Buscar

Aspectos Semiológicos do Discurso - Aula 4

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 8 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 8 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

- -1
ASPECTOS SEMIOLÓGICOS DO DISCURSO
O SENTIDO SOCIAL DA LINGUAGEM: 
ANÁLISE DOS DISCURSOS SOCIAIS
- -2
Olá!
Ao final desta aula, o aluno será capaz de:
1. Observar a relação do homem com o universo de significados;
2. identificar discursos que se apresentam em diversas formas de simbolização;
3. analisar o texto e o sujeito em um determinado tempo e espaço através da exposição de ideias, anseios,
temores, expectativas desse tempo e do grupo social percebidos na linguagem discursiva;
4. reconhecer os discursos ideológicos.
No mundo em que se insere o homem, há um universo de significados que coexistem. A partir da condição social
e histórico-cultural, o homem constrói discursos que se apresentam em diversas formas de simbolização.
Segundo Breton (1999, p. 23), “A palavra é o que especifica o humano. Ela se desenrola com base em três
registros essenciais, que a constituem: a expressão, a informação, a convicção.” O homem usa a palavra a fim de
convencer, o que é uma atividade complexa, multiforme. Com isso, coloca em seu discurso a prática do
verossímil e isso desemboca na literatura e aparece nos gêneros populares como o romance policial, o folhetim
sentimental, o western, etc., buscando a adesão do leitor ao texto.
1 Palavra
O homem dá sentido ao que o rodeia através da palavra e dela parte o sentido ideológico do discurso e da
palavra democrática surgida na Grécia antiga como franqueamento do espaço discursivo. Ao longo dos séculos,
no entanto, o lugar central conferido à palavra para convencer passa a ser o elemento fundamental da ruptura
democrática.
Para Jean-Pierre Vernant (1987, p. 45), após a revolução dos espíritos que ocorre entre os séculos VIII e VII a.C.,
a palavra assume uma nova vocação, não sendo mais “ritual, fórmula justa, mas o debate contraditório, a
discussão, a argumentação” em um universo do conhecimento formado. É o momento da decisão, da palavra
como vínculo social.
O texto, segundo Bakhtin (2000, p. 329) “representa uma realidade imediata (do pensamento e da emoção)” e o
discurso do homem, no tempo e no espaço, expõe ideias, anseios, temores, expectativas do grupo social.
- -3
No campo das ciências humanas, o pensamento, enquanto pensamento, nasce no pensamento do outro que
manifesta sua vontade, sua presença, sua expressão, seus signos, por trás dos quais estão as revelações divinas
ou humanas (leis dos poderosos, mandamentos dos antepassados, ditados anônimos) (BAKHTIN, 2000, p. 329-
330).
Qualquer texto traz implícito o sistema de signos (a língua) e, por isso, pode ser decifrado. Existe uma lógica
comum a todos os sistemas de signos, daí observa-se uma interdependência entre o texto (objeto de análise e
reflexão) e o contexto em que se insere. Reflete o pensamento do sujeito que o reproduz. Veja o vídeo abaixo!
https://www.youtube.com/watch?v=2DQcacUkWXk
Nosso pensamento, a forma de entendermos as coisas, o mundo, começa então a ter nas palavras a linguagem, o
nome das coisas existentes no mundo. Construímos na consciência uma espécie de "arquivo" onde depositamos
tudo o que é ouvido e entendido. Guardamos ideias, significados, palavras e com essa "base de dados" nos
expressamos verbalmente pela fala.
Tudo que existe e prevê leituras interpretativas, divagações, sensações ocupa um lugar no mundo, no tempo, é
referência para uma série de direções. Cada direção é um referente, logo, é um signo. Essa propriedade de existir,
que dá o poder de ter função como signo, é signo singular. Todas as coisas que estão em rotação no mundo
possuem significados latentes, dependem do seu olhar interpretante.
A abstração, isto é, o que se aproxima de uma lei, pois nos afasta do que primeiro lhe deu origem, é simbólica,
está sujeita a convenções.
Assim aconteceu com as palavras, com as convenções sociais, com as leis de trânsito ou do direito.
A linguagem verbal se apresenta em forma de associação de palavras que tem por base a extensão, indicando
que a relação entre elas está no plano da memória. Ao selecionar uma palavra como núcleo significativo, em um
texto publicitário, o autor a coloca em uma constelação semântica, em busca do “algo mais” do significado. Aí
entra a figura do interpretante que, ao ler em um texto publicitário uma palavra, deve associá-la a situações fora
daquele contexto.
O “leitor-interpretante” não pode deter-se no valor denotativo da palavra. É preciso verificar os possíveis signos
que equivalem ao signo branco - cor. Vamos à qualidade do signo, passamos à reação e chegamos ao simbólico.
https://www.youtube.com/watch?v=2DQcacUkWXk
https://www.youtube.com/watch?v=2DQcacUkWXk
- -4
“Palavra puxar palavra” é uma forma de tornar o texto atraente, sedutor e levar o leitor a mantê-lo na memória.
O discurso ou fala, expressão verbal do pensamento, não pode ser compreendido fora do contexto dialógico de
seu tempo. É uma combinação de palavras que se apresenta com expressividade e traz uma visão de mundo, de
ideologia.
“Não há mensagem sem signos e não há comunicação sem mensagem” (SANTAELLA, 2001, p. 59). Os efeitos que
a linguagem publicitária exercem sobre o leitor, ao produzir mensagens que criam efeitos emocionais, sensoriais
e simbólicos, exigem um “olhar semiótico”, isto é, a identificação da significação ou representação, da referência
e da interpretação das mensagens.
Se observarmos o fragmento da publicidade do OMO, verificamos:
• A presença contrastante do branco (cor) no preto (cor), além da palavra “branco”. Portanto a cor é uma 
“qualidade” presente no anúncio e é signo. É a primeiridade.
• A relação da palavra “branco” com o contexto situacional. Encontraremos a mensagem em sua 
particularidade: com na - ou é - ou é . branco brilho brancura véu de noiva roupa lavada com Omo
Aqui há referência a algo que está fora da mensagem (relação de branco com véu de noiva: comparação). 
É a secundidade.
• A capacidade da representação das mensagens abstratas e convencionais, culturalmente 
compartilhadas: véu de noiva = branco (símbolo) = pureza (metáfora).
A mensagem cria e exibe um mundo perfeito, ideal. Usa recursos estilísticos e argumentativos do cotidiano da
linguagem a fim de informar e seduzir ao mesmo tempo. Está calcada na utilização racional dos instrumentos da
linguagem para mudar (ou até conservar) a opinião do público-alvo.
A sutileza na publicidade está em seduzir, persuadir usando uma linguagem figurada. As verdadeiras intenções
serão interpretadas e não vêm sob forma de imposição e sim de sugestão, mesmo quando são usados verbos no
imperativo (função apelativa da linguagem).
•
•
•
- -5
A mensagem busca relacionar o prazer com a realidade, indicando o que deve ser usado ou escolhido a partir do
ícone do objeto, visando a uma sociedade de consumo, criando um ambiente cultural com valores organizados de
acordo com o público-alvo a que se dirige. Criando um “novo tempo”.
O objeto ganha identidade na interpretação do leitor-consumidor.
A expressão “uma Brastemp” entra na fala do dia a dia, quando se quer dizer que alguma coisa é ou não é de boa
qualidade.
A casa não é uma Brastemp, mas serve.
O namorado dela não é nenhuma Brastemp, você viu?
As estratégias linguísticas usadas no texto publicitário podem atribuir ao produto uma personalidade, como é o
caso da Brastemp e do Bom Bril, este último é até usado metonimicamente, isto é, passa a nomear a esponja de
aço.
Assim acontece com vários produtos, cuja marca se impõe de tal forma que passa a ser usada no lugar do objeto.
Brastemp passa a ser usada como metáfora (comparação = qualidade).
Neste ponto, vamos observar um conceito de Fiorin (2008, p. 22) que trata de dois planos do discurso: o do
conteúdo e o da expressão, pois a textualização depende da junção desses dois planos. O autor diz que “Se
alguém ouve ou lê um texto com função utilitária (informar, convencer, explicar, documentar), não se importa
com o plano de expressão. Ao contrário, atravessa-o e vai diretamente ao plano do conteúdo,para entender a
informação.”
Clique no link e veja um exemplo: http://estaciodocente.webaula.com.br/cursos/gon030/pdfs
/aspectos_semiologicos_do_discurso_aula04_mariana_carmona_texto1.pdf
A função do texto é apenas informar, explicar determinada situação de interesse de determinado público-leitor.
http://estaciodocente.webaula.com.br/cursos/gon030/pdfs/aspectos_semiologicos_do_discurso_aula04_mariana_carmona_texto1.pdf
http://estaciodocente.webaula.com.br/cursos/gon030/pdfs/aspectos_semiologicos_do_discurso_aula04_mariana_carmona_texto1.pdf
- -6
O plano da expressão predomina em textos de função estética em que o autor recria o conteúdo na expressão. "O
escritor procura não apenas dizer o mundo, mas recriá-lo nas palavras, de tal sorte que importa não apenas o
que diz, mas o modo como se diz." (FIORIN, 2008, p. 22).
Veja o vídeo a seguir!
https://www.youtube.com/watch?v=K5cFx5r9KOk
Triste partida (Patativa do Assaré)
Agora pensando
Ele segue outra tria
Chamando a famia
Começa a dizer
Meu Deus, meu Deus
Eu vendo meu burro
Meu jegue e o cavalo
Nós vamos a São Paulo
Viver ou morrer
Ai, ai, ai, ai
Nós vamos a São Paulo
Que a coisa tá feia
Por terras alheia
Nós vamos vagar
Meu Deus, meu Deus
Se o nosso destino
Não for tão mesquinho
Cá e pro mesmo cantinho
Nós torna a voltar
Ai, ai, ai, ai
“Como o poeta recria o conteúdo na expressão, a articulação entre os dois planos contribui para a significação
global do texto. A compreensão de um texto com função estética exige que se entenda não somente o plano do
conteúdo, mas também o significado dos elementos da expressão.” (FIORIN, 2008, p. 23).
Ao musicar o poema, o autor precisou demonstrar na melodia a tristeza, o efeito do abandono da terra e o
porquê da situação. No texto percebe-se a variante linguística do lugar daquele que sai de sua terra não por
gosto, mas por necessidade. A repetição de “ai, ai, ai, ai” fala da dor sentida.
https://www.youtube.com/watch?v=K5cFx5r9KOk
https://www.youtube.com/watch?v=K5cFx5r9KOk
- -7
Vamos a uma outra situação do plano não verbal da estética:
Figura 1 - Un mundo. Ángeles Santos, 1929. Madrid.
Nesta pintura, o artista não pretendeu transmitir nenhuma informação de caráter utilitário, mas apenas recriar
esteticamente uma visão de mundo. Para isso, seguiu sua intuição sem obedecer a formas, proporções ou cores
habituais.
2 O lugar da enunciação
A enunciação corresponde ao momento de atualização da língua numa situação de discurso, dependente da
atividade conjunta do locutor e do interlocutor (ou ouvinte). É constitutivo do sentido do enunciado o fato de ele
ter sido, em um momento preciso, objeto de enunciação. Na enunciação existem referências à volta do locutor e
do interlocutor.
O enunciado apresenta marcas de uma enunciação individual, num momento e espaço precisos, e é o resultado
da produção individual. O enunciado é usado por um determinado falante, num momento concreto, e pode ser
constituído por uma sequência de frases, uma frase ou apenas uma palavra. A partir do sujeito da enunciação,
que está no centro da referencia linguística, efetua-se a identificação/localização de objetos e entidades no
espaço e no tempo. A enunciação concreta é a realização exterior da atividade mental orientada por uma
orientação social mais ampla, uma mais imediata e, também, a interação com interlocutores concretos.
Conheça mais detalhes sobre assunto acessando: (https://www.seer.ufal.br/index.php/revistaleitura/article
/download/7592/5314)
https://www.seer.ufal.br/index.php/revistaleitura/article/download/7592/5314
https://www.seer.ufal.br/index.php/revistaleitura/article/download/7592/5314
- -8
O discurso ideológico pode ser percebido nas cenas de enunciação que ocorrem nesse editorial que pretende
envolver o leitor e direcioná-lo para as ideias propostas em seu texto.
O editorial criou um neologismo “ditabranda” para conceituar a ditadura existente no Brasil, no período de 1964
a 1985, como “ditadura leve”. O editor expressa sua ideia em um momento em que esse fato já era passado (1964
- 1985) em comparação com um fato atual (2009), levando um leitor que desconhece a situação a pensar sob o
ponto de vista desse conceito.
Cria-se a cena genérica que equivale aos “vários gêneros do discurso com os quais nos defrontamos. São os
gêneros que determinam os rituais, os papéis sociais que cada co-enunciador deve assumir, lugares e tempos
que podem ser usados, como lê-los etc.” (NASCIMENTO; CANO, 2011).
O que vem na próxima aula
• Coerência e discurso: textos temáticos e figurativos;
• formas básicas de discurso: os predominantemente concretos e os predominantemente abstratos - os 
figurativos e os temáticos;
• a função representativa dos textos figurativos e a função interpretativa dos temáticos;
• tematização e figurativização: níveis de concretização do sentido.
CONCLUSÃO
Nesta aula, você:
• Pôde observar a relação do homem com o universo de significados;
• identificou discursos que se apresentam em diversas formas de simbolização;
• analisou o texto e o sujeito em um determinado tempo e espaço através da exposição de ideias, anseios, 
temores, expectativas desse tempo e do grupo social percebidos na linguagem discursiva;
• reconheceu os discursos ideológicos.
•
•
•
•
•
•
•
•
	Olá!
	
	1 Palavra
	2 O lugar da enunciação
	O que vem na próxima aula
	CONCLUSÃO

Outros materiais