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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CÍVEL DE MACAÉ/RJ (art. 147 da Lei 8069/90 e art. 50, CPC). GERSON..., brasileiro, solteiro, médico, portador da carteira de identidade nº..., expedida pelo..., inscrito no CPF/MF sob o nº..., endereço eletrônico, residente e domiciliado em Vitória/ES, por seu advogado ..., com endereço profissional …, endereço eletrônico, para fins dos artigos 319, inc. II e 77, inc. V, ambos do Código de Processo Civil, vem a este juízo, propor AÇÃO PAULIANA Pelo procedimento comum (art. 318, Código de Processo Civil), em face de BERNARDO..., nacionalidade, viúvo, profissão, portador da carteira de identidade nº..., expedida pelo..., inscrita no CPF/MF sob o nº..., endereço eletrônico, domiciliado e residente em Salvador/BA e JANAINA..., nacionalidade, menor absolutamente incapaz, portador da carteira de identidade nº..., expedida pelo..., inscrita no CPF/MF sob o nº...,, pelos fatos e fundamentos jurídicos que passa a expor. (arts. 319, II e 114 do Código de Processo Civil) I - DA OPÇÃO DO AUTOR PELA REALIZAÇÃO DA AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO O autor expressa seu interesse em proceder à realização de audiência de mediação ou conciliação segundo o artigo 319, VII do Código de Processo Civil. II - DOS FATOS GERSON é credor de BERNARDO, conforme nota promissória no valor de R$80.000,00 (oitenta mil reais), já vencida em 10/10/2016. Ocorre que, BERNARDO, dias após o vencimento da dívida e o não pagamento da mesma, fez uma doação, de seus dois imóveis, um localizado na cidade de Aracruz e o outro localizado em Linhares, ambos no Espírito Santo, no valor de R$ 300.000,00, para sua filha JANAINA, menor impúbere, residente em Macaé/RJ, com sua genitora, com cláusula de usufruto vitalício favor do próprio Bernardo, além da cláusula de incomunicabilidade, conforme Certidão de Ônus Reais. Cumpre salientar que as dívidas de BERNARDO ultrapassam a soma de R$ 400.000,00, sendo certo que o imóvel doado para sua filha está alugado para terceiros. III - DO DIREITO BERNARDO, ao proceder com a doação de seus imóveis à sua filha JANAINA, tem sua atitude enquadrada como fraude contra credores, isto é, quando o devedor aliena seus bens ao adquirente, mediante conluio entre ambos, com o objetivo de fraudar o pagamento de dívidas, ficando o alienante sem outros bens para garantir o cumprimento de suas obrigações. A fraude contra credores constitui-se por dois elementos: o objetivo (eventus damni), isto é, o prejuízo sofrido pelos credores; o subjetivo consilium fraudis ou malum consilium), isto é, a intenção ou acordo fraudulento. Fica constatado como elemento objetivo da fraude o prejuízo sofrido por GERSON, visto o vencimento da nota promissória no valor de R$ 80.000,00 em face de BERNARDO e, fica constatado também a intenção ou acordo fraudulento quando BERNARDO, ao doar seus imóveis a sua filha JANAINA, não restando outros bens para garantir o adimplemento de suas obrigações, insere cláusula de usufruto vitalício em seu próprio favor e ainda cláusula de incomunicabilidade, de modo a evitar toda e qualquer forma de garantir o pagamento de suas dívidas, lesionando então seu credor. O preenchimento dos requisitos da ação pauliana, consistentes na anterioridade da dívida, na ocorrência do eventus damni e do consilium fraudis, evidenciado pelo parentesco próximo dos réus (pai e filha), aliado ao fato de que a insolvência era notória e que tinham motivos para conhecê-la, presume a ocorrência de fraude contra credores, a ensejar a anulação dos negócios jurídicos de doação de bens imóveis, a teor do que estabelece o artigo 158 do Código Civil C/C artigo 171, inciso II, do Código de Processo Civil. O entendimento do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro é o seguinte: TJRJ - ACÓRDÃO - 0225191-41 2012.8.19.0001 - APELAÇÃO Ementa FERDINALDO DO NASCIMENTO - DÉCIMA NONA CÂMARA CÍVEL Apelação cível. Anulação da escritura de compra e venda do imóvel. A ação pauliana é uma demanda ajuizada pelo credor para invalidar negócios jurídicos fraudulentos realizados pelo devedor. Fraude contra credores. A alienação do bem para a empresa LIVI ocorreu quando já estava configurado o estado de insolvência da Decta, eis que tal situação foi reconhecida pela própria demandada, através dos embargos à execução opostos em outro processo, onde afirma categoricamente a existência de dívidas com inúmeras instituições financeiras, pedido de falência, aumento de seu passivo financeiro, dezenas de ações judiciais, etc. Não havendo condenação, os honorários advocatícios devem ser arbitrados na forma do §4° do artigo 20 do CPC, consoante apreciação equitativa do juiz, observados a dedicação, o zelo, o trabalho realizado pelo profissional, bem como o tempo exigido para tal. Reforma parcial da sentença. IV - DO PEDIDO Diante do exposto, o autor requer a esse juízo: A) Designação da audiência de conciliação ou mediação e citação do réu para seu comparecimento e, caso não haja acordo, para a apresentação de suas defesas nos prazos do art. 335 do CPC. (art. 319,VII do CPC); B) Intervenção do Ministério Público (art. 178, II do CPC); C) Que seja julgado procedente o pedido do autor para anular o negócio jurídico; D) Condenação do réu aos ônus sucumbênciais (art. 85 do CPC). V - DAS PROVAS Requeiro as seguintes provas: provas documentais (art. 405 do CPC) e depoimento pessoal da parte ré (art. 385 do CPC). VI - DO VALOR DA CAUSA Dá-se à causa o valor de R$ 300.000,00 em conformidade com o artigo 292, inc. II do Código de Processo Civil. Nestes Termos, Pede Deferimento. Rio de Janeiro, 25 de Agosto de 2017. xxx OAB xxx
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