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Capítulo 1 Uso do hífen uso dos porquês

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Uso do hífen: nomes compostos e prefixos
Maria Nívia Dantas
Uso do hífen: nomes compostos e prefixos
O hífen, também chamado traço de união, é um sinal em forma de pequeno traço horizontal (-), usado para unir os elementos de palavras compostas (pronto-socorro, terça-feira); separar sílabas no final de linha (certa-/mente) e marcar ligações enclíticas (dize-me) e mesoclíticas (dir-te-ei). 
ATENÇÃO!
Não confundir com o travessão (—), usado: 
a) quando se tem uma cadeia vocabular (linha Norte—Sul, rodovia Rio—São Paulo); 
b) para abrir diálogos (Ela pediu: “— Por favor, ajude-me.”); 
c) para separar ou destacar frases (O governo — disse o ministro da Educação — vai promover a reforma ortográfica). 
1
As palavras compostas (que formam um conjunto semântico), em geral, são ligadas por hífen. Exemplos:boa-fé, má-fé, decreto-lei, porta-retratos, primeiro-ministro, mesa-redonda.
2
Já os elementos repetidos ou quase iguais, em geral, sem elementos de ligação, têm hífen, comopingue-pongue, tico-tico,blá-blá-blá,lenga-lenga,zigue-zague, esconde-esconde, pega-pega, corre-corre.
Também com hífen quando o 1º elemento são as formasalém, aquém, recém, bem, malesem: além-mar, aquém-montanha, recém-casado, bem-estar, mal-estar, bem-aventurado, sem-vergonha.
Mas SEM hífen: benfazejo, benfeito, benfeitor, benfeitoria, benquerença.
3
Não se usa o hífen em compostos que apresentam elementos de ligação, comopé de moleque, pé de vento, pai de todos, dia a dia, fim de semana, cor de vinho, camisa de força, cara de pau, olho de sogra.
Incluem-se nesse caso os compostos de base oracional, comomaria vai com as outras, leva e traz, diz que diz, deus me livre, deus nos acuda, cor de burro quando foge, bicho de sete cabeças, faz de conta.
Mas, há EXCEÇÕES, nestes casos:água-de-colônia, arco-da-velha, cor-de-rosa, mais-que-perfeito, pé-de-meia, ao deus-dará, à queima-roupa.
4
Usa-se o hífen nos compostos que designam espécies animais e botânicas (nomes de plantas, flores, frutos, raízes, sementes), tendo ou não elementos de ligação, comobem-te-vi, peixe-espada, peixe-do-paraíso, mico-leão-dourado, andorinha-da-serra, lebre-da-patagônia, copos-de-leite, erva-doce, ervilha-de-cheiro, pimenta-do-reino, peroba-do-campo, cravo-da-índia.
ATENÇÃO!
NÃO se usa o hífen, quando os compostos que designam espécies botânicas e zoológicas são empregados fora de seu sentido original (sentido figurado). Observe a diferença de sentido entre os pares:
bico-de-papagaio (espécie de planta ornamental) — bico de papagaio (deformação nas vértebras).
olho-de-boi (espécie de peixe) – olho de boi (espécie de selo postal). 
5
Expressões latinas,SEM hífen: advogadoad hoc,verbi gratia.As exceçõesconsagradas pelo uso sãohabeas-corpusehabeas-data, com hífen, mas sem acento.
6
Usa-se o hífen nas palavras compostas que não apresentam elementos de ligação, comoguarda-chuva, arco-íris, boa-fé, segunda-feira, mesa-redonda, vaga-lume, joão-ninguém, porta-malas, porta-bandeira, pão-duro, bate-boca.
Contudo, NÃO se usa o hífenem certas palavras que perderam a noção de composição, comogirassol, madressilva, mandachuva, pontapé, paraquedas, paraquedista, paraquedismo.
7
Usa-se o hífen nos compostos entre cujos elementos há o emprego do apóstrofo. Exemplos:gota-d’água, pé-d'água.
8
Usa-se o hífen nas palavras compostasderivadas de topônimos(nomes próprios de lugares), com ou sem elementos de ligação. Observe:
Belo Horizonte –belo-horizontino
Porto Alegre –porto-alegrense
Mato Grosso do Sul –mato-grossense-do-sul
Rio Grande do Norte –rio-grandense-do-norte
África do Sul –sul-africano
9
Nas formações com prefixo,usa-se o hífen quando o 1º elemento termina por vogal igual à que inicia o 2º elemento:anti-ibérico, arqui-inimigo, auto-ônibus, sobre-estimar, micro-ônibus, micro-ondas.
10
Mas se o 1º elemento termina por vogal diferente da que inicia o 2º elemento, NÃO se usa hífen:aeroespacial, agroindustrial, antiácido, euroasiático, antiaéreo, autoescola.Se o 2º elemento começa porrous, essas consoantes devem ser dobradas: antessala, antirreligioso, contrarregra, contrassenso, corréu, corréus, contrarrazões, contrarrevolução, minissaia, antirracismo, ultrassom, semirreta.
11
Os prefixosco,pro,preere(todos sem acento) em geral se aglutinam com o 2º elemento, mesmo quando iniciado poreouo:coedição,coautor,coautoria,preeleito,reeleito,reeleição,coabitar,coerdeiro,coerdar,preexistir,preencher,prejulgar,preordenar.
Mas usa-se hífen se o 1º elemento terminar com acento gráfico:pós-graduação, pré-escolar, pré-histórico, pré-molar, pré-cozido.
12
Usa-se hífen quando o 1º elemento termina pormoune o 2º elemento começa porvogal,h,men:circum-escolar, pan-americano, pan-africano, pan-negritude,pan-histórico.
13
Usa-se hífen quando o 1º elemento éex,vice,sota,soto:ex-presidente,vice-presidente,ex-ministro,sota-almirante,soto-capitão.
14
Usa-se hífen quando o 1º elemento termina porvogal,sob,sube prefixos terminados emr(hiper,supereinter) e o segundo elemento começa porh:bio-histórico,poli-hidrite,sub-hepático,sub-humano,super-homem.Mas palavras de uso consagrado não mudam, comoreidratar, reabilitar, reabituar, reabitar, reumanizar, reaver.São aceitas as formascarboidratoecarbo-hidrato.
15
Usa-se hífen quando o 1º elemento termina porb(ab,ob, sob, sub) oud(ad) e o 2º elemento começa porbour:sub-bélico,sub-rogar,ad-referendum,sub-reitor,sub-reptil,sub-reptício,ab-rogar,ab-rupto (ouabrupto).Mas sem hífen nos demais casos, comosubalimentar, subestimar, subchefe, subdiretor, subfaturar, subgrupo, subemprego, subdividir, submundo, suburbano, subprocurador, subliminar.
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NÃO se usa hífencom os prefixosdeseinquando o 2º elemento perde ohinicial:desumano, inábil, inumano.
17
NÃO se usa hífencom a palavra não com função prefixal:não violência, não agressão, não comparecimento.
18
Nas formações comsufixos de origemtupi-guarani,que representam formas adjetivas,emprega-se o hífenquando o1º elemento termina por vogal acentuada graficamenteou quando a pronúncia exige a distinção gráfica dos dois elementos:amoré-guaçu,anafá-mirim, capim-açu, Ceará-Mirim.Mas,escreve-se sem o hífenemMogi Guaçu, Mogi Mirim, Mogi das Cruzes.
ATENÇÃO!
Com mal, usa-se o hífen quando a palavra seguinte começar por vogal, h ou l, como em mal-entendido, mal-estar, mal-humorado, mal-educado, mal-limpo.
Quando mal significa doença, usa-se o hífen, se não houver elemento de ligação, como em mal-francês. Se houver elemento de ligação, escreve-se sem o hífen. Observe: mal de lázaro (lepra), mal de sete dias (tétano umbilical ou tétano neonatal).
Uso dos porquês 
Maria Nívia Dantas
Emprego do porquê
Há quatro formas para o emprego do porquê, cada qual com um uso específico. O mais importante é não se deixar enganar pela solução tradicional e superficial de saber “qual é o da pergunta e qual é o da resposta”. 
Com as explicações a seguir, não há mais como ter dúvidas. Basta utilizá-las como referência de pesquisa sempre que empregar os porquês, para saber exatamente a distinção entre cada uma delas.
Quais são as maneiras de escrita dos porquês? 
Na forma escrita, de que modo se costuma escrever o por quê?	
POR QUE (= POR QUAL MOTIVO)
A formaPOR QUEpode ser identificada ao se substituir por “por qual motivo, por qual razão”. Observe os exemplos:
Por queainda temos tantas dúvidas?
Em breve, entenderemospor quetínhamos tantas dúvidas.
Eles não disserampor que, depois de tanto tempo de estudo, ainda permaneciam as dúvidas.
ATENÇÃO!
A forma POR QUE também pode ser simplesmente a preposição POR ao lado do pronome relativo QUE, e, nesse caso, pode ser substituída, para efeito de confirmação, por “pelo qual” e suas flexões.
A transportadora por que os livros serão enviados definiu sua rota de entrega. (= pela qual)
Por que caminhos ele percorreu ninguém sabe. (=por quais) 
CONCEITO
Caso surja, no final de uma frase, imediatamente antes de um ponto (final, de interrogação, de exclamação) ou de reticências, a sequência deve ser grafada
por quê, pois, devido à posição na frase, a palavra "que" passa a ser tônica.
A forma porquê representa um substantivo, significando "causa", "razão", "motivo" e, normalmente, surge acompanhada de palavra determinante (artigo, por exemplo).
E a forma porque é uma conjunção, equivalendo a pois, já que, uma vez que, como, sendo geralmente utilizada em respostas, para explicação ou causa.	
POR QUÊ (= POR QUAL MOTIVO)
A formaPOR QUÊtambém significa “por qual motivo, por qual razão”. A diferença de uso entre essa forma ePOR QUEse dá pela observação da conclusão ou não da ideia contida emPOR QUE.
Repare o exemplo:
•Em breve, entenderemos por que tínhamos tantas dúvidas.
Se tirarmos da frase a “continuação” doPOR QUE, ele ganhará um acento. Normalmente se diz que o acento aparece no fim da frase. Isso faz sentido, pois, se a frase termina, é óbvio que a ideia não continua.
Ou, então:
•Antes, tínhamos tantas dúvidas; em breve, entenderemospor quê.
•Ele tem dúvidas.Por quê?
•Embora tenhamos entendidopor quê, ainda não estávamos satisfeitos.
PORQUE(= POIS, UMA VEZ QUE, JÁ QUE)
A formaPORQUEpode ser substituída por algum termo que denotecausaouexplicação, comopois,uma vez que,já que.Independe se aparecer em uma pergunta ou resposta. Antes de empregá-lo, confira se o sentido não é o de “por qual motivo”, o que indicaria que a forma correta seriaPOR QUE.
Exemplos:
•Ainda temos muitas dúvidasporquefaltou aprendizado em uma fase mais madura da vida.
•Porqueele não tem dúvidas, todos não devem ter?
ATENÇÃO
Observe as duas frases:
• Sabemos, porque fomos informados. 
• Sabemos por que fomos informados.
No primeiro caso, o sentido é: “Sabemos, pois alguém nos informou.” Estamos apresentando a causa de sabermos.
No segundo caso, o sentido é: “Sabemos por qual razão nos escolheram para receber a informação.” Estamos dizendo o que sabemos, o complemento do verbo saber.
PORQUÊ (= SUBSTANTIVO, SIGNIFICA O MOTIVO, A RAZÃO)
A formaPORQUÊé um substantivo, e a maneira de saber isso é sempre buscar o determinante que o acompanha. Se não houver um determinante, não será um substantivo.
Observe:
•Esseporquêsatisfez a todos.
•Vá pensando emumporquêpara a sua falta.
•Ele sempre temmuitosporquês.
•Em breve, entenderemosoporquêde termos tantas dúvidas.
FORMA
EMPREGO
EXEMPLOS
POR QUE
Em frases interrogativas (diretas e indiretas).
Em substituição à expressão “pelo qual” (e suas variações).
Por que ele chorou? (interrogativa direta)
Digam-me por que ele chorou. (interrogativa indireta)
As cidades por que passamos eram sujas. (por que = pelas quais)
POR QUÊ
No final de frases.
Eles estão revoltados por quê?
Ele não veio não sei por quê.
PORQUE
Em frases afirmativas e em respostas.
Não fui à praia porque choveu.
PORQUÊ
Como substantivo.
Todos sabem o porquê da sua angústia.
Emprego dos pronomes: eu e mim
Maria Nívia Dantas
“Pra mim brincar”
Não há nada mais gostoso do que o mim
sujeito de verbo infinitivo. Pra mim brincar. As
cariocas que não sabem gramática falam assim.
Todos os brasileiros deviam de querer falar
como as cariocas que não sabem gramática.
- As palavras mais feias da língua
portuguesa são quiçá, alhures e miúde.
BANDEIRA, Manuel
Fragmentos. (BANDEIRA, Manuel. Seleta em prosa e verso. Org.: Emanuel de Moraes. 4 ed. Rio de Janeiro, José Olympio, 1986. p. 19).	
Eu é pronome pessoal reto. Sempre exerce a função de sujeito.
Mim é pronome pessoal oblíquo tônico. Nunca exerce a função de sujeito e, obrigatoriamente, deve ser usado com preposição: a mim, de mim, entre mim, para mim, por mim.
EXEMPLOS
Eu li o jornal “O Globo” hoje. (sujeito)
Ela trouxe o jornal “O Globo” para mim. (não é sujeito)
Entretanto, observe:
Ela trouxe o jornal “O Globo” para eu ler.
RESUMO
A diferença entre para mim e para eu está na presença ou não de um verbo sempre no infinitivo após o pronome. A regra é clara: para + eu + infinitivo. 
• Este documento é para mim.
• Este documento é para eu escrever.
• O suco é para mim.
• O suco é para eu beber agora.
• Entregou a carta para mim.
• Entregou a carta para eu ler depois. 
Portanto, sempre que houver um verbo no infinitivo, deve-se usar os pronomes pessoais retos, qualquer que seja a preposição.
• Paulo fez isso por eu estar muito cansada.
• Lívia chegou antes de eu sair.
ATENÇÃO
No caso da expressão “entre mim e você”, tem-se a preposição entre antes, e não há verbo após o pronome. Isso significa que se deve usar sempre o pronome pessoal oblíquo mim em vez do pronome pessoal reto eu. Observe.
• Nada há entre mim e você.
• Nada há entre mim e ti.
• Nada há entre mim e João. 
Uso do ponto e vírgula
Ponto e vírgula ( ; )
O ponto e vírgula indica uma pausa maior que a vírgula e menor que o ponto. Quanto à melodia da frase, indica um tom ligeiramente descendente, mas capaz de assinalar que o período não terminou. Emprega-se nos seguintes casos:
- Para separar orações coordenadas não unidas por conjunção, que guardem relação entre si.
Por Exemplo:
O rio está poluído; os peixes estão mortos.
- Para separar orações coordenadas, quando pelo menos uma delas já possui elementos separados por vírgula.
Por Exemplo:
O resultado final foi o seguinte: dez professores votaram a favor do acordo; nove, contra.
- Para separar itens de uma enumeração.
Por Exemplo:
No parque de diversões, as crianças encontram:
brinquedos;
balões;
pipoca.
- Para alongar a pausa de conjunções adversativas (mas, porém, contudo, todavia, entretanto, etc.) , substituindo, assim, a vírgula.
Por Exemplo:
Gostaria de vê-lo hoje; todavia, só o verei amanhã.
- Para separar orações coordenadas adversativas quando a conjunção aparecer no meio da oração.
Por Exemplo:
Esperava encontrar todos os produtos no supermercado; obtive, porém, apenas alguns.
Dois-pontos ( : )
O uso de dois-pontos marca uma sensível suspensão da voz numa frase não concluída. Emprega-se, geralmente:
- Para anunciar a fala de personagens nas histórias de ficção.
Por Exemplo:
"Ouvindo passos no corredor, abaixei a voz :
– Podemos avisar sua tia, não?" (Graciliano Ramos)
- Para anunciar uma citação.
Por Exemplo:
Bem diz o ditado: Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura.
Lembrando um poema de Vinícius de Moraes: "Tristeza não tem fim, Felicidade sim."
- Para anunciar uma enumeração.
Por Exemplo:
Os convidados da festa que já chegaram são: Júlia, Renata, Paulo e Marcos.
- Antes de orações apositivas.
Por Exemplo:
Só aceito com uma condição: irás ao cinema comigo.
- Para indicar um esclarecimento, resultado ou resumo do que se disse.
Exemplos:
Marcelo era assim mesmo: não tolerava ofensas.
Resultado: corri muito, mas não alcancei o ladrão.
Em resumo: montei um negócio e hoje estou rico.
Obs.: os dois-pontos costumam ser usados na introdução de exemplos, notas ou observações. Veja:
Parônimos são vocábulos diferentes na significação e parecidos na forma. 
Exemplos:
ratificar/retificar, censo/senso, etc.
Nota: a preposição "per", considerada arcaica, somente é usada na frase "de per si " (= cada um por sua vez, isoladamente).
Observação: na linguagem coloquial pode-se aplicar o grau diminutivo a alguns advérbios: cedinho, melhorzinho, etc.
- Na invocação das correspondências.
Por Exemplo:
Prezados Senhores:
Convidamos todos para a reunião deste mês, que será realizada dia 30 de julho, no auditório da empresa.
Atenciosamente, 
A Direção
Ponto de Exclamação ( ! )
O ponto de exclamação é utilizado após as interjeições, frases exclamativas e imperativas. Pode exprimir surpresa, espanto, susto, indignação, piedade, ordem, súplica, etc. Possui entoação descendente.
Exemplos:
Como as mulheres são lindas!
Pare, por favor!
Ah! Que pena que ele não veio...
Obs.: o ponto de exclamação substitui o uso da vírgula de um vocativo enfático.
Por Exemplo:
Ana! venha até aqui!
Reticências ( ... )
As reticências marcam uma suspensão da frase, devido, muitas vezes a elementos de natureza
emocional. Empregam-se:
- Para indicar continuidade de uma ação ou fato.
Por Exemplo:
O tempo passa...
- Para indicar suspensão ou interrupção do pensamento.
Por Exemplo:
Vim até aqui achando que...
- Para representar, na escrita, hesitações comuns na língua falada.
Exemplos:
"Vamos jantar amanhã?
– Vamos...Não...Pois vamos."
Não quero sobremesa...porque...porque não estou com vontade.
- Para realçar uma palavra ou expressão.
Por Exemplo:
Não há motivo para tanto...mistério.
- Para realizar citações incompletas.
Por Exemplo:
O professor pediu que considerássemos esta passagem do hino brasileiro:
"Deitado eternamente em berço esplêndido..."
- Para deixar o sentido da frase em aberto, permitindo uma interpretação pessoal do leitor.
Por Exemplo:
"Estou certo, disse ele, piscando o olho, que dentro de um ano a vocação eclesiástica do nosso Bentinho se manifesta clara e decisiva. Há de dar um padre de mão-cheia. Também, se não vier em um ano..." (Machado de Assis)
Saiba que
As reticências e o ponto de exclamação, sinais gráficos subjetivos de grande poder de sugestão e ricos em matizes melódicos, são ótimos auxiliares da linguagem afetiva e poética. Seu uso, porém, é antes arbitrário, pois depende do estado emotivo do escritor.
Parênteses ( ( ) )
Os parênteses têm a função de intercalar no texto qualquer indicação que, embora não pertença propriamente ao discurso, possa esclarecer o assunto. Empregam-se:
- Para separar qualquer indicação de ordem explicativa, comentário ou reflexão.
Por Exemplo:
Zeugma é uma figura de linguagem que consiste na omissão de um termo (geralmente um verbo)que já apareceu anteriormente na frase.
- Para incluir dados informativos sobre bibliografia (autor, ano de publicação, página etc.)
Por Exemplo:
" O homem nasceu livre, e em toda parte se encontra sob ferros" (Jean- Jacques Rousseau, Do Contrato Social e outros escritos. São Paulo, Cultrix, 1968.)
- Para isolar orações intercaladas com verbos declarativos, em substituição à vírgula e aos travessões.
Por Exemplo:
Afirma-se (não se prova) que é muito comum o recebimento de propina para que os carros apreendidos sejam liberados sem o recolhimento das multas.
- Para delimitar o período de vida de uma pessoa.
Por Exemplo:
Carlos Drummond de Andrade (1902 – 1987).
- Para indicar possibilidades alternativas de leitura.
Por Exemplo:
Prezado(a) usuário(a).
- Para indicar marcações cênicas numa peça de teatro.
Por Exemplo:
Abelardo I - Que fim levou o americano?
João - Decerto caiu no copo de uísque!
Abelardo I - Vou salvá-lo. Até já!
(sai pela direita)
(Oswald de Andrade)
Obs.: num texto, havendo necessidade de utilizar alíneas, estas podem ser ordenadas alfabeticamente por letras minúsculas, seguidas de parênteses (Note que neste caso as alíneas, exceto a última, terminam com ponto e vírgula).
Por Exemplo:
No Brasil existem mulheres:
a) morenas;
b) loiras;
c) ruivas.
Os Parênteses e a Pontuação
Veja estas observações:
1) As frases contidas dentro dos parênteses não costumam ser muito longas, mas devem manter pontuação própria, além da pontuação normal do texto.
2) O sinal de pontuação pode ficar interno aos parênteses ou externo, conforme o caso. Fica interno quando há uma frase completa contida nos parênteses.
Exemplos:
É importante ter atenção ao uso dos parênteses. (Eles exigem um cuidado especial!)
Vamos confiar (Por que não?) que cumpriremos a meta.
Se o enunciado contido entre parênteses não for uma frase completa, o sinal de pontuação ficará externo.
Por Exemplo:
O rali começou em Lisboa (Portugal) e terminou em Dacar (Senegal).
3) Antes do parêntese não se utilizam sinais de pontuação, exceto o ponto. Quando qualquer sinal de pontuação coincidir com o parêntese de abertura, deve-se optar por colocá-lo após o parêntese de fecho.
Travessão ( – )
O travessão é um traço maior que o hífen e costuma ser empregado:
- No discurso direto, para indicar a fala da personagem ou a mudança de interlocutor nos diálogos.
Por Exemplo:
– O que é isso, mãe?
– É o seu presente de aniversário, minha filha.
- Para separar expressões ou frases explicativas, intercaladas.
Por Exemplo:
"E logo me apresentou à mulher, – uma estimável senhora – e à filha." (Machado de Assis)
Travessão ( – )
- Para destacar algum elemento no interior da frase, servindo muitas vezes para realçar o aposto.
Por Exemplo:
"Junto do leito meus poetas dormem
– O Dante, a Bíblia, Shakespeare e Byron –
Na mesa confundidos." (Álvares de Azevedo)
- Para substituir o uso de parênteses, vírgulas e dois-pontos, em alguns casos.
Por Exemplo:
"Cruel, obscena, egoísta, imoral, indômita, eternamente selvagem, a arte é a superioridade humana – acima dos preceitos que se combatem, acima das religiões que passam, acima da ciência que se corrige; embriaga como a orgia e como o êxtase." (Raul Pompeia)
Aspas ( " " )
As aspas têm como função destacar uma parte do texto. São empregadas:
- Antes e depois de citações ou transcrições textuais.
Por Exemplo:
Como disse Machado de Assis: "A melhor definição do amor não vale um beijo de moça namorada."
- Para representar nomes de livros ou legendas.
Por Exemplo:
Camões escreveu "Os Lusíadas" no século XVI.
Aspas ( " " )
Obs.: para realçar títulos de livros, revistas, jornais, filmes, etc. também podemos grifar as palavras, conforme o exemplo:
Ontem assisti ao filme Central do Brasil.
- Para assinalar estrangeirismos, neologismos, gírias, expressões populares, ironia.
Exemplos:
O "lobby" para que se mantenha a autorização de importação de pneus usados no Brasil está cada vez mais descarado.(Veja)
Com a chegada da polícia, os três suspeitos "se mandaram" rapidamente.
Que "maravilha": Felipe tirou zero na prova!
- Para realçar uma palavra ou expressão.
Exemplos:
Mariana reagiu impulsivamente e lhe deu um "não".
Quem foi o "inteligente" que fez isso?
Obs.: em trechos que já estiverem entre aspas, se necessário usá-las novamente, empregam-se aspas simples.
Por Exemplo: "Tinha-me lembrado da definição que José Dias dera deles, 'olhos de cigana oblíqua e dissimulada'. Eu não sabia o que era oblíqua, mas dissimulada sabia, e queria ver se podiam chamar assim. Capitu deixou-se fitar e examinar." (Machado de Assis)
Colchetes ( [ ] )
Os colchetes têm a mesma finalidade que os parênteses; todavia, seu uso se restringe aos escritos de cunho didático, filológico, científico. Pode ser empregado:
- Em definições do dicionário, para fazer referência à etimologia da palavra.
Por Exemplo:
amor- (ô). [Do lat. amore.] 1. Sentimento que predispõe alguém a desejar o bem de outrem, ou de alguma coisa: amor ao próximo; amor ao patrimônio artístico de sua terra.(Novo Dicionário Aurélio)
- Para intercalar palavras ou símbolos não pertencentes ao texto.
Por Exemplo: Em Aruba se fala o espanhol, o inglês, o holandês e o papiamento. Aqui estão algumas palavras de papiamento que você, com certeza, vai usar:
1- Bo ta bon? [Você está bem?]
2- Dios no ta di Brazil. [Deus não é brasileiro.]
- Para inserir comentários e observações em textos já publicados.
Por Exemplo:
Machado de Assis escreveu muitas cartas a Sílvio Dinarte. [pseudônimo de Visconde de Taunay, autor de "Inocência"]
- Para indicar omissões de partes na transcrição de um texto.
Por Exemplo:
"É homem de sessenta anos feitos [...] corpo antes cheio que magro, ameno e risonho" (Machado de Assis)
Asterisco ( * )
O asterisco, sinal gráfico em forma de estrela, costuma ser empregado:
- Nas remissões a notas ou explicações contidas em pé de páginas ou ao  final de capítulos.
Por Exemplo:
Ao analisarmos as palavras sorveteria, sapataria, confeitaria, leiteria e muitas outras que contêm o morfema preso* -aria e seu alomorfe -eria, chegamos à conclusão de que este afixo está ligado a estabelecimento comercial. Em alguns contextos pode indicar atividades, como em: bruxaria, gritaria, patifaria, etc.
* É o morfema que não possui significação autônoma
e sempre aparece ligado a outras palavras.
- Nas substituições de nomes próprios não mencionados.
Por Exemplo:
O Dr.* conversou durante toda a palestra. 
O jornal*** não quis participar da campanha.
Parágrafo ( § )
O símbolo para parágrafo, representado por §, equivale a dois ésses (S) entrelaçados, iniciais das palavras latinas "Signum sectionis" que significam sinal de secção, de corte. Num ditado, quando queremos dizer  que o período seguinte deve começar em outra linha, falamos parágrafo ou alínea. A palavra alínea (vem do latim a +lines) e significa distanciado da linha, isto é, fora da margem em que começam as linhas do texto.
O uso de parágrafos é muito comum nos códigos de leis.
Por Exemplo:
§ 7º Lei federal disporá sobre as normas gerais a serem obedecidas na efetivação do disposto no § 4º.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/secoes/fono/index.php>. Acesso em 22 de fev. de 2016.

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