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Direito das Coisas: Posse, Propriedade e Direitos Reais

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DIREITO CIVIL: ANALISTA JUDICIÁRIO – TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO CEARÁ 
PROFESSOR LAURO ESCOBAR 
 Prof. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br 1 
 
Aula 10 
 
Direito das Coisas 
 
 
 
 
 
 
�Itens específicos do edital que serão abordados nesta aula →→→→ 
DIREITO DAS COISAS. Posse. Direitos Reais. Propriedade. Direitos 
Autorais. Superfície. Servidões. Usufruto. Uso. Habitação. Direito do 
promitente comprador. Direitos reais de garantia. 
Subitens →→→→ Posse: conceito, classificação, aquisição e perda. Efeito e proteção. 
Propriedade: aquisição e perda da propriedade móvel e imóvel. Direitos 
Autorais. Direitos reais sobre coisa alheia: Enfiteuse, Superfície. Servidão. 
Usufruto. Direito de Uso. Direito de Habitação. Penhor. Hipoteca. Anticrese e 
Alienação Fiduciária em Garantia. Concessão de uso especial para fim de 
moradia. Concessão de direito real de uso. 
�Legislação a ser consultada →→→→ Código Civil: arts. 1.196 até 1.510. 
Posse: (arts. 1.196 até 1.224). Propriedade (arts. 1.228 até 1.368). Direitos 
reais sobre coisa alheia (arts. 1.369 até 1.510). Lei dos Direitos Autorais 
(Lei n° 9.610/98). 
 
Índice 
 
Introdução, conceito, características, conteúdo ............................. 02 
POSSE ........................................................................................... 05 
Teorias sobre a Posse ............................................................... 05 
Detenção ................................................................................... 06 
Classificação ............................................................................. 07 
Aquisição .................................................................................. 11 
Efeitos ...................................................................................... 12 
Perda ........................................................................................ 14 
Composse ................................................................................. 14 
 
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DIREITO CIVIL: ANALISTA JUDICIÁRIO – TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO CEARÁ 
PROFESSOR LAURO ESCOBAR 
 Prof. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br 2
PROPRIEDADE ................................................................................ 15 
Propriedade Resolúvel .............................................................. 18 
Imóvel. Aquisição e Perda. Usucapião. ..................................... 19 
Móvel. Aquisição e Perda .......................................................... 25 
Condomínio ............................................................................... 27 
Direitos de Vizinhança .............................................................. 34 
Direitos Autorais ....................................................................... 38 
DIREITO REAIS SOBRE COISAS ALHEIAS ....................................... 40 
Direitos Reais de Gozo ou Fruição ............................................. 41 
Enfiteuse ............................................................................. 41 
Superfície ............................................................................ 43 
Servidão Predial .................................................................. 45 
Usufruto .............................................................................. 48 
Direito de Uso ...................................................................... 51 
Direito de Habitação ............................................................ 52 
 Direitos Reais de Garantia ....................................................... 53 
Penhor ................................................................................. 55 
Hipoteca .............................................................................. 59 
Anticrese.............................................................................. 63 
Alienação Fiduciária em Garantia ........................................ 65 
 Direitos Reais de Aquisição ...................................................... 68 
Compromisso Irretratável de Compra e Venda .................... 68 
 Direitos Reais de Interesse Social ............................................ 70 
RESUMO ESQUEMÁTICO DA AULA ................................................... 71 
Bibliografia Básica .......................................................................... 80 
EXERCÍCIOS COMENTADOS ............................................................ 81 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
A doutrina costuma afirmar que o Direito Patrimonial se divide em 
Direito Obrigacional e Direito das Coisas. Nas aulas anteriores falamos sobre o 
Direito das Obrigações (a maior fonte das obrigações é o contrato), que 
compõe o chamado Direito Pessoal. Hoje veremos o Direito das Coisas. 
Com isso mudamos um pouco a ótica do Direito. No Direito das Obrigações 
estudamos as relações das pessoas entre si. Já no Direito das Coisas o 
relacionamento das pessoas deixa de ser foco principal. Agora passaremos a 
estudar a relação dos homens com as coisas, evidentemente que movida 
por um interesse econômico. Assim, iniciando nosso estudo e para deixar 
bem diferenciada esta dualidade do Direito Civil, apresentamos o seguinte 
quadro. 
 
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QUADRO COMPARATIVO 
DIREITO PESSOAL DIREITO DAS COISAS 
1. Relação entre Pessoas. 
Dualidade de sujeitos: 
a) Ativo: credor 
b) Passivo: devedor 
1. Relação direta entre o 
homem e as coisas. Apenas um 
Sujeito: Ativo 
2. Objeto: sempre uma 
prestação do devedor (dar, fazer ou 
não fazer). 
2. Objeto: sempre uma coisa 
(corpórea ou incorpórea). 
3. Princípio básico: autonomia 
privada. 
3. Princípio básico: regras de 
direito público. 
4. Não taxativo: as modalidades 
podem estar previstas ou não em lei. 
4. Taxatividade: espécies 
previstas expressamente em lei 
(numerus clausus); oponíveis erga 
omnes. 
5. Violados: lesado pode 
ingressar com ação somente contra a 
outra a parte. 
5. Violados: lesado pode 
ingressar com ação contra quem 
detiver a coisa. 
6. Extingue-se pela inércia do 
interessado (prescrição). 
6. Conserva-se até que haja uma 
situação contrária (usucapião). 
Ex.: contratos em geral Ex.: propriedade 
CONCEITO 
Baseado no quadro acima, podemos conceituar o Direito das Coisas 
como o conjunto de normas que regem as relações jurídicas concernentes aos 
bens corpóreos (móveis ou imóveis) ou incorpóreos (direitos autorais, 
propriedade industrial), suscetíveis de apropriação pelo homem, segundo uma 
finalidade social. Abrange: aquisição, exercício, conservação e perda de poder 
sobre os bens. 
CARACTERÍSTICAS 
 Tipicidade: a relação dos direitos reais é limitada, taxativa. Os direitos 
reais são somente aqueles que estão previstos na lei (numerus clausus). 
 Absolutos: os direitos reais possuem eficácia erga omnes (repercutem 
socialmente, impondo respeito à todas as pessoas, que devem abter-se de 
molestar o titular). 
 Sequela: o titular do direito real pode “perseguir a coisa” em poder de 
terceiros, onde quer que se encontre. 
 Aderência (ou especialização): aderência do direito ao bem. 
 Publicidade (ou visibilidade): os direitos reais sobre imóveis só se 
adquirem depois das transcrição no registrode imóveis; sobre móveis só 
depois da tradição. 
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CONTEÚDO DO DIREITO DAS COISAS 
(RESUMO) 
 
O Direito das Coisas está inserido no Livro III da Parte Especial do 
Código Civil, abrangendo: 
I. Posse (art. 1.196, CC): exteriorização da propriedade. 
II. Direitos Reais (art. 1.225, CC): rol taxativo (numerus clausus) 
1) Direito real sobre coisa própria (jus in re propria) 
a) Propriedade: é o único direito real sobre coisa própria, que 
confere o título de dono. É o mais amplo direito real. Normalmente a 
propriedade é plena ou ilimitada, conferindo poderes de posse, uso, gozo 
ou fruição, disposição e reivindicação. Se este direito sofrer alguma 
limitação surgem os chamados direitos reais sobre a coisa alheia. 
2) Direitos reais sobre coisa alheia (jura in re aliena): é o 
desmembramento do direito real sobre coisa própria. Em regra é temporário, 
uma vez que pelo princípio da elasticidade a coisa tende a voltar à situação 
original: propriedade plena. Subdivide-se em: 
a) Gozo ou fruição: é o desmembramento em relação ao uso da 
coisa e gozo da coisa. Espécies: 
• Enfiteuse (prevista no Código Civil anterior e 
recepcionada pelo atual), superfície, servidão, usufruto, 
uso e habitação. 
b) Garantia: é o desmembramento em relação à disposição da 
coisa (limita o direito de dispor da coisa); se não cumprida a obrigação o 
credor irá dispor da coisa. Espécies: 
• penhor, hipoteca, anticrese e alienação fiduciária. 
c) Direito real de aquisição: é o desmembramento em relação 
ao direito de aquisição; o titular transmite a propriedade de forma 
paulatina. Espécies: 
• direito do promitente comprador do imóvel (promessa 
irretratável de compra e venda). 
d) Interesse social (Lei n° 11.481/07): Espécies: 
• concessão de uso especial para fins de moradia e 
concessão de direito real de uso. 
 
 
 
 
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POSSE 
(arts. 1.196 a 1.227, CC) 
 
Posse é o exercício pleno ou não de alguns dos poderes inerentes à 
propriedade (usar, gozar ou fruir, dispor e reivindicar). 
Qual a importância do estudo da posse? 
 Posse é a exteriorização da propriedade. Há uma presunção 
(relativa) de que o possuidor é também o proprietário da coisa (embora, 
muitas vezes isso não ocorra, pois pode-se ter a posse sem ser 
proprietário, como veremos logo mais adiante). 
 Posse é uma situação de fato protegida pela lei para evitar a violência e 
assegurar a paz social. Atualmente a doutrina vem evoluindo, adotando 
novas concepções, dando maior ênfase ao caráter econômico e à 
função social da posse. 
 Posse é um fato que está na natureza há muito tempo, enquanto a 
propriedade é algo criado pela sociedade. Os homens primitivos tinham a 
posse de terras e bens; já a propriedade só surgiu muito tempo depois, 
com a organização da sociedade e o desenvolvimento do direito. 
TEORIAS SOBRE A POSSE 
1. Subjetiva (Savigny) 
Poder direto de se dispor fisicamente do bem com a intenção de tê-lo 
para si e de defendê-lo de terceiros. Posse consiste na conjugação dos 
seguintes elementos: 
 Material (corpus): poder físico material sobre a coisa, ou 
possibilidade de exercer este contato. 
 Intenção (animus domini): vontade de ter a coisa para si; de 
exercer sobre ela o direito de propriedade. 
2. Objetiva (Ihering) 
Exerce posse aquele que se comporta objetivamente, como se fosse 
proprietário, imprimindo destinação econômica à coisa (usando, gozando, 
fruindo, etc.). Basta a disposição física ou possibilidade de exercer o contato 
sobre a coisa (dispensa-se a intenção de ser dono). Posse é a exteriorização do 
domínio; o que importa é a destinação econômica do bem. Elemento: 
 Corpus: único elemento visível e suscetível de comprovação. 
TEORIA ADOTADA PELO BRASIL 
Nosso Código adotou a Teoria Objetiva de forma parcial, 
apresentando-se como uma relação entre pessoa e coisa, tendo em vista a 
função socioeconômica desta. Segundo o art. 1.196, CC, considera-se 
possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum 
dos poderes inerentes à propriedade. Portanto, locatário e comodatário são 
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considerados possuidores, podendo usar as ações possessórias, até mesmo 
contra o próprio proprietário em certas situações. 
DETENÇÃO (fâmulo de posse: art. 1.198, CC) 
Em algumas situações, ainda que uma pessoa exerça alguns poderes de 
fato sobre a coisa, a lei não o considera como possuidor, mas sim, um simples 
detentor da coisa (trata-se de um estado de fato inferior à posse). Isso 
decorre da situação de dependência econômica ou de vínculo de 
subordinação em relação à outra pessoa. 
Estabelece o art. 1.198, CC que considera-se detentor aquele que, 
achando-se em relação de dependência para com outro, conserva a posse em 
nome deste e em cumprimento de ordens ou instruções suas. Exemplo 
clássico: caseiro de um sítio. Outros exemplos: motorista particular em 
relação ao carro do dono, bibliotecário em relação aos livros da biblioteca, 
zelador de prédio, etc. Observem que estas pessoas não são possuidoras (no 
sentido legal do termo) uma vez que apenas conservam a posse em nome de 
outra pessoa, tendo com esta uma relação de dependência econômica. O 
detentor tem apenas posse natural, não podendo invocar as ações 
possessórias muito menos a usucapião. A detenção, ainda que prolongada, não 
enseja direitos de possuidor. 
Os atos de mera permissão ou tolerância representam indulgência 
pela prática do ato (ex.: amigo que permite que você vá pescar em um lago 
que fica em sua propriedade), não induzindo posse, nem conferindo direitos 
(art. 1.208, 1ª parte, CC). 
 Resumindo: o possuidor exerce um poder de fato em razão de um 
interesse próprio. Já o detentor exerce no interesse de outrem, não podendo 
invocar as ações possessórias. 
Obs.: Há entendimento no STJ no sentido de que a ocupação de área pública 
consiste mera detenção. 
NATUREZA JURÍDICA DA POSSE 
� Questão Polêmica � A doutrina se divide em basicamente três 
correntes. Cada uma com famosos e ferrenhos defensores. A primeira afirma 
que a posse é simplesmente um fato. A segunda corrente afirma que é um 
fato e um direito ao mesmo tempo. Se for considerada em si mesma é um 
fato. Mas se considerada em relação aos efeitos que gera (usucapião e ações 
possessórias), ela se apresenta como um direito. A terceira correte afirma que 
é um direito. Ou, como prefere a doutrina, “um interesse juridicamente 
protegido”, uma vez que é condição da econômica utilização da propriedade. 
A grande maioria de nossos civilistas entende que a posse é um 
Direito. Portanto se algo desse gênero cair na prova oriento a optar pela 
alternativa que a classifica a posse como Direito. Mas o maior problema 
seria: Direito Pessoal ou Direito Real? 
A doutrina é bem dividida! Renomados autores, como a professora Maria 
Helena Diniz, entendem que a posse é Direito Real, uma vez que ela é a 
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“visibilidade ou desmembramento da propriedade”. Na posse encontram-se 
todos os caracteres dos direitos reais, tais como: a) exercício direto, sem 
intermediário; b) oponibilidade erga omnes (contra todos); c) incidência em 
objeto obrigatoriamente determinado. Esta é a corrente mais seguida pela 
doutrina. 
Porém outro renomados autores entendem que seria Direito Pessoal, 
uma vez que a posse não figura na enumeração taxativa do art. 1.225, 
CC. Ora, como os Direitos Reais são taxativos (numerus clausus) e a posse 
não se encaixa nesse rol, a posse seria um Direito Pessoal. Esta é a corrente 
mais seguida pela jurisprudência. 
���� ATENÇÃO ���� Como disse o tema é muito controvertido e não deveria 
cair em provas objetivas. Mas já vi cair algumas vezes (todas elas pelo 
CESPE), sendo que a banca entendeu que não se trata de um direito real. 
ELEMENTOS DA POSSE 
Capacidade (pessoa natural ou jurídica), objeto lícito e possível (coisa 
corpórea ou incorpórea), forma livre e relação dominante entre o sujeito e o 
objeto. 
OBJETO 
Todas as coisas que possam ser objeto de propriedade (excluem-se as 
que estão fora do comércio): bens corpóreos ou incorpóreos, móveis ou 
imóveis, principais ou acessórios (se puderem ser destacadas da principal sem 
alteração de sua substância), etc. 
FUNDAMENTO 
 Jus possessionis (posse formal): apPessoa se instala no imóvel e se 
mantém de forma mansa e pacífica. Cria-se situação possessória que 
proporciona proteção à posse (contra terceiros e, em algumas hipóteses, 
contra o proprietário), independentemente de qualquer título. É 
fundado no fato da posse. 
 Jus possidendi (posse causal ou titulada): há uma causa justificando a 
posse. A pessoa possui um título ou outro direito real transcrito 
(enfiteuse, usufruto, etc.), ou contrato (locação, comodato, etc.). 
 
CLASSIFICAÇÃO DA POSSE 
 
1) Quanto à extensão da garantia possessória 
a) Posse Direta (ou imediata): exercida por quem detém materialmente 
a coisa; a pessoa mantém o contato direto com a coisa (poder físico imediato). 
Ex.: posse exercida pelo proprietário, locatário, comodatário, etc. 
b) Posse Indireta (ou mediata): exercida por meio de outra pessoa que 
não mantém contato direto com a coisa, pois ela cedeu o uso da coisa para 
outrem. Ex.: proprietário que tem a posse através do inquilino. Nesse caso há 
duas posses paralelas, sendo que uma não anula a outra: a) possuidor 
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indireto (proprietário ou locador: é o que cede o uso do bem); b) possuidor 
direto (inquilino ou locatário: é o recebe o bem em virtude do contrato). 
 Portanto, na locação, o locatário tem posse direta e o locador posse 
indireta, temporária e derivada. Uma posse não anula a outra: ambas 
convivem no tempo e no espaço. Ambos podem ingressar com as ações 
possessórias contra uma eventual e injusta perturbação de terceiro. 
Art. 1.197, CC: A posse direta, de pessoa que tem a coisa em seu poder, 
temporariamente, em virtude de direito pessoal, ou real, não anula a indireta, 
de quem aquela foi havida, podendo o possuidor direto defender a sua 
posse contra o indireto. Exemplo: “A” é proprietário de um apartamento e o 
alugou para “B”. Durante a vigência do contrato, “A” invadiu o imóvel, trocou 
as chaves da porta e impediu o acesso de “B”. Nesse caso, “B”, na condição de 
inquilino e possuidor direto, pode defender sua posse contra o possuidor 
indireto, que é o proprietário-locador. 
����Atenção! ���� Embora o art. 1.197, CC regule apenas a possibilidade do 
possuidor direto defender a sua posse do indireto, a recíproca também é 
verdadeira, pois o dono de uma coisa (possuidor indireto) pode ingressar com 
ação contra o possuidor direto para reaver coisa que lhe pertence (ex.: ação 
reivindicatória). Assim, a pretensão possessória pode decorrer tanto da posse 
imediata ou direta sobre o bem (incide imediatamente sobre a coisa corpórea), 
como a mediata ou indireta (decorrente de uma relação jurídica de direito real 
ou pessoal). 
 Concluindo Tanto o possuidor direto como o indireto podem 
defender a posse um contra o outro, reciprocamente, bem como ambos 
contra terceiros. Isso porque a pretensão possessória decorre da posse 
mediata ou imediata sobre o bem. Assim, tanto a posse direta (que incide 
imediatamente sobre a coisa), como a indireta (decorrente de uma relação 
jurídica de direito real ou pessoal), merecem proteção jurídica. 
2) Quanto aos vícios objetivos 
a) Justa: exercida de forma mansa e pacífica, pública e contínua. Isenta 
de vícios originais (art. 1.200, CC): não é violenta, clandestina ou precária. 
Possuidor legítimo é o proprietário ou alguém por ele autorizado ao exercício 
das faculdades do domínio. 
b) Injusta: diz respeito à lesão do direito de propriedade; sua aquisição 
fundou-se em um dos vícios possessórios. A saber: 
• Violência: obtida por meio de força física (vis absoluta) ou moral (vis 
compulsiva) contra o legítimo possuidor. Ex.: esbulho possessório. 
• Clandestinidade: obtida de forma que o antigo possuidor sequer se 
deu conta do ato aquisitivo; às escondidas, às ocultas, de forma 
traiçoeira, sub-reptícia ou sorrateira. 
• Precariedade: obtida com abuso de confiança; tem origem no 
descumprimento da obrigação de restituir, com a quebra da relação 
de confiança havida na origem do desdobramento da posse (ex.: 
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locatário ou comodatário que não devolve o bem ao final do 
contrato). Ela ocorre quando o possuidor direto passa a exercer a 
posse não mais de acordo com os interesses do proprietário, mas sim 
de acordo com seus próprios interesses, com a mudança do animus. 
Ou seja, ela é justa em sua origem, mas se torna injusta quando da 
não devolução. 
 Observações 
• Esbulho: é o ato pelo qual a pessoa é despojada, injustamente, daquilo 
que lhe pertence ou estava em sua posse, por violência, clandestinidade 
ou abuso de confiança. Turbação: é ato injusto ou abusivo que embaraça 
o livre exercício da posse. 
• Os vícios da posse não produzem efeitos erga omnes, ou seja, só podem 
ser alegados pelo possuidor ofendido contra o agressor. 
• A posse, ainda que considerada injusta, continua sendo posse, podendo 
ser defendida contra terceiros, mas não contra aquele de quem se a tirou. 
Nesta hipótese a regra é que se presumem (presunção juris tantum: 
admite prova em contrário) continuarem os mesmos vícios nas mãos dos 
sucessores do adquirente, ainda que estes a recebam de boa-fé (art. 
1.203, CC). Tem-se a exceção no caso em que o adquirente a título 
clandestino ou violento prova que a sua clandestinidade ou violência 
cessaram há mais de ano e dia (art. 1.208, CC). O mesmo não ocorre com 
a precariedade, pois esta nunca cessa. 
3) Quanto ao elemento psicológico (subjetividade) 
a) Boa-fé (art. 1.201, parágrafo único, CC): o possuidor ignora os vícios 
ou os obstáculos que lhe impedem a aquisição da coisa. Há a convicção de que 
a coisa lhe pertence e que está agindo de acordo com a lei. Trata-se da boa-
fé subjetiva. Art. 1.201, CC: É de boa-fé a posse, se opossuidor ignora o 
vício, ou o obstáculo que impede a aquisição da coisa. Parágrafo único. O 
possuidor com justo título tem por si a presunção de boa-fé, salvo prova em 
contrário, ou quando a lei expressamente não admite esta presunção. 
b) Má-fé (art. 1.202, CC): o possuidor tem ciência da ilegitimidade de 
seu direito de posse em razão dos vícios impeditivos de sua aquisição: 
violência, clandestinidade ou precariedade. Art. 1.202: A posse de boa-fé só 
perde este caráter no caso e desde o momento em que as circunstâncias 
façam presumir que o possuidor não ignora que possui indevidamente. 
 Observações 
 A importância da distinção entre a posse de boa-fé e má-fé reside na 
indenização das benfeitorias, no direito de retenção e indenização de 
deterioração da coisa. 
 A posse de boa-fé perdura até o momento em que o possuidor toma 
conhecimento do vício inicial à aquisição da posse. 
 Toda posse de má-fé é injusta, mas nem toda posse injusta é de má-fé. 
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 Para a doutrina clássica o justo título seria o ato formalizado e hábil à 
transferência da posse e da propriedade (ex.: formal de partilha 
registrado). Todavia, a doutrina moderna, à luz do princípio da função 
social mitiga este entendimento, sendo desnecessária a exigência de uma 
escritura formal. Enunciado 303, da IV Jornada de Direito Civil do STJ: 
Considera-se justo título para presunção relativa da boa-fé do possuidor o 
justo motivo que lhe autoriza a aquisição derivada da posse, esteja ou não 
materializado em instrumento público ou particular. Compreensão na 
perspectiva da função social da posse. 
4) Quanto à idade 
a) Nova: menos de um ano e um dia. 
b) Velha: é a que conta com um ano e um dia ou mais. 
 Observação. Esta classificação não está mais no Código Civil. A 
importância dela reside no Direito Processual Civil. Fala-se agora em “ação de 
força nova” ou “ação de força velha”. Para a caracterização de uma ou outra 
deve-se levar em conta o tempo decorrido entre a ocorrência da turbação ou 
do esbulho e a reação do lesado (turbado ou esbulhado). Se ele reagiu dentro 
do prazo de ano e dia, poderá pleitear a concessão de liminar (ação de força 
nova) para desocupação imediata, nos termos do art. 924, CPC. Passado esse 
prazo, o lesado deve se valer do procedimento ordinário (sem direito à 
liminar). Por outro lado, neste caso, o possuidor, ainda que injusto, posse ser 
mantido na posse até a decisão final do Judiciário. 
����Cuidado! ���� Costuma-se afirmar: “passado o prazo de um ano e dia, a 
posse não é mais injusta”. Isso é errado! Passado esse prazo, a posse continua 
injusta, o que ocorre é que o proprietário-vítima não terá mais direito à liminar 
na ação possessória. 
5) Quanto aos seus efeitos 
a) Ad interdicta: quando molestada pode ser defendida pelas ações 
possessórias, mas impede a aquisição da propriedade por usucapião. Ex.: 
locatário pode defender a posse de turbação ou esbulho, mas não tem direito a 
usucapião contra o proprietário da coisa, em razão do contrato firmado. 
b) Ad usucapionem: prolonga-se por determinado lapso temporal 
previsto em lei, admitindo a aquisição do domínio pela usucapião, desde que 
obedecidos os requisitos legais (que veremos mais adiante). 
6) Quanto à produtividade 
a) Produtiva (posse-trabalho ou pro labore): prática de atos que 
possibilitam o exercício da função social da propriedade (moradia ou 
investimentos econômicos). 
b) Improdutiva: o imóvel não é explorado, tornando-se inútil. 
 
 
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AQUISIÇÃO DA POSSE 
Adquire-se a posse no momento em que se torna possível o exercício, 
em nome próprio, de qualquer dos direitos inerentes à propriedade (art. 1.204, 
CC). 
1. Aquisição Originária: decorre unicamente da vontade do adquirente 
(ato unilateral). Não há relação de causalidade entre a posse atual e a 
anterior. Espécies: 
a) Apreensão: apossamento unilateral; deslocamento da coisa para o 
domínio do possuidor, ou pelo uso da coisa se for imóvel. Aplica-se: 
• nas coisas de ninguém (res nullius) e abandonadas (res derelictae). 
• nos bens retirados de outrem sem permissão (embora injusta, 
considera-se posse). 
b) Exercício de direito: utilização econômica do direito. Ex.: linha 
telefônica, servidão de aqueduto passada por terreno alheio sem oposição, etc. 
2. Aquisição Derivada: há transmissão da posse do antigo possuidor ao 
novo (ato bilateral), em razão de um título jurídico, conservando o caráter 
anterior. Pode ser inter vivos (compra e venda) ou causa mortis (sucessão 
hereditária). 
a) Tradição (entrega da coisa): acordo de vontades entre o tradens 
(quem entrega) e o accipiens (quem recebe), podendo ser gratuito (doação) 
ou oneroso (compra e venda). Espécies: real, simbólica e consensual, que 
serão analisadas mais adiante. 
b) Constituto possessório (cláusula constituti): ato pelo qual alguém, 
que possuía um bem (móvel ou imóvel) em nome próprio, passa a possuí-lo 
em nome alheio (art. 1.267, parágrafo único, CC). Ex.: pessoa vende uma 
casa e o comprador permite que o vendedor continue nela residindo, como 
inquilino ou comodatário. Não se presume; a disposição deve estar expressa 
no contrato. 
c) Acessão temporal: A posse pode ser continuada somando-se o 
tempo do atual possuidor com o dos seus antecessores, facilitando a 
usucapião. Abrange a união (compra e venda, doação) e a sucessão 
(herdeiros continuam a posse em lugar do falecido). Art. 1.206, CC: A posse 
transmite-se aos herdeiros ou legatários do possuidor com os mesmos 
caracteres. Art. 1.207, CC: O sucessor universal continua de direito a posse do 
seu antecessor; e ao sucessor singular é facultado unir sua posse à do 
antecessor, para os efeitos legais. 
����Observação. Segundo jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, não é 
possível a posse de bem público, constituindo a sua ocupação sem 
aquiescência formal do titular do domínio mera detenção de natureza precária. 
Quem pode adquirir a posse (art. 1.205, CC) 
• a própria pessoa que a pretende (desde que capaz) ou seu 
representante: legal (pais, tutores e curadores) ou convencional com 
poderes especiais (mandatário). 
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• terceiro, mesmo sem mandato, dependendo de ratificação posterior 
(gestor de negócios). 
EFEITOS DA POSSE 
São as consequências jurídicas produzidas pela posse: 
1. Faculdade de propor ações possessórias (interditos): tem a finalidade 
de defender e proteger a posse. A doutrina classifica as ações em: 
A) Típicas (stricto sensu): a causa de pedir é a própria posse e o requisito 
fundamental é a prova da posse (direta ou indireta). Exige-se a condição de 
possuidor, mesmo que não tenha título. O detentor não tem essa faculdade. 
• Interdito proibitório (arts. 1.210, 2a parte, CC e 932 e 933, CPC) – 
Proteção preventiva da posse, ante a ameaça de turbação ou 
esbulho, desde que haja justo e fundado receio de que estas possam 
ocorrer. Se a ameaça se concretizar no curso do processo a ação se 
transformaráem manutenção ou reintegração. 
• Manutenção da posse (arts. 1.210, CC e 926 a 931, CPC) – Quando 
há turbação, ou seja, ato que atrapalhe, incomode, moleste o livre 
exercício da posse, causando ou não danos (não há perda da posse). 
Ex.: rompimento de cercas, abertura de “picadas”, penetração para 
extração de lenha, etc. A turbação pode ser direta (exercida 
imediatamente sobre o bem) ou indireta (praticada externamente, mas 
que repercute sobre a coisa, como colocação de areia, cascalho ou 
obstáculos de forma geral em frente à entrada do imóvel, impedindo o 
possuidor de nela ingressar). Também pode ser positiva (resulta da 
prática de atos materiais sobre a coisa) ou negativa (apenas dificulta 
ou embaraça o livre exercício da posse). 
• Reintegração de posse (arts. 1.210 e 1.212, CC e 926 a 931, CPC) – 
Quando há esbulho. O possuidor perde a posse contra a sua vontade 
(violência, clandestinidade ou precariedade). Visa à recuperação da 
posse. Ex.: estranho que invade a casa deixada pelo inquilino; 
comodatário que não devolve a coisa após o término do contrato. 
 Observações 
A distinção básica entre as ações repousa na intensidade da agressão: 
ameaça, turbação ou esbulho. Em todas elas é possível cumular o pedido 
possessório com o de condenação em perdas e danos e a cominação de 
multa em caso de transgressão da ordem, ou em caso de reincidência na 
turbação ou no esbulho (art. 921, CC). 
Se a ação for ajuizada no prazo de um ano e um dia da turbação ou do 
esbulho, a ação possessória é considerada como “força nova espoliativa”, 
cabendo a concessão de liminar inaudita altera parte. Após este prazo a ação 
será de “força velha espoliativa”. Neste caso na cabe liminar e o eventual 
esbulhador permanece na posse até a decisão do juiz no final do processo. 
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Quando mais de uma pessoa se disserem possuidoras, será mantida 
provisoriamente aquela que tiver a coisa em suas mãos, se não a obteve de 
forma injusta. 
Havendo perecimento ou deterioração considerável da coisa, o possuidor 
somente terá direito à indenização. 
Fungibilidade: A propositura de uma ação possessória (típica) ao invés 
de outra não obstará que o juiz conheça do pedido e outorgue a proteção legal 
correspondente àquela cujos requisitos estejam provados (art. 920, CPC). 
Caráter dúplice: se o autor ingressar com uma ação possessória e o réu 
alegar que foi ele o ofendido em sua posse, poderá formular na própria 
contestação os pedidos que tiver contra o autor. Ou seja, não é necessário 
ingressar com a reconvenção (art. 922, CPC). 
B) Atípicas (lato sensu): a posse é tutelada de forma indireta. Estão 
relacionadas com a posse, mas são mais ligadas à propriedade e ao direito de 
vizinhança, analisadas pelo Direito Processual Civil. Alguns autores não 
reconhecem nelas qualquer natureza possessória. 
• Nunciação (ou embargo) de obra nova (art. 934 a 940, CPC): 
impede a continuação de obras no terreno vizinho prejudiciais ou em 
desacordo com a lei ou regulamentos administrativos. Ex.: vizinho que 
desvia curso de rio ou o represa; que abre janela a menos de um metro 
e meio da linha divisória, etc. O objetivo é embargar a obra (impedir 
sua construção). Não será cabível se já estiver pronta ou em fase de 
conclusão. 
• Dano infecto (arts. 826 a 838, CPC e arts. 1.277, CC): medida 
preventiva baseada no justo receio de que a ruína, vícios de 
construção ou demolição de imóvel vizinho venha a lhe causar 
prejuízos. Obtém do vizinho caução por futuros e eventuais danos. 
• Embargos de terceiro (art. 1.046 a 1.054, CPC): remédio jurídico 
adequado para aquele que não era parte do processo, mas veio a sofrer 
apreensão judicial de seus bens (penhora), pois os mesmos estavam 
em poder de outrem. 
• Imissão de posse: era regulada pelo CPC de 1939. Embora não 
mencionada pela atual legislação, mas entende-se possível seu 
ajuizamento. Se alguém compra um imóvel, obtendo a escritura pública 
definitiva, mas não recebe a posse, em tese não pode ingressar com a 
reintegração (se nunca teve posse do bem não pode ser reintegrado) e 
nem com ação de despejo, pois o ocupante não é locatário. A saída 
seria ingressar com esta ação, pois a pessoa tem o domínio e também 
deseja a posse. 
2. Autotutela da Posse (art. 1.210, §1°, CC). O Direito, de uma forma geral, 
impede que se faça “justiça com as próprias mãos”. No entanto, admite-se 
exercer, segundo o princípio da proporcionalidade a autodefesa em duas 
hipóteses: 
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a) Legítima defesa: possuidor molestado pode reagir incontinenti contra 
o agressor, empregando meios estritamente necessários para manter-se 
na posse. 
b) Desforço imediato: possuidor pode recuperar a posse perdida, 
empregando meios moderados, agindo pessoalmente ou sendo ajudado 
por amigos ou serviçais. 
����Observação: os atos de defesa ou de desforço são exceções e devem ser 
usados somente em situações especiais. Não podem ir além do 
indispensável à manutenção ou restituição da posse. Os meios empregados 
devem ser proporcionais à agressão. Eventual excesso acarreta indenização 
pelos danos causados. 
3. Frutos e benfeitorias 
a) Possuidor de boa-fé: tem direito de usar e fruir a coisa e aos frutos 
percebidos. Cessando a boa-fé não tem direito aos frutos pendentes; se 
colhê-los antecipadamente, deve restituí-los, deduzidas as despesas de 
produção e custeio. Deve ser indenizado pelas benfeitorias necessárias e 
úteis. Caso não o seja, pode reter o bem até o valor destas. Pode levantar 
(jus tollendi) as voluptuárias, desde que não danifique a coisa. Obs.: 
Súmula 335 STJ: “Nos contratos de locação, é válida a cláusula de 
renúncia à indenização das benfeitorias e ao direito de retenção”. 
b) Possuidor de má-fé: responde pela perda ou deterioração da coisa, 
ainda que acidental, salvo se provar que de igual modo se teria dado 
estando a coisa na posse do reivindicante. É responsável pelos frutos 
colhidos e percebidos e pelos que, por sua culpa, se perderam. Tem 
direito às despesas de produção e custeio (evitando-se o enriquecimento 
sem causa) e a indenização somente pelas benfeitorias necessárias, nada 
podendo reter ou levantar. 
PERDA DA POSSE 
Ocorre quando cessa, mesmo contra a vontade do possuidor, o poder 
sobre o bem (art. 1.223, CC). Hipóteses: 
1. Abandono: intenção de largar voluntariamente a coisa (renúncia da 
posse). 
2. Tradição (entrega): intenção definitiva de transferir a coisa a outrem. 
Ao mesmo tempo em que é meio aquisitivo da posse para o adquirente, 
implica em perda para o alienante. 
3. Perda da coisa: impossibilidade absoluta de encontrar o bem (anel 
que cai em um rio profundo e caudaloso). 
4. Destruição da coisa: inutilização total decorrente de evento natural 
(inundação, incêndio); perecendo o objeto, extingue-se o direito. 
COMPOSSE (ou compossessão) 
Duas ou mais pessoas exercem, simultaneamente, poderes possessórios 
sobre a coisa. A posse em comum pode decorrer de contrato (ato inter vivos) 
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ou herança (causa mortis). Ex.: adquirentes de coisa comum; marido e mulher 
em regime de comunhão de bens, coerdeiros antes da partilha, etc. 
Requisitos: pluralidade de sujeitos e coisa indivisa. Estabelece o art. 1.199, 
CC: Se duas ou mais pessoas possuírem coisa indivisa, poderá cada uma 
exercer sobre ela atos possessórios, contanto que não excluam os dos outros 
compossuidores. 
Espécies: 
• Pro diviso: embora não haja uma divisão de direito (a coisa permanece 
juridicamente indivisa), há uma divisão de fato para o uso da coisa. Cada 
compossuidor possui uma parte certa e específica. Todos sabem onde se inicia 
e termina sua parte na coisa. Assim, exercem poderes apenas sobre parte da 
coisa definida. 
• Pro indiviso: os compossuidores têm uma parte ideal do bem, sem 
que se saiba qual a parte que compete a cada um. Todos exercem ao mesmo 
tempo os poderes de fato sobre a totalidade da coisa. 
����Atenção ���� Não confundir posse em comum (composse), em que todos 
têm os mesmos direitos, com a concorrência de posses (posses de natureza 
distintas: posse direta e indireta sobre o mesmo bem). 
 
PROPRIEDADE 
(arts. 1.228 a 1.360, CC) 
 
É o direito que a pessoa física ou jurídica tem de usar, gozar, dispor de 
um bem (corpóreo ou incorpóreo) ou reavê-lo de quem injustamente o possua 
ou detenha. É o mais completo dos direitos subjetivos, sendo o centro do 
direito das coisas. O atual Código reafirma a função social da propriedade 
acolhida nos arts. 5°, XXIII e 170, III da Constituição Federal. 
Elementos – Direitos (art. 1.228, CC) 
• Uso (jus utendi): faculdade do dono de servir-se da coisa e utilizá-la da 
maneira que entender mais conveniente, sem modificação em sua substância e 
sem causar danos ou incômodos a terceiros (ex.: morar em uma casa). 
• Gozo ou fruição (jus fruendi): recebimento dos frutos (naturais ou 
civis) e utilização dos produtos da coisa (ex.: aluguel). 
• Disposição (jus abutendi ou disponendi): poder de se desfazer da 
coisa a título oneroso (venda) ou gratuito (doação), abrangendo o poder de 
consumi-la ou gravá-la de ônus (penhor, hipoteca). 
• Reivindicação (rei vindicatio): possibilidade de mover ações para 
reaver o bem de quem injustamente o detenha ou possua. 
Limitações 
O direito de propriedade não é mais considerado absoluto; vem se 
transformando gradativamente em finalidade social, encontrando limites no 
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direito dos outros e em medidas restritivas impostas pelo Estado em favor do 
interesse público. 
1. Constitucionais 
a) O espaço aéreo e o subsolo pertencem ao proprietário do solo, até a 
altura e profundidade que lhes seja útil, dentro das limitações legais. O dono 
do solo é também o dono do subsolo, para construção de passagens, garagens 
subterrâneas, porões, adegas, etc. Prevê o art. 176, CF/88 que os recursos 
minerais e hidráulicos constituirão propriedade distinta da do solo, para 
efeito de exploração ou aproveitamento, ficando sob o domínio da União. A 
pesquisa e a lavra de recursos minerais (jazidas, minas, etc.) e o 
aproveitamento dos potenciais de energia hidráulica e monumentos 
arqueológicos, somente podem ser efetuados com autorização ou concessão da 
União. Garante-se ao dono do solo a participação nos resultados da lavra. 
b) Desapropriação por necessidade ou utilidade pública e por interesse 
social (art. 5°, XIV e art. 184, CF), mediante prévia e justa indenização em 
dinheiro. 
c) Requisição: uso da propriedade alheia em caso de perigo iminente 
(art. 5°, XXV, CF) ou em circunstâncias especiais, assegurando-se ao 
proprietário o pagamento de indenização posterior, se houver dano. 
d) Confisco de terras onde se cultivem ilegalmente plantas psicotrópicas 
(art. 243, CF). 
e) Os arts. 216, I a V, §§1° a 5°; 23, III e IV e 24, VII , CF/88 colocam 
sob proteção especial do poder público os documentos, obras e locais de valor 
histórico ou artístico, os monumentos e as paisagens naturais notáveis, e as 
jazidas arqueológicas (o proprietário tem o uso e gozo da coisa, mas não a 
disponibilidade, uma vez que sua alienação depende de autorização do 
Departamento do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). 
f) Proteção do bem ambiental (art. 225, CF/88 e art. 1.228, §1°, CC). 
O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com as finalidades 
econômicas e sociais, de modo que sejam preservadas a flora, a fauna, as 
belezas naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio histórico e artístico, bem 
como seja evitada a poluição do ar e das águas. 
2. Administrativas 
a) Coisas tombadas. 
b) Ocupação de terrenos vizinhos às jazidas. 
c) Restrição sobre floresta (Código Florestal): certas árvores, devido à 
beleza e raridade são imunes ao corte. 
d) Restrições sobre alinhamento ou altura de construções, por razões 
estéticas, urbanísticas ou higiênicas; obrigação de murar terrenos, calçar 
passeios, etc. 
e) Zona de proteção dos aeroportos: proibição de construir acima de 
certa altura, dentro do setor de aproximação de aviões. 
 
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3. Militares 
a) Requisição de móveis e imóveis necessários às Forças Armadas e à 
defesa do povo. 
b) Faixa de até 150 km de largura ao longo das fronteiras (art. 20, §2o, 
CF). 
4. Civil. Direito de vizinhança (impede que o vizinho seja prejudicado quanto à 
segurança, sossego, saúde), passagem forçada para imóvel encravado, etc. 
(veremos adiante). 
CLASSIFICAÇÃO 
1. Plena: a pessoa possui todos os elementos da propriedade em suas 
mãos, sem que terceiros tenham quaisquer direitos sobre o bem. 
2. Limitada (restrita): recai algum ônus (hipoteca, usufruto) ou é 
resolúvel. A pessoa abre mão de um ou alguns dos poderes da propriedade em 
favor de outrem. Divide-se em duas partes destacáveis: 
a) Nua propriedade (domínio direto): corresponde à titularidade; ao 
fato de ser proprietário e ter o bem em seu nome (nu proprietário, 
senhorio ou proprietário direto). 
b) Domínio útil: direito de usar, gozar e dispor da coisa. Uma pessoa é 
o titular do bem (nu proprietário), mas outra tem o direito de usar, gozar 
e até dispor daquele bem (usufrutuário, enfiteuta, etc.). 
Caracteres da Propriedade 
1. Absoluto: o titular pode utilizar o bem como quiser, sujeitando-se 
apenas às limitações legais ou à coexistência do direito de propriedade de 
outros titulares. Tem natureza absoluta, comparado com os direitos pessoais 
puros. Relativiza-se quanto aos direitos da personalidade, aos direitos difusos 
e os interesses da coletividade. 
2. Exclusivo: uma mesma coisa não pode pertencer com exclusividade 
(portanto ressalvado o condomínio, que recai sobre a parte ideal) e 
simultaneamente a duas ou mais pessoas. 
3. Perpétuo: subsiste independente de seu exercício; a propriedade não 
se extingue pelo fato do titular não utilizar a coisa. Só deixa de existir quando 
ocorrer causa extintiva, legal ou voluntária. 
4. Elástico: pode ser distendida ou contraída no seu exercício, conforme 
lhe adicionem ou subtraiam poderes destacáveis (nua propriedade e domínio 
útil). 
Objeto 
Tudo o que não for excluído pela lei: bens móveis e imóveis, corpóreos e 
incorpóreos, etc., desde que tenham valor econômico determinado e sejam 
aproveitáveis pelo homem. 
Proteção – Ações 
1. Ação Reivindicatória(art. 95, CPC): retomada da coisa, quando 
terceiros a detenham, dizendo-se donos. Só pode ser usada pelo 
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proprietário, ainda que não seja pleno. É a ação do proprietário contra o 
possuidor sem título ou suporte jurídico, mesmo que de boa-fé. 
O autor deve provar: a) o domínio (prova da propriedade: registro); b) 
individualização da coisa: descrição do imóvel com seus corretos e limites e 
confrontações, de maneira a possibilitar sua perfeita localização: c) 
demonstração que a coisa reivindicada está na posse injusta do réu. 
Efeito →→→→ faz com que o possuidor restitua o bem com todos os acessórios. Se 
impossível essa devolução por ter perecido a coisa, o proprietário terá direito 
de receber o valor da coisa. 
2. Ação Negatória: defesa do domínio quando o proprietário sofre 
turbação no exercício de seu direito (empregada nos conflitos de vizinhança). 
3. Ação Declaratória: dissipa dúvidas a respeito do domínio. 
4. Ação de indenização proveniente de ato ilícito (ex.: destruição da 
casa em razão de danos provocados por um caminhão desgovernado). 
5. Ação de indenização proveniente de ato lícito (ex.: 
desapropriação). 
PROPRIEDADE RESOLÚVEL 
A propriedade, em regra, tem duração ilimitada. No entanto, em 
determinadas situações a lei admite que se torne temporária (ad tempus). 
Em regra, isso ocorre quando o próprio título de aquisição subordinado a 
ocorrência de uma condição resolutiva ou de um termo final. Ou seja, no 
próprio título de sua constituição já há a previsão de sua extinção. Portanto, há 
um proprietário atual e um proprietário diferido (futuro), com direito eventual 
à propriedade da coisa. Situações: 
a) Ocorrência de fato previsto no contrato (art. 1.359, CC). O 
próprio título constitutivo (contrato) prevê a causa da extinção do direito de 
propriedade: o implemento de condição resolutiva, ou a expiração de prazo 
(termo final). Exemplo: fideicomisso. O testador A (fideicomitente) deixa ao 
legatário B (fiduciário) uma casa até abril de 2040, quando então a 
propriedade será C (fideicomissário), filho de B e não concebido ao tempo da 
morte de A (arts. 1.951 a 1.953, CC). Outro exemplo: retrovenda (art. 505, 
CC). As partes, em um contrato de compra e venda, podem pactuar cláusula 
no sentido de ficar assegurado ao vendedor o direito de recomprar a coisa 
imóvel vendida, no prazo máximo decadencial de 3 (três) anos. Assim, o 
comprador (atual proprietário) já sabe que por força do contrato, o seu direito 
de propriedade será extinto caso o vendedor (antigo proprietário e possível 
futuro proprietário) exerça o direito de recomprar o imóvel. O atual 
proprietário, durante o prazo de 3 (três) anos, tem apenas a propriedade 
resolúvel do imóvel. Se o vendedor não exercer o direito de recompra, o direito 
de propriedade do comprador (atual proprietário) deixa de ser resolúvel e se 
torna perpétuo. Nessas hipóteses, a decisão que decreta a extinção do direito 
de propriedade produz efeitos ex tunc (retroage; produz efeitos desde a data 
da ocorrência do fato causador da extinção da propriedade resolúvel). 
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b) Ocorrência de fato superveniente não previsto no contrato (art. 
1.360, CC). Nesse caso a extinção do direito de propriedade se dá por fato 
alheio ao título constitutivo, ou seja, de fato não previsto no contrato. É o que 
corre, por exemplo, no caso de desfazimento da venda feita por condômino 
sem dar preferência aos demais condôminos (art. 504, CC) ou na revogação de 
doação por ingratidão (art. 555, CC). Aqui a decisão que decreta a perda da 
propriedade produz efeitos ex nunc (não retroage; não produz efeitos no 
passado). 
 
DA PROPRIEDADE IMÓVEL 
 
Aquisição: incorporação dos direitos de dono ao titular. Classifica-se em: 
1. Originária: não há transmissão de uma pessoa para outra: acessão e 
usucapião. 
2. Derivada: o domínio transmite-se do anterior titular para o atual. 
Causa mortis: sucessão legítima ou testamentária. Inter vivos: contratos em 
geral (compra e venda de uma casa, seguido de registro). 
ACESSÃO (art. 1.248, CC) 
Direito que o proprietário tem de acrescer aos seus bens tudo o que se 
unir ou incorporar a eles, natural ou artificialmente. Acessão é o aumento do 
volume ou do valor da coisa principal em virtude de um elemento externo. 
Rege-se por dois princípios: a) o acessório segue o principal; b) proibição de 
enriquecimento sem causa. 
Espécies de Acessão: 
1. Ilhas formadas por força natural (art. 1.249, CC) – Acúmulo 
paulatino de areia, cascalho e materiais levados pela correnteza, ou de 
rebaixamento de águas, deixando a descoberto e a seco uma parte do fundo. 
Interessam ao direito civil somente as formadas em rios não-navegáveis, 
por pertencerem ao domínio particular. Isso porque as ilhas formadas em rios 
navegáveis são consideradas ilhas públicas, pertencendo ao Estado. Regra: 
traça-se uma linha mediana e imaginária no leito do rio dividindo-o em duas 
partes. A que se forma entre a linha e uma das margens considera-se 
acréscimo ao terreno fronteiro desse mesmo lado. 
2. Aluvião (art. 1.250, CC) – Acréscimo de terras às margens do rio, 
mediante lentos e imperceptíveis depósitos naturais ou desvios das águas 
(aluvião própria). As partes descobertas pelo afastamento parcial das 
águas dormentes, como lagos e tanques, são chamadas de aluvião 
imprópria. Não há indenização aos eventualmente prejudicados. Não se 
consideram aluvião os acréscimos feitos por ação humana. Neste caso, 
havendo prejuízo, haverá indenização. 
3. Avulsão (art. 1.251, CC) – Repentino deslocamento de uma porção 
de terra avulsa por força natural violenta, desprendendo de um prédio e 
juntando-se a outro. O dono do imóvel desfalcado perde a parte deslocada, 
mas pode exigir indenização dentro do prazo decadencial de um ano. Se o 
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dono do imóvel acrescido não pagar a indenização, deve permitir a remoção da 
parte acrescida. 
4. Abandono de álveo (leito do rio – art. 1.252, CC) – Rio seca ou 
desvia seu curso de forma natural e permanente. Mesma solução da formação 
de ilhas: traça-se uma linha mediana imaginária, o álveo abandonado 
pertencerá aos proprietários ribeirinhos das duas margens até o seu meio, sem 
que os proprietários dos terrenos por onde o rio abriu novo curso tenham 
direito a indenização. 
5. Acessões Artificiais (física ou industrial) – Deriva de um 
comportamento ativo do homem (ex.: plantações, construções), possuindo 
caráter oneroso. Submete-se à regra de que tudo aquilo que se incorpora ao 
bem em razão de uma ação, cai sob o domínio de seu proprietário. Aquele que 
semeia, planta ou edifica: 
a) em terreno próprio com sementes, plantas ou materiais alheios, 
adquire a propriedade destes. Fica obrigado a pagar-lhes o valor, além de 
responder por perdas e danos, se agiu de má-fé. 
b) em terreno alheio perde, em proveito do proprietário, as 
sementes, plantas e construções. Se agiu com boa-fé, tem direito a 
indenização. 
USUCAPIÃO (arts. 1.238 a 1.244,CC) 
Usucapião (do latim: capio = tomar; usu = pelo uso; tomar pelo uso) é 
uma situação de domínio pela posse prolongada no tempo, independente da 
vontade do titular anterior. Alguém detém a posse de algo com ânimo de dono, 
por certo tempo, sem interrupção e sem oposição e requer ao juiz (por 
advogado) que lhe reconheça a propriedade ou outros direitos reais (ex.: 
servidão predial). Sem posse não há usucapião. A sentença vale como título e 
deve ser registrada no registro de imóveis. Garante a estabilidade e segurança 
da propriedade, fixando um prazo, além do qual não se podem mais levantar 
dúvidas a respeito de ausência ou de eventuais vícios no título de posse, 
solidificando as aquisições e facilitando a prova do domínio. Também é 
chamada de prescrição aquisitiva. 
Requisitos essenciais (comuns a todas as modalidades de usucapião) 
 Posse contínua, mansa e pacífica sobre o bem, exercida ininterruptamente 
(sem intervalos) e sem oposição. 
 Decurso de determinado prazo. 
 Animus domini: a pessoa deve possuir o imóvel como se realmente fosse 
seu, com a intenção de tê-lo para si. A usucapião também é chamada de 
prescrição aquisitiva. 
Não pode ser requerida a usucapião se a situação se enquadrar nas 
hipóteses dos arts. 197 a 202, CC por força do art. 1.244, CC (ex.: entre 
cônjuges na constância da sociedade conjugal, entre ascendentes e 
ascendentes durante o poder familiar, contra absolutamente incapazes, etc.). 
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Não podem ser usucapidas: coisas fora do comércio, imóveis com 
cláusula de inalienabilidade, etc. Os bens públicos também não podem ser 
objeto de usucapião (arts. 183, §3° e 191, parágrafo único, CF/88), qualquer 
que seja a sua natureza. 
Modalidades 
1. Extraordinária (art. 1.238, CC) 
• Posse exercida de forma mansa e pacífica (ou seja, sem oposição, 
sem contestação de quem tenha legítimo interesse), contínua (sem 
interrupções) e com animus domini (intenção de dono). Se o 
proprietário ingressar com alguma medida judicial, quebra-se a 
continuidade da posse (lembrando que providências extrajudiciais não 
significam “oposição”). 
• Prazo: 15 anos. Reduz-se para 10 anos se o possuidor estabelecer 
no imóvel sua moradia habitual ou realizar obras ou serviços de 
caráter produtivo. 
• Não é necessário provar boa-fé ou justo título. Se adquirida por 
meio de atos violentos ou clandestinos, não induzirá posse, enquanto 
não cessar a violência ou a clandestinidade; se adquirida a título 
precário, jamais se convalescerá. 
• Sentença judicial. 
2. Ordinária (art. 1.242, CC) 
• Posse mansa, pacífica, contínua e com animus domini. 
• Prazo: 10 anos. Reduz-se para 05 anos se o imóvel foi adquirido 
onerosamente, desde que o possuidor nele estabeleça sua 
moradia ou faça investimentos de interesse social e econômico 
(produtividade). 
• Justo título – Ato jurídico que habilita uma pessoa a adquirir o 
domínio da coisa, mas que não produziu efeitos porque: a) o 
transmitente não era o dono da coisa, embora acreditasse sê-lo; 
b) o transmitente não tinha o direito de dispor da coisa ou a 
transferiu por ato nulo; c) houve erro no modo de aquisição (foi 
adquirido por instrumento particular, quando se exige escritura 
pública). 
• Boa-fé – Ignorância de vícios que impediriam a aquisição do 
domínio. 
• Sentença judicial. 
3. Especial 
A Constituição Federal, reforçada pelo atual Código Civil, criou outras 
espécies de usucapião, não exigindo, em qualquer delas, justo título ou boa-fé. 
a) Rural (pro labore) – Arts. 191, CF/88 e 1.239, CC. 
• Área não superior a 50 hectares. 
• Posse por 05 anos ininterruptos e sem oposição. 
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• Destinado à sua moradia ou de sua família. 
• Não ser proprietário de outro imóvel (rural ou urbano). 
• Tornar a propriedade produtiva por força de seu trabalho ou do de 
sua família. 
b) Urbana (pro moradia ou pro misero). Arts. 183, CF/88 e 1.240, CC. 
• Área não superior a 250 m². 
• Posse por 05 anos ininterruptos e sem oposição. 
• Destinada à sua moradia ou de sua família. 
• Não ser proprietário de outro imóvel (rural ou urbano). 
• Não pode ser reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez. 
 Observações 
01) A Lei n° 12.424/11 inseriu o art. 1.240-A no Código 
Civil, dispondo: “Aquele que exercer, por 02 (dois) anos ininterruptamente e 
sem oposição, posse direta, com exclusividade, sobre imóvel urbano de até 
250 m² (duzentos e cinquenta metros quadrados) cuja propriedade divida com 
ex-cônjuge ou ex-companheiro que abandonou o lar, utilizando-o para sua 
moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio integral, desde que não 
seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural”. A doutrina está chamando 
isso de “usucapião especial urbana familiar”. 
02) Segundo entendimento jurisprudencial a prova de quitação de débitos 
tributários (ex.: IPTU) não é considerado como requisito essencial para a 
concessão da usucapião. A obrigação tributária, até a efetiva transferência da 
propriedade permanece com o antigo proprietário. O novo somente deve ser 
responsabilizado pelos impostos devidos após a transferência da propriedade 
para o seu nome. Portanto, ainda que a pessoa não esteja pagando os ônus 
fiscais poderá requerer usucapião do imóvel. 
Usucapião coletiva e desapropriação 
A Lei n° 10.257/01 (Estatuto da Cidade) a admite quando áreas urbanas 
com mais de 250 m², ocupadas por população da baixa renda para sua 
moradia, por 05 anos, ininterruptamente, sem oposição e com animus domini, 
onde não for possível identificar os terrenos ocupados de cada possuidor e 
desde que não sejam proprietários de outro imóvel, urbano ou rural. Na 
sentença, o juiz atribui igual fração ideal de terreno a cada possuidor, 
independentemente da dimensão daquele que cada um ocupe. 
Um proprietário pode ser privado do imóvel que está reivindicando 
quando este consistir em extensa área, na posse ininterrupta e de boa-fé, por 
mais de cinco anos, de considerável número de pessoas que nela houverem 
realizado, em conjunto ou separadamente, obras e serviços considerados de 
interesse pessoal e econômico relevante. Assim, mantém-se no bem aquele 
que lhe deu uma função social. Trata-se da desapropriação judicial por posse-
trabalho (art. 1.228, §4°, CC). 
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Em ambas as situações há uma busca pelo sentido social da 
propriedade. Diferença: na primeira hipótese a iniciativa é dos habitantes da 
área que ingressam com a ação pedindo o domínio (não há pagamento de 
qualquer indenização). Na segunda ocorre algo parecido com uma 
desapropriação, pois pelo art. 1.228, 5°, CC o juiz fixa uma indenização ao 
proprietário que perde o domínio para a coletividade. 
����IMPORTANTE ���� O exercício da posse durante o período aquisitivo é um fato 
jurídico. Consumado o prazo, há a aquisição da propriedade, que é relação 
jurídica. Assim deve o novo proprietário exercer em juízo a pretensão de 
usucapião, para que seja declarada a existência dessa relação jurídica (art.1.241, CC). Sendo o pedido considerado procedente a sentença deve ser 
levada a registro imobiliário como forma originária de aquisição da 
propriedade, sem que incida imposto de transmissão (que é exigível apenas 
nas aquisições derivadas, quando há transmissão da propriedade). A sentença 
proferida possui carga declaratória, porque apenas declara a relação jurídica 
preexistente. No entanto somente com registro é que a pessoa poderá dizer-se 
proprietária do bem para todos os fins de direito. O STJ vem decidindo a 
matéria da seguinte forma (REsp 118.360/SP, Rel. Ministro Vasco Della 
Giustina): 
“1. A usucapião é modo originário de aquisição da propriedade; ou seja, não há 
transferência de domínio ou vinculação entre o proprietário anterior e o usucapiente. 
2. A sentença proferida no processo de usucapião (art. 941, CPC) possui natureza 
meramente declaratória (e não constitutiva), pois apenas reconhece, com 
oponibilidade erga omnes, um direito já existente com a posse ad usucapionem, 
exalando, por isso mesmo, efeitos ex tunc. O efeito retroativo da sentença se dá 
desde a consumação da prescrição aquisitiva. 
3. O registro da sentença de usucapião no cartório extrajudicial não é essencial para a 
consolidação da propriedade imobiliária, porquanto, ao contrário do que ocorre com as 
aquisições derivadas de imóveis, o ato registral, em tais casos, não possui caráter 
constitutivo. Assim, a sentença oriunda do processo de usucapião é tão somente título 
para registro e não título constitutivo do direito do usucapiente, buscando este, com a 
demanda, atribuir segurança jurídica e efeitos de coisa julgada com a declaração 
formal de sua condição”. 
Registro – Transcrição (art. 1.227, CC) 
Quando se realiza um contrato constitutivo de direitos reais sobre 
imóveis (compra e venda de uma casa), inicialmente deve-se fazer uma 
escritura pública. Mas a transmissão da propriedade do imóvel somente 
ocorre com o registro da transferência no registro de imóveis (transcrição). 
Uma vez realizado o registro, enquanto não for declarado judicialmente como 
inválido e cancelado, permanece o adquirente como dono do imóvel. Vale a 
partir da data da prenotação, ou seja, quando o título é apresentado ao 
oficial do Registro. Enquanto não houver o registro, o alienante continua como 
dono do imóvel (quem não registra não é dono). Por isso, logo que se compra 
um imóvel deve-se registrá-lo em seu nome impedindo que o vendedor o 
aliene, maliciosamente, uma segunda vez. 
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A matrícula é o primeiro registro do título, individualizando o imóvel 
com um número que sempre o acompanhará. As alienações posteriores são 
registradas na mesma matrícula. O registro é o ato que efetivamente acarreta 
a transferência da propriedade. Já a averbação é a anotação feita à margem 
do registro, indicando as alterações ocorridas no imóvel. 
O efeito principal do registro do título é o constitutivo, pois sem ele o 
direito de propriedade não nasce. Os demais efeitos: obrigatoriedade, 
legalidade, publicidade, força probante e continuidade. 
O registro não é imutável. Caso não represente a verdade, poderá ser 
retificado ou até mesmo anulado a pedido do interessado. Como se admite 
prova em contrário, o registro do título aquisitivo possui apenas uma 
presunção relativa (juris tantum) de que aquele que tem o seu nome 
registrado como titular da propriedade é realmente seu proprietário. 
DIREITO HEREDITÁRIO 
Forma de transmissão derivada da propriedade que se dá causa mortis, 
em que o herdeiro (legítimo ou testamentário) ocupa o lugar do de cujus em 
todos os seus direitos e obrigações. Com a abertura da sucessão (morte do 
proprietário), a herança se transmite, de imediato, aos herdeiros. Estes são 
considerados, num primeiro momento, condôminos dos bens herdados. 
Realizado o inventário e a partilha é expedido o formal de partilha, a ser 
transcrito no registro de imóveis. Após isso cada herdeiro adquire a 
propriedade individual dos imóveis da herança. 
PERDA (enumeração exemplificativa – art. 1.275, CC) 
1. Alienação – Transmissão voluntária do direito sobre a coisa para outra 
pessoa. Pode ser onerosa (compra e venda, troca ou permuta) ou gratuita 
(doação). É indispensável o registro do título. 
2. Renúncia – Ato unilateral pelo qual o proprietário declara expressamente 
o intuito de abrir mão de seu direito sobre a coisa. Também necessita do 
registro (ex.: renúncia da herança). 
3. Abandono – Ato unilateral em que o proprietário deixa a coisa com a 
intenção de não tê-la mais para si (res derelictae). Não precisa ser expresso. 
Abandonada, qualquer pessoa pode ocupá-la, adquirindo a propriedade por 
usucapião. 
4. Perecimento – Perda do objeto. Extinto o objeto ocorre a extinção da 
propriedade (não há direito sem objeto). Pode se dar de forma natural 
(avanço irreversível do mar, terremoto) ou por força humana (incêndio 
provocado, destruição intencional). 
5. Confisco – Cultura ilegal de plantas psicotrópicas (art. 243, CF: 
proprietário não será indenizado). 
6. Usucapião – Se alguém ganha o direito de propriedade pela usucapião, 
outrem a perde. O simples não-uso não determina a perda da propriedade. 
7. Requisição – Permite à autoridade competente o uso da propriedade 
particular até onde o interesse público o exigir, em caso de perigo iminente 
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(ex.: guerra). Será definitiva se recair sobre objeto de consumo (ex.: 
alimentos) e temporária quando se limitar a utilização e posterior restituição 
da coisa ao proprietário (veículos ou imóveis). Garante-se ao proprietário 
direito à indenização posterior, se houver dano. 
8. Desapropriação – Procedimento pelo qual o Poder Público, por ato 
unilateral, despoja alguém de um bem, por necessidade pública, utilidade 
pública ou interesse social, adquirindo-o mediante indenização prévia e 
justa, pagável em dinheiro ou, se o sujeito passivo concordar, em títulos da 
dívida pública (art. 5°, XXIV, CF/88). Ressalva-se à União o direito de 
desapropriar imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social, para 
fins de reforma agrária. Com a desapropriação o bem perde a categoria de 
bem particular, passando ao domínio público, sujeitando-se, portanto, ao 
regime jurídico de direito público. 
• Necessidade pública: tem por principal característica uma situação de 
urgência, cuja melhor solução será a transferência de bens particulares 
para o domínio do Poder Público. 
• Utilidade pública: se traduz na transferência conveniente da propriedade 
privada para a Administração. Não há o caráter imprescindível nessa 
transferência, pois é apenas oportuna e vantajosa para o interesse 
coletivo. 
• Interesse social: é uma hipótese de transferência da propriedade que 
visa melhorar a vida em sociedade, na busca da redução das 
desigualdades (função social da propriedade). 
 
DA PROPRIEDADE MÓVEL 
 
Aquisição e perda 
Quando alguém adquire a propriedade mobiliária, outrem a perde. 
Assim, analisa-se a aquisição e a perda em um só momento. 
1. Originário 
a) Ocupação (art. 1.263, CC) – Assenhoramento de coisa móvel 
(abrange os semoventes), ainda não apropriada (res nullius) ou abandonada 
(res derelictae). Espécies: 
• Ocupação propriamente dita  tem por objeto seres vivos (caça 
ou pesca, obedecendoa legislação específica) ou coisas inanimadas. 
• Descoberta – Quem encontra coisa móvel perdida, não se torna 
proprietário. Deve restituí-la ao dono ou possuidor. Não o conhecendo 
deve entregá-la à autoridade competente. Apresentando-se o dono e 
comprovada a propriedade, o descobridor tem direito a recompensa, 
chamada achádego (não pode ser inferior a 5% do valor da coisa), 
acrescida das despesas com a conservação e transporte. O 
proprietário, ao invés de pagar a importância, pode abandonar a coisa 
e o descobridor pode adquirir a sua propriedade. 
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• Tesouro – Depósito antigo de moedas ou outras coisas valiosas, 
enterrado ou oculto, de cujo dono não haja memória. Regras: 
- Pessoa encontra tesouro em imóvel de sua propriedade: o bem 
pertence somente a ela. 
- Pessoa acha tesouro em terreno alheio, onde intencionalmente o 
procurava sem permissão do proprietário: o bem pertence 
somente ao dono do terreno. 
- Pessoa acha tesouro casualmente em terreno alheio: divide-se o 
tesouro em partes iguais - metade para o dono do prédio e 
metade para quem o achou. 
b) Usucapião – O fundamento é o mesmo dos bens imóveis, exceto 
quanto aos prazos: 
• Extraordinária (art. 1.261, CC): basta a posse mansa, pacífica e 
contínua por 05 anos, mesmo que sem justo título ou boa-fé. 
• Ordinária (art. 1.260, CC): alguém possui a coisa como sua 
coisa com base na boa-fé e justo título durante 03 anos, de 
forma ininterrupta e sem oposição. 
2. Derivada 
a) Tradição (art. 1.267, CC) – Entrega da coisa ao adquirente, com a 
intenção de lhe transferir o domínio. Espécies: 
• Real: entrega efetiva e material da coisa. 
• Simbólica: representada por atos que indicam a transmissão da 
posse (entrega das chaves do carro). 
• Consensual: 
- Traditio longa manu: a coisa é posta à disposição do 
adquirente, por ser impossível a entrega manual (máquinas de 
grande porte ou grande área de terra posta à disposição do 
comprador). 
- Traditio brevi manu: o adquirente já era o possuidor da 
coisa e se torna proprietário (locatário que compra o bem). 
����Observação. As duas faces da moeda: a) na traditio brevi manu ocorre 
quando aquele que possuía em nome alheio passa a possuir em nome próprio; 
b) no constituto possessório (cláusula constituti) aquele que possuía em nome 
próprio passa a possuir em nome alheio. 
b) Especificação (art. 1.269, CC) – Transformação de uma coisa móvel 
em espécie nova, pelo trabalho ou indústria do especificador, desde que não 
seja possível reduzi-la à sua forma primitiva (esculturas, lapidação de pedras 
preciosas). 
c) Confusão, comistão e adjunção (arts. 1.272 a 1.274, CC) – Coisas 
pertencentes a pessoas diversas se mesclam ou se misturam de forma a 
impossibilitar a separação. 
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• Confusão: mistura entre coisas líquidas (água e vinho; álcool e 
gasolina). 
• Comistão: mistura de coisas sólidas ou secas (areia, cal e 
cimento; trigo e glúten). 
• Adjunção: justaposição de uma coisa a outra (tinta em relação à 
parede). 
Se a mistura não foi autorizada e for possível a separação sem 
deterioração, cada coisa continua a pertencer ao seu dono. 
Se a mistura foi involuntária e for impossível a separação (ou se exigir 
dispêndio excessivo), a coisa permanece indivisa, ocorrendo um condomínio 
necessário. Neste caso cada um dos donos terá quinhão proporcional ao valor 
da coisa com que entrou para a mistura. Se uma das coisas puder ser 
considerada principal em relação às outras, o domínio da espécie nova será 
atribuído ao dono da principal, tendo este a obrigação de indenizar os demais. 
Se a mistura for promovida de má-fé a outra parte poderá optar por 
adquirir o todo, pagando o que não for seu, abatida a indenização que lhe for 
devida, ou então renunciar ao que lhe pertence, sendo indenizado. 
d) Sucessão hereditária – herança ou legado. 
 
PROPRIEDADE EM CONDOMÍNIO 
 
Em regra um bem pertence a uma pessoa. Mas o mesmo bem pode 
pertencer a mais de uma pessoa. Quando isso ocorre trata-se do condomínio. 
Genericamente podemos defini-lo como sendo a sujeição de uma coisa 
(divisível ou indivisível) à propriedade simultânea e concorrente de mais de 
uma pessoa (condôminos). A cada uma será atribuída uma parcela ou quota 
ideal da parte que lhe couber sobre o objeto comum. Sinônimos: 
copropriedade, compropriedade, indivisão, comunhão, etc. 
CLASSIFICAÇÃO 
1. Quanto à origem 
a) Convencional (voluntário): resulta de acordo de vontades do 
concôminos. Duas pessoas adquirem um bem em conjunto, abrem uma conta 
bancária em conjunto, etc. 
b) Incidental (eventual): resulta de causas alheias à vontade dos 
condôminos. Pessoa doa ou faz testamento deixando um imóvel a dois irmãos. 
c) Necessário (forçado): deriva de imposição da lei. Meação de 
paredes, cercas, muros, etc. 
2. Quanto ao objeto 
a) Universal: compreende a totalidade do bem, inclusive frutos e 
rendimentos. 
b) Particular: incide sobre uma coisa determinada. 
 
B R U N O R A P H A E L I P A I V A D E O 0 5 0 0 0 0 0 2 4 7 4
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DIREITO CIVIL: ANALISTA JUDICIÁRIO – TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO CEARÁ 
PROFESSOR LAURO ESCOBAR 
 Prof. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br 28 
CONDOMÍNIO CONVENCIONAL (arts. 1.314 a 1.326, CC) 
1. Regras gerais 
a) Cada condômino exerce o direito de propriedade sobre a coisa toda, 
delimitado por igual direito dos demais condôminos, na medida de suas 
quotas, pertencendo a todos a utilidade econômica da coisa. 
b) O direito de cada condômino ante terceiros abrange a totalidade dos 
poderes da propriedade. Um condômino pode mover ação de despejo contra 
o inquilino, mesmo na omissão ou declarada oposição dos demais. 
2. Direitos dos condôminos 
a) Usar livremente a coisa conforme sua destinação e exercer os direitos 
compatíveis com a indivisão. 
b) Reivindicar a posse e defendê-la de terceiros. 
c) Vender a respectiva parte indivisa, respeitando o direito de 
preferência dos demais condôminos. A venda feita a um estranho com 
preterição da regra só será definitiva após o decurso do prazo decadencial 
de 180 dias (contado a partir do momento em que cada condômino teve 
conhecimento da venda). 
d) Hipotecar a parte indivisa. Não pode gravar o bem em sua totalidade 
sem a anuência dos demais comproprietários, mas pode dar em garantia 
real a parte de que dispõe. 
e) Requerer a divisão da coisa a qualquer tempo. 
3. Deveres dos condôminos 
a) Concorrer, na proporção de sua quota, para as despesas de conservação 
ou divisão da coisa. 
b) Responder perante os outros condôminos pelos frutos percebidos e por 
dano que tenha causado. 
c) Suportar, proporcionalmente à sua quota, os ônus a que a coisa está 
sujeita. 
d) Não alterar a coisa sem o consentimento dos demais. 
4. Administração 
Os condôminos podem usar a coisa comum pessoalmente. Se assim não 
desejaram, resolvem, pela maioria dos votos se ela será administrada ou 
alugada, escolhendo o administrador (que pode ser um estranho ao 
condomínio). Para que ocorra a venda basta a vontade de apenas um 
condômino. 
5. Extinção – Divisão 
Há casos em que o condomínio perdura indefinidamente (condomínio 
forçado:

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