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Uso do hífen: nomes compostos e prefixos Maria Nívia Dantas Uso do hífen: nomes compostos e prefixos O hífen, também chamado traço de união, é um sinal em forma de pequeno traço horizontal (-), usado para unir os elementos de palavras compostas (pronto-socorro, terça-feira); separar sílabas no final de linha (certa-/mente) e marcar ligações enclíticas (dize-me) e mesoclíticas (dir-te-ei). ATENÇÃO! Não confundir com o travessão (—), usado: a) quando se tem uma cadeia vocabular (linha Norte—Sul, rodovia Rio—São Paulo); b) para abrir diálogos (Ela pediu: “— Por favor, ajude-me.”); c) para separar ou destacar frases (O governo — disse o ministro da Educação — vai promover a reforma ortográfica). 1 As palavras compostas (que formam um conjunto semântico), em geral, são ligadas por hífen. Exemplos:boa-fé, má-fé, decreto-lei, porta-retratos, primeiro-ministro, mesa-redonda. 2 Já os elementos repetidos ou quase iguais, em geral, sem elementos de ligação, têm hífen, comopingue-pongue, tico-tico,blá-blá-blá,lenga-lenga,zigue-zague, esconde-esconde, pega-pega, corre-corre. Também com hífen quando o 1º elemento são as formasalém, aquém, recém, bem, malesem: além-mar, aquém-montanha, recém-casado, bem-estar, mal-estar, bem-aventurado, sem-vergonha. Mas SEM hífen: benfazejo, benfeito, benfeitor, benfeitoria, benquerença. 3 Não se usa o hífen em compostos que apresentam elementos de ligação, comopé de moleque, pé de vento, pai de todos, dia a dia, fim de semana, cor de vinho, camisa de força, cara de pau, olho de sogra. Incluem-se nesse caso os compostos de base oracional, comomaria vai com as outras, leva e traz, diz que diz, deus me livre, deus nos acuda, cor de burro quando foge, bicho de sete cabeças, faz de conta. Mas, há EXCEÇÕES, nestes casos:água-de-colônia, arco-da-velha, cor-de-rosa, mais-que-perfeito, pé-de-meia, ao deus-dará, à queima-roupa. 4 Usa-se o hífen nos compostos que designam espécies animais e botânicas (nomes de plantas, flores, frutos, raízes, sementes), tendo ou não elementos de ligação, comobem-te-vi, peixe-espada, peixe-do-paraíso, mico-leão-dourado, andorinha-da-serra, lebre-da-patagônia, copos-de-leite, erva-doce, ervilha-de-cheiro, pimenta-do-reino, peroba-do-campo, cravo-da-índia. ATENÇÃO! NÃO se usa o hífen, quando os compostos que designam espécies botânicas e zoológicas são empregados fora de seu sentido original (sentido figurado). Observe a diferença de sentido entre os pares: bico-de-papagaio (espécie de planta ornamental) — bico de papagaio (deformação nas vértebras). olho-de-boi (espécie de peixe) – olho de boi (espécie de selo postal). 5 Expressões latinas,SEM hífen: advogadoad hoc,verbi gratia.As exceçõesconsagradas pelo uso sãohabeas-corpusehabeas-data, com hífen, mas sem acento. 6 Usa-se o hífen nas palavras compostas que não apresentam elementos de ligação, comoguarda-chuva, arco-íris, boa-fé, segunda-feira, mesa-redonda, vaga-lume, joão-ninguém, porta-malas, porta-bandeira, pão-duro, bate-boca. Contudo, NÃO se usa o hífenem certas palavras que perderam a noção de composição, comogirassol, madressilva, mandachuva, pontapé, paraquedas, paraquedista, paraquedismo. 7 Usa-se o hífen nos compostos entre cujos elementos há o emprego do apóstrofo. Exemplos:gota-d’água, pé-d'água. 8 Usa-se o hífen nas palavras compostasderivadas de topônimos(nomes próprios de lugares), com ou sem elementos de ligação. Observe: Belo Horizonte –belo-horizontino Porto Alegre –porto-alegrense Mato Grosso do Sul –mato-grossense-do-sul Rio Grande do Norte –rio-grandense-do-norte África do Sul –sul-africano 9 Nas formações com prefixo,usa-se o hífen quando o 1º elemento termina por vogal igual à que inicia o 2º elemento:anti-ibérico, arqui-inimigo, auto-ônibus, sobre-estimar, micro-ônibus, micro-ondas. 10 Mas se o 1º elemento termina por vogal diferente da que inicia o 2º elemento, NÃO se usa hífen:aeroespacial, agroindustrial, antiácido, euroasiático, antiaéreo, autoescola.Se o 2º elemento começa porrous, essas consoantes devem ser dobradas: antessala, antirreligioso, contrarregra, contrassenso, corréu, corréus, contrarrazões, contrarrevolução, minissaia, antirracismo, ultrassom, semirreta. 11 Os prefixosco,pro,preere(todos sem acento) em geral se aglutinam com o 2º elemento, mesmo quando iniciado poreouo:coedição,coautor,coautoria,preeleito,reeleito,reeleição,coabitar,coerdeiro,coerdar,preexistir,preencher,prejulgar,preordenar. Mas usa-se hífen se o 1º elemento terminar com acento gráfico:pós-graduação, pré-escolar, pré-histórico, pré-molar, pré-cozido. 12 Usa-se hífen quando o 1º elemento termina pormoune o 2º elemento começa porvogal,h,men:circum-escolar, pan-americano, pan-africano, pan-negritude,pan-histórico. 13 Usa-se hífen quando o 1º elemento éex,vice,sota,soto:ex-presidente,vice-presidente,ex-ministro,sota-almirante,soto-capitão. 14 Usa-se hífen quando o 1º elemento termina porvogal,sob,sube prefixos terminados emr(hiper,supereinter) e o segundo elemento começa porh:bio-histórico,poli-hidrite,sub-hepático,sub-humano,super-homem.Mas palavras de uso consagrado não mudam, comoreidratar, reabilitar, reabituar, reabitar, reumanizar, reaver.São aceitas as formascarboidratoecarbo-hidrato. 15 Usa-se hífen quando o 1º elemento termina porb(ab,ob, sob, sub) oud(ad) e o 2º elemento começa porbour:sub-bélico,sub-rogar,ad-referendum,sub-reitor,sub-reptil,sub-reptício,ab-rogar,ab-rupto (ouabrupto).Mas sem hífen nos demais casos, comosubalimentar, subestimar, subchefe, subdiretor, subfaturar, subgrupo, subemprego, subdividir, submundo, suburbano, subprocurador, subliminar. 16 NÃO se usa hífencom os prefixosdeseinquando o 2º elemento perde ohinicial:desumano, inábil, inumano. 17 NÃO se usa hífencom a palavra não com função prefixal:não violência, não agressão, não comparecimento. 18 Nas formações comsufixos de origemtupi-guarani,que representam formas adjetivas,emprega-se o hífenquando o1º elemento termina por vogal acentuada graficamenteou quando a pronúncia exige a distinção gráfica dos dois elementos:amoré-guaçu,anafá-mirim, capim-açu, Ceará-Mirim.Mas,escreve-se sem o hífenemMogi Guaçu, Mogi Mirim, Mogi das Cruzes. ATENÇÃO! Com mal, usa-se o hífen quando a palavra seguinte começar por vogal, h ou l, como em mal-entendido, mal-estar, mal-humorado, mal-educado, mal-limpo. Quando mal significa doença, usa-se o hífen, se não houver elemento de ligação, como em mal-francês. Se houver elemento de ligação, escreve-se sem o hífen. Observe: mal de lázaro (lepra), mal de sete dias (tétano umbilical ou tétano neonatal). Uso dos porquês Maria Nívia Dantas Emprego do porquê Há quatro formas para o emprego do porquê, cada qual com um uso específico. O mais importante é não se deixar enganar pela solução tradicional e superficial de saber “qual é o da pergunta e qual é o da resposta”. Com as explicações a seguir, não há mais como ter dúvidas. Basta utilizá-las como referência de pesquisa sempre que empregar os porquês, para saber exatamente a distinção entre cada uma delas. Quais são as maneiras de escrita dos porquês? Na forma escrita, de que modo se costuma escrever o por quê? POR QUE (= POR QUAL MOTIVO) A formaPOR QUEpode ser identificada ao se substituir por “por qual motivo, por qual razão”. Observe os exemplos: Por queainda temos tantas dúvidas? Em breve, entenderemospor quetínhamos tantas dúvidas. Eles não disserampor que, depois de tanto tempo de estudo, ainda permaneciam as dúvidas. ATENÇÃO! A forma POR QUE também pode ser simplesmente a preposição POR ao lado do pronome relativo QUE, e, nesse caso, pode ser substituída, para efeito de confirmação, por “pelo qual” e suas flexões. A transportadora por que os livros serão enviados definiu sua rota de entrega. (= pela qual) Por que caminhos ele percorreu ninguém sabe. (=por quais) CONCEITO Caso surja, no final de uma frase, imediatamente antes de um ponto (final, de interrogação, de exclamação) ou de reticências, a sequência deve ser grafada por quê, pois, devido à posição na frase, a palavra "que" passa a ser tônica. A forma porquê representa um substantivo, significando "causa", "razão", "motivo" e, normalmente, surge acompanhada de palavra determinante (artigo, por exemplo). E a forma porque é uma conjunção, equivalendo a pois, já que, uma vez que, como, sendo geralmente utilizada em respostas, para explicação ou causa. POR QUÊ (= POR QUAL MOTIVO) A formaPOR QUÊtambém significa “por qual motivo, por qual razão”. A diferença de uso entre essa forma ePOR QUEse dá pela observação da conclusão ou não da ideia contida emPOR QUE. Repare o exemplo: •Em breve, entenderemos por que tínhamos tantas dúvidas. Se tirarmos da frase a “continuação” doPOR QUE, ele ganhará um acento. Normalmente se diz que o acento aparece no fim da frase. Isso faz sentido, pois, se a frase termina, é óbvio que a ideia não continua. Ou, então: •Antes, tínhamos tantas dúvidas; em breve, entenderemospor quê. •Ele tem dúvidas.Por quê? •Embora tenhamos entendidopor quê, ainda não estávamos satisfeitos. PORQUE(= POIS, UMA VEZ QUE, JÁ QUE) A formaPORQUEpode ser substituída por algum termo que denotecausaouexplicação, comopois,uma vez que,já que.Independe se aparecer em uma pergunta ou resposta. Antes de empregá-lo, confira se o sentido não é o de “por qual motivo”, o que indicaria que a forma correta seriaPOR QUE. Exemplos: •Ainda temos muitas dúvidasporquefaltou aprendizado em uma fase mais madura da vida. •Porqueele não tem dúvidas, todos não devem ter? ATENÇÃO Observe as duas frases: • Sabemos, porque fomos informados. • Sabemos por que fomos informados. No primeiro caso, o sentido é: “Sabemos, pois alguém nos informou.” Estamos apresentando a causa de sabermos. No segundo caso, o sentido é: “Sabemos por qual razão nos escolheram para receber a informação.” Estamos dizendo o que sabemos, o complemento do verbo saber. PORQUÊ (= SUBSTANTIVO, SIGNIFICA O MOTIVO, A RAZÃO) A formaPORQUÊé um substantivo, e a maneira de saber isso é sempre buscar o determinante que o acompanha. Se não houver um determinante, não será um substantivo. Observe: •Esseporquêsatisfez a todos. •Vá pensando emumporquêpara a sua falta. •Ele sempre temmuitosporquês. •Em breve, entenderemosoporquêde termos tantas dúvidas. FORMA EMPREGO EXEMPLOS POR QUE Em frases interrogativas (diretas e indiretas). Em substituição à expressão “pelo qual” (e suas variações). Por que ele chorou? (interrogativa direta) Digam-me por que ele chorou. (interrogativa indireta) As cidades por que passamos eram sujas. (por que = pelas quais) POR QUÊ No final de frases. Eles estão revoltados por quê? Ele não veio não sei por quê. PORQUE Em frases afirmativas e em respostas. Não fui à praia porque choveu. PORQUÊ Como substantivo. Todos sabem o porquê da sua angústia. Emprego dos pronomes: eu e mim Maria Nívia Dantas “Pra mim brincar” Não há nada mais gostoso do que o mim sujeito de verbo infinitivo. Pra mim brincar. As cariocas que não sabem gramática falam assim. Todos os brasileiros deviam de querer falar como as cariocas que não sabem gramática. - As palavras mais feias da língua portuguesa são quiçá, alhures e miúde. BANDEIRA, Manuel Fragmentos. (BANDEIRA, Manuel. Seleta em prosa e verso. Org.: Emanuel de Moraes. 4 ed. Rio de Janeiro, José Olympio, 1986. p. 19). Eu é pronome pessoal reto. Sempre exerce a função de sujeito. Mim é pronome pessoal oblíquo tônico. Nunca exerce a função de sujeito e, obrigatoriamente, deve ser usado com preposição: a mim, de mim, entre mim, para mim, por mim. EXEMPLOS Eu li o jornal “O Globo” hoje. (sujeito) Ela trouxe o jornal “O Globo” para mim. (não é sujeito) Entretanto, observe: Ela trouxe o jornal “O Globo” para eu ler. RESUMO A diferença entre para mim e para eu está na presença ou não de um verbo sempre no infinitivo após o pronome. A regra é clara: para + eu + infinitivo. • Este documento é para mim. • Este documento é para eu escrever. • O suco é para mim. • O suco é para eu beber agora. • Entregou a carta para mim. • Entregou a carta para eu ler depois. Portanto, sempre que houver um verbo no infinitivo, deve-se usar os pronomes pessoais retos, qualquer que seja a preposição. • Paulo fez isso por eu estar muito cansada. • Lívia chegou antes de eu sair. ATENÇÃO No caso da expressão “entre mim e você”, tem-se a preposição entre antes, e não há verbo após o pronome. Isso significa que se deve usar sempre o pronome pessoal oblíquo mim em vez do pronome pessoal reto eu. Observe. • Nada há entre mim e você. • Nada há entre mim e ti. • Nada há entre mim e João. Uso do ponto e vírgula Ponto e vírgula ( ; ) O ponto e vírgula indica uma pausa maior que a vírgula e menor que o ponto. Quanto à melodia da frase, indica um tom ligeiramente descendente, mas capaz de assinalar que o período não terminou. Emprega-se nos seguintes casos: - Para separar orações coordenadas não unidas por conjunção, que guardem relação entre si. Por Exemplo: O rio está poluído; os peixes estão mortos. - Para separar orações coordenadas, quando pelo menos uma delas já possui elementos separados por vírgula. Por Exemplo: O resultado final foi o seguinte: dez professores votaram a favor do acordo; nove, contra. - Para separar itens de uma enumeração. Por Exemplo: No parque de diversões, as crianças encontram: brinquedos; balões; pipoca. - Para alongar a pausa de conjunções adversativas (mas, porém, contudo, todavia, entretanto, etc.) , substituindo, assim, a vírgula. Por Exemplo: Gostaria de vê-lo hoje; todavia, só o verei amanhã. - Para separar orações coordenadas adversativas quando a conjunção aparecer no meio da oração. Por Exemplo: Esperava encontrar todos os produtos no supermercado; obtive, porém, apenas alguns. Dois-pontos ( : ) O uso de dois-pontos marca uma sensível suspensão da voz numa frase não concluída. Emprega-se, geralmente: - Para anunciar a fala de personagens nas histórias de ficção. Por Exemplo: "Ouvindo passos no corredor, abaixei a voz : – Podemos avisar sua tia, não?" (Graciliano Ramos) - Para anunciar uma citação. Por Exemplo: Bem diz o ditado: Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura. Lembrando um poema de Vinícius de Moraes: "Tristeza não tem fim, Felicidade sim." - Para anunciar uma enumeração. Por Exemplo: Os convidados da festa que já chegaram são: Júlia, Renata, Paulo e Marcos. - Antes de orações apositivas. Por Exemplo: Só aceito com uma condição: irás ao cinema comigo. - Para indicar um esclarecimento, resultado ou resumo do que se disse. Exemplos: Marcelo era assim mesmo: não tolerava ofensas. Resultado: corri muito, mas não alcancei o ladrão. Em resumo: montei um negócio e hoje estou rico. Obs.: os dois-pontos costumam ser usados na introdução de exemplos, notas ou observações. Veja: Parônimos são vocábulos diferentes na significação e parecidos na forma. Exemplos: ratificar/retificar, censo/senso, etc. Nota: a preposição "per", considerada arcaica, somente é usada na frase "de per si " (= cada um por sua vez, isoladamente). Observação: na linguagem coloquial pode-se aplicar o grau diminutivo a alguns advérbios: cedinho, melhorzinho, etc. - Na invocação das correspondências. Por Exemplo: Prezados Senhores: Convidamos todos para a reunião deste mês, que será realizada dia 30 de julho, no auditório da empresa. Atenciosamente, A Direção Ponto de Exclamação ( ! ) O ponto de exclamação é utilizado após as interjeições, frases exclamativas e imperativas. Pode exprimir surpresa, espanto, susto, indignação, piedade, ordem, súplica, etc. Possui entoação descendente. Exemplos: Como as mulheres são lindas! Pare, por favor! Ah! Que pena que ele não veio... Obs.: o ponto de exclamação substitui o uso da vírgula de um vocativo enfático. Por Exemplo: Ana! venha até aqui! Reticências ( ... ) As reticências marcam uma suspensão da frase, devido, muitas vezes a elementos de natureza emocional. Empregam-se: - Para indicar continuidade de uma ação ou fato. Por Exemplo: O tempo passa... - Para indicar suspensão ou interrupção do pensamento. Por Exemplo: Vim até aqui achando que... - Para representar, na escrita, hesitações comuns na língua falada. Exemplos: "Vamos jantar amanhã? – Vamos...Não...Pois vamos." Não quero sobremesa...porque...porque não estou com vontade. - Para realçar uma palavra ou expressão. Por Exemplo: Não há motivo para tanto...mistério. - Para realizar citações incompletas. Por Exemplo: O professor pediu que considerássemos esta passagem do hino brasileiro: "Deitado eternamente em berço esplêndido..." - Para deixar o sentido da frase em aberto, permitindo uma interpretação pessoal do leitor. Por Exemplo: "Estou certo, disse ele, piscando o olho, que dentro de um ano a vocação eclesiástica do nosso Bentinho se manifesta clara e decisiva. Há de dar um padre de mão-cheia. Também, se não vier em um ano..." (Machado de Assis) Saiba que As reticências e o ponto de exclamação, sinais gráficos subjetivos de grande poder de sugestão e ricos em matizes melódicos, são ótimos auxiliares da linguagem afetiva e poética. Seu uso, porém, é antes arbitrário, pois depende do estado emotivo do escritor. Parênteses ( ( ) ) Os parênteses têm a função de intercalar no texto qualquer indicação que, embora não pertença propriamente ao discurso, possa esclarecer o assunto. Empregam-se: - Para separar qualquer indicação de ordem explicativa, comentário ou reflexão. Por Exemplo: Zeugma é uma figura de linguagem que consiste na omissão de um termo (geralmente um verbo)que já apareceu anteriormente na frase. - Para incluir dados informativos sobre bibliografia (autor, ano de publicação, página etc.) Por Exemplo: " O homem nasceu livre, e em toda parte se encontra sob ferros" (Jean- Jacques Rousseau, Do Contrato Social e outros escritos. São Paulo, Cultrix, 1968.) - Para isolar orações intercaladas com verbos declarativos, em substituição à vírgula e aos travessões. Por Exemplo: Afirma-se (não se prova) que é muito comum o recebimento de propina para que os carros apreendidos sejam liberados sem o recolhimento das multas. - Para delimitar o período de vida de uma pessoa. Por Exemplo: Carlos Drummond de Andrade (1902 – 1987). - Para indicar possibilidades alternativas de leitura. Por Exemplo: Prezado(a) usuário(a). - Para indicar marcações cênicas numa peça de teatro. Por Exemplo: Abelardo I - Que fim levou o americano? João - Decerto caiu no copo de uísque! Abelardo I - Vou salvá-lo. Até já! (sai pela direita) (Oswald de Andrade) Obs.: num texto, havendo necessidade de utilizar alíneas, estas podem ser ordenadas alfabeticamente por letras minúsculas, seguidas de parênteses (Note que neste caso as alíneas, exceto a última, terminam com ponto e vírgula). Por Exemplo: No Brasil existem mulheres: a) morenas; b) loiras; c) ruivas. Os Parênteses e a Pontuação Veja estas observações: 1) As frases contidas dentro dos parênteses não costumam ser muito longas, mas devem manter pontuação própria, além da pontuação normal do texto. 2) O sinal de pontuação pode ficar interno aos parênteses ou externo, conforme o caso. Fica interno quando há uma frase completa contida nos parênteses. Exemplos: É importante ter atenção ao uso dos parênteses. (Eles exigem um cuidado especial!) Vamos confiar (Por que não?) que cumpriremos a meta. Se o enunciado contido entre parênteses não for uma frase completa, o sinal de pontuação ficará externo. Por Exemplo: O rali começou em Lisboa (Portugal) e terminou em Dacar (Senegal). 3) Antes do parêntese não se utilizam sinais de pontuação, exceto o ponto. Quando qualquer sinal de pontuação coincidir com o parêntese de abertura, deve-se optar por colocá-lo após o parêntese de fecho. Travessão ( – ) O travessão é um traço maior que o hífen e costuma ser empregado: - No discurso direto, para indicar a fala da personagem ou a mudança de interlocutor nos diálogos. Por Exemplo: – O que é isso, mãe? – É o seu presente de aniversário, minha filha. - Para separar expressões ou frases explicativas, intercaladas. Por Exemplo: "E logo me apresentou à mulher, – uma estimável senhora – e à filha." (Machado de Assis) Travessão ( – ) - Para destacar algum elemento no interior da frase, servindo muitas vezes para realçar o aposto. Por Exemplo: "Junto do leito meus poetas dormem – O Dante, a Bíblia, Shakespeare e Byron – Na mesa confundidos." (Álvares de Azevedo) - Para substituir o uso de parênteses, vírgulas e dois-pontos, em alguns casos. Por Exemplo: "Cruel, obscena, egoísta, imoral, indômita, eternamente selvagem, a arte é a superioridade humana – acima dos preceitos que se combatem, acima das religiões que passam, acima da ciência que se corrige; embriaga como a orgia e como o êxtase." (Raul Pompeia) Aspas ( " " ) As aspas têm como função destacar uma parte do texto. São empregadas: - Antes e depois de citações ou transcrições textuais. Por Exemplo: Como disse Machado de Assis: "A melhor definição do amor não vale um beijo de moça namorada." - Para representar nomes de livros ou legendas. Por Exemplo: Camões escreveu "Os Lusíadas" no século XVI. Aspas ( " " ) Obs.: para realçar títulos de livros, revistas, jornais, filmes, etc. também podemos grifar as palavras, conforme o exemplo: Ontem assisti ao filme Central do Brasil. - Para assinalar estrangeirismos, neologismos, gírias, expressões populares, ironia. Exemplos: O "lobby" para que se mantenha a autorização de importação de pneus usados no Brasil está cada vez mais descarado.(Veja) Com a chegada da polícia, os três suspeitos "se mandaram" rapidamente. Que "maravilha": Felipe tirou zero na prova! - Para realçar uma palavra ou expressão. Exemplos: Mariana reagiu impulsivamente e lhe deu um "não". Quem foi o "inteligente" que fez isso? Obs.: em trechos que já estiverem entre aspas, se necessário usá-las novamente, empregam-se aspas simples. Por Exemplo: "Tinha-me lembrado da definição que José Dias dera deles, 'olhos de cigana oblíqua e dissimulada'. Eu não sabia o que era oblíqua, mas dissimulada sabia, e queria ver se podiam chamar assim. Capitu deixou-se fitar e examinar." (Machado de Assis) Colchetes ( [ ] ) Os colchetes têm a mesma finalidade que os parênteses; todavia, seu uso se restringe aos escritos de cunho didático, filológico, científico. Pode ser empregado: - Em definições do dicionário, para fazer referência à etimologia da palavra. Por Exemplo: amor- (ô). [Do lat. amore.] 1. Sentimento que predispõe alguém a desejar o bem de outrem, ou de alguma coisa: amor ao próximo; amor ao patrimônio artístico de sua terra.(Novo Dicionário Aurélio) - Para intercalar palavras ou símbolos não pertencentes ao texto. Por Exemplo: Em Aruba se fala o espanhol, o inglês, o holandês e o papiamento. Aqui estão algumas palavras de papiamento que você, com certeza, vai usar: 1- Bo ta bon? [Você está bem?] 2- Dios no ta di Brazil. [Deus não é brasileiro.] - Para inserir comentários e observações em textos já publicados. Por Exemplo: Machado de Assis escreveu muitas cartas a Sílvio Dinarte. [pseudônimo de Visconde de Taunay, autor de "Inocência"] - Para indicar omissões de partes na transcrição de um texto. Por Exemplo: "É homem de sessenta anos feitos [...] corpo antes cheio que magro, ameno e risonho" (Machado de Assis) Asterisco ( * ) O asterisco, sinal gráfico em forma de estrela, costuma ser empregado: - Nas remissões a notas ou explicações contidas em pé de páginas ou ao final de capítulos. Por Exemplo: Ao analisarmos as palavras sorveteria, sapataria, confeitaria, leiteria e muitas outras que contêm o morfema preso* -aria e seu alomorfe -eria, chegamos à conclusão de que este afixo está ligado a estabelecimento comercial. Em alguns contextos pode indicar atividades, como em: bruxaria, gritaria, patifaria, etc. * É o morfema que não possui significação autônoma e sempre aparece ligado a outras palavras. - Nas substituições de nomes próprios não mencionados. Por Exemplo: O Dr.* conversou durante toda a palestra. O jornal*** não quis participar da campanha. Parágrafo ( § ) O símbolo para parágrafo, representado por §, equivale a dois ésses (S) entrelaçados, iniciais das palavras latinas "Signum sectionis" que significam sinal de secção, de corte. Num ditado, quando queremos dizer que o período seguinte deve começar em outra linha, falamos parágrafo ou alínea. A palavra alínea (vem do latim a +lines) e significa distanciado da linha, isto é, fora da margem em que começam as linhas do texto. O uso de parágrafos é muito comum nos códigos de leis. Por Exemplo: § 7º Lei federal disporá sobre as normas gerais a serem obedecidas na efetivação do disposto no § 4º.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/secoes/fono/index.php>. Acesso em 22 de fev. de 2016.
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