Buscar

direito internacional publico

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 4 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO – PROF. LUCIANA MELO
AS RELAÇÕES INTERNACIONAIS OBSERVADAS SOB O PRISMA JURÍDICO
A SOCIEDADE INTERNACIONAL
A formação da sociedade internacional e do DIP deu-se juntamente com a formação das primeiras coletividades, onde o estabelecimento de relações entre os indivíduos que compunham as coletividades exigiam normas que as regulassem. Existe uma sociedade internacional porque existem relações contínuas entre as diversas coletividades, que são formadas por indivíduos que apresentam como característica a sociabilidade, que também se manifesta no mundo internacional. A sociabilidade não está contida dentro das fronteiras de um Estado, mas as ultrapassa. 
A sociedade internacional, ao contrário do que sucede com as comunidades nacionais organizadas sob a forma de Estados, é ainda hoje descentralizada, e o será provavelmente por muito tempo adiante de nossa época.
No plano internacional não existe autoridade superior nem milícia permanente. Os Estados se organizam horizontalmente, e prontificam-se a proceder de acordo com normas jurídicas na exata medida em que estas tenham constituído objeto de seu consentimento.
As relações entre o Estado e os indivíduos ou empresas fazem com que toda ordem jurídica interna seja marcada pela idéia da subordinação. Esse quadro não encontra paralelo na ordem internacional, onde a coordenação é o princípio que preside a convivência organizada de tantas soberanias.
O Estado soberano no plano internacional, não é originalmente jurisdicionável perante corte alguma. Sua aquiescência, e só ela, convalida a autoridade de um foro judiciário ou arbitral, de modo que a sentença resulte obrigatória e que seu eventual descumprimento configure ato ilícito.
A igualdade soberana entre todos os Estados é postulado jurídico que se confronta com a desigualdade de fato. 
CARACTERÍSTICAS DA SOCIEDADE INTERNACIONAL
A sociedade internacional é:
UNIVERSAL: porque abrange todos os entes do globo terrestre;
HETEROGÊNEO: porque integram Estados e Organizações que podem apresentar significativas diferenças entre si. 
PARITÁRIA: em face da igualdade jurídica existente entre seus integrantes; 
ABERTA: o que significa que qualquer ente, ao reunir determinados elementos, pode nela ingressar, sem que haja necessidade de que os membros já existentes se manifestem sobre o ingresso;
DESCENTRALIZADA: porque não possui poderes executivo, legislativo e judiciário.
ORIGINÁRIA: porque não se fundamenta em outro ordenamento jurídico, a não ser no direito natural.
MARCADA PELA DESIGUALDADE DE FATO: pois, muito embora, exista uma igualdade jurídica marcante, o que se expressa, em verdade é uma desigualdade fática, vista por qualquer pessoa nos noticiários diários, em todo o mundo.
A GLOBALIZAÇÃO E O SISTEMA NORMATIVO INTERNACIONAL
O sistema internacional é composto por entes que possuem direitos e deveres outorgados pela ordem jurídica internacional. São eles os Estados, as Coletividades Interestatais, as Coletividades Não Estatais e o Indivíduo. Entretanto, ao lado desses entes atuam diversas forças que acabam por influenciar a sociedade internacional. São elas:
FORÇAS ECONÔMICAS: onde, devido aos acordos comerciais, todos os problemas de natureza econômica só podem ser resolvidos através de uma cooperação interestatal.
FORÇAS RELIGIOSAS: que com o passar da história tiveram uma influência decisiva no DI, vez que o catolicismo angariou uma série de institutos, tais como, a Paz de Deus, a Trégua de Deus, etc.
FORÇAS CULTURAIS: se manifestam pela realização de acordos culturais entre os Estados, na criação de novos organismos internacionais destinados à cultura e na aproximação entre os Estados.
FORÇAS POLÍTICAS: onde claramente se vê a luta pelo poder e, pelo aumento do território dos Estados. (Busca da hegemonia da ordem internacional)
	Assim, tem-se por globalização um processo progressivo da integração entre as várias partes do mundo, especialmente nos campos político, econômico, social e cultural, com vistas a formar um espaço internacional comum, dentro do qual bens, serviços e pessoas circulem da maneira mais desimpedida possível.
CONCEITO DE DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO
O Direito Internacional Público é o ramo do direito que visa a regular as relações internacionais e a tutelar temas de interesse internacional, norteando a convivência entre os membros da sociedade internacional, que incluem não só os Estados e as Organizações Internacionais, mas também outras pessoas e entes como os indivíduos, as empresas e as organizações não-governamentais (ONG’s), dentre outros.
Tendo-se como base os sujeitos da ordem jurídica internacional, então, o Direito Internacional é "o conjunto de regras que determinam os direitos e os deveres respectivos dos Estados nas suas relações mútuas" (Fauchille).
Tendo-se como critério o modo de formação das normas jurídicas, temos a seguinte definição: "o Direito Internacional se reduz às relações dos Estados e é o produto da vontade destes mesmos Estados." (Bourquin)
Tendo-se como critério a comunidade de que as normas emanam, temos o Direito Internacional como "o conjunto de normas que regula as relações externas dos atores que compõem a sociedade internacional". (Alfred Verdross)
"Conjunto de regras e de instituições jurídicas que regem a sociedade internacional e que visam estabelecer a paz e a Justiça e a promover o desenvolvimento." (Jean Touscoz)
"Conjunto de regras que governam as relações dos homens pertencentes aos vários grupos nacionais" (Nicolas Politis).
"O Direito Internacional, Direito das Gentes ou Direito das Nações, enfim, o direito público exterior, é o complexo dos direitos individuais e recíprocos entre as mesmas nações" (Antônio de Vasconcelos Menezes de Drummond)
"Conjunto de regras que regem as relações entre os Estados" (René-Jean Dupuy)
"Conjunto de normas jurídicas que regulam as relações mútuas dos Estados e, subsidiariamente, as das demais pessoas internacionais, como determinadas organizações, e dos indivíduos." (Hildebrando Accioly)
TERMINOLOGIA
Com inicial terminologia romana, o DIP foi chamado, por muito tempo, como o “Direito das Gentes” (jus gentium), ou, “Direito entre Estados” (jus inter gentes). Atualmente pode ser chamado, simplesmente, de “Direito Internacional”.
OBJETO
Restringia-se, antes, a limitar as competências de Estados e de Organizações Internacionais, conferindo-lhes direitos e impondo-lhes obrigações com vistas a reduzir a anarquia na sociedade internacional, ainda marcada pela inexistência de um poder mundial superior a todos os Estados e pelo fenômeno da coordenação de interesses, e não da subordinação.
Atualmente, o objeto do DIP vem se ampliando , passando a incluir também a regulamentação da cooperação internacional, pautando o modo pelo qual os Estados, as organizações internacionais e outros atores deverão proceder para atingir objetivos comuns, normalmente ligados a problemas globais, como a proteção do meio ambiente, ou a interesses regionais, a exemplo da integração regional.
O objeto do DIP é sintetizado por Amaral Junior, que afirma que: “desde as origens, o DIP cumpre duas funções básicas: reduzir a anarquia por meio de normas de conduta que permitam o estabelecimento de relações ordenadas entre os Estados soberanos e satisfazer as necessidades e interesses dos membros da comunidade internacional”.
FUNDAMENTO DO DIP
O estudo do Direito Internacional Público visa a determinar o motivo pelo qual as normas internacionais são obrigatórias e o fundamento do DIP é objeto de debates doutrinários que se concentram, principalmente, ao redor de 2 teorias: a objetivista e a voluntarista.
A teoria objetivista sustenta que a obrigatoriedade do DIP decorre de valores, princípios e regras de tamanha importância que delas depende o bom desenvolvimento e a própria existência da sociedade internacional, incluindo vertentes assim definidas:
- jusnaturalismo – porquedecorrem da natureza humana, baseando-se na razão;
- sociologia – porque decorrem de ocorrências sociais;
- direito fundamental dos Estados – porque se fundamenta no fato de os Estados possuírem direitos que lhe são inerentes e que são oponíveis em relação a terceiros.
A teoria voluntarista, por sua vez, é de natureza subjetiva, cujo elemento central é a vontade dos sujeitos, para expressarem livremente sua concordância expressa ou tácita – repousa no consentimento dos Estados – também chamado de “corrente positivista”. Também o voluntarismo possui vertentes assim definidas:
- autolimitação da vontade – porque os Estados submetem-se às normas internacionais, por sua vontade, no limite de suas soberanias;
- vontade coletiva – porque nasce da vontade dos Estados, formando, ao final, uma só vontade coletiva;
- consentimento das nações – por ser a vontade da maioria dos Estados de um grupo, exercida de maneira livre e sem vícios, mas sem a exigência da unanimidade;
ORDENAMENTO JURÍDICO INTERNACIONAL
6.1) CARACTERÍSTICAS DO DIP
- a grande dicotomia entre a relativização da soberania dos Estados e a manutenção de sua importância;
- é um direito de coordenação, em oposição ao direito interno que é de subordinação;
- distingue-se pela ampla descentralização da produção normativa;
- não se caracteriza pelo conjunto de intenções de caráter político, regras de cortesia ou de simples acordo de cavalheiros, pois, de fato, o ordenamento internacional possui um conjunto de normas jurídicas obrigatórias aos seus destinatários, o que á chamado por Bruno Yepes Pereira de “ordem normativa”;
-não existe hierarquia entre as normas do direito internacional;
- é fragmentado por causa da heterogeneidade das normas, em face da variedade de matérias tratadas e as condições em que são elaboradas;
- destina-se a gerar efeitos não somente no âmbito internacional, mas também dentro dos Estados.
OBRIGATORIEDADE: As regras de DIP são obrigatórias. Não se trata de cortesia internacional, de conveniência ou comodidade. Não se tratam de normas morais na esfera internacional, e também não são enunciados de direito natural. É um direito político, aplicado pelos organismos internacionais, de forma menos rigorosa, menos técnica e, portanto, sujeita a distorções.
FRAGMENTAÇÃO: O alargamento do domínio material do DIP é flagrante, em face do progresso técnico e da interdependência econômica entre os Estados. Diz-se também, que o DIP é fragmentado em face de sua s condições de elaboração, vinculadas à convergência de interesses dos Estados ou de suas relações de força.
CONSENTIMENTO: Mais do que elaboração do direito convencional, a vontade estatal é elemento capital para o DIP, porque é necessário o consentimento do Estado, para que se comprometa à regra de um tratado ou para que uma norma seja reconhecida como costumeira, em homenagem ao Princípio do livre Consentimento, consagrado pela Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados.
AUSÊNCIA DE PODER CENTRAL: Não existe, em seara internacional, uma estrutura de repartição de poderes ao estilo do Estado moderno, também não há código, tribunal e nem força pública no DIP.
6.2) A COOPERAÇÃO INTERNACIONAL ENTRE OS ESTADOS
A cooperação internacional não é meio apenas para combater problemas, mas também constitui instrumento adicional, pelo qual os Estados podem promover seu desenvolvimento econômico e social, sendo exemplo disso os diversos mecanismos de integração regional.
6.3) A JURISDIÇÃO INTERNACIONAL
Existem órgãos encarregados de dirimir controvérsias internacionais e de aplicar suas normas a casos concretos, ainda que nem sempre tais mecanismos funcionem nos mesmos moldes de seus congêneres estatais. Normalmente são criados por tratados e podem ser judiciais, arbitrais ou administrativos.
6.4) A SANÇÃO DO DIP
O direito internacional dispõe de instrumentos de sanções, e são exemplos disso o envio de tropas da ONU para regiões onde esteja sendo violada a proibição do uso da força armada, a expulsão de diplomatas que abusem de suas imunidades, reparações financeiras, retaliações comerciais... Há certa dificuldade na aplicação de sanção, porém elas existem, mesmo que não haja uma milícia permanente no âmbito internacional.
DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO E DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO
O DIP é o ramo do direito que regula as relações internacionais, a cooperação internacional e temas de interesse da sociedade internacional, disciplinando os relacionamentos que envolvem Estados, organizações internacionais e outros atores em temas de interesse internacional, bem como conferindo proteção adicional a valores caros à humanidade, como a paz e os direitos humanos.
O DIPRI regula os conflitos de leis no espaço, cuidando, essencialmente, de estabelecer critérios para determinar qual a norma, nacional ou estrangeira, aplicável a relações privadas com conexão internacional, ou seja, que transcendem os limites nacionais e sobre os quais incidiriam mais de uma ordem jurídica.
DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO E DIREITO INTERNO
8.1) DUALISMO
A principal premissa do dualismo é a de que o direito internacional e o direito interno são dois ordenamentos jurídicos distintos e totalmente independentes entre si, cujas normas não poderiam entrar em conflito uma com as outras. Caracteriza-se pela impossibilidade de conflitos entre o direito internacional e o direito interno, sendo necessário que um diploma legal interno que incorpore o conteúdo da norma internacional, o que é denominado de “teoria da incorporação”. 
8.2) MONISMO
O monismo fundamenta-se na premissa de que existe apenas uma ordem jurídica, com normas internacionais e internas, interdependentes entre si. Caracteriza-se pela possibilidade de conflitos entre o direito internacional e o direito interno, sendo desnecessário a existência de norma interna que incorpore o conteúdo da norma internacional. 
RELAÇÃO DO DIP COM O DIREITO INTERNO
	TEORIA DUALISTA
	DIREITO INTERNO
	DIREITO INTERNACIONAL
	- Subordina os sujeitos a um poder central que estabelece a lei e os faz respeitá-la, graças a um a aparelho institucional que pode recorrer à força.
	- Pressupõe a promulgação em comum, por meio de acordo, de uma regulamentação, cabendo a cada Estado avaliar a dimensão do dever que lhe incumbe e as condições de sua execução.
	- Direito Interno de Subordinação
	- Direito Internacional de Coordenação
	TEORIA MONISTA
	1ª. tese: defende a primazia do direito interno sobre o internacional
	2ª. Tese: defende a primazia do direito internacional sobre o interno
- No Brasil, prevalece a 1ª tese da teoria monista, porque repercute em soluções práticas exigidas pelo convívio internacional, sendo vista, em disciplina isolada de estudo, ou de forma direta ou indireta, em direito constitucional, em face das previsões dos arts. 4º; 5º §2º; 49, I e 84, VIII da CF/88.
Bibliografia utilizada:
Direito Internacional Público – Marcelo D. Varella – Ed. Saraiva, 2010
Direito Internacional Público e Privado – Paulo Henrique Gonçalves Portela – Ed. Podium, 2009
Curso de Direito Internacional Público – Bruno Yepes Pereira – Ed. Saraiva, 2006
Introdução ao Direito Internacional Público – Ricardo Seitenfus – Ed. Livraria do Advogado, 2003
�PAGE �
�PAGE �4�

Outros materiais