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Professora Drª. Adriana Geisler 2016.2 Semana 1 - Introdução ao Direito Processual Penal I - Sistemas Processuais Penais: “Afirmar que o “sistema é misto” é absolutamente insuficiente, é um reducionismo ilusório, até porque não existem mais sistemas puros (são tipos históricos), todos são mistos. A questão é, a partir dor e conhecimento de que não existem mais sistemas puros, identificar o princípio informador de cada sistema, para então classificá-lo como inquisitório ou acusatório, pois essa classificação feita a partir do seu núcleo é de extrema relevância.” Aury Lopes Jr. • “Sistema processual penal é o conjunto de princípios e regras constitucionais, de acordo com o momento político de cada Estado, que estabelece as diretrizes a serem seguidas para a aplicação do direito penal a cada caso concreto. O Estado deve tornar efetiva a ordem normativa penal, assegurando a aplicação de suas regras e de seus preceitos básicos, e esta aplicação somente poderá ser feita através do processo, que deve se revestir, em princípio, de duas formas: a inquisitiva e a acusatória”. (Rangel, 2014) (destaque meu) • O modelo de relação processual penal é um reflexo da relação entre Estado e indivíduo ou, mais especificamente, entre autoridade e liberdade. • Após o advento da Constituição de 1988, adotou no Brasil o sistema acusatório, caracterizado, essencialmente, pela distinção entre as atividades de acusar e julgar; imparcialidade do juiz; contraditório e ampla defesa, motivação das decisões judiciais, livre convencimento motivado. • Na prática: o processo penal brasileiro tem uma clara matriz inquisitória; uma espécie de “núcleo inquisitório, ainda que com alguns „acessórios‟ que normalmente ajudam a vestir o sistema acusatório (mas que por si sós não o transformam em acusatório)” (Aury Lopes Jr.) • Exemplos dessa “contradição”: Permitir que o juiz de ofício converta a prisão em flagrante em preventiva (art. 310), pois isso equivale a “prisão decretada de ofício”; ou mesmo decrete a prisão preventiva de ofício no curso do processo, ouça testemunhas além das indicadas (art. 209); proceda ao reinterrogatório do réu a qualquer tempo (art. 196); determine diligências de ofício durante a fase processual e até mesmo no curso da investigação preliminar (art. 156, incisos I e II); reconheça agravantes ainda que não tenham sido alegados (art. 385); condene ainda que o Ministério Público tenha postulado a absolvição (art. 385), altere a classificação jurídica do fato (art. 383) etc. • Algumas conclusões a partir do caso brasileiro: a) Na essência, o sistema é sempre puro: Ora o processo é prevalentemente acusatório, ora apresenta maiores características inquisitoriais. Mas, isso não nos autoriza, como faz boa parte da doutrina, a desconhecer a existência de sistemas acusatórios ou inquisitórios “puros”. Assim como os paradigmas e os tipos ideais, não podem ser mistos; eles são informados por um princípio unificador: “não há – e nem pode haver – um princípio misto, o que, por evidente, desconfigura o dito sistema. (JACINTO COUTINHO) b) A importância da identificação do “núcleo fundante”: a Gestão da Prova Ainda que todos os sistemas sejam mistos, não existe um princípio fundante misto. O misto deve ser visto como algo que, ainda que mesclado, na essência é inquisitório ou acusatório, a partir do princípio que informa o núcleo. Então, no que se refere aos sistemas, o ponto nevrálgico é a identificação de seu núcleo, ou seja, do princípio informador, pois é ele quem vai definir se o sistema é inquisitório ou acusatório, e não os elementos acessórios (oralidade, publicidade, separação de atividades etc.). A gestão da prova é espinha dorsal do processo penal, estruturando e fundando o sistema a partir de dois princípios informadores: • Princípio dispositivo: funda o sistema acusatório; a gestão da prova está nas mãos das partes (juiz-espectador). • Princípio inquisitivo: a gestão da prova está nas mãos do julgador (juiz-ator [inquisidor]); por isso, ele funda um sistema inquisitório, de instrução e conhecimento de ofício pelo juiz na busca da verdade material. Ao lado desse núcleo inquisitivo (derivado do princípio inquisitivo, em que a gestão da prova está nas mãos do juiz), podem orbitar características que geralmente circundam o núcleo dispositivo, que informa o sistema acusatório. Em outras palavras, o fato de um determinado processo consagrar a separação (inicial) de atividades, oralidade, publicidade, coisa julgada, livre convencimento motivado etc., não lhe isenta de ser inquisitório. .) c) A Insuficiência da Separação (Inicial) das Atividades de Acusar e Julgar “Apontada pela doutrina como fator crucial na distinção dos sistemas, a divisão entre as funções de investigar-acusar-julgar é uma importante característica do sistema acusatório, mas não é a única e tampouco pode, por si só, ser um critério determinante, quando não vier aliada a outras (como iniciativa probatória, publicidade, contraditório, oralidade, igualdade de oportunidades, etc.). A separação das atividades de acusar e julgar, trata-se realmente de uma nota importante na formação do sistema. Contudo, não basta termos uma separação inicial, com o Ministério Público formulando a acusação e depois, ao longo do procedimento, permitir que o juiz assuma um papel ativo na busca da prova ou mesmo na prática de atos tipicamente da parte acusadora” (Aury Lopes Jr) • A importância do binômio sistema acusatório e imparcialidade: - A imparcialidade é garantida pelo modelo acusatório e sacrificada no sistema inquisitório, de modo que somente haverá condições de possibilidade da imparcialidade quando existir, além da separação inicial das funções de acusar e julgar, um afastamento do juiz da atividade investigatória/instrutória. - Pensar o sistema acusatório focado exclusivamente no aspecto histórico da separação de funções e desconectado do princípio da imparcialidade e do contraditório é incorrer em grave reducionismo. Se originariamente o sistema acusatório teve por núcleo a separação de funções, o nível atual de desenvolvimento e complexidade do processo penal não admite mais tais simplificações. - É necessário que se mantenha a separação para que a estrutura não se rompa. Na realidade, é decorrência lógica e inafastável, que a iniciativa probatória esteja (sempre) nas mãos das partes. Somente isso permite a imparcialidade do juiz. A melhor forma de averiguar a verdade e realizar-se a justiça é deixar a invocação jurisdicional e a coleta do material probatório àqueles que perseguem interesses opostos e sustem opiniões divergentes. Deve-se descarregar o juiz de atividades inerentes às partes, para assegurar sua imparcialidade. Com isso, também se manifesta respeito pela integridade do processado como cidadão. II - Sistemas Processuais Penais: inquisitivo e acusatório. - Processo: instrumento de heterocomposição dos conflitos A) O Processo Acusatório: - Processo de partes: a) Acusação e defesa se contrapõem em igualdade de posições (“aspecto dialético entre acusação e defesa”), e que apresenta um juiz sobreposto a ambas; b) Nítida separação de funções (acusar, julgar e defender), atribuídas a pessoas distintas (actum trium pesonarum) e informada pelo contraditório; c) Separação de funções e iniciativa probatória do juiz: inicialmente vinculados ao modelo inquisitório, os poderes instrutórios são, atualmente, admitidos no modelo acusatório. A atividadeprobatória não é monopólio das partes. O juiz também pode determinar, ex officio, a produção de provas, ainda que as partes preservem a sua iniciativa probatória. Os poderes instrutórios do juiz não “limitam” ou impedem o direito à prova das partes. Embora possa o juiz determinar a produção de provas, a acusação será conferida a uma pessoa distinta do julgador. Por outro lado, a missão de julgar é exclusiva do juiz. - Elementos: oralidade; publicidade e presunção de inocência, permanecendo o acusado em liberdade até que seja proferida a sentença condenatória irrevogável; (ver decisão do STF) B) O processo Inquisitório: - Não havia separação de funções. As funções de acusar, defender e julgar encontravam-se reunidas em uma só pessoa – o juiz acusador – a quem cabia unilateralmente, a investigação; - A ação inicia-se ex officio, por ato do juiz e ele tinha a liberdade de colher provas, independentemente de sua proposição pelo acusação ou pelo acusado; - A formação do convencimento do juiz não se dá pelas provas que lhes são apresentadas pelas partes, mas sim pelo que ele houver coletado na sua investigação. Na verdade, mesmo antes de iniciada a ação penal, o juiz já sabe, de certa maneira, como e qual seria a sua decisão, buscando provas apenas para corroborar o seu pensamento. Há, portanto um juízo de valor prévio, um pré-julgamento antes mesmo de iniciar a ação penal. O sistema de provas é o da prova legal ou prova tarifada, no qual as provas têm valores e pesos previamente determinados. - “O sistema inquisitório baseia-se em um princípio de autoridade, segundo o qual a verdade é tanto mais bem acertada quanto maiores forem os poderes conferidos ao investigador”. - Uma vez que o processo é regido pelo sigilo e falta contraposição entre a acusação e a defesa, não há contraditório e ampla defesa. - O réu não é parte, mas um objeto do processo; - O acusado, normalmente, permanecia preso durante o processo, e, não raro, era torturado para que se alcançasse a confissão; - Inexistência de uma relação jurídica processual: o processo inquisitório é incompatível com o Estado Democrático de Direito. - O sistema inquisitivo, que atingiu seu ápice durante a Idade Média, “demonstra total incompatibilidade com as garantias constitucionais que devem existir dentro de um Estado Democrático de Direito e, portanto, deve ser banido das legislações modernas que visem assegurar ao cidadão as mínimas garantias de respeito à dignidade da pessoa humana.” Vantagens do modelo acusatório sobre o inquisitório: - Forma democrática de exercício do poder, permitindo que o destinatário do ato possa influenciar na sua formação. É uma garantia para o acusado; - Os atos são públicos e o processo é regido, dentre outros, pelos princípios do contraditório e ampla defesa, de maneira que o acusado jamais poderá ser processado sem advogado, pois tem direito à defesa técnica. O acusado tem o direito de ser interrogado para que possa exercer a sua autodefesa. - Estrutura dialética que permite uma maior eficiência no aspecto probatório; - Os poderes instrutórios do juiz (- que podem ir desde a atividade propriamente investigativa até a introdução em juízo de provas cuja existência já tinha conhecimento) não representam um perigo à sua imparcialidade. A imparcialidade corre perigo quando o juiz é um “pesquisador” de fontes de provas. Representa o Estado na relação processual III – Sujeitos Processuais: - Sujeitos processuais são aqueles que, denominados “partes” aqueles que discutem a causa e esperam do juiz uma apreciação da decisão de mérito dela. III. 1 – Juiz: Deverá ser Imparcial Garantem a imparcialidade: CRFB/88: garantias art. 95, caput; vedações (art. 95, §único) CPP: Hipóteses de impedimentos (art. 252); incompatibilidades (art. 253) e suspeições (art. 254) Investido na jurisdição : - Concurso público; - Nomeação / escolha política (Ministros do STJ e do STF) Competente - Na organização judiciária brasileira • Juízes monocráticos • Juízes colegiados - Atuam a sós; - Justiça de primeiro grau (em regra); exceção (Tribunal do Júri e conselhos de justiça da Justiça Militar; - Lei 12694/2012: no caso de processos que tenham opor objeto crimes praticados por organização criminosa – colegiado temporário formado pelo juiz competente para a causa + dois julgadores escolhidos por sorteio (art. 1. º, §2.º) . Atuará apenas para aquela decisão ou sentença para o qual se formou (art 1.º, §3.º) - Atuam em grupo; - Justiça de segundo grau e tribunais superiores. *Colegiado homogêneo (juízes de igual natureza): - Tribunais do Juri (primeiro grau). *Colegiado heterogêneo (juiz togado + 25 juízes eleitos): III. 1ª) Dos impedimentos e incompatibilidades dos juízes: IMPEDIMENTOS Art. 252 CPP Rol não taxativo /exemplificativo ou numerus apertus (imparcialidade subjetiva, além da objetiva) Finalidade: evitar qualquer risco à imparcialidade (ele ou pessoas a ele ligadas exerceram ou estão exercendo funções no mesmo processo, ou têm interesse no feito) INCOMPATIBILIDADES Art. 253 CPP (nos juízos coletivos, juízes que forem entre si parentes, em linha reta ou colateral até o terceiro grau, inclusive) + cônjuges Procedimentos: Art. 112 CPP (exceção de suspeição) Podem ser reconhecidas ex officio pelo juiz Efeitos: atos praticados absolutamente nulos Hipótese do inc. III: A expressão instância parece ter sido utilizada como sinônimo de grau de jurisdição, impedindo que o juiz que atuou em primeiro grau pronuncie-se em grau de recurso. Mas, merece uma interpretação mais ampla, para alcançar situações em que o mesmo juiz (pessoa física) tenha se pronunciado sobre o mérito, realizando um prejulgamento sobre o crime ou sua autoria. Também já se reconheceu que a atuação do juiz em processo administrativos gera impedimento para processo judicial sobre o mesmo fato. Não haverá impedimento se se limitou a exarar despachos ou praticas atos não decisórios. Divergência doutrinária: Juiz que recebeu denúncia ou queixa está impedido para atuar no tribunal julgando recurso sobre aquele processo. Recebimento da denúncia é decisão. Hipótese do inc. II: A função do juiz (sujeito processual) é incompatível com a de testemunha (fonte de prova) . Se o juiz julgar com base em seu conhecimento privado sobre os fatos, sem que tenha prestado seu depoimento, estará sendo violado o contraditório Hipótese do inc. I: Devem ser incluídos os casos de união estável ou de relações homoafetivas. Também haverá impedimento no caso de parentesco decorrente de adoção. III.1. b) Suspeição do juiz: Hipóteses: Art. 254 CPP Não há suspensão se a parte propositadamente tentar criá-la (CPP, art. 256) Independente de provocação, o juiz poderá, a qualquer momento, declarar-se suspeito nos autos, por escrito, apontando os motivos legais de sua suspeição. Neste caso, deverá intimar as partes e remeter os autos para o seu substituto (CPP, art. 97) . Se não o fizer, poderá ser recusado por qualquer das partes. Também poderá por motivo de foro íntimo dar-se por suspeito (aplicação analógica dos art. 133, § único, do CPC) (CPP, art. 3.º) IPC.: Tendo o juiz se declarado suspeitoem um processo, relativamente à determinada pessoa, não poderá julgar qualquer outro feito de que ela seja parte. Atos do juiz suspeito: absolutamente nulos Hipótese do inc. I: ● Amizade íntima: como se fosse parente; relação de compadrio; trabalho em comum; anterior existência de sociedade de negócios, frequência assídua na residência ● Inimizade capital: traduz ódio, rancor ou desejo de vingança. Inexistente pelo fato do juiz já ter condenado várias vezes o acusado. 1) Não basta que a parte o considere seu inimigo capital; nem tampouco quando a inimizade for com o advogado do acusado ou com o representante do Ministério Público. 2) É de ser aceita a suspeição , em caso de amizade íntima entre juiz e promotor, bem como entre juiz e advogado. O mesmo se diga do defensor. Hipótese do inc. III, do art. 254: evidente o parentesco civil, decorrente de adoção, embora o CPP não faça referência a ele. Também deve ser aplicada à companheiro(a) (equiparação constitucional do art. 226, §3.º, da CRFB/88) Hipótese do inc. IV, do art. 254 : O aconselhamento não gera suspeição quando genérico e sem referência específica à causa; bem como o encontro do juiz com a parte, fora das dependências do foro, em reunião na qual trataram de outros assuntos, sem antecipar qualquer decisão da causa. III. 2 – Suspeição dos Jurados Impedimentos Próprio: Art. 449 CCP Por Analogia: art. 252 Incompatibilidades Próprias: art. 448 CPP Por analogia: 253 Suspeição Por analogia : Art 252 CPP Procedimentos: O CPP não estabelece, claramente, o momento de suspeição dos jurados. A exceção deve ser arguida oralmente (CPP, art. 106), no instante em que for sorteado o jurado para compor o Conselho de Sentença. O jurado será ouvido e, se aceitar o motivo, será excluído. Se negar, o juiz presidente julgará de plano a exceção, devendo rejeitá-la se não for imediatamente comprovada. III. 3 – Peritos, Intérpretes, Serventuários ou funcionários da Justiça Hipóteses de suspeição dos juízes (CPP, art 254) Hipótese de impedimento dos juízes Aplicam-se Aplicam-se Peritos (CPP, art. 280); Intérpretes (CPP, art 281); Serventuários e Funcionários da Justiça (CPP, art. 274, no que couberem) Peritos, Intérpretes, Serventuários e funcionários da Justiça (embora não haja previsão específica, no que couberem) Atos praticados: absolutamente nulos (interpretação analógica do art. 564, I, do CPP) OBS: Auxiliares do juiz: possibilidade de abstenção, independente de arguição de sua suspensão (interpretação analógica do art. 97, do CPP) III. 4 – Ministério Público: III.4 a) Natureza jurídica: Órgão essencial à administração da justiça Participa do processo e da relação jurídico-processual 1 – como autor da ação penal; 2 – como fiscal da lei – ação penal privada; III.4 b) Parte interessada ou “parte imparcial” Ministério Público = parte acusadora (parcial): a concepção do Ministério Público (MP) como parte imparcial é incompatível com o processo penal acusatório. Neste, onde se acetua a relação dialética entre as partes, o MP deve ser uma parte verdadeira, isto é, uma parte parcial, como “uma condição essencial da distanciamento do juiz em relação às partes em causa” (Luigi Ferrajoli). III. 4 c) Princípios do Ministério Público: Unidade É um só órgão, sob uma mesma direção, exercendo a mesma função Indivisibilidade Gera a possibilidade de os membros poderes ser substituídos uns pelos outros, na forma da lei, se que perca o sentido de unidade do órgão Autonomia / Independência Funcional (devendo seguir apenas suas convicções na aplicação da lei, mesmo em desacordo com superiores hierárquicos) Há controvérsias acerca da existência deste princípio: “Parte imparcial”: evitar as designações, avocações e substituições para garantir a imparcialidade; “Parte parcial”: a substituição de um promotor por outro não siguinifica nada além de uma busca de maior eficiência no exercício da função, perfeitamente condizente com a regra da unidade do MP. Promotor Natural Prévia definição legal sobre sua atribuição para atuar em determinados casos, afastando-se a possibilidade de interferências hierárquicas. III. 4 d) Impedimentos do Ministério Público: Hipóteses de impedimento dos juízes (art. 254) (CPP, art, 258, parte final, “no que lhes for aplicável”) Hipótese específica – Art. 258 CPP juiz ou parte cônjuge ou parente + Não é o MP, como instituição que é recusado, mas o promotor de justiça. Restringe os poderes do Procurador-Geral de Justiça de efetuar substituições, designações, delegações e avocações que somente podem correr nos casos taxativa e previamente definidos em lei. Ex.1: Não será aplicável no caso em que parente seu tiver atuado nos autos como auxiliar de justiça – não há liame administrativo entre o MP e o referido servidor. Ex. 2) * Participação no inquérito não caracteriza impedimento para o oferecimento da denúncia (Súmula 234 do STJ), salvo se atuou como testemunha (hipótese de impedimento dos juízes art. 252,II, do CPP, cabível para o MP. * Promotor pode declarar-se impedido (embora CPP omisso) Atos do MP suspeito Entendimento predominante: atos praticados não são nulos vez que o art. 564, I, do CPP refere-se, apenas, à suspeição do juiz. deve ser substituído até a decisão final do incidente. Entendimento minoritário: se o art. 258, parte final manda aplicar ao MP hipóteses de impedimento dos juízes (art. 254) por equiparação a tais atos se aplica o art. 564, I, CPP Incabível a exceção de suspeição pelas partes (CPP, art. 107) Autoridade deve se abster de atuar no inquérito em hipótese de suspeição CPP, art. 107, parte final): preceito puramente ético/ não há qualquer sanção processual. III. 5 – Autoridade policial III.6 Acusado Terminologia Inquérito Processo Indiciado Investigado Acusado Denunciado Imputado Querelado - Sujeito passivo da ação penal condenatória; contra quem é movida ação penal pública ou privada. “Considera-se acusado aquele a quem é imputada a prática de infração penal em denúncia recebida” (art. 69, CPPM) Muitas vezes o acusado, polo passivo da ação penal condenatória, será o autor de ações penais como a revisão criminal, o habeas corpus, uma justificação criminal (...) III. 6. a) Pessoa Jurídica: admite-se a reponsabilidade penal das pessoas jurídicas (CRFB/88, art. 225, §3.º) Pessoa jurídica > crimes ambientais (Lei 9605/1998, 3.º) Inaplicabilidade de alguns institutos processuais à luz da responsabilidade penal da pessoa natural quem deve ser interrogado é o titular do direito de defesa e quem tem o interesse de defender a pessoa jurídica é seu gestor. III. 6.b) A autodefesa do acusado Direito de Presença (exercido com o comparecimento em audiência) Direito de Audiência (direito de ser ouvido pelo juiz, exercido, por excelência, no interrogatório) É mera faculdade do acusado: pode renunciar, preferindo permanecer calado (CRFB/88, art. 5.º, LXIII) Direito de Postular Pessoalmente: Não prejudicam a defesa, apenas criam uma possibilidade a mais de seu exercício. O juiz, implementando a manifestação da vontade do acusado, nomeia defensor para arrazoar tecnicamente o ato de postulação pessoal do acusado. Recurso(CPP, art. 577, caput) Habeas Corpus (CRFB/88, art. 654) Revisão Criminal (CPP, art. 623) III. 6.b) Revelia do acusado: Art. 367, CPP - Divergência doutrinária: decretação da revelia estando o defensor presente: • Situação mais comum: pelo cabimento; o acusado deixa de ser intimado para os demais atos do processo, mas, o defensor, deverá continuar a ser intimado; • Situação menos comum: se o acusado não comparece, mas o seu defensor está presente no ato, não pode ser decretada (por força do art. 366, CPP) III.9 – Defensor III. 9 a) Defesa Técnica Assegura o contraditório – “paridade de armas” entre as partes Necessária, indisponível e efetiva Nenhum acusado – ainda que ausente ou foragido – poderá ser processado sem defensor (CPP, art. 261, caput) • Ainda que o acusado não queira ou se oponha ao defensor nomeado pelo juiz e, até mesmo, caso deseje se defender por si mesmo; • São nulos os atos privativos de advogado praticados por pessoa não inscrita na ordem, ou praticado por advogado impedido. Por outro lado, o defensor não poderá abandonar a causa, senão por motivo imperioso, comunicado previamente ao juiz, sob pena de multa (...), sem prejuízo das demais sanções cabíveis (CPP, art. 265, caput) • O acusado tem sempre o direito de constituir em defensor de sua escolha. Mesmo que tenha um defensor dativo, poderá, a qualquer tempo, substituí-lo por um defensor de sua confiança. (CPP, art. 263). Por outro lado, se tem defensor constituído não poderá o juiz destituí-lo, sem antes dar a oportunidade ao acusado para constituir outro defensor de sua confiança. • Não é mera formalidade, que se satisfaz com a simples presença do advogado. Deve ser efetiva, com a exploração contraditória e fundamentada (CPP, art. 261, § único) das partes • No caso de corréus, com defesas colidentes, não é possível seja exercida por um mesmo defensor, seja ele dativo ou constituído. III. 9 c) Aspectos terminológicos Defensor constituído / procurador Escolhido pelo acusado Defensor dativo Defensor público / advogado particular oferecido e remunerado pelo Estado. Quando, no entanto, o acusado não for pobre, será obrigado a pagar os honorários do defensor dativo, arbitrados pelo juiz (Art. 263, §único) Defensor ad hoc Nomeado para a prática específica de um ato, quando o acusado já possui defensor, constituído ou dativo, mas este não compareça ao ato nem justifica previamente o motivo do não comparecimento. (art. 265, §2.º, do CPP). III. 9 b) Finalidade da defesa Defesa do interesse do acusado OBS.: poderá ser exercida mesmo quando se concorda com um pedido de condenação, mas postulando a desclacificação, ou aplicação de uma pena mínima, ou substituição por uma pena alternativa, etc... III.10 Curador: Do menor No incidente de insanidade mental Não mais subsiste OBS.: Na vigência do Código Civil de 1916 – complementação da vontade do réu relativamente incapaz – idade entre 18 e 21 anos Código Civil de 2002: diminuição da maioridade de 21 para 18 anos – deixa de existir a figura do réu menor de idade Função: Auxiliar o Ministério Público na ação penal pública. (parte ad coadjuvandun) - Melhor denominação: “Assistente do Ministério Público”; “Assistente do acusado”. parte parcial - Não é parte necessária, apenas contingente /assessória (modalidade de intervenção de terceiros facultativa no processo penal. - Intervenção poderes para intervir no processo, não para propor ou promover a ação penal. Cabimento: Ação Penal Pública condenatória – • Na ação penal privada, o ofendido é parte autora, razão pela qual não há assistente de acusação • Não é admitida: habeas corpus; Revisão criminal • Divergência doutrinária: nas contravenções penais (em regra, bens de natureza supraindividual (incolumidade pública, paz pública, organização do trabalho, etc...), desde que seja possível identificar um ofendido (contravenções de vias de fato (Art. 21, § 1 da Lei das Contravencões Penais - Decreto Lei 3688/41) /natureza das agressões não chega a ofender a integridade física da vítima ) • Pedido de habilitação: o MP deverá ser previamente ouvido, decidindo, em seguida, o juiz sobre a admissibilidade ou não da intervenção. Contra a decisão de inadmissibilidade não cabe recurso; tem sido admitido mandado de segurança. III. 11 Assistente de Acusação: Poderes: CPP, art 271 CPP, art. 159, § 3.º CPP, art. 427, caput • Divergência quanto a possibilidade de arrolar testemunhas: - Não, o momento de arrolar testemunha é o do momento do oferecimento da denúncia, e o assistente poderá intervir depois de iniciada a ação penal. - Nada impede que sugira ao juiz a oitiva de testemunhas como testemunhas do juízo (art. 209, CPP) - Poderá formular perguntas as testemunhas já arroladas pela acusação. - Não pode aditar a denúncia oferecida pelo MP (falta de previsão legal no art. 271, CPP) - Não poderá intervir como testemunha, nem prestar declaração como ofendido incompatibilidade entre tais posições. Legitimados: Vítima (pessoa física ou jurídica) ou ofendido (na qualidade de lesado - (regra) • No caso de morte da vítima (ou na “falta de” – art. 268, CPP) seus sucessores – cônjuge, ascendente, descendente, irmão (CPP, art 31) poderão se habilitar + companheiiro(a) (equiparação constitucional – CRFB/88, art. 226, § 3.º) Momentos: Durante a ação penal (não se admite a assistência durante o inquérito): • desde o início da ação penal (recebimento ds denúncia) (CPP, art. 268) até o trânsito em julgado da condenação (CPP, art. 269) • Premissa distinta: tão logo oferecida a denúncia; inclusive para arrazoar o recurso se for rejeitada a denúncia e houver recurso do MP. • Não poderá participar de audiência preliminar do JECrim
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