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História dos povos indígenas e afro descendentes Aula 05

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Aula 5 - FORMAS DE RESISTÊNCIA AO PODER ESCRAVISTA 
Introdução 
Índios e afro-descendentes empreenderam formas de resistência, algumas similares e outras 
diferentes. Entre as similares, podemos citar a permanência de práticas religiosas, a recusa em 
desempenhar tarefas determinadas pelo senhor, as rebeliões, as fugas e a permanência em 
quilombos. Adotadas apenas pelos afro-descendentes, podemos pensar no banzo, na “feitiçaria” e 
“pragas” rogadas, nos envenenamentos de senhores e na recusa das amas de leite em amamentar 
os filhos de seus donos. O objetivo dessa aula é explorar as diferentes formas de resistência à 
escravidão na longa duração da instituição escravista no Brasil. 
Objetivos 
 Identificar a existência de diferentes formas de resistência de índios e afrodescendentes ao 
projeto colonial; 
 Apresentar as diversas formas de resistência que indígenas e afrodescendentes adotaram; 
 Relacionar essas múltiplas formas de resistência com os ditames do sistema colonial; 
 Compreender que, apesar de parecer contraditório, muitas vezes, negociação e tolerância 
foram adotadas por todos os atores históricos como forma de sobrevivência para uns e de 
continuidade do processo colonizador para outros. 
 
Formas de resistência 
Conforme visto na aula anterior, onde quer que tenha existido escravidão, houve resistência. Na 
história brasileira, isso não foi diferente: grupos indígenas, africanos escravizados e crioulos criaram 
diferentes formas de resistir à escravidão e, em alguns momentos, ao sistema escravista que ditava 
o ritmo de suas vidas. 
Crioulos 
Você perceberá que a fase inicial do movimento de flexão é mais difícil quando comparada à fase 
final, e que, com o halter mais leve, você consegue realizar o movimento de maneira mais rápida 
na fase concêntrica. Na prática, você pode testar a relação força x velocidade. 
Fugas 
A fuga foi uma das formas mais utilizadas para resistir à escravidão, sendo uma estratégia de 
resistência tão frequente que os senhores utilizaram diferentes formas de lutar contra ela. Nas 
regiões rurais era comum que os senhores contratassem os capitães do mato – homens 
especializados em recapturar escravos fugidos. 
Já nos grandes centros urbanos, a captura de escravos ficava sob a incumbência da polícia. Os 
jornais das vilas e cidades eram repletos de anúncios feitos pelos senhores que não só denunciavam 
as escapadas dos escravos, como ofereciam a descrição física do fugitivo e muitas vezes algum tipo 
de recompensa para quem o encontrasse. 
Quando a captura do escravo fugido ocorria, os senhores costumavam aplicar castigos físicos 
violentos e obrigar o escravo a usar uma gargalheira que servia como símbolo de escravo fugido. No 
entanto, a despeito das punições, a fuga foi uma estratégia amplamente praticada por aqueles que 
viviam no cativeiro. 
Anúncio de fuga escrava no jornal 
De forma geral, é possível afirmar que existiram dois tipos de fuga na história da escravidão no 
Brasil: 
- No primeiro caso, encontram-se as fugas que tinha como objetivo a reivindicação escrava por 
melhores condições de vida. Escravos que estivessem trabalhando mais do qual o habitual 
poderiam realizar pequenas escapadas e só retornar à propriedade do seu senhor mediante algum 
tipo de negociação. Cativos que eram impedidos de festejar ou de visitar sua família também 
recorriam a esse tipo de fuga para conseguir estabelecer acordos com seus senhores; 
O segundo tipo de fuga era aquele que pretendia negar a escravidão. Nessas circunstâncias, os 
escravos abandonavam a propriedade senhorial e, individualmente ou em grupo, iam buscar formas 
alternativas de viver fora do cativeiro. Muitos cativos se embrenhavam no meio do mato e lá 
construíam pequenas comunidades que ficaram conhecidas como quilombos ou mocambos. 
Outros preferiam tentar a vida em lugares mais distantes, principalmente nas grandes cidades, pois 
nesses espaços o escravo fugido poderia se passar por um negro liberto. 
Os quilombos 
 
 
Em muitos casos, as fugas coletivas acabam transformando-se em uma outra forma de resistência à 
escravidão: os quilombos também conhecidos como mocambos – comunidades formadas por 
escravos fugidos. Nessas comunidades, os escravos refaziam suas vidas a margem cativeiro. Lá, 
construíam famílias, estabeleciam laços de amizade, plantavam, criavam animais e chegavam a 
comercializar com povos indígenas que habitavam as redondezas ou, então, com os vilarejos 
próximos. 
Apesar de ser uma organização que foi duramente combatida pelos senhores e pelas autoridades 
governamentais, os quilombos não eram comunidades isoladas. Os documentos de época mostram 
que muitos quilombolas faziam trocas comerciais clandestinas com os engenhos, fazendas e cidades 
próximas. 
Em alguns casos, os quilombolas aproveitaram o cair da noite para visitar familiares e amigos que 
viviam sob o cativeiro. Em outras situações era o inverso que ocorreria: os escravos realizavam 
pequenas fugas e passavam algumas horas, ou até mesmo dias, nas festas que aconteciam no 
mocambo. 
Grande parte dos quilombos que foram identificados estava localizada próxima a regiões com 
grande concentração de escravos. Palmares, o mais conhecido quilombo da história brasileira, se 
formou durante o século XVII nas adjacências da zona da mata pernambucana, local de intensa 
produção de açúcar e, consequentemente, significativa concentração de cativos. 
A região das minas, que possuía a maior concentração de escravos no século XVIII, também foi 
palco da formação de muitos quilombos. Além do controle da tributação sobre todo ouro e 
diamante que era extraído da província, as autoridades coloniais ainda se viram obrigadas a 
combater a criação dessas comunidades que, na maior parte dos casos, estavam muito próximas. 
 
Os quilombos mineiros não só expunham a fragilidade do controle de escravos na região, mas 
também causavam grandes transtornos para as vilas e cidades. As autoridades de Vila Rica (que 
mais tarde seria a cidade de Outro Preto) recebiam constantes queixas de que quilombolas haviam 
roubado propriedades ou então estavam impedindo a passagem em alguma estrada que ligava o 
perímetro urbano às fazendas produtoras de gêneros alimentícios. 
Esses mesmos quilombolas também faziam incursões às fazendas e pequenas propriedades para 
resgatar familiares e amigos, e nesse vai e vem construíram redes de comércio com pequenos 
negociantes e produtores. 
Na tentativa de destruir essas comunidades, as autoridades praticamente instituíram o capitão do 
mato como figura de poder, armara milícias compostas por homens livres e libertos, e proibiram 
que comerciantes negociassem com os quilombolas. Em momentos de crise, chegou a ser 
autorizado que todo quilombola encontrado tivesse uma de suas mãos decepadas. 
Relações estreitas entre quilombolas e pequenos negociantes também foram frequentes nos 
mocambos e quilombos que se formaram nos arredores do Rio de Janeiro, no período em que a 
cidade era capital do Império. A região que hoje é conhecida como baixada fluminense foi um dos 
locais de maior concentração dessas comunidades. Era para lá que muitos escravos que 
trabalhavam no perímetro urbano da Corte fugiam, pois, ao mesmo tempo em que a região estava 
afastada do grande centro, sua localidade ainda permitia um contato frequente com a cidade. 
Na realidade, essa proximidade foi uma espécie de estratégia de sobrevivência para muitos desses 
mocambos, pois permitiu que os quilombolas conseguissem negociar os alimentos e cestarias que 
produziam garantindo assim seu sustento. Junto à região que era banhada pelo rio Iguaçu, muitos 
cativos também se refugiaram nas matas da Floresta da Tijuca. 
Revoltas e conspirações 
Tal rebelião começou anos antes, quando o colono João Ramalho – amigo de Brás Cubas que, na 
época, era o governadorda capitania de São Vicente - casou-se com Bartira, a filha de Tibiriçá, 
cacique dos Guaianazes da região. Conforme os costumes dos guaianases, o casamento de Bartira 
foi tomado como uma aliança do grupo com os portugueses, a ponto dos guaianases colaborarem 
com os colonos no processo de aprisionamento e escravização dos tupinambás que viviam no 
litoral, entre os atuais Estados do Rio de Janeiro e São Paulo. 
Apesar de menos frequentes do que as fugas e a criação de comunidades quilombolas, as revoltas 
também foram estratégias de luta utilizadas pelos escravos. Na realidade, mais as conspirações de 
possíveis revoltas escravas do que as revoltas propriamente ditas inquietaram senhores e 
autoridades de todo Brasil, pois elas representavam a possibilidade do fim total da escravidão. 
O contato e o processo de aldeamento indígena foram responsáveis por diversas revoltas no 
período colonial. Ocorrida entre os anos de 1554 e 1567, a Confederação dos Tamoios foi uma 
revolta dos tupinambás contra a tentativa de escravização levada a cabo pelos colonos 
portugueses. 
As investidas dos portugueses e seus aliados obrigou a resistência dos Tupinambás que, liderados 
por Aimberê, organizaram-se e formaram a Confederação dos Tamoios (que em Tupinambá, 
significa o “mais velho”). A primeira batalha foi vencida pelos Tamoios, resultando na morte de 
Tibiriçá. 
Os conflitos foram interrompidos por um ano de paz, resultante das ações dos padres Manuel da 
Nóbrega e José de Anchieta, que estavam receosos da onda de violência criada pelos confrontos. 
Todavia, durante esse ano de trégua, os colonos portugueses se armaram e reiniciaram o processo 
de escravização dos índios tupinambás. 
Nesse segundo momento de confronto, os Tamoios contaram com a ajuda dos franceses 
desembarcados no Rio de Janeiro, em 1555, e que, comandados por Villegaignon, tinham o intuito 
de fundar uma França Antártica. As batalhas duraram quase um ano e os portugueses só 
conseguiram vencer depois do reforço oferecido por Mem de Sá, governador-geral do Brasil. 
A rebelião teve fim em 20 de janeiro de 1567, quando o líder Aimberê foi morto. 
Confederação dos Tamoios 
A história brasileira está repleta de outras tentativas de resistência indígena. Ainda no século XVI é 
possível destacar a Guerra dos Aimorés (1555-1673) e a Guerra dos Potiguares (1586-1599). Na 
centúria seguinte ocorreram o Levante dos Tupinambás (1617-1621) e a Confederação dos Cariris 
(1686-1692). Esses são apenas alguns exemplos de que os grupos indígenas não ficaram passivos ao 
processo de escravização dos colonos portugueses e que, em muitos casos, fizeram da luta coletiva 
sua principal arma de resistência. 
 
 
 
 
Revolta dos Malês 
Esse movimento, que teve a participação de escravos e libertos africanos de diferentes origens, 
guarda a particularidade de ter comportado um grande número de africanos nagôs na sua 
organização. Os nagôs eram africanos muçulmanos e por isso muitos deles sabiam ler e escrever em 
uma época em que a maioria dos homens brancos e livres não sabia assinar o próprio nome. 
Após diversos encontros e reuniões marcados em becos ou em casas sublocadas da cidade, a 
revolta foi marcada para o dia 25 de janeiro de 1835, dia de Nossa Senhora da Guia. A data foi 
especialmente escolhida porque as festas religiosas permitiam que os escravos pudessem andar 
com mais facilidade pelas ruas de Salvador, o que despistaria as autoridades. 
No entanto, na noite anterior, a revolta foi delatada para a polícia que imediatamente iniciou a 
busca pelos revoltosos: diversas patrulhas foram colocadas nas ruas e depois de algumas buscas os 
policiais encontraram sessenta africanos reunidos no porão de um sobrado. Pegos de surpresa, os 
africanos tiveram que antecipar o momento da batalha e saíram às ruas chamando os demais 
escravos para a luta. 
Embora o número de escravos que aderiu à luta tivesse sido alto, as autoridades (que estavam 
preparadas) conseguiram controlar o levante. Depois do reconhecimento dos principais líderes ― 
três escravos e dois libertos, todos africanos ―, os revoltosos receberam diferentes punições. 
Os líderes do movimento foram fuzilados, diversos africanos livres foram deportados para a África e 
a maioria dos escravos foi açoitada em praça pública e depois entregue aos seus senhores. Mesmo 
com um desfecho trágico para seus participantes, o levante dos Malês fez com que as autoridades 
redobrassem sua atenção e o controle sobre a população escrava, sobretudo na província da Bahia. 
O levante de São José do Queimado 
Quatorze anos após a rebelião dos Malês, um levante de escravos assustou as autoridades da 
pequena freguesia de São José do Queimado, que hoje faz parte do município da Serra, no Espírito 
Santo. Em 1844, chegou à freguesia o capuchinho italiano Gregório José Maria de Bene, cuja 
principal obrigação era catequizar os índios da região. 
Para viabilizar sua missão, o capuchinho conseguiu arrecadar fundos para a construção de uma 
igreja que foi construída com o trabalho de muitos escravos da região ― que chegaram a trabalhar 
aos domingos e feriados em prol da construção da igreja. No ano de 1846, ela foi batizada de igreja 
São José. 
Com o intuito de acelerar a construção, Gregório Bene havia prometido a alforria para os escravos 
que ajudassem na edificação, argumentado para isso que tinha grande proximidade com a Família 
Real. 
Temerosos de que o capuchinho não cumprisse sua promessa, na manhã em que ocorreria a missa 
inaugural da Igreja (19/03/1849), cerca de duzentos escravos foram ter com o padre exigindo as 
assinaturas das cartas de alforria. Como era de se esperar, Gregório Bene não assinou nenhuma das 
cartas, o que levou os escravos a iniciarem um levante na freguesia. 
No meio da tarde outros cem escravos se uniram ao movimento e caminharam para as fazendas a 
fim de obrigar que os senhores assinassem as cartas. A população livre, temerosa, trancou-se em 
casa. 
Rapidamente as autoridades de Vitória ficaram sabendo do ocorrido e, no dia seguinte, o chefe de 
polícia, acompanhado de uma milícia armada já estava na freguesia. Contando com o apoio da 
população livre, as autoridades foram eficazes no único confronto armado que tiveram com os 
escravos, que saíram em retirada se embrenhando pelas matas próximas. 
A partir de então, iniciou-se uma verdadeira caçada aos cativos. À medida que eram capturados, os 
escravos eram entregues aos seus senhores que se encarregaram pessoalmente das punições. 
 
 
Apenas 36 dos 300 escravos envolvidos foram presos e julgados: 
6 foram absolvidos; 
25 foram condenados aos açoites (que variaram entre 300 e 1000 chibatadas); 
e 5, tidos como os líderes, foram condenados à forca. 
Porém, a história não acabou por aí. Na madrugada anterior à execução da pena capital, 3 dos 5 
líderes conseguiram fugir da cadeia e nunca mais foram vistos. 
Segundo informações à época, um dos escravos possuía um amuleto capaz de fazer 
Nossa Senhora da Penha ouvir suas preces. Muitos acreditaram que ela ouviu mesmo e ajudou na 
fuga. 
Todavia, João e Chico Prego, os dois escravos que não conseguiram fugir, foram enforcados. O 
padre Gregório acabou cedendo ao vício da bebida e, em setembro de 1849, embarcou para a 
Corte. 
Os exemplos de resistência à escravidão são inúmeros. Tratamos aqui de alguns deles, que 
permitem vislumbrar como a complexidade que caracterizou a escravidão no Brasil também gerou 
formas igualmente complexas de resistência. 
 
Resumo do conteúdo 
 Analisou a existência de diferentes formas de resistência de índios e afrodescendentes ao 
projeto colonial; 
 Aprendeu que, apesar de parecer contraditório, muitas vezes, negociação e tolerância foram 
adotadas por todos os atores históricos como forma de sobrevivência para uns e de 
continuidadedo processo colonizador para outros. 
 
Próximos passos 
 As discussões racialistas dos séculos XIX e XX, as leituras e interpretações feitas pelos 
intelectuais brasileiros; 
 O discurso da mestiçagem em meio à formação da identidade nacional republicana; 
 Os estudos feitos por Silvio Romero, Nina Rodrigues e Euclides da Cunha e o “mito das três 
raças”. 
 
 
 
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