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Aspectos aula 8

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Aspectos Semiológico do Discurso
AULA 8: Roland Barthes
Para Barthes, em seu texto “ A retórica da imagem”, a
mensagem linguística é composta por todas as palavras
que aparecem;
A semiótica barthesiana consiste num olhar político
sobre os signos, que nada mais é senão excitação do
olhar crítico. Essa excitação é uma desconstrução do
mundo que nos rodeia.
Roland Barthes
Em outras palavras, a semiótica de Barthes consiste em assinalar o 
signo e tentar indicar o que existe além do mecanismo de 
construção de sentido empregado no processo de enunciação.
São objetos de uso sobre os quais a sociedade impôs significação 
derivada pela finalidade de uso no contexto social.
Roland Barthes
O projeto semiótico de Barthes está nesse imbricamento
entre o explícito e o implícito, o denotado e o conotado 
do processo de comunicação-significação.
A semiótica barthesiana tenderia a tornar-se a ciência da 
ideologia, ou uma ciência que teria a ideologia como 
último objeto de estudo.
Roland Barthes
Roland Barthes
A semiologia da significação entende a língua e todos os
fenômenos significativos – o sistema de objetos de uso (função-
signo), as artes e a comunicação de massa – a partir de um viés
mais sociológico, vendo nesses diversos segmentos um fundo de
linguagem umectada de ideologia.
Barthes busca, nesses vários textos, a tessitura do conteúdo latente
(o sentido conotativo) da linguagem.
Roland Barthes
O autor já não crê mais ser possível viabilizar uma ciência
do signo sem que se leve em conta o contexto
sociopolítico e histórico.
O signo passa a ser tomado a partir de sua realidade
linguística e translinguística, sendo inseparáveis suas
faces social e histórica.
Roland Barthes
Roland Barthes
Se a semiótica é uma leitura clara e sensual dos vários
“textos” que a cultura produz, ela não poderia ter por
objeto de estudo senão “todos os textos do imaginário: as
narrativas, os retratos, as imagens, as expressões, os
idioletos, as paixões, as estruturas que jogam, ao mesmo
tempo, com uma aparência de verossimilhança e com a
incerteza de verdade” (Barthes, 1980, p. 41).
Roland Barthes
Não há vagas
O preço do feijão
Não cabe no poema. 
O preço do arroz
Não cabe no poema.
Não cabem no poema o gás
A luz o telefone 
A sonegação
do leite 
da carne 
do açúcar 
do pão
O funcionário público
não cabe no poema
com seu salário de fome
sua vida fechada
em seus arquivos.
Como não cabe no poema
o operário 
que esmerila seu dia de aço
e carvão
nas oficinas escuras.
- porque o poema, senhores, 
está fechado: 
“não há vagas”
Só cabe no poema
o homem sem estômago
a mulher de nuvens 
a fruta sem preço
O poema, senhores, 
não fede nem cheira.
(FERREIRA GULLAR. Não 
há vagas)
Roland Barthes
A mensagem icônica codificada são as conotações (
derivadas do sistema de signos da sociedade) da
fotografia;
A conotação pode ser compreendida como um processo
de deslocamento.
Classificação da Mensagem em Roland Barthes
A mensagem icônica não codificada são as denotações da
fotografia (trata-se da denotação literal, o
reconhecimento de objetos identificáveis na fotografia,
independentemente do código mais amplo da sociedade).
A denotação completa existe? Lembre-se da
arbitrariedade do signo linguístico...
Classificação da Mensagem em Roland Barthes
O leitor reconhece o que os signos efetivamente
representam e imediatamente passa à decifração.
Roland Barthes
Roland Barthes
Roland Barthes
Conotação na fotografia, para Barthes:
“Imposição de um sentido segundo à mensagem
fotográfica propriamente dita, elabora-se nos
diferentes níveis de produção da fotografia (escolha,
processamento, enquadramento, diagramação)”
(BARTHES, 1980, p. 15)
Roland Barthes
Roland Barthes
Roland Barthes
Conotação na fotografia, para Barthes:
Trucagem: em nenhum outro procedimento a
conotação incorpora tão completamente a máscara
objetiva da denotação”. (BARTHES, 1980, p. 16)
Roland Barthes
Roland Barthes
Roland Barthes
Roland Barthes
Roland Barthes
Pose: “A própria pose do fotografado sugere a leitura
de significados de conotação” (BARTHES, 1980, p. 16).
Roland Barthes
Roland Barthes
Roland Barthes
Roland Barthes
Manipulações:
Roland Barthes
Manipulações:
Roland Barthes
Roland Barthes
Roland Barthes
Enquadramento largo
Enquadramento Estreito
Roland Barthes
Objetos: “O interesse está no fato de que esses objetos
(que compõem a cena fotografada) são indutores
comuns de associações de ideias”. (BARTHES, 1980, p.
17)
Roland Barthes
Roland Barthes
Roland Barthes
Fotogenia: “Na fotogenia, a mensagem conotada está 
na própria imagem embelezada (...) por técnicas de 
iluminação, impressão e tiragem”. (BARTHES, 1980, p. 
18)
Roland Barthes
Roland Barthes
Roland Barthes
Estetismo: “Composição visual tratada (...) para impor
um significado mais sutil e mais complexo do que
aqueles permitidos por outros processos de
conotação”. (BARTHES, 1980, p. 18)
Roland Barthes
Roland Barthes
Roland Barthes
Roland Barthes
Morte do Autor
Para o autor, o mito deve ser invertido: “o nascimento do leitor 
deve pagar-se com a morte do autor” (BARTHES, 2004, p. 65).
Mallarmé (1945, p. 366), que disse: “a obra pura implica no 
desaparecimento elocutório do poeta, que cede a iniciativa às 
palavras”. 
Roland Barthes
Morte do Autor
O autor não vem antes de seu livro como um pai vem antes do 
filho porque o único tempo que existe é o da enunciação. Quem 
era este sujeito, onde viveu, o que sentia, não mais interessa.
Roland Barthes
Morte do Autor
Roland Barthes fala da obra como algo fechado em si, acabado,
enquanto o texto seria o que ultrapassa a obra, pois se estende à
construção do sentido. Para esse autor, a obra estaria condicionada a
fatores históricos, políticos, sociais e, portanto, precisaria
acompanhar o conceito de literatura vigente em um determinado
contexto. É simbólica. O texto, ao contrário, precisa ser revisitado,
pois “pratica o recuo infinito do significado” (BARTHES, 1987, p. 56),
deve passar por constante revisão e ampliação. O texto é dinâmico,
plural.
Roland Barthes
O que importa é o aqui e o agora da enunciação.
Escrever seria, então, um performativo.
“(...) é a linguagem que fala, não o autor” (BARTHES, 
2004, p. 59) e, por essa razão, não devemos buscar 
explicação da obra em quem a produziu como se apenas 
ele pudesse revelar seus segredos.
Roland Barthes
Segundo Barthes, a linguagem não é feita para produzir 
um único sentido, mas é um espaço cheio de 
multiplicidade.
O que tece sua trama são fios de milhões de culturas 
diferentes; o autor até tem o poder de mesclar essa 
trama, mas não tem controle sobre tais fios.
Roland Barthes
O autor nos sugere, enfim, que existe alguém capaz de 
entender cada palavra em sua duplicidade: o leitor. Por 
isso o texto se torna uno em seu destino, e não em sua 
origem.
O gesto da escritura sempre existiu e, portanto, o autor 
não inaugura nada. Quem fala, quem escreve, quem 
pinta, quem projeta, quem filma, já não importa mais.
Roland Barthes
Texto literário e texto não literário
Texto literário e texto não literário
Texto literário e texto não literário
Texto literário e texto não literário
O texto literário pretende levar o leitor a “sentir”, pela 
organização das palavras, pela expressividade, o tema 
tratado, prevalece a estética da linguagem, a 
musicalidade.
Com licença poética 
Quando nasci um anjo esbelto, 
Desses que tocam trombeta, anunciou:
Vai carregar bandeira.
Cargo muito pesado pra mulher, 
Esta espécieainda envergonhada. 
Aceito os subterfúgios que me cabem, 
Sem precisar mentir.
Não sou tão feia que não possa casar, 
Acho o Rio de Janeiro uma beleza e 
Ora sim, ora não, creio em parto sem dor. 
Mas o que sinto, escrevo. Cumpro a sina.
(Adélia Prado)
Quando nasci, um anjo torto
desses que vivem na sombra
disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.
As casas espiam os homens
que correm atrás de mulheres.
A tarde talvez fosse azul,
não houvesse tantos desejos.
O bonde passa cheio de pernas:
pernas brancas pretas amarelas.
Para que tanta perna, meu Deus,
pergunta meu coração.
Porém meus olhos
não perguntam nada.
O homem atrás do bigode
é sério, simples e forte.
Quase não conversa.
Tem poucos, raros amigos
o homem atrás dos óculos e do -bigode,
Meu Deus, por que me abandonaste
se sabias que eu não era Deus
se sabias que eu era fraco.
Mundo mundo vasto mundo,
se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima, não seria uma solução.
Mundo mundo vasto mundo,
mais vasto é meu coração.
Eu não devia te dizer
mas essa lua
mas esse conhaque
botam a gente comovido como o diabo.
O texto literário tem como foco o plano da expressão
que predomina sobre o do conteúdo. Ele recria a
realidade, o mundo, é polissêmico, usa recursos
sonoros e figurados. A função do texto literário é a
estética e predomina a forma como se diz e não o que
é dito.

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