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PROCESSO PENAL - 2ºB - Prof. Caio

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PROCESSO PENAL – 2ºB
Inquérito policial:
Modelo: investigação preliminar por parte da polícia
Competência: polícia judiciaria
Conceito: é a atividade específica da polícia denominada judiciaria, isto é, polícia civil, no âmbito da justiça estadual, e polícia federal, no caso da justiça federal. Tem por objetivo a apuração das infrações penais e de sua autoria
O inquérito policial é um procedimento administrativo
Comissão parlamentar de inquérito tem uma ou outra. Quando é comissão parlamentar mista tem duas
Atuação do MP no inquérito policial:
-instauração: pode pedir que instaure o IP
-diligências: pode acompanhar e pedir diligências ao juiz
-natureza da atuação: entende-se que é secundaria, acessória e contingente (não necessariamente irá existir)
-poderes de investigação do membro do MP: poderes limitados
Atuação do juiz no inquérito policial: faz o controle formal, que se dá pela prisão em flagrante. Em relação as medidas restritivas também (cautelares, busca e apreensão e interceptação)
Princípio da inercia jurisdicional: contingente e excepcional
Juiz não deveria ter poderes de investigação
Objeto do inquérito policial: o objeto do IP é a própria notícia crime
Conceito de notícia crime: conhecimento espontâneo ou provocado por parte da autoridade policial de que um determinado crime ocorreu ou pode ter ocorrido
Tipos de notícia crime:
-de cognição imediata: ciência do crime por meio da rotina policial ou mesmo pessoal
-de cognição mediata: ciência do crime por meio de expediente escrito
-de cognição coercitiva: ciência do crime se dá por meio de apresentação do preso em flagrante
Delitio criminis: delação criminal. Cidadão comum delata outro ao delegado
Notícia criminis inqualificada: não tem qualificação (dados de quem está qualificando) – notícia anônima
Modalidades de ação penal: 
-ação penal pública incondicionada: autoridade policial tem o dever de investigar os fatos
-ação penal pública condicionada: são vedados de abrir o inquérito sem a representação do ofendido. Ex: ameaça. Tem prazo de 6 meses para representar a uma autoridade pública
-ação penal de iniciativa privada: delegado não pode instaurar o IP sem o requerimento do ofendido
Critério de residualidade/exclusão: usando os termos “mediante queixa” e “mediante representação”, é possível delimitar resumidamente as modalidades de ação dos delitos do CP:
A) ação penal de iniciativa privada: art. 138, art. 139, art. 140, art. 161, ss3, art. 163, IV, art. 164, art. 179 e art. 345, p.ú
B) ação penal pública condicionada à requisição do MJ: art. 138, art. 139 e art. 140 (quando cometidos contra o presidente da república ou chefe de governo estrangeiro)
C) ação penal pública condicionada à representação: art. 130, art. 147, art. 151 (com exceções), art. 152, art. 154, art. 154-A (com exceções), art. 156, art. 171 (com exceções) e art. 176 
D) ação penal pública incondicionada: todos os demais delitos previstos. Art. 121, art. 129, art. 148, art. 157, art. 158, art. 213, art. 217-A, art. 250, art. 267, entre outros
Limitações ao inquérito policial: 
Limitação qualitativa: o IP prepara o exercício da pretensão acusatória, sendo exercida no processo penal
-instauração do IP: é instaurado com um juízo de possibilidade, voltando-se a dar probabilidade ao MP
-objetivo do IP: bisca pelo fumos comissi delicti – fumaça de cometimento do delito.
-juízo de probabilidade do IP: demonstrar a provável materialidade e autoria, bem como uma aparente tipicidade, antijuridicidade e culpabilidade
-eventualidade do IP: não é obrigatório. Logo, o MP pode oferecer denúncia sem o IP, mesmo no caso de ação pública ou no caso de representação
Limitação quantitativa: o IP não tem qualquer pretensão acusatória, logo deve ser feito o mais breve possível
-prazo de conclusão: limite de 10 dias (indiciado preso) ou de 30 dias (indiciado solto)
-prorrogação do prazo: indiciado preso (art. 3-B, VIII e ss2). Indiciado solto (art. 10 e ss3)
-justiça federal: 15 + 15 dias, com indiciado preso, ou 30 dias com indiciado solto.
-tráfico de entorpecentes: 30 dias, com indiciado preso, ou 90 dias com indiciado solto, podendo ser duplicados
Formalidade: se torna formal através de um ato administrativo (como se fosse uma portaria). Por conta disso, se considera que não é um processo
Produção dos atos: são produzidas de forma escrita (art. 9, cpp). Todas as peças devem ter a assinatura do delegado
Conhecimento dos atos: sigilo necessário à elucidação do fato (a casos que não tem como ser público) ou exigido pelo interesse da sociedade
Modalidades de instauração: 
-mediante ex officio: art. 5, I, cpp
-requisição do MP: art. 5, II, cpp
-requisição do juiz: art. 5, II, cpp – critica: juiz não deveria ter liberdade de requerir ao delegado
-requisição do ofendido: art. 5, II, cpp – trata-se de uma notícia criminis qualificada
Casos específicos de representação: 
-representação feita ao delegado: regra igual a anterior. Específica para crime de ação penal pública condicionada
-representação feita ao MP: o MP pode denunciar (se considerar que o que apresentou é suficiente) ou optar por pedir a abertura de inquérito policial.
-representação feita ao juiz: será submetida à autoridade policial para instauração do inquérito policial (art. 39, ss4) – critica: juiz deveria remeter ao MP, para que este decidisse encaminhar ou não à autoridade policial
Tratamento das infrações de menor potencial ofensivo: casos com pena máxima não superior a 2 anos. Não deveria ocorrer o IP
Termo circunstanciado: art. 69, lei dos JECS
Requisitos do requerimento de instauração do inquérito policial: sempre que possível – art. 5, ss1, cpp
A) narração do fato: narrar o máximo possível as circunstâncias do suposto delito
B) indicação de autoria: tentar trazer o máximo possível de dados do suposto autor
C) nomeada de testemunhas: indicar testemunha do fato (presenciou o fato), suas profissões e endereços
Alternativas ao “recurso ao chefe de polícia”:
Mandado de segurança: art. 5, LXIX, cf
Dar ciência ao MP: art. 27, cpp
IP Instaurado mediante ato administrativo, mediante portaria
Ideia central: atos concatenados (atos conectados um ao outro) direcionados a encontrar elementos de convicção à opinio delicti (forma que o MP chega a um juízo se deve ou não acusar) do órgão acusador
Atos realizados pela polícia judiciaria: os atos de desenvolvimento estão previstos nos incisos do art. 6, cpp
-1º preservação do local dos fatos: art. 6, I, cpp
Perícia: fotos, desenhos, esquemas elucidativos (art. 164 e 165, cpp)
-2º apreensão de objetos relacionados ao crime: art. 6, II, cpp
Os objetos devem acompanhar os autor do IP (art. 11, cpp). No caso de busca e apreensão, é necessária ordem judicial (art. 240, cpp)
-3º colheita de provas que possam servir para o esclarecimento dos fatos – art. 6, III, cpp
Provas: testemunhas oculares, câmeras, etc
-4º oitiva do ofendido: art. 6, VI, cpp
Oitiva: será qualificado e questionado sobre o delito, seu provável autor e eventuais provas
-5º oitiva(s) do(s) suspeito(s): art. 6, V, cpp
Oitiva: deve ser feito na presença de 2 testemunhas, com respeito aos seus direitos e garantias constitucionais
-6º reconhecimento de pessoas e coisas; acareação entre os envolvidos na investigação: art. 6, VI, cpp
--reconhecimento de pessoas: colocadas pelo critério de semelhança (art. 226, I a IV, cpp)
--reconhecimento de coisas: somente em caso de necessidade (art. 227, cpp)
--acareação: ocorre quando há casos de contradições entre os relatos dos envolvidos no IP. Pode ser feita entre todos os envolvidos, basta que haja contradição entre os relatos (art. 229, cpp)
-7º corpo de delito ou outras perícias: art. 6, VII, cpp
Corpo de delito: pode ser feito na vítima ou até mesmo no próprio autor
Outras perícias: exame cadavérico, exame residuográfico, exame balístico
-8º identificação datiloscópica e antecedentes criminais do investigado: art. 6, VIII, cpp
Identificação criminal: se apresenta grandes pormenores e problemas
Previsão: art. 5, LVIII, cf e lei 12.037, dividida em 3 espécies:
A) identificação datiloscópica:coleta das impressões digitais do investigado
B) identificação fotográfica: coleta de fotografia do investigado 
C) identificação genética: coleta de material genético (DNA), para inclusão no banco nacional de perfis genéricos
Art. 5, LVIII, cf: o civilmente identificado não deve ser submetido à identificação criminal, exceto nos casos previstos no art. 3 da lei 12.037 (rasuras, falsidade, etc)
Coleta de material genético: incidência na investigação preliminar e na execução após o trânsito em julgado de condenação por crimes dolosos com grave violência ou no caso de crimes hediondos.
Extração do material: a extração do DNA será realizada de forma “adequada e indolor”.
Problema estrutural: a tortura pelo Estado quando há a colisão de direitos
-9º vida pregressa do investigado: art. 6, IX, cpp
Aspectos: individual, familiar, social, econômico, atitude e personalidade ou mesmo outros elementos
Processo penal de autor: repetição da lógica implementada no art. 59, cp
-10º existência de filhos do preso: art. 6, X, cpp
Proteção da família: art. 226, cf
Auxílio reclusão: lei 8.213
-11º reprodução simulada dos fatos: art. 7, cpp
Reconstituição do crime: pode ocorrer na fase pré processual e na processual; não pode ir contra a moral e ordem pública, nem desrespeitar o direito de defesa do investigado, que pode se negar a participar
Conclusão do inquérito policial: 
Formalidade: mediante relatório – deve ser objetivo. Não tem caráter de punibilidade. Art. 10, ss1 e 2. Vai para distribuidor para sortear quem vai receber o futuro inquérito
Destinatário é o MP
Funcionamento: após a conclusão, são encaminhados ao cartório distribuidor, que remete a uma das varas criminais, sendo recebido pelo juiz e determinada a vista ao MP. O MP pode então:
-pedir arquivamento: art. 18. É vedado ao delegado arquivar o IP (art. 17). É feito pelo MP e homologado pelo procurador geral, sem qualquer intervenção do juiz, como era antes da recente reforma
--recurso ao procurador geral: art. 28, ss1
--desarquivamento: não há trânsito em julgado, podendo continuar a investigação preliminar, mas o MP só poderá denunciar caso surjam novas provas
--arquivamento tácito: há divergências doutrinarias, mas ocorre quando há ausência de denúncia a um co-réu. Neste caso, o MP só poderá denunciar caso surjam novas provas
-requisitar diligências: art. 13, II. O MP pode requisitá-las à autoridade policial 9art. 23, ss2) ou mesmo as realizar, caso seja possível
-promover a denúncia: art. 24. Vendo elementos mínimos de probidade (fumus comissi delicti), pode o MP promover a denúncia (art. 24)
Estrutura do inquérito policial:
Competência: analogia à competência processual, se dará por:
-matéria investigada: definida pela residualidade
-polícia federal: crimes contra a ordem política e social; crimes em detrimento dos bens e serviços da União ou suas autarquias e empresas públicas; crimes de repercussão interestadual ou internacional; narcotráfico; contrabando; descaminho (art. 144, ss1, cf), bem como os casos previstos no art. 109, cf
-polícia judiciaria militar: crimes militares (tipos penais do CPM, bem como art. 8 do CPPM); há um grande problema de institucionalização destas polícias
-polícia civil: competência defendida pelo critério residual, isto é, por exclusão aos crimes federais e militares, bem como por suas divisões na comarca
Circunscrição: facilita e torna as investigações mais organizadas, mas não gera qualquer tipo de nulidade, pois a competência da polícia civil abrange todo o estado
Temporalidade: Aury – os atos devem ser realizados em horário comercial (art. 212, cpc). Crítica: as polícias devem estar disponíveis 24/7, todavia, devem respeitar as garantias constitucionais (inviolabilidade – art. 5, XI, cf)
Forma: é facultativo, mas obrigatório à autoridade policial nos casos de delitos de ação penal pública incondicionado, sendo escrito e sigiloso. Crítica: estatuto da advocacia (garante a todo e qualquer advogado acesso ao IP) e sumula vinculante 14 
Reconhecimento de atos no inquérito policial:
Presunção de veracidade: interpretação equivocada do art. 12, quando diz que o IP acompanha a denúncia ou a queixa. O questionamento a ser feito é: para que serve o IP?
Juízo de admissibilidade da acusação: existe justamente para evitar denúncias infundadas, sem lastro mínimo
Duplicação de conteúdo: novamente vale a crítica de MINERVINI, pois atribuir valor de prova ao IP é tomar a fase pré processual numa IP plenária e o processo em “pro forma”. 
Obs: o IP é procedimento de natureza administrativa, feito de forma sigilosa e sem qualquer defesa efetiva
Logica de existência do IP: existe para ser um filtro pelo qual se lista o conteúdo a ser produzido no processo. Ex: exclusão de testemunhas (ir)relevantes para o delegado. 
Atos de prova X atos de investigação: é preciso separar taxativamente o conteúdo procedimental e processual:
-atos de prova: dirigem-se ao convencimento do juiz; fazem parte do processo e são usados para se ter uma certeza; são usados na própria sentença; são feitos mediante contraditório público na frente do juiz julgador
-atos de investigação: dirigem-se a uma hipótese do investigador, a fim de forma um juízo de probabilidade; não se destinam à sentença, mas sim à opinio delicti do MP; não atendem à publicidade e contraditório e servem unicamente para demonstrar o fumus comissi delicti da acusação, ou, excepcionalmente para fundamentar a necessidade de medidas cautelares
Problema epistemológico: as provas antecipadas têm atribuição de valor probatório? Neste caso, ocorre a “reprodução” após o adiantamento jurisdicional, feito apenas no caso das provas repetíveis:
-provas repetíveis: valor meramente informativo, isto é, de atos de investigação, pois podem ser feitas no processo. Não pode ocorrer “reprodução” nestes casos, tampouco “ratificação” da fase pré processual
-provas irrepetíveis: excepcionais, são feitas por conta dos “indícios de provável perecimento”, ocorrendo então a análise jurisdicional na fase pré processual, razão pela qual deve observar o devido processo legal
Requisitos da produção antecipada de provas: 
-imprescindibilidade à sentença
-impossibilidade de produção no processo
-realização perante órgão jurisdicional
-feita na presença de futuros sujeitos processuais e defensor
-feita com observância aos mesmos direitos e garantias do processo criminal
-feita por meio audiovisual
Antinomia do art. 155, cpp: o termo “exclusivamente” é uma cláusula aberta, inconstitucional e em antinomia ao art. 3-A, cpp
Problemas estruturais do IP no brasil: o juiz que decide pela admissibilidade é quem julga o processo, logo já terá o conteúdo do IP em sua mente ao julgar o caso, além de o IP manifestamente anexado aos autor do processo
-juiz de garantias: com a mudança ocorrida pela lei 13.964/19, o juiz de garantias passa a ser competente para julgar a admissibilidade (art. 3-B, XIV)
-IP em anexo: deveria ocorrer o desentranhamento do IP dos autos processuais logo após o recebimento da denúncia, a exemplo da Itália, onde são “descartados”
O indiciado no inquérito policial:
Lacuna normativa: o que é o indiciado? Quando é indiciado? 
Investigado/suspeito X indiciado: o investigado é uma atribuição genérica (mera possibilidade de autoria), já o indiciado é uma atribuição específica (maior probabilidade de autoria)
Ocorrência:
a) flagrantes delito: seja pela certeza visual ou presumida
b) decretação de prisão preventiva: já que há indícios de autoria
c) prisão temporária: já que há razoes de autoria
Critério para indiciar: “indícios” razoáveis de probabilidade da autoria do fato tido como delituoso. Ex: crime ocorrendo na hora. Câmera flagra o assalto. Digitais na arma do crime
Formalidade: não há, mas deve(ria) se dar mediante despacho fundamentado por parte da autoridade policial + qualificação do sujeito antes investigado + oitiva imediata do agora indiciado
Necessidade de se deixar clara a qualidade em que é feita a oitiva de um determinado cidadão, evitando assim fraude na oitiva
Problema: por que não indiciam formalmenteno brasil? Por que meramente qualificam e procedem ao interrogatório? Fazem para pegar o cidadão de surpresa. É interrogada e acaba sendo prejudicada
A defesa geral no inquérito policial:
Estrutura inquisitória: a essência do IP faz com que praticamente não haja contraditório e ampla defesa. De todo modo, devem ser assegurados:
-exercício da autodefesa positiva: o indiciado pode apresentar sua versão, colaborar com as investigações, participar de reconstruções, ceder material genético, ceder exemplo de escrita, participar de acareações, etc
-exercício da autodefesa negativa: o indiciado pode recursar-se a produzir elemento ou prova, bem como pode não colaborar com as investigações ou mesmo permanecer em silencio (nemo tenutur se deterege) art. 5, LXIII, cf
-exercício da defesa técnica: o indicado tem o direito constitucional de estar acompanhado de seu defensor, em qualquer local que esteja sendo mantido
-há contraditório no IP: Aury – há contraditório, assim como há ampla defesa. Art. 5, LV, cf. Crítica: a interpretação do dispositivo é válida, mas há uma grande ilusão de que há contraditório, pois: 
a) a natureza do IP possibilita, no máximo, um pouco de defesa auto pessoal e técnica, não se vendo contraditório na prática
b) não há autoridade para intermediar o “contraditório”
c) é possível por um juiz no IP?
d) coloca-se o juiz de garantias?
e) se faz sem um juiz?
f) ou extingue-se o processo e transforma-se o IP em cognição plena, conduzido por um juiz?
Defesa técnica no inquérito policial:
Defesa e autos de IP: o advogado goza de prestígio constitucional específico (art. 133, cf) e de proteção pelo estatuto da advocacia, podendo:
-comunicar-se com os clientes: de forma pessoal e reservada, mesmo sem procuração, quando estiverem presos, mesmo que estejam incomunicáveis
-ingressar livremente: em salas de audiências, secretarias, cartórios, delegacias, prisões, mesmo fora do expediente e independe de presença de seus titulares
-examinar em qualquer órgão dos 3 poderes: autos de processo findos ou em andamento, mesmo sem procuração, quando não sigilosos, podendo copiar e tomar apontamentos
-examinar em qualquer delegacia: autos de flagrante e autos de IP, findos ou em andamento, mesmo sem procuração, ainda que conclusos, podendo copiar e tomar apontamentos
-Súmula vinculante n14: o advogado tem direito a ter acesso a todas as peças do IP, com exceção unicamente daquelas que ainda estão em andamento (ex: interceptação telefônica)
Casos de negativa: neste caso, a saída se dá por via de:
-reclamação constitucional: feita perante o STF, tendo em vista que se trata de conteúdo de sumula vinculante (art. 102, I, L), cf)
-mandado de segurança: impetrado perante o juiz de primeira instancia, por se tratar de um delito líquido e certo (art. 5, LXIX, cf)
Juiz de garantias:
Noções básicas:
Origem: Alemanha (1970). Ermittluhsrichter – criado por uma questão de utilidade aos colegiados de juízes, colocando-o para atuar na fase pré processual
Direito comparado: este formato de juiz é adotado por vários países, com destaque para a experiencia de:
-Itália: GIP (giudice per le indagini preliminare – investigação preliminar) X GUP (giudice delladienza preliminare – audiência preliminar). Distinção feita pelo Codice di procedura penal (1988). Foi o modelo utilizado para criar o juízo de garantias
-chile: adotado com a reforma de 2000, dividiram o sistema em uma fase pré processual, uma fase intermediaria e uma fase de julgamento (juicio oral – julgamento apenas oral, sem documentos) – análise da implementação
Instituição no brasil: instituído pela lei 13964/19 (pacote anticrime – reunião de 5 projetos legislativos), além da anterior previsão no art. 14, do PL 8045 (senado), substitutivo do PL 156 (câmara)
Papel do juiz de garantias: 
Ideia central: separação da atividade jurisdicional em dois magistrados, onde o juiz de garantias atua na fase pré processual e o juiz na instrução e julgamento na fase processual
Conceito: “o juiz de garantias é o magistrado responsável por fazer o controle da legalidade da investigação preliminar (inquérito policial) e salvaguarda dos direitos individuais dos cidadãos investigados e/ou indiciados, bem como por decidir sobre as medidas cautelares, acordos processuais penais e recebimento de denúncias ou queixa-crime”.
Competências do juiz de garantias:
As competências do juiz de garantias serão previstas nos incisos do art. 3, cpp, sendo:
-recebimento da comunicação da prisão em flagrante e dos autos de prisão em flagrante: deve ser comunicado em até 24 horas (art. 5, LXII, cf e art. 306, cpp)
-realização da audiência de custódia: o mais breve possível (art. 7 e 5, pacto SJCR), devendo ser feita em até 24 horas após o recebimento do auto de prisão em flagrante (art. 310 e 287, cpp)
-zelo pelos direitos do preso: atuara como garante de liberdade e dos direitos do cidadão (juiz das garantias), podendo determinar que seja o preso trazido à sua frente
-recebimento da comunicação da instauração de IP: tão logo editada a portaria que dá início ao IP, deve ser o juiz informado, a fim de fazer o controle da legalidade
-decisão sobre pedido de prisão provisória ou outras cautelares: devera aferir a legalidade e necessidade de tais prisões ou sem devem ser prorrogados, substituídas ou revogadas, assegurando contraditório em audiência pública e oral, a fim de poder mudar seu convencimento
-decisão sobre pedido de produção antecipada de provas urgentes e não repetíveis: deverá assegurar o contraditório em audiência pública e oral sobre tais provas
-prorrogação do prazo de conclusão do IP: no caso de investigado preso, analisara os fundamentos do delegado de polícia, podendo prorrogar 1 única vez o IP, pelo prazo de 15 dias, conforme o art. 3-B, ss2, cpp, devendo relaxar imediatamente a prisão caso o IP não seja concluído no prazo
-determinação de trancamento do IP: o critério se dá pela ausência de “fundamento razoável” para instauração ou continuidade das investigações (ausência de indícios)
-requisição de documentos, laudos e informações: tem o poder de fazer o controle do IP a qualquer tempo, principalmente em caso de ilegalidades apontadas pela defesa do sujeito investigado (simples petição)
-decisão sobre pedidos de interceptação telefônica e de dados, quebra de sigilos, buscas e apreensões, acesso a informações sigilosas e demais meios de obtenção de “provas” que restrinjam direitos fundamentais: um dos crimes da atuação do juiz de garantias, devendo ponderar a relativização ou não de tais direitos conforme critérios definidos pela jurisprudência das cortes superiores (STJ e STF), bem como pela doutrina constitucionalista
-julgamento do HC impetrado antes do oferecimento da denúncia: questão estrutural problemática, restando uma lacuna quanto ao HC em face de ato do próprio juiz de garantias (neste caso, deve ser impetrado no TJ)
-determinação da instauração do incidente de insanidade mental: poderá agir ex officio ou a requerimento da autoridade policial ou da defesa, aferindo para tanto indícios de que o investigado padece de doença mental
-decisão sobre o recebimento da denúncia ou queixa-crime: questão fulcral e mais relevante no tocante à instituição do juiz de garantias, pois delimita sua atuação. Juiz de garantias terá competência até que receba a denúncia ou queixa, acaba sua competência, ou se pedir que se mantenha na investigação
-asseguramento de acesso do investigado e de seu defensor às peças do IP, com exceção das diligências em andamento: tentativa de se trazer o contraditório para a fase pré processual, desdiz automaticamente as formas de recurso contra negativa do delegado de polícia
-deferimento de atuação de assistente técnico para “acompanhamento“ de perícia: vislumbra-se aqui uma possibilidade de que a defesa realize impugnações às chamadas “perícias oficiais”
-decisão sobre homologação de acordos de não persecução penal ou colaboração premissa disposição voltada principalmente à justiça federal, onde se problematiza a possibilidade de desconsideração de teores dos acordospara condenações por informações que essencialmente se tornaram “extra oficiais”
Atuação do juiz de garantias:
Art. 3-C: delimitara a competência para julgar todas as infrações penais, com exceção as infrações de menor potencial ofensivo (art. 61, lei 9099) e delimitação da atuação até o momento em que recebe a denúncia ou queixa-crime
Juiz de garantias X juiz da instrução e julgamento: as decisões tomadas pelo juiz de garantias não vinculam o juiz do processo, devendo este reexaminar a necessidade das medidas cautelares em até 10 dias (art. 3-C, ss2)
Acautelamento dos autos de IP: adotou-se a técnica de manter o IP na secretaria do juízo, a fim de que o MP e a defesa possam consultar a qualquer tempo, sendo vedada sua remessa ao juiz da instrução e julgamento, com exceção das provas antecipadas
Crítica: podemos estar diante de uma falácia, na qual o juiz da instrução e julgamento poderá ter acesso ao IP, vez que não se adotou a destruição de seu conteúdo
Art. 3-D: impõe taxativamente o impedimento do juiz que tem contato com a IP de julgar o processo, nos termos do art. 252, III, cp (nos mesmos moldes dos adotados pela França e Espanha)
Tratamento dos presos: deve o juiz de garantias impedir acordos entre as policiais e órgãos de imprensa (art. 3-F, cpp) 
Ação processual penal:
Noções básicas:
Narrativa dos atos: ato/notícia-crime/investigação preliminar/ação penal/jurisdição/processo/sentença/trânsito em julgado
Ideia de fases: o recebimento da denuncia ou queixa-crime encerra a fase pré processual, dando origem à fase processual, que será encerrada com o trânsito em julgado da sentença
Problema terminológico: o termo ação penal é utilizado indiscriminadamente para se referir a:
-ação criminal: o delito em si (ex: homicídio) – NÃO
-encerramento da pretensão acusatória do MP ou do particular ofendido (definição técnica e correta) – SIM
-ação penal em andamento (sinônimo de processo) – NÃO
-modalidades de ações processuais penais – NÃO
Funções das partes: para delimitar a ação penal, é necessário delimitar antes a função de cada um dos sujeitos que compõem o processo pena:
-MP: o parquet tem a função de acusar quando há elementos suficientes, vislumbrando-se apenas uma “pretensão acusatória”, manifesta quando exercida a ação penal pelo promotor de justiça ou pelo querelante
-defesa: tem a função facultativa de utilizar-se de todos os meios possíveis de obtenção da absolvição ou qualquer benefício advindo ao fim do processo, incluída a possibilidade do uso de provas ilícitas em legitima defesa
-magistrado: o juiz tem a função de manter-se equidistante ao MP e à defesa, viabilizando que estas produzam suas provas dentro do contraditório processual, julgando após a instrução de provas e de acordo com o provado ou não pelas partes
-fundamento basilar: o exercício da ação penal se justifica na pretensão acusatória entregue ao parquet, funcionando este como um representante do povo nas ações penais publicas
-poder potestativo: a pretensão acusatória não é um direito subjetivo, mas sim potestativo, voltado ao poder de se proceder em face de uma pessoa quando existente o fumus comissi delicti
Ação X pretensão X acusação:
Conceito de ação processual penal: direito potestativo concedido pelo estado ao MP ou ao particular de se socorrerem da jurisdição para formular de sua pretensão acusatória, tratando-se de um direito constitucionalmente assegurado de invocar e postular a satisfação das pretensões. Aury
Fundamentos constitucionais: o direito de ação encontra-se previsto no art. 5, XXXV, cf (princípio da inafastabilidade da jurisdição), bem como no art. 129, I, cf (poder-dever do MP em promover a ação penal pública)
Fundamentos legais: o direito de ação encontra previsão no art. 24, cpp (ações penais públicas), bem como no art. 30, cpp (ações penais de iniciativa)
Conceito de pretensão acusatória: consubstancia-se em um direito potestativo, por meio do qual se narra um fato com aparência de delito (fumus comissi delicti) e se requer a atuação do órgão jurisdicional contra uma determinada pessoa. Aury
Terminologia: observa-se que se trata de uma pretensão do MP ou do particular em “acusar”, reiterando-se a ideia de que se trata apenas de requerer que alguém seja processado por um suposto delito, sem qualquer pretensão “condenatória”
Conceito de acusação: é o ato típico e ordinário de iniciação processual, que assume a forma de petição, através da qual a parte faz uma declaração petitória, solicitando que se de vida a um processo e que comece sua tramitação, consubstanciando-se na denúncia ou na queixa-crime
Importante: ação não se confunde com acusação, pois esta última é apenas um instrumento, formalizado através de denúncia ou queixa, ao passo que a ação se consubstancia em um direito
Natureza jurídica da ação processual:
Publicidade: por ser voltada ao interesse social, tem caráter público, principalmente também por se atrelar ao direito publico (direito penal material e direito penal processual), servindo à provocação do jus puniendi na pessoa do magistrado
-ação penal e jurisdição: para Leone, o exercício da ação penal é que investe o juiz em sua função, ficando obrigado a decidir o caso, correspondendo ao direito de ação, portanto, a obrigação de prestar a tutela jurisdicional
Justificativa: o direito penal só pode ser efetivado quando o exercício da ação penal gera o processamento (princípio da necessidade), assim como a jurisdição somente se justifica por ser regida pelo princípio da inafastabilidade. (Narra mihi factum, dabo tibi ius – me narre um fato e eu te darei um direito)
-direito subjetivo à ação: exceção. Segundo Leone, a ação é um direito potestativo (em relação ao réu), e subjetivo (em relação ao estado); potestativo, pois coloca o réu em sujeição às consequências produzidas (cautelares, etc)e; subjetivo, pois exige tutela jurisdicional
-direito autônomo: significa que pode ocorrer o exercício da ação processual penal, independente do resultado do processo; visto pelo prisma da instrumentalidade constitucional, está limitada ao sistema de garantias constitucionais
Conclusão: a ação processual penal é um direito potestativo de acusar, público, autônomo, abstrato, mas conexo instrumentalmente ao caso penal
Condições da ação processual penal
Conceito: as condições da ação processual penal se consubstanciam nas exigências mínimas para que o exercício de ação possa ser levado a cabo por parte do representante do MP ou por parte do querelante ou seu representante legal, direcionadas substancialmente à provocação da jurisdição estatal, personificada na figura do juiz, que então procedera à analise se o exercício da ação penal preenche ou não requisitos mínimos para eventual recebimento e instauração do processo
Logica central: funcionam como uma ponte entre o conteúdo da fase pré processual e o conteúdo da fase processual. Ex: ilegitimidade passiva do pretenso acusar. 
Critica inicial: as condições da ação penal não existiriam, principalmente em uma primeira fase (Aury); todavia, deve-se atentar para o fato que se trata de questão programática
Análise das condições da ação processual penal: trata-se de um dos temas mais controversos do direito processual penal, havendo 2 entendimentos para se pensar a matéria:
-dependência: ocorrência desde os primeiros estudos de direito processual penal, segundos os quais as condições da ação penal seriam as mesmas condições da ação civil
A) legitimidade das partes: imposição de que a ação penal seja exercida apenas por aquele que tem sua titularidade, isto é, pretensão acusatória do MP ou do querelante ou de seu representante legal, bem como que seja exercida apenas contra aquele que é o provável autor do fato, conforme a fase pré processual. Ex: ofendido fazendo denuncia (ilegitimidade ativa). Acusação contra homônimo (ilegitimidade passiva)
B) interesse de agir: imposição lastrear no binômio liebmaniano de “utilidade/necessidade”, não havendo, todavia, possibilidade de aproveitamento na senda do direito processual penal, por conta de suas diferenças obviascom o processo civil, incluindo o princípio da necessidade (nulla poena et culpa sine iudictio). Punição não pode ser colocada sem processo, não podendo aplicar o binômio ao direito penal
C) possibilidade jurídica do pedido: imposição também lastreados na doutrina liebmaniana, impondo que o pedido do autor ou réu reconvinte seja de fato possível, razão pela qual também não se encaixa na logica do direito processual penal; quica unicamente tenha expressão nas penas vedadas pelo ordenamento
-autonomia: condições estabelecidas de acordo com o arrependimento carneluttiano sobre o conceito de lide e a necessidade de o direito processual ter conceitos autônomos, sendo estabelecidas nos art. 395 e 397, cpp:
A) delito aparente (fumus comissi delicti): exigências de que o fato narrado na denuncia ou queixa-crime seja previsto como crime (tipicidade), excluindo-se condutas não amoldadas aos tipos penais, bem como aquelas que constituam crimes impossíveis ou insignificantes
Obs: julgado sobre a denúncia de incesto. Não é crime tipificado, e sim pela moral
B) ausência de excludentes de ilicitude: exigência de que o fato não tenha sido cabalmente cometido mediante uma justificante legal ou supra legal
Obs: tecnicamente, o consentimento do ofendido não incide na ilicitude, mas na própria tipicidade do fato
C) ausência de excludentes de culpabilidade: exigência de que o fato não tenha sido cabalmente cometido mediante uma exculpante legal ou supra legal, com exceção da “inimputabilidade”, que não é analisada neste grau de cognição por conta do interesse público. Analisam-se então, o potencial consciência da ilicitude e a inexigibilidade de conduta diversa
D) extinção da punibilidade: exigência atrelada ao disposto no art. 107, cp, imposto a ausência de qualquer causa de extinção da punibilidade do agente (morte do agente; anistia, graça, indulto; abolitio criminis; prescrição; decadência; perdão da vítima; retratação, conforme art. 143, cp)
E) legitimidade das partes: única condição “próxima” a legitimidade das partes do processo civil, impondo-se que as ações penais de iniciativa publica sejam exercidas pelo MP e que as ações penais de iniciativa privada sejam exercidas pelo ofendido ou seu representante legal (legitimidade ativa), bem como que sejam exercidas só contra o provável autor do fato, excluindo possibilidades onde não há possibilidade de denuncias
F) justa causa: constitui um limite ao poder abusivo de acusar (pretensão acusatória) do MP ou querelante, imposto que o exercício da ação penal tenha lastro probatório mínimo (índices de materialidade e autoria), bem como imposto ao juiz que rejeite denuncias que tratem de questões desproporcionais ou não lesivas ao direito penal (entendido como ultima ratio)
Obs: infelizmente entrega-se ao juiz uma “possibilidade” de ponderação dos princípios do direito penal, a exemplo da lesividade e proporcionalidade, colocando o cidadão numa mera posição de esperança
Recurso: impetração de HC para trancamento da ação penal por ausência de justa causa
G) condições especificas: dispostas na lei penal ou processual, como requisito ao exercício da ação. Ex: representação do ofendido – art. 147, cp; requisição do ministro da justiça – art. 145, p.ú, cp; procuração da queixa-crime – art. 44, cpp; autorização da câmara dos deputados – art. 51, i, cf
Modalidades de ação processual penal:
Regra geral: necessidade de análise detida do tipo penal de acordo com a divisão dos delitos feita pelo legislador:
-delitos dolosos X delitos culposos: a regra se da pela generalização de delitos dolosos, estando a previsão dos delitos imprudentes no próprio tipo penal, título, capítulo, etc
Nota distintiva: “se o crime é culposo...”
-ações penais X ações penais: a regra se da pela generalização de delitos que são objetos de ação penal pública incondicionada, estando a previsão das demais modalidades no próprio tipo penal, título, capítulo, etc
Notas distintivas: “mediante representação”, “mediante requisição do ministro da justiça”, “mediante queixa”
Previsões legais: as modalidades da ação processual penal estão disciplinadas no art. 100, cp e nos arts. 29 e 31, cpp, consubstanciando-se em 3 modalidades centrais:
1- ação penal publica incondicionada (é a regra)
2- ação penal pública condicionada
3- ação penal (de iniciativa) privada
Princípios das ações penais públicas:
Ações penais publicas (condicionadas e incondicionadas): as ações processualistas penais de iniciativa publica (incondicionadas e condicionadas) se orientam pelos seguintes princípios:
-princípio da oficialidade: atribuição privativa do MP (art. 129, i, cf), exercidas exclusivamente por membros do parquet mediante denúncia formal
-princípio da obrigatoriedade: fundado no direito-dever do MP de promover a ação penal, devendo o fazer sempre que presentes as condições da ação (art. 24, cpp) 
-princípio da indisponibilidade: imposição de que uma vez exercida a ação penal e instaurado o processo, é vedado ao MP desistir da ação penal (art. 42, cpp), tendo tal princípio efeito em todas as instancias processuais (art. 576, cpp)
-princípio da indivisibilidade: controversa aplicação em ações penais públicas, estabelece que a ação penal seja exercida de forma unitária em face de todos os supostos autores do delito, conforme logica dos arts. 76 e 77, cpp
-princípio da intranscendência: importação do direito material, postulando que a acusação não pode passar da pessoa do imputado, estando limitada pelo direito penal
Ação penal pública incondicionada: 
Conceito: trata-se da ação processual penal correspondente a maioria dos delitos tipificadas na legislação pátria, os quais devem ser objetos de acusação publica formulada pelo MP (estadual ou federal) através de instrumento de denúncia, conforme competente correlata à justiça comum (estadual ou federal)
Titularidade: MP, o qual tem a função institucional de promover, privativamente, a ação penal pública, conforme art. 129, i, cf
Denuncia: o parquet deve confeccionar a peça conforme as exigências do art. 41, cpp; sob pena de inépcia da inicial (art. 395, i), a denúncia deve conter:
-exposição do delito, com todas as circunstâncias
-qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais possa ser identificado
-classificação do delito (fatos—tipo penal)
-rol de testemunhas, quando necessário
Prazo: o prazo para oferecimento da denuncia é de 5 dias para acusados presos e 15 dias para acusados soltos, contados do recebimento do IP (art. 46, cpp)
Crítica: a inexistência na doutrina do não-prazo
Ação penal pública condicionada:
Conceito: trata-se da ação processual penal correspondente aqueles delitos que possuem repercussão/interesse social, mas que estão inseridos também em um plano de intimidade, pessoalidade e/ou individualidade da vítima e que, por isso, exigem sua anuência quanto ao exercício da ação
Titularidade: MP, o qual só poderá promover a ação penal quando presentes as condições de ação especificas do tipo penal trazido à sua análise
Denuncia: a peça deve conter essencialmente os mesmos elementos exigidos pelo art. 41, cpp, bem como a indicação exata de representação ou requisição
Espécies: a ação penal publica condicionada é cindida em 2 espécies, quais sejam:
1- ação penal publica condicionada à representação do ofendido: o parquet só devera exercer seu direito de ação após a representação do ofendido ou de seu representante legal, conforme art. 24, cpp
-representação: a) feita pelo ofendido, b) pelo representante legal do ofendido (cônjuge, ascendente, descendente, irmão), ou curador com poderes especiais para o ato de representação
-menores de 18 anos: representação feita por quem detém a guarda, correndo 2 prazos diversos de decadência (sumula 594, stf), por conta de não correr prescrição contra menores. Logo, assim que fizer 18 anos tem direito de representação, que dura 8 meses
-maiores de 18 anos: representação feita por quem tenha a outorga de poderes especiais, a exemplo do advogado
Requisitos da representação: não precisa cumprir as exigências do art. 41, cpp, quandofeita junto à autoridade policial, devendo cumpri-los quando feita junto ao MP ou ao juiz (ss do art. 39, cpp)
Forma de representação: pode ser oral (reduzida a termo) ou escrita (reconhecida a firma), porem deve-se atentar para o elemento volitivo (eros grau)
Retratação: pode ser feita ate o oferecimento da denúncia; se recebida a denúncia, não cabe retratação (art. 25, cpp). Atinge a todos os acusados e todos os fatos sob sua condição
Decadência: o direito de representação decai no prazo de 6 meses, contados da data em que o ofendido tiver conhecimento de quem seja o autor do delito, conforme o art. 103, cp e art. 38, cpp
2- ação penal publica condicionada à requisição do ministério da justiça: o parquet só poderá exercer seu direito de ação após requisição escrita do ministro da justiça (art. 24, cpp); não há prazo de decadência na lei, podendo ser requisitado até o prazo prescricional
Retratação: mesma lógica da representação
Conclusão: recebida a denúncia, transmutam-se em ações penais publicas incondicionadas
Ação penal “privada”: as ações processuais penal de iniciativa privada se orientam pelos seguintes princípios:
-princípio da oportunidade: atribuição facultada ao ofendido (art. 30, cpp), que exercera seu direito de ação por um critério de conveniência (se e quando quiser) dentro do prazo decadencial (6 meses)
-princípio da disponibilidade: faculdade do ofendido renunciar o direito de ação frente à decadência do direito ou perempção no processo criminal (art. 60, cpp), assim como pelo perdão “aceito” do autor do fato (art. 55, cpp). Neste perdão, só será realizado se o querelante aceitar. Ex de renúncia: direito atinja a decadência
-princípio da indivisibilidade: taxativo e incontroverso nas ações penais de iniciativa privada, estabelecendo que a ação penal seja exercida de forma unitária em face de todos os supostos autores do delito, conforme art. 48, cpp
-princípio da intranscendencia: importação do direito material, postulando que a acusação não pode passar da pessoa do querelado, estando limitada pelo direito penal
Ação penal de iniciativa privada:
Conceito: trata-se de ação processual penal correspondente a uma pequena parcela de delitos previstos na legislação pátria, os quais devem ser objetos de acusação formulado exclusivamente pelo ofendido ou por quem tenha qualidade para representa-lo, através de queixa-crime, conforme competência da justiça comum (estadual ou federal). MP não pode fazer ação penal de iniciativa privada
Titularidade: particular ofendido ou seu representante legal, conforme art. 30, cp e art. 100, ss2, cpp
Sucessão: familiares do ofendido morto ou declarado ausente, conforme art. 31, cpp
Queixa-crime: o particular deve atentar para as exigências do art. 41, cpp; sob pena de inépcia da inicial (art. 395, i), contendo a queixa-crime os seguintes elementos:
-exposição do delito, com todas as circunstâncias
-qualificação do querelado ou esclarecimentos pelos quais possa ser identificado
-classificação do delito (fato—tipo penal)
-rol de testemunhas, quando necessário (crítica)
Representação legal: ocorrera nos casos de ofendido menor de 18 anos, mantendo-se os 2 prazos decadenciais, conforme a sumula 594, stf; nos casos de ofendidos maiores de 18 anos, a representação pode ocorrer quando o querelante esteja impossibilitado de exercer seu direito
Capacidade postulatória: o direito de ação deve ser exercido por meio de advogado, conforme o art. 44, cpp e art. 1, i, estatuto da advocacia
Procuração: devem constar os poderes essenciais, o nome do querelante e a menção do fato delituoso, salvo quando necessárias diligências para tal, conforme o art. 44, cpp (técnica procedimental)
Na pratica: 1- qualificação do querelante, 2- qualificação do querelado, 3- poderes especiais pela queixa-crime, com fim especifico de oferecer queixa-crime em face (querelado), 4- capitulação analítica do delito, 5- exposição fática detalhada, 6- assinatura do advogado e do querelante com reconhecimento de firma, 7- valor da causa, 8- pedido de condenação em custas e honorários advocatícios (art. 806, cpp)
Nomeação: caso o ofendido demonstre não ter condições econômicas para constituir advogado, deve o juiz nomeá-lo um defensor (art. 32, cpp)
Prazo: pode ser exercida a qualquer tempo a partir do conhecimento do provável autor do delito até a decadência
Decadência: 6 meses (art. 103, cp e art. 38, cpp)
Ação penal privada subsidiaria da publica:
Conceito: trata-se de ação processual penal prevista em caráter excepcionalíssimo pelo legislador e pelo constituinte, visando a preservação dos interesses da sociedade no caso de inépcia do órgão acusador quanto ao exercício de ação, o qual então poderá ser levado a cabo pelo ofendido ou seu representante legal, através de queixa-crime, conforme competência da justiça comum (estadual ou federal)
Titularidade: MP, conforme o art. 129, i, cf, vez que o MP não perde a titularidade de ações penais publicas
Previsão: esta prevista no art. 5, LIX, cf, art. 29, cpp e art. 100, ss3, cp / princípios: ação pública, pois vai ao MP
Ocorrência: ocorrera quando o MP não tomar nenhuma das medidas que pode tomar frente à IP, isto é: arquivamento (art. 18, cpp), pedido de diligências (art. 13, ii, cpp), ou oferecer a denúncia (art. 24, cpp)
Queixa-crime: a peça deve conter essencialmente os mesmo elementos exigidos pelo art. 41, cpp, sob pena de inépcia da inicial (art. 395, i, cpp), contendo:
-exposição do delito, com todas as circunstâncias
-qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais possa ser identificado
-qualificação do delito (fatos—tipo penal)
-rol de testemunhas, quando necessário (ponto controverso: não há a necessidade de o querelante fazer correspondências exatas, pois não tem interesse de mérito igual ao do MP, razão pela qual deve somente indicar as possíveis testemunhas, dando o juiz ciência ao MP)
Representação legal: no caso do ofendido maior de 18 anos, este mesmo deve proceder à queixa; no caso de ofendido menor de 18 anos, esta deve ser feita por seu representante legal, respeitando o prazo decadencial
A figura do “ofendido”: tema que traz problemas técnicos no tocante à definição de todos os ofendidos em casos abstratos, gerando uma crise em casos limítrofes. Ex: homicídio (vítima—familiares); lesão corporal (vítima); ameaça (vítima); vilipendio a cadáver (coisa—família ou coletividade?); bigamia (primeiro cônjuge ou estado?); falsificação de documento particular (estado ou o terceiro prejudicado?)
Capacidade postulatória: o direito de queixa deve ser exercido por meio de advogado, conforme o art. 44, cpp e art. 1, i, estatuto da advocacia
Procuração: devem constar os poderes especiais, o nome do querelante e a menção ao fato delituoso, salvo quando necessárias diligências para a tal, conforme art. 44, cpp (técnica procedimento)
Nomeação: caso o ofendido demonstre não ter condições econômicas para constituir advogado, deve o juiz nomeá-lo um defensor (art. 32, cpp)
Prazo: pode ser exercido pelo particular desde o dia subsequente à inercia do MP até o último dia do prazo decadencial, caso ainda teste o MP inerte
Decadência: 6 meses (art. 103, cp e art. 38, cpp), contados do dia seguinte a data de encerramento do prazo para que o MP ofereça ou não a denuncia (5 dias no caso de acusado preso ou 15 dias no caso de acusado solto, a partir do recebimento dos autor de IP)
Papel do MP: o representante do parquet pode, conforme o art. 29, cpp:
-aditar a queixa-crime: modificando capitulação, incluindo conhecimento técnico, etc
-repudiar a queixa-crime e oferecer denuncia substitutiva: principalmente quando a queixa for manifesta inepta
-intervir em todos os atos do processo: terá atuação irrestrita e independente
-fornecer provas: documentais, periciais, testemunhas, etc
-interpor recurso: neste caso, tomará prontamente a ação penal para si
Sistemática: o MP pode retomar a qualquer tempo o exercício da ação penal, independente de negligência ou não do querelante, podendo este pleitear a assistência à acusação, conforme o art. 268, cpp
Renúncia,perdão e perempção:
Conceito: tratam-se de causas de extinção da punibilidade, conforme a dicção do art. 107, cp, consubstanciando-se, portanto, nos casos onde o direito de ação restará totalmente fulminado
-renúncia: no direito de queixa/representação, é ato unilateral da vítima, ocorrendo antes do exercício da ação, de forma expressa, por declaração (art. 50, cpp) ou tácita, por incompatibilidade ao exercício de ação (art. 104, p.ú, cp)
Indivisibilidade: a renuncia a um dos autores do delito aproveita aos demais, conforme art. 49, cpp
-perdão: nas ações penais de iniciativa privada, onde o querelante oferece seu perdão ao querelado, tendo efeitos apenas em caso de aceite, sendo então um ato bilateral que pode ocorrer do recebimento da queixa ate o transito em julgado da sentença
Indivisibilidade: o perdão oferecido a um dos autores do delito aproveita aos demais, conforme art. 51, cpp
-perempção: nas ações penais de iniciativa privada, por conta de negligência do querelante quanto aos atos do processo, conforme hipóteses previstas nos incisos do art. 60, cpp. Todas as hipóteses geram extinção do processo e da punibilidade, não podendo entrar novamente com o processo, mesmo que no prazo
Deve colocar no fim das petições a condenação do querelado, para que não gere perempção
Aditamento nas ações penais:
Conceito: tratam-se das hipóteses em que o MP ou o querelante (dependendo da modalidade de ação) passa a incluir dados que não constaram da inicial acusatória, por desconhecimento de tais dados
Aditamento nas ações penais públicas: 
-aditamento próprio: nesta forma, pode ocorrer o aditamento real (fato) e/ou o aditamento pessoal (autor), desconhecidos quando do oferecimento da denúncia:
--aditamento real: casos onde o réu foi denunciado por um determinado delito e, durante o processo, apura-se ter cometido outro delito conexo ao primeiro, incluindo-se no processo para que o juiz julgue ambos
--aditamento pessoal: casos onde o réu foi denunciado e, no curso do processo, acaba se apurando alguma forma de intervenção delitiva, incluindo-se o novo co-réu no processo
-aditamento improprio: nesta forma, visa-se corrigir uma falha da denuncia ou mesmo ratificar seu conteúdo por alteração de competência (art. 108, ss1, cpp), ocorrendo ate a sentença penal e intimada a defesa
Previsão legal: disciplina do art. 384, cpp, atribuindo ao MP o aditamento da denuncia
Interrupção da prescrição: quando incluído novo fato, a prescrição só será interrompida na data de recebimento do aditamento. Quando incluído novo agente, a prescrição só será interrompida na data de admissão do aditamento
Aditamento nas ações penais de iniciativa privada:
-aditamento próprio: reflete-se sobre a ocorrência do aditamento real (fato) e/ou aditamento pessoal (autor), desconhecidos quando do oferecimento da queixa-crime
--aditamento real: via de regra, não se deveria admitir a inclusão de novos fatos, por conta da inexistência do princípio da obrigatoriedade, devendo o querelante oferecer nova queixa-crime destes fatos
--aditamento pessoal: via de regra também não deveria admitir-se a inclusão de alguma forma de intervenção delitiva, por conta do princípio da indivisibilidade (art. 48, cpp), devendo o querelante oferecer nova queixa-crime deste agente
-aditamento improprio: previsão específica do art. 45, cpp, entrega ao MP a atribuição de aditar a queixa-crime, o que não deveria ocorrer; da mesma forma, sendo defeituosa a procuração, deveria perder o querelante seu direito de ação
Obs: entendo pelo possibilidade de atuação do MP nas subsidiárias da publica
Computo da decadência: quando o querelante souber do novo fato e/ou novo provável autor do delito, o prazo decadencial partira do zero, conforme art. 38, cpp
Rejeição da denúncia ou queixa-crime: 
Art. 395, cpp: no primeiro contato com a denúncia ou queixa-crime o juiz deverá rejeita-la, sempre que constate:
-inépcia da inicial: análise dos elementos essenciais constantes do art. 41, cpp. Caso entende que há ausência prejudicial de um ou mais elementos, rejeitará a denúncia, pois considera infundada
-ausência de condição da ação: o juiz deve aferir se estão preenchidas todas as condições de ação
-ausência de justa causa: o juiz deve aferir se há lastro probatório embasando a denúncia ou queixa
Recurso cabível: da decisão que rejeita a denúncia, o MP ou querelado podem recorrer mediante recurso em sentido estrito “RESE” (art. 581, i, cpp)
Absolvição sumaria:
Art. 397, cpp: após receber a denúncia e determinar a citação do acusado para responder a denúncia, o juiz deve absolver sumariamente sempre que verificar:
-manifesta atipicidade: acusado que comprova em sua defesa inicial que havia o consentimento do ofendido, fulminando assim a existência do delito
-manifesta justificante: acusado que comprova em sua defesa inicial, através de um vídeo, que em realidade agiu em legitima defesa
-manifesta exculpante: acusado que comprova em sua defesa inicial e inexigibilidade de conduta diversa, pois ceifou a vida de desconhecidos visando salvar a vida de seu próprio filho
-extinção da punibilidade: acusado que aponta já ter ocorrido o advento da prescrição em 1 mês antes do oferecimento da denuncia
Recurso cabível: absolvido o réu sumariamente, o MP ou o querelante podem recorrer da decisão terminativa de mérito por meio de recurso de apelação (APL), conforme art. 583, i, cpp, exceto quanto a extinção da punibilidade, recorrendo mediante RESE (art. 581, VIII, cpp)
Jurisdição e competência:
Noções básicas:
Terminologia: juris dictio (dizer o direito). O juiz é quem diz
Conceito clássico: jurisdição é a função do estado que tem por escopo a atuação da vontade concreta da lei por meio da substituição, pela atividade de órgãos públicos, na atividade de particulares ou de outros órgãos públicos, já no afirmar da existência da lei, já no torna-la, praticamente, efetiva
Jurisdição penal: jurisdição é o poder-dever exclusivo do estado, consubstanciado na figura do magistrado, de dizer o direito no caso penal, isto é, a atribuição de conhecer e decidir sobre as questões que lhe são trazidas pelos sujeitos que não integram o poder jurisdicional, isto é, órgãos de investigação, acusação, defesa, bem como particulares no exercício de seus direitos, sendo voltada basilarmente à pretensão acusatória consubstanciada no exercício do direito de ação
Todas as decisões e o conhecimento de matérias deve ser feito pelo juiz. Tudo que envolva restrições de direito também
Advertência: antes de ser um poder-dever do estado, a jurisdição é uma garantia constitucional de todos os cidadãos
Princípio da necessidade: diferente do direito civil, a única forma de se aplicar as leis penais materiais se da pelo processo penal, logo, maior importância do conceito em âmbito penal
Jurisdição e competência: conceitos próximos, atrelados ao princípio da necessidade, concomitantemente limitadores do jus puniendi e legitimadores da imposição de penas ao cidadão, conforme Leone
Todos temos direito da jurisdição, principalmente da jurisdição penal
Princípio da jurisdição penal:
-princípio da inercia da jurisdição: decorrente do nemo procedat iudex ex officio (não proceda o juiz de ofício), impondo que o julgador somente haja mediante provocação realizada por parte legitimada
-princípio da imparcialidade: não sendo o juiz “parte”, se impõe seu distanciamento das partes e das provas, deixando que ambas atuem, para ao fim, julgar pelo livre convencimento motivado
--poderes instrutórios: o art. 156 e afins do cpp, per si, dão o diagnostico de que o juiz no brasil é tido como parte complementar do órgão de acusação
-princípio do juiz natural: princípio universal, impondo o conhecimento pelo cidadão de quem irá julgar o caso, vedando-se assim tribunais de exceção
--competência e juiz natural: a competência no processo penal tem natureza diversa naquela do processo civil, razão que deveria impedir conexões ampliadas
-princípio da indeclinabilidade: veda que o juiz decline ou delegue o poder-dever de julgar a outras pessoas, assim como se prorrogueem competência de outros magistrados
Competência processual penal:
Conceito: é um conjunto de regras que asseguram a eficácia da garantia da jurisdição e, especialmente, do juiz natural. Delimitando a jurisdição, condiciona seu exercício. Aury
Delimitações: a competência no processo penal pode ser defendida da seguinte maneira:
-em razão da matéria: ratione materiae (absoluta)
-em razão da pessoa: ratione personae (absoluta)
-em razão do local: ratione loci (relativa). Entende que o juiz pode ser prevendo de acordo com outro local
O art. 109, cpp, prevê que o juiz deve se declarar incompetente para julgar o processo, ainda que não provocado; na prática, a defesa é quem terá que arguir, principalmente se o caso for de repercussão publica
Previsão legal: disciplina dos incisos do art. 69, cpp, o qual prevê as seguintes determinações de competências:
-lugar da infração: regra que visa determinar o processamento e julgamento pelo juízo criminal da comarca onde ocorreu o delito
-domicílio/residência do réu: regra aplicada nos casos onde não é possível determinar o local do crime ou nos casos de ação penal de iniciativa privada, por meio da escolha do ofendido (art. 72 e 73, cpp)
-natureza da infração: regra que visa delimitar a competência de cada justiça, bem como os casos específicos, a exemplo do tribunal do júri
-distribuição: regra que visa impedir a escolha de julgadores para o caso concreto, impondo o sorteio, com exceção de casos onde há prevenção
-conexão ou continência: regra fundada na economia processual e unidade de julgamentos, a exemplo dos casos onde há intervenção delitiva
-prevenção: regra controversa, pois prevê juízes igualmente competentes, restando apto ao julgamento aquele que despachar primeiro nos autos
-prerrogativa de função: regra que tutela o julgamento de autoridades, impedindo que um juiz comum de primeiro instancia julgue, por exemplo, um governador de estado, deputado federal, senador, ministro de estado ou presidente da república
Residualidade: a competência da justiça comum é defendida pelo critério residual, através de questionamentos:
1- há competência da justiça especializada?
Aferição se é caso de justiça militar – federal ou estadual, (ex: delito previsto no art. 161, cpm) ou se é caso da justiça eleitoral (ex: delito previsto no art. 312, código eleitoral)
Obs: art. 125, ss4, cf. Quando a vítima for civil: é julgado pelo tribunal do júri. O tribunal do júri arrasta a competência da justiça militar
No caso da justiça eleitoral, se ocorre crime eleitoral e ao mesmo tempo crime de homicídio, ocorre a cisão. O homicídio vai para o tribunal do júri e o crime eleitoral para a justiça eleitoral
Exceto crime doloso contra a vida, a justiça eleitoral é quem julga
Resposta: se for negativa, não há competência da justiça especializada. Será então de competência de justiça comum (estadual ou federal)
2- há competência da justiça federal?
Aferição se é caso de justiça comum federal, conforme o art. 109, cf (IV, V, V-A, VI, VII, IX e X), cumulado com a sumula 42, STJ
Obs: nos crimes contra a ordem tributária, o tributo precisa ser federal (imposto de renda, imposto de produção, imposto de exportação, etc)
Hipótese de análise:
-IP feito pela polícia civil, com apuração de delito de competência da JF: não se invalida o IP, pois não sabia da existência do delito. Delegado distribui à JF
(Narcotráfico internacional)
-HC da hipótese anterior perante a JF: narcotráfico. Impetra HC perante a justiça federal
-indígenas (art. 231, cf X sumula 140, STJ): compete à justiça comum estadual processar o crime que indígena atua como autor ou vítima. Desserviço, pois toda matéria relacionada ao povo indígena esta atrelado a união. Deve prevalecer o conteúdo da constituição
Resposta: não há competência da justiça federal. Neste caso, será residualmente de competência da justiça comum estadual
Instancias de jurisdição: não se confunde com a delimitação acima, servindo para delimitar os graus de jurisdição do estado, no que toca à justiça comum:
-estadual: 
--tribunal do júri: justiça primaria e privativa, para crimes dolosos contra a vida. Mais comum na justiça do estado 
-federal
--tribunal do júri: ocorre quando tem a morte de servidor, em serviço
Definição do foro: defendia a competência da justiça comum (estadual ou federal) para julgamento de um determinado caso, é necessário definir o local de competência (ratione loci) de acordo com os arts. 70 e 71, cpp
Regra: local de consumação do crime ou último ato de execução na modalidade tentada (art. 70, cpp)
Obs: antinomia em face do art. 6, cp, prevalecendo este por conta do “todo ou parte”
Exceção: delitos entre países e formados por prevenção (art. 71, cpp) e delitos em embarcações ou aeronaves (art. 89 e 90, cpp)
Definição do juízo: defendida a competência da justiça comum estadual e o foro (ex: comarca de Curitiba), deve-se recorrer à distribuição (casos onde há mais de 1 juiz na comarca) ou à prevenção (conforme art. 83, cpp)
Justiça comum estadual: maioria dos delitos previstos nas legislações pátrias, definindo-se a competência por exclusão:
-tribunal do júri: competência privativa, conforme art. 125, ss4, cf e art. 74, ss1, cpp
Sempre julga crime doloso contra a vida. Art. 5, XXXVIII – clausula pétrea e direito fundamental. Não se modifica as competências do tribuna do júri
-JECrim: competência para julgamento das infrações de menor potencial ofensivo, conforme os arts. 60 e 61 da lei 9099/95
-vara criminal: os demais casos serão de competência do juiz estadual comum (ex: 9 vara criminal)
Prerrogativa de função: 
Investidura e prerrogativa: em que pese as devidas críticas, tem a finalidade de garantir a atuação política sem perseguições; é primeiro delimitada temporalmente:
-delitos cometidos antes do mandato: o agente terá automaticamente o foro privilegiado quando for investido; infelizmente serve para nomeações escusas (ex: nomeação do lula como ministro da casa civil)
-delitos cometidos durante o mandato: hipótese obvia, ligada ao cerne da prerrogativa, sendo a autoridade julgada pelo órgão originário à prerrogativa; quando encerrado o mandato, perde-se automaticamente o foro privilegiado
-delitos cometidos após o mandato: a prerrogativa se esvai junto ao mandato (sumula 451/STF) – impera-se o princípio da atualidade do exercício da função, conforme ADIn 2797/05: inconstitucionalidade dos ss do art. 84, cpp
Foro privilegiado: as ocorrências estão previstas na CF e são as seguintes:
-STF:
A) crimes comuns: presidente da república, vice-presidente da república, congressistas, ministros do STF, PGR
B) crimes comuns e de responsabilidade: ministros do estado, comandantes das forças armadas, membros dos tribunais superiores, membros do TCU, chefes de missão de caráter permanente (art. 102, i, b, cf)
-STJ:
A) crimes comuns: governadores
B) crimes comuns e de responsabilidade: desembargadores, membros dos TCE’s, TRF’s, TRT’s, conselhos ou TC’s dos municípios e membros do MPU (art. 105, i, a, cf)
-TJ’s
A) crimes comuns e de responsabilidade: juízes estaduais e membros do MP; a competência do TJ supera as demais, com exceção da justiça eleitoral (art. 108, i, a, cf)
-deputados estaduais:
A) TJ: crimes de competência da justiça estadual
B) TRF: crimes de competência da justiça federal
C) TRE: crimes de competência da justiça eleitoral
D) TJ: crimes de competência do júri (possível renúncia)
-prefeitos: segue-se a mesma logica dos deputados estaduais, dependendo da competência para julgamento do crime cometido (art. 29, x, cf e sumula 702/STF)
-vereadores: não há prerrogativa em razão da função, mas há a imunidade por palavras, opiniões e votos, conforme art. 29, VIII, cf, quando no exercício do mandato e na circunscrição do município onde exerce sua função
Atração de competência: na conexão ou continência, o agente sem a prerrogativa será julgado junto com a autoridade que possui o foro privilegiado, sendo controversa a aplicação nos casos de competência do tribunal do júri (divergência de julgados do stf X conteúdo da sumula 704/stf)
Modificaçãode competência:
Ideia: regras que são excepcionaras por hipóteses definidas pelo ordenamento como conexão ou continência. 
-conexão: reunião de mais de um crime para julgamento no mesmo processo, independente da pluralidade de autores, estando previstas no art. 76, cpp:
A) dois ou mais crimes cometidos ao mesmo tempo, por várias pessoas reunidas (situação ocasional), ou em concurso (embora diverso o tempo e lugar), ou por várias pessoas entre si. 
B) um ou mais crimes praticados para facilitar ou ocultar outros crimes, ou conseguir impunidade ou vantagem. 
C) a prova de um crime ou de suas circunstâncias elementares influir na prova de outro crime. 
-continência: reunião quando há mais de um acusado pelo mesmo crime, estando previstas no art. 77, cpp:
A) pluralidade de autores para o mesmo delito. 
B) unidade delitiva fictícia, conforme os arts. 70, 73 e 74 do cp. 
Problemas de competência:
Julgamento simultâneo: hipóteses do art. 78, cpp, o qual estabelece outras regras para delimitação de competência:
-júri X outros órgãos da jurisdição comum: prevalece a competência do júri, que julgada causas conexas/continentes. 
-jurisdições da mesma categoria: nestes casos
A) prevalece a do local da infração do crime que tenha a pena máxima mais gravosa em relação aos demais. 
B) prevalece a do local onde houver o maior número de crimes, caso tenham a mesma pena máxima. 
C) prevalece o juízo prevendo (juiz que primeiro despachar), nos demais casos. 
-jurisdições de categorias diversas: nestes casos, prevalecerá aquele que tiver a maior graduação. 
-jurisdição comum X jurisdição especial: nestes casos, prevalecerá a jurisdição especial. 
Avocação dos autos: quando se vê na prática a instauração de vários processos, em afronta as regras de conexão e continência, o juiz competente poderá avocar os autor para si (art. 82, cpp), caso ainda não tenham sido sentenciados. 
Cisão processual:
Noção: delimitações taxativas nas quais ocorrerá a cisão de processos para julgamentos autônomos, conforme art. 78, cpp:
-jurisdição comum X jurisdição militar: ocorrerá cisão obrigatória, sendo cada autor/crime julgado de acordo com a correspondente jurisdição. 
-jurisdição comum X “jurisdição de menores”: ocorrerá a cisão obrigatória, sendo o adulto julgado na vara criminal (crime) e o menor de idade julgado na vara de infância e juventude (ato infracional). 
-doença mental superveniente: quando o corréu for acometido por doença mental curável, seu processo será suspenso e cindido em relação aos demais. 
-corréu foragido/não citado: não pude ser julgado à revelia (júri) ou não foi devidamente citado (art. 366, cpp). 
Art. 80, cpp: crimes praticados em circunstância de tempo ou de lugar diferentes, ou excessivo número de acusados, o juiz poderá cindir os processos para evitar prolongamento de prisões preventivas. Crítica: critério meramente subjetivo pela decisão do juiz. 
Inconstitucionalidade da competência relativa:
Controvérsia: as competências em razão da matéria/pessoa são absolutas, sendo controversa em relação ao local (relativa?). 
Princípio da legalidade: inconstitucionais as regras que criam varas especializadas, pois padecem de vício forma e material. 
Nulidade dos atos: necessidade de releitura do art. 567, cpp, não apenas pela sistemática atual, mas pela epistemologia em si. O certo seria o juiz iniciar o processo do zero, anulando o processo. 
Exceções processuais:
Noção: formas de defesa do acusado, mas que podem (devem) ser reconhecidas ex officio pelo julgador; tramitam em apartado e estão previstas no art. 95, cpp:
Exceção de suspeição: possibilidade de interesse do juiz/MP/peritos/servidores face à familiares, amigos íntimos, inimigos capitais (consultar arts. 252 a 256, cpp):
-reconhecimento: reconhecida de ofício ou a requerimento das partes (art. 396-A), devendo ser instruída com provas e apresentação do rol de testemunhas:
--Ex officio: nestes casos, o juiz se declara suspeito por decisão fundamentada, suspende o processo e remete ao juiz substituto. 
--A requerimento: neste caso, pode admitir e remeter ao substituto ou rejeitar, tendo o próprio juiz o prazo de 3 dias para instruir com provas e rol de testemunhas, remetendo então ao tribunal. 
-imparcialidade: cabe à exceção de suspeição, devendo a parte seguir a instrução acima. 
-exceção de incompetência: quando as regras de competência tenham sido afrontadas. Obs: na competência em razão do local, apenas a defesa pode arguir. 
-reconhecimento: reconhecida de ofício ou a requerimento das partes (art. 396-A), devendo o MP ou o querelante ser intimado para manifestação. 
--Ex officio: nestes casos, o juiz de declara suspeito por meio de decisão fundamentada, declinando o processo ao juiz tido como competente. Ratificação de atos: art. 108, ss1, cpp. 
--A requerimento: neste caso, pode admitir e remeter ao juiz competente, podendo o último suscitar conflito de competência (art. 113, cpp) ou rejeitar a exceção oposta.  
Recurso: admissão - RESE. Rejeição - HC. 
Exceção da litispendência: o mais correto seria falar em “exceção de repetência” ou mesmo “exceção de duplicidade”, nos casos onde haja mais de uma acusação/processo em face do mesmo autor (ne bis in idem), podendo ser seguida na resposta à acusação (art. 396-A) ou em HC de trancamento. 
-reconhecimento: reconhecida de ofício ou a requerimento das partes. 
Recurso: admissão - RESE. Rejeição - HC. 
Exceção de ilegitimidade da parte: hipótese onde há manifesta ilegitimidade ativa/passiva, podendo ser arguida na resposta à acusação (art. 396-A) ou em HC de trancamento. 
-reconhecimento: reconhecida de ofício (quando já não tenha sido a denúncia ou queixa rejeitada liminarmente com base no art. 395, ii, cpp) ou a requerimento da defesa (art. 396-A), levando à extinção sem mérito. 
Recurso: admissão - RESE. Rejeição: HC ou preliminar de eventual recurso de apelação. 
Exceção de coisa julgada: hipótese onde há acusação ou processo contra pessoa já julgada pelo mesmo fato (ne bis in idem), bastando o trânsito em julgado. 
-reconhecimento: reconhecida de ofício ou a requerimento da defesa, a qualquer tempo, já que se trata de matéria de ordem pública. 
Recurso: admissão por requerimento - RESE. Admissão de ofício - apelação. Rejeição - ausência de recurso, logo HC de trancamento e em preliminar de eventual recurso de apelação. 
Conflitos de jurisdição e competência:
Ocorrência: hipóteses onde dois juízes se declaram competentes (positivo) ou incompetentes (negativo) para julgar o caso penal (art. 114, I, cpp) ou quando há controvérsia sobre unidade de juízo, junção ou separação de processos (art. 114, ii, cpp). 
Conflito de jurisdição: quando há conflito entre jurisdições especiais (militar X eleitoral); entre jurisdições comuns e especiais (comum X eleitoral); entre jurisdições federais e estaduais (vara federal X vara criminal). 
Conflito de competência: quando há conflito entre órgãos julgadores da mesma categoria e vinculados ao mesmo tribunal (ex: 13 vara criminal de Curitiba X 2 vara criminal de Curitiba. 1 vara criminal de SJP X 4 vara criminal de Curitiba). 
Critério de resolução: o órgão imediatamente superior a ambas as jurisdições ou competências (TJ, TRF, STJ). 
Processo e procedimento:
Noções básicas:
Direito processual penal: trinômio “ação-jurisdição-processo”. 
-ação processual penal: o direito potestativo de acusar. 
-jurisdição processual penal: o poder-dever do estado e a garantia do cidadão. 
-processo penal: evolução epistemológica acerca da natureza jurídica do processo penal:
—bullow: a teoria da relação jurídica pública:
Conceito: o processo penal é uma relação jurídica pública, autônoma e complexa, pois existem entra às três partes, verdadeiros direitos e obrigações recíprocos. 
—goldschmidt: a teoria da situação jurídica:
Conceito: o processo penal é que lá situação jurídica, na qual as partes buscam vantagens processuais, libertando-se de cargas impostas pela parte adversa, envoltas em riscos. 
—calamandrei: o processo como jogo:
Conceito: o processo penal é como um jogo, no qualé necessário que os jogadores conheçam as regras e entendam que tem como objetivo o convencimento do juiz, sendo um ambiente arriscado e inseguro. 
—fazzalari: o procedimento em contraditório:
Conceito: no processo penal, pôde-se observar a possibilidade de as partes, pelo manjei do direito positiva, construírem com o juiz o provimento final (a sentença), razão pela qual a chave do processo é o contraditório, o que o distingue dos demais procedimentos. 
Função do processo penal: além da função óbvia, qual seja efetivar o direito material (princípio da necessidade), o processo penal tem como função:
A) satisfação jurídica das pretensões e resistências. 
B) assegurar um limite ao jus puniendi do estado, através da salvaguarda dos direito e garantias do imputado. 
C) instrumentalizar o exercício da jurisdição através de um complexo de atos sucessivos e concatenadas. 
Espécies de processo penal: o processo penal pode ser:
A) processo penal de conhecimento. 
B) processo penal de execução.
-processo X procedimento: tem raízes semelhantes, sendo o procedimento um gênero e o processo uma espécie:
A) processo: relaciona a pretensão acusatória deduzida em face ao poder jurisdicional, palco de muitos vieses, rumando a uma sentença (des)favorável as partes. 
B) procedimento: relacionado ao viés formal da atuação jurisdicional, isto é, o conjunto de normas reguladoras do processo, via na qual trafegam a pretensão acusatória e a resistência defensiva, voltadas à satisfação do órgão jurisdicional, sendo os ritos modificadores desta via. Obs: ilustração feita por CORDERO quanto a etimologia. 
-reformas parciais X reformas globais: o cenário processual penal brasileiro no que tange os ritos e as falhas das reformas penais e processais penais. 
Procedimentos:
Rito ordinário: crimes cuja pena máxima seja igual ou superior a 4 anos de pena privativa de liberdade, estabelecido no art. 394, ss1, I, cpp, sendo estruturado da seguinte forma:
1- denúncia ou queixa-crime: de acordo com o delito, em cumprimento ao art. 41, cpp, preenchidas as condições da ação, sob pena de rejeição liminar (art. 395, cpp); recebida, o juiz ordena a citação do acusado para responder à acusação, por escrito, no prazo de 10 dias (art. 396, cpp). 
2- recebimento ou rejeição liminar: recebe ou rejeitar de acordo com as hipóteses do art. 395, cpp. 
3- resposta à acusação: devidamente citado, deve o réu apresentar sua resposta à acusação em 10 dias, momento em que pode arguir nulidades, exceções, juntar documentos, indicar provas, arrolar testemunhas, requerer absolvição sumária, dentre outras teses defensivas. 
4- absolvição sumária (ou não): após análise da resposta à acusação, o juiz pode absolver sumariamente, conforme as hipóteses do art. 397, cpp. 
Recurso: cabe HC quando houver prova sólida e comprovação da causa de absolvição sumária. 
5- audiência de instrução e julgamento: momento de produção e coleta de provas (periciais, documentais, testemunhais) e prolação da sentença. 
A) ordem: oitava da vítima; testemunhas da acusação; testemunhas da defesa; peritos; acareações; reconhecimentos de pessoas; reconhecimento de coisas; interrogatório do acusado (art. 400, cpp). 
B) testemunhas: limite de 8 testemunhas para cada parte (art. 401, cpp). Testemunhas não indicadas (art. 209). 
C) interrogatório: último ato da audiência, onde o réu pode exercer sua autodefesa, na presença de seu defensor, conforme art. 185 e ss, cpp. 
D) diligências: possibilidade de que as partes, ao fim da instrução, diante das provas produzidas, possam requerer diligências antes da prolação da sentença, conforme art. 402, cpp. 
E) alegações finais: quando não sejam requeridas diligências ou forem indeferidas, as partes poderão fazer alegações de 20 minutos, prorrogáveis por mais 10 minutos, sentenciando o juiz a seguir (art. 403, cpp). 
F) memoriais: em casos complexos ou pelo número de acusados, o juiz pode conceder prazo de 5 dias para apresentação de memoriais, proferindo sentença então no prazo de 10 dias (art. 403, ss3, cpp). 
Rito sumário: rito estabelecido para os crimes cuja pena máxima seja inferior a 4 anos de pena privativa de liberdade, estabelecido no art. 394, ss1, ii, cpp.
Diferenças: de forma geral, o rito sumário segue as mesmas regras do rito ordinário incluindo a estrutura (denúncia ou queixa-crime; recebimento ou rejeição liminar; resposta à acusação; absolvição sumária (ou não); audiência de instrução e julgamento), sendo diferenciado pelo seguinte:
-prazo para a AIJ: enquanto no rito ordinário, o prazo para a AIJ é de 60 dias contados da citação (art. 400), no rito sumário tal prazo é de 30 dias contados da citação (art. 531). 
-número de testemunhas: enquanto no rito ordinário cada parte pode arrolar até 8 testemunhas, no rito sumário cada parte pode arrolar apenas 5 testemunhas ( art. 532). 
-ausência de diligências: diferente do rito ordinário, não é prevista a possibilidade de se requerer diligências ao fim da instrução. 
-ausência de memoriais: concede-se a possibilidade de se fazer alegações finais orais, sem previsão, porém, da possibilidade de entrega de memoriais (celeridade processual). 
-residualidade: o rito sumário somente será adotado quando não for cabível o processamento pelo rito sumaríssimo, conforme a lei 9099/95 (infrações de menor potencial ofensivo = pena máxima não superior a 2 anos). 
Rito sumaríssimo: infrações de menor potencial ofensivo - pena máxima cominada não superior a 2 anos (art. 61, lei 9099). 
-JECrims federais: crime de competência da justiça federal (art. 109, cf) e que tenha pena máxima de 2 anos. 
-JECrims estaduais: critério residual frente aos federais. 
Transação penal e composição dos danos civis: hipóteses de conexão e continência (art. 60, p.ú, JECrim). 
Cômputo das penas: hipóteses de concursos de crimes. 
Composição dos danos civis: acordo entre autor e vítima, constituindo-se em título executivo judicial (art. 74, JECrim). 
Representação ou queixa-crime: quando não ocorra a composição dos danos civis, se oportunizara:
A) queixa-crime: sendo ainda possível que o MP oferte transação penal ao autor. 
B) representação: sendo ainda possível que o MP oferte transação penal ao autor ou, quando não cabível ou não aceita, ofereça a denúncia. 
Transação penal: acordo proposto pelo MP para pena antecipada, de multa ou restritiva de direitos, antes da denúncia, sendo um direito subjetivo do acusado. 
Requisitos: não ter sido condenado a privativa de liberdade, não ter sido beneficiado no prazo de 5 anos, não ter maus antecedentes (art. 76, I, ii e iii, JECrim). 
-recusa: prossegue o processo pelo rito sumaríssimo, podendo o MP oferecer suspensão condicional do processo junto da peça de denúncia. 
-homologação: constitui título executivo judicial. 
-efeitos: não gera reincidência, mais antecedentes ou qualquer anuência de culpa. 
-ausência de oferecimento: remessa ao procurador geral ou petição ao juiz do processo. 
-descumprimento: jurisprudência pacífica do STJ e STF pela qual se autoriza a submissão do réu ao processo. 
Suspensão condicional do processo: acordo oferecido pelo MP junto a denúncia, sendo direito subjetivo do réu, ficando o processo suspenso pelo prazo de 2 a 4 anos, ao passo que o acusado se compromete a cumprir as condições do art. 89, lei dos JECrim:
-requisitos: pena mínima cominada igual ou inferior a 1 ano; não ser processado ou não ter sido condenado por outro crime; preencher os requisitos do art. 77, cp. 
-cabimento: em todas as jurisdições, bastando preencher o critério da pena mínima. 
-formalização: aceitação pelo acusado e seu defensor, perante o juiz, que receberá a denúncia e suspenderá o processo, colocando o acusado em período de prova. 
Recusa: o processo prosseguirá no rito sumaríssimo, nos termos do art. 77 e ss, lei 9099. 
-condições: reparação do dano; proibição de frequentar determinados locais (bares, baladas, casas noturnas); proibição de se ausentar da comarca onde reside, sem autorização do juiz; comparecimento obrigatório ao juízo, mensalmente, para informar suas atividades;

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