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Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
Direito – São Gabriel – Disciplina Estatuto da OAB
Prof. João Marcos Castilho Morato
Apostila para complementação de estudo
Disciplina Estatuto da OAB. Curso de Direito. PUC Minas no São Gabriel
Prof. João Marcos Castilho Morato
morato@pucminas.br
1
Apostila para complementação de estudo da disciplina Estatuto da OAB1
PUC Minas no São Gabriel – 10º. Período. Manhã
Ementa
Fundamentos teóricos da ética e análise da ética profissional. Estudo do Estatuto da Advocacia e da Ordem dos
Advogados do Brasil e do Código de Ética e Disciplina da OAB.
Objetivos
O objetivo geral do curso é inscrever o estudante no debate sobre a ética, conceituando-a e mostrando como se dá a
discussão contemporânea sobre a ética geral e profissional.
Os objetivos específicos são:
a) compreensão do Direito à luz das teorias sistêmicas da sociedade e a função do advogado nesse cenário;
b) evidenciar como o Estatuto da OAB se inscreve no projeto da realização da justiça (art.133/CRFB);
c) entender o Código de Ética e o Estatuto da OAB no projeto de uma sociedade racional, justa e solidária.
Unidades de Ensino
1. HISTORICO E NOÇÕES GERAIS DA OAB
- A Constituinte de 1823 e os cursos jurídicos - Instituto dos Advogados;
- IAB - revolução de 1930 e criação das OAB;
- Instalação do Conselho Federal da OAB;
- Trajetória da OAB na defesa das liberdades e dos direitos humanos;
- Órgãos da OAB;
- Criação do Estatuto da OAB.
2 ESTATUDO DA ADVOCACIA E DA ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL
- Lei nº 8.906, de 04 de julho de 1994;
- Regulamento Geral do estatuto da Advocacia e da OAB.
3. NOÇÕES GERAIS DE ÉTICA
- Conceitos de Ética, Moral e Deontologia;
Ética Geral Ética Especial;
- Moral e Direito;
- Fontes da Obrigação Moral, Jurídica;
- Responsabilidade Social da Advocacia;
4 CÓDIGO DE ÉTICA E DISCIPLINA DA OAB
5 A ÉTICA NAS PROFISSÕES JURÍDICAS
- Magistratura;
- Ministério Público;
- Estudante e Estagiários de Direito
Descrição da Bibliografia Básica
DIREITOS e obrigações dos advogados. São Paulo: LTR, 1998. 406 p. ISBN 8573224940.
LÔBO, Paulo Luiz Netto. Comentários ao novo estatuto da advocacia e da OAB. Brasília: Brasília Jurídica, 1994. 252 p.
MAMEDE, Gladston. A advocacia e a Ordem dos Advogados do Brasil. 6. São Paulo Atlas 2014 1 recurso online ISBN
9788522492282.
Descrição da Bibliografia Complementar
BRASIL.; PINTO, Antonio Luiz de Toledo; WINDT, Márcia Cristina Vaz dos Santos; CÉSPEDES, Livia. Estatuto da advocacia e
da Ordem dos Advogados do Brasil. Estatuto da Advocacia e da Ordem dos Advogados do Brasil. 13. ed. atual. e ampl.
São Paulo: Saraiva, 2006. 252p. ISBN 8502058231
BEMFICA, Francisco Vani. O juiz, o promotor, o advogado: seus poderes e deveres. 4. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1995.
341p.
OLIVEIRA, Lauro Laertes de. Manual dos concursos jurídicos : magistratura, ministério público, procurador, delegado,
exame da OAB. 8. ed. rev. e atual. São Paulo: Sugestões Literárias, 1997. 469p. ISBN 8502017012.
ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL. Direito, cidadania e ética. Belo Horizonte: Del Rey: OAB-MG, 2010. 66 p
Ordem dos Advogados do Brasil. As razões da autonomia da Ordem dos Advogados do Brasil. Rio de Janeiro: Ordem dos
Advogados do Brasil, 1975. 148p.
1 Elaborada pela Profa. Kátia Gontijo Ferreira. Revista e adaptada pelo Prof. João Marcos Castilho Morato. A apostila serve apenas
como complementação do estudo da disciplina e não tem o objetivo de esgotar os assuntos aqui mencionados tampouco é referência
como texto científico. A partir disso, foi elaborada livremente de fontes diversas, conforme referências especificadas.
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Sumário
1 HISTÓRICO E NOÇÕES GERAIS DA OAB ..........................................................................................................3
1.1 O Advogado ............................................................................................................................................3
1.2 HISTÓRICO ..............................................................................................................................................4
1.2.1 Os cursos jurídicos no Brasil-Império. ............................................................................................4
1.2.2 O Instituto dos Advogados Brasileiros. ...........................................................................................4
1.2.3 Ordem dos Advogados do Brasil – OAB ..........................................................................................6
1.2.4 A Natureza Jurídica da Ordem dos Advogados do Brasil ................................................................9
1.2.5 Órgãos da OAB ............................................................................................................................. 11
2 ESTATUDO DA ADVOCACIA E DA ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL ................................................... 14
2.1 Exercício privativo do advogado .......................................................................................................... 14
2.2 Capacidade postulatória ...................................................................................................................... 17
2.3 Pessoas sujeitas ao estatuto ................................................................................................................ 18
2.4 Prerrogativas do advogado .................................................................................................................. 19
2.4.1 Dos direitos do advogado ............................................................................................................ 19
2.5 Inscrição como advogado e estagiário ................................................................................................ 24
2.5.1 Inscrição de advogado ................................................................................................................. 24
2.6 Inscrição de estagiário ......................................................................................................................... 27
2.7 Identidade profissional ........................................................................................................................ 28
2.8 Da sociedade de advogados ................................................................................................................ 29
2.8.1 Razão social da sociedade ........................................................................................................... 29
2.8.2 Licença de sócio ........................................................................................................................... 29
2.9 Do advogado empregado .................................................................................................................... 30
2.9.1 Salário .......................................................................................................................................... 30
2.9.2 Jornada de trabalho ..................................................................................................................... 31
2.9.3 Honorários sucumbenciais .......................................................................................................... 32
2.9.4 Interesses pessoais do empregador ............................................................................................ 32
2.9.5 Da organização sindical e atuação da OAB ..................................................................................32
2.9.6 Advogado empregado de banco. ................................................................................................. 33
2.10 Honorários Advocatícios ...................................................................................................................... 33
2.10.1 Definição, espécies e natureza jurídica ....................................................................................... 33
2.10.2 Honorários convencionais ou contratuais ................................................................................... 33
2.10.3 Honorários sucumbenciais .......................................................................................................... 34
2.10.4 Honorários arbitrados judicialmente........................................................................................... 35
2.10.5 Considerações éticas na contratação de honorários................................................................... 35
2.10.6 Da advocacia pro bono ................................................................................................................ 37
2.11 Das Incompatibilidades e Impedimentos ............................................................................................ 37
2.12 Da Ética do Advogado .......................................................................................................................... 41
2.13 Das Infrações e Sanções Disciplinares ................................................................................................. 41
2.13.1 Infrações Disciplinares ................................................................................................................. 41
2.13.2 Condutas Incompatíveis .............................................................................................................. 42
2.13.3 Sanções Disciplinares ................................................................................................................... 42
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1 HISTÓRICO E NOÇÕES GERAIS DA OAB
1.1 O Advogado
Etimologicamente, a palavra tem sua origem no latim, “advocatus”;
- “ad” que se entende por “para junto”
- “vocatus” que se traduz por “chamado”
Portanto, é aquele que é invocado ou convocado para estar junto às partes, para ajudar em suas alegações.
Podemos encontrar, ainda, definições do tipo “postulandi” ou “advocati”, uma vez que possuía o ofício de
postular. Ao longo da história, descobrimos outras formas de denominações, como “causidicus”, “togatus”,
“oratores”, “patronus”, ou seja, qualidades sempre relacionadas ao conhecimento, à proteção e à oratória,
refletindo toda a dimensão dessa famigerada profissão.
Mandamentos do advogado segundo Eduardo Couture2
1. ESTUDE. O Direito está em constante transformação. Se não o acompanha você será cada dia menos
Advogado.
2. PENSE. O Direito se aprende estudando; porém, se pratica pensando.
3. TRABALHE. A advocacia é uma fatigante e árdua atividade posta a serviço da Justiça.
4. LUTE. O seu dever é lutar pelo Direito; porém, quando encontrar o Direito em conflito com a Justiça,
lute pela Justiça.
5. SEJA LEAL. Leal para com o cliente, a quem não deve abandonar a não ser que perceba que ele é
indigno do seu patrocínio. Leal para com o adversário, ainda quando ele seja desleal consigo. Leal
para com o Juiz que ignora os fatos e deve confiar no que você lhe diz; e que, mesmo quanto ao
Direito, às vezes tem de confiar no que você lhe invoca.
6. TOLERA. Tolere a verdade alheia como gostaria que a sua fosse tolerada.
7. TENHA PACIÊNCIA. O tempo vinga-se das coisas que se fazem sem a sua colaboração.
8. TENHA FÉ. Tenha fé no Direito como o melhor instrumento para a convivência humana; na Justiça,
como o destino natural do Direito; na paz, como substitutivo benevolente da Justiça; e, sobretudo,
tenha fé na liberdade, sem a qual não há Direito, nem Justiça, nem paz.
9. ESQUEÇA. A advocacia é uma luta de paixões. Se a cada batalha for carregando a sua alma de rancor
chegará o dia em que a vida será impossível para você. Terminado o combate esqueça logo tanto a
vitória como a derrota.
10. AME A SUA PROFISSÃO. Procure considerar a advocacia de tal maneira que, no dia em que seu filho
lhe pedir conselho sobre o futuro, considere uma honra aconselhá-lo a ser Advogado”.
Leitura complementar
A origem e missão do advogado
Tatiana de Oliveira Takeda
A palavra advogado deriva do latim ad-vocatus, ou seja, aquele que é chamado em defesa. Desta forma, com
fundamento na história e na própria etimologia, é possível definir o advogado como aquele que é convocado para
acastelar uma causa ou uma pessoa, buscando mais a realização da justiça do que os honorários, embora estes lhe
sejam legalmente devidos.
É no Império Romano que se encontram as raízes do Direito e bem assim é nele que se localizam as origens da
advocacia representada em duas figuras distintas: o advogado e o jurisconsulto.
Sob o prisma histórico, pode-se dizer que a advocacia tem sua origem na necessidade moral de defesa daqueles que
por serem hipossuficientes e inocentes acabavam por ser vítimas de injustiças de todos os gêneros. Nesta esteira,
surgem cidadãos que, inconformados com as iniquidades, passaram a exercer, gratuitamente, a defesa daqueles que
por serem fracos tinham seus direitos desprezados.
Assim, com base na verdade, direito e justiça, surgem homens justos dispostos a lutar por outrem e, assim, dar
ensejo a uma profissão pautada na dignidade da pessoa humana.
No Brasil, a advocacia deu seus primeiros passos com a criação de cursos jurídicos nos idos de 1827, sendo que o
Instituto da Ordem dos Advogados do Brasil - IOAB (1843) e da Ordem dos Advogados do Brasil - OAB (1930) foram
os maiores marcos da profissão em território tupiniquim.
Mais tarde, em 1994, a classe trabalhista até então desprovida de tutela específica, ganhou seu Estatuto que definiu
os direitos básicos em relação ao empregador, teto salarial, sucumbência, honorários e jornada de trabalho. Hoje, o
2 Juan Eduardo Couture Etcheverry (1904-1956), conhecido como Eduardo Couture, Catedrático de Processo Civil, Decano da
Faculdade de Direito de Montevidéu.
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Estatuto da Advocacia é o disposto via Lei nº 8.906, de 04.07.2004, que tem sido sobriamente alterado de acordo
com as necessidades de adequações.
Por exigência do Estatuto da Advocacia, os bacharéis pretendentes ao exercício da profissão de advogado devem,
obrigatoriamente, submeter-se e serem aprovados no Exame de Ordem, aplicado pela própria Ordem dos Advogados
do Brasil.
Portanto, os cursos jurídicos de graduação não formam um advogado, pois este somente recebe tal título após
auferir êxito junto ao Exame de Ordem, podendo deixar a profissão por qualquer motivo que venha a cancelar a sua
inscrição na OAB.
A Constituição Federal brasileira de 1988, em seu artigo 133, dispõe que “o advogado é indispensável à
administração da justiça, sendo inviolável por seus atos e manifestações no exercício da profissão, nos limites da lei”.
Por consequência, pode-se afirmar que nenhum cidadão pode prescindir do auxílio de um advogado nos assuntos a
queé pertinente, pois somente este está efetivamente preparado para esse fim.
Ademais, interessante ressaltar que a Carta Magna não se descuidou daqueles indivíduos que não possuem pecúnia
para contratarem um defensor jurídico. O artigo 134 dispõe sobre a existência da Defensoria Pública que, nos moldes
do dispositivo, é instituição essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a orientação jurídica e a
defesa, em todos os graus, dos necessitados que comprovarem insuficiência de recursos financeiros.
Quanto à existência das autoridades judiciárias é importante salientar que, no exercício de suas funções, não há
hierarquia nem subordinação entre advogados, magistrados e membros do Ministério Público, haja vista que todos
devem se tratar com consideração e respeito recíprocos (artigo 6º, do Estatuto da Advocacia).
Como propugna o Estatuto da Advocacia, o advogado, no exercício de seu ofício, deve manter independência em
qualquer circunstância, sem nenhum receio de desagradar ao magistrado ou a qualquer autoridade, nem de incorrer
em impopularidade (artigo 31, §§ 1º e 2º). A independência é predicado fundamental à sustentação da conduta
ética. O advogado deve ser independente inclusive de seu cliente, pois este é entrave secular da classe, preservando
sua autonomia técnica, política e de consciência.
Por fim, frise-se que o advogado, como muito ressaltado, é essencial à justiça, não se podendo chegar a esta sem a
sua participação. Pautado sempre nos preceitos éticos e morais, este profissional deve lutar para alcançar a
harmonização da sociedade e o fim da litigiosidade, a fim de evitarem-se as injustiças no corpo social.
TAKEDA, Tatiana de Oliveira. A origem e missão do advogado. In: Âmbito Jurídico, Rio Grande, XIII, n. 75, abr 2010.
Disponível em: < http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=7667
>. Acesso em jan 2017.
1.2 HISTÓRICO3
1.2.1 Os cursos jurídicos no Brasil-Império.
1822. Independência do Brasil.
1823. Instalação da Assembleia Constituinte. Influência ocidental da constitucionalização, inspirada na
Independência dos EUA e Revolução Francesa. Início dos debates sobre estudos jurídicos no Brasil, até então
concentrados em Portugal.
1825/1826. Aprovado por decreto curso jurídico, primeiramente no Rio de Janeiro em 1825 e, no ano
seguinte, em São Paulo e Olinda.
1827. O projeto para a criação dos cursos jurídicos, criado por José Cardoso Pereira de Melo, Januário da
Cunha Barbosa e Antônio Ferreira França, tornou-se lei do Império em 11/08/1827, estabelecendo que o
candidato deveria ter quinze anos completos e ser aprovado nos exames de retórica, gramática latina, língua
francesa, filosofia racional e moral, e geometria.
1828. Início efetivo do primeiro curso de Direito. Temos, então, que o Curso de Ciências Jurídicas e Sociais da
Academia de São Paulo começou a funcionar em 1º de março de 1828, no Convento de São Francisco, sendo o
primeiro curso de Direito instalado no país.
Aprovados e instalados os cursos jurídicos no país, a mentalidade era no sentido de estabelecer como
objetivo primordial a formação da classe administradora do país, pois este se via independente e com número
insuficiente de pessoas preparadas para sua direção.
1.2.2 O Instituto dos Advogados Brasileiros.
Em razão dos cursos de Direito em pleno funcionamento e, inspirados nos Estatutos da Associação dos
Advogados de Lisboa, iniciam-se estudos para criação de uma Associação semelhante no Brasil, o que se
efetivou em 1843:
3 Marco Teórico. D'ÁVILA, Thiago Cássio. História da advocacia e da OAB no Brasil. In: Âmbito Jurídico, Rio Grande, IX, n. 28, abr 2006.
Disponível em: <http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=1112>. Acesso em jan
2017.
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"Sua Majestade o Imperador, deferindo benignamente o que lhe foi apresentado por diversos advogados desta
Corte, manda pela Secretaria do Estado dos Negócios da Justiça aprovar os Estatutos do Instituto dos
Advogados Brasileiros, que os Suplicantes fizeram subir à sua Augusta presença, e que com estes baixam,
assinado pelo Conselho Oficial Maior da mesma Secretaria de Estado; com a cláusula, porém, de que será
também submetida à Imperial Aprovação o regulamento interno de que tratam os referidos estatutos. Palácio
do Rio de Janeiro, em 7 de agosto de 1843. Honório Hermeto Carneiro Leão."
Assim, o nascimento do Instituto dos Advogados Brasileiros - IAB, em 1843, é precursor da Ordem dos
Advogados do Brasil, criada em 1931. A intenção era a regulamentação e proteção à profissão e aos
profissionais exercentes desta profissão. Um dos primeiros focos da luta do IAB foi o combate aos rábulas –
práticos do Direito sem formação específica. Acabaram sendo inseridos no contexto da atividade da advocacia
com a titulação de Provisionados – a provisão seria uma autorização especial para que exercessem a
advocacia.
A importância dada, à época, não apenas à advocacia, mas também ao IAB se percebe pelo Decreto nº 393,
de 23 de Novembro de 1844, em que se cria assento para os membros do IAB nos Conselhos dos Tribunais. :
Concede aos Membros do Instituto dos Advogados Brasileiros, nesta Côrte, o uso de veste talar, e a faculdade
de terem assento, no exercicio do seu Officio, dentro dos cancellos dos Tribunaes
Querendo distinguir os Membros do Instituto dos Advogados Brasileiros, desta Côrte, pelos bons serviços que
podem prestar, á bem da administração da Justiça; Hei por bem Decretar o seguinte.
Art. 1º Que nas funcções publicas de festividade nacional, e no exercicio do seu Officio, em os Auditorios e
Tribunaes, os Advogados Membros do referido Instituto e filiaes, usem de huma vestimenta talar, sem
garnacha, de côr preta, de borla os Doutorados, e gorra os Bachareis Formados, na fôrma do figurino, que com
este baixa; sendo porêm de seda a vestimenta dos Conselheiros da Coroa, e Advogados do Conselho d'Estado, e
de lã as dos outros, á excepção dos dias de Cortejo, em que todos poderão usar de vestimenta de seda, e os
que tiverem Carta do Titulo do Conselho de capa por cima desta.
Art. 2º Que no exercicio de seu Officio, tenhão sempre huns e outros assento dentro dos cancellos dos
Tribunaes. Manoel Antonio Galvão, do Meu Conselho, Ministro e Secretario d'Estado dos Negocios da Justiça, o
tenha assim entendido, e faça executar.
Palacio do Rio de Janeiro em vinte e tres de Novembro de mil oitocentos e quarenta e quatro, vigesimo terceiro
da Independencia e do Imperio.
Com a Rubrica de Sua Magestade o Imperador.
Manoel Antonio Galvão
Atualmente, o IAB é considerado, inclusive em seu Estatuto, uma associação sem fins lucrativos, de caráter
nacional, com personalidade jurídica de direito privado.4 Tem como finalidades, previstas no art. 2º.
São fins do IAB:
I. A defesa do Estado Democrático de Direito e seus princípios fundamentais;
II. o estudo do Direito, a difusão dos conhecimentos jurídicos e o culto à justiça;
III. a colaboração e atuação, por todos os meios admissíveis, na manutenção e no aperfeiçoamento da ordem
jurídica legítima e democrática;
IV. a promoção da defesa dos interesses da nação, da igualdade racial, do meio-ambiente, dos consumidores e
do patrimônio cultural, artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico;
V. a representação, judicial ou extrajudicial, de seus filiados;
VI. a contribuição para o aperfeiçoamento do ensino e da pesquisa jurídica.O Estatuto original já previa a criação da OAB:
“O fim do Instituto é organizar a Ordem dos Advogados, em proveito geral da ciência da jurisprudência”5.
4 Fonte http://www.iabnacional.org.br/institucional/estatuto-do-iab
5 Ementa AVISO DE 7 DE AGOSTO DE 1843 - Approvando os Estatutos do Instituto dos Advogados Brasileiros.
Sua Magestade o Imperador, deferindo benignamente ao que lhe representarão diversos advogados d’esta Côrte, manda pela
secretaria de Estado dos Negocios da Justiça, approvar os estatutos do Instituto dos advogados Brasileiros, que os supplicantes fizeram
subir á sua Augusta Presença, e que com esta baixão assignados pelo Conselheiro Official-maior da mesma Secretaria de Estado; com a
clausula porém de que será tambem submettido á Imperial approvação o regulamento interno, de que tratão os referidos estatutos.
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Apenas para fins de estabelecer, por ora, mero paralelo, são previstas as finalidades da OAB no Estatuto da
Advocacia e OAB, lei 8906/94:
Art. 44. A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), serviço público, dotada de personalidade jurídica e forma
federativa, tem por finalidade:
I - defender a Constituição, a ordem jurídica do Estado democrático de direito, os direitos humanos, a justiça
social, e pugnar pela boa aplicação das leis, pela rápida administração da justiça e pelo aperfeiçoamento da
cultura e das instituições jurídicas;
II - promover, com exclusividade, a representação, a defesa, a seleção e a disciplina dos advogados em toda a
República Federativa do Brasil.
Portanto, embora haja pontos em comum, percebe-se a grande diferença entre os dois uma vez que à OAB é
dada a prerrogativa exclusiva de representação, seleção e disciplina dos advogados no exercício de suas
atividades.
1.2.3 Ordem dos Advogados do Brasil – OAB
A Ordem dos Advogados do Brasil - OAB surge quase um século depois, em 1931. Reputa-se o uso do termo
ordem a basicamente duas explicações históricas. Uma delas se refere ao período medieval, em que, na
França, utilizava-se a palavra para um “conjunto estatutário que ordena um modo de vida reconhecido pela
Igreja, semelhante à Ordo Clericorum ou às ordens de cavalaria” (LOBO, op cit D’AVILA)6
No entanto, é possível determinar origem no Direito Romano, em que há registro do termo “Ordo”. HÉLCIO
MACIEL FRANÇA MADEIRA, melhor estudando o assunto, dá notícia das Ordens de Advogados ainda na Roma
Antiga, assim descrevendo:
“Os advogados são agrupados junto aos tribunais mais importantes onde postulam no seio de um colégio que
dispõe de personalidade moral.
As ordens ou corporações de advogados são independentes entre si, mas estão adstritas sempre a uma só
jurisdição, cuja autoridade judiciária (e.g. praefectus praetorio, o governador de província, ou o prefeito
augustal) exerce o poder de fiscalizá-las e, eventualmente, regulamentá-las.
Em cada ordem os advogados seguem uma hierarquia conforme as datas de suas inscrições. Nos mais altos
cargos encontram-se os primates, em seguida os outros statuti. Finalmente, há também os advogados
estagiários (postulantes) que passam por um regime especial antes de adentrarem o ordo, na medida em que
houver a saída de algum statutus.”7
Os advogados romanos eram inscritos em um quadro, de acordo com a antiguidade (origem remotíssima do
número de inscrição de advogado nos quadros da OAB na realidade atual).
Em 20 de agosto de 1880, apresenta-se ao Legislativo da Corte o Projeto de Lei n.º 95, que visava à criação da
Ordem dos Advogados do Brasil, com base no trabalho de Saldanha Marinho, então Presidente do IAB, em
que este modifica o Estatuto do IAB para retirar de seus objetivos a criação da OAB, transformando o próprio
Instituto na Ordem dos Advogados pretendida. No entanto, a agitação política do período e a posterior queda
do regime imperial não permitem a criação da Ordem dos Advogados.
Palacio do Rio de Janeiro, em 7 de agosto de 1843.
Honorio Hermeto Carneiro Leão
ESTATUTOS DO INSTITUTO DOS ADVOGADOS BRASILEIROS
Art. 1o Haverá na capital do Imperio um Instituto com o titulo - Instituto dos Advogados Brasileiros -, do qual serão membros todos os
Bachareis formados em Direito que se matricularem dentro do praso marcado no regimento interno, onde igualmente se
determinarão o numero e qualificações dos membros effectivos, honorarios, e supranunmerarios residentes na Côrte e nas Provincias.
Art. 2º O fim do Instituto é organisar a ordem dos advogados, em proveito geral da sciencia da jurusprudencia.
6 Cf. LÔBO, PAULO LUIZ NETTO. Comentários ao Estatuto da Advocacia e da OAB. São Paulo: Saraiva, 3ª ed., 2002, p. 223. apud.
D’AVILA.
7 MADEIRA, Hélio Maciel França. História da Advocacia. São Paulo: RT, 2002, p. 57-58.
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As tentativas de criar a OAB restam infrutíferas no período imperial, mas o IAB participa ativamente da vida
política e legislativa do país. A primeira Constituição Republicana, de 1891, amparou-se em estudos
oferecidos pelo IAB, com revisão do renomado jurista Rui Barbosa.
1.2.3.1 Tentativas após a Proclamação da República.
Houve algumas tentativas frustradas de criação após a Proclamação da República, a primeira delas, em 1911.
A preocupação era uma ascendente desvalorização do advogado, inclusive pela atuação de maus
profissionais, com pouco preparo.
“Àquele tempo não havia egresso das penitenciárias ou comerciante falido que não se julgasse com o direito
de sobraçar uma pasta e afrontar o pretório no exercício da mais degradante rebulice. A consciência coletiva
repelia os intrusos, mas seus malefícios desmoralizavam o ambiente a tal ponto que a função do advogado era
suspeitada como de traficantes irresponsáveis. Os advogados dignos sofriam a concorrência dos aventureiros
ousados e não havia meios de evitar a intoxicação causada no meio social pelos elementos claudicantes, que
prosperavam à sombra de generalizada irresponsabilidade”.8
“Ou seja, a advocacia era atividade exercida por pessoas de qualificação pouca, ou tendentes à desonestidade,
o que prejudicava o trabalho do profissional sério e com formação acadêmica, fazendo-se urgente o
atendimento ao grito pela criação da Ordem dos Advogados, para disciplinar o exercício da profissão. Porém,
todas as tentativas do período da República Velha restaram infrutíferas, pois havia geralmente grande inércia
dos parlamentares quanto a esta matéria”.9
Assim, buscar-se-ia, através da Ordem, a valorização do profissional do direito, a preocupação com sua
formação, a regulamentação da profissão do advogado.
1.2.3.2 A Aliança Liberal da Revolução de 1930.
- República café com leite.
- Aliança liberal.
- Revolução de 1930. Getúlio Vargas.
- Decreto n.º 19.408, de 18 de novembro de 1930. Cria-se a OAB:
“Art. 17. Fica criada a Ordem dos Advogados Brasileiros, órgão de disciplina e seleção da classe dos advogados,
que se regerá pelos estatutos que forem votados pelo Instituto da Ordem dos AdvogadosBrasileiros e
aprovados pelo Governo”.
- Seguiram-se diversos decretos com o objetivo de regulamentar a OAB e a profissão, inclusive o Decreto n.º
22.478 de 20 de fevereiro de 1933 que consolidou a legislação então existente sobre a advocacia, e modificou
o nome da Ordem dos Advogados Brasileiros para Ordem dos Advogados do Brasil.
1.2.3.3 Instalação do Conselho Federal10
O Conselho Federal da OAB funcionou primeiramente no prédio do Instituto dos Advogados Brasileiros. O
Regimento Interno do Conselho, fixando sua organização administrativa, foi aprovado em 13 de março de
1933.
Na solenidade de instalação da primeira sessão ordinária do Conselho Federal, ocorrida em 11 de agosto de
1933, Levi Carneiro referiu-se à etapa vencida pela instituição em brilhante discurso:
8 SODRÉ, Ruy. Ética Profissional e Estatuto do Advogado. LTr, 4ª ed., p. 239, apud RAMOS, ob. cit, p. 702. Apud D’Avila.
9 D'ÁVILA, Thiago Cássio. Op Cit.
10 Disponível em http://www.oab.org.br/historiaoab/inicio.htm.
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“A Ordem dos Advogados é uma imposição dos nossos dias, dos nossos ideais, do nosso patrimônio. É órgão de
seleção e disciplina, de cultura e de aperfeiçoamento moral. Não nos proporciona regalias ou favores, cria-nos
um regime de árduos deveres." [...] Constituimos, podemos constituir, devemos constituir em todo país, uma
elite capaz de influir pelo exemplo e pela ação direta, na realização da Democracia Liberal. E, principalmente,
capaz de formar, através de todo país, um desses vínculos morais preciosíssimos que garantem as
nacionalidades duradouras."11
E sob a condução de Levi Carneiro e Attílio Vivácqua - que foram sucessivamente reeleitos e permaneceram à
frente do Conselho Federal por três mandatos consecutivos -, a Ordem dos Advogados foi consolidada. Suas
ações concentraram-se, principalmente, nas tarefas de organização da instituição, como solução de
problemas de interpretação do Estatuto, ordenamento das seções estaduais e elaboração do Código de Ética.
O primeiro Código de Ética Profissional para os advogados, aspiração já antiga da classe, foi aprovado na
sessão do Conselho Federal de 25 de julho de 1934, dando cumprimento ao preceituado no art. 84, inciso III,
do Regulamento da OAB, encerrando a discussão iniciada em 30 de maio de 1933.
1.2.3.4 A OAB e as lutas democráticas.
A partir de 1935, a OAB inicia sua ativa participação política na defesa das liberdades e da democracia, que
seria sua marca registrada até os tempos atuais.
- 1946. A Constituição de 1946 é a primeira a mencionar a OAB, tornando obrigatória sua participação nos
concursos de ingresso à magistratura dos Estados.
- 27 de abril de 1963. Lei n.º 4.215, segundo Estatuto da Advocacia no Brasil.
- Periodo militar. OAB apoia o golpe militar. A partir de 1966, OAB inicia processo de embate com o governo
militar em defesa da democracia. Participa de forma decisiva na criação do Conselho de Defesa dos Direitos
da Pessoa Humana. Incomodado, o governo cogitou de vincular a OAB ao Ministério do Trabalho, assim como
os demais conselhos profissionais – sem sucesso.
Em 1971, José Cavalcanti Neves dirigiu, no dia seguinte a sua posse, encaminha ofício ao Presidente Médici
com a seguinte mensagem:
a) a preocupação em face de atos de violência e de cerceamento de liberdade profissional, que vêm sendo
praticados, com ilegalidade e abuso de poder, contra advogados no pleno desempenho de sua atividade,
considerada pelo própria lei como colaboração indeclinável na administração da justiça;
b) a convicção da inadiável necessidade jurídica do restabelecimento, em sua plenitude da garantia do habeas
corpus;
c) a necessidade de um pleno e eficiente funcionamento do Conselho de Direito da Pessoa Humana, dado que
esse funcionamento interessa não só a todos os cidadãos brasileiros que nele devem ter um instrumento
vigilante contra as formas de opressão e vilipêndios aos direitos fundamentais, como também interessa ao
próprio Governo, para esclarecer e punir abusos que desfiguram e deturpam a dignidade da função pública;
d) a revogação de recentes dispositivos constitucionais ou legais que estenderam aplicabilidade da pena de
morte a setores que exorbitam dos conceitos jurídicos e tradicionais do Direito Brasileiro, de modo que sejam
retomadas a orientação cristã e a consciência humanística que sempre inspiraram as manifestações do nosso
povo e a serena conceituação dos juristas e pensadores no repúdio à penalidade extrema, como inadequada
aos objetivos de uma correta filosofia penal;
e) o pleno restabelecimento das garantias do Poder Judiciário, como condição primordial ao exercício dos
direitos individuais e ao normal funcionamento das instituições democráticas;
11 Citado em: LUIZ, Edson Medeiros Branco. Dissertação de Mestrado. A atuação política da ordem dos advogados do Brasil durante o
governo Geisel. Niterói, 2010. Disponível em http://www.uff.br/dcp/wp-content/uploads/2011/10/Disserta%C3%A7%C3%A3o-de-
2010-Edson-Medeiros-Branco-Luiz.pdf
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f) a observância do preceito que manda comunicar à autoridade judiciária competente a efetivação de
prisões, advertindo os agentes de que estão normalmente sujeitos ao cumprimento desse dever.
- 1972. União dos Presidentes dos Conselhos Seccionais pelos direitos humanos violados então pelo regime.
- Redemocratização. Participa do movimento “Diretas Já!”. Em 1986, o Conselho Federal da OAB transferiu-se
para Brasília/DF, onde tem sua atual sede. Tem importante participação no processo de construção da
CRFB/88.
- Atuação contra medidas econômicas do Governo Collor - "Movimento pela Ética na Política".
“De destacar ainda a “Campanha pela ética nas eleições”, lançada pela OAB, por proposta de Márcio Thomaz
Bastos, que preocupada com as eleições municipais de 1996, lançou, em 25 de junho daquele ano, uma
campanha informativa com objetivos de incentivar o voto consciente pela população e a divulgação dos
financiadores de campanha pelos candidatos.
A partir de 1997, a OAB inicia uma campanha contra o abuso das medidas provisórias, que muitas vezes sem
qualquer urgência ou relevância eram editadas pelo Governo Federal, num aparente desrespeito à ordem
jurídica, que se modificava ao sabor dos ventos, e ao Poder Legislativo, que mais tinha que votar medidas
provisórias em tramitação, oriundas do Poder Executivo, que projetos de lei fundados em ampla discussão
democrática no Congresso.
Em discurso proferido na posse do Ministro Marco Aurélio Mendes de Farias Mello como Presidente do
Supremo Tribunal Federal - STF, realizada no dia 31 de maio de 2001, o então Presidente Nacional da OAB, Sr.
Rubens Approbato Machado, em corajosa manifestação política, criticou a utilização abusiva das medidas
provisórias pelo Governo Federal, além de pugnar pelo combate à corrupção. O relevo do discurso, afora o
brilhantismo de seu conteúdo, tornava-se ainda maior porque o Presidente da República, Sr. Fernando
Henrique Cardoso, a quem se atribuía o excesso de medidas provisórias, estava presente, havendo constantes
interrupções do orador poraplausos da plateia. Poucos meses depois, em 11 de setembro daquele mesmo
ano, o Congresso Nacional aprovou a Emenda Constitucional n.º 32, que restringe consideravelmente os
poderes do Presidente da República na edição de medidas provisórias.
A OAB tem atuação direta, ainda, no controle de constitucionalidade das leis e atos normativos federais e
estaduais, pois que, através de seu Conselho Federal, é detentora de legitimidade para propositura de Ação
Direta de Inconstitucionalidade perante o Supremo Tribunal Federal, conforme art. 103, inciso VII, da
Constituição Federal de 1988.”12
1.2.4 A Natureza Jurídica da Ordem dos Advogados do Brasil
A OAB é serviço público, independente, dotada de personalidade jurídica e forma federativa.
Segundo ADIN 3026, a OAB NÃO É AUTARQUIA. É considerado serviço público de categoria ímpar. Serviço
público “sui generis”.
ADIN 3026. Ementa
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. § 1º DO ARTIGO 79 DA LEI N. 8.906, 2ª PARTE. "SERVIDORES" DA
ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL. PRECEITO QUE POSSIBILITA A OPÇÃO PELO REGIME CELESTISTA.
COMPENSAÇÃO PELA ESCOLHA DO REGIME JURÍDICO NO MOMENTO DA APOSENTADORIA. INDENIZAÇÃO.
IMPOSIÇÃO DOS DITAMES INERENTES À ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DIRETA E INDIRETA. CONCURSO PÚBLICO
(ART. 37, II DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL). INEXIGÊNCIA DE CONCURSO PÚBLICO PARA A ADMISSÃO DOS
12 Ob Cit. AVILA.
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CONTRATADOS PELA OAB. AUTARQUIAS ESPECIAIS E AGÊNCIAS. CARÁTER JURÍDICO DA OAB. ENTIDADE
PRESTADORA DE SERVIÇO PÚBLICO INDEPENDENTE. CATEGORIA ÍMPAR NO ELENCO DAS PERSONALIDADES
JURÍDICAS EXISTENTES NO DIREITO BRASILEIRO. AUTONOMIA E INDEPENDÊNCIA DA ENTIDADE. PRINCÍPIO DA
MORALIDADE. VIOLAÇÃO DO ARTIGO 37, CAPUT, DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL. NÃO OCORRÊNCIA.
1. A Lei n. 8.906, artigo 79, § 1º, possibilitou aos "servidores" da OAB, cujo regime outrora era estatutário, a
opção pelo regime celetista. Compensação pela escolha: indenização a ser paga à época da aposentadoria.
2. Não procede a alegação de que a OAB sujeita-se aos ditames impostos à Administração Pública Direta e
Indireta.
3. A OAB não é uma entidade da Administração Indireta da União. A Ordem é um serviço público
independente, categoria ímpar no elenco das personalidades jurídicas existentes no direito brasileiro.
4. A OAB não está incluída na categoria na qual se inserem essas que se tem referido como "autarquias
especiais" para pretender-se afirmar equivocada independência das hoje chamadas "agências".
5. Por não consubstanciar uma entidade da Administração Indireta, a OAB não está sujeita a controle da
Administração, nem a qualquer das suas partes está vinculada. Essa não-vinculação é formal e materialmente
necessária.
6. A OAB ocupa-se de atividades atinentes aos advogados, que exercem função constitucionalmente
privilegiada, na medida em que são indispensáveis à administração da Justiça [artigo 133 da CB/88]. É
entidade cuja finalidade é afeita a atribuições, interesses e seleção de advogados. Não há ordem de relação ou
dependência entre a OAB e qualquer órgão público.
7. A Ordem dos Advogados do Brasil, cujas características são autonomia e independência, não pode ser tida
como congênere dos demais órgãos de fiscalização profissional. A OAB não está voltada exclusivamente a
finalidades corporativas. Possui finalidade institucional.
8. Embora decorra de determinação legal, o regime estatutário imposto aos empregados da OAB não é
compatível com a entidade, que é autônoma e independente.
9. Improcede o pedido do requerente no sentido de que se dê interpretação conforme o artigo 37, inciso II, da
Constituição do Brasil ao caput do artigo 79 da Lei n. 8.906, que determina a aplicação do regime trabalhista
aos servidores da OAB.
10. Incabível a exigência de concurso público para admissão dos contratados sob o regime trabalhista pela
OAB.
11. Princípio da moralidade. Ética da legalidade e moralidade. Confinamento do princípio da moralidade ao
âmbito da ética da legalidade, que não pode ser ultrapassada, sob pena de dissolução do próprio sistema.
Desvio de poder ou de finalidade.
12. Julgo improcedente o pedido.
ProcessoADI 3026 DF. Orgão JulgadorTribunal Pleno. Partes PROCURADOR-GERAL DA REPÚBLICA, PRESIDENTE
DA REPÚBLICA, ADVOGADO-GERAL DA UNIÃO, CONGRESSO NACIONAL, CONSELHO FEDERAL DA ORDEM DOS
ADVOGADOS DO BRASIL, LUIZ CARLOS LOPES MADEIRA. Publicação DJ 29-09-2006 PP-00031 EMENT VOL-
02249-03 PP-00478. Julgamento8 de Junho de 2006. Relator EROS GRAU
A OAB não mantém vínculo hierárquico ou funcional com órgãos da Administração Pública. Em agosto de
2016, em julgamento do Recurso Extraordinário (RE) 595332, com repercussão geral reconhecida, foi
discutida a competência para cobrança de honorários pela OAB entre a Justiça Comum e a Justiça Federal.13
No recurso, a seccional do Paraná da OAB questionava acórdão do Tribunal Regional Federal da 4ª Região
(TRF-4) que entendeu ser da Justiça Estadual a competência para processamento das execuções ajuizadas
pela entidade contra inscritos inadimplentes quanto ao pagamento das anuidades. Para a recorrente, a
decisão viola o artigo 109, inciso I, da Constituição Federal (CF). Sustenta ser prestadora de serviço público
federal, o que, segundo o dispositivo constitucional, atrai a competência da Justiça Federal para processar os
feitos dos quais é parte.
O ministro Marco Aurélio, relator, votou pelo provimento do recurso. Para o ministro, a OAB, sob o ângulo do
Conselho Federal ou das seccionais, não é pessoa jurídica de direito privado. Trata-se, segundo o relator, de
órgão de classe com disciplina legal (Lei 8.906/1994), o que lhe permite impor contribuição anual e exercer
atividade fiscalizadora. “É por isso mesmo autarquia corporativista, o que atrai, a teor do artigo 109, inciso I,
13 http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=324285
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do Diploma Maior, competência da Justiça Federal para exame de ações, seja qual for a natureza, nas quais
integre a relação processual”, explicou.
O relator salientou que a questão relacionada ao óbito do recorrido e a possibilidade ou não de habilitação de
sucessores não foi analisada pelo juízo de origem. Diante disso, determinou o retorno dos autos à 5ª Vara
Federal de Curitiba para que enfrente o tema. A decisão foi unânime, fixando a seguinte tese de repercussão
geral: "Compete à Justiça Federal processar e julgar ações em que a Ordem dos Advogados do Brasil, quer
mediante o Conselho Federal, quer seccional, figure na relação processual".
A discussão sobre a competência para a cobrança dos honorários é consonante com a decisão da ADI 3026.
Primeiramente, não houve aprofundamento na discussão da natureza jurídica da OAB, como naquela decisão.
Esta, que discute apenas a competência, não nega a condição sui generis da OAB embora indique que se trata
de autarquia corporativa. Mas, não deixa de ser uma abertura para rediscussão da questão, inclusive, com a
possibilidade de se inserir a OAB, em razão desta declaração no contexto da ADI 5.367 e na ADPF 367 em que
se discute a possibilidade dos Conselhos Profissionaisde contratarem empregados no regime CLT.
A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), serviço público, dotada de personalidade jurídica e forma federativa,
tem por finalidade:
- defender a Constituição, a ordem jurídica do Estado democrático de direito, os direitos humanos, a justiça
social, e pugnar pela boa aplicação das leis, pela rápida administração da justiça e pelo aperfeiçoamento da
cultura e das instituições jurídicas;
- promover, com exclusividade, a representação, a defesa, a seleção e a disciplina dos advogados em toda a
República Federativa do Brasil.
A OAB não mantém com órgãos da Administração Pública qualquer vínculo funcional ou hierárquico.
O uso da sigla OAB é privativo da Ordem dos Advogados do Brasil.
1.2.5 Órgãos da OAB
São órgãos da OAB:
a) o Conselho Federal;
b) os Conselhos Seccionais;
c) as Subseções;
d) as Caixas de Assistência dos Advogados.
1.2.5.1 Conselho Federal. (arts. 51/55, Lei 8906/94)
O Conselho Federal, dotado de personalidade jurídica própria, com sede na capital da República, é o órgão
supremo da OAB.. O Conselho Federal tem sua estrutura e funcionamento definidos no Regulamento Geral da
OAB.
a) Composição (art. 51):
• Conselheiros federais, integrantes das delegações de cada unidade federativa, composta por
três conselheiros federais casa uma;
• Ex-presidentes, na qualidade de membros honorários vitalícios.
• O Conselho Federal atua mediante os seguintes órgãos14:
o Conselho Pleno (arts. 74/83. Regulamento Geral);
14 Regulamento Geral da OAB. http://www.oab.org.br/content/pdf/legislacaooab/regulamentogeral.pdf
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o Órgão Especial do Conselho Pleno (arts. 84/86. Regulamento Geral);
o Primeira, Segunda e Terceira Câmaras (arts. 87/90. Regulamento Geral);
o Diretoria (arts. 98/104. Regulamento Geral);
o Presidente (competência. Art. 100. Regulamento Geral). O Presidente exerce a
representação nacional e internacional da OAB, competindo-lhe convocar o Conselho
Federal, presidi-lo, representá-lo ativa e passivamente, em juízo ou fora dele,
promover-lhe a administração patrimonial e dar execução às suas decisões. (Art. 55,
§1º)
b) Competência (art. 54)
• Cumprir as finalidades da OAB;
• Representar:
o interesses coletivos ou individuais do advogado;
o os advogados brasileiros em órgãos e eventos internacionais
• Velar pela dignidade, independência, prerrogativas e valorização da advocacia;
• editar e alterar o Regulamento Geral, o Código de Ética e Disciplina, e os Provimentos que julgar
necessários;
• Assegurar o funcionamento dos Conselhos Seccionais, inclusive através de intervenção, se
necessário;
• Decidir/Julgar
o ato, de órgão ou autoridade da OAB, contrário a esta lei, ao regulamento geral, ao Código
de Ética e Disciplina, e aos Provimentos, ouvida a autoridade ou o órgão em causa;
o em grau de recurso, as questões decididas pelos Conselhos Seccionais;
o relatório anual e deliberar sobre o balanço e as contas de sua diretoria e Conselhos
Seccionais;
• Dispor sobre a identificação dos inscritos na OAB e sobre os respectivos símbolos privativos;
• Elaborar as listas constitucionalmente previstas, para o preenchimento dos cargos nos tribunais
judiciários de âmbito nacional ou interestadual, com advogados que estejam em pleno exercício
da profissão, vedada a inclusão de nome de membro do próprio Conselho ou de outro órgão da
OAB;
• Ajuizar ação direta de inconstitucionalidade de normas legais e atos normativos, ação civil
pública, mandado de segurança coletivo, mandado de injunção e demais ações cuja legitimação
lhe seja outorgada por lei;
• Colaborar com o aperfeiçoamento dos cursos jurídicos, e opinar, previamente, nos pedidos
apresentados aos órgãos competentes para criação, reconhecimento ou credenciamento desses
cursos;
• Autorizar, pela maioria absoluta das delegações, a oneração ou alienação de seus bens imóveis;
• Participar de concursos públicos, nos casos previstos na Constituição e na lei, em todas as suas
fases, quando tiverem abrangência nacional ou interestadual;
• Resolver os casos omissos neste estatuto.
1.2.5.2 Conselhos seccionais (arts. 56/59, Lei 8906/94)
Os Conselhos Seccionais, dotados de personalidade jurídica própria, têm jurisdição sobre os respectivos
territórios dos Estados-membros, do Distrito Federal e dos Territórios.
a) Composição (art. 56)
O Conselho Seccional compõe-se de conselheiros em número proporcional ao de seus inscritos,
segundo critérios estabelecidos no regulamento geral.
b) Competência (art. 58)
• Editar seu regimento interno e resoluções;
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• Criar as Subseções e a Caixa de Assistência dos Advogados;
• julgar, em grau de recurso, as questões decididas por seu Presidente, por sua diretoria, pelo
Tribunal de Ética e Disciplina, pelas diretorias das Subseções e da Caixa de Assistência dos
Advogados;
• Fiscalizar a aplicação da receita, apreciar o relatório anual e deliberar sobre o balanço e as
contas de sua diretoria, das diretorias das Subseções e da Caixa de Assistência dos
Advogados;
• Fixar a tabela de honorários, válida para todo o território estadual;
• Realizar o Exame de Ordem;
• Decidir os pedidos de inscrição nos quadros de advogados e estagiários;
• Manter cadastro de seus inscritos;
• Fixar, alterar e receber contribuições obrigatórias, preços de serviços e multas;
• Participar da elaboração dos concursos públicos, em todas as suas fases, nos casos previstos
na Constituição e nas leis, no âmbito do seu território;
• Determinar, com exclusividade, critérios para o traje dos advogados, no exercício profissional;
• Aprovar e modificar seu orçamento anual;
• Definir composição e funcionamento do Tribunal de Ética e Disciplina;
• Eleger as listas, constitucionalmente previstas, para preenchimento dos cargos nos tribunais
judiciários, no âmbito de sua competência e na forma do Provimento do Conselho Federal,
vedada a inclusão de membros do próprio Conselho e de qualquer órgão da OAB;
• Intervir nas Subseções e na Caixa de Assistência dos Advogados;
• Desempenhar outras atribuições previstas no regulamento geral.
1.2.5.3 Subseção (arts. 60/61, Lei 8906/94)
As Subseções são partes autônomas do Conselho Seccional, na forma da lei e de seu ato constitutivo.
a) Criação
• Competência do Conselho seccional;
• Área fixada de pelo menos um município;
• Mínimo 15 inscritos, mas pode ser exigido número maior pelo regimento do Conselho
Seccional.
b) Competência
• Dar cumprimento efetivo às finalidades da OAB;
• Velar pela dignidade, independência e valorização da advocacia, e fazer valer as prerrogativas do
advogado;
• Representar a OAB perante os poderes constituídos;
• Desempenhar as atribuições previstas no regulamento geral ou por delegação de competência do
Conselho Seccional.
• Funções deliberativas, como elaboração de regimento, resoluções, processos disciplinares;
• Parágrafo único. Ao Conselho da Subseção, quando houver, compete exercer as funções e atribuições
do Conselho Seccional, na forma do regimentointerno deste, e ainda:
1.2.5.4 Caixas de Assistência dos Advogados (art. 62, Lei 8906/94)
As Caixas de Assistência dos Advogados, dotadas de personalidade jurídica própria, são criadas pelos
Conselhos Seccionais, quando estes contarem com mais de mil e quinhentos inscritos.
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A Caixa pode, em benefício dos advogados, promover a seguridade complementar. Cabe à Caixa a metade da
receita das anuidades recebidas pelo Conselho Seccional, considerado o valor resultante após as deduções
regulamentares obrigatórias. Em caso de extinção ou desativação da Caixa, seu patrimônio se incorpora ao do
Conselho Seccional respectivo.
O Conselho Seccional, mediante voto de dois terços de seus membros, pode intervir na Caixa de Assistência
dos Advogados, no caso de descumprimento de suas finalidades, designando diretoria provisória, enquanto
durar a intervenção.
2 ESTATUDO DA ADVOCACIA E DA ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL
2.1 Exercício privativo do advogado
Em 04 de julho de 1994, o então Presidente, Itamar Franco, sancionou a Lei 8.906 - Estatuto do OAB, lei que
delineia as diretrizes da profissão do advogado, disciplinando os seus direitos e deveres. Que foi
regulamentado na sala das Sessões em Brasília no ano de 1994.
Em 02 de maio de 2015, foi elaborado o novo Código de Ética e Disciplina.
O Estatuto possui 87 artigos, o Código, 80 e o Regulamento Geral, 158. Vale lembrar que existem
Provimentos, elaborados pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, que servem para
provisão, abastecimento de regulamentações necessárias ao bom andamento da profissão de advogado.
Todas as normatizações da categoria possuem o objetivo de nortear a profissão em seus direitos e deveres.
O advogado deve ter a consciência de que o direito é meio de mitigar as desigualdades e que a lei é um
instrumento para garantir as igualdades de todos. Deve preservar a sua liberdade e independência quando for
empregado ou manter contrato de prestação de serviços permanentes. Pode recusar o patrocínio nos casos
em que contrarie sua orientação, manifestada anteriormente.
Mas quem são advogados? No Brasil, somente pode ser advogado os inscritos na Ordem , conforme o artigo
3º da Lei 8.906/94:
“Art. 3º O exercício da atividade de advocacia no território brasileiro e a denominação de advogado são
privativos dos inscritos na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB),
§ 1º Exercem atividade de advocacia, sujeitando-se ao regime desta lei, além do regime próprio a que se
subordinem, os integrantes da Advocacia-Geral da União, da Procuradoria da Fazenda Nacional, da Defensoria
Pública e das Procuradorias e Consultorias Jurídicas dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e das
respectivas entidades de administração indireta e fundacional.
§ 2º O estagiário de advocacia, regularmente inscrito, pode praticar os atos previstos no art. 1º, na forma do
regimento geral, em conjunto com advogado e sob responsabilidade deste.”
Vamos detalhar os parágrafos primeiro e segundo, deste artigo, mas aqui ressaltamos que você já verificou
que existe a advocacia pública, que entrou em destaque no novo Código de Ética e os estagiários.
Importante lembrar que a previsão do art. 5º, XIII, CRFB, de que “é livre o exercício de qualquer trabalho,
ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer”, não é afrontada, na medida
em que ressalva as qualificações previstas em lei e, no caso da advocacia, necessária a inscrição nos quadros
da Ordem dos Advogados do Brasil (art. 8º). Reafirma-se esta assertiva no art. 103/CPC.
No nosso Estatuto há o destaque para o exercício privativo do advogado no artigo 1º :
“Art. 1º São atividades privativas de advocacia:
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15
I - a postulação a qualquer órgão do Poder Judiciário e aos juizados especiais; (Vide ADIN 1.127-8)15
II - as atividades de consultoria, assessoria e direção jurídicas.
§ 1º Não se inclui na atividade privativa de advocacia a impetração de habeas corpus em qualquer instância ou
tribunal.
§ 2º Os atos e contratos constitutivos de pessoas jurídicas, sob pena de nulidade, só podem ser admitidos a
registro, nos órgãos competentes, quando visados por advogados.
§ 3º É vedada a divulgação de advocacia em conjunto com outra atividade.”
Também acrescenta o artigo 2º
“Art. 2º O advogado é indispensável à administração da justiça.
§ 1º No seu ministério privado, o advogado presta serviço público e exerce função social.
§ 2º No processo judicial, o advogado contribui, na postulação de decisão favorável ao seu constituinte, ao
convencimento do julgador, e seus atos constituem múnus público.
§ 3º No exercício da profissão, o advogado é inviolável por seus atos e manifestações, nos limites desta lei.”
DESTACAMOS:
Em regra somente o advogado pode postular em juízo e efetuar atividades de consultoria, assessoria e
direção jurídicas; nos atos e contratos constitutivos por pessoas jurídicas, obrigatório se faz também a
presença de um advogado, sob pena de nulidade, caso não sejam visados por este profissional.
Existem, porém, algumas exceções em que não há necessidade de um advogados, por exemplo:
a) o remédio constitucional habeas corpus que pode ser impetrado por qualquer pessoal;
b) a postulação junto ao juizado especial cível estadual, em que o próprio interessado tem legitimidade
para demandar, desde que o valor seja inferior a 20 salários mínimos;
c) a postulação junto ao juizado especial cível federal, em que o próprio interessado tem legitimidade
para demandar , desde que o valor alcance até 60 salários mínimos; e, por fim,
d) nas causas trabalhistas movidas pelos empregados.
Aqui, você deve ficar atento a questão dos recursos, pois no caso de recurso o interessado deverá ter o auxílio
de um advogado.
É tão importante o exercício privativo do advogado que, somente o que for autorizado por lei, poderá ser
convalidado. Caso contrário o ato será nulo conforme artigo 4º (Estatuto):
“Art. 4º São nulos os atos privativos de advogado praticados por pessoa não inscrita na OAB, sem prejuízo das
sanções civis, penais e administrativas.
Parágrafo único. São também nulos os atos praticados por advogado impedido - no âmbito do impedimento -
suspenso, licenciado ou que passar a exercer atividade incompatível com a advocacia.”
A atividade de advocacia também está descrita no artigo 5º do Regulamento Geral e nos provimentos
66/1988.Aqui vou destacar para vocês o que diz o provimento 66/1988
“(...) considerando a necessidade de definir a abrangência das atividades profissionais dos advogados,
RESOLVE:
Art. 1º. A advocacia compreende, além da representação, em qualquer juízo, tribunal ou repartição, o
procuratório extrajudicial, assim como os trabalhos jurídicos de consultoria e assessoria e as funções de
diretoria jurídica.
Parágrafo único. A função de diretoria jurídica em qualquer empresa pública, privada ou paraestatal, é
privativa do advogado, não podendo ser exercida por quem não se encontre inscrito regularmente na Ordem.
15 O Tribunal, examinando os dispositivos impugnados na Lei nº 8.906,de 4 de julho de 1994: a) por unanimidade, em relação ao
inciso I do artigo 1º, julgou prejudicada a alegação de inconstitucionalidade relativamente à expressão "juizados especiais", e, por
maioria, quanto à expressão "qualquer", julgou procedente a ação direta, vencidos os Senhores Ministros Relator e Carlos Britto;
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Art. 2º. É privativo dos advogados legalmente inscritos nos quadros da Ordem o assessoramento jurídico nas
transações imobiliárias e na redação de contratos e estatutos de sociedades civis e comerciais, e a elaboração
de defesas, escritas ou orais, perante quaisquer tribunais e repartições.
Art. 3º. A elaboração de memoriais do âmbito da Lei do Condomínio, no que concerne, estritamente, à sua
fundamentação jurídica, também é privativa dos advogados legalmente inscritos nos quadros da Ordem.
Art. 4º. É vedado aos advogados prestar serviços de assessoria e consultoria jurídica para terceiros, através de
sociedades de prestação de serviços, inclusive de cobrança de títulos ou atividades financeiras de qualquer
espécie, se essas entidades não puderem ser inscritas na Ordem dos Advogados do Brasil.
Art. 5º. A prática dos atos previstos no art. 71, da Lei nº 4.215/63, por profissionais e sociedades não inscritos
na Ordem dos Advogados do Brasil, constitui exercício ilegal da profissão, a ser punido na forma da lei
penal.”(...).
O Regulamento Geral destacamos os artigos 4º e 5º
“Art. 4o A pratica de atos privativos de advocacia, por profissionais e sociedades não inscritos na OAB,
constitui exercício ilegal da profissão”
E no artigo 5º:
“Art. 5o Considera-se efetivo exercício da atividade de advocacia a participação anual mínima em cinco atos
privativos previstos no artigo 1º do Estatuto, em causas ou questões distintas.
Paragrafo único. A comprovação do efetivo exercício faz-se mediante:
a) certidão expedida por cartórios ou secretárias judiciais;
b) copia autenticada de atos privativos;
c) certidão expedida pelo órgão público no qual o advogado exerça função privativa do seu oficio, indicando os
atos praticados.”
Leitura complementar.
“Art. 1º São atividades privativas de advocacia:
I – a postulação a qualquer órgão do Poder Judiciário e aos juizados especiais
I – as atividades de consultoria, assessoria e direção jurídicas”
A expressão “qualquer” foi declarada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal na ADI 1127-8.
Impetração de Habeas Corpus
- A impetração de habeas corpus não é atividade privativa da advocacia em qualquer instância ou tribunal. Qual
exceção? Interposição de recursos, como o recurso em sentido estrito.
- Atos e contratos constitutivos de pessoas jurídicas
É obrigatório o visto dos advogados. Qual exceção? Microempresas e empresas de pequeno porte.
- Publicidade da advocacia
É vedada a divulgação de advocacia em conjunto com outra atividade. A publicidade tem que ser discreta e
moderada.
- Capacidade postulatória
Exercem atividade de advocacia os integrantes da Advocacia-Geral da União, da Procuradoria da Fazenda Nacional,
da Defensoria Pública e das Procuradorias e Consultorias Jurídicas dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e
da respectivas entidades da administração indireta e fundacional.
- Quais são os atos privativos do estagiário?
Retirada e devolução dos autos do Cartório; obtenção de certidão e assinatura de petições de juntada (anexo de
documentos a processos judiciais e administrativos).
- Atos nulos
São nulos os atos privativos de advogado praticados por pessoa não inscrita na OAB, sem prejuízo das sanções civis,
penais e administrativas. Além dos atos praticados por advogado impedido, suspenso e licenciado.
- Procuração
A procuração para o foro em geral habilita o advogado a praticar todos os atos judiciais, em qualquer juízo ou
instância, salvo os que exijam poderes especiais.
O advogado pode atuar sem procuração? Exceção? Medidas urgentes e inadiáveis. Prazo de 15 dias, prorrogável por
igual período.
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- Renúncia
O advogado que renunciar ao mandato continuará, durante os 10 dias seguintes à notificação da renúncia, a
representar o mandante, salvo se for substituído antes do término desse prazo.
- Questionário
É obrigatório a presença do advogado nos Juizados Especiais Cíveis, Justiça do Trabalho e Justiça de Paz? Não,
apenas para interposição de recursos.
A função de direção, chefia ou coordenação deve ser realizado somente por bacharel em direito? Não, deve ser
realizado por advogado regularmente inscrito na OAB.
Qual a diferença entre consultoria, assessoria e direção jurídica? As atividades da consultoria são palestras,
treinamentos, pesquisas, estudos, comparações, análises, elaboração de pareceres, entre outros.
A assessoria entrega a solução pronta, completa, enquanto a consultoria entrega um parecer, um caminho para que
seja implantada a solução. Direção jurídica somente pode ser realizado por advogado devidamente inscrito na OAB.
Índice legislativo
Advocacia
– Art. 1º a 5º do Estatuto da Advocacia e OAB - EAOAB
– Art. 1º e 2º do Código de Ética e Disciplina - CED
– Art. 1º a 5º e 7º Regulamento Geral - REG
Advocacia Pública
– Art. 9º e 10º do Regulamento Geral
Estagiário
– Art. 3º, §2º, 9º e 34, XXIX, do EAOAB
– Art. 65 CED
– Art. 27 a 31 do REG
Nulidades
– Art. 4º e 34, X, EAOAB
Procuração
– Art. 5º e 7º, XVI, EAOAB
– Art. 10 a 16 e 24 do CED
– Art. 6º do REG
2.2 Capacidade postulatória
O art. 5º caput do Estatuto trata da capacidade postulatória, ou seja, a possibilidade de pleitear, formular
requerimentos ou apresentar defesa em juízo. A capacidade postulatória institucional é exercida pela
Defensoria Pública e pelos membros do Ministério Público e, a privada, pelos advogados. Importante
esclarecer que ela não se confunde com a capacidade processual, ou seja, com a aptidão de que dispõem as
partes para exercer seus direitos diretamente em juízo, sem a necessidade de assistência ou representação.
Com efeitos, todos os maiores e capazes têm capacidade processual, mas mesmo assim, para atuar em juízo,
deverão fazê-lo por intermédio da atuação técnica de advogados (capacidade postulatória).16
Menos ainda, se confunde com a capacidade civil, entendida em nosso ordenamento jurídico como a
capacidade plena da pessoa reger sua vida, seus bens e sua aptidão para os atos da vida civil, e ainda, o
Código Civil aborda em seu primeiro capítulo sobre a personalidade e a capacidade das pessoas naturais.
O exercício da advocacia se faz através do mandato, conforme determinado no art. 5º, Estatuto:
Art. 5º O advogado postula, em juízo ou fora dele, fazendo prova do mandato.
§ 1º O advogado, afirmando urgência, pode atuar sem procuração, obrigando-se a apresentá-la no prazo de
quinze dias, prorrogável por igual período.
16 Disponível em “http://www.oabpr.org.br/downloads/ESTATUTO_OAB_COMENTADO.pdf” Acesso em 19/02/2017
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§ 2º A procuração para o foro em geral habilita o advogado a praticar todos os atos judiciais, em qualquer
juízo ou instância, salvo os que exijam poderes especiais.
§ 3º O advogado que renunciar ao mandato continuará, durante os dez dias seguintes à notificação da
renúncia, a representar o mandante, salvo se for substituído antes do término desse prazo.
No CPC, destacam-se os artigos 104 e seguintes:
Art. 103. A parte será representada em juízo por advogado regularmente inscrito na Ordem dos Advogados do
Brasil.
Parágrafo único. É lícito à parte postular em causa própria quando tiver habilitação legal.
Art. 104. O advogado não será admitido a postular em juízo sem procuração, salvo para evitar preclusão,
decadência ou prescrição, ou para praticar ato considerado urgente.
§ 1o Nas hipóteses previstas no caput, o advogado deverá, independentemente de caução, exibir a procuração
no prazo de 15 (quinze) dias, prorrogável por igual período por despacho do juiz.
§ 2o O ato não ratificado será considerado ineficaz relativamente àquele em cujo nome foi praticado,
respondendo o advogado pelas despesas e por perdas e danos.
Art. 105. A procuração geral para o foro, outorgada por instrumento público ou particular assinado pela parte,
habilita o advogado a praticar todos os atos do processo, exceto receber citação, confessar, reconhecer a
procedência do pedido, transigir, desistir, renunciar ao direito sobre o qual se funda a ação, receber, dar
quitação, firmar compromisso e assinar declaração de hipossuficiência econômica, que devem constar de
cláusula específica.
§ 1o A procuração pode ser assinada digitalmente, na forma da lei.
§ 2o A procuração deverá conter o nome do advogado, seu número de inscrição na Ordem dos Advogados do
Brasil e endereço completo.
§ 3o Se o outorgado integrar sociedade de advogados, a procuração também deverá conter o nome dessa, seu
número de registro na Ordem dos Advogados do Brasil e endereço completo.
§ 4o Salvo disposição expressa em sentido contrário constante do próprio instrumento, a procuração
outorgada na fase de conhecimento é eficaz para todas as fases do processo, inclusive para o cumprimento de
sentença.
Art. 106. Quando postular em causa própria, incumbe ao advogado:
I - declarar, na petição inicial ou na contestação, o endereço, seu número de inscrição na Ordem dos
Advogados do Brasil e o nome da sociedade de advogados da qual participa, para o recebimento de
intimações;
II - comunicar ao juízo qualquer mudança de endereço.
§ 1o Se o advogado descumprir o disposto no inciso I, o juiz ordenará que se supra a omissão, no prazo de 5
(cinco) dias, antes de determinar a citação do réu, sob pena de indeferimento da petição.
§ 2o Se o advogado infringir o previsto no inciso II, serão consideradas válidas as intimações enviadas por carta
registrada ou meio eletrônico ao endereço constante dos autos.
2.3 Pessoas sujeitas ao estatuto
Sabe-se que a atividade advocatícia é indispensável à administração da justiça e o advogado, em seu
ministério privado, presta um serviço público, exercendo uma função social.
Além do advogado, conforme já destacamos, também estão sujeitos ao regime da lei:
• os integrantes da Advocacia-Geral da União;
• da Procuradoria da Fazenda Nacional;
• da Defensoria Pública; e,
• das Procuradorias e Consultorias Jurídicas dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e das
respectivas entidades de administração indireta e fundacional.
E não se pode esquecer do estagiário de advocacia, regularmente inscrito. Claro, que eles somente poderão
exercer a função dentro dos limites e com auxílio de um advogado regularmente inscrito.
Os atos praticados por advogados impedidos, suspensos, licenciados ou que exerçam atividade incompatível
com a advocacia, e sobretudo o que não seja inscrito na OAB, são nulos.
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2.4 Prerrogativas do advogado
2.4.1 Dos direitos do advogado
É importante observar que houve uma alteração recente no art.7º do Estatuto, e que vocês devem ficar
atentos e não ler a lei desatualizada. Vou destacar a lei na íntegra:
“PODER EXECUTIVO - LEI Nº 13.245 DE 12.01.2016
D.O.U.: 13.01.2016
Altera o art. 7º da Lei nº 8.906, de 4 de julho de 1994 (Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil).
Presidenta da República
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1º O art. 7º da Lei nº 8.906, de 4 de julho de 1994 (Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil), passa a
vigorar com as seguintes alterações:
"Art. 7º .....
XIV - examinar, em qualquer instituição responsável por conduzir investigação, mesmo sem procuração, autos
de flagrante e de investigações de qualquer natureza, findos ou em andamento, ainda que conclusos à
autoridade, podendo copiar peças e tomar apontamentos, em meio físico ou digital;
XXI - assistir a seus clientes investigados durante a apuração de infrações, sob pena de nulidade absoluta do
respectivo interrogatório ou depoimento e, subsequentemente, de todos os elementos investigatórios e
probatórios dele decorrentes ou derivados, direta ou indiretamente, podendo, inclusive, no curso da respectiva
apuração:
a) apresentar razões e quesitos;
b) (VETADO).
§ 10. Nos autos sujeitos a sigilo, deve o advogado apresentar procuração para o exercício dos direitos de que
trata o inciso XIV.
§ 11. No caso previsto no inciso XIV, a autoridade competente poderá delimitar o acesso do advogado aos
elementos de prova relacionados a diligências em andamento e ainda não documentados nos autos, quando
houver risco de comprometimento da eficiência, da eficácia ou da finalidade das diligências.
§ 12. A inobservância aos direitos estabelecidos no inciso XIV, o fornecimento incompleto de autos ou o
fornecimento de autos em que houve a retirada de peças já incluídas no caderno investigativo implicará
responsabilização criminal e funcional por abuso de autoridade do responsável que impedir o acesso do
advogado com o intuito de prejudicar o exercício da defesa, sem prejuízo do direito subjetivo do advogado de
requerer acesso aos autos ao juiz competente." (NR).
Art. 2º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Brasília, 12 de janeiro de 2016; 195º da Independência e 128º da República.
DILMA ROUSSEFF
José Eduardo Cardozo”
Alteração ainda mais recente, trazida pela Lei 13.363/2016, acrescenta o art 7º-A ao Estatuto e será adiante
transcrito.
Não existe hierarquia nem subordinação entre advogado, juiz e promotor, devendo consideração e respeito
mútuo. Os servidores e serventuários da justiça deverão dispensar ao advogado, no exercício da profissão,
tratamento digno e condições adequadas ao seu desempenho. Isso é a urbanidade, é o que pessoas educadas
fazem. Por isso, é fácil seguir o raciocínio dos direitos e deveres para você marcar na prova é uma questão que
cai em todas as provas.
No Estatuto temos, no Capítulo II artigos 6º e 7º, os direitos do advogado conforme se dispõe:
“Art. 6º Não há hierarquia nem subordinação entre advogados, magistrados e membros do Ministério Público,
devendo todos tratar-se com consideração e respeito recíprocos.
Parágrafo único. As autoridades, os servidores públicos e os serventuários da justiça devem dispensar ao
advogado, no exercício da profissão, tratamento compatível com a dignidade da advocacia e condições
adequadas a seu desempenho.
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Art. 7º. São direitos do advogado:
I - exercer, com liberdade, a profissão em todo o território nacional;
II - ter respeitada, em nome da liberdade de defesa e do sigilo profissional, a inviolabilidade de seu escritório
ou local de trabalho, de seus arquivos e dados, de sua correspondência e de suas comunicações, inclusive
telefônicas ou afins, salvo caso de busca ou apreensão determinada por magistrado e acompanhada de
representante da OAB;
II – a inviolabilidade de seu escritório ou local de trabalho, bem como de seus instrumentos de trabalho, de
sua correspondência escrita, eletrônica, telefônica e telemática, desde que relativas ao exercício da
advocacia;
“o dever de sigilo não está condicionado à constância da prestação do serviço. Ao contrário, prolonga-se no
tempo, indefinidamente, assim como prolonga-se no espaço: o que se ouviu, na condição de advogado (o que
não se limita as conversas com cliente ou constituinte), deve ser preservado.” (Gladston Mamede)
Código de Ética
Art. 20. Sobrevindo conflitos de interesse entre seus constituintes e não conseguindo o advogado harmonizá-
los, caber-lhe-á optar, com prudência e discrição, por um dos mandatos, renunciando aos demais, resguardado
sempre o sigilo profissional.
Art. 21. O advogado, ao postular em nome de terceiros, contra ex-cliente ou ex-empregador, judicial e
extrajudicialmente, deve resguardar o sigilo profissional.
SIGILO PROFISSIONAL – PATROCÍNIO DE AÇÃO PARA ALTERAÇÃO DE REGULAMENTAÇÃO DE VISITA PARA EX-
CLIENTE – ADVOGADO QUE ATUOU PARA O CASAL EM SEPARAÇÃO ENCERRADA HÁ APROXIMADAMENTE TRÊS
ANOS – POSSIBILIDADE, SE MANTIDO O SIGILO – CASO CONCRETO – RESPOSTA EM TESE.
Nos termos do art. 20 do Código de Ética e Disciplina de 1995, o advogado deverá manter sigilo das
informações confidenciais que tomou conhecimento ao atuar para o casal em ação de separação, guarda de
menor e alimentos. Procurado pela ex-cliente (mãe do menor) para que proceda à revisão das visitas contra o
ex-companheiro e ex-cliente, poderá atuar desde que mantido o sigilo das informações confidenciais a que teve
acesso por intermédio da outra parte. Havendo necessidade de se revelar fatos sigilosos para uma defesa
eficiente e rigorosa dos interesses de sua cliente, deverá o advogado recusar o patrocínio da ação.
Proc. E-4.6702016 - v.m., em 16/06/2016, do parecer e ementa do Rel. Dr. GUILHERME MARTINS MALUFE -
Rev. Dr. FÁBIO GUIMARÃES CORRÊA MEYER - Presidente Dr. PEDRO PAULO WENDEL GASPARINI.
“Por obvio, é inócuo exigir que o advogado seja guardião das confidencias, informações e documentos que
pertencem aos seus clientes sem que o espaço em que exerce o seu oficio seja preservado. É, por isso, a
inviolabilidade do espaço destinado ao exercício da advocacia*, bem como dos instrumentos de trabalho,
arquivos, dados informatizados, correspondências e comunicação do advogado, a prerrogativa decisiva para o
exercício livre da advocacia. ” (Débora Normanton Sombrio)
*inclui a residência do advogado, quando utilizada como espaço principal ou subsidiário para as suas
atividades profissionais, como também o hotel ou o local em que o advogado estiver, ainda que em trânsito,
exercendo seu ofício.
III - comunicar-se com seus clientes, pessoal e reservadamente, mesmo sem procuração, quando estes se
acharem presos, detidos ou recolhidos em estabelecimentos civis ou militares, ainda que considerados
incomunicáveis;
IV - ter a presença de representante da OAB, quando preso em flagrante, por motivo ligado ao exercício da
advocacia, para lavratura do auto respectivo, sob pena de nulidade e, nos demais casos, a comunicação
expressa à seccional da OAB;
V - não ser recolhido preso, antes de sentença transitada em julgado, senão em sala de Estado Maior, com
instalações e comodidades condignas, assim reconhecidas pela OAB, e, na sua falta, em prisão domiciliar;
(Vide ADIN 1.127-8)
VI - ingressar livremente:
a) nas salas de sessões dos tribunais, mesmo além dos cancelos que separam a parte reservada aos
magistrados;
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b) nas salas e dependências de audiências, secretarias, cartórios, ofícios de justiça, serviços notariais e de
registro, e, no caso de delegacias e prisões, mesmo fora da hora de expediente e independentemente da
presença de seus titulares;
c) em qualquer edifício ou recinto em que funcione repartição judicial ou outro serviço público onde o
advogado deva praticar ato ou colher prova ou informação útil ao exercício da atividade profissional, dentro
do expediente ou fora dele, e ser atendido, desde que se ache presente qualquer servidor ou empregado;
d) em qualquer assembleia ou reunião de que participe ou possa participar o seu cliente, ou perante a qual
este deva comparecer, desde que munido de poderes especiais;
VII - permanecer sentado ou em pé e retirar-se de quaisquer locais indicados no inciso anterior,
independentemente de licença;
VIII - dirigir-se diretamente aos magistrados nas salas e gabinetes de trabalho, independentemente de
horário previamente marcado ou outra condição, observando-se a ordem de chegada;
IX - sustentar oralmente as razões de qualquer recurso ou processo, nas sessões de julgamento, após o voto
do relator, em instância judicial ou administrativa, pelo prazo de quinze minutos, salvo se prazo maior for
concedido; (Vide ADIN 1.127-8) (Vide ADIN 1.105-7)17
X - usar da palavra, pela ordem, em qualquer juízo ou tribunal, mediante intervenção sumária, para
esclarecer equívoco ou dúvida surgida em relação a fatos, documentos ou afirmações que influam no
julgamento, bem como para replicar acusação ou censura que lhe forem feitas;
XI - reclamar, verbalmente ou por escrito, perante qualquer juízo, tribunal ou autoridade, contra a
inobservância de preceito de lei, regulamento ou regimento;
XII - falar, sentado ou em pé, em juízo, tribunal ou órgão de deliberação coletiva da Administração Pública
ou do Poder Legislativo;
XIII - examinar, em qualquer órgão dos Poderes Judiciário e Legislativo, ou da Administração Pública em
geral, autos de processos findos ou em andamento, mesmo sem procuração, quando não estejam sujeitos a
sigilo, assegurada a obtenção de cópias, podendo tomar apontamentos;
XIV - examinar em qualquer repartição policial, mesmo sem procuração, autos de flagrante e de inquérito,
findos ou em andamento, ainda que conclusos à autoridade, podendo copiar peças e tomar apontamentos;
XIV - examinar, em qualquer instituição responsável por conduzir investigação, mesmo sem procuração,
autos de flagrante e de investigações de qualquer natureza, findos ou em andamento, ainda que conclusos à
autoridade, podendo copiar peças e tomar apontamentos, em meio físico ou digital;
XV - ter vista dos processos judiciais ou administrativos de qualquer natureza, em cartório ou na repartição
competente, ou retirá-los pelos prazos legais;
XVI - retirar autos de processos findos, mesmo sem procuração, pelo prazo de dez dias;
XVII - ser publicamente desagravado, quando ofendido no exercício da profissão ou em razão dela;
XVIII - usar os símbolos privativos da profissão de advogado;
XIX - recusar-se a depor como testemunha em processo no qual funcionou ou deva funcionar, ou sobre fato
relacionado com pessoa de quem seja ou foi advogado, mesmo quando autorizadoou solicitado pelo
constituinte, bem como sobre fato que constitua sigilo profissional;
17 Foi questionado o direito de apresentar a sustentação oral após o voto do relator. A Adin foi julgada procedente
considerando que o contraditório se estabelece entre as partes e não entre o advogado e o magistrado. A despeito de
questionável o argumento, foi o que prevaleceu e a sustentação oral é realizada na forma do CPC (art. 937). “Trata-se,
portanto, de garantia do advogado. Não poderá ser alijado em sua manifestação. Igualmente, não poderá ser
admoestado, interrompido, e sua manifestação não será delimitada pelo presidente – por exemplo, não poderá o
magistrado estabelecer limites temáticos sobre a exposição oral. Pertencem ao advogado os quinze minutos previstos
em lei, e sua obrigação será, noutro lado, preservar o comportamento cortês. Caso não o preserve, a conduta do
advogado será avaliada pela OAB, mas, ainda, não será interrompido em sua manifestação. Importante dizer que, a
despeito da declaração de inconstitucionalidade dessa norma, pelo Supremo Tribunal Federal, e não obstante a previsão
no Código de Processo Civil, na esfera administrativa as regras – sobre a sustentação oral após o voto do relator –
poderão ser mantidas, nos termos de disposição no regimento interno. Assim acontece, por exemplo, nos julgamentos
colegiados na Ordem dos Advogados do Brasil.” Rodrigo Luis Kanayama. In Estatuto da OAB Comentado. Disponível em
http://www.oabpr.org.br/downloads/ESTATUTO_OAB_COMENTADO.pdf
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XX - retirar-se do recinto onde se encontre aguardando pregão para ato judicial, após trinta minutos do
horário designado e ao qual ainda não tenha comparecido a autoridade que deva presidir a ele, mediante
comunicação protocolizada em juízo.
XXI - assistir a seus clientes investigados durante a apuração de infrações, sob pena de nulidade absoluta do
respectivo interrogatório ou depoimento e, subsequentemente, de todos os elementos investigatórios e
probatórios dele decorrentes ou derivados, direta ou indiretamente, podendo, inclusive, no curso da
respectiva apuração:
a) apresentar razões e quesitos;
b) (VETADO).
§ 1º Não se aplica o disposto nos incisos XV e XVI:
1) aos processos sob regime de segredo de justiça;
2) quando existirem nos autos documentos originais de difícil restauração ou ocorrer circunstância relevante
que justifique a permanência dos autos no cartório, secretaria ou repartição, reconhecida pela autoridade em
despacho motivado, proferido de ofício, mediante representação ou a requerimento da parte interessada;
3) até o encerramento do processo, ao advogado que houver deixado de devolver os respectivos autos no
prazo legal, e só o fizer depois de intimado.
§ 2º O advogado tem imunidade profissional, não constituindo injúria, difamação ou desacato puníveis
qualquer manifestação de sua parte, no exercício de sua atividade, em juízo ou fora dele, sem prejuízo das
sanções disciplinares perante a OAB, pelos excessos que cometer. (Vide ADIN 1.127-8)
§ 3º O advogado somente poderá ser preso em flagrante, por motivo de exercício da profissão, em caso de
crime inafiançável, observado o disposto no inciso IV deste artigo.
§ 4º O Poder Judiciário e o Poder Executivo devem instalar, em todos os juizados, fóruns, tribunais, delegacias
de polícia e presídios, salas especiais permanentes para os advogados, com uso e controle assegurados à
OAB. (Vide ADIN 1.127-8)
§ 5º No caso de ofensa a inscrito na OAB, no exercício da profissão ou de cargo ou função de órgão da OAB, o
conselho competente deve promover o desagravo público do ofendido, sem prejuízo da responsabilidade
criminal em que incorrer o infrator.
§ 6o Presentes indícios de autoria e materialidade da prática de crime por parte de advogado, a autoridade
judiciária competente poderá decretar a quebra da inviolabilidade de que trata o inciso II do caput deste
artigo, em decisão motivada, expedindo mandado de busca e apreensão, específico e pormenorizado, a ser
cumprido na presença de representante da OAB, sendo, em qualquer hipótese, vedada a utilização dos
documentos, das mídias e dos objetos pertencentes a clientes do advogado averiguado, bem como dos
demais instrumentos de trabalho que contenham informações sobre clientes.
§ 7o A ressalva constante do § 6o deste artigo não se estende a clientes do advogado averiguado que estejam
sendo formalmente investigados como seus partícipes ou coautores pela prática do mesmo crime que deu
causa à quebra da inviolabilidade.
§ 8o (VETADO)
§ 9o (VETADO)
§ 10. Nos autos sujeitos a sigilo, deve o advogado apresentar procuração para o exercício dos direitos de que
trata o inciso XIV.
§ 11. No caso previsto no inciso XIV, a autoridade competente poderá delimitar o acesso do advogado aos
elementos de prova relacionados a diligências em andamento e ainda não documentados nos autos, quando
houver risco de comprometimento da eficiência, da eficácia ou da finalidade das diligências.
§ 12. A inobservância aos direitos estabelecidos no inciso XIV, o fornecimento incompleto de autos ou o
fornecimento de autos em que houve a retirada de peças já incluídas no caderno investigativo implicará
responsabilização criminal e funcional por abuso de autoridade do responsável que impedir o acesso do
advogado com o intuito de prejudicar o exercício da defesa, sem prejuízo do direito subjetivo do advogado de
requerer acesso aos autos ao juiz competente.
Art. 7o-A. São direitos da advogada: (Incluído pela Lei nº 13.363, de 2016)
I – gestante:
a) entrada em tribunais sem ser submetida a detectores de metais e aparelhos de raios X;
b) reserva de vaga em garagens dos fóruns dos tribunais;
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II - lactante, adotante ou que der à luz, acesso a creche, onde houver, ou a local adequado ao atendimento
das necessidades do bebê;
III - gestante, lactante, adotante ou que der à luz, preferência na ordem das sustentações orais e das
audiências a serem realizadas a cada dia, mediante comprovação de sua condição;
IV - adotante ou que der à luz, suspensão de prazos processuais quando for a única patrona da causa, desde
que haja notificação por escrito ao cliente.
§ 1o Os direitos previstos à advogada gestante ou lactante aplicam-se enquanto perdurar, respectivamente, o
estado gravídico ou o período de amamentação.
§ 2o Os direitos assegurados nos incisos II e III deste artigo à advogada adotante ou que der à luz serão
concedidos pelo prazo previsto no art. 392 do Decreto-Lei no 5.452, de 1o de maio de 1943 (Consolidação das
Leis do Trabalho).
§ 3o O direito assegurado no inciso IV deste artigo à advogada adotante ou que der à luz será concedido pelo
prazo previsto no § 6o do art. 313 da Lei no 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil).
Lembramos ainda que os direitos e prerrogativas estão no Regulamento Geral dos artigos 15 ao 17, para as
devidas providências da Ordem quando violados, conforme se destaca:
“Art. 15. Compete ao Presidente do Conselho Federal, do Conselho Seccional ou da Subseção, ao tomar
conhecimento de fato que possa causar, ou que já causou,violação de direitos ou prerrogativas da profissão,
adotar as providências judiciais e extrajudiciais cabíveis para prevenir ou restaurar o império do Estatuto, em
sua plenitude, inclusive mediante representação administrativa.
Paragrafo único. O Presidente pode designar advogado, investido de poderes bastantes, para as finalidades
deste artigo.
Art. 16. Sem prejuízo da atuação de seu defensor, contara o advogado com a assistência de representante da
OAB nos inquéritos policiais ou nas ações penais em que figurar como indiciado, acusado ou ofendido, sempre
que o fato a ele imputado decorrer do exercício da profissão ou a este vincular-se.
Art. 17. Compete ao Presidente do Conselho ou da Subseção representar contra o responsável por abuso de
autoridade, quando configurada hipótese de atentado a garantia legal de exercício profissional, prevista na Lei
no 4.898, de 09 de dezembro de 1965.”
Cuida-se o processo de desagravo apenas um procedimento interno em que não há partes – apenas
interessados e, ainda, não há punição. Em verdade, foge da competência da OAB a punição e esta não se põe
contra o agressor mas, sim, contra o ato em si. Providências futuras podem ser tomadas, especialmente se
interessar ao inscrito.
O desagravo público é um direito do advogado, quando ofendido no exercício da profissão. Está no art. 7º,
XVII e regulamentado no artigo 18 do Regulamento Geral :
“Art. 18. O inscrito na OAB, quando ofendido comprovadamente em razão do exercício profissional ou de cargo
ou função da OAB, tem direito ao desagravo público promovido pelo Conselho competente, de oficio, a seu
pedido ou de qualquer pessoa.
§ 1o Compete ao relator, convencendo-se da existência de prova ou indicio de ofensa relacionada ao exercício
da profissão ou de cargo da OAB, propor ao Presidente que solicite informações da pessoa ou autoridade
ofensora, no prazo de quinze dias, salvo em caso de urgência e notoriedade do fato.
§ 2o O relator pode propor o arquivamento do pedido se a ofensa for pessoal, se não estiver relacionada com o
exercício profissional ou com as prerrogativas gerais do advogado ou se configurar critica de caráter
doutrinário, politico ou religioso.
§ 3o Recebidas ou não as informações e convencendo-se da procedência da ofensa, o relator emite parecer que
e submetido ao Conselho.
§ 4o Em caso de acolhimento do parecer, é designada a sessão de desagravo, amplamente divulgada.
§ 5o Na sessão de desagravo o Presidente lê a nota a ser publicada na imprensa, encaminhada ao ofensor e as
autoridades e registrada nos assentamentos do inscrito.
§ 6o Ocorrendo a ofensa no território da Subseção a que se vincule o inscrito, a sessão de desagravo pode ser
promovida pela diretoria ou conselho da Subseção, com representação do Conselho Seccional.
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§ 7o O desagravo público, como instrumento de defesa dos direitos e prerrogativas da advocacia, não depende
de concordância do ofendido, que não pode dispensá-lo, devendo ser promovido a critério do Conselho.
Art. 19. Compete ao Conselho Federal promover o desagravo público de Conselheiro Federal ou de Presidente
de Conselho Seccional, quando ofendidos no exercício das atribuições de seus cargos e ainda quando a ofensa
a advogado se revestir de relevância e grave violação as prerrogativas profissionais, com repercussão nacional.
Paragrafo único. O Conselho Federal, observado o procedimento previsto no art. 18 deste Regulamento, indica
seus representantes para a sessão publica de desagravo, na sede do Conselho Seccional, salvo no caso de
ofensa a Conselheiro Federal.”
O novo Código de Ética também traz as diretrizes que o advogado devem tomar conforme se verifica:
Art. 2º O advogado, indispensável à administração da Justiça, é defensor do Estado Democrático de Direito,
dos direitos humanos e garantias fundamentais, da cidadania, da moralidade, da Justiça e da paz social,
cumprindo-lhe exercer o seu ministério em consonância com a sua elevada função pública e com os valores
que lhe são inerentes.
Parágrafo único. São deveres do advogado:
I – preservar, em sua conduta, a honra, a nobreza e a dignidade da profissão, zelando pelo caráter de
essencialidade e indispensabilidade da advocacia;
II – atuar com destemor, independência, honestidade, decoro, veracidade, lealdade, dignidade e boa-fé;
III – velar por sua reputação pessoal e profissional;
IV – empenhar-se, permanentemente, no aperfeiçoamento pessoal e profissional;
V – contribuir para o aprimoramento das instituições, do Direito e das leis;
VI – estimular, a qualquer tempo, a conciliação e a mediação entre os litigantes, prevenindo, sempre que
possível, a instauração de litígios;
VII – desaconselhar lides temerárias, a partir de um juízo preliminar de viabilidade jurídica;
VIII – abster-se de:
a) utilizar de influência indevida, em seu benefício ou do cliente;
b) vincular seu nome a empreendimentos sabidamente escusos;
c) emprestar concurso aos que atentem contra a ética, a moral, a honestidade e a dignidade da pessoa
humana;
d) entender-se diretamente com a parte adversa que tenha patrono constituído, sem o assentimento deste;
e) ingressar ou atuar em pleitos administrativos ou judiciais perante autoridades com as quais tenha
vínculos negociais ou familiares;
f) contratar honorários advocatícios em valores aviltantes.
IX – pugnar pela solução dos problemas da cidadania e pela efetivação dos direitos individuais, coletivos e
difusos;
X – adotar conduta consentânea com o papel de elemento indispensável à administração da Justiça;
XI – cumprir os encargos assumidos no âmbito da Ordem dos Advogados do Brasil ou na representação da
classe;
XII – zelar pelos valores institucionais da OAB e da advocacia;
XIII – ater-se, quando no exercício da função de defensor público, à defesa dos necessitados.
Art. 3º O advogado deve ter consciência de que o Direito é um meio de mitigar as desigualdades para o
encontro de soluções justas e que a lei é um instrumento para garantir a igualdade de todos.”
2.5 Inscrição como advogado e estagiário
2.5.1 Inscrição de advogado
2.5.1.1 Requisitos
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Optou o legislador brasileiro por limitar o exercício da atividade da advocacia àquele que estejam inscritos na
OAB, no art. 3º do Estatuto, exigindo para tal inscrição, que sejam atendidos os requisitos elencados pelo
artigo 8º do Estatuto. Conforme se verifica
“Art. 8º Para inscrição como advogado é necessário:
I - capacidade civil;
II - diploma ou certidão de graduação em direito, obtido em instituição de ensino oficialmente autorizada e
credenciada;
III - título de eleitor e quitação do serviço militar, se brasileiro;
IV - aprovação em Exame de Ordem;
V - não exercer atividade incompatível com a advocacia;
VI - idoneidade moral;
VII - prestar compromisso perante o conselho.
§ 1º O Exame da Ordem é regulamentado em provimento do Conselho Federal da OAB.
§ 2º O estrangeiro ou brasileiro, quando não graduado em direito no Brasil, deve fazer prova do título de
graduação, obtido em instituição estrangeira, devidamente revalidado, além de atender aos demais requisitos
previstos neste artigo.
§ 3º A inidoneidade moral, suscitada por qualquer pessoa, deve ser declaradamediante decisão que obtenha
no mínimo dois terços dos votos de todos os membros do conselho competente, em procedimento que observe
os termos do processo disciplinar.
§ 4º Não atende ao requisito de idoneidade moral aquele que tiver sido condenado por crime infamante, salvo
reabilitação judicial.
O inciso I trata de uma questão que pode ser levantada na prova que é sobre o emancipado, do menos de 18
e maior de 16 anos. Neste caso, ele for emancipado, observando que ele tem que ser graduado. Contudo, se
ele for graduado antes dos 18, está no mesmo parágrafo do art. 5º do Código Civil que é uma causa de
emancipação. Mas, seria sim possível ter atingido os requisitos e se tornar emancipado.
Para seguir o raciocínio, é preciso que você fique atendo, pois, o interessado terá que ter todos os requisitos
para a inscrição, numerus clausus, ou seja, taxativo, numérico, tem que ter todos os requisitos para conseguir
a inscrição.
Graduação em direito. A prova da conclusão do curso de graduação em Direito é o diploma, regulamente
registrado, emitido por instituição de ensino oficialmente autorizada e credenciada. Diploma ou certidão de
conclusão de curso.
Documentos eleitorais e militares. Hoje, você acessa o site do Tribunal Regional Eleitoral e pega a certidão de
débito eleitoral. Certificado militar são para o sexo masculino que é obrigado a tê-lo.
Exame de ordem. Claro. Você tem que passar no exame de admissão, que vai dar a você o status de
advogado.
Compatibilidade com a advocacia. Isso também terá que ser observado. A exigência reflete uma preocupação
em garantir que o advogado apresente situação compatível com os requisitos para o bom e adequado
desempenho de suas funções, reconhecendo que algumas atividades cerceariam a liberdade ou o bom
exercício da advocacia. Como exemplo, alguns cargos públicos, os policiais, dentre outros.
Idoneidade moral. O bacharel tem que ser moralmente idôneo, vale dizer que seja uma pessoa de bom
caráter, de comportamento à altura da função social que pretende o bacharel ter o direito de exercer.
Prática de crime infamante. Bem, o nome crime infamante não consta no Código Penal. Por isso, o que se
pode avaliar seria a falta de moral ou idoneidade. Há uma referência no Código Civil, art. 1573, como
justificante de dissolução conjugal. Pode se referir ao crime praticado em ofensa ao juramento, previsto no
artigo 20, Regulamento Geral:
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“... exercer a advocacia com dignidade e independência, observar a ética, os deveres e prerrogativas
profissionais e defender a Constituição, a ordem jurídica do Estado Democrático, os direitos humanos, a
justiça social, a boa aplicação das leis, a rápida administração da justiça e o aperfeiçoamento da cultura e das
instituições jurídicas.”
Podem se considerar infamantes, portanto, aqueles que repercutem contra a dignidade da advocacia,
atingindo e prejudicando a imagem dos profissionais que se pautam segundo preceitos éticos.
2.5.1.2 Domicílio.
Inscrição principal - Conselho Seccional em cujo território pretende estabelecer o seu domicílio profissional
Domicílio profissional - sede principal da atividade de advocacia, ou, na dúvida, o domicílio da pessoa física
do advogado.
Inscrição suplementar - exigida perante Conselhos Seccionais em que passar a atuar habitualmente (mais de
cinco causas por ano).
Mudança de domicílio - transferência da inscrição para o Conselho Seccional correspondente.
Suspensão da transferência ou inscrição suplementar – se se verificar a existência de vício ou ilegalidade na
inscrição principal, contra ela representando ao Conselho Federal.
“Art. 10. A inscrição principal do advogado deve ser feita no Conselho Seccional em cujo território pretende
estabelecer o seu domicílio profissional, na forma do regulamento geral.
§ 1º Considera-se domicílio profissional a sede principal da atividade de advocacia, prevalecendo, na dúvida, o
domicílio da pessoa física do advogado. ATENÇÃO PARA O DOMICÍLIO
§ 2º Além da principal, o advogado deve promover a inscrição suplementar nos Conselhos Seccionais em cujos
territórios passar a exercer habitualmente a profissão considerando-se habitualidade a intervenção judicial que
exceder de cinco causas por ano.
§ 3º No caso de mudança efetiva de domicílio profissional para outra unidade federativa, deve o advogado
requerer a transferência de sua inscrição para o Conselho Seccional correspondente. ATENÇÃO PARA A
TRANSFERÊNCIA
§ 4º O Conselho Seccional deve suspender o pedido de transferência ou de inscrição suplementar, ao verificar a
existência de vício ou ilegalidade na inscrição principal, contra ela representando ao Conselho Federal.
2.5.1.3 Cancelamento da inscrição
Art. 11. Cancela-se a inscrição do profissional que:
I - assim o requerer;
II - sofrer penalidade de exclusão;
III - falecer;
IV - passar a exercer, em caráter definitivo, atividade incompatível com a advocacia;
V - perder qualquer um dos requisitos necessários para inscrição.
§ 1º Ocorrendo uma das hipóteses dos incisos II, III e IV, o cancelamento deve ser promovido, de ofício, pelo
conselho competente ou em virtude de comunicação por qualquer pessoa.
§ 2º Na hipótese de novo pedido de inscrição - que não restaura o número de inscrição anterior - deve o
interessado fazer prova dos requisitos dos incisos I, V, VI e VII do art. 8º.
§ 3º Na hipótese do inciso II deste artigo, o novo pedido de inscrição também deve ser acompanhado de provas
de reabilitação.
2.5.1.4 Licença
“Art. 12. Licencia-se o profissional que:
I - assim o requerer, por motivo justificado;
II - passar a exercer, em caráter temporário, atividade incompatível com o exercício da advocacia;
III - sofrer doença mental considerada curável.
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2.5.1.5 Documento de identidade
Art. 13. O documento de identidade profissional, na forma prevista no regulamento geral, é de uso obrigatório
no exercício da atividade de advogado ou de estagiário e constitui prova de identidade civil para todos os fins
legais.
Art. 14. É obrigatória a indicação do nome e do número de inscrição em todos os documentos assinados pelo
advogado, no exercício de sua atividade.
Parágrafo único. É vedado anunciar ou divulgar qualquer atividade relacionada com o exercício da advocacia
ou o uso da expressão escritório de advocacia, sem indicação expressa do nome e do número de inscrição dos
advogados que o integrem ou o número de registro da sociedade de advogados na OAB.”
2.6 Inscrição de estagiário
O estagiário também tem que fazer a sua inscrição na Ordem. Para isso, ele deve estar cursando a partir do
sétimo período e não ser impedido de advogar. “O que vale para o maior também vale para o menor.”
“Art. 9º Para inscrição como estagiário é necessário:
I - preencher os requisitos mencionados nos incisos I, III, V, VI e VII do art. 8º;
II - ter sido admitido em estágio profissional de advocacia.
§ 1º O estágio profissional de advocacia, com duração de dois anos, realizado nos últimos anos do curso
jurídico, pode ser mantido pelas respectivas instituições de ensino superior pelos Conselhos da OAB, ou por
setores, órgãos jurídicos e escritórios de advocacia credenciadospela OAB, sendo obrigatório o estudo deste
Estatuto e do Código de Ética e Disciplina.
§ 2º A inscrição do estagiário é feita no Conselho Seccional em cujo território se localize seu curso jurídico.
§ 3º O aluno de curso jurídico que exerça atividade incompatível com a advocacia pode frequentar o estágio
ministrado pela respectiva instituição de ensino superior, para fins de aprendizagem, vedada a inscrição na
OAB.
§ 4º O estágio profissional poderá ser cumprido por bacharel em Direito que queira se inscrever na Ordem.
O Código de Ética também trata do estágio profissional a partir do artigo 27.
“Art. 27. O estágio profissional de advocacia, inclusive para graduados, e requisito necessário a inscrição no
quadro de estagiários da OAB e meio adequado de aprendizagem pratica.
§ 1o O estágio profissional de advocacia pode ser oferecido pela instituição de ensino superior autorizada e
credenciada, em convenio com a OAB, complementando-se a carga horaria do estágio curricular
supervisionado com atividades praticas tipicas de advogado e de estudo do Estatuto e do Código de Ética e
Disciplina, observado o tempo conjunto minimo de 300 (trezentas) horas, distribuído em dois ou mais anos.
§ 2o A complementação da carga horaria, no total estabelecido no convenio, pode ser efetivada na forma de
atividades jurídicas no núcleo de pratica jurídica da instituição de ensino, na Defensoria Publica, em escritórios
de advocacia ou em setores jurídicos públicos ou privados, credenciados e fiscalizados pela OAB.
§ 3o As atividades de estágio ministrado por instituição de ensino, para fins de convenio com a OAB, são
exclusivamente praticas, incluindo a redação de atos processuais e profissionais, as rotinas processuais, a
assistência e a atuação em audiências e sessões, as visitas a órgãos judiciários, a prestação de serviços
jurídicos e as técnicas de negociação coletiva, de arbitragem e de conciliação.
Sobre a realização do estágio, acrescenta o Código de Ética
Validade do estágio perante a defensoria Pública.
Art. 28. O estágio realizado na Defensoria Pública da União, do Distrito Federal ou dos Estados, na forma do
artigo 145 da Lei Complementar n. 80, de 12 de janeiro de 1994, e considerado válido para fins de inscrição no
quadro de estagiários da OAB.
Atos permitidos ao estágiário.
Art. 29. Os atos de advocacia, previstos no Art. 1o do Estatuto, podem ser subscritos por estagiário inscrito na
OAB, em conjunto com o advogado ou o defensor público.
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§ 1o O estagiário inscrito na OAB pode praticar isoladamente os seguintes atos, sob a responsabilidade do
advogado:
I – retirar e devolver autos em cartório, assinando a respectiva carga;
II – obter junto aos escrivães e chefes de secretárias certidões de pecas ou autos de processos em curso ou
findos;
III – assinar petições de juntada de documentos a processos judiciais ou administrativos.
§ 2o Para o exercício de atos extrajudiciais, o estagiário pode comparecer isoladamente, quando receber
autorização ou substabelecimento do advogado.
Art. 30. O estágio profissional de advocacia, realizado integralmente fora da instituição de ensino, compreende
as atividades fixadas em convenio entre o escritório de advocacia ou entidade que receba o estagiário e a OAB.
Comissão de estágio.
Art. 31. Cada Conselho Seccional mantem uma Comissão de Estagio e Exame de Ordem, a quem incumbe
coordenar, fiscalizar e executar as atividades decorrentes do estágio profissional da advocacia.
§ 1o Os convênios de estágio profissional e suas alterações, firmados pelo Presidente do Conselho ou da
Subseção, quando esta receber delegação de competência, são previamente elaborados pela Comissão, que
tem poderes para negociá-los com as instituições interessadas.
§ 2o A Comissão pode instituir subcomissões nas Subseções.
§ 3o (REVOGADO)
§ 4o Compete ao Presidente do Conselho Seccional designar a Comissão, que pode ser composta por
advogados não integrantes do Conselho.
2.7 Identidade profissional
O artigo 32 fala sobre a identidade profissional.
“Art. 32. são documentos de identidade profissional a carteira e o cartão emitidos pela OAB, de uso obrigatório
pelos advogados e estagiários inscritos, para o exercício de suas atividades.
Paragrafo único. O uso do cartão dispensa o da carteira.”
“Art. 33. A carteira de identidade do advogado, relativa a inscrição originaria, tem as dimensões de 7,00 (sete)
x 11,00 (onze) centímetros e observa os seguintes critérios:
I – a capa, em fundo vermelho, contem as armas da Republica e as expressões “Ordem dos Advogados do
Brasil” e “Carteira de Identidade de Advogado”;
II – a primeira pagina repete o conteúdo da capa, acrescentado da expressão “Conselho Seccional de (…)” e do
inteiro teor do art. 13 do Estatuto;
III – a segunda pagina destina-se aos dados de identificação do advogado, na seguinte ordem: numero da
inscrição, nome, filiação, naturalidade, data do nascimento, nacionalidade, data da colação de grau, data do
compromisso e data da expedição, e a assinatura do Presidente do Conselho Seccional;
IV – a terceira pagina e dividida para os espaços de uma foto 3 (três) x 4 (quatro) centímetros, da impressão
digital e da assinatura do portador;
V – as demais paginas, em branco e numeradas, destinam-se ao reconhecimento de firma dos signatários e as
anotações da OAB, firmadas pelo Secretário-Geral ou Adjunto, incluindo as incompatibilidades e os
impedimentos, o exercício de mandatos, as designações para comissões, as funções na OAB, os serviços
relevantes a profissão e os dados da inscrição suplementar, pelo Conselho que a deferir;
VI – a ultima pagina destina-se a transcrição do Art. 7o do Estatuto.
Paragrafo único. O Conselho Seccional pode delegar a competência do Secretário-Geral ao Presidente da
Subseção.”
Art. 34. O cartão de identidade tem o mesmo modelo e conteúdo do cartão de identificação pessoal (registro
geral), com as seguintes adaptações, segundo o modelo aprovado pela Diretoria do Conselho Federal:
I – o fundo e de cor branca e a impressão dos caracteres e armas da Republica, de cor vermelha;
II – O anverso contem os seguintes dados, nesta sequência: Ordem dos Advogados do Brasil, Conselho
Seccional de (…), Identidade de Advogado (em destaque), no da inscrição, nome, filiação, naturalidade, data do
nascimento e data da expedição, e a assinatura do Presidente, podendo ser acrescentados os dados de
identificação de registro geral, de CPF, eleitoral e outros;
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III – o verso destina-se a fotografia, observações e assinatura do portador.
§ 1o No caso de inscrição suplementar o cartão e especifico, indicando-se: “No da Inscrição Suplementar:” (em
negrito ou sublinhado).
§ 2o Os Conselhos Federal e Seccionais podem emitir cartão de identidade para os seus membros e para os
membros das Subseções, acrescentando, abaixo do termo “Identidade de Advogado”, sua qualificação de
conselheiro ou dirigente da OAB e, no verso, o prazo de validade, coincidente com o mandato.
Art. 35. O cartão de identidade do estagiário tem o mesmo modelo e conteúdo do cartão de identidade do
advogado, com a indicação de “Identidade de Estagiário”, em destaque, e do prazo de validade, quenão pode
ultrapassar três anos nem ser prorrogado.
Paragrafo único. O cartão de identidade do estagiário perde sua validade imediatamente apos a prestação do
compromisso como advogado.
Art. 36. O suporte material do cartão de identidade e resistente, devendo conter dispositivo para
armazenamento de certificado digital.”
2.8 Da sociedade de advogados
Os advogados podem reunir-se em sociedade civil de prestação de serviço de advocacia, na forma disciplinada
no Estatuto da OAB e no Regulamento Geral. A sociedade de advogados adquire personalidade jurídica com
registro aprovado dos seus atos constitutivos no Conselho Seccional da OAB, em cuja base territorial tiver
sede. Aplica-se à sociedade de advogados o Código e Ética e Disciplina, no que couber.
As procurações devem ser outorgadas individualmente aos advogados e indicar a sociedade de que façam
parte.
Não poderá o advogado integrar em mais de uma sociedade de advogados, com sede ou filiar na mesma área
territorial do respectivo Conselho Seccional. O ato de constituição de filiar dever ser averbado no registro da
sociedade e arquivado junto ao Conselho Seccional onde se instalar, fincando os sócios obrigados à inscrição
suplementar.
Os advogados sócios de uma mesma sociedade profissional não podem representar em juízo clientes de
interesses opostos.
Não poderão ser admitidos os registros, nem podem funcionar, as sociedades que apresentem forma ou
características MERCANTIS, que adotem denominação de fantasia, que realizem atividades estranhas à
advocacia, que incluam sócios não inscritos como advogado ou totalmente proibido de advogar.
2.8.1 Razão social da sociedade
A razão social deverá ter o nome de, pelo menos, um advogado responsável pela sociedade, podendo
permanecer o de sócio falecido, desde que prevista tal possibilidade no ato constitutivo.
2.8.2 Licença de sócio
O licenciamento do sócio para exercer atividade incompatível com advocacia em caráter temporário deve ser
averbado no registro da sociedade não alterando sua constituição.
É proibido o registro, nos cartórios de registro civil de pessoas jurídicas e nas juntas comerciais, de sociedade
que inclua, entre outras finalidades a atividade de advocacia.
Além da sociedade, o sócio responde subsidiária e ilimitadamente pelos danos causados aos clientes por
ações ou omissão no exercício da advocacia, sem prejuízo da responsabilidade disciplinar em que possa
incorrer.
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2.9 Do advogado empregado
A relação de emprego, na qualidade de advogado, não retira a isenção técnica nem reduz a independência
profissional inerente à advocacia. O advogado empregado não está obrigado à prestação de serviços
profissionais de interesse pessoal dos empregadores, fora da relação de emprego.
“Entende-se por isenção técnica do advogado empregado a total autonomia quanto à correta aplicação dos
atos, meios e prazos processuais, sem interferência do empregador. O advogado empregado não pode possuir
orientação tecnicamente incorreta, mesmo quando ditada pelo empregador. Em suma, na atuação técnica o
advogado deve seguir apenas sua consciência profissional e ética. Nessa área estritamente profissional, a
relação de emprego não o alcança” (Paulo Luiz Netto Lôbo)
2.9.1 Salário
O salário mínimo profissional do advogado será fixado em sentença normativa, salvo se ajustado em acordo
ou convenção coletiva de trabalho.
“Qual é valor mínimo para o salário de advogado contratado? Migalhas buscou saber qual é o piso salarial
praticado para os profissionais da advocacia nos Estados brasileiros. A constatação é que o valor varia
drasticamente de um Estado para outro e, na maioria das localidades, não há lei que defina valor mínimo para
o vencimento dos causídicos.
Na tabela abaixo, confira os valores definidos por lei estadual.
Estado Jornada Piso salarial Lei estadual
DF
4h diárias ou
20h semanais
R$ 2.387,64
Lei Distrital 5.368/14
8h diárias ou
40h semanais
R$ 3.561,43
MT
4h diárias ou
20h semanais
R$1.420,72
Lei 9.833/12
(Valor aproximado com reajuste pelo INPC) 8h diárias ou
40h semanais
R$2.324,82
PI
4h diárias ou
20h semanais
R$ 1.567,23
Lei 6.255/12
(Valor aproximado com reajuste pelo INPC) 8h diárias ou
40h semanais
R$ 2.612,05
RJ Não especificada R$ 2.684,99 Lei 7.267/16
RN
4h diárias ou
20h semanais
R$ 1.300,00
LC 548/15
8h diárias ou
40h semanais
R$ 2.600,00
Fonte: Migalhas
Nas demais localidades, embora ainda não haja definição do governo para a questão, muitas OABs tomam a
iniciativa de definir o que chamam de “valor mínimo ético” – um piso de referência – sugerido, mas não
oficial. Veja os valores.
Estado Especificações Piso salarial Observação
AC - R$ 1.920,00 Piso indicativo sugerido pela OAB/AC.
AP - R$ 5.600,00
A informação é da Comissão de Prerrogativas da
OAB/AP.
AM - R$2.450,00 Valor mínimo previsto na tabela de honorários
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2015 para remuneração de advogados em
escritórios ou empresas, com vínculo associativo
ou empregatício.
BA 40h semanais R$ 3.500,00
Piso de referência estabelecido pelo Pleno da
OAB/BA. Não há piso definido por lei.
CE 20h semanais R$ 2.350,00
Valor é sugerido pela Ordem. Há projeto em
tramitação na assembleia para fixar o piso.
MS
4h diárias ou
20h semanais
R$1.405,54 Resolução 11/12 fixou parâmetro para o piso
(valor aproximado com reajuste do índice IGP-
M). 8h diárias ou
40h semanais
R$2.190,30
PB
4h diárias ou
20h semanais
R$1.400,00 Valor definido pela Comissão do Piso Salarial da
OAB/PB. Será colocado em votação no Conselho
Estadual. 8h diárias ou
40h semanais
R$2.800,00
PR - R$ 3.174,00 Valor mínimo ético previsto pela OAB/PR.
RS - R$ 6.621,96
Sindicato dos advogados do Estado orientam o
valor de 6 salários mínimos com base em
acordos anteriores e julgados relativos a dissídio
coletivo no TRT da região.
SP
Valor p/ escritórios c/ até 4
advogados
R$ 2.774,25
Valor definido em tabela do Sindicato dos
Advogados de SP.
Valor p/ advogados com até
1 ano de OAB
R$ 2.774,25
De 1 a 2 anos de OAB R$ 3.484,46
De 2 a 4 anos de OAB R$ 4.250,16
De 4 a 6 anos de OAB R$ 5.215,59
SE 20h semanais R$ 2.000,00
Valor sugerido no Estado informado pela
OAB/SE.
Fonte: Migalhas”
http://www.migalhas.com.br/Quentes/17,MI243825,11049-Maioria+dos+Estados+nao+tem+piso+salarial+de+advogado+definido+por+lei
2.9.2 Jornada de trabalho
No exercício da profissão, não poderá exceder a duração de quatro horas contínuas e a de vinte horas
semanais, salvo acordo ou convenção coletiva ou em caso de dedicação exclusiva. Considera-se como período
de trabalho o tempo em que o advogado estiver à disposição do empregador, aguardando ou executando
ordens, no seu escritório ou em atividades externas, sendo-lhe reembolsadas as despesas feitas com
transporte, hospedagem e alimentação.
Art. 20. A jornada de trabalho do advogado empregado, no exercício da profissão, não poderá exceder a
duração diária de quatro horas contínuas e a de vinte horas semanais,salvo acordo ou convenção coletiva ou
em caso de dedicação exclusiva.
§ 1º Para efeitos deste artigo, considera-se como período de trabalho o tempo em que o advogado estiver à
disposição do empregador, aguardando ou executando ordens, no seu escritório ou em atividades externas,
sendo-lhe reembolsadas as despesas feitas com transporte, hospedagem e alimentação.
§ 2º As horas trabalhadas que excederem a jornada normal são remuneradas por um adicional não inferior a
cem por cento sobre o valor da hora normal, mesmo havendo contrato escrito.
§ 3º As horas trabalhadas no período das vinte horas de um dia até as cinco horas do dia seguinte são
remuneradas como noturnas, acrescidas do adicional de vinte e cinco por cento.
O regulamento geral define o que é dedicação exclusiva.
Art. 12. Para os fins do art. 20 da Lei nº 8.906/94, considera-se de dedicação exclusiva o regime de trabalho
que for expressamente previsto em contrato individual de trabalho. (NR)5
Parágrafo único. Em caso de dedicação exclusiva, serão remuneradas como extraordinárias as horas
trabalhadas que excederem a jornada normal de oito horas diárias.
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Portanto, nos termos do art. 20, §§, o adicional de horas extras equivale a 100%, o período noturno é
extendido – 20 às 5h – com adicional de 25%.
Jurisprudência. Não há definição de jornada máxima semanal. Referência OJ 403 SDI I TST:
OJ-SDI1-403 ADVOGADO EMPREGADO. CONTRATAÇÃO ANTERIOR A LEI Nº 8.906, DE 04.07.1994. JORNADA DE
TRABALHO MANTIDA COM O ADVENTO DA LEI. DEDICAÇÃO EXCLUSIVA. CARACTERIZAÇÃO. O advogado
empregado contratado para jornada de 40 horas semanais, antes da edição da Lei nº 8.906, de 04.07.1994,
está sujeito ao regime de dedicação exclusiva disposto no art. 20 da referida lei, pelo que não tem direito à
jornada de 20 horas semanais ou 4 diárias.
2.9.3 Honorários sucumbenciais
Além do valor ajustado a título de salário, os honorários de sucumbência são devidos ao advogado
empregado e não têm natureza salarial.
EAOAB. Art. 21. Nas causas em que for parte o empregador, ou pessoa por este representada, os honorários de
sucumbência são devidos aos advogados empregados.
Regulamento Geral. Art. 14. Os honorários de sucumbência, por decorrerem precipuamente do exercício da
advocacia e só acidentalmente da relação de emprego, não integram o salário ou a remuneração, não
podendo, assim, ser considerados para efeitos trabalhistas ou previdenciários.
A norma acima ainda considera que, em caso de sociedade, os honorários se constituem fundo comum. Neste
sentido, também o EAOAB e o Regulamento Geral, parágrafos únicos dos artigos 21 e 14, respectivamente:
EAOAB. Art. 21.
Parágrafo único. Os honorários de sucumbência, percebidos por advogado empregado de sociedade de
advogados são partilhados entre ele e a empregadora, na forma estabelecida em acordo.
Regulamento Geral. Art. 14.
Parágrafo único. Os honorários de sucumbência dos advogados empregados constituem fundo comum, cuja
destinação é decidida pelos profissionais integrantes do serviço jurídico da empresa ou por seus
representantes.
Releva acrescer, ademais, que evitando toda e qualquer discussão acerca disso, estatuiu a Lei 8.906/94, em
seu art. 24, § 3º, ser "... nula qualquer disposição, cláusula, regulamento ou convenção individual ou coletiva
que retire do advogado o direito ao recebimento dos honorários de sucumbência". Esse dispositivo legal, em
função de medida liminar concedida pelo STF no bojo da ADIn nº 1.194-4, teve a sua eficácia suspensa,
admitindo-se liberdade de pactuação a respeito.
2.9.4 Interesses pessoais do empregador
O advogado empregado não é obrigado a prestar trabalhos que extrapolam a órbita da relação de emprego,
atendendo interesses pessoais dos empregadores, conforme art. 18, p. único do EAOAB.
A questão foi pontualmente incluída no estatuto porque é muito comum a confusão dos donos das empresas,
especialmente pequenas e médias, de incluir nas tarefas do advogado questões pessoais,
familiares/domésticas para os advogados resolverem.
2.9.5 Da organização sindical e atuação da OAB
No que se refere à representação sindical em favor do advogado empregado, estabelece o Regulamento
Geral, em seu art. 11, que "compete a sindicato de advogados e, na sua falta, a federação ou confederação de
advogados, a representação destes nas convenções coletivas celebradas com as entidades sindicais
representativas dos empregadores, nos acordos coletivos celebrados com a empresa empregadora e nos
dissídios coletivos perante a Justiça do Trabalho, aplicáveis às relações de trabalho".
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Compatibilizam-se, pois, as atuações da entidade sindical e da OAB eis que esta possui a finalidade de
"promover, com exclusividade, a representação, a defesa, a seleção e a disciplina dos advogados em toda a
República Federativa do Brasil" (Estatuto: art. 44, II). Em se tratando de interesses trabalhistas, a atuação
compete à entidade sindical competente.
2.9.6 Advogado empregado de banco.
Súmula 102/TST
V - O advogado empregado de banco, pelo simples exercício da advocacia, não exerce cargo de confiança, não
se enquadrando, portanto, na hipótese do § 2º do art. 224 da CLT. (ex-OJ nº 222 da SBDI-I - inserida em
20.06.2001)
2.10 Honorários Advocatícios
2.10.1 Definição, espécies e natureza jurídica
O termo "honorário" tem origem do latim honorarius, cujo radical honor também dá origem à palavra honra.
Em seu sentido original significava toda a coisa ou valor dado em contraprestação e que é recebida em nome
da honra, sem conotação pecuniária (fonte).
Atualmente, a palavra perdeu a conotação subjetiva de honra para dar lugar ao sentido objetivo de
remuneração a um serviço prestado. O dicionário Michaelis define honorários como: "Retribuição aos que
exercem uma profissão liberal; estipêndio, remuneração." Quando o serviço é prestado por um advogado, a
contraprestação são os honorários advocatícios.
Existem três espécies de honorários advocatícios, de acordo com o art. 22 da Lei 8.906/94 (Estatuto da
Advocacia e da OAB):
a) convencionais ou contratuais
b) de sucumbência
c) arbitrados judicialmente
Vejamos:
"Art. 22. A prestação de serviço profissional assegura aos inscritos na OAB o direito aos honorários
convencionados, aos fixados por arbitramento judicial e aos de sucumbência."
Quanto à natureza jurídica, o CPC determina que os honorários pertencem ao advogado, diferentemente das
despesas que devem ser reembolsadas à parte. Reforça-se esta distinção nos artigos no Art. 82, § 2º ("A
sentença condenará o vencido a pagar ao vencedor as despesas que antecipou") e no art. 85 ("A sentença
condenará o vencido a pagar honorários ao advogado do vencedor").
2.10.2 Honorários convencionais ou contratuais
São os honorários combinados entre advogado e cliente, normalmente através de um contrato escrito. Ou
seja, é o valor que o cliente paga para o seu próprio advogado.
Esta espécie de honorários pode ser cobrada de várias formas, tudo depende do que for combinado. Por
exemplo:
a) Um valor fechado no início do processo;
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b) Um valor mensal enquanto durar o processo;
c) Um valor ao final do processo, em caso de sucesso; (o item c é conhecido como cláusula quota litis (a
remuneração do advogado depende do seu sucesso na demanda, pois em caso de derrota nada
receberá). Embora não recomendada, a adoção da cláusula quota litis é possível, em caráter
excepcional)
d) Uma combinação dos itens acima.
Parcelamento. Salvo estipulação em contrário, um terço dos honorários é devido no início do serviço, outro
terço até a decisão de primeira instância e o restante no final.
2.10.3 Honorários sucumbenciais
São os honorários que, em um processo, a parte perdedora deve pagar ao advogado da parte ganhadora. Os
honorários de sucumbência e os contratuais são independentes, de forma que o advogado pode receber
tanto um quanto outro.
Esses honorários são fixados pelo juiz que presidiu este processo de acordo com a regra do arts. 85/87 do CPC
Art. 85. A sentença condenará o vencido a pagar honorários ao advogado do vencedor.
§ 1o São devidos honorários advocatícios na reconvenção, no cumprimento de sentença, provisório ou
definitivo, na execução, resistida ou não, e nos recursos interpostos, cumulativamente.
§ 2o Os honorários serão fixados entre o mínimo de dez e o máximo de vinte por cento sobre o valor da
condenação, do proveito econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da
causa, atendidos:
I - o grau de zelo do profissional;
II - o lugar de prestação do serviço;
III - a natureza e a importância da causa;
IV - o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu serviço.
(...)
§ 8o Nas causas em que for inestimável ou irrisório o proveito econômico ou, ainda, quando o valor da causa
for muito baixo, o juiz fixará o valor dos honorários por apreciação equitativa, observando o disposto nos
incisos do § 2o.
§ 9o Na ação de indenização por ato ilícito contra pessoa, o percentual de honorários incidirá sobre a soma das
prestações vencidas acrescida de 12 (doze) prestações vincendas.
§ 10. Nos casos de perda do objeto, os honorários serão devidos por quem deu causa ao processo.
§ 11. O tribunal, ao julgar recurso, majorará os honorários fixados anteriormente levando em conta o trabalho
adicional realizado em grau recursal, observando, conforme o caso, o disposto nos §§ 2o a 6o, sendo vedado
ao tribunal, no cômputo geral da fixação de honorários devidos ao advogado do vencedor, ultrapassar os
respectivos limites estabelecidos nos §§ 2o e 3o para a fase de conhecimento.
§ 12. Os honorários referidos no § 11 são cumuláveis com multas e outras sanções processuais, inclusive as
previstas no art. 77.
§ 13. As verbas de sucumbência arbitradas em embargos à execução rejeitados ou julgados improcedentes e
em fase de cumprimento de sentença serão acrescidas no valor do débito principal, para todos os efeitos
legais.
§ 14. Os honorários constituem direito do advogado e têm natureza alimentar, com os mesmos privilégios dos
créditos oriundos da legislação do trabalho, sendo vedada a compensação em caso de sucumbência parcial.
§ 15. O advogado pode requerer que o pagamento dos honorários que lhe caibam seja efetuado em favor da
sociedade de advogados que integra na qualidade de sócio, aplicando-se à hipótese o disposto no § 14.
§ 16. Quando os honorários forem fixados em quantia certa, os juros moratórios incidirão a partir da data do
trânsito em julgado da decisão.
§ 17. Os honorários serão devidos quando o advogado atuar em causa própria.
§ 18. Caso a decisão transitada em julgado seja omissa quanto ao direito aos honorários ou ao seu valor, é
cabível ação autônoma para sua definição e cobrança.
§ 19. Os advogados públicos perceberão honorários de sucumbência, nos termos da lei.
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Art. 86. Se cada litigante for, em parte, vencedor e vencido, serão proporcionalmente distribuídas entre eles as
despesas.
Parágrafo único. Se um litigante sucumbir em parte mínima do pedido, o outro responderá, por inteiro, pelas
despesas e pelos honorários.
Art. 87. Concorrendo diversos autores ou diversos réus, os vencidos respondem proporcionalmente pelas
despesas e pelos honorários.
§ 1o A sentença deverá distribuir entre os litisconsortes, de forma expressa, a responsabilidade proporcional
pelo pagamento das verbas previstas no caput.
§ 2o Se a distribuição de que trata o § 1o não for feita, os vencidos responderão solidariamente pelas despesas
e pelos honorários.
2.10.4 Honorários arbitrados judicialmente
Quando advogado e cliente não combinam previamente os honorários contratuais, ou combinam
verbalmente e depois discordam, nascem os honorários arbitrados judicialmente. Um juiz analisará o caso e
fixará o valor que entender correto, não podendo fixar um valor menor do que o estipulado pela tabela de
honorários da OAB. Vejamos o que diz a lei 8906/94:
Art. 22.
§ 2º Na falta de estipulação ou de acordo, os honorários são fixados por arbitramento judicial, em
remuneração compatível com o trabalho e o valor econômico da questão, não podendo ser inferiores aos
estabelecidos na tabela organizada pelo Conselho Seccional da OAB.
2.10.5 Considerações éticas na contratação de honorários
O novo Código de Ética tratou em seus artigos 48 ao 54 da forma do pagamento da prestação do serviço dos
advogados. Os honorários profissionais, advocatícios. Não podemos confundir com os honorários de
sucumbência, que são os que devem ser pagos por quem perder a demanda, fixados pelo em sentença ou
acórdão.
Art. 48. A prestação de serviços profissionais por advogado, individualmente ou integrado em sociedades, será
contratada, preferentemente, por escrito.
§ 1º O contrato de prestação de serviços de advocacia não exige forma especial, devendo estabelecer, porém,
com clareza e precisão, o seu objeto, os honorários ajustados, a forma de pagamento, a extensão do
patrocínio, esclarecendo se este abrangerá todos os atos do processo ou limitar-se-á a determinado grau de
jurisdição, além de dispor sobre a hipótese de a causa encerrar-se mediante transação ou acordo.
§ 2º A compensação de créditos, pelo advogado, de importâncias devidas ao cliente, somente será admissível
quando o contrato de prestação de serviços a autorizar ou quando houver autorização especial do cliente para
esse fim, por este firmada.
§ 3º O contrato de prestação de serviços poderá dispor sobre a forma de contratação de profissionais para
serviços auxiliares, bem como sobre o pagamento de custas e emolumentos, os quais, na ausência de
disposição em contrário, presumem-se devam ser atendidos pelo cliente. Caso o contrato preveja que o
advogado antecipe tais despesas, ser-lhe-á lícito reter o respectivo valor atualizado, no ato de prestação de
contas, mediante comprovação documental.
§ 4º As disposições deste capítulo aplicam-se à mediação, à conciliação, à arbitragem ou a qualquer outro
método adequado de solução dos conflitos.
§ 5º É vedada, em qualquer hipótese, a diminuição dos honorários contratados em decorrência da solução do
litígio por qualquer mecanismo adequado de solução extrajudicial.
§ 6º Deverá o advogado observar o valor mínimo da Tabela de Honorários instituída pelo respectivo ConselhoSeccional onde for realizado o serviço, inclusive aquele referente às diligências, sob pena de caracterizar-se
aviltamento de honorários.
§ 7º O advogado promoverá, preferentemente, de forma destacada a execução dos honorários contratuais ou
sucumbenciais.
Art. 49. Os honorários profissionais devem ser fixados com moderação, atendidos os elementos seguintes:
I – a relevância, o vulto, a complexidade e a dificuldade das questões versadas;
II – o trabalho e o tempo a ser empregados;
III – a possibilidade de ficar o advogado impedido de intervir em outros casos, ou de se desavir com outros
clientes ou terceiros;
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IV – o valor da causa, a condição econômica do cliente e o proveito para este resultante do serviço profissional;
V – o caráter da intervenção, conforme se trate de serviço a cliente eventual, frequente ou constante;
VI – o lugar da prestação dos serviços, conforme se trate do domicílio do advogado ou de outro;
VII – a competência do profissional;
VIII – a praxe do foro sobre trabalhos análogos.
Art. 50. Na hipótese da adoção de cláusula quota litis, os honorários devem ser necessariamente representados
por pecúnia e, quando acrescidos dos honorários da sucumbência, não podem ser superiores às vantagens
advindas a favor do cliente.
§ 1º A participação do advogado em bens particulares do cliente só é admitida em caráter excepcional, quando
esse, comprovadamente, não tiver condições pecuniárias de satisfazer o débito de honorários e ajustar com o
seu patrono, em instrumento contratual, tal forma de pagamento.
§ 2º Quando o objeto do serviço jurídico versar sobre prestações vencidas e vincendas, os honorários
advocatícios poderão incidir sobre o valor de umas e outras, atendidos os requisitos da moderação e da
razoabilidade.
Art. 51. Os honorários da sucumbência e os honorários contratuais, pertencendo ao advogado que houver
atuado na causa, poderão ser por ele executados, assistindo-lhe direito autônomo para promover a execução
do capítulo da sentença que os estabelecer ou para postular, quando for o caso, a expedição de precatório ou
requisição de pequeno valor em seu favor.
§ 1º No caso de substabelecimento, a verba correspondente aos honorários da sucumbência será repartida
entre o substabelecente e o substabelecido, proporcionalmente à atuação de cada um no processo ou
conforme haja sido entre eles ajustado.
§ 2º Quando for o caso, a Ordem dos Advogados do Brasil ou os seus Tribunais de Ética e Disciplina poderão ser
solicitados a indicar mediador que contribua no sentido de que a distribuição dos honorários da sucumbência,
entre advogados, se faça segundo o critério estabelecido no § 1º.
§ 3º Nos processos disciplinares que envolverem divergência sobre a percepção de honorários da sucumbência,
entre advogados, deverá ser tentada a conciliação destes, preliminarmente, pelo relator.
Art. 52. O crédito por honorários advocatícios, seja do advogado autônomo, seja de sociedade de advogados,
não autoriza o saque de duplicatas ou qualquer outro título de crédito de natureza mercantil, podendo,
apenas, ser emitida fatura, quando o cliente assim pretender, com fundamento no contrato de prestação de
serviços, a qual, porém, não poderá ser levada a protesto.
Parágrafo único. Pode, todavia, ser levado a protesto o cheque ou a nota promissória emitido pelo cliente em
favor do advogado, depois de frustrada a tentativa de recebimento amigável.
Art. 53. É lícito ao advogado ou à sociedade de advogados empregar, para o recebimento de honorários,
sistema de cartão de crédito, mediante credenciamento junto a empresa operadora do ramo.
Parágrafo único. Eventuais ajustes com a empresa operadora que impliquem pagamento antecipado não
afetarão a responsabilidade do advogado perante o cliente, em caso de rescisão do contrato de prestação de
serviços, devendo ser observadas as disposições deste quanto à hipótese.
Art. 54. Havendo necessidade de promover arbitramento ou cobrança judicial de honorários, deve o advogado
renunciar previamente ao mandato que recebera do cliente em débito.”
Apenas para relembrar a norma do art. 85 do CPC:
“ Art. 85. A sentença condenará o vencido a pagar honorários ao advogado do vencedor.
§ 1º São devidos honorários advocatícios na reconvenção, no cumprimento de sentença, provisório ou
definitivo, na execução, resistida ou não, e nos recursos interpostos, cumulativamente.
§ 2º Os honorários serão fixados entre o mínimo de dez e o máximo de vinte por cento sobre o valor da
condenação, do proveito econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da
causa, atendidos:
I – o grau de zelo do profissional;
II – o lugar de prestação do serviço;
III – a natureza e a importância da causa;
IV – o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu serviço.”
O legislador, como se percebe, quer persuadir os litigantes a diminuir a litigiosidade, já que previu
expressamente que haverá condenação em honorários advocatícios na reconvenção, no cumprimento de
sentença, na execução (ainda que não haja resistência) e nos recursos interpostos.
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Assim, é possível, por exemplo, que uma sentença tenha condenado a parte em 10% de honorários e interpõe
apelação exclusivamente para ampliar esta condenação.
Os honorários advocatícios de sucumbência não precluem pelo não manejo de recurso no CPC, diferençando-
se, neste ponto, da condenação principal. Ou seja, havendo omissão na sentença, mesmo transitada em
julgado, é possível ajuizar ação autônoma para que sejam arbitrados os honorários sucumbenciais.
Especificamente em relação aos honorários advocatícios recursais, é importante destacar que o percentual
total na fase de conhecimento não poderá ultrapassar 20% da condenação ou valor atualizado da causa.
Assim, se a condenação em sentença for fixada em 20%, não será mais possível ao tribunal ampliar os
honorários advocatícios, no entanto, se fixado em percentual menor, será obrigatório o aumento da verba
honorária quando do julgamento do recurso.
2.10.6 Da advocacia pro bono
No novo Código de Ética foi regulamentada a advocacia pro bono, que pode ser literalmente traduzida em
"para o bem". O trabalho pro bono caracteriza-se como uma atividade gratuita e voluntária. O que diferencia
o voluntariado da atividade pro bono, entretanto, é que esta é exercida com caráter e competências
profissionais, mantendo, ainda assim, o fato de ser uma atividade não remunerada.
A advocacia pro bono, significa, portanto, advocacia para o bem. E pode ser definida como a prestação
gratuita de serviços jurídicos na promoção do acesso à Justiça. Ela não deve ser confundida com a assistência
jurídica pública gratuita, prevista na Constituição Federal (artigo 5°, inciso LXXIV e artigo 134 – que trata da
Defensoria Pública).
Vamos verificar o que está descrito no novo Código de Ética.
Art. 30. No exercício da advocacia pro bono, e ao atuar como defensor nomeado, conveniado ou dativo, o
advogado empregará o zelo e a dedicação habituais, de forma que a parte por ele assistida se sinta amparada
e confie no seu patrocínio.
§ 1º Considera-se advocacia pro bono a prestação gratuita, eventual e voluntária de serviços jurídicosem favor
de instituições sociais sem fins econômicos e aos seus assistidos, sempre que os beneficiários não dispuserem
de recursos para a contratação de profissional.
§ 2º A advocacia pro bono pode ser exercida em favor de pessoas naturais que, igualmente, não dispuserem de
recursos para, sem prejuízo do próprio sustento, contratar advogado.
§ 3º A advocacia pro bono não pode ser utilizada para fins político-partidários ou eleitorais, nem beneficiar
instituições que visem a tais objetivos, ou como instrumento de publicidade para captação de clientela.”
2.11 Das Incompatibilidades e Impedimentos
A definição de incompatibilidade prevista no artigo 27, EAOAB, remete à proibição total para o exercício da
advocacia, enquanto o impedimento seria a proibição parcial. Assim, nos artigos seguintes, 28 e 29, tem-se a
determinação das hipóteses de uma e outra situação.
Quanto às incompatibilidades, disciplina a norma do art. 28. É de se observar que o uso da palavra
“atividades” no artigo 28 tem nítida intenção de dar considerável abrangência para incluir questões atinentes
a trabalho, ofício, tarefa, profissão, a fim de abarcar cargos, funções, designações e incumbências, não apenas
permanentes e efetivos mas também comissionados, por designação, de forma temporária. O termo por
certo não exclui situações em razão da forma do vínculo jurídico que poderá ser estatutário, celetista ou,
ainda, por contrato, mandato ou outro.
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Art. 28. § 1º A incompatibilidade permanece mesmo que o ocupante do cargo ou função deixe de exercê-lo
temporariamente.
No elenco de incompatibilidades estão
• chefe do Poder Executivo e membros da Mesa do Poder Legislativo e seus substitutos legais;
Quanto ao executivo, fala-se em nível federal, estadual, municipal. Quanto aos membros do legislativo,
apenas os exercentes da administração das Casas Legislativas. Os demais são impedidos como se examinará
(art. 30, II). Incluem-se os substitutos legais, ou seja, vices. Justifica-se pela proximidade do substituto ao
centro de poder político, pela iminência de assunção do cargo em substituição e a necessária renúncia aos
poderes conferidos por eventuais clientes e, ainda, pelas dificuldades práticas na delimitação temporal entre
as épocas de efetiva substituição do titular.
• membros de órgãos do Poder Judiciário, do Ministério Público, dos tribunais e conselhos de contas,
dos juizados especiais, da justiça de paz, juízes classistas, bem como de todos os que exerçam
função de julgamento em órgãos de deliberação coletiva da administração pública direta e indireta;
A incompatibilidade vai desde a nomeação e posse e segue por toda a investidura. A ADI 1127-8 afasta da sua
abrangência os membros da Justiça Eleitoral e os juízes suplentes não remunerados. Importante fazer
referência à limitação constitucional aos juízes, que não é classificada como impedimento ou
incompatibilidade, prevista no art. 95, p. único, V, CRFB
Art. 95.
Parágrafo único. Aos juízes é vedado:
V. exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou, antes de decorridos três anos do afastamento do
cargo por aposentadoria ou exoneração
Quanto aos membros do MP, excepcionam-se os que já estavam no cargo antes da CRFB:
Art. 83. Não se aplica o disposto no art. 28, inciso II, desta lei, aos membros do Ministério Público que, na data
de promulgação da Constituição, se incluam na previsão do art. 29, § 3º, do seu Ato das Disposições
Constitucionais Transitórias.
A lei 13.316/2016, em seu art. 21 contém vedação aos servidores do MPU:
Lei 13.316/2016. Art. 21. Aos servidores efetivos, requisitados e sem vínculo do Ministério Público da União é
vedado o exercício da advocacia e de consultoria técnica, ressalvado o disposto no art. 29 da Lei no 8.906, de 4
de julho de 1994.
EAOAB. Art. 29. Os Procuradores Gerais, Advogados Gerais, Defensores Gerais e dirigentes de órgãos jurídicos
da Administração Pública direta, indireta e fundacional são exclusivamente legitimados para o exercício da
advocacia vinculada à função que exerçam, durante o período da investidura.
Não existe direito adquirido aos servidores do MPU que já estavam no cargo antes da vigência da lei que,
aliás, revogou lei de 2006 e já havia este entendimento.
Súmula 02/2009, CFOAB:
Exercício da advocacia por servidores do Ministério Público. Impossibilidade. Inteligência do art. 28, inc. II, do
EAOAB. A expressão ‘membros’ designa toda pessoa que pertence ou faz parte de uma corporação, sociedade
ou agremiação (De Plácido e Silva, Vocabulário Jurídico, Forense, 15ª ed.). Dessa forma, todos os servidores
vinculados aos órgãos e instituições mencionados no art. 28, inc. II, do Estatuto da AOAB são incompatíveis
para o exercício da advocacia. Cada uma das três categorias – Magistratura, Advocacia e Ministério Público –
embora atuem, todas, no sentido de dar concretude ao ideal de Justiça, tem, cada qual, um campo definido de
atribuições, em cuja distinção se verifica, justamente, o equilíbrio necessário para que esse ideal seja atingido,
não devendo, pois, serem misturadas ou confundidas, deixando a cargo de uma só pessoa o exercício
simultâneo de tais incumbências. São incompatíveis, portanto, para o exercício da advocacia, quaisquer
servidores vinculados ao Ministério Público”.
Quanto aos membros do Tribunais de Conta, a vedação tem sustentação na isonomia constitucional dos
integrantes dos TC da União em relação aos Ministros do STJ, para efeitos de garantias, impedimentos,
vencimentos e vantagens (art. 73 § 3º)
Art. 73. O Tribunal de Contas da União, integrado por nove Ministros, tem sede no Distrito Federal, quadro
próprio de pessoal e jurisdição em todo o território nacional, exercendo, no que couber, as atribuições previstas
no art. 96.
§ 3° Os Ministros do Tribunal de Contas da União terão as mesmas garantias, prerrogativas, impedimentos,
vencimentos e vantagens dos Ministros do Superior Tribunal de Justiça, aplicando-se-lhes, quanto à
aposentadoria e pensão, as normas constantes do art. 40
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Incompatíveis com o exercício da advocacia são os Conselheiros e Auditores que possam substituí-los (art. 28,
II, da Lei 8.906/94). Todos os demais servidores dos Tribunais e Conselhos de Contas estão dispensados sujeitos
aos impedimentos previstos no art. 30, I, da Lei 8.906/94. Precedente de uniformização de jurisprudência.
(Proc. 005.139/97/PCA-MS, Rel. Paulo Luiz Netto Lôbo, j. 20.10.97, DJ 05.11.98, p. 56922)
No que se refere aos auxiliares nos Juizados Especiais, a CFOAB decidiu:
EMENTA N. 021/2013/COP. Os Juízes Leigos, escolhidos dentre advogados, ficam apenas impedidos de exercer
a advocacia nos Juizados Especiais, na forma prevista nas Leis n. 9.099/1995 e n. 12.153/2009 e no art. 30, I,
da Lei 8.906/94. Caso os Conciliadores sejam também escolhidos dentre advogados, caberá a mesma regra
aplicável aos Juízes Leigos, ou seja, serão eles apenas impedidos para o exercício da advocacia nos Juizados
Especiais (Leis n. 9.099/1995 e n. 12.153/2009) e na forma do art. 30, I, da Lei n. 8.906/94. Interpretação
sistemática dos arts. 7º da Lei 9.099/1995, 15 da Lei n. 12.153/2009 e 28, incisos II e IV, da Lei 8.906/94 c/c art.
8º doRegulamento Geral do EAOAB. ACÓRDÃO: Vistos, relatados e discutidos os autos do processo em
referência, acordam os membros do Conselho Pleno do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil,
por maioria, em conhecer da consulta e respondê-la nos termos do voto do Relator, parte integrante deste.
Brasília, 9 de setembro de 2013. Claudio Pacheco Prates Lamachia, Presidente em exercício. Carlos Alberto de
Jesus Marques, Relator.
Quanto à Justiça de Paz, a vedação tem consonância com o art. 98, II, CRFB
Art. 98. A União, no Distrito Federal e nos Territórios, e os Estados criarão:
II - justiça de paz, remunerada, composta de cidadãos eleitos pelo voto direto, universal e secreto, com
mandato de quatro anos e competência para, na forma da lei, celebrar casamentos, verificar, de ofício ou em
face de impugnação apresentada, o processo de habilitação e exercer atribuições conciliatórias, sem caráter
jurisdicional, além de outras previstas na legislação.
Os Conselheiros do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – CARF, bem como parentes até segundo
grau – linha reta e colateral – também foram proibidos de exercer a advocacia pelo CFOAB exerçam a
advocacia.
• ocupantes de cargos ou funções de direção em Órgãos da Administração Pública direta ou indireta,
em suas fundações e em suas empresas controladas ou concessionárias de serviço público;
Art. 28. § 2º Não se incluem nas hipóteses do inciso III os que não detenham poder de decisão relevante sobre
interesses de terceiro, a juízo do conselho competente da OAB, bem como a administração acadêmica
diretamente relacionada ao magistério jurídico.
• ocupantes de cargos ou funções vinculados direta ou indiretamente a qualquer órgão do Poder
Judiciário e os que exercem serviços notariais e de registro;
• ocupantes de cargos ou funções vinculados direta ou indiretamente a atividade policial de qualquer
natureza
o delegados, investigadores, peritos, agentes e quaisquer outros servidores como técnicos
administrativos, secretários, motoristas e outros que ocupem cargos ou funções vinculadas à
polícia federal, polícia rodoviária federal, polícia ferroviária federal, polícias civis, polícias
militares e corpos de bombeiros, ainda que por disponibilidade e mesmo em desvio de
função.
o guardas municipais, guardas de presídios, agentes penitenciários, e até mesmo empregados
de empresas privadas que prestem serviços na área de segurança pública por contratos com o
Poder Público
o Despachantes policiais e despachantes junto aos DETRANs. Decisão do CFOAB
• militares de qualquer natureza, na ativa;
• ocupantes de cargos ou funções que tenham competência de lançamento, arrecadação ou
fiscalização de tributos e contribuições parafiscais;
o auditores, técnicos e fiscais da Receita Federal, fiscais e auditores do INSS, auditores e fiscais
de tributos estaduais e municipais, assim como quaisquer outros que desempenhem
competência de lançamento, arrecadação ou fiscalização de tributos e de contribuições
parafiscais.
o CFOAB. Atividade limitada e sem poder de efetuar lançamento, arrecadar ou fiscalizar tributos
- Incompatibilidade inexistente, mas sim impedimento – As causas de incompatibilidade do
art. 28 do EAOAB são de direito estrito, não se admitindo interpretação extensiva para o
alcance de outras situações, como a tratada nos autos. Recurso provido por maioria. (Recurso
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nº 0368/2003/PCA- MG. Relator: Conselheiro Jorge da Silva Fraxe (RR). Redistribuído:
Conselheiro Joaquim Pinto Souto Maior (RR). Pedido de vista: Conselheiro Edgard Luiz
Cavalcanti de Albuquerque (PR), julgamento: 05.04.2004, por maioria, DJ 27.05.2004, p. 595,
S1).
• ocupantes de funções de direção e gerência em instituições financeiras, inclusive privadas.
Entende-se por instituições financeiras os bancos, as bolsas de valores e de mercadorias e futuros, as
distribuidoras e corretoras de câmbio e de valores mobiliários, as sociedades de crédito, financiamento e
investimentos, as sociedades de crédito imobiliário e de arrendamento mercantil, as administradoras de
cartões de crédito e de mercado de balcão organizado, as cooperativas de crédito, associações de poupança e
empréstimo e as entidades de liquidação e compensação, sejam públicos ou privados.
Somente o bacharel que tenha poderes de decisão sobre as situações antes mencionadas, a critério da OAB,
deve ser alcançado pela incompatibilidade prevista nesse dispositivo.
Os impedimentos, definidos no art. 30, representam restrição parcial ao exercício da advocacia.
• os servidores da administração direta, indireta e fundacional, contra a Fazenda Pública que os
remunere ou à qual seja vinculada a entidade empregadora, excluídos os docentes dos cursos
jurídicos.
A expressão Fazenda Pública ganha interpretação ampla no dispositivo, para abranger a administração pública
como um todo, a estrutura administrativa do Estado, nas esferas federal, estadual e municipal. Em cada uma
das três esferas, a administração pública se divide em direta e indireta, sendo a primeira composta pelo
próprio ente político – a União, o Estado, o Município e seus órgãos internos que são desprovidos de
personalidade jurídica própria, como Ministérios em nível federal – e Secretarias, em níveis estadual e
municipal.
Por sua vez, a administração indireta é composta por entes criados por lei, com personalidade jurídica
própria, seja para o cumprimento de funções típicas de Estado – por isso são pessoas jurídicas de direito
público, como autarquias (incluídas no conceito as agências reguladoras) e as fundações públicas; seja para
atuarem na atividade econômica, em igualdade de condições com particulares – por pessoas jurídicas de
direito privado, que é o caso das empresas públicas e das sociedades de economia mista (art. 173 § 2º CF).
• os membros do Poder Legislativo, em seus diferentes níveis, contra ou a favor das pessoas jurídicas
de direito público, empresas públicas, sociedades de economia mista, fundações públicas,
entidades paraestatais ou empresas concessionárias ou permissionárias de serviço público.
Membros do Poder Legislativo são os agentes políticos eleitos por voto popular. São os Senadores, Deputados
Federais e estaduais e Vereadores, aos quais há impedimento para advogar contra a administração pública
por inteiro.
Art. 27. A incompatibilidade determina a proibição total, e o impedimento, a proibição parcial do exercício da
advocacia.
Art. 28. A advocacia é incompatível, mesmo em causa própria, com as seguintes atividades:
I - chefe do Poder Executivo e membros da Mesa do Poder Legislativo e seus substitutos legais;
II - membros de órgãos do Poder Judiciário, do Ministério Público, dos tribunais e conselhos de contas, dos
juizados especiais, da justiça de paz, juízes classistas, bem como de todos os que exerçam função de
julgamento em órgãos de deliberação coletiva da administração pública direta e indireta; (Vide ADIN 1127-8)
III - ocupantes de cargos ou funções de direção em Órgãos da Administração Pública direta ou indireta, em
suas fundações e em suas empresas controladas ou concessionárias de serviço público;
IV - ocupantes de cargos ou funções vinculados direta ou indiretamente a qualquer órgão do Poder Judiciário e
os que exercem serviços notariais e de registro;
V - ocupantes de cargos ou funções vinculados direta ou indiretamente a atividade policial de qualquer
natureza;
VI - militares de qualquer natureza, na ativa;
VII - ocupantes de cargos ou funções que tenham competência de lançamento, arrecadaçãoou fiscalização de
tributos e contribuições parafiscais;
VIII - ocupantes de funções de direção e gerência em instituições financeiras, inclusive privadas.
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§ 1º A incompatibilidade permanece mesmo que o ocupante do cargo ou função deixe de exercê-lo
temporariamente.
§ 2º Não se incluem nas hipóteses do inciso III os que não detenham poder de decisão relevante sobre
interesses de terceiro, a juízo do conselho competente da OAB, bem como a administração acadêmica
diretamente relacionada ao magistério jurídico.
Art. 29. Os Procuradores Gerais, Advogados Gerais, Defensores Gerais e dirigentes de órgãos jurídicos da
Administração Pública direta, indireta e fundacional são exclusivamente legitimados para o exercício da
advocacia vinculada à função que exerçam, durante o período da investidura.
Art. 30. São impedidos de exercer a advocacia:
I - os servidores da administração direta, indireta e fundacional, contra a Fazenda Pública que os remunere ou
à qual seja vinculada a entidade empregadora;
II - os membros do Poder Legislativo, em seus diferentes níveis, contra ou a favor das pessoas jurídicas de
direito público, empresas públicas, sociedades de economia mista, fundações públicas, entidades paraestatais
ou empresas concessionárias ou permissionárias de serviço público.
Parágrafo único. Não se incluem nas hipóteses do inciso I os docentes dos cursos jurídicos.
2.12 Da Ética do Advogado
Art. 31. O advogado deve proceder de forma que o torne merecedor de respeito e que contribua para o
prestígio da classe e da advocacia.
§ 1º O advogado, no exercício da profissão, deve manter independência em qualquer circunstância.
§ 2º Nenhum receio de desagradar a magistrado ou a qualquer autoridade, nem de incorrer em
impopularidade, deve deter o advogado no exercício da profissão.
Art. 32. O advogado é responsável pelos atos que, no exercício profissional, praticar com dolo ou culpa.
Parágrafo único. Em caso de lide temerária, o advogado será solidariamente responsável com seu cliente,
desde que coligado com este para lesar a parte contrária, o que será apurado em ação própria.
Art. 33. O advogado obriga-se a cumprir rigorosamente os deveres consignados no Código de Ética e Disciplina.
Parágrafo único. O Código de Ética e Disciplina regula os deveres do advogado para com a comunidade, o
cliente, o outro profissional e, ainda, a publicidade, a recusa do patrocínio, o dever de assistência jurídica, o
dever geral de urbanidade e os respectivos procedimentos disciplinares.
2.13 Das Infrações e Sanções Disciplinares18
No exercício da advocacia o advogado deve observar condutas éticas e legais, em especial as tratadas neste
tópico.
2.13.1 Infrações Disciplinares
São consideradas infrações disciplinares no exercício da advocacia:
· exercer a profissão, quando impedido de fazê-lo, ou facilitar, por qualquer meio, o seu exercício aos não
inscritos, proibidos ou impedidos;
· manter sociedade profissional fora das normas e preceitos estabelecidos na Lei 8.906/1994;
· valer-se de agenciador de causas, mediante participação nos honorários a receber;
· angariar ou captar causas, com ou sem a intervenção de terceiros;
· assinar qualquer escrito destinado a processo judicial ou para fim extrajudicial que não tenha feito, ou em
que não tenha colaborado;
· advogar contra literal disposição de lei, presumindo-se a boa-fé quando fundamentado na
inconstitucionalidade, na injustiça da lei ou em pronunciamento judicial anterior;
· violar, sem justa causa, sigilo profissional;
· estabelecer entendimento com a parte adversa sem autorização do cliente ou ciência do advogado
contrário;
· prejudicar, por culpa grave, interesse confiado ao seu patrocínio;
18 Item transcrito do site: http://www.normaslegais.com.br/guia/clientes/infracoes-sancoes-disciplinares.htm
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· acarretar, conscientemente, por ato próprio, a anulação ou a nulidade do processo em que funcione;
· abandonar a causa sem justo motivo ou antes de decorridos dez dias da comunicação da renúncia;
· recusar-se a prestar, sem justo motivo, assistência jurídica, quando nomeado em virtude de
impossibilidade da Defensoria Pública;
· fazer publicar na imprensa, desnecessária e habitualmente, alegações forenses ou relativas a causas
pendentes;
· deturpar o teor de dispositivo de lei, de citação doutrinária ou de julgado, bem como de depoimentos,
documentos e alegações da parte contrária, para confundir o adversário ou iludir o juiz da causa;
· fazer, em nome do constituinte, sem autorização escrita deste, imputação a terceiro de fato definido
como crime;
· deixar de cumprir, no prazo estabelecido, determinação emanada do órgão ou de autoridade da Ordem,
em matéria da competência desta, depois de regularmente notificado;
· prestar concurso a clientes ou a terceiros para realização de ato contrário à lei ou destinado a fraudá-la;
· solicitar ou receber de constituinte qualquer importância para aplicação ilícita ou desonesta;
· receber valores, da parte contrária ou de terceiro, relacionados com o objeto do mandato, sem expressa
autorização do constituinte;
· locupletar-se, por qualquer forma, à custa do cliente ou da parte adversa, por si ou interposta pessoa;
· recusar-se, injustificadamente, a prestar contas ao cliente de quantias recebidas dele ou de terceiros por
conta dele;
· reter, abusivamente, ou extraviar autos recebidos com vista ou em confiança;
· deixar de pagar as contribuições, multas e preços de serviços devidos à OAB, depois de regularmente
notificado a fazê-lo;
· incidir em erros reiterados que evidenciem inépcia profissional;
· manter conduta incompatível com a advocacia;
· fazer falsa prova de qualquer dos requisitos para inscrição na OAB;
· tornar-se moralmente inidôneo para o exercício da advocacia;
· praticar crime infamante;
· praticar, o estagiário, ato excedente de sua habilitação.
2.13.2 Condutas Incompatíveis
Inclui-se na conduta incompatível:
a) prática reiterada de jogo de azar, não autorizado por lei;
b) incontinência pública e escandalosa;
c) embriaguez ou toxicomania habituais.
2.13.3 Sanções Disciplinares
As sanções disciplinares consistem em:
a) censura;
b) suspensão;
c) exclusão;
d) multa.
As sanções devem constar dos assentamentos do inscrito, após o trânsito em julgado da decisão, não
podendo ser objeto de publicidade a de censura.
Censura
A censura é aplicável nos casos de:
a) infrações definidas na Lei;
b) violação a preceito do Código de Ética e Disciplina;
c) violação a preceito desta lei, quando para a infração não se tenha estabelecido sanção mais grave.
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A censura pode ser convertida em advertência, em ofício reservado, sem registro nos assentamentos do
inscrito, quando presente circunstância atenuante.
Suspensão
A suspensão é aplicável nos casos de:
a) infrações definidas na Lei;
b) reincidência em infração disciplinar.
A suspensão acarreta ao infrator a interdição do exercício profissional, em todo o território nacional, pelo
prazo de trinta dias a doze meses, de acordo com os critérios de individualização.
Exclusão
A exclusão é aplicável nos casos de:
a) aplicação, por três vezes, de suspensão;
b) infrações definidas na Lei.
Para a aplicação da sanção disciplinar de exclusão, é necessária a manifestação favorável de dois terços dos
membros do Conselho Seccional competente.
Multa
A multa, variável entre o mínimo correspondente ao valor de uma anuidade e o máximo de seu décuplo, é
aplicável cumulativamente com a censura ou suspensão, em havendo circunstâncias agravantes.
Atenuação
Na aplicação das sanções disciplinares, são consideradas, para fins de atenuação, as seguintes circunstâncias,
entre outras:
a) falta cometida na defesa de prerrogativa profissional;
b) ausência de punição disciplinar anterior;
c) exercício assíduo e proficiente de mandato ou cargo em qualquer órgão da OAB;
d) prestação de relevantes serviços à advocacia ou à causa pública.
Os antecedentes profissionais do inscrito, as atenuantes, o grau de culpa por ele revelada, as circunstâncias e
as consequências da infração são considerados para o fim de decidir:
a) sobre a conveniência da aplicação cumulativa da multa e de outra sanção disciplinar;
b) sobre o tempo de suspensão e o valor da multa aplicáveis.
Reabilitação
É permitido ao que tenha sofrido qualquer sanção disciplinar requerer, um ano após seu cumprimento, a
reabilitação, em face de provas efetivas de bom comportamento.
Quando a sanção disciplinar resultar da prática de crime, o pedido de reabilitação depende também da
correspondente reabilitação criminal.
Impedimento
Fica impedido de exercer o mandato o profissional a quem forem aplicadas as sanções disciplinares de
suspensão ou exclusão.
Prescrição
A pretensão à punibilidade das infrações disciplinares prescreve em cinco anos, contados da data da
constatação oficial do fato.
Aplica-se a prescrição a todo processo disciplinar paralisado por mais de três anos, pendente de despacho ou
julgamento, devendo ser arquivado de ofício, ou a requerimento da parte interessada, sem prejuízo de serem
apuradas as responsabilidades pela paralisação.
A prescrição interrompe-se:
a) pela instauração de processo disciplinar ou pela notificação válida feita diretamente ao representado;
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b) pela decisão condenatória recorrível de qualquer órgão julgador da OAB.
Art. 34. Constitui infração disciplinar:
I - exercer a profissão, quando impedido de fazê-lo, ou facilitar, por qualquer meio, o seu exercício aos não
inscritos, proibidos ou impedidos;
II - manter sociedade profissional fora das normas e preceitos estabelecidos nesta lei;
III - valer-se de agenciador de causas, mediante participação nos honorários a receber;
IV - angariar ou captar causas, com ou sem a intervenção de terceiros;
V - assinar qualquer escrito destinado a processo judicial ou para fim extrajudicial que não tenha feito, ou em
que não tenha colaborado;
VI - advogar contra literal disposição de lei, presumindo-se a boa-fé quando fundamentado na
inconstitucionalidade, na injustiça da lei ou em pronunciamento judicial anterior;
VII - violar, sem justa causa, sigilo profissional;
VIII - estabelecer entendimento com a parte adversa sem autorização do cliente ou ciência do advogado
contrário;
IX - prejudicar, por culpa grave, interesse confiado ao seu patrocínio;
X - acarretar, conscientemente, por ato próprio, a anulação ou a nulidade do processo em que funcione;
XI - abandonar a causa sem justo motivo ou antes de decorridos dez dias da comunicação da renúncia;
XII - recusar-se a prestar, sem justo motivo, assistência jurídica, quando nomeado em virtude de
impossibilidade da Defensoria Pública;
XIII - fazer publicar na imprensa, desnecessária e habitualmente, alegações forenses ou relativas a causas
pendentes;
XIV - deturpar o teor de dispositivo de lei, de citação doutrinária ou de julgado, bem como de depoimentos,
documentos e alegações da parte contrária, para confundir o adversário ou iludir o juiz da causa;
XV - fazer, em nome do constituinte, sem autorização escrita deste, imputação a terceiro de fato definido como
crime;
XVI - deixar de cumprir, no prazo estabelecido, determinação emanada do órgão ou de autoridade da Ordem,
em matéria da competência desta, depois de regularmente notificado;
XVII - prestar concurso a clientes ou a terceiros para realização de ato contrário à lei ou destinado a fraudá-la;
XVIII - solicitar ou receber de constituinte qualquer importância para aplicação ilícita ou desonesta;
XIX - receber valores, da parte contrária ou de terceiro, relacionados com o objeto do mandato, sem expressa
autorização do constituinte;
XX - locupletar-se, por qualquer forma, à custa do cliente ou da parte adversa, por si ou interposta pessoa;
XXI - recusar-se, injustificadamente, a prestar contas ao cliente de quantias recebidas dele ou de terceiros por
conta dele;
XXII - reter, abusivamente, ou extraviar autos recebidos com vista ou em confiança;
XXIII - deixar de pagar as contribuições, multas e preços de serviços devidos à OAB, depois de regularmente
notificado a fazê-lo;
XXIV - incidir em erros reiterados que evidenciem inépcia profissional;
XXV - manter conduta incompatível com a advocacia;
XXVI - fazer falsa prova de qualquer dos requisitos para inscrição na OAB;
XXVII - tornar-se moralmente inidôneo para o exercício da advocacia;
XXVIII - praticar crime infamante;
XXIX - praticar, o estagiário, ato excedente de sua habilitação.
Parágrafo único. Inclui-se na conduta incompatível:
a) prática reiterada de jogo de azar, não autorizado por lei;
b) incontinência pública e escandalosa;
c) embriaguez ou toxicomania habituais.
Art. 35. As sanções disciplinares consistem em:
I - censura;
II - suspensão;
III - exclusão;
IV - multa.
Parágrafo único. As sanções devem constar dos assentamentos do inscrito, após o trânsito em julgado da
decisão, não podendo ser objeto de publicidade a de censura.
Art. 36. A censura é aplicável nos casos de:
I - infrações definidas nos incisos I a XVI e XXIX do art. 34;
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II - violação a preceito do Código de Ética e Disciplina;
III - violação a preceito desta lei, quando para a infração não se tenha estabelecido sanção mais grave.
Parágrafo único. A censura pode ser convertida em advertência, em ofício reservado, sem registro nos
assentamentos do inscrito, quando presente circunstância atenuante.
Art. 37. A suspensão é aplicável nos casos de:
I - infrações definidas nos incisos XVII a XXV do art. 34;
II - reincidência em infração disciplinar.
§ 1º A suspensão acarreta ao infrator a interdição do exercício profissional, em todo o território nacional, pelo
prazo de trinta dias a doze meses,de acordo com os critérios de individualização previstos neste capítulo.
§ 2º Nas hipóteses dos incisos XXI e XXIII do art. 34, a suspensão perdura até que satisfaça integralmente a
dívida, inclusive com correção monetária.
§ 3º Na hipótese do inciso XXIV do art. 34, a suspensão perdura até que preste novas provas de habilitação.
Art. 38. A exclusão é aplicável nos casos de:
I - aplicação, por três vezes, de suspensão;
II - infrações definidas nos incisos XXVI a XXVIII do art. 34.
Parágrafo único. Para a aplicação da sanção disciplinar de exclusão, é necessária a manifestação favorável de
dois terços dos membros do Conselho Seccional competente.
Art. 39. A multa, variável entre o mínimo correspondente ao valor de uma anuidade e o máximo de seu
décuplo, é aplicável cumulativamente com a censura ou suspensão, em havendo circunstâncias agravantes.
Art. 40. Na aplicação das sanções disciplinares, são consideradas, para fins de atenuação, as seguintes
circunstâncias, entre outras:
I - falta cometida na defesa de prerrogativa profissional;
II - ausência de punição disciplinar anterior;
III - exercício assíduo e proficiente de mandato ou cargo em qualquer órgão da OAB;
IV - prestação de relevantes serviços à advocacia ou à causa pública.
Parágrafo único. Os antecedentes profissionais do inscrito, as atenuantes, o grau de culpa por ele revelada, as
circunstâncias e as conseqüências da infração são considerados para o fim de decidir:
a) sobre a conveniência da aplicação cumulativa da multa e de outra sanção disciplinar;
b) sobre o tempo de suspensão e o valor da multa aplicáveis.
Art. 41. É permitido ao que tenha sofrido qualquer sanção disciplinar requerer, um ano após seu cumprimento,
a reabilitação, em face de provas efetivas de bom comportamento.
Parágrafo único. Quando a sanção disciplinar resultar da prática de crime, o pedido de reabilitação depende
também da correspondente reabilitação criminal.
Art. 42. Fica impedido de exercer o mandato o profissional a quem forem aplicadas as sanções disciplinares de
suspensão ou exclusão.
Art. 43. A pretensão à punibilidade das infrações disciplinares prescreve em cinco anos, contados da data da
constatação oficial do fato.
§ 1º Aplica-se a prescrição a todo processo disciplinar paralisado por mais de três anos, pendente de despacho
ou julgamento, devendo ser arquivado de ofício, ou a requerimento da parte interessada, sem prejuízo de
serem apuradas as responsabilidades pela paralisação.
§ 2º A prescrição interrompe-se:
I - pela instauração de processo disciplinar ou pela notificação válida feita diretamente ao representado;
II - pela decisão condenatória recorrível de qualquer órgão julgador da OAB.
Leitura complementar
A advocacia frente às novas mudanças no Código de Ética e disciplina da OAB*
Célio Rubem Suzano de Freitas|Tiago Botelho
Este artigo tem por objetivo examinar o tema da mudança do Estatuto de Ética da OAB, salientando as suas principais
alterações. Contudo, não se busca o esgotamento de tal proposição, mas tão-somente uma abordagem para um
esclarecimento a respeito da Ética.
INTRODUÇÃO
O ano de 2016 é um ano que ficará gravado para a comunidade jurídica, por se tratar de um ano de inovações e
atualizações para os profissionais do Direito, delineando o marco inicial da vigência de dois importantíssimos códigos na
legislação brasileira, concomitantemente com o avanço das investigações da operação da Polícia Federal, chamada
“Lava-Jato”, operação essa que investiga políticos do alto escalão do Governo Federal, bem como banqueiros e mega-
empreiteiras, atrelada ao fato do processo de impeachment da atual Presidente da República Dilma Rousseff, que
culminou no seu afastamento, por ora temporário, pelo Senado da República.
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Em meio a tantas turbulências políticas, e tantas discussões a respeito da legalidade ou não de determinadas decisões, e
ainda no mesmo ano em que um novo Código de Processo Civil começa a vigorar, também entra em cena o Novo Código
de Ética e Disciplina da OAB.
Segundo Breda (2015), o Estatuto da Advocacia e da OAB, foi estabelecido pela Lei nº 8.906, de 04 de julho de 1994, após
170 anos da instituição dos cursos jurídicos no Brasil. Sua aplicação, sempre que necessário, deve ser exigida em defesa
do bom exercício da profissão, haja vista ser de fundamental importância, pois aponta deveres imprescindíveis e defende
as prerrogativas na rotina dos advogados, definindo parâmetros éticos (BREDA, 2015).
O STF classificou a advocacia como serviço público de relevância social, decidindo que a OAB é uma entidade peculiar:
A Ordem é um serviço público independente, categoria ímpar no elenco das personalidades jurídicas existentes no direito
brasileiro (...) A OAB não está sujeita a controle da Administração, nem a qualquer das suas partes está vinculada.
(DISTRITO FEDERAL, STF ADI 3.026, Rel. Ministro Eros Grau, 2006, apud ESTATUTO DA ADVOCACIA E DA OAB
COMENTADO, 2015, P. 10).
Entretanto, na visão de Felipe Asensi (2015), o novo Código de Ética deixou de tocar em certas questões bastante
sensíveis, como a questão dos escritórios internacionais e do piso salarial, mas trouxe outros importantes avanços.
Ao longo do texto, procederemos à explanação dos principais avanços do novo Código de Ética da OAB em comparação
com o anterior.
1. ÉTICA
Se fôssemos definir Ética em uma só palavra, definiríamos simplesmente como costumes. Nas palavras do dicionário de
sinônimos on line de português do Brasil, significa filosofia dos valores comportamentais: moral, normas morais,
princípios morais, ou regras morais (7GRAUS LDA, 2016). Isso porque o significado de Ética é muito próximo ao da moral,
às vezes confundindo-se, mas que se diferenciam no sentido de que a ética é identificada como uma filosofia moral, onde
se busca entender os sentidos dos valores morais (MEJDALANI, 2013).
A partir de Aristóteles a ética passou a ser a ciência da moral e se tornou a disciplina que estuda e regula as ações do
comportamento humano. Através do estudo dos costumes do comportamento humano, a Ética acaba influenciando a
Moral, inspirando a criação ou mudança de princípios que as sociedades assumem como seus valores maiores e aos quais
os costumes devem se submeter (BARBOSA, 2015).
Assim nos esclarece melhor Eduardo Carlos Bianca Bittar:
O termo ética deriva do grego “ethos” caráter, modo de ser de uma pessoa. Ética é um conjunto de valores morais e
princípios que norteiam a conduta humana na sociedade. A ética serve para que haja um equilíbrio e bom funcionamento
social, possibilitando que ninguém saia prejudicado. Neste sentido, a ética, embora não possa ser confundida com as leis,
está relacionada com o sentimento de justiça social. (BITTAR, 2005, p.7 apud MAFRA, 2010, p. 15).
Há uma corrente que defende que há normas e princípios universais, que não se alteram no tempo e se aplicam
indistintamente a todos os indivíduos. Há, também, uma segunda corrente que defende que o julgamento ético das
pessoas é determinado pelas tradições e costumes de seu meio, da sociedade onde ela vive, portanto se altera no tempo
e não se aplica a todos os indivíduos.
Para Barbosa (2015), a Ética assume um caráter especulativo em seu método e em seu objeto, já que seu fim reside na
definição das regras gerais da ação humana. Enquanto teoria, a Ética não se identifica com princípios de nenhuma moral
em particular, e não pode adotar uma postura indiferente ou eclética diante delas.
Entretanto, de acordo com Ana Paula Pedro (2013), ética tem por objeto de análise e de investigaçãoa natureza dos
princípios que estão implícitas às normas da moral, que por sua vez é um conjunto de princípios de comportamento e
costumes específicos de uma determinada sociedade ou cultura (Schneewind, 1996; Weil, 2012), questionando-se acerca
do seu sentido, bem como da estrutura das distintas teorias morais e da argumentação utilizada para dever manter, ou
não, no seu seio determinados traços culturais. Nesse sentido, a ética confronta-se com o seguinte questionamento: ‘por
que devemos viver conforme determinado modo de viver?’
Ainda segundo Pedro (2013), a ética tem natureza reflexiva e interrogativa, sendo, então, essencialmente especulativa,
não se devendo dela exigir um receituário quanto a formas de viver com sucesso, dado que se preocupa, sobretudo, com
a fundamentação da moral; não sendo, portanto, meramente um conjunto de proibições.
A Ética é, portanto, o ramo da ciência que visa investigar os códigos e valores morais aos quais os indivíduos são
submetidos, bem como os comportamentos individuais segundo a moral inserida em determinada sociedade, ao longo da
história. Tem como objeto de estudo, por conseguinte, o que guia a ação: os motivos, as causas, os princípios, as
máximas, as circunstâncias; mas também analisa as consequências dessas ações (BARBOSA, 2015).
1.1 A ÉTICA E O ADVOGADO
Ética profissional é o conjunto de normas que formam a consciência do profissional e representam imperativos de sua
conduta (SIGNIFICADOS.COM).
O indivíduo que tem ética profissional cumpre com todas as atividades de sua profissão, seguindo os princípios
determinados pela sociedade e pelo seu grupo de trabalho.
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Devido à importância da Ética para a vida em sociedade, foram criados os códigos de ética geral, ou seja, não específicos
por profissão, para nortear o comportamento das pessoas. Cada profissão tem o seu próprio código de ética, que pode
variar ligeiramente, graças a diferentes áreas de atuação.
O Código de Ética Profissional é o conjunto de normas éticas, que devem ser seguidas pelos profissionais no exercício de
seu trabalho.
Este código é elaborado pelos Conselhos, que representam e fiscalizam o exercício da profissão. Como os demais
Conselhos profissionais, a OAB também tem o seu Código de Ética e Disciplina.
Em seu dia-a-dia, o advogado tem por obrigação servir e representar os interesses dos clientes, devendo ser o seu
principal interesse servir ao seu cliente e assegurar a justiça. Aumentar seus rendimentos deve ficar em segundo plano
(PERES, 2007).
Muitas vezes, no exercício diário da profissão, o advogado confronta-se com circunstâncias que lhe suscitam dúvidas
quanto ao seu desempenho. Porém, em todas as ocasiões ele deve ter um comportamento compatível com a nobreza e a
dignidade da advocacia.
Nas palavras de Dotti (2010), a ética profissional está diretamente vinculada ao respeito que o advogado consegue obter
em seu dia a dia perante o mercado e perante a sociedade em geral.
A ética impõe para o advogado, uma atuação concernente à probidade, ao respeito ao ordenamento jurídico e ao padrão
geral de honestidade.
De acordo com Lamachia (2016), “o Estado Democrático de Direito, o acesso à Justiça e o devido processo legal apenas
são possíveis com a indispensável atuação e trabalho do advogado”.
Como a advocacia constitui-se num encargo público, sendo um dos fundamentos para aplicar-se a justiça, o advogado é
um elemento essencial, possuindo para tal, a prerrogativa da imunidade por seus atos e manifestações, respondendo
apenas pelo excesso que cometer (DOTTI, 2010, p.251).
Nessa linha de raciocínio, quando alguma decisão judicial não lhe for favorável, o advogado jamais deve criticar
pessoalmente o juiz, mas unicamente sua decisão, devendo haver um respeito recíproco para a boa aplicação da Justiça.
Já para Piovezan (2015), é indissolúvel o vínculo do exercício da Advocacia com a Ética e a Moral quanto ao seu aspecto
jurídico.
De acordo com Mafra (2010), a ética profissional impõe-se ao advogado em todos os momentos de sua vida,
repercutindo no conceito público e na dignidade da advocacia, haja vista tratar-se de um membro integrante de uma
categoria, refletindo suas atitudes em todos os demais; deve ainda obedecer ao Código de Ética, no intuito de preservar a
dignidade e o prestígio da profissão.
O Novo Código de Ética da OAB, em seu Capítulo I (art. 1º ao 7º) mostra a que veio, com artigos aparentemente óbvios,
mas que para alguns precisam existir mesmo (ROCHA, 2015), porque nunca é demais lembrar que nossas ações estão
sempre sendo conduzidas por duas variáveis básicas: vontade própria ou externalidades coercitivas (BARBOSA, 2015).
Na visão de Barbosa (2015), é importante agir sempre com visão objetiva na esfera individual ou profissional. Quando
existe clareza de objetivos, há facilidade de decidir que caminho seguir ou que decisão tomar, desde as mais simples até
as mais complexas.
Como em todas as profissões, raros são os profissionais do Direito que têm um ideal de justiça, haja vista os salários
deveras atrativos das carreiras públicas para Bacharéis em Direito e os gordos honorários de advogados bem sucedidos.
Muitos confundem objetivos com ambição, e na busca definida e conduzida pela ambição ou pelo objetivo impõe-se a
ética. Neste sentido, a ética é um limite, um freio aos caminhos fáceis para atingir seus objetivos.
Em consequência, o Código de Ética do Advogado e da OAB, tem, além de frear tais impulsos naturais do advogado, o
intuito de protegê-lo juridicamente de maus clientes, de prejuízos financeiros e morais originados por colegas de
profissão, e outras situações. Tem também o intuito de punir os maus profissionais, determinando regras para o Processo
Ético Disciplinar.
Verifica-se então, que o Código de Ética da OAB, tem a finalidade primordial de proteção tanto da sociedade, quanto dos
próprios advogados, atuando também de modo educativo e punitivo (PIOVEZAN, 2015).
2. PRINCIPAIS MUDANÇAS DO NOVO CÓDIGO DE ÉTICA DA OAB
Transcorridas duas décadas da vigência do Código de Ética da OAB, pensou-se em atualizá-lo pra trazer mudanças que
acompanhassem a nova realidade dos serviços jurídicos, na esteira do desenvolvimento da sociedade com novas leis, bem
como para lidar melhor com novos perfis, tanto dos operadores do Direito quanto dos clientes dos advogados, a saber, os
jurisdicionados, que são os que buscam a tutela do Estado-juiz.
Mesmo não tocando em importantes questões (ASENSI, 2015), no dia 19 de outubro de 2015, a Resolução n. 002/2015
do Conselho Federal da OAB, aprovou o novo Código de Ética da Ordem dos Advogados do Brasil, revogando o Código de
Ética e Disciplina editado em 13 de fevereiro de 1995, trazendo significativas mudanças, as quais passarão a ser
analisadas a seguir.
2.1. PUBLICIDADE PROFISSIONAL
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A OAB determina limites para o uso da publicidade na advocacia, na tentativa de evitar que o marketing jurídico
transforme a advocacia em prática mercantilista (MAFRA, 2010).
Segundo Figueiredo (2005), é dever do advogado, praticar a publicidade de forma limpa e discreta, no intuito de
preservar a dignidade e o prestígio da profissão.
Em meio a tantos bacharéis em direito que se formam a cada ano, é necessário se destacarcomo competente e ético, e o
advogado é alguém como em todas as outras profissões liberais, igualmente preocupados em buscar clientes; os que
assim não procedem, é porque se dedicam ao intenso estudo, devido aos atrativos dos concursos públicos, como já
dantes mencionado.
Antigamente não era necessária essa preocupação, conforme o ensinamento de Lima (2007):
O marketing jurídico surgiu com a necessidade de profissionalizar a gestão dos escritórios advocatícios. Antes
prevalecia o voluntarismo administrativo nos escritórios, bastava apenas ser competente para se destacar. Esta
postura funcionava bem em uma época em que somente precisava montar uma “banca” numa pequena sala, com
telefone e secretária, esperando os clientes chegarem. Mas hoje isto não funciona mais, apesar de ainda ser a forma
de atuação de grande número dos profissionais de Direito.
Dar conhecimento dos bons serviços à sociedade é tarefa sadia e necessária ao desenvolvimento socioeconômico.
(COSTA, 2015)
Para Mafra (2010), a publicidade é uma atividade profissional dedicada à difusão pública de ideias associadas a
empresas, produtos ou serviços.
De acordo com Costa (2015), é preciso desmistificar a falsa ideia de que escritórios de advocacia e advogados não podem
fazer publicidade de seus serviços.
O capítulo VIII (art. 39 a 47) do Novo Código de Ética da OAB trata a respeito da publicidade profissional dos advogados
ou escritórios de sociedade de advogados. Nota-se que boa parte dos dispositivos do novo Código, não modifica muito o
caráter restritivo da publicidade em relação ao código anterior.
Para Ricardo Orsini (2015), a grande novidade do Código é que ele deixou atualizações e regulamentações com relação à
publicidade na internet para provimentos administrativos.
Um segundo aspecto é que a publicidade na internet é permitida dentro de certos critérios e limites, mantendo-se o
caráter informativo, não podendo a publicidade ser focada na captação do cliente, contudo devendo ser focada na
educação do cliente e do público em geral.
Outro aspecto encontra-se no art. 46, parágrafo único, do novo Código, que a telefonia e a internet podem ser utilizadas
como veículos de publicidade, inclusive para o envio de mensagens a destinatários certos, desde que não impliquem no
oferecimento de serviços ou representem forma de captação de clientela (BARRETO, 2015).
Segundo Pedro Henrique Reynaldo (2015), Presidente da OAB/PE, avançou-se na questão virtual, passando a ser
permitido fazer divulgação nas redes sociais, preservando-se os mesmos princípios da modicidade, moderação e
sobriedade, porém com a limitação do advogado não poder se insinuar a entrevistas, dispondo-se a participar em
programas de rádio e televisão com a finalidade de promoção pessoal para captação de clientela.
Agora vai ser permitido o banner na internet, com a mesma limitação que tem o outdoor do escritório. Tais regras são
para evitar a mercantilização, atentando-se à dignidade da profissão da advocacia, todavia, continua sendo proibido
ofertar serviços jurídicos sendo apenas permitido o marketing.
Portanto, no meio digital o advogado poderá manter site ou blog, perfil ou páginas nas redes sociais, assim como
anúncios patrocinados, desde que respeitadas as regras gerais de publicidade (BARRETO, 2015). Contudo, observa-se que
o melhor marketing que o advogado pode fazer está na realização do seu trabalho junto ao próprio cliente, sendo
essa a melhor forma de propaganda capaz de valorizar o advogado. (MAFRA, 2010).
Entretanto, não se pode olvidar que inobstante o reconhecido munus público, advogar é atividade privada sujeita à
concorrência e demais regras subjacentes do mercado, inexistindo profissional que não ofereça seus serviços. Percebe-se,
então, que a publicidade de advogados e escritórios de advocacia é perfeitamente lícita e ética, mas que deve atender a
limites e princípios estabelecidos pela OAB (COSTA, 2015).
2.2. ADVOCACIA PRO BONO
A advocacia pro bono surgiu nos Estados Unidos, por iniciativa da própria sociedade, com programas organizados pelas
associações estaduais de advogados, muito embora se tenha notícia que na Roma antiga, o jurista não recebia pelos seus
pareceres; atuava nos casos simplesmente pela satisfação de ter sua opinião aceita pelo magistrado e tornar-se
jurisprudência (MAROTTO, 2009).
Conforme Marotto (2009), a advocacia pro bono é praticada no Brasil há mais de cem anos, sendo Ruy Barbosa o
primeiro advogado pro bono, pois defendeu os escravos na época da abolição, e, em 1914, aderiu à causa dos
marinheiros que se revoltaram e fizeram a Revolta da Chibata.
A advocacia ‘pro bono’ é exercida gratuitamente em favor de instituições sociais sem fins lucrativos, ou pessoas naturais
que não têm recursos para contratar profissionais para consultoria, assessoria ou atuação judicial, mas até a
promulgação do Novo Código de Ética da OAB, nunca teve uma regulamentação nacional.
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A expressão ‘Pro Bono’ vem do latim e significa ‘para o bem’. Pode ser definida como a prestação gratuita e voluntária de
serviços jurídicos na promoção do acesso à justiça.
De acordo com o Instituto Pro Bono, é a advocacia gratuita para fins assistenciais, baseada na função social da
advocacia, sendo vedada para fins eleitorais e como forma de publicidade para eventual captação de clientela.
Foi regulamentada no artigo 30, devendo preencher alguns requisitos: deve ser gratuita, eventual e voluntária, podendo
ser para pessoa física e pessoa jurídica sem fins lucrativos (BIELA JR, 2016). Tal regulamentação foi um importante
avanço no enfrentamento do problema da falta de acesso à justiça.
Assim se manifestou o Presidente do Conselho Federal da OAB:
Na boa e justa luta do colega Luiz Gama, que atuou pro bono na libertação dos escravos no país, a advocacia brasileira se
apoia nessa inspiração e nesse propósito para continuar ajudando na construção de uma sociedade justa, solidária e
fraterna. A advocacia gratuita é tradição jurídica desde o século 19, e a OAB a mantém rígida (COÊLHO, 2015).
Porém, não deve ser confundida com a assistência jurídica pública gratuita, prevista no inciso LXXIV, do art. 5º da
Constituição Federal, que é um dever intransferível do Estado, na maior parte das vezes realizado pelas Defensorias
Públicas.
Conforme nos ensina Miguel Reale Junior:
Advocacia pro bono não se constitui num ramo comercial do direito, mas numa causa social que deve ser abraçada por todo o
profissional do Direito que reconhece sua função e seu papel como agente transformador da sociedade, atuando diretamente na
sociedade civil para buscar o seu fortalecimento e a sua transformação. É o meio pelo qual o profissional do direito presta
voluntariamente serviços jurídicos.
Nesse entendimento, a advocacia pro bono vem para somar esforços com o Estado, dando as mãos à Defensoria Pública,
ampliando o acesso à Justiça aos hipossuficientes financeiramente, com o intuito de exercerem sua cidadania na
plenitude.
2.3. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS EM MEDIAÇÃO, CONCILIAÇÃO E ARBITRAGEM.
O novo Código de Ética contribui para conciliar as cobranças morais da profissão com os avanços sociais, fundamental
para a valorização da advocacia e o respeito da classe (LAMACHIA, 2016).
De acordo com Asdrúbal Junior (2015), sempre foi dito pelas pessoas que atuam na área de mediação, que os advogados
nem sempre eram muito favoráveis aos procedimentos de mediação, e muitas vezes desincentivavam seus clientes, sendo
um dos motivos alegados, a percepção dos advogados de que perderiamdinheiro fazem a conciliação, em razão de estar
registrado no contrato de honorários, que no êxito da sentença ele receberia e na conciliação não há êxito.
O Novo Código de Ética da Advocacia corrige esta questão, trazendo o advogado para trabalhar em prol do
desenvolvimento do caminho de resolução por métodos consensuais (ASDRUBAL JR., 2015).
Assim como no parágrafo 3º, do artigo 3º, do Novo Código de Processo Civil, o Novo Código de Ética da Advocacia e da
OAB, no art. 2º, inciso VI, determina que seja dever do advogado estimular a qualquer tempo a resolução consensual dos
conflitos. Entretanto, o novo Código de Ética, também dispõe sobre a proteção dos advogados no que tange ao
cumprimento dessa meta, quando no art. 48, par. 4º e 5º, determina que as mesmas disposições contratadas para o êxito
da lide, também valem para os métodos consensuais de solução do conflito, estando vedada a diminuição dos honorários
contratuais em tais hipóteses.
Neste sentido, esclarece a doutrina:
A advocacia é elemento fundamental para a consolidação de um Brasil justo e democrático. Para o fortalecimento da sociedade, a
valorização da advocacia é fundamental. Essa valorização abrange uma remuneração justa e equânime, sendo condizente com a
relevância social dos serviços prestados. A luta por uma remuneração digna nada mais é que a luta por respeito ao trabalho do
advogado. A valorização da advocacia importa no respeito dos próprios direitos do cidadão, ao certificar que a justiça e os processos
judiciais tramitem de maneira incólume, observando o devido processo legal, a ampla defesa e o contraditório, proporcionando um
acesso à Justiça não apenas formal, representado pelo ingresso no Poder Judiciário, mas um acesso à Justiça material, consolidado na
resolução dos conflitos no seio social e na efetivação dos direitos dos cidadãos (LAMACHIA, 2016).
Com essa valorização em sua remuneração, elencada no novo Código de Ética e Disciplina, o advogado não terá
prejuízos, tornando-se um aliado para o desenvolvimento das soluções extrajudiciais.
2.4. SIGILO PROFISSIONAL
O sigilo é inerente à profissão do advogado e trata-se de matéria de ordem pública, não dependendo da solicitação de
reserva, ou seja, que o cliente peça ao advogado que resguarde o sigilo (BIELA JR, 2015).
O advogado deve guardar sigilo de tudo aquilo que tomou conhecimento em razão da profissão (CED, art. 35).
Segundo Biela Jr. (2015), uma das novidades trazidas pelo Novo Código de Ética, é que o advogado também deverá
guardar sigilo, em virtude das funções desempenhadas por ele na OAB (CED, art. 35, parágrafo único).
Outra regra que não estava prevista no Código anterior e agora tem no novo Código de Ética e Disciplina da OAB, é que o
advogado conciliador, mediador e árbitro, também deve guardar sigilo de todos os fatos que tomaram conhecimento em
razão de tal atividade (CED, art. 36, § 2º).
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No artigo 37 estão elencadas as hipóteses de justa causa, ou seja, as hipóteses em que é permitida a quebra do sigilo
profissional: “O sigilo profissional cederá em face de circunstâncias excepcionais que configurem justa causa, como
nos casos de grave ameaça ao direito à vida e à honra ou que envolvam defesa própria”.
2.5. SIGILO DO PROCESSO ÉTICO DISCIPLINAR
Segundo Lamachia (2016), o advogado é responsável por ser a voz do cidadão, defendendo a dignidade, o patrimônio, a
honra, a liberdade, e até mesmo a vida das pessoas.
Nessa esteira de pensamento, foi mantido o sigilo determinado no art. 72, § 2º, do EAOAB, apesar de opiniões contrárias
no sentido de que deveria haver sigilo só até a admissibilidade, perdendo-se assim, uma oportunidade de modernizar o
sistema OAB, de ampliá-lo e democratizá-lo (REYNALDO, 2015)
Assim, percebe-se um pouco do conservadorismo pelo Conselho Federal da OAB, atribuindo aos advogados prerrogativas
profissionais, não caracterizando com isso uma concessão de privilégios, mas um reforço para a consolidação do regime
republicano e democrático (LAMACHIA, 2016).
Contudo, verifica-se que de acordo com o novo dispositivo, as denúncias não podem ser anônimas, devendo conter a
identificação do representante, sua qualificação civil e endereço, como determina o art. 55, § 2º, do CED.
2.6. REGRAS DE CONDUTA MAIS RIGOROSAS PARA OS DIRIGENTES
O novo código estabelece ainda maior rigor ético aos dirigentes da OAB. Em relação ao processo disciplinar, foi
estabelecido o prazo máximo de 30 (trinta) dias para o relator emitir decisão pela instauração ou não de procedimento.
"Cortando na própria carne, a OAB faz constar no seu Código de Ética, regras rigorosas de conduta para seus dirigentes,
incluindo presidentes e conselheiros", explica Marcus Vinicius Furtado Coêlho, presidente do Conselho Federal da OAB.
Para se impor ética, exige-se ter ética, por isso os que estão com cargo na OAB, como o dirigente e os conselheiros de
ordem, passaram a ter uma responsabilidade diretamente vinculada ao Código de Ética (capítulo VI), eis que antes,
aplicava-se a analogia.
A Advocacia Pública também tem que atentar para os mesmos princípios, não podendo o chefe impor aos seus chefiados,
uma subordinação que não seja de colegas, podendo estes, preservarem sua autonomia de convencimento (art. 8º, CED).
O mesmo se aplica aos advogados associados, não podendo haver uma hierarquia que atente contra a dignidade do
colega, devendo também ser respeitada suas opiniões jurídicas (REYNALDO, 2015).
3. EXEMPLOS DE CRIMES COMETIDOS POR ADVOGADOS
Para efeito de exemplificação, citam-se abaixo algumas notícias a respeito de maus exemplos de alguns advogados,
comprovando assim, a necessidade de um Código de Ética para a classe, pois de acordo com a Bíblia, a natureza do ser
humano é essencialmente má, precisando ter regras de conduta para conviver em sociedade, eis que é um ser social.
Infelizmente, muitos advogados são denunciados pelos clientes que os contrataram, por não repassarem o valor das
causas ganhas, o que caracteriza falta ética (SANTOS, 2013). É o caso do seguinte exemplo:
No ano de 2013, a OAB do Estado de Minas Gerais expulsou 06 (seis) advogados por falta ética; dois a mais que em 2012,
quando 04 (quatro) advogados foram excluídos por macularem a imagem de probidade da profissão.
O número é pequeno, mas revela a preocupação da entidade em manter a ética na profissão, demonstrando que a OAB
está atenta em combater os maus profissionais (CHAVES, 2013).
Para ser expulso, é necessário que fique comprovada a prática reiterada de determinada falta ética pelo advogado em
processo ético disciplinar, devendo haver 03 (três) suspensões para gerar a exclusão (SANTOS, 2013).
Segundo Santos (2013), como a apuração e punição cabe a cada seccional, o Conselho Federal da OAB não tem um
levantamento com os números de advogados punidos no país, pois intervém apenas em grau de recurso.
Entretanto, o então Presidente da OAB nacional, ao ser entrevistado a respeito do caso dos advogados de Suzane von
Richthofen, assim se posicionou:
Somente no ano passado, chegaram à Segunda Câmara do Conselho Federal da OAB cerca de 800 processos por infrações
ético disciplinares, passíveis das penalidades do Estatuto da Advocacia e da OAB. Desse total, segundo temos notícias, cerca de
500 foram julgados e houve um índice de quase 90% de punições. Temos que observar que são processos que chegaram em
grau de recurso, e isso dentro de uma categoria de mais de 500 mil advogados. Mas é um número expressivo de punições,
mostrando quea entidade não tem tergiversado com a ética (BUSATO, 2006).
Nessa linha de raciocínio, levando-se em conta que esses dados são apenas de processos que foram em grau de recurso,
verifica-se que é significativo o número de processos ético-disciplinares que tramitam em todo o território nacional, muito
embora o percentual seja pequeno em relação ao número total de advogados.
Outro mau exemplo, como já mencionado acima, é o dos advogados de Suzane von Richthofen, que também feriram a
ética, ao instruírem sua cliente a faltar com a verdade durante uma entrevista ao programa Fantástico, transmitido pela
TV Globo, em 2006.
Segundo Busato (2006), isso contraria os princípios éticos da advocacia, pois esta é fundamentada em rígidas regras
éticas e morais e não se pode admitir nenhum tipo de procedimento que não esteja em conformidade com
aqueles dispostos na ética.
Suzane também concedeu entrevista à revista Veja, ocasião em que a repórter Juliana Linhares afirmou que “não há
dúvida de que foi muito bem instruída por seus advogados a mostrar-se perturbada psicologicamente”. Segundo a
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jornalista, ao responder as perguntas, Suzane “lançava olhadelas indagativas para seus advogados”. Para Juliana, ficou
claro que Suzane “foi instruída por eles para fazer o tipo frágil e desassistida” (JUSBRASIL, 2006).
Um terceiro exemplo, diz respeito à notícia de que no ano de 2005, mais de dois mil advogados foram investigados pelo
Conselho de Ética da Seccional da OAB no Rio de Janeiro. Eles foram acusados de desrespeitar o Código de Ética dos
advogados, figurando entre as acusações, casos de desvio de conduta por participação no tráfico de entorpecentes
(VASCONCELOS, 2005).
Segundo Vasconcelos (2005), uma escuta telefônica feita pela DRE (Delegacia de Repressão a Entorpecentes) com
autorização da Justiça, flagrou um advogado recolhendo dinheiro da venda de drogas a mando de bandidos do Complexo
da Maré. Joel Lisboa dos Santos Filho, que teve a prisão decretada, foi acusado também de emprestar o telefone para
traficantes organizarem a distribuição das drogas, configurando associação para o tráfico, além de ter outras quatro
anotações na polícia por falsificação de documento e apropriação indébita.
Embora considere pequeno o envolvimento de advogados com o tráfico, a OAB tem procurado fazer campanhas sobre a
importância do cumprimento do código de ética da profissão. Outra medida é cobrar nas provas mais conhecimento
sobre ética. As campanhas, no entanto, não têm evitado que universitários, ainda sem a carteira da OAB, sejam flagrados
em crimes (VASCONCELOS, 2005).
Outros casos de advogados envolvidos com o crime organizado e desvios de conduta provocaram embaraços na OAB,
segundo publicação da Revista Consultor Jurídico. Um dos que mais chamaram a atenção foi o do advogado Paulo
Roberto Pedrini Cuzzuol, que defendia o traficante de drogas Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar. Ele foi
preso por agentes federais na Rodovia Presidente Dutra (Rio-São Paulo) com US$ 320 mil (trezentos e vinte mil dólares).
Para a polícia, o dinheiro pertencia ao traficante e era proveniente de negociações de cocaína na Colômbia, distribuição
de drogas no Rio de Janeiro e seria destinado à remessa de dólares para o exterior (VASCONCELOS, 2005).
Ainda de acordo com Vasconcelos (2005), esse alto índice de falta de profissionalismo é atribuído, por especialistas, às
falhas na formação dos advogados. Muitos cursos não priorizam o debate sobre a ética profissional. Entretanto, para
Gomes (2005), os advogados envolvidos com crimes e desvios de conduta têm má-formação de caráter e isso não estaria
restrito aos profissionais do direito.
Assim justifica o presidente da OAB-RJ, na época dos fatos descritos, Octávio Gomes (2005):
a Ouvidoria da Ordem (2272- 2002) recebe diariamente vários tipos de denúncias, mas muitas também não se
confirmam. Somos implacáveis e, se for o caso, cortamos na própria carne. Essas pessoas têm sérios desvios de caráter,
mas não acredito que seja devido à profissão que exercem. O mais importante para um advogado é jamais confundir a
defesa processual com as atitudes ilícitas dos seus clientes. Quando se misturam esses dois campos, ocorre um grave
problema ético.
Por fim, consigna-se que desde os mais simples desvios de conduta, até os mais graves crimes cometidos pelos
advogados, têm sido exemplarmente punidos pelos Tribunais de Ética da OAB, com o devido rigor do Código de Ética e
Disciplina, tendo como objetivo, garantir que a atividade da advocacia não perca seu prestígio e continue sendo uma das
mais dignas e belas profissões, sem se esquecer, no entanto, que a mesma é exercida por seres humanos que buscam na
atividade, seu próprio sustento e de seus familiares (MAFRA, 2010).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este artigo teve como fim, apresentar os reflexos e expectativas a respeito do início da vigência do Novo Código de Ética
e Disciplina da OAB analisados por diferentes óticas, ângulos e perspectivas, salientando as mais importantes
modificações no Estatuto da Ordem dos Advogados.
Verificaram-se grandes avanços no novo CED, que procurou adequar-se à propagação e popularização da internet,
ficando mais atualizado e compatível com a sociedade hodierna, continuando, todavia a publicidade, a ser praticada com
discrição, discernimento e prudência, sem objetivo de mercantilização da advocacia e captação de clientela.
Neste sentido, foi reconhecida oficialmente a advocacia pro bono, que já vinha há mais de um século sendo praticada no
Brasil, como forma de inclusão social daqueles que não podem pagar os honorários de um advogado, sem prejuízo do
próprio sustento.
Na esteira do Novo Código de Processo Civil, o Novo Código de Ética e Disciplina da OAB, regulamentou alguns direitos
aos advogados, qual seja, o direito aos honorários advocatícios mesmo quando há soluções consensuais, como forma de
incentivar os advogados a ajudarem a promover os acordos.
Ponderou-se, similarmente, a respeito do sigilo das informações que o advogado toma conhecimento em razão da
atividade, com o intuito de preservar a dignidade de seus clientes.
De igual modo, constatou-se que as regras para os dirigentes da OAB, passaram a ser mais rígidas, para que se tenha
mais transparência na apuração e punição aos desvios de conduta dos advogados, dando à sociedade mais segurança em
contratar um patrono para representar seus interesses junto ao Poder Judiciário.
Examinou-se também, que mesmo em meio à cada vez mais agressiva concorrência entre os profissionais, haja vista o
grande número de bacharéis em Direito que se formam a cada ano, é possível manter a lucidez e urbanidade, apesar dos
apelos de dinheiro fácil ou a qualquer custo, instigados pelo consumismo e a busca incessante de poder e conforto.
Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
Direito – São Gabriel – Disciplina Estatuto da OAB
Prof. João Marcos Castilho Morato
Apostila para complementação de estudo
Disciplina Estatuto da OAB. Curso de Direito. PUC Minas no São Gabriel
Prof. João Marcos Castilho Morato
morato@pucminas.br
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Ademais, visualiza-se que é válida a tentativa dos órgãos representantes de classe para frear a ânsia por prestígio e
riqueza através da profissão, por alguns indivíduos sem escrúpulos.
Pode-se afirmar, de outro modo, que a ética complementa-se com a moral, sendo que a moral ‘vem de berço’.
Lamentavelmente, os pais já não sabem ensinar às crianças o que é certo ou errado, deixando tal tarefapara as escolas,
quando as escolas deveriam primordialmente transmitir conhecimento.
Contudo, é preciso que os advogados entendam que trabalhando e agindo com ética, os clientes ficarão seguros e
satisfeitos, ainda que venham decisões desfavoráveis, haja vista ser também um dever do advogado, explicar ao
jurisdicionado, que a advocacia é uma atividade meio, e não um fim em si mesma, sem promessa de resultados.
Aos que não agem com ética, resta-lhes sofrer as sanções elencadas no Código de Ética e Disciplina, para que a classe dos
advogados continue com o respeito e a admiração da sociedade, pois se trata de uma atividade essencial para o Estado
Democrático de Direito, tendo a OAB, a incumbência de apurar as faltas cometidas por tais profissionais.
Enfim, em uma sociedade democrática e organizada, os poderes constituídos devem zelar para que as instituições e
conselhos profissionais primem pelo bem-estar de seus assistidos e/ou representados, aplicando rigorosa e
proporcionalmente as penas, conforme os desvios de conduta dos profissionais que compõem seus quadros.
Conclui-se, então, que as instituições públicas brasileiras, primam pela transparência e probidade, atendendo ao clamor
popular, ainda que inúmeros indivíduos que as compõem, sejam voltados aos próprios interesses.
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