preço de mercado, a fim de levar seu filho para fazer 
tratamento em renomado hospital nos Estados Unidos da 
América. Lá chegando, foram informados de que o diagnóstico 
fora equivocado. Ao retornar ao Brasil, Lauro procurou um 
advogado que lhe informou acerca da possibilidade de ser 
anulado o negócio jurídico relativo à venda do imóvel. 
 Nessa situação hipotética, a anulação da venda do imóvel se 
justifica por motivo de
 a) erro. 
 b) estado de perigo. 
 c) lesão. 
 d) onerosidade excessiva. 
 e) estado de necessidade. 
FRAUDE CONTRA CREDORES
CASO GERADOR
 Imaginem que Estevam solicita a Sônia um empréstimo. 
Ela, que o conhece bem, prontamente concede R$ 
2.000,00, e nem se dá ao trabalho de perguntar para que 
Estevam queria o dinheiro. Depois de dois meses Sônia vê 
que Estevam está dirigindo o carro do ano, passeando de 
lancha, jogando golfe e se alimentando em caros 
restaurantes. Ele é um homem de negócios (que Sônia 
imaginava estar passando por uma má fase), portanto 
também costuma contrair outros empréstimos. Seus 
credores cobram e ele, de pronto, paga suas dívidas, 
inclusive algumas maiores que os dois mil reais. Mas “se 
esquece” de Sônia. Está evidente que Estevam tem 
condições de pagar o empréstimo, ainda que com os 
juros, e não o fez. Está configurada a fraude contra 
credor?
 Credores são todos aqueles que têm direitos. O Código 
Civil deve proteger esses direitos, sob pena de se voltar 
ao estado de natureza: se não há garantias, as pessoas 
buscarão o cumprimento das obrigações "no porrete." A 
fraude contra credores é, então, a tentativa ou a prática 
de lesar os credores. O raciocínio é bem fácil: tenho um 
credor, e logicamente tenho conhecimento da dívida, e, 
antes ou durante o processo de cobrança, começo a 
dilapidar meu patrimônio, na tentativa de reduzir a minha 
insolvência. O que é isso? Entenda, didaticamente, como 
falência da pessoa natural. Não se esqueça que, 
tecnicamente, esse termo não existe. Significa que ela 
deve mais na praça do que tem a receber. Também, por 
óbvio, não configura insolvência caso o patrimônio possa 
suportar a dívida, como possuir R$ 1 milhão e dever 
apenas R$ 100 mil. 
PRIMEIROS PASSOS
• A garantia dos credores para a satisfação de seus 
créditos reside no patrimônio do devedor. Enquanto o 
devedor, no curso de sua vida jurídica, pratica atos 
que não colocam em choque a garantia de seus 
credores, está ele plenamente livre para agir dentro 
da capacidade que o Direito lhe concede.
• No momento em que as dívidas do devedor superam 
seus créditos, mas não só isso, no momento em que 
sua capacidade de produzir bens e aumentar seu 
patrimônio mostra-se insuficiente para garantir suas 
dívidas, seus atos de alienação tornam-se suspeitos e 
podem ser anulados, configurando a fraude contra 
credores
• Se o devedor desfalca seu patrimônio de forma 
maliciosa, a ponto de não garantir mais o pagamento 
de todas as suas dívidas, tornando-se assim 
insolvente, com o seu passivo superando o ativo, 
configura-se a fraude contra credores.
• Desta feita, fraude contra credores é, portanto, todo o 
ato suscetível de diminuir ou onerar seu patrimônio, 
reduzindo ou eliminando a garantia que este 
apresenta para pagamento de suas dívidas, praticado 
por devedor insolvente, ou por ele reduzido à 
insolvência
Requisitos da fraude contra credores
• São três os requisitos para a tipificação da fraude 
contra credores: 
• 1) a anterioridade do crédito, 
• II) o consilium fraudis e 
• III)o eventus damni (alguns doutrinadores entendem 
que são somente os dois últimos).
I) A anterioridade do crédito em face da 
prática 
• Prática fraudulenta está expressamente prevista no 
art. 158, § 2o.
• Art. 158. Os negócios de transmissão gratuita de bens 
ou remissão de dívida, se os praticar o devedor já 
insolvente, ou por eles reduzido à insolvência, ainda 
quando o ignore, poderão ser anulados pelos 
credores quirografários, como lesivos dos seus 
direitos.
• § 2º Só os credores que já o eram ao tempo daqueles 
atos podem pleitear a anulação deles.
• É facilmente perceptível a razão dessa exigência. 
Quem contrata com alguém já insolvente não 
encontra patrimônio garantidor. Os credores 
posteriores não encontram a garantia almejada pela 
lei. Sua obrigação é certificar-se da situação 
patrimonial do devedor.
• Assim, não podem os credores posteriores insolvência 
do devedor, pleitear a anulação de negóciosjurídicos 
realizados pelo devedor, se ao tempo da realização do 
negócio jurídico não eram dele credores
II) O eventus damni (resultado do dano) 
 necessita estar presente para ocorrer a fraude 
tratada. Aqui não há divergência. Sem o prejuízo, não 
existe legítimo interesse para propositura da ação 
pauliana.
 O dano, portanto, constitui elemento da fraude 
contra credores.
 O Eventus Damni, portanto, é o elemento objetivo da 
fraude, pois fraude é todo ato prejudicial ao credor, 
por tornar insolvente o devedor, ou por ter sido 
praticado em estado de insolvência.
 Esse elemento exige a prática concreta do ato, a 
existência do defeito fático, da presença de elemento 
inadequado na prática do 
III - O terceiro requisito é elemento subjetivo, ou seja, o consilium fraudis (conluio 
fraudulento), 
• que é a má-fé do devedor, a consciência de prejudicar 
terceiros.
• Apesar do Código Civil entender que para existir a 
fraude não precisa necessariamente que o adquirente 
saiba da insolvência do devedor, leciona o 
ordenamento jurídico que o negócio jurídico somente 
poderá ser anulado quando o adquirente tiver agido 
de má-fé juntamente com o devedor, no sentido de 
que sabia da insolvência dele e ajudou dilapidar seu 
patrimônio, pois ao contrário disso, preservam-se os 
direitos do adquirente de boa-fé. 
 Assim a fraude constitui-se, independentemente do 
conhecimento ou não do vício. Basta o estado de 
insolvência do devedor para que o ato seja tido como 
fraudulento, pouco importando que o devedor ou o 
terceiro conhecesse o estado de insolvência. 
 A fraude, portanto, somente é possível de ser anulada 
quando comprovado que o adquirente sabia ou tinha 
como saber que o outro contratante era insolvente. O 
ordenamento jurídico presume algumas situações sobre a 
existência da má-fé por parte do adquirente, como há 
hipótese do artigo 159 do Código Civil, que leciona que 
quando a insolvência do alienante for notória, ou ainda, 
quando houver motivo para ser conhecida do outro 
contratante ela será presumida.
• A notoriedade tratada pelo artigo 159 do CC, diz-se 
naqueles casos em que o alienante possui vários 
títulos protestados, quando possui várias execuções 
ou demandas contra si.
• Quando o mesmo artigo fala em “motivos para ser 
conhecido do contratante”, trata daqueles casos em 
que o adquirente conhece a má situação financeira do 
alienante, aquisição do bem por preço vil (preço 
baixo), parentesco próximo entre as partes, etc
• Um outro dado relevante é a vedação à transmissão 
gratuita de bens, seja a doação ou a remissão de 
dívidas. Nesse caso, o legislador foi claro ao 
considerar desnecessária a comprovação de fraude. 
Como as liberalidades, tal como a doação, são 
negócios celebrados a título gratuito, sem que 
importe em contraprestação, a lei as proíbe em 
resguardo ao interesse dos credores (art. 158 do 
Código Civil).
ação pauliana
• A ação pauliana, por sua vez, é titularizada pelo 
credor lesado, que a ajuíza tutelando direito seu. 
Objetiva a invalidação do ato jurídico que afetou a 
garantia que o credor encontra no patrimônio do 
devedor. Essa ação deve ser movida contra todos os 
participantes do ato fraudulento, ou seja, todos que 
integraram o pólo passivo da relação obrigacional. 
Essa regra deriva do art. 161, que na realidade 
assumiria redação mais apropriada aludisse à idéia de 
que todos os envolvidos na construção da fraude 
figurariam como réus.
 Em relação aos efeitos da ação pauliana, cumpre 
destacar que as vantagens oriundas da anulação do 
ato, nos termos do art. 165, remetem ao acervo de 
bens sobre o qual ocorrerá o concurso de credores. A 
anulação beneficiará a todos os credores, sejam 
quirografários ou os dotados de algum privilégio.
 A fraude contra credores é apenas uma das espécies 
de fraude. A sofisticação da mente humana é 
suficientemente capaz de criar novas situações onde 
o embuste se revestirá, aparentemente, dos 
requisitos de validade. Muitas vezes competirá ao juiz 
ou árbitro, no caso concreto, aferir a intenção dos 
agentes determinando a anulação do ato.
Caso gerador
 Alfredo e Valdete são casados e dentre os bens do casal 
encontra-se um apartamento locado no bairro de 
Laranjeiras. Com a aposentadoria de Alfredo, o casal, nos 
próximos meses, finalmente colocará em prática o 
acalentado sonho de se mudarem para a cidade de Natal.
 Nesse sentido, Alfredo e Valdete resolvem doar o 
apartamento em questão aos filhos do casal, Lucas e 
Letícia. A razão de ser dessa transferência foi o fato de os 
referidos filhos já se encontrarem formados, 
independentes economicamente, e, portanto, com 
condições de arcar com despesas próprias da 
manutenção de um imóvel.
 Deve-se destacar ainda que, afora o apartamento em 
questão, Alfredo e Valdete possuem outros imóveis, um 
residencial e ainda uma sala comercial – a qual, no 
entanto, encontra-se penhorada.
 A penhora se deu em virtude do não adimplemento por parte 
do casal de um empréstimo levantado junto ao Banco Alfa S/A 
há alguns meses.
 Confiante de que o valor do imóvel penhorado saldaria suas 
dívidas, o casal resolveu dar seguimento aos seus intentos. 
Com o imóvel já doado, Alfredo e Valdete planejavam a vida 
na nova cidade.
 Ficaram surpresos, contudo, quando receberam a citação 
judicial informando do ajuizamento de ação pauliana visando a 
desconstituição da doação celebrada. O Banco Alfa afirmou 
que o valor do imóvel penhorado não cobria o valor da dívida 
e os custos com o trâmite judicial. Destacou a instituição 
financeira que o valor de mercado do bem sofrera um 
considerável decréscimo nos últimos meses e dessa forma, 
uma garantia suplementar seria necessária, daí a necessidade 
de igualmente penhorar o imóvel do casal.
 Alfredo e Valdete contestam essas alegações destacando que o 
valor do imóvel seria sim suficiente para saldar o débito. Ainda 
que não o fosse, há a impossibilidade de anular o negócio, 
visto que a intenção dos doadores não foi a de burlar a lei.
• Com base no exposto, responda:
• a) A ação pauliana foi ajuizada com fundamente em 
que instituto jurídico? Enumere quais são os 
elementos desse instituto e quem são os integrantes 
do pólo passivo da relação processual.
• b) As alegações do casal na contestação são 
procedentes? Justifique.
CONTINUA 
NA PRÓXIMA 
AULA....

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