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Renato Aurino Espindola JORNADA DE TRABALHO IMPORTANTE

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI 
CENTRO DE EDUCAÇÃO DE BIGUAÇU 
CURSO DE DIREITO 
 
 
 
 
FLEXIBILIZAÇÃO DA JORNADA DE TRABALHO: BANCO DE 
HORAS. 
 
 
RENATO AURINO ESPINDOLA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Biguaçu, junho de 2008
 
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI 
CENTRO DE EDUCAÇÃO DE BIGUAÇU 
CURSO DE DIREITO 
 
 
 
 
FLEXIBILIZAÇÃO DA JORNADA DE TRABALHO: BANCO DE 
HORAS. 
 
 
RENATO AURINO ESPINDOLA 
 
 
 
 
Monografia submetida à Universidade 
do Vale do Itajaí – UNIVALI, como 
requisito parcial à obtenção do grau de 
Bacharel em Direito. 
 
 
 
 
Orientadora: Prof.ª. MSc. Patrícia Santos 
 
 
 
 
 
 Biguaçu, junho de 2008
 
AGRADECIMENTO 
À Rafaella, Manuella e Maria Luiza, que iluminam 
nossas vidas desde que nasceram e que me mostram 
a cada dia, o quanto a vida é bela. 
Aos meus irmãos, Cristiane Espindola e Roberto 
Espindola, que apesar, da não convivência diária, os 
amo muito. 
Aos meus irmãos de coração César e Flávio, que 
tornaram os seis anos de faculdade, bem mais 
agradáveis de serem trilhados, sempre um apoiando o 
outro. 
A minha professora e orientadora, Patrícia Santos, 
pela dedicação e responsabilidade na orientação desta 
monografia. 
 
 
 iii 
DEDICATÓRIA 
Dedico este trabalho a minha mãe Nilta Santana 
Espindola, que sempre esteve ao meu lado nos 
momentos mais difíceis de minha vida. Sempre 
sendo meu abrigo na tempestade, meu porto 
seguro ao meio de um mar revolto. 
 iv 
TERMO DE ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADE 
Declaro, para todos os fins de direito, que assumo total responsabilidade pelo 
aporte ideológico conferido ao presente trabalho, isentando a Universidade do 
Vale do Itajaí, a coordenação do Curso de Direito, a Banca Examinadora e o 
Orientador de toda e qualquer responsabilidade acerca do mesmo. 
 
[Biguaçu, maio de 2008 
 
 
Renato Aurino Espindola 
Graduando 
 v 
PÁGINA DE APROVAÇÃO 
A presente monografia de conclusão do Curso de Direito da Universidade do Vale 
do Itajaí – UNIVALI, elaborada pelo graduando Renato Aurino Espindola, sob o 
título FLEXIBILIZAÇÃO DA JORNADA DE TRABALHO: BANCO DE HORAS foi 
submetida em 20/06/08 à banca examinadora composta pelos seguintes 
professores: Patrícia Santos (presidente), Roberta Schneider Westphal (membro), 
Luiz César Silva Ferreira (membro). 
 
Biguaçu, junho de 2008 
 
 
Prof.ª MSc. Patrícia Santos 
Orientador e Presidente da Banca 
 
 
Prof.ª MSc. Helena N. Paschoal Pítsica 
Responsável pelo Núcleo de Prática Jurídica 
 vi 
GLOSSÁRIO 
 
Abúlico – adj. Sem vontade. 
Antifisiológico – Em desacordo com a fisiologia. Contrário às leis ou às regras 
fisiológicas. 
Fisiologia – Ciência que trata das funções orgânicas pelas quais a vida se 
manifesta. 
Carta Magna – Constituição da república federativa do Brasil. 
Convenção coletiva – Art. 611 CLT - são fontes por corresponder a um contrato 
normativo (natureza jurídica). Suas cláusulas têm a mesma força da lei. Ex: 
sindicato dos trabalhadores bancários x sindicato dos empregadores bancários. 
Nesta, teremos uma norma coletiva elaborada dentro do âmbito sindical. Do ponto 
de vista subjetivo, trata-se de uma norma que é estabelecida entre o sindicato dos 
trabalhadores e sindicato dos empregadores. Do ponto de vista do seu alcance, 
ela será aplicável no âmbito da categoria. 
Acordo coletivo – Art. 611, §1 CLT – são fontes por corresponder a um contrato 
normativo (natureza jurídica). Suas cláusulas têm a mesma força da lei. Ex: 
sindicato dos trabalhadores bancários x Banco do Brasil. Uma ou mais empresas, 
mas individualizadas. O empregador não está representado pelo sindicato. A 
norma passa a ser mais limitada. O alcance será aplicável apenas no âmbito 
da(s) empresa(s) que estejam negociando. 
Flexibilização – Ato ou efeito de flexibilizar. 
 
Flexibilizar – Tornar flexível. 
Globalização – Esta expressão designa um movimento complexo de abertura de 
fronteiras econômicas e de desregulamentação, que permite às atividades 
econômicas capitalistas estenderem seu campo de ação ao conjunto do planeta. 
 
Informática – É a ciência que ajuda a gerenciar as informações de determinado 
local ou usuário através de software e hardware. 
Intervalos compulsórios – Intervalos obrigatórios dentro da jornada de trabalho. 
A CLT impõe estes intervalos. São eles: 
- Interjornada: art.66 CLT 
Término do trabalho do dia até o início do trabalho do dia seguinte = 11 horas 
consecutivas. 
- Intrajornada: art.71 CLT 
É o repouso dentro da jornada de trabalho. Ex: repouso e alimentação. 
Intervalo de 15 min. quando a jornada for inferior a 6 horas e quando ultrapassar 4 
horas. 
 vii 
Quando de 6 a 8 horas de trabalho diário, terá o intervalo mínimo de 1 hora e não 
superior a 2 horas, salvo quando houver acordo coletivo. 
Interesse social – Interesse de toda uma coletividade. 
Irrenunciabilidade de direitos – Direitos que não podem ser renunciados; 
direitos cogentes. Amparados por princípios e normas. 
Mecanografia – Utilização de maquina de escrever, de calcular, duplicadores de 
assemelhados, para a execução de trabalhos de escritórios. 
Mensuração – Ato de medir ou mensurar. Determinar a medida; medir. 
Organização Internacional do Trabalho – A Organização Internacional do 
Trabalho (OIT) é uma agência multilateral ligada à Organização das Nações 
Unidas (ONU), especializada nas questões do trabalho. Tem representação 
paritária de governos dos 180 Estados-Membros e de organizações de 
empregadores e de trabalhadores. Com sede em Genebra, Suiça desde a data da 
fundação, a OIT tem uma rede de escritórios em todos os continentes. 
Organização Mundial do Comércio – A Organização Mundial do Comércio 
(OMC) é a Organização Internacional que supervisiona um grande número de 
acordos sobre as "regras do comércio" entre os seus Estados-membros. Foi 
criada em 1994, entrando em vigor no dia 1˚de janeiro de 1995, sob a forma de 
um secretariado para administrar o Acordo Geral de Tarifas e Comércio - (GATT) 
- Sigla em Inglês. 
Pressupostos lógicos e jurídicos – (...), visando a encontrar um procedimento 
racional de fundamentação que permita tanto especificar as condutas necessárias 
à realização dos valores por eles prestigiados, quanto justificar e controlar sua 
aplicação. Autor: ÁVILA, Humberto. Teoria dos princípios – da definição à 
aplicação dos princípios jurídicos. 4ª ed. São Paulo: Malheiros, 2005. p. 64. 
Rerum Novarum – Sobre a condição dos operários (em Latim Rerum Novarum 
significa "Das Coisas Novas") é uma encíclica escrita pelo Papa Leão XIII a 15 de 
maio de 1981. Era uma carta aberta a todos os Bispos, debatendo com as 
condições das classes trabalhadoras. 
Robotização – A robotização nas fábricas começou nas ultimas décadas do 
século XX, tendo o uso de computadores e robôs para a fabricação de vários 
produtos. O trabalho humano vem sendo substituído pelas maquinas cada vez 
mais bem desenvolvidas. 
Sobreaviso – Conforme a doutrina é aquele em que o trabalhador não deve se 
distanciar demasiadamente do local de trabalho, para que possa atender 
rapidamente as chamadas necessárias. 
 
Telemática – Conjunto de tecnologias da informação e da comunicação 
resultante da junção entre os recursos das telecomunicações (telefonia, satélite, 
cabo, fibras óticas etc.) e da informática (computadores, periféricos, softwares e 
sistemas de redes), que possibilitou o processamento, a compressão, o 
 viii 
armazenamento e a comunicação de grandes quantidades de dados (nos 
formatos texto, imagem e som), em curto prazo de tempo, entre usuários 
localizados em qualquer ponto do Planeta. 
Tempo in itinere – (art.58, §2 CLT): é o tempoem que o empregado leva se 
deslocando, indo ou voltando ao local de trabalho no transporte do empregador se 
o local for de difícil acesso E não servido por serviço regular de transporte. 
 
Trade-unions – significa união de sindicatos do inglês para o português. 
Sindicato é a instituição utilizada para a organização dos trabalhadores na luta por 
seus direitos. O termo "sindicato" deriva do Latim syndicus, que é proveniente 
do Grego sundikós, com o significado do que assiste em juízo 
ou justiça comunitária. Na Lei Le Chapellier, de julho de 1791, o nome síndico era 
utilizado com o objetivo de se referir a pessoas que participavam de organizações 
até então consideradas clandestinas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 ix 
ROL DE ABREVIATURAS OU DE SIGLAS 
 
 
DIEESE - Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos 
 
CLT – Consolidação das Leis do Trabalho 
 
CRFB – Constituição da República Federativa do Brasil 
 
TST – Tribunal Superior do Trabalho 
 
TRT – Tribunal Regional do Trabalho 
 
OJ – Orientação Jurisprudencial 
 
DJ – Diário da Justiça 
 
SDI – Seção Especializada em Dissídios Individuais 
 
OIT – Organização Internacional do Trabalho 
 
OMC – Organização Mundial do Comércio 
 
MT – Ministério do Trabalho 
 
RO – Recurso Ordinário 
 
JCJ – Junta de Conciliação e Julgamento 
 
RR – Recurso de Revista 
 
MP – Ministério Público 
 
DOU – Diário Oficial da União 
 
CCB – Código Civil Brasileiro 
 
R - recurso 
 
ABC paulista – Santo André, São Bernardo do campo e São Caetano. 
 
FGTS – Fundo de Garantia por tempo de serviço 
 
Arts. – artigos 
 
ed. – edição 
 
 x 
Inc. – inciso 
 
Incs. – incisos 
 
BEMAT – Banco do Estado do Mato Grosso (atualmente liquidado) 
 
DOESP – Diário Oficial do Estado de São Paulo 
 
ANAMATRA – Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho 
 
CONAMAT – Congresso Nacional dos Magistrados do Trabalho 
 
n. – número 
 
p. – página 
 
Rel. – relator 
 
v. – volume 
 
 SUMÁRIO 
RESUMO........................................................................................... IX 
 
 
ABSTRACT ........................................................................................ X 
 
 
INTRODUÇÃO ................................................................................. 11 
 
 
CAPÍTULO 1 
 
 
NOÇÕES DE JORNADA DE TRABALHO ....................................... 16 
1.1 SÍNTESE HISTÓRICA MUNDIAL...................................................................16 
1.2 SÍNTESE HISTÓRICA BRASILEIRA..............................................................18 
1.3 FUNDAMENTOS DA LIMITAÇÃO DE TEMPO DE TRABALHO...................24 
1.4 CONCEITO DE JORNADA DE TRABALHO..................................................25 
1.5 DISTINÇÕES RELEVANTES ENTRE DURAÇÃO, JORNADA E HORÁRIO 
DE TRABALHO ....................................................................................................32 
1.6 HORÁRIOS DE TRABALHO E INTERVALOS COMPULSÓRIOS ................34 
1.7 DIFERENTES MODALIDADES DE JORNADAS DE TRABALHO................38 
1.8 CLASSIFICAÇÃO (TIPOS) DE JORNADA DE TRABALHO .........................40 
 
 
CAPÍTULO 2 
 
 
A FLEXIBILIZAÇÃO DA JORNADA DE TRABALHO ..................... 53 
2.1 A FLEXIBILIZAZAÇÃO E A DESREGULAMENTAÇÃO DAS NORMAS 
TRABALHISTAS ..................................................................................................53 
2.2 A FLEXIBILIZAÇÃO DO DIREITO DO TRABALHO FRENTE ÀS 
GARANTIAS MÍNIMAS DO TRABALHADOR E AS NECESSIDADES DAS 
EMPRESAS NOS TEMPOS ATUAIS...................................................................56 
2.3 NOÇOES DE INDISPONIBILIDADE DE DIREITOS DO EMPREGADO........62 
2.4 NATUREZA JURÍDICA DAS NORMAS RELATIVAS À JORNADA DE 
TRABALHO..........................................................................................................66 
2.5 FLEXIBILIZAÇÃO E COMPENSAÇÃO: POSSIBILIDADES E LIMITES.......68 
 
 
 
 
 
 
 
 xii 
CAPÍTULO 3 
 
BANCO DE HORAS......................................................................... 76 
3.1 CONCEITO DE BANCO DE HORAS .............................................................76 
3.2 PRESSUPOSTOS LÓGICOS E JURÍDICOS .................................................77 
3.3 PREVISÃO LEGAL DO BANCO DE HORAS ...............................................79 
3.4 DINÂMICA DO BANCO DE HORAS..............................................................81 
3.5 OPORTUNIDADES PARA COMPENSAÇÃO................................................82 
3.6 LIMITAÇÕES À APLICABILIDADE DO BANCO DE HORAS .......................85 
3.7 REQUISITOS Á APLICABILIDADE DO BANCO DE HORAS .......................89 
3.8 VANTAGENS E DESVANTAGENS DO BANCO DE HORAS .......................95 
3.9 A INCONSTITUCIONALIDADE DO BANCO DE HORAS..............................99 
3.10 BANCO DE HORAS: ASPECTOS SOCIAIS..............................................102 
 
 
CONCLUSÃO................................................................................. 106 
 
 
REFERÊNCIA DAS FONTES CITADAS ........................................ 111 
 
 
ANEXOS......................................................................................... 120 
 
 
 ix 
RESUMO 
Na presente monografia, elegeu-se como tema, o estudo do instituto banco de 
horas. Trata-se de uma forma de compensação da jornada de trabalho, previsto 
na CRFB/88, em seu artigo 7º, XIII, e também, no artigo 59, parágrafo 2º da CLT, 
regulamentado pela Lei nº 9601 de 21 de janeiro de 1998, e posteriormente, 
modificada através da Medida Provisória nº 1709, publicada em 07 de agosto de 
1998, e subsequentemente por inúmeras outras Medidas Provisórias. Baseando-
se em pesquisas bibliográficas, procurou-se expor em três capítulos, a 
flexibilização da jornada de trabalho, com enfoque especial no banco de horas. 
No primeiro capitulo, objetivou-se a exposição histórica referente ao tema. No 
segundo capitulo, abordou-se de forma detalhada, a flexibilização da jornada de 
trabalho. Finalmente, no terceiro capitulo, buscou-se demonstrar minuciosamente, 
o instituto banco de horas, sua aplicabilidade, previsão legal, vantagens e 
desvantagens, os aspectos sociais, os reflexos na vida do trabalhador e a sua 
constitucionalidade. 
 
 
 
Palavras-chave: flexibilização; jornada de trabalho; banco de horas. 
 
 x 
ABSTRACT 
In this research, it was elected as the theme, the study of the bank of hour’s 
institute. This is a form of compensation from the day's work, set out in CRFB/88, 
in its Article 7, XIII, and also, in Article 59, paragraph 2 of CLT, regulated by Law 
No. 9601 of January 21, 1998, and subsequently modified by the Provisional 
Measure No 1709, published on 07 August 1998, and subsequently by many other 
Provisional Measures. Based on research literature, sought to expose in three 
chapters, the relaxation from the day's work, with special focus on the bank of 
hours. At the first chapter, aimed at the exhibition for the historical theme. At the 
second chapter, its addressed in detail, the relaxation of the day's work. Finally, 
the third chapter, tryed to show detail, the bank of hour’s institute, its applicability, 
legal forecast, advantages and disadvantages, the social aspects, the reflections 
on the life of the worker and its constitutionality. 
 
Keywords: flexibility; day of work; bank of hours. 
 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
Com a inserção do trabalho assalariado, pela Revolução 
Industrial no fim do século XVIII, estabelece-se a “jornada de trabalho”. Esta 
passa a ser objeto de discussão, por meio de vários ramos da ciência como, a 
sociologiae a economia (entre outros), envolvendo classes patronais e 
trabalhadoras. 
Com o escopo de frear a selvageria de mercado e impedir 
a excessiva exploração do trabalhador, o Estado passa a intervir elaborando 
leis, estas reguladoras das relações de trabalho. 
A polêmica inicia-se com a duração diária do trabalho, 
sendo, esta, em excesso, implicaria na diminuição da qualidade de vida do 
trabalhador, influindo diretamente na sua saúde, consequentemente na sua 
capacidade de produção, fato este que não seria vantajoso tanto para o 
empregado quanto para o empregador. 
Com a conseqüente exploração excessiva, mundial, da 
duração da jornada de trabalho, aconteceu a primeira Conferência da OIT, 
realizada em Washington de 29 de outubro de 1919 a 27 de janeiro de 1920, 
com o objetivo dirimir a questão da exploração do excesso laboral. 
A partir daí acentuaram-se, grandes revoluções, em 
âmbito mundial a cerca do tema, inclusive no Brasil. 
No Brasil, a primeira grande greve pela redução da 
jornada ocorreu em 1907, e atingiu trabalhadores de São Paulo, Campinas, 
Santos, Ribeirão Preto e Rio de Janeiro. Uma grande conquista foi atingida, as 
jornadas que até então estendiam-se até 15 horas por dia, foram reduzidas 
para dez, e em algumas conquistas foram reduzidas para oito horas. Um 
grande marco histórico foi plantado. 
Muitas transformações ocorreram desde então, entre 
outras, o surgimento do Ministério do Trabalho, da CLT e dos sindicatos. Até 
que em 1988, foi promulgada a atual Constituição do Brasil, então a jornada 
legal foi reduzida para 44 horas semanais. As horas extras continuam sendo 
permitidas e consequentemente a supressão de novos postos de trabalho. 
 
 
12 
Porém, um grande evento mundial, pesponta a partir da 
década de 80, que veio por, ocasionar, grandes revoluções no Direito do 
Trabalho. 
 Observa-se que o mundo passa por um processo de 
evolução, em conseqüência do grande avanço tecnológico nos meios de 
produção como a informática, telemática e a robotização, somado a 
globalização que vem deixando suas conseqüências na sociedade. 
Diante de tal transformação, surge a necessidade de 
adaptação das normas trabalhistas, reportando a flexibilização do Direito do 
Trabalho. 
Instala-se uma crise mundial gerando a desestabilidade 
no mercado de trabalho e consequentemente desemprego mundial. 
Muitas nações primaram por investimentos tecnológicos 
para incrementar a qualidade e a quantidade de sua produção industrial, outras 
desprovidas de recursos financeiros passaram por explorar desordenadamente 
a força laboral. 
Nas duas situações supracitadas, ocorreram 
desempregos em massa. 
A produção passou a oscilar. Períodos de baixa de 
produção ocorriam durante o ano. 
Diante deste quadro mundial, surge a necessidade de 
novos rumos a serem tomados, estes precursores de transformação constantes 
no Direito do Trabalho, que até nos dias atuais não cessaram e jamais 
cessarão. 
Na tentativa de solucionar a questão da associação do 
capital e do trabalho, urge a necessidade da flexibilização das normas 
trabalhistas, sem extinguir as regras mínimas à tutela do empregado que tanto 
foi objeto de luta na história das conquistas sociais. 
Este é o escopo principal da flexibilização das normas 
trabalhistas, ao mesmo tempo em que visa resolver o problema do capital e 
trabalho, preocupa-se a assegurar um conjunto de regras mínimas ao 
trabalhador, concatenado com a sobrevivência da empresa nos períodos de 
oscilação econômica. 
 
 
13 
Diante desse quadro critico, considera-se que, o bem 
maior da relação empregado empregador, passa a ser, a manutenção do 
emprego, daí a necessidade da flexibilização das normas trabalhistas, em tela, 
a jornada de trabalho. 
Os sindicatos passam a atuar na proporção da 
flexibilização, como fiscais. 
O Brasil teve que se adequar às referidas transformações. 
A Constituição de 1988 primou pela autonomia privada coletiva (sindicatos), 
para atuar como “Maestros” na maleabilidade das normas trabalhistas. 
A fim de solucionar a questão referente à flexibilização da 
jornada de trabalho, surge, então, a Lei n. 9.601/98, regulamentada pelo 
Decreto nº 2.490/98, instituindo o então, polêmico banco de horas. 
Trata-se de um mecanismo recente, introduzido na 
legislação trabalhista, porém, o mesmo, divide a opinião da doutrina, em razão 
da dúvida de ser a compensação das horas extraordinárias com as horas de 
descanso ser vantajoso tanto para o empregador quanto para o empregado. 
O descanso do trabalhador é fundamental, não só para o 
seu bom desempenho profissional, mas também para sua vida social no 
convívio com sua família na harmonia de seu lar. De que adianta um 
documento em que o empregado renuncia seu descanso merecido ou suas 
horas extras em troca de uma liberalidade patronal que o dispensou, após uma 
longa jornada de trabalho, no dia seguinte? 
De tal situação surgem vários questionamentos, tais 
como: a quem interessa o banco de horas; qual sua verdadeira fundamentação 
jurídica; quais são suas conseqüências na vida social do trabalhador; quais as 
vantagens que o trabalhador terá com a adoção de tal mecanismo, visto que 
ele não se beneficiara com os respectivos adicionais legais pelas horas 
extraordinárias trabalhadas; e as controvérsias incitadas pela doutrina e 
jurisprudência: banco de horas, acordo individual ou coletivo? 
Uma outra questão que surge referente ao tema, é se a 
compensação de jornada por meio do banco de horas seja realmente a solução 
para o desemprego, ou se do contrario faz aumentar este. 
Diante dessa discussão, esta monografia tem como objeto 
a análise dos aspectos legais e sociais que embasam o banco de horas. 
 
 
14 
O seu objetivo é expor o conceito do banco de horas, as 
limitações de sua aplicabilidade, sua previsão legal, sua dinâmica e o aspecto 
social de sua adoção. 
A justificativa está ligada à proteção do trabalhador, o qual 
encontra amparo no art. 7º da CRFB/88. Daí por que será nulo o ato que obstar 
os direitos cogentes do trabalhador. Assim sendo, há de ser analisado nesta 
monografia, a constitucionalidade do banco de horas. 
A lei supracitada, por meio do banco de horas, regula a 
compensação de jornadas, no aumento da mesma, até o limite de dez horas 
por dia, em determinados dias da semana para redução ou supressão da 
mesma em outro, ou outros dias, num período máximo de um ano. 
O banco de horas é o objeto principal desta monografia, 
assim sendo, o transcorrer da mesma se fará da seguinte forma: 
No primeiro capítulo será abordada a jornada de trabalho, 
sua origem no contexto mundial e nacional, os fundamentos de limitação, 
conceito, tipos, modalidades e classificação. 
No segundo capítulo será exposto a flexibilização do 
direito do trabalho, dando ênfase a obrigação de se manter as garantias 
mínimas do trabalhador. Também será abordado a necessidade das empresas, 
principalmente nos tempos atuais, pela flexibilização das normas trabalhistas, 
primordialmente, no que se refere, a jornada de trabalho, bem como o instituto 
de compensação da mesma. 
E finalizando, o terceiro capítulo se aterá, 
minuciosamente, no instituto banco de horas, neste procurar-se á responder a 
temática levantada neste presente estudo, evidenciando seus pressupostos, 
conceito, natureza, limitações, requisitos, previsão legal, sua dinâmica e por fim 
as vantagens e desvantagens de sua aplicação num contexto social. 
A pesquisa encerra-se com as considerações finais, 
nestas, serão expostos aspectos conclusivos, deixando em aberto o fato da 
continuação das transformações no Direito do Trabalho, por meio da 
flexibilização das normas trabalhistas, tendo como referente o banco de horas. 
Quanto à Metodologia empregada, registra-se que, na 
fase de investigação, foi utilizado o MétodoDedutivo. Os resultados expostos 
nesta monografia são compostos na base lógica Dedutiva. 
 
 
15 
Nas diversas fases da pesquisa, foram acionadas as 
Técnicas, do Referente, da Categoria, do Conceito Operacional e da Pesquisa 
Bibliográfica. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
16 
CAPÍTULO 1 
NOCÕES DE JORNADA DO TRABALHO 
Será abordada, neste primeiro capítulo, a jornada de 
trabalho, sua origem no contexto mundial e nacional, os fundamentos de 
limitação, conceito, tipos, modalidades e classificação das jornadas de 
trabalho. 
 SÍNTESE HISTÓRICA MUNDIAL 
Na Europa, até meados de 1800, a jornada de trabalho 
era estabelecida entre 12 e 16 horas, inclusive a jornada destinada às 
mulheres e crianças. Diante deste quadro abusivo, então considerado pelos 
trabalhadores da época, era comum surgirem movimentos operários 
reivindicatórios visando à diminuição da jornada de trabalho. 1 
Os trabalhadores, sem a intervenção do estado nas 
questões relacionadas aos problemas do trabalho, eram submetidos a uma 
jornada de trabalho excessiva. No auge da Revolução Industrial, existia uma 
oferta, em excesso, de mão de obra por parte das pessoas que deixavam os 
campos e se dirigiam aos grandes centros em busca de trabalho. Situação 
esta, que acentuou a revoltante e desumana exploração dos trabalhadores 
(homens, mulheres e crianças), daí o surgimento, crescente, de insatisfeitos. 2 
Foi em meados do século XIX, diante da evidente 
exploração do trabalho humano, os trabalhadores perceberam a necessidade 
de criarem uniões e sindicatos para defesa de seus próprios interesses.3 
Em 1830, na Inglaterra, as então chamadas trade-unions4, 
partem para luta, organizando movimentos operários, em prol da fixação do dia 
 
1
 MARTINS, Sergio Pinto. Curso de direito do trabalho. 4. ed. ver. e atual. São Paulo: 
Dialética, 2005. p. 190. 
2
 SAAD, Eduardo Gabriel. Consolidação das Leis do Trabalho: comentada. 40. ed. atual. e 
rev. e ampl. São Paulo: LTr, 2007. p.130. 
3
 SÜSSEKIND, Arnaldo; MARANHÃO, Délio; VIANA, Segadas; TEIXEIRA, Lima. Instituições 
de Direito do Trabalho. 21. ed. atual. São Paulo: LTr, 2003. p. 795. 
 
 
17 
de trabalho em oito horas. Somente em 1847 o Parlamento Inglês aprovou a 
primeira Lei impondo o limite máximo de dez horas de jornada de trabalho. 5 
Cabe mencionar um breve histórico, referente ao dia 
internacional da mulher (8 de março), por se tratar de material indispensável à 
referente pesquisa: 
Nesse dia, do ano de 1857, as operárias têxteis de uma fábrica 
de Nova Iorque entraram em greve, ocupando a fábrica, para 
reivindicarem a redução de um horário de mais de 16 horas por 
dia para 10 horas. Estas operárias que, nas suas 16 horas, 
recebiam menos de um terço do salário dos homens, foram 
fechadas na fábrica onde, entretanto, se declarara um incêndio, 
e cerca de 130 mulheres morreram queimadas. Em 1910, 
numa conferência internacional de mulheres realizada na 
Dinamarca, foi decidido, em homenagem àquelas mulheres, 
comemorar o 8 de Março como Dia Internacional da Mulher.6 
Outro fato importantíssimo para nossa pesquisa, refere-se 
ao surgimento do dia mundial comemorativo ao trabalho (1º de maio). Senão 
vejamos: 
A origem da comemoração do Dia do Trabalhador em 1º de 
maio: manifestações, nos Estados Unidos, em 1886, que 
pleiteavam a redução da jornada de 16 para 8 horas 
terminaram com seis trabalhadores mortos, oito presos e cinco 
deles condenados posteriormente à forca. Quatro anos depois, 
o Congresso Norte Americano determinou a redução da 
jornada para 8 horas diárias.7 
 
4
 Os trade unions eram associações de trabalhadores, surgidas no início do século XIX. Essas 
associações organizavam greves e movimentos, reivindicando as propostas trabalhistas. Em 
1821, o governo inglês reconheceu estas associações como entidade útil de auxílio aos 
trabalhadores. Somente no final do século XIX, foram reconhecidas como órgãos 
representativos de classe, surgindo logo após o Partido Trabalhista. Autor: BRAICK, Patrícia. 
Socialismo e os movimentos sociais do século XIX. Disponível em: 
http://www.casadehistoria.com.br/cont_17-01.htm . Acesso em: 23 de abril de 2008. 
5
 SÜSSEKIND, Arnaldo; MARANHÃO, Délio; VIANA, Segadas; TEIXEIRA, Lima. Instituições 
de Direito do Trabalho. 21. ed. atual. São Paulo: LTr, 2003. p. 795. 
6
 TAVARES, Amílcar. Porque dia 8 de março Dia internacional da mulher. Vozdipovo-
online.com 2006. Disponível em: http://www.vozdipovo-online.com/conteudos . Acesso em: 25 
de abril de 2008. 
 
7
 Redução da Jornada de Trabalho: Um pouco da história. CUT. Ceará: 2004. Disponível em: 
http://www.cutceara.org.br . Acesso em: 25 de abril de 2008. 
 
 
18 
O Vaticano, também referindo-se à exploração do 
trabalho humano, manifestou-se na pessoa do então Papa Leão XIII, que, 
publicou em 1891 a Encíclica “Rerum Novarum”8 a qual influenciou, 
significativamente, não apenas os trabalhadores, mas, governantes e 
legisladores. 9 
Foi somente após a Primeira Grande Guerra Mundial 
(1914-1918), que nações passaram a adotar a jornada diária de oito horas. A 
OIT (Organização Internacional do Trabalho), em sua primeira reunião, 
realizada em Washington de 29 de outubro de 1919 a 27 de janeiro de 1920, 
consagrou a jornada de trabalho em oito horas diárias, com algumas exceções. 
10
 
Com o encerrando da Segunda Guerra Mundial, o Tratado 
de Versalhes11 adotou a jornada trabalho de oito horas e quarenta e oito 
semanais, proclamando não ser o trabalho humano mercadoria ou artigo de 
comércio.12 
1.2 SÍNTESE HISTÓRICA BRASILEIRA 
Desde o descobrimento do Brasil, os navegadores que 
aqui aportaram, impuseram aos índios que aqui viviam, o regime da 
 
8
 Encíclica “Rerum Novarum”: “Não é justo nem humano o exigir do homem tanto trabalho a 
ponto de fazer pelo excesso de fadiga embrutecer o espírito e enfraquecer o corpo. A atividade 
do homem é limitada como a sua natureza. O exercício e o uso aperfeiçoam-na, mas é preciso 
que de quando em vez se suspenda para dar lugar ao repouso... Não deve, portanto, o 
trabalho prolongar-se por mais tempo de que as forças o permitem”. 
9
 SÜSSEKIND, Arnaldo; MARANHÃO, Délio; VIANA, Segadas; TEIXEIRA, Lima. Instituições 
de Direito do Trabalho. p. 804. 
10
 SAAD, Eduardo Gabriel. Consolidação das Leis do Trabalho: comentada. 40. ed. p.130. 
11
 O Tratado de Versalhes – Constituição da OIT – 1919 – Já no inicio de 1919, terminada a 
guerra foi nomeada a 25 de janeiro a Conferência preliminar da paz, composta de quinze 
membros, entre os quais se encontravam defensores do acesso dos trabalhadores à mesa de 
negociações. (...). Depois de 35 sessões, a comissão deu por acabado o seu projeto de paz em 
11 e 27 de abril, com pequenas modificações, inserindo-o nos diversos tratados que 
encerraram a guerra (...). Assim, pelo Tratado de Versalhes, o mais importante de todos, de 28 
de junho de 1919, constituiu-se a OIT. Autores: MORAES FILHO, Evaristo de; MORAES, 
Antonio Carlos Flores de. Introdução ao direito do trabalho. 9. ed. . São Paulo: LTr, 2003. 
p.220. 
12
 ROBORTELLA, Luiz Carlos Amorim - Curso de Direito Constitucional do Trabalho. vol. 1 . 
São Paulo: Ltr, 1991. 
 
 
 
19 
escravidão, que posteriormente, não suficiente tal força laboral, passaram a 
escravizar os negros que eram trazidos da áfrica. Perdurou durante séculos 
essa situação, que desde seus primórdios jamais deixou de ser combatidas por 
seus descontentes. Emboraa abolição da escravatura ter acontecido há mais 
de cem anos, é impossível ainda hoje, encontrarmos situações de escravidão 
em nosso pais13. 
 No sistema de trabalho escravo a jornada de trabalho era 
estabelecida pela resistência de força do escravo. Trabalhava-se o que o corpo 
permitia. Mais adiante, nos primórdios do processo de industrialização no Brasil 
(final do século XIX e início do século XX) com a instalação das primeiras 
fábricas, as jornadas de trabalho se estenderam, permitindo que fossem 
comuns situações em que atingissem 12 a 15 horas diárias. Estas jornadas, 
abusivas, podiam ser fixadas, reduzidas ou ampliadas de acordo com a 
necessidade ditada pelo empregador. 14 
“O homem é um lobo para o homem”15, observou TOMÁS 
HOBBES, ao reconhecer que a natureza humana sempre procura explorar ou 
devorar, numa linguagem figurada, o próximo, para designar a opressão que os 
mais fortes exercem sobre os mais fracos. 
Em 1907, ocorre a primeira grande greve geral, tendo 
como principal reivindicação a redução da jornada para 8 horas por dia. Essa 
greve colocou o movimento sindical brasileiro próximo às reivindicações dos 
trabalhadores dos países desenvolvidos da Europa e Estados Unidos.16 
A paralisação, iniciada em São Paulo, irradiou-se por 
algumas grandes cidades do interior paulista, como Santos, Ribeirão Preto e 
 
13
 SÜSSEKIND, Arnaldo; MARANHÃO, Délio; VIANA, Segadas; TEIXEIRA, Lima. Instituições 
de Direito do Trabalho. São Paulo: LTr, 1991. p. 29. 
14
 Conjuntura – Boletim DIEESE – agosto/97. Disponível em: 
http://www.sindipetro.org.br/extra/cjuago97.htm. Acesso em 9 de janeiro de 2008. 
15
 Homo homini lupus (O homem é um lobo para o homem). — Thomas Hobbes, referindo-se à 
ferocidade manifestada de um indivíduo para outro, disse que — "o homem é o lobo do próprio 
homem”. Embora o pensamento tenha provido de um filósofo inglês, no século XVII (Plauto - 
Asinaria, II, 4, 88), é tragicamente verdadeiro o que disse. Atualizadíssimo para os nossos dias. 
Disponível em: http://www.ieja.org . Acesso em: 25 de abril de 2008. 
16
 Conjuntura. Boletim DIEESE. Agosto/97. Disponível em: 
http://www.sindipetro.org.br/extra/cjuago97.htm. Acesso em 8 de janeiro de 2008. 
 
 
20 
Campinas, atingindo também o Rio de Janeiro. Houve adesão das principais 
categorias profissionais da época: chapeleiros, pedreiros, metalúrgicos, 
gráficos, carvoeiros, sapateiros, carpinteiros, costureiros, marceneiros, 
empregados no serviço de limpeza pública e trabalhadores nas indústrias 
têxteis e de alimentação.17 
A greve foi parcialmente bem-sucedida, obtendo maior 
sucesso nas pequenas empresas, onde os trabalhadores conquistaram a 
redução de jornada de trabalho diária para cerca de 10 horas, sendo que, em 
algumas delas, foram conquistadas a redução para 8 horas. 18 
Gomes e Gottschalk19 melhor descrevem essa situação: 
A história do movimento operário é uma lição de sociologia que 
nos fornece a precisa idéia de um grupo social oprimido. O 
envilecimento20 da taxa salarial, e o prolongamento da jornada 
de trabalho, o livre jogo da oferta e da procura, o trabalho do 
menor de seis, oito e dez anos, em longas jornadas, e o da 
mulher em idênticas condições criaram aquele estado de 
détresse sociale de que nos fala Duran, no qual as condições 
de vida social uniformizaram no mais ínfimo nível. 
Referindo-se ao tema assim manifestou-se Dal Rosso21: 
A corrente rompeu por um elo mais fraco, uma vez que o 
movimento sindical operário era muito mais forte nas regiões 
mais industrializadas do país, como São Paulo e Rio de 
Janeiro. 
Com a vitória da Revolução de 1930, o então presidente 
Getúlio Vargas22 em 1932 assinou os Decretos ns. 21.186 e 21.364, que 
 
17
 Conjuntura. Boletim DIEESE. Agosto/97. Disponível em: 
http://www.sindipetro.org.br/extra/cjuago97.htm. Acesso em 8 de janeiro de 2008. 
18
 Conjuntura. Boletim DIEESE. Agosto/97. Disponível em: 
http://www.sindipetro.org.br/extra/cjuago97.htm. Acesso em 8 de janeiro de 2008. 
19
 GOMES, Orlando; GOTTSCHALK, Élson. Curso de Direito do Trabalho. 4. ed.. Rio de 
Janeiro: Forense. p. 120. 
20
 Envilecimento: s. m. estado de uma pessoa, de uma coisa envilecida; aviltamento, vileza, 
degradação. Workpédia: Dicionário Online da Lingua Portuguesa. Disponível em: 
http://www.workpedia.com.br/90433/envilecimento.html. Acesso em 9 de janeiro de 2008. 
21
 DAL ROSSO, Sadi - A jornada de trabalho na sociedade: o castigo de Prometeu. São 
Paulo: LTr, 1996. p.125. 
 
 
21 
dispuseram sobre a duração do trabalho no comércio e na indústria, bem 
como, no mesmo ano, assinou outro Decreto (n. 22.033) o qual melhorou o 
regime referente aos comerciários. 23 
Antes de 1930 o Decreto n. 313, de 17.1.1891, limitava a 
jornada de trabalho diária em nove horas de menor masculino e sete horas 
menor feminino, tal Lei restringia sua aplicação somente no Distrito Federal. 24 
O governo de Getúlio Vargas Adotou, portanto, a jornada 
de oito horas diárias, com possibilidade de ser estendida para dez horas 
diárias, mediante acordo entre empregados e empregadores, com respectivo 
pagamento das referidas horas-extras, com um adicional sobre o salário-hora. 
No entanto nas atividades insalubres e trabalhos subterrâneos, a jornada 
limitava-se a oito horas diárias sem a possibilidade de se estender a dez horas. 
Com tudo, durante a jornada, era obrigatório intervalo para refeição e 
repouso.25 
Com isso, Getúlio Vargas, ao tomar o poder em 1930, 
uma das suas primeiras providências foi criar, em 26 de novembro de 1.930, o 
Ministério do Trabalho, da Indústria e Comércio, chamado de “Ministério da 
Revolução”26, com a finalidade de regulamentar as relações entre o capital e o 
trabalho, surgindo, a partir daí, a regulamentação do Direito do Trabalho.27 
 
22
 Getúlio Dornelles Vargas (19/4/1882 - 24/8/1954) foi o presidente que mais tempo governou 
o Brasil, durante dois mandatos. De origem gaúcha (nasceu na cidade de São Borja), Vargas 
foi presidente do Brasil entre os anos de 1930 a 1945 e de 1951 a 1954. Entre 1937 e 1945 
instalou a fase de ditadura, o chamado Estado Novo. Disponível em: 
http://www.suapesquisa.com/vargas . Acesso em: 25 de abril de 2008. 
23
 BRASIL. Tribunal Regional do Trabalho da 24ª Região. Juíza Dayse Vasques. 1998. 
Disponível em: http://doe.trt24.gov.br. acesso em 25 de abril de 2008. 
24
 SÜSSEKIND, Arnaldo; MARANHÃO, Délio; VIANA, Segadas; TEIXEIRA, Lima. Instituições 
de Direito do Trabalho. p. 798. 
25
 BRASIL. Tribunal Regional do Trabalho da 24ª Região. Juíza Dayse Vasques. 1998. 
Disponível em: http://doe.trt24.gov.br. acesso em 25 de abril de 2008. 
 
26
 O "ministério da revolução" que tinha a missão de organizar o mercado de trabalho para a 
expansão da indústria e comércio e ao mesmo tempo reprimir, controlar e cooptar o movimento 
sindical. Autor: Marco Antonio de Oliveira – Antigo Secretário-adjunto de Relações do Trabalho. 
Disponível em: http://www.trabalho.gov.br . Acesso em 9 de janeiro de 2008. 
27
 PETELINKAR, Lino Faria. A limitação da jornada do trabalho. Disponível em: 
http://www.revistapersona.com.ar/lino.htm. Acesso em 9 de janeiro de 2008. 
 
 
22 
Após, a referida Revolução de 1930, o perfil das classes 
dominantes foi profundamente alterado. O Estado toma o controle, passando a 
regulamentar, por meio de vários decretos, a jornada de trabalho, 
estabelecendo para algumas categorias jornadas de 8 horas diárias e 48 horas 
semanais. Para outras, as jornadas fixadas foram inferiores, caso dos 
bancários e dos trabalhadores nos serviços de telegrafia, paraos quais se 
estabeleceu uma jornada de 6 horas diárias e 36 horas semanais. 28 
No período que compreendeu a vigência da Constituição 
de 1934 promulgou-se apenas, a Lei n. 264, de 5.10.36, que dispunha sobre a 
duração do trabalho dos servidores públicos, ao passo que também neste 
período, o Executivo, expediu o Decreto n. 279, de 7.8.35, o qual regulava a 
jornada de trabalho no serviço ferroviário. 29 
No entanto, na Constituição de 1937, por meio do 
Decreto-Lei n. 910, de 30.11.38, fixou-se a jornada de cinco horas diárias para 
a classe dos jornalistas. Também nesse período, cuidou-se da classe dos 
professores, que por meio do Decreto n.2.028, de 22.02.40, fixou-se o limite de 
seis aulas por dia a jornada do profissional do magistério num mesmo 
estabelecimento.30 
Diante do número, desordenado e esparso, de leis 
trabalhistas específicas, uma para cada determinado seguimento, promulgou-
se o Decreto-Lei n. 5.452 de 1º de maio de 1943 que aprovava a Consolidação 
das Leis do Trabalho (CLT). 31 
Trata-se de uma Consolidação que não só reuniu, 
sistematicamente, as leis trabalhistas da época que até então se encontravam 
de forma esparsas, contudo fazendo alterações em alguns pontos. Tal feito fez-
se possível, pois na época vigia a Constituição de 1937, (mantendo o mesmo 
 
28
 Conjuntura. Boletim DIEESE. Agosto/97. Disponível em: 
http://www.sindipetro.org.br/extra/cjuago97.htm. Acesso em 8 de janeiro de 2008. 
29
 SÜSSEKIND, Arnaldo; MARANHÃO, Délio; VIANA, Segadas; TEIXEIRA, Lima. Instituições 
de Direito do Trabalho. p. 798. 
30
 SÜSSEKIND, Arnaldo; MARANHÃO, Délio; VIANA, Segadas; TEIXEIRA, Lima. Instituições 
de Direito do Trabalho. p. 798. 
31
 SAAD, Eduardo Gabriel. Consolidação das Leis do Trabalho: comentada. 40. ed. p.17. 
 
 
23 
seguimento da Constituição de 1934), esta autorizava o poder Executivo a 
expedir Decretos-Leis, enquanto não se instalava o Congresso Nacional.32 
Com o advento da Carta Magna de 1988, fixou-se o limite 
de oito horas para uma jornada de trabalho normal, perfazendo quarenta e 
quatro a jornada semanal, não fazendo distinção entre o trabalhador rural ou 
urbano, todavia, exclui os empregados domésticos, facultando a compensação 
de jornada ou a redução pela via da convenção ou acordo coletivo. Da mesma 
forma fixou-se o limite de seis horas para a jornada de trabalho, referentes a 
turnos ininterruptos de revezamento, porém deixou oportunidade para 
negociações coletivas.33 
Assim dispõe o artigo 7º, XIII da CRFB/88: 
Duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e 
quarenta e quatro semanais, facultada a compensação de 
horários e a redução da jornada mediante acordo ou convença 
coletiva de trabalho.34 
Sobre o tema, esclarece Süssekind35: 
Obviamente, esses limites poderão ser reduzidos por lei (para 
atividades profissionais que justifiquem), convenção ou acordos 
coletivos, regulamento de empresa ou contrato de trabalho. 
Mas também poderá ter flexibilidade sua aplicação em 
determinadas hipóteses, pelos instrumentos da negociação 
coletiva. Na eventual contradição ou incompatibilidade entre 
norma sou clausulas, prevalecera a mais favorável ao 
trabalhador.Vale lembrar, que além dos domésticos, os 
gerentes também são excluídos da jornada a que dispõe a 
praxe (oito horas diárias e quarenta e quatro semanais), pois, 
estes devem ser entendidos como aqueles que exercem cargo 
de confiança, por conseguinte percebem remuneração superior 
 
32
 SAAD, Eduardo Gabriel. Consolidação das Leis do Trabalho: comentada. 40. ed. p.17. 
33
 SÜSSEKIND, Arnaldo. Curso de Direito do Trabalho. 2. ed. ver. e atual.. Rio de Janeiro: 
Renovar, 2004. p. 455-456. 
34
 BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.. Art. 7, inciso XIII. 
Disponível em: http://www.planalto.gov.br . Acesso em: 20 de abril de 2008. 
35
 SÜSSEKIND, Arnaldo. Curso de Direito do Trabalho. p. 456. 
 
 
24 
a 40% sobre seus subordinados. Excluem-se, inclusive os 
trabalhadores externos. 36 
Dispõe o inciso XIV, também, do artigo 7º da CRFB/88: 
Jornada de seis horas para trabalhos realizados em turnos 
ininterruptos e de revezamento, salvo negociação coletiva.37 
Com relação à profissão também é distinta a jornada de 
trabalho; por exemplo, o bancário tem jornada de seis horas.38 
1.3 FUNDAMENTOS DA LIMITAÇÃO DE TEMPO DE TRABALHO 
A duração do trabalho possui limites que são observados 
por fatores de ordem fisiológica, social e econômica. Assim fulcrado nesses 
limites o Estado passa a intervir na questão trabalhista, a fim de legitimar a 
limitação do tempo de trabalho efetuado a cada dia, pelo trabalhador. 39 
A fisiologia demonstra que o organismo humano quando 
em atividade, consome energias, sendo necessário, portanto, a reposição de 
tais energias para que ele não seja acometido de fadiga e posteriormente 
adoeça.40 
A limitação do tempo de trabalho visa proporcionar, 
inclusive, condições de vida digna, também pelo direito ao lazer, ao descanso e 
repouso, que são direitos sociais fundamentais. Embora o trabalho seja o 
organizador da vida social, contudo a vida não se reduz apenas ao trabalho.41 
O fator social justifica a limitação da jornada de trabalho, 
pela necessidade, que tem o trabalhador, de dispor de tempo para cuidar de 
 
36
 ALMEIDA, André Luiz Paes de. Direito e processo do trabalho. São Paulo: Premier 
Máxima, 2008. p. 81. 
37
 BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Art. 7, inciso XIV. 
Disponível em: http://www.planalto.gov.br . Acesso em: 20 de abril de 2008. 
 
38
 ALMEIDA, André Luiz Paes de. Direito e processo do trabalho. São Paulo: Premier 
Máxima, 2008. p. 81. 
39
 SAAD, Eduardo Gabriel. Consolidação das Leis do Trabalho: comentada. 40. ed. p.130. 
40
 SAAD, Eduardo Gabriel. Consolidação das Leis do Trabalho: comentada. 40. ed. p.130. 
41
 MÃNHAS, Christian Marcello. O direito social ao lazer. Paraná 2008. Disponível em: 
http://www.machadoadvogados.com.br. Acesso em: 26 de abril de 2008. 
 
 
25 
seus direitos e deveres perante sua família e da sociedade como um todo. O 
trabalhador tem o direito de cuidar da sua formação cultural para que 
vislumbre-se estilo digno de vida, daí a necessidade da limitação condizente, 
da jornada de trabalho.42 
O fator econômico justifica-se por dois aspectos, de um 
lado a empresa que se beneficia da maior capacidade de produção daquele 
empregado que teve a oportunidade de repousar o suficiente para recompor 
suas forças; o outro aspecto, é o aumento da oferta de novos postos de 
trabalhos dispostos no mercado, oriundos da limitação da jornada de 
trabalho.43 
Cabe aqui, transcrever os ensinamentos de Robortella44: 
O homem fatigado, destruído pelo trabalho excessivo, é um ser 
abúlico, destituído de vontade, incapaz para o exercício 
concreto da cidadania 
O trabalhador não deve ser submetido a longas jornadas 
de trabalho, a ponto de lhe prejudicar a saúde. Tal resultado, em nada é útil às 
empresas, pois com a sucessão de horas, a produtividade do trabalhador em 
muito é reduzida.45 
1.4 CONCEITO DE JORNADA DE TRABALHO 
A origem da expressão jornada de trabalho, bem lembra 
Martins46: “o vocábulo giornata, em italiano significa dia. Em francês usa-se a 
expressão jour, dia; journee quer dizer jornada. Jornada significa o que é 
diário”. 
 
42
 SAAD, Eduardo Gabriel. Consolidação das Leis do Trabalho: comentada. 40. ed. p.130. 
43
 SÜSSEKIND, Arnaldo; MARANHÃO, Délio; VIANA, Segadas; TEIXEIRA, Lima. Instituições 
de Direito do Trabalho. p. 795. 
44
 ROBORTELLA, Luiz Carlos Amorim - Curso de Direito Constitucionaldo Trabalho, vol. 1 / 
Coordenação Arion Sayão Romita – São Paulo : Ltr, 1991. p. 181-197. 
45
 SAAD, Eduardo Gabriel. Consolidação das Leis do Trabalho: comentada. 40. ed. p.132. 
46
 MARTINS, Sergio Pinto. Curso de direito do trabalho. 18. ed. São Paulo: Atlas, 2003. p. 
343. 
 
 
26 
Godinho47 conceitua jornada de trabalho da seguinte 
forma: 
Jornada de trabalho é o lapso temporal diário em que o 
empregado se coloca à disposição do empregador em virtude 
do respectivo contrato. E é desse modo, a medida principal do 
tempo diário de disponibilidade do obreiro em face de seu 
empregador como resultado do cumprimento do contrato de 
trabalho que os vincula. 
Por sua vez, Nascimento48 chama a atenção para a 
existência de três teorias que conceituam jornada diária de trabalho, senão 
vejamos: Teoria da jornada diária de trabalho (tempo efetivamente trabalhado); 
Teoria da jornada diária (tempo à disposição do empregador no centro de 
trabalho); Teoria da jornada (tempo á disposição do empregador no centro do 
trabalho ou fora dele). 
Martins49, também, defende a necessidade dos três 
prismas supracitados para a possibilidade de conceituar jornada de trabalho, 
referindo-se a teoria do tempo efetivamente trabalhado como sendo o tempo 
em que o empregado efetivamente presta serviço ao empregador; quanto à 
teoria em que o empregado encontra-se a disposição do trabalhador refere-se 
ao tempo em que o empregado chega à empresa até o momento em que dela 
se retira; e por último a teoria em que o empregado encontra-se a disposição 
do empregador no centro do trabalho ou fora dele (tempo “in itinere”), esta que 
considera como jornada de trabalho desde o momento que o empregado sai de 
sua residência, em direção ao trabalho, até o tempo em que ela leva para 
chegar a mesma. 
 
47
 DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de direito do trabalho. 5º ed. São Paulo: LTr, 2006. 
p.830. 
48
 NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Iniciação ao direito do trabalho. 32. ed.. São Paulo: Ltr, 
2006. p. 167. 
49
 MARTINS, Sergio Pinto. Curso de direito do trabalho. p. 191-192. 
 
 
27 
Ainda segundo Martins,50 a legislação brasileira 
atualmente admite um sistema híbrido das teorias supracitadas, para identificar 
a jornada de trabalho. 
O sistema híbrido, do qual menciona Martins51, refere-se à 
adoção das duas teorias das quais sejam: o tempo in itinere, que leva em 
conta, para a contagem da jornada, o tempo gasto no deslocamento do 
empregado até o local do serviço. Contudo, convém mencionar que: não pode 
ser adotada em todos os casos, mas, somente nas circunstâncias de não haver 
transporte público regular para o local de trabalho ou se o mesmo estiver em 
local de difícil acesso, desde que o empregador forneça a condução. E a teoria 
do tempo à disposição do empregador, a qual, computa o tempo desde a 
chegada do trabalhador à empresa até o momento em que dela sai, incluindo 
as paralisações para descanso, almoço etc. 
Nesse sentido assim estabelece o artigo 4º da CLT, que 
diz: 
Considera-se como de serviço efetivo o período em que o 
empregado esteja à disposição do empregador, aguardando ou 
executando ordens, salvo disposição especial expressamente 
consignada.52 
Para melhor entender o significado exato do termo “in 
itinere”, Nascimento53, conceitua o termo como sendo o tempo que o 
empregado gasta no trajeto de casa para o serviço ou vice-versa. 
 
 
 
50
 MARTINS, Sergio Pinto. Curso de direito do trabalho. p. 192. 
51
 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito do Trabalho. 14ª edição; São Paulo: Atlas, 2001. p. 439. 
52
 BRASIL. Consolidação das Leis do Trabalho. Decreto Lei n. 5.452. Art. 4º. Presidência da 
Republica. Disponível em: http://www.planalto.gov.br . Acesso em: 22 de abril de 2008. 
53
 NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Iniciação ao direito do trabalho. 32. ed. p. 168. 
 
 
28 
Persiste a polêmica no Direito do Trabalho, a cerca da 
inclusão do tempo “in itinere”, na inclusão no tempo remuneratório, com tudo, a 
Súmula n. 9054, do TST, assim já definiu: 
I – O tempo despendido pelo empregado, em condução 
fornecida pelo empregador, até o local de trabalho de difícil 
acesso ou não servido por transporte público regular, e para o 
seu retorno é computável na jornada de trabalho. 
II – A incompatibilidade entre os horários de inicio e termino da 
jornada do empregado e o do transporte público regular é 
circunstância que também gera o direito ás horas in itinere. 
III – A mera insuficiência de transporte público não enseja o 
pagamento das horas in itinere. 
IV – Se houver transporte público regular em parte do trajeto 
percorrido em condução da empresa, as horas in itinere 
remuneradas limitam-se ao trecho não alcançado pelo 
transporte público. 
V – Considerando que as horas in itinere são computáveis na 
jornada de trabalho, o tempo que extrapola a jornada legal é 
considerado como extraordinário e sobre ele deve incidir o 
adicional respectivo. 
O artigo 58 da CLT, em seu parágrafo 2º, com o advento 
da Lei 10.243/200155, sofreu modificação, confirmando o entendimento da 
Súmula n. 90/TST, que assim passou a dizer: 
O tempo despendido pelo empregado até seu local de trabalho 
e para o seu retorno, por qualquer meio de transporte, não será 
computado na jornada de trabalho, salvo quando, tratando-se 
de local de difícil acesso ou não servido por transporte publico, 
o empregador fornecer a condução.56 
 
 
54
 Disponível no site: http://www.trt02.gov.br/geral/tribunal2/tst/Sumulas.htm. Acesso no dia: 
04/02/2008. 
55TRT – Súmulas. Disponível em: 
http://www.planalto.gov.br/CCIVIL/LEIS/LEIS_2001/L10243.htm. Acesso em: 20 de abril de 
2008. 
56
 BRASIL. Consolidação das Leis do Trabalho. Decreto Lei n. 5.452. Art. 58, parágrafo 2º. 
Presidência da Republica. Disponível em: http://www.planalto.gov.br . Acesso em: 19 de abril 
de 2008. 
 
 
29 
Süssekind57 menciona uma outra modalidade que 
caracteriza a jornada de trabalho: o “sobreaviso”, que assim conceitua: 
Empregado de sobreaviso é aquele que permanece em local 
ajustado com o seu empregador para eventuais convocações, 
visando à execução de determinados serviços. (...) o 
sobreaviso se configurara se em virtude de ajuste com o 
empregador, obrigar-se o empregado a permanecer em 
determinado local, a fim de atender rapidamente a eventual 
convocação para o trabalho. 
O regime de sobreaviso foi previsto pela CLT apenas para 
os ferroviários (parágrafo 2º do art. 24458). Porém, o tempo de sobreaviso, foi 
estendido, por analogia, á categorias que vivenciam circunstâncias laborais 
semelhantes. 59 
É o que decorre do texto da Súmula 229, do TST: 
Por aplicação analógica do art. 244, parágrafo 2º, da CLT, as 
horas de sobreaviso dos eletricitários são remuneradas à base 
de 1/3 sobre a totalidade das parcelas de natureza salarial. 60 
Contudo, hodiernamente, a jurisprudência consagrou a 
aplicação do regime do sobreaviso, por analogia em outras atividades, não só 
as citadas alhures, mas que justifiquem a sua aplicação61. Ou seja, situações 
em que o empregado seja efetivo e que o mesmo permaneça em sua própria 
casa , aguardando a qualquer momento o chamado para o serviço.62 
 
 
57
 SÜSSEKIND, Arnaldo; MARANHÃO, Délio; VIANA, Segadas; TEIXEIRA, Lima. Instituições 
de Direito do Trabalho. p. 809. 
58
 Art. 244, parágrafo 2º da CLT – Considera-se de “sobreaviso” o empregado efetivo, que 
permanecer em sua própria casa, aguardando a qualquer momento o chamado para o serviço. 
59
 DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de direito do trabalho. p.843 -844. 
60
 Disponível em: http://www.dji.com.br/normas_inferiores/enunciado_tst/tst_0211a0240.htm.Acesso em: 1 de fevereiro de 2008. 
61
 SÜSSEKIND, Arnaldo; MARANHÃO, Délio; VIANA, Segadas; TEIXEIRA, Lima. Instituições 
de Direito do Trabalho. p. 809. 
62
 SAAD, Eduardo Gabriel. Consolidação das Leis do Trabalho: comentada. 40. ed. p. 330. 
 
 
30 
Referente ao tema, cita-se o entendimento de Souza63: 
O regime de remuneração de horas do sobreaviso previsto 
para os ferroviários na CLT (art. 244, § 2º) só pode ser 
estendido a outras categorias, por analogia, se o empregado 
'permanecer em sua própria casa, aguardando a qualquer 
momento o chamado para o serviço', como exigido na norma 
especifica. 
Ainda, nos esclarece Oliveira64 
O sobreaviso caracteriza-se pela permanência do empregado 
em casa, aguardando o chamamento para o serviço. O estado 
de sobreaviso tolhe a liberdade de locomoção do empregado, 
que deverá manter-se dentro de determinado raio de ação que 
lhe permita atender a chamadas urgentes do empregador. 
Permanece em estado de expectativa constante. 
Nesse sentido pacificou-se o entendimento jurisprudencial 
a cerca do tema: 
O regime de sobreaviso dos ferroviários pode ser aplicado, por 
analogia, a outras profissões. (Ac do TST, Pleno, nos E-RR-
4.170/79, Rel. Min. Orlando Teixeira da Costa). 
Porém, em todos os casos é imprescindível que o 
empregado seja cientificado de que estará de sobreaviso.65 
Diante do avanço tecnológico, situações novas passam a 
figurar nesse contexto analógico, que é o caso dos BIPs e telefones celulares, 
mecanismos estes que possibilitam que o trabalhador encontre-se sobre o 
regime do sobreaviso, onde quer que se encontre, porém ainda não é pacífico 
o enquadramento jurídico dessas duas situações fáticas novas,66 no entanto já 
existem decisões favoráveis. 
 
63
 SOUZA. Mauro César Martins de. Adicionais na remuneração acessória do trabalhador 
e suas implicações de ordem prática e teórica no direito do trabalho brasileiro. Publicada 
no Juris Síntese nº 32 - NOV/DEZ de 2001. 
64
 OLIVEIRA, Francisco Antônio de. Comentários aos Enunciados do TST: 2ª edição, ver. e 
atual. . São Paulo: Revista dos Tribunais, 1993. p. 566. 
65
 AGUIAR, Márcio José de Souza. O regime de sobreaviso. Disponível no site: 
http://jusvi.com/artigos/277. Acesso no dia: 01/02/2008. 
66
 DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de direito do trabalho. p.844. 
 
 
31 
Para Camino,67 o “bip” e o telefone móvel, permitem ao 
empregado uma maior disponibilidade de seu tempo. Acrescenta que: 
Não há mais necessidade, por exemplo, de permanecer em 
sua residência, aguardando eventual chamado. Basta portar 
um telefone celular e permanecer num raio que permita ao 
empregador alcançá-lo com possibilidade de locomoção até à 
empresa em tempo razoável. Nem por isso, poderá usufruir 
plenamente dos períodos de não-trabalho, diante das 
limitações impostas pela escala de sobreaviso. 
Neste norte já decidiram os tribunais68: 
Recurso de Revista - HORAS DE SOBREAVISO. USO DE 
APARELHO CELULAR. O uso de aparelho celular e a 
comprovação da restrição da liberdade de locomoção do 
empregado e da fruição de seu período de descanso 
configuram o sobreaviso. (...), não podendo, assim, ser 
aplicado analogicamente o entendimento da Orientação 
Jurisprudencial nº 49 da SBDI-1 do TST69. 
Também no mesmo sentido: 
24008661 - HORAS DE SOBREAVISO – 1/3 DO VALOR DA 
REMUNERAÇÃO - UTILIZAÇÃO DE “BIP” - CABIMENTO - O 
uso do chamado “bip” limita não só a atividade do portador 
quando deve estar pronto para atender ao chamado, como 
também restringe seu deslocamento no espaço, não podendo 
afastar-se do raio de alcance do instrumento. É inequívoco que 
o conceito de jornada de trabalho é distinto do horário de 
trabalho. Este é o período no qual o trabalhador inicia e finaliza 
sua prestação de serviços. Enquanto aquela, efetivamente, é o 
período no qual o empregado fica à disposição do empregador 
aguardando ou executando ordens. De outra parte, incumbindo 
ao Órgão Julgador a aplicação da lei objetivando atender aos 
fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum, 
 
67
 CAMINO, Carmem, Direito Individual do Trabalho. 2ª ed.. São Paulo: Síntese, 1999. p. 217 
e 218. 
68
 TRT 4ª Região, RR 994/2003-069-09-00. Rel. Lélio Bentes Corrêa. Brasília 16/11/2006. DJ – 
07/12/2006. 
69
 HORAS EXTRAS. USO DO BIP. NÃO CARACTERIZADO O "SOBREAVISO". Orientação 
Jurisprudencial nº 49 da SBDI-1 do TST Inserida em 01.02.95 (inserido dispositivo, DJ 
20.04.2005). O uso do aparelho BIP pelo empregado, por si só, não carateriza o regime de 
sobreaviso, uma vez que o empregado não permanece em sua residência aguardando, a 
qualquer momento, convocação para o serviço. 
Disponível em: http://www.trtrio.gov.br . Acesso em: 3 de fevereiro de 2008. 
 
 
32 
por expressa disposição legal - art. 5°, LICC - perfeitamente 
aplicável, por analogia, a regra inserta no parágrafo 2° do art. 
244, da CLT, devendo essas horas serem pagas no 
equivalente a 1/3 sobre o valor da remuneração. (TRT 15ª R. - 
Proc. 14446/00 - (41896/00) – 2ª T. - Rel. Juiz Luís Carlos 
Cândido Martins Sotero da Silva - DOESP 06.11.2000 - p.29).70 
Diante do exposto: jornada de trabalho é a quantidade de 
labor diário do empregado. Em sentido mais amplo, seria o lapso de tempo 
durante o qual o empregado deve prestar serviços ou permanecer à 
disposição, com habitualidade, excluídas as horas extraordinárias. Ou seja, 
neste sentido amplo, há uma jornada normal diária e semanal. Pelo limite 
imposto pela CF, a diária é de oito horas, jornada esta limitada pela semanal, 
que é de 44 horas.71 
1.5 DISTINÇÕES RELEVANTES ENTRE DURAÇÃO, JORNADA E 
HORÁRIO DE TRABALHO. 
Nascimento72 salienta que, jornada, horário e duração do 
trabalho, diferem-se entre si do seguinte modo: 
Jornada de trabalho não é exatamente o mesmo que duração 
do trabalho e horário de trabalho, uma vez que a sua idéia é a 
dos parâmetros máximos autorizados pela lei para que o 
trabalhador fique a disposição do empregador; enquanto 
duração do trabalho são os quantitativos de tempo somados e 
destinados pelo trabalhador ao sistema produtivo; e horário de 
trabalho é a pontuação do momento em que o trabalhador vai 
iniciar e terminar a sua atividade em cada dia, ou seja, a hora 
em que a atividade vai começar e a hora em que vai terminar. 
Conforme nos ensina Delgado73, três expressões 
apresentam-se correlatas ao fenômeno do tempo em que o empregado 
 
70
 AGUIAR, Márcio José de Souza. O regime de sobreaviso. Disponível em: 
http://jusvi.com/artigos/277. Acesso em: 1 de fevereiro de 2008. 
71
 SANTOS, Cilon. Direito social e do trabalho. Disponível em: http://www.cilonsantos.com.br 
. Acesso em 5 de maio de 2008. 
72
 NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Iniciação ao direito do trabalho. 32. ed. p. 165. 
73
 DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de direito do trabalho. p.835 
 
 
33 
encontra-se à disponibilidade contratual que são respectivamente: duração do 
trabalho, jornada de trabalho e horário de trabalho. 
A duração do trabalho consiste no instituto mais amplo 
correlacionado com os demais, pois a mesma abrange o lapso temporal de 
disponibilidade contratual do empregado perante seu empregador 
considerando distintas as mensurações: dia, semana, mês e ano.74 
Refere-se à duração, programação, execução de tarefas, 
das quais dependerá a produção e também maior exposição aos riscos 
profissionais, diz respeito ao funcionamento humano no qual observa-se a 
rapidez de produção, bem como o desgaste profissional ou o envelhecimento 
biológico.75 
Ao passo que, jornada de trabalho possui um sentido 
mais estrito que a supracitada, pois, compreende o tempo diário em que o 
empregado tem dese colocar em disponibilidade perante seu empregador em 
virtude do contrato em um dia delimitado (parágrafo 2º do art. 59 da CLT); já o 
horário de trabalho, trata-se exclusivamente do espaço de tempo 
compreendido entre o começo e o término de certa jornada laborativa ( art. 74 
da CLT).76 
 Maralhão77 atribui um conceito, simples e direto, à 
expressão, horário de trabalho: 
A expressão, horário de trabalho traduz, rigorosamente, o lapso 
temporal entre o inicio e o fim de certa jornada laborativa. 
 
 
 
 
74
 DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de direito do trabalho. p.835. 
75
 QUÉINNEC, Yvon. O Dicionário Horário. Disponível em: http://laboreal.up.pt/revista/artigo. 
Acesso em: 24 de maio de 2008. 
76
 DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de direito do trabalho. p.835. 
77
 MARANHAO, Délio. Direito do Trabalho. 14. ed. Rio de Janeiro: Fundação Getulio Vargas. 
987.p. 84. 
 
 
34 
Nascimento78 salienta ainda, que: 
Predomina como título do tema, jornada de trabalho, incluindo, 
no entanto, o estudo dos intervalos de descanso uma vez que 
alguns intervalos não integram e outros integram a jornada de 
trabalho. Assim o estudo da jornada diária de trabalho 
compreende não só a duração do trabalho, mas horários, 
intervalo e outros aspectos significativos para o direito. 
Segundo Süssekind79 é importante destacar que, a 
duração normal de trabalho é caracteriza pelo lapso temporal, compreendido 
em um determinado período (dia ou semana) para a execução dos encargos 
advindos da relação de emprego, excluindo-se as prestações extraordinárias 
(horas suplementares); ao passo que, duração máxima de trabalho equivale à 
soma das horas da jornada normal mais as horas suplementares as quais em 
certas situações, a lei permite. 
1.6 HORÁRIOS DE TRABALHO E INTERVALOS 
COMPULSÓRIOS 
Os intervalos compulsórios compreendem os intervalos 
obrigatórios expressos pela pelo ordenamento jurídico trabalhista. São eles, os 
intervalos interjornadas (art. 66 da CLT)80; intrajornada (art. 71 da CLT)81; 
 
78
 NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Iniciação ao direito do trabalho. 32. ed p. 165 – 166. 
79
 SÜSSEKIND, Arnaldo; MARANHÃO, Délio; VIANA, Segadas; TEIXEIRA, Lima. Instituições 
de Direito do Trabalho. p. 804 - 805. 
80
 Art. 66. Entre 2 (duas) jornadas de trabalho haverá um período mínimo de 11 (onze) horas 
consecutivas para descanso. BRASIL. Consolidação das Leis do Trabalho. Decreto Lei n. 
5.452. Art. 59, caput. Presidência da Republica. Disponível em: http://www.planalto.gov.br . 
Acesso em: 20 de janeiro de 2008. 
81
 Art. 71. Em qualquer trabalho contínuo cuja duração exceda de seis horas, é obrigatória a 
concessão de um intervalo para repouso ou alimentação, o qual será no mínimo, de uma hora 
e, salvo acordo ou contrato coletivo em contrário, não poderá exceder de duas horas. 
§ 1º Não excedendo de seis horas o trabalho, será, entretanto, obrigatório um intervalo de 
quinze minutos quando a duração ultrapassar quatro horas. 
§ 2º Os intervalos de descanso não serão computados na duração do trabalho. 
§ 3º O limite mínimo de uma hora para repouso e refeição poderá ser reduzido por ato do 
Ministério do Trabalho, quando, ouvido o Departamento Nacional de Segurança e Higiene do 
Trabalho, se verificar que o estabelecimento atende integralmente às exigências concernentes 
à organização dos refeitórios e quando os respectivos empregados não estiverem sob regime 
de trabalho prorrogado a horas suplementares. 
 
 
35 
O período compreendido entre o início e o fim da jornada 
de normal trabalho, incluindo intervalo de descanso e ou refeição, constitui o 
horário de trabalho. Este tanto pode ser noturno ou diurno (art. 73, parágrafos 
2º e 4º, da CLT).82 
Além do intervalo obrigatório de onze horas consecutivas 
entre duas jornadas de trabalho (art. 66, da CLT), a legislação brasileira 
estabelece, compulsoriamente, intervalo de repouso ou alimentação do 
trabalhador. Nos casos em que a jornada de trabalho exceder seis horas os 
referidos intervalos serão de uma a duas horas, podendo ser dilatado mediante 
acordo ou convenção coletiva (art. 71 da CLT), de outra forma será de quinze 
minutos se a jornada não exceder a seis horas, mas se for superior a quatro 
horas (parágrafo 1º do art. 71, da CLT)83. 
Importante lembrar que o TST, tem decidido que o 
intervalo mínimo, não pode ser reduzido mediante acordo ou convenção 
coletiva. 84 
Nesse sentido têm-se os seguintes julgados: 
A impossibilidade de flexibilização abrange os direitos voltados 
à garantia da integridade, saúde e segurança dos 
trabalhadores (...). Afastada a validade da cláusula da 
convenção coletiva que reduzia o intervalo para o repouso ou 
alimentação dos frentistas paraibanos. 
Com o mesmo entendimento: 
“A manutenção do intervalo mínimo intrajornada encontra 
respaldo no fato de que o trabalho desenvolvido longamente 
pode levar à fadiga física e psíquica, o que conduz à 
 
§ 4º Quando o intervalo para repouso e alimentação, previsto neste artigo, não for concedido 
pelo empregador, este ficará obrigado a remunerar o período correspondente com um 
acréscimo de no mínimo 50% (cinqüenta por cento) sobre o valor da remuneração da hora 
normal de trabalho.( Acrescentado pela L-008.923-1994). BRASIL. Consolidação das Leis do 
Trabalho. Decreto Lei n. 5.452. Art. 59, caput. Presidência da Republica. Disponível em: 
http://www.planalto.gov.br . Acesso em: 20 de janeiro de 2008. 
82
 SÜSSEKIND, Arnaldo. Curso de Direito do Trabalho. p. 461 - 462. 
83
 SÜSSEKIND, Arnaldo. Curso de Direito do Trabalho. p. 461 - 462. 
84
 Boletim do TRT da 15ª Região, Campinas, abril de 2003, p.19. Disponível em: 
http://www.trt15.gov.br/boletim/boletim200304. Acesso em: 9 de janeiro de 2008. 
 
 
36 
insegurança do trabalhador e, considerada a natureza de 
certas atividades, à insegurança de terceiros e do patrimônio 
das empresas e do Estado, sendo certo que a redução de 
acidentes do trabalho está relacionada à capacidade de 
atenção do trabalhador no serviço”, afirmou o Ministro Relator 
Rider de Brito. 
Ainda, no mesmo norte: 
INTERVALO INTRAJORNADA. REDUÇÃO ABAIXO DO 
MÍNIMO LEGAL. PREVISÃO EM NORMA COLETIVA. 
AUSÊNCIA DE AUTORIZAÇÃO DO MINISTÉRIO DO 
TRABALHO. NULIDADE. A redução do intervalo mínimo 
intrajornada não pode ser pactuada mediante norma coletiva 
sem a autorização do Ministério do Trabalho, conforme exige o 
art. 71, § 3º, da CLT, matéria que já se encontra pacificada pela 
Orientação Jurisprudencial nº 342 da SDI-I do TST. (Acórdão / - 
Juiz Edson Mendes De Oliveira - Publicado no TRTSC/DOE em 
07-01-2008.)85 
Quanto à relação, dos intervalos supracitados, com a 
duração da jornada de trabalho, nos ensina Süssekind86: 
O tempo dos intervalos (...) não é computável na duração da 
jornada de trabalho (2º do art. 71), o que não se verifica, por 
exceção com o repouso de dez minutos, que, em face do 
disposto no art. 72, deve corresponder a cada período de 
noventa minutos de trabalho contínuos em serviços 
permanentes de mecanografia, datilografia, escrituração ou 
cálculos executados por processos mecânicos, operações em 
computadores ou outros similares (...). 
Referente ao tema, por meio da Súmula 346, já decidiu o 
TST: 
Os digitadores, por aplicação analógica do art. 72 da CLT, 
equiparam-se aos trabalhadores nos serviços de mecanografia 
(datilografia, escrituração ou calculo), razão pela qual têm 
direito a intervalos de descanso de 10 (dez) minutos a cada 90 
(noventa) de trabalho consecutivo.87 
 
85
 TRT 12ª Região, Disponívelem: www.trt12.gov.br. Acesso em: 09/02/2008. 
86
 SÜSSEKIND, Arnaldo. Curso de Direito do Trabalho. p. 461 - 462. 
87
 Disponível em: http://www.dji.com.br/normas_inferiores/enunciado_tst/tst_0331a0360.htm . 
Acesso em: 1 de fevereiro de 2008. 
 
 
37 
Os intervalos não compulsórios concedidos pelo 
empregador, são considerados serviços extraordinários, neste sentido 
estabelece a Súmula 118 do TST, que assim preceitua: 
Os intervalos concedidos pelo empregador na jornada de 
trabalho, não previstos em lei, representam tempo à disposição 
da empresa, remunerados como serviço extraordinário, se 
acrescido ao final da jornada. – (1981). 88 
Contudo, a CLT em seu art. 71, parágrafo 4º,89 preceitua: 
Quando o intervalo para repouso e alimentação, previsto neste 
artigo, não for concedido pelo empregador, este ficará obrigado 
a remunerar o período correspondente com um acréscimo de 
no mínimo 50% (cinqüenta por cento) sobre o valor da 
remuneração da hora normal de trabalho. (Acrescentado pela 
L-008.923-1994) 
 
No mesmo sentido, temos o seguinte julgado: 
 
INTERVALO INTRAJORNADA. NÃO CONCESSÃO. ART. 71, 
§ 4º, DA CLT. REFLEXOS. A supressão do intervalo 
intrajornada implica ao pagamento total do período 
correspondente, com acréscimo de, no mínimo, 50% sobre o 
valor da remuneração da hora normal de trabalho e reflexos, na 
forma do art. 71, § 4º, da CLT, que confere verdadeira natureza 
salarial a essas horas extras fictícias. E-RR nº639726 ano: 
2000. Publicado no DJ - 10/02/2006. TST, Brasília, 05 de 
dezembro de 2005. Ministro Relator: João Batista Brito 
Pereira.90 
 
Logo, a não concessão dos intervalos compulsórios bem 
como os intervalos não compulsórios concedidos pelo empregador, ambos 
deverão ser considerados como horas extraordinárias e remunerados como tal, 
ou seja, os intervalos compulsórios não concedidos serão remunerados 
baseados no tempo suprimido, ao passo que os intervalos não compulsórios 
 
88
 Disponível em: http://www.dji.com.br/normas_inferiores/enunciado_tst/tst_0091a0120.htm . 
Acesso em: 2 de fevereiro de 2008. 
89
 BRASIL. Consolidação das Leis do Trabalho. Decreto Lei n. 5.452. Art. 71, parágrafo 4º. 
Presidência da Republica. Disponível em: http://www.planalto.gov.br . Acesso em: 20 de 
fevereiro de 2008. 
90
 Disponível em: www.tst.gov.br . Acesso em: 25 de maio de 2008. 
 
 
38 
concedidos, serão remunerados por representarem tempo a disposição da 
empresa.91 
1.7 DIFERENTES MODALIDADES DE JORNADAS DE 
TRABALHO 
Referente ao controle efetivo fiscalizatório da jornada de 
trabalho92, existem três modalidades: jornadas controladas, jornadas não 
controladas e a jornada não legalmente tipificada. 93 
Delgado94 faz distinção entre as três referidas 
modalidades de jornadas supracitadas, mencionado que nas jornadas 
controladas a prestação do trabalho é submetida ao efetivo controle e 
fiscalização do empregador, nessas condições pode-se demonstrar, se for o 
caso, a prestação de horas extraordinárias. Nas jornadas não controladas, não 
existe um real controle e fiscalização por parte do empregador, impossibilitando 
o cálculo das horas extraordinárias e sequer a duração efetiva do trabalho. Por 
último a jornada não legalmente tipificada, nessa, também, torna-se quase 
impossível a verificação da incidência das horas extras, é o caso da categoria 
dos empregados domésticos. 
Dois tipos de empregados são indicados pela CLT que se 
incluem na modalidade de jornada não controlada que são eles: os 
trabalhadores que exercem atividades externas incompatível com a fixação de 
horário de trabalho; e os gerentes (art. 62, I e II e parágrafo único, CLT). Porém 
trata-se aqui, de apenas uma presunção feita pela CLT e não discriminação de 
 
91
 LÔBO, Carlos Augusto Gomes. Juiz do Tribunal Regional do Trabalho DA 14ª Região. 
Disponível em: http://pesquisasdiritodotrabalho.blogspot.com . Acesso em 25 de maio de 2008. 
92
 (...) trabalho não fiscalizado nem minimamente controlado é insuscetível de propiciar a 
aferição da real jornada laborada pelo obreiro – por essa razão é insuscetível de propiciar a 
aferição da prestação (ou não) de horas extraordinárias pelo trabalhador. Autor: DELGADO, 
Mauricio Godinho. Curso de Direito do Trabalho, São Paulo, LTr, 2002, p. 852/853. 
93
 DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de direito do trabalho. p.872. 
94
 DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de direito do trabalho. p.872. 
 
 
39 
categorias, pois, havendo prova firme que havia efetiva fiscalização da 
prestação laboral, incidirá as regras concernentes a duração do trabalho.95 
No entanto, existe a possibilidade da fiscalização e 
controle do labor externo, conforme preceitua o parágrafo 3º do art. 74 da CLT, 
que assim diz: 
Se o trabalho for executado fora do estabelecimento, o horário 
dos empregados constará, explicitamente, de ficha ou papeleta 
em seu poder, sem prejuízo do que dispõe o parágrafo 1º deste 
artigo.96 
O seguinte julgado97 viabiliza a comprovação do efetivo 
controle e fiscalização da jornada de trabalho, no caso dos gerentes, advinda 
do fato de não estarem, no seu local de trabalho, subordinados a nenhum outro 
com poderes para uma mínima fiscalização da sua jornada laboral. 
BANCÁRIO. GERENTE. HORAS EXTRAS. Comprovada a 
subordinação do empregado ao gerente-geral da agência bem 
como o controle de jornada por parte da reclamada, afasta-se a 
incidência da exceção prevista no artigo 62, II da CLT, 
remunerando-se, como extras, as horas laboradas além da 
oitava diária, nos termos do artigo 224, § 2º, do código laboral. 
(...) fundamental para o deslinde da presente controvérsia é a 
existência de controle da jornada de trabalho da reclamante, o 
que restou comprovado nos autos, tanto pela prova documental 
como pela testemunhal. Afere-se das fichas financeiras 
juntadas pela própria reclamada que esta, por vezes, 
remunerou o labor extraordinário prestado pela reclamante, 
cuja aferição, de certo, se deu por meio de algum controle de 
jornada. (RO-00573.2002.005.23.00-0 - 5ª Vara do Trab. De 
Cuiabá – Rel.: Juiz José Simioni - DJ/MT nº 6587 - 14/02/2003 
- Pág. 50). 
Destarte, segundo o que nos ensina o Delgado98, 
somente o fato de o trabalho ser realizado fora do estabelecimento não elimina 
 
95
 DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de direito do trabalho. p.875. 
96
 BRASIL. Consolidação das Leis do Trabalho. Decreto Lei n. 5.452. Art. 74, parágrafo 3º. 
Presidência da Republica. Disponível no site: http://www.planalto.gov.br . Acesso no dia: 
20/01/2008. 
97
 Disponível em: http://www.trt23.gov.br . Acesso em: 2 de fevereiro de 2008. 
98
 DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de direito do trabalho. p.874. 
 
 
40 
a viabilidade do controle e fiscalização sobre a efetiva prestação laboral, por 
conseguinte a viabilidade da mensuração da jornada, inclusive a existência das 
horas extraordinárias, se houverem. 
1.8 CLASSIFICAÇÃO (TIPOS) DE JORNADA DE TRABALHO 
São vários os tipos de jornada diária de trabalho, 
mencionadas por Nascimento99, são elas: 
a) em função da duração: jornada normal, extraordinária, 
limitada, ilimitada, intermitente ou a tempo parcial; 
b) quanto ao período: jornada diurna, noturna ou mista; 
c) em função do dia em que é prestada; 
d) em função da condição pessoal do trabalhador: será 
jornada de homens, mulheres ou de menores; 
e) em função da profissão: referente a todos os 
empregados ou empregados especiais; 
f) em função da remuneração: com ou sem acréscimo 
salarial; 
g) em função da fonte formal em que é fixada, da rigidez 
ou não do horário: jornadas flexíveis ou inflexíveis; 
i) em função das situações imperativas ou não;

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