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Uso dos conectores

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Uso dos conectores
Alguns assuntos são essenciais em nossa atividade profissional. Um deles é o uso de conectivos de causa e finalidade. A seguir, enumero expressões comuns e, muitas vezes, empregadas de forma inadequada.
 Vez que
Tal expressão não existe em nosso idioma. A forma adequada é “uma vez que”.
O diretor não compareceu à reunião, vez que não havia sido informado (inadequado).
O diretor não compareceu à reunião, uma vez que não havia sido informado (adequado).
Eis que
Indica “surpresa”, “constatação”, “indicação”. Não deve ser empregada com causa.
Paula passou em primeiro lugar, eis que estudou muito (inadequado).
Eis que a chuva começou (adequado).
Haja visto
A forma correta para indicar causa é “haja vista” para indicar causa.
Ela saiu haja visto ter passado mal (inadequado).
Ela saiu haja vista ter passado mal (adequado).
 Sendo que
Locução de causa. O uso inadequado está em seu uso para nomear parte da ideia anterior.
Sendo que não apresentaram fundamentos consistentes, a decisão foi contrária (adequado).
O governo destinou toda a verba ao município, sendo que metade deve ser investida em educação (inadequado).
Três são as recomendações, sendo que a primeira deve ser realizada imediatamente (inadequado).
No sentido de
Erro comum é o emprego como finalidade. Seu uso adequado é indicar o significado.
O termo “espontâneo” foi empregado no sentido de “coloquial” (adequado).
O ministro optou por tal solução no sentido de preservar a instituição (inadequado).
Visando/objetivando
Gerúndio não apresenta ideia de finalidade. Empregue, em seu lugar, “com vistas a”, “a fim de”, “para”.
Trata-se de decisão visando à recuperação do bem-estar social (inadequado).
O presidente agiu assim objetivando resolver a situação financeira (inadequado).
Eis que a sessão começou no horário (adequado).
Posto que
A expressão indica ideia de concessão: “apesar de”, “ainda que”, “embora”. Não deve ser empregada no sentido de “porque”.
Ela saiu posto que estava doente (inadequado).
Não há como acusá-la, posto que não tivesse intenção (inadequado).
Posto que não tenha estudado, passou na prova (adequado).
Posto que não fosse brasileiro, dominava muito bem o português (adequado).
 
Indique as opções com erro de vocabulário nas construções a seguir.
1. A decisão foi favorável ao arquivamento, vez que não havia provas.
2. A decisão foi favorável ao arquivamento, uma vez que não havia provas.
3. A decisão foi favorável ao arquivamento, eis que não havia provas.
4. A decisão foi favorável ao arquivamento, posto que não havia provas.
5. A decisão foi favorável ao arquivamento, haja visto não haver provas.
6. Trata-se de ação visando (…).
7. Trata-se de ação objetivando (…)
8. O Tribunal decidiu assim no sentido de resolver o impasse.
Mesmo
“…trabalhos da CPI, fazendo com que não venham os mesmos a ser declarados nulos futuramente…”
Para os gramáticos mais rigorosos, existe erro: não deveríamos usar o pronome MESMO para substituir termos expressos anteriormente (=trabalhos da CPI). Só poderíamos usar a palavra MESMO como pronome de reforço: “Eu mesmo fiz este trabalho” (=eu próprio); “Ela mesma resolveu o caso” (=ela própria); “Eles feriram a si mesmos” (=a si próprios)…
Entretanto, devido ao uso consagrado, muitos estudiosos da língua portuguesa já aceitam o uso do MESMO como pronome substantivo (=substituindo um termo anterior).
Evite o uso do pronome MESMO em lugar de algum termo já expresso. Ainda que não seja erro, caracteriza pobreza de estilo. Muitas vezes usamos a palavra mesmo porque falta vocabulário ou porque não sabemos usar outros pronomes.
Na frase em questão, o pronome mesmos poderia simplesmente ser omitido: “…fazendo com que não venham a ser declarados nulos…”

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