Buscar

resumo de mandado de segurança

Prévia do material em texto

Belo Horizonte 
2009 
 
 
 
 
 
MANDADO DE 
SEGURANÇA 
Lei nº 12.016 de 07/08/09 
Disciplina o Mandado de Segurança Individual e Coletivo 
 
 Roteiro de Estudos 
 
 
 
 
 
 
 
 
PROF. ANDRÉ LUIZ LOPES 
ESCOLA SUPERIOR DOM HELDER CÂMARA 
 
 2
MANDADO DE SEGURANÇA 
 
I. CONCEITO - É o remédio constitucional cabível para proteger direito líquido e 
certo de alguém, pessoa física ou jurídica, violado ou ameaçado, não amparado por 
Habeas Corpus ou Habeas Data, por ato ou omissão ilegal ou inconstitucional, 
quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou 
agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público. 
 
O Mandado de Segurança tem processualidade própria, regulada pela Lei nº 
12.016 de 07/08/09 - Lei que disciplina o Mandado de Segurança individual e 
coletivo, delineada sua aplicação pelo art. 5º, incisos LXIX e LXX da CF. 
 
 
II - LEGITIMIDADE ATIVA - Têm legitimidade ativa toda pessoa física, pessoa 
jurídica de direito público ou de direito privado, sindicato, partido político, entidade e 
associação de classe – arts. 01º e 21. 
 
Quando o direito ameaçado ou violado couber a várias pessoas, qualquer 
uma delas poderá requerer o Mandado de Segurança – art. 1º, § 3º. 
 
 
III – NATUREZA PROCESSUAL - É ação civil de rito sumário especial, destinada a 
afastar ofensa a direito subjetivo individual ou coletivo, privado ou público, através 
de ordem corretiva ou impeditiva da ilegalidade. Por ser ação civil, mesmo que o ato 
impugnado seja administrativo, judicial, civil, penal, policial, militar, eleitoral, esta 
será sempre processada e julgada como ação civil no juízo competente, daí porque 
não há falar em Mandado de Segurança criminal nem eleitoral. 
 
 
IV – ATO DE AUTORIDADE PÚBLICA - Ato de Autoridade pública é toda 
manifestação ou omissão do Poder Público ou de seus delegados, no desempenho 
de suas funções ou a pretexto de exercê-las. 
 
Autoridade Pública é aquela competente para praticar atos administrativos 
decisórios, os quais se ilegais ou abusivos, são suscetíveis de impugnação por 
Mandado de Segurança quando ferem direito líquido e certo. 
 
Consideram-se atos de autoridade, também, os praticados por representantes 
ou órgãos de partidos políticos e os administradores de entidades autárquicas, bem 
como os dirigentes de pessoas jurídicas ou as pessoas naturais no exercício de 
atribuições do poder público, somente no que disser respeito a essas atribuições. 
 
Não cabe Mandado de Segurança contra os atos de gestão comercial 
praticados pelos administradores de empresas públicas, de sociedade de economia 
mista e de concessionárias de serviço público – art. 1º, § 2º. 
 
 
V - DIREITO LÍQUIDO E CERTO - "Direito líquido e certo é aquele que não desperta 
dúvidas, que está isento de obscuridades, que não precisa ser aclarado com o 
exame de provas em dilações, que é de si mesmo, concludente e inconcusso." 
 
 3
Assim, Direito líquido e certo é aquele comprovado de plano, sem a 
necessidade de instrução probatória, comprovados por documentos, jamais 
testemunhalmente, pois, todas as provas alegadas e permitidas em lei, 
acompanharão a inicial. Inclui-se a possibilidade de cumulação do pedido de 
apresentação de documentos retidos pela autoridade coatora – art. 6º, § 1º. 
 
TEIXEIRA FILHO ensina que: "Em sede de Mandado de Segurança, por 
conseguinte, será líquido e certo o direito que decorra de um fato inequívoco, cuja 
existência possa ser plenamente comprovada, em regra, mediante documentos 
juntados à petição inicial.” 
 
 
VI - OBJETO - "Visa, precipuamente, à invalidação de atos de autoridade ou à 
supressão de efeitos de omissões administrativas capazes de lesar direito individual 
ou coletivo, líquido e certo". (Meireles, Hely Lopes, Mandado de Segurança; 17ª 
Edição, página 23/24, São Paulo, Malheiros, 1996). 
 
Assim, o objeto do Mandado de Segurança será sempre a correção de ato 
administrativo específico ou omissão de autoridade, desde que ilegal e ofensivo a 
direito individual ou coletivo, líquido e certo, do impetrante, mas por exceção, presta-
se a atacar as leis e decretos de efeitos concretos, as deliberações legislativas e as 
decisões judiciais para as quais não haja recurso ordinário com efeito suspensivo 
capaz de impedir a lesão ao direito subjetivo do impetrante. 
 
 
VII - CABIMENTO – A regra é o cabimento de Mandado de Segurança contra ato de 
qualquer autoridade, mas a lei excepciona contra ato que comporte recurso 
administrativo com efeito suspensivo, independente de caução; contra decisão 
judicial da qual caiba recurso com efeito suspensivo; contra decisão judicial 
transitada em julgado – art. 5º. 
 
Ato de que caiba recurso administrativo, não há obrigação de exaurirem a via 
administrativa para depois se utilizar da via judicial – Mandado de Segurança. O que 
não pode ocorrer é a duplicidade dos recursos administrativo e judicial a um só 
tempo. 
 
O efeito normal dos recursos administrativos é o devolutivo; o efeito 
suspensivo depende de norma expressa a respeito. Assim sendo, de todo ato para o 
qual não se indique o efeito do recurso hierárquico cabe Mandado de Segurança. 
Mas a lei admite, ainda, Mandado de Segurança contra ato de que caiba recurso 
administrativo com efeito suspensivo desde que se exija caução para seu 
recebimento. 
 
Também não é admitido Mandado de Segurança contra decisão judicial 
contra a qual caiba recurso com efeito suspensivo. 
 
 
VIII - PRAZO PARA IMPETRAÇÃO - O prazo para impetrar a segurança é de 120 
dias a contar da data em que o interessado tiver conhecimento oficial do ato 
impugnado, sendo que o prazo é decadencial, porquanto, não se suspende e nem 
se interrompe – art. 23. 
 4
Insta salientar que a decadência recai apenas sobre o direito de impetrar o 
Mandado de Segurança, mas não o direito material ameaçado ou violado, que 
poderá ser protegido através de ação ordinária, inclusive com pedido de tutela 
antecipada (art. 273 do C.P.C). 
 
O pedido de reconsideração na via administrativa não interrompe o prazo 
para a impetração do Mandado de Segurança (Súmula nº 430 do Supremo Tribunal 
Federal). 
 
Nos atos sucessivos o prazo renova-se a cada ato, e, em se tratando de 
omissão ou inércia da administração, este não correrá. 
 
No caso de impetração do mandamus em juízo incompetente, não há 
caducidade do prazo desde que obedecido o prazo de 120 dias (art. 113, § 2º do 
C.P.C). 
 
Também prescreve o art. 6º, § 6º que o Mandado de Segurança poderá ser 
renovado dentro do prazo decadencial, se a decisão denegatória não lhe houver 
apreciado o mérito. 
 
 
IX - PARTES - O Impetrante, titular do direito, é a parte autora. O Impetrado, 
autoridade coatora, é o réu. O Ministério Público é considerado como parte 
autônoma visto que este é oficiante necessário como fiscal da correta aplicação da 
lei, jamais como auxiliar da autoridade coatora. 
 
O Impetrante pode ser pessoa física ou jurídica, órgãos públicos 
despersonalizados ou universalidades patrimoniais, já que, diferente do habeas 
corpus, a lei não restringiu seu uso a pessoas humanas. 
 
Já o Impetrado é de regra a autoridade coatora, sujeito passivo, e nunca a 
pessoa ou o órgão a que a pessoa representa, haja vista que não vai haver a citação 
do órgão que a pessoa representa, nem tampouco a instauração do contraditório. 
Outrossim, a pessoa jurídica da qual faz parte a autoridade coatora é ente abstrato, 
e, "como tal não se concretiza por si, seus atos são considerados lícitos (porque 
estão sempre no mundo da licitude), ilícitos, aí sim, são os atos praticados por 
aqueles que concretizam de um modo ou de outro os meios para alcançar os 
objetivos, estatuída por leipara a sua função, entretanto, tal ente jurídico se 
responsabilizará pelos danos patrimoniais, através de ação direta autônoma ". 
 
Equiparam-se às autoridades, para efeito desta Lei os representantes ou 
órgãos de partidos políticos e os administradores de entidades autárquicas, bem 
como os dirigentes de pessoas jurídicas ou as pessoas naturais no exercício de 
atribuições do poder público, somente no que disser respeito a essas atribuições – 
art. 1º, § 1º. 
 
Assim, autoridade coatora é aquela que tenha praticado o ato impugnado ou 
da qual emane a ordem para a sua prática – art. 6º, § 3º. 
 
 
 5
X - LITISCONSÓRCIO - É admitido no Mandado de Segurança, por expressa 
disposição da lei que o regulamenta, (art. 24 da Lei 12.016/09 c/c arts. 46/49 do 
C.P.C) o Litisconsórcio. 
 
Diante dessa possibilidade, caberá ao juiz, preliminarmente, se ocorrerem as 
hipóteses estabelecidas nos artigos 46/49 do Código de Processo Civil, determinar, 
permitir ou negar o ingresso de terceiros no feito. 
 
Admissível, também, o litisconsórcio no Mandado de Segurança coletivo 
desde que a pretensão desses intervenientes coincida com a dos impetrantes 
originários. 
 
No litisconsórcio necessário a causa pertence a mais de um em conjunto e a 
nenhum isoladamente, pelo quê a ação não pode prosseguir sem a presença de 
todos no feito, sob pena de nulidade, devendo o autor tomar as providências para 
citar o litisconsorte passivo necessário, devendo juntar às cópias da inicial cópias 
dos documentos que a instruíram, que acompanharão a notificação de cada um dos 
Réus, sob pena de extinção do processo por ausência de pressuposto processual 
(arts. 47 e 267, IV do C.P.C). 
 
 
XI - COMPETÊNCIA - A competência para julgar Mandado de Segurança define-se 
pela categoria da autoridade coatora e pela sua sede funcional. A Constituição da 
República e as leis de Organização Judiciária especificam essa competência. 
 
A competência dos Tribunais e Juízos para o julgamento de Mandado de 
Segurança, injunção e habeas data está discriminada na Constituição da República, 
e, para a fixação do juízo competente em Mandado de Segurança não interessa a 
natureza do ato impugnado; o que impõe é a sede da autoridade coatora e sua 
capacidade funcional, reconhecida nas normas de organização judiciária 
competentes. 
 
A intervenção da União desloca a competência para a Justiça Federal; Varas 
Privativas das Fazendas Públicas, onde houver, farão o deslocamento para estas, 
devido a sua competência específica. 
 
 
XII - MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO - A Constituição da República em 
seu artigo 5º, inciso LXX, instituiu o Mandado de Segurança Coletivo que poderá ser 
impetrado por: 
 
a) partido político com representação no Congresso Nacional; 
b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e 
em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus 
membros ou associados. 
 
O conceito do Mandado de Segurança Coletivo está fundado em dois 
elementos: 
 
 6
 Institucional: caracterizado pela atribuição da legitimação processual a 
instituição associativa para a defesa de interesses de seus membros ou 
associados; 
 
 objetivo: para defender o interesse coletivo. 
 
A legitimação é a primeira característica do Mandado de Segurança Coletivo, 
e, para que uma entidade possa ser reconhecida como representante de uma 
coletividade, é necessário que sejam: 
 
a) Partidos Políticos que tenham representação no Congresso Nacional, na defesa 
de seus interesses legítimos relativos a seus integrantes ou às finalidades 
partidárias (representação nacional exigida no artigo 17, I da Constituição 
Federal/88); ou 
 
b) organizações sindicais, entidades de classe ou associações legalmente 
constituídas e em funcionamento há pelo menos um ano em defesa de direitos 
líquidos e certos da totalidade, ou de parte, dos seus membros ou associados, na 
forma dos seus estatutos e desde que pertinentes às suas finalidades, dispensada, 
para tanto, autorização especial – art. 21. 
 
Os direitos protegidos pelo Mandado de Segurança Coletivo pode ser: 
 
 Coletivos, assim entendidos, para efeito desta Lei, os transindividuais, de 
natureza indivisível, de que seja titular grupo ou categoria de pessoas ligadas 
entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica básica; 
 
 Individuais homogêneos, assim entendidos, para efeito desta Lei, os 
decorrentes de origem comum e da atividade ou situação específica da 
totalidade ou de parte dos associados ou membros do Impetrante – art. 21, I e 
II. 
 
 No Mandado de Segurança coletivo a sentença fará coisa julgada 
limitadamente aos membros do grupo ou categoria substituídos pelo Impetrante. 
Também não induz litispendência para as ações individuais, mas os efeitos da coisa 
julgada não beneficiarão o Impetrante a título individual se não requerer a 
desistência de seu Mandado de Segurança no prazo de 30 (trinta) dias a contar da 
ciência comprovada da impetração da segurança coletiva – art. 22. 
 
A liminar somente poderá ser concedida após a audiência do representante 
judicial da pessoa jurídica de direito público, que deverá se pronunciar no prazo de 
72 (setenta e duas) horas – art. 22, § 2º. 
 
 
DIFERENÇAS ENTRE DIREITOS DIFUSOS, COLETIVOS SCTRICTO SENSU E 
INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS – Há interesses que não pertencem a alguém 
especificadamente, pertencem de forma equânime a muitas pessoas. Os interesses 
difusos diferenciam-se por ter seus titulares indetermináveis unidos por fatos 
decorrentes de eventos naturalísticos, impossíveis de diferenciar na qualidade e 
separar na quantidade de cada titular. Ex.: meio ambiente, qualidade do ar, poluição 
sonora, poluição visual, fauna, flora, etc. 
 7
 
Os interesses coletivos são interesses de um determinado grupo de 
pessoas que foram unidas por uma relação jurídica única. É uma lesão inseparável 
na qualidade e quantidade. Ex.: os mutuários da SFH – uma ilegalidade no contrato 
atinge a todos. 
 
Os direitos individuais homogêneos caracterizam-se por ser um grupo 
determinado de interessados, com uma lesão divisível, oriunda da mesma relação 
fática. Cada um pode pleitear em juízo, mas como o grupo foi lesionado 
homogeneamente, estes podem recorrer ao litisconsórcio unitário multitudinário ativo 
facultativo. Ex.: compradores de uma TV com defeito de serie. 
 
 
 
XIII - MANDADO DE SEGURANÇA PREVENTIVO - No Mandado de Segurança 
Preventivo, não há ato ilegal, mas, o justo receio do impetrante de sofrer violação 
em seu direito. 
 
A noção de justo receio se caracteriza como um daqueles conceitos jurídicos 
indeterminados, variáveis conforme o subjetivismo das pessoas (ainda que a 
doutrina se esforce para torná-los dotados de maior grau de determinabilidade). 
 
Não há diferença de rito entre o Mandado de Segurança Preventivo e o 
Repressivo. A lei reguladora do Mandado de Segurança, Lei nº 12.016/09, e a 
Constituição Federal não exibem qualquer passo processual na ação que possa 
conduzir à distinção de procedimento. 
 
Havendo ato ilegal, o Mandado de Segurança é repressivo. 
 
 
XIV - PETIÇÃO INICIAL - A petição inicial deve preencher os requisitos dos arts. 
282 e 283 do C.P.C., e será apresentada em 02 (duas) vias com os documentos que 
instruírem a primeira reproduzidos na segunda e indicará, além da autoridade 
coatora, a pessoa jurídica que esta integra, à qual se acha vinculada ou da qual 
exerce atribuições - art. 6º. 
 
Importante que a argumentação expendida seja bem fundamentada e os 
documentos juntados adequados à tese esposada, pois no Mandado de Segurança 
a prova do direito invocado tem de vir pré-constituída desde logo, pois, regra geral, a 
petição de ingresso é a única oportunidade do Impetrante se pronunciar na alegada 
ofensa ao seu direitolíquido e certo. 
 
No caso em que o documento necessário à prova do alegado se ache em 
repartição ou estabelecimento público ou em poder de autoridade que se recuse a 
fornecê-lo por certidão ou de terceiro, o juiz ordenará, preliminarmente, por ofício, a 
exibição desse documento em original ou em cópia autêntica e marcará, para o 
cumprimento da ordem, o prazo de 10 (dez) dias. O escrivão extrairá cópias do 
documento para juntá-las à segunda via da petição – art. 6º, § 1º. 
 
Se a autoridade que tiver procedido dessa maneira for a própria coatora, a 
ordem far-se-á no próprio instrumento da notificação – art. 6º, § 2º. 
 8
 
O Mandado de Segurança será denegado nos casos previstos do art. 267 do 
C.P.C. 
 
O pedido de Mandado de Segurança poderá ser renovado dentro do prazo 
decadencial (120 dias – art. 23), se a decisão denegatória não lhe houver apreciado 
o mérito – art. 6º, § 6º. 
 
 
XV - EMENDA OU INDEFERIMENTO INICIAL - Apresentando a inicial vícios 
sanáveis, o juiz poderá determinar que o impetrante a emende ou complete no prazo 
de 10 (dez) dias, conforme determina o art. 284 do C.P.C. 
 
É facultado ao juiz indeferir de plano a inicial, por decisão motivada, quando 
não for o caso de Mandado de Segurança ou lhe faltar algum dos requisitos legais 
ou quando decorrido o prazo legal para sua impetração (120 dias) – art. 10. 
 
Contra a decisão do juiz de primeiro grau que indeferir a inicial caberá 
Recurso de Apelação, e, quando a competência do Mandado de Segurança couber 
originariamente a um dos Tribunais, do ato do relator caberá agravo para o órgão 
competente do tribunal que integre - art. 10, § 1º. 
 
O ingresso de litisconsorte ativo não será admitido após o despacho da 
petição inicial – art. 10, § 2º. 
 
 
XVI - DESPACHO INICIAL, LIMINAR E NOTIFICAÇÃO – Estando em termos a 
petição inicial, o juiz apreciará o pedido de liminar, caso tenha sido formulado. 
 
A medida liminar é provimento cautelar admitido pela Lei de Mandado de 
Segurança quando relevantes os fundamentos da impetração e do ato impugnado 
puder resultar a ineficácia da medida, caso seja finalmente deferida, sendo facultado 
exigir do Impetrante caução, fiança ou depósito, com o objetivo de assegurar o 
ressarcimento à pessoa jurídica, presentes o Periculum in Mora e Fumus Boni Júris 
– art. 7º, III. 
 
O pedido de liminar para suspender o ato atacado tem de ser anunciado 
desde o preâmbulo da inicial. Recomenda a melhor técnica processual, que se crie 
um tópico específico ao final da peça, iniciando os pedidos, propugnando pela 
concessão da liminar. Imperioso, para se convencer ao magistrado, um bom 
fundamento no sentido mais objetivo de que pelas questões de direito que 
consubstanciaram o writ, que, se porventura não suspenso o ato combatido 
liminarmente, resultará na ineficácia da futura decisão que conceder aquele 
Mandado de Segurança. 
 
Ao despachar a inicial o juiz ordenará que se notifique o coator do conteúdo 
da petição inicial, enviando-lhe a segunda via apresentada com as cópias dos 
documentos, a fim de que, no prazo de 10 (dez) dias, preste as informações devidas 
art. 7º, I. 
 
 9
Também ordenará que se dê ciência do feito ao órgão de representação 
judicial da pessoa jurídica interessada, enviando-lhe cópia da inicial sem 
documentos, para que, querendo, ingresse no feito – art. 7º, II. 
 
Não será concedida medida liminar que tenha por objeto a compensação de 
créditos tributários, a entrega de mercadorias e bens provenientes do exterior, a 
reclassificação ou equiparação de servidores públicos e a concessão de aumento ou 
a extensão de vantagens ou pagamento de qualquer natureza – art. 7º, § 2º. 
 
A intimação da autoridade coatora da liminar concedida é feita pelo meio mais 
rápido possível (ofício, telegrama, fax, via postal, telefone ou mandado), que 
também pode seguir juntamente com o mandado de intimação para prestar 
informações. 
 
Da decisão de juiz de primeiro grau que conceder ou denegar a liminar caberá 
Agravo de Instrumento (art. 522 e seguintes do C.P.C) – art. 7º, § 1º . 
 
O art. 4º da Lei 12.016/09 possibilita que, em caso de urgência, observados 
os requisitos legais, impetrar Mandado de Segurança por telegrama, radiograma, fax 
ou outro meio eletrônico de autenticidade comprovada, o que também poderá ser 
feito para notificação da autoridade coatora. O texto original da petição deverá ser 
apresentado nos 05 (cinco) dias úteis seguintes – art. 4º, § 4º. 
 
Os efeitos da liminar, salvo se revogada ou cassada, persistirão até a 
prolação da sentença - art. 7º, § 3º. 
 
Deferida a liminar, o processo terá prioridade para julgamento – art. 7º, § 4º. 
 
Será decretada a perempção ou caducidade da medida liminar ex officio ou a 
requerimento do Ministério Público quando, concedida a liminar, o impetrante criar 
obstáculo ao normal andamento do processo ou deixar de promover, por mais de 03 
(três) dias úteis, os atos e as diligências que lhe cumprirem – art. 8º. 
 
As autoridades administrativas, no prazo de 48 horas da notificação da 
medida liminar, remeterão ao Ministério ou órgão a que se acham subordinadas e ao 
Advogado-Geral da União, do Estado, do Município ou da entidade apontada como 
coatora cópia autenticada do mandado notificatório, assim como indicações e 
elementos outros necessários às providências a serem tomadas para eventual 
suspensão da medida e defesa do ato apontado como ilegal ou abusivo de poder – 
art. 9º. 
 
Feitas as notificações, o serventuário em cujo cartório corra o feito juntará aos 
autos cópia autêntica dos ofícios endereçados ao coator e ao órgão de 
representação judicial da pessoa jurídica interessada, bem como a prova da entrega 
a estes ou da sua recusa em aceitá-los ou dar recibo e, no caso do art. 4º da Lei, a 
comprovação da remessa – art. 11. 
 
Constitui crime de desobediência, nos termos do art. 330 do C.P., o não 
cumprimento das decisões proferidas em Mandado de Segurança, sem prejuízo das 
sanções administrativas e da aplicação da Lei nº 1.079/50 – Lei de crimes de 
responsabilidade – quando cabíveis – art. 26. 
 10
XVII - INFORMAÇÕES – Notificada a autoridade coatora, está deverá no prazo de 
10 (dez) dias prestar as informações sobre o ato ilegal – art. 7º, I. 
 
Via de regra, essas informações hodiernamente assumem características de 
verdadeira contestação, defendendo a integridade formal e material do ato 
impugnado. 
 
A falta das informações pode importar confissão ficta dos fatos argüidos na 
inicial, se isto autorizar a prova oferecida pelo impetrante. 
 
 
XVIII - MINISTÉRIO PÚBLICO - O Ministério Público oficia obrigatoriamente no 
Mandado de Segurança como fiscal da lei. Será intimado para se manifestar no 
prazo de 10 dias após o fim do prazo fixado para a autoridade coatora prestar 
informações - art. 12. 
 
 
XIX - HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS – Não cabe a fixação de honorários 
advocatícios em Mandado de Segurança. Caberá a aplicação das sanções previstas 
no caso de litigância de má-fé – art. 25. 
 
 
XX - SENTENÇA - Findo o prazo para colheita do parecer ministerial, 
independentemente de prestadas informações pela autoridade coatora ou do 
parecer do Ministério Público, os autos serão conclusos ao juiz dentro de 30 (trinta) 
dias, para proferir a decisão - art. 12, parágrafo único. 
 
A sentença a ser prolatada no Mandado de Segurança pode ser terminativa, 
quando extingue o processo sem apreciação do mérito por faltar um dos 
pressupostos processuais e/ou condições da ação (art. 267 do C.P.C), ou, definitiva, 
quando julga pela procedência ou improcedência do pedido (art. 269 do C.P.C). 
 
Goza de eficácia mandamental a sentença que dá pela procedência do 
pedido. 
 
Concedido o Mandado de Segurança, o juiz transmitirá em ofício, por 
intermédio do oficialdo juízo, ou pelo correio, mediante correspondência com aviso 
de recebimento, o inteiro teor da sentença à autoridade coatora e à pessoa jurídica 
interessada, podendo, ainda, em caso de urgência, observar o disposto do art. 4º da 
Lei. 
 
 
XXI - RECURSO VOLUNTÁRIO E DE OFÍCIO - A sentença que denegar ou 
conceder o Mandado de Segurança, será impugnada através do Recurso de 
Apelação (art. 14 c/c art. 513 do C.P.C), aplicável o sistema recursal do C.P.C., 
beneficiando o prazo em dobro para recorrer pela Fazenda Pública ou Ministério 
Público (art. 188 do C.P.C) e nos casos de litisconsortes com diferentes 
procuradores (art. 191 do C.P.C). 
 
Deve-se admitir o efeito suspensivo ao recurso em Mandado de Segurança, 
extensivo à medida liminar, sempre que ocorrer a possibilidade de o direito vir a 
 11
sofrer lesão de difícil ou impossível reparação, sob pena de o eventual provimento 
ao recurso tornar-se inócuo. 
 
Julgando procedente o Mandado de Segurança, a sentença que conceder a 
ordem, obrigatoriamente, ficará sujeita ao duplo grau de jurisdição, ou seja, o juiz na 
parte dispositiva da decisão, recorrerá de ofício, requerendo, após esgotado o prazo 
para recurso voluntário, a subida dos autos para a instância ad quem a fim de 
reexame em colegiado art. 14, § 1º. 
 
Apenas a sentença de procedência proferida por juiz singular está obrigada 
ao duplo grau de jurisdição e, os acórdãos proferidos em Mandado de Segurança ou 
aqueles cujas competências são originárias, não se sujeitam a esse regime. Se 
denegada a segurança, não há necessidade do reexame necessário. 
 
Das decisões em Mandado de Segurança proferidas em única instância pelos 
Tribunais cabe Recurso Especial (artigos 541 do C.P.C., e 105, III, “a” da C.F) e 
Extraordinário (541 do C.P.C., e 102, III, “a” e “c” da C.F), nos casos legalmente 
previstos, e Recurso Ordinário, para o STF (art. 102, II, “a” da C.F) ou STJ (art. 105, 
II, “b” da C.F), quando a ordem for denegada – art. 18. 
 
 
XXII - COISA JULGADA - A coisa julgada pode resultar da sentença concessiva ou 
denegatória da segurança, desde que a decisão haja apreciado o mérito da 
pretensão do impetrante e afirmado a existência ou a inexistência do direito a ser 
amparado. 
 
Não faz coisa julgada, quanto ao mérito do pedido, a decisão que: 
 
 apenas denega a segurança por incerto ou ilíquido o direito pleiteado; 
 a que julga o impetrante carecedor do mandado e a que indefere desde logo 
a inicial por não ser caso de segurança ou por falta de requisitos processuais 
para a impetração. 
 
 
XXIII - EXECUÇÃO – O comando liminar ou sentencial do Mandado de Segurança é 
para que a autoridade coatora cesse a ilegalidade do ato. Assim, a sentença que 
conceder o Mandado de Segurança pode ser executada provisoriamente, salvo nos 
casos em que for vedada a concessão da medida liminar (art. 7º, § 2º) – art. 14, § 3º. 
 
Na prática é de pouca utilidade o dispositivo, pois, procedente o pedido, e não 
tendo efeito suspensivo o recurso voluntário ou de ofício, a sentença vigorará até 
decisão da instância imediata ad quem. Caso mantida a sentença, com o trânsito em 
julgado, a decisão se consolidará em coisa julgada. Na hipótese de reformada a 
decisão que julgou procedente o Mandado de Segurança, tornam-se ineficazes os 
atos praticados depois da interposição do recurso. 
 
 
 
 
 
 
 12
XIV - QUESTÕES PROCESSUAIS: 
 
Argüição de incidentes: É inadmissível, visto prescindir de prova pré-constituída, 
perícia para apurar falsidade documental, questões acerca da existência da relação 
jurídica processual. 
 
Alteração do pedido ou dos fundamentos: Não é admitido no Mandado de 
Segurança, pois o que se aprecia no writ não são os fatos, mas a ilegalidade do ato 
praticado pela autoridade coatora, pois, se estiverem em jogo os fatos, em si, a 
autoridade coatora poderia repelí-los e beneficiar-se na sua defesa, já que ao 
impetrante é vedado contra-argumentar nas informações prestadas pela autoridade 
coatora. 
 
Valor da causa: À semelhança das demais causas civis, o Mandado de Segurança 
exige o arbitramento do valor da causa, cujo montante deve corresponder ao do ato 
impugnado, quando for susceptível de quantificação, ou, caso negativo, este deve 
ser estimado. 
As vedações relacionadas com a concessão de liminares previstas neste artigo se 
estendem à tutela antecipada a que se referem os arts. 273 e 461 do C.P.C – art. 7º, 
§ 5º. 
Art. 15. Quando, a requerimento de pessoa jurídica de direito público interessada ou 
do Ministério Público e para evitar grave lesão à ordem, à saúde, à segurança e à 
economia públicas, o presidente do Tribunal ao qual couber o conhecimento do 
respectivo recurso suspender, em decisão fundamentada, a execução da liminar e 
da sentença, dessa decisão caberá agravo, sem efeito suspensivo, no prazo de 5 
(cinco) dias, que será levado a julgamento na sessão seguinte à sua interposição. 
§ 1o Indeferido o pedido de suspensão ou provido o agravo a que se refere o 
caput deste artigo, caberá novo pedido de suspensão ao presidente do tribunal 
competente para conhecer de eventual recurso especial ou extraordinário. 
§ 2o É cabível também o pedido de suspensão a que se refere o § 1o deste 
artigo, quando negado provimento a agravo de instrumento interposto contra a 
liminar a que se refere este artigo. 
§ 3o A interposição de agravo de instrumento contra liminar concedida nas 
ações movidas contra o poder público e seus agentes não prejudica nem condiciona 
o julgamento do pedido de suspensão a que se refere este artigo. 
§ 4o O presidente do tribunal poderá conferir ao pedido efeito suspensivo 
liminar se constatar, em juízo prévio, a plausibilidade do direito invocado e a 
urgência na concessão da medida. 
§ 5o As liminares cujo objeto seja idêntico poderão ser suspensas em uma 
única decisão, podendo o presidente do tribunal estender os efeitos da suspensão a 
liminares supervenientes, mediante simples aditamento do pedido original. 
Nos casos de competência originária dos tribunais, caberá ao relator a instrução do 
processo, sendo assegurada a defesa oral na sessão do julgamento, cabendo, da 
 13
decisão do relator que conceder ou denegar a medida liminar, agravo ao órgão 
competente do tribunal que integre – art. 16. 
Nas decisões proferidas em Mandado de Segurança e nos respectivos recursos, 
quando não publicado, no prazo de 30 (trinta) dias, contado da data do julgamento, o 
acórdão será substituído pelas respectivas notas taquigráficas, independentemente 
de revisão – art. 17. 
Os processos de Mandado de Segurança e os respectivos recursos terão prioridade 
sobre todos os atos judiciais, salvo habeas corpus, devendo na instância superior 
ser levados a julgamento na primeira sessão que se seguir à data em que forem 
conclusos ao relator, onde o prazo para a conclusão dos autos não poderá exceder 
de 5 (cinco) dias – art. 20, §§1º e 2º. 
O Mandado de Segurança coletivo não induz litispendência para as ações 
individuais, mas os efeitos da coisa julgada não beneficiarão o impetrante a título 
individual se não requerer a desistência de seu Mandado de Segurança no prazo de 
30 (trinta) dias a contar da ciência comprovada da impetração da segurança coletiva 
– art. 22, § 1o. 
Não cabem, no processo de Mandado de Segurança, a interposição de embargos 
infringentes e a condenação ao pagamento dos honorários advocatícios, sem 
prejuízo da aplicação de sanções no caso de litigância de má-fé – art. 25. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 14
LEI Nº 12.016, DE 7 DE AGOSTO DE 2009. 
 
 
Disciplina o Mandado de Segurança
individual e coletivo e dá outras
providências. 
 
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional 
decreta e eu sanciono a seguinteLei: 
Art. 1o Conceder-se-á Mandado de Segurança para proteger direito líquido e 
certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, sempre que, ilegalmente 
ou com abuso de poder, qualquer pessoa física ou jurídica sofrer violação ou houver 
justo receio de sofrê-la por parte de autoridade, seja de que categoria for e sejam 
quais forem as funções que exerça. 
§ 1o Equiparam-se às autoridades, para os efeitos desta Lei, os 
representantes ou órgãos de partidos políticos e os administradores de entidades 
autárquicas, bem como os dirigentes de pessoas jurídicas ou as pessoas naturais no 
exercício de atribuições do poder público, somente no que disser respeito a essas 
atribuições. 
§ 2o Não cabe Mandado de Segurança contra os atos de gestão comercial 
praticados pelos administradores de empresas públicas, de sociedade de economia 
mista e de concessionárias de serviço público. 
§ 3o Quando o direito ameaçado ou violado couber a várias pessoas, qualquer 
delas poderá requerer o Mandado de Segurança. 
Art. 2o Considerar-se-á federal a autoridade coatora se as consequências de 
ordem patrimonial do ato contra o qual se requer o mandado houverem de ser 
suportadas pela União ou entidade por ela controlada. 
Art. 3o O titular de direito líquido e certo decorrente de direito, em condições 
idênticas, de terceiro poderá impetrar Mandado de Segurança a favor do direito 
originário, se o seu titular não o fizer, no prazo de 30 (trinta) dias, quando notificado 
judicialmente. 
Parágrafo único. O exercício do direito previsto no caput deste artigo 
submete-se ao prazo fixado no art. 23 desta Lei, contado da notificação. 
Art. 4o Em caso de urgência, é permitido, observados os requisitos legais, 
impetrar Mandado de Segurança por telegrama, radiograma, fax ou outro meio 
eletrônico de autenticidade comprovada. 
§ 1o Poderá o juiz, em caso de urgência, notificar a autoridade por telegrama, 
radiograma ou outro meio que assegure a autenticidade do documento e a imediata 
ciência pela autoridade. 
 15
§ 2o O texto original da petição deverá ser apresentado nos 5 (cinco) dias úteis 
seguintes. 
§ 3o Para os fins deste artigo, em se tratando de documento eletrônico, serão 
observadas as regras da Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. 
Art. 5o Não se concederá Mandado de Segurança quando se tratar: 
I - de ato do qual caiba recurso administrativo com efeito suspensivo, 
independentemente de caução; 
II - de decisão judicial da qual caiba recurso com efeito suspensivo; 
III - de decisão judicial transitada em julgado. 
Parágrafo único. (VETADO) 
Art. 6o A petição inicial, que deverá preencher os requisitos estabelecidos pela 
lei processual, será apresentada em 2 (duas) vias com os documentos que 
instruírem a primeira reproduzidos na segunda e indicará, além da autoridade 
coatora, a pessoa jurídica que esta integra, à qual se acha vinculada ou da qual 
exerce atribuições. 
§ 1o No caso em que o documento necessário à prova do alegado se ache em 
repartição ou estabelecimento público ou em poder de autoridade que se recuse a 
fornecê-lo por certidão ou de terceiro, o juiz ordenará, preliminarmente, por ofício, a 
exibição desse documento em original ou em cópia autêntica e marcará, para o 
cumprimento da ordem, o prazo de 10 (dez) dias. O escrivão extrairá cópias do 
documento para juntá-las à segunda via da petição. 
§ 2o Se a autoridade que tiver procedido dessa maneira for a própria coatora, 
a ordem far-se-á no próprio instrumento da notificação. 
§ 3o Considera-se autoridade coatora aquela que tenha praticado o ato 
impugnado ou da qual emane a ordem para a sua prática. 
§ 4o (VETADO) 
§ 5o Denega-se o Mandado de Segurança nos casos previstos pelo art. 267 da 
Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil. 
§ 6o O pedido de Mandado de Segurança poderá ser renovado dentro do 
prazo decadencial, se a decisão denegatória não lhe houver apreciado o mérito. 
Art. 7o Ao despachar a inicial, o juiz ordenará: 
I - que se notifique o coator do conteúdo da petição inicial, enviando-lhe a 
segunda via apresentada com as cópias dos documentos, a fim de que, no prazo de 
10 (dez) dias, preste as informações; 
 16
II - que se dê ciência do feito ao órgão de representação judicial da pessoa 
jurídica interessada, enviando-lhe cópia da inicial sem documentos, para que, 
querendo, ingresse no feito; 
III - que se suspenda o ato que deu motivo ao pedido, quando houver 
fundamento relevante e do ato impugnado puder resultar a ineficácia da medida, 
caso seja finalmente deferida, sendo facultado exigir do impetrante caução, fiança 
ou depósito, com o objetivo de assegurar o ressarcimento à pessoa jurídica. 
§ 1o Da decisão do juiz de primeiro grau que conceder ou denegar a liminar 
caberá agravo de instrumento, observado o disposto na Lei no 5.869, de 11 de 
janeiro de 1973 - Código de Processo Civil. 
§ 2o Não será concedida medida liminar que tenha por objeto a compensação 
de créditos tributários, a entrega de mercadorias e bens provenientes do exterior, a 
reclassificação ou equiparação de servidores públicos e a concessão de aumento ou 
a extensão de vantagens ou pagamento de qualquer natureza. 
§ 3o Os efeitos da medida liminar, salvo se revogada ou cassada, persistirão 
até a prolação da sentença. 
§ 4o Deferida a medida liminar, o processo terá prioridade para julgamento. 
§ 5o As vedações relacionadas com a concessão de liminares previstas neste 
artigo se estendem à tutela antecipada a que se referem os arts. 273 e 461 da Lei no 
5.869, de 11 janeiro de 1973 - Código de Processo Civil. 
Art. 8o Será decretada a perempção ou caducidade da medida liminar ex 
officio ou a requerimento do Ministério Público quando, concedida a medida, o 
impetrante criar obstáculo ao normal andamento do processo ou deixar de 
promover, por mais de 3 (três) dias úteis, os atos e as diligências que lhe 
cumprirem. 
Art. 9o As autoridades administrativas, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas 
da notificação da medida liminar, remeterão ao Ministério ou órgão a que se acham 
subordinadas e ao Advogado-Geral da União ou a quem tiver a representação 
judicial da União, do Estado, do Município ou da entidade apontada como coatora 
cópia autenticada do mandado notificatório, assim como indicações e elementos 
outros necessários às providências a serem tomadas para a eventual suspensão da 
medida e defesa do ato apontado como ilegal ou abusivo de poder. 
Art. 10. A inicial será desde logo indeferida, por decisão motivada, quando não 
for o caso de Mandado de Segurança ou lhe faltar algum dos requisitos legais ou 
quando decorrido o prazo legal para a impetração. 
§ 1o Do indeferimento da inicial pelo juiz de primeiro grau caberá apelação e, 
quando a competência para o julgamento do Mandado de Segurança couber 
originariamente a um dos tribunais, do ato do relator caberá agravo para o órgão 
competente do tribunal que integre. 
 17
§ 2o O ingresso de litisconsorte ativo não será admitido após o despacho da 
petição inicial. 
Art. 11. Feitas as notificações, o serventuário em cujo cartório corra o feito 
juntará aos autos cópia autêntica dos ofícios endereçados ao coator e ao órgão de 
representação judicial da pessoa jurídica interessada, bem como a prova da entrega 
a estes ou da sua recusa em aceitá-los ou dar recibo e, no caso do art. 4o desta Lei, 
a comprovação da remessa. 
Art. 12. Findo o prazo a que se refere o inciso I do caput do art. 7o desta Lei, o 
juiz ouvirá o representante do Ministério Público, que opinará, dentro do prazo 
improrrogável de 10 (dez) dias. 
Parágrafo único. Com ou sem o parecer do Ministério Público, os autos serão 
conclusos ao juiz, para a decisão, aqual deverá ser necessariamente proferida em 
30 (trinta) dias. 
Art. 13. Concedido o mandado, o juiz transmitirá em ofício, por intermédio do 
oficial do juízo, ou pelo correio, mediante correspondência com aviso de 
recebimento, o inteiro teor da sentença à autoridade coatora e à pessoa jurídica 
interessada. 
Parágrafo único. Em caso de urgência, poderá o juiz observar o disposto no 
art. 4o desta Lei. 
Art. 14. Da sentença, denegando ou concedendo o mandado, cabe apelação. 
§ 1o Concedida a segurança, a sentença estará sujeita obrigatoriamente ao 
duplo grau de jurisdição. 
§ 2o Estende-se à autoridade coatora o direito de recorrer. 
§ 3o A sentença que conceder o Mandado de Segurança pode ser executada 
provisoriamente, salvo nos casos em que for vedada a concessão da medida 
liminar. 
§ 4o O pagamento de vencimentos e vantagens pecuniárias assegurados em 
sentença concessiva de Mandado de Segurança a servidor público da administração 
direta ou autárquica federal, estadual e municipal somente será efetuado 
relativamente às prestações que se vencerem a contar da data do ajuizamento da 
inicial. 
Art. 15. Quando, a requerimento de pessoa jurídica de direito público 
interessada ou do Ministério Público e para evitar grave lesão à ordem, à saúde, à 
segurança e à economia públicas, o presidente do tribunal ao qual couber o 
conhecimento do respectivo recurso suspender, em decisão fundamentada, a 
execução da liminar e da sentença, dessa decisão caberá agravo, sem efeito 
suspensivo, no prazo de 5 (cinco) dias, que será levado a julgamento na sessão 
seguinte à sua interposição. 
 18
§ 1o Indeferido o pedido de suspensão ou provido o agravo a que se refere o 
caput deste artigo, caberá novo pedido de suspensão ao presidente do tribunal 
competente para conhecer de eventual recurso especial ou extraordinário. 
§ 2o É cabível também o pedido de suspensão a que se refere o § 1o deste 
artigo, quando negado provimento a agravo de instrumento interposto contra a 
liminar a que se refere este artigo. 
§ 3o A interposição de agravo de instrumento contra liminar concedida nas 
ações movidas contra o poder público e seus agentes não prejudica nem condiciona 
o julgamento do pedido de suspensão a que se refere este artigo. 
§ 4o O presidente do tribunal poderá conferir ao pedido efeito suspensivo 
liminar se constatar, em juízo prévio, a plausibilidade do direito invocado e a 
urgência na concessão da medida. 
§ 5o As liminares cujo objeto seja idêntico poderão ser suspensas em uma 
única decisão, podendo o presidente do tribunal estender os efeitos da suspensão a 
liminares supervenientes, mediante simples aditamento do pedido original. 
Art. 16. Nos casos de competência originária dos tribunais, caberá ao relator a 
instrução do processo, sendo assegurada a defesa oral na sessão do julgamento. 
Parágrafo único. Da decisão do relator que conceder ou denegar a medida 
liminar caberá agravo ao órgão competente do tribunal que integre. 
Art. 17. Nas decisões proferidas em Mandado de Segurança e nos respectivos 
recursos, quando não publicado, no prazo de 30 (trinta) dias, contado da data do 
julgamento, o acórdão será substituído pelas respectivas notas taquigráficas, 
independentemente de revisão. 
Art. 18. Das decisões em Mandado de Segurança proferidas em única 
instância pelos tribunais cabe recurso especial e extraordinário, nos casos 
legalmente previstos, e recurso ordinário, quando a ordem for denegada. 
Art. 19. A sentença ou o acórdão que denegar Mandado de Segurança, sem 
decidir o mérito, não impedirá que o requerente, por ação própria, pleiteie os seus 
direitos e os respectivos efeitos patrimoniais. 
Art. 20. Os processos de Mandado de Segurança e os respectivos recursos 
terão prioridade sobre todos os atos judiciais, salvo habeas corpus. 
§ 1o Na instância superior, deverão ser levados a julgamento na primeira 
sessão que se seguir à data em que forem conclusos ao relator. 
§ 2o O prazo para a conclusão dos autos não poderá exceder de 5 (cinco) 
dias. 
Art. 21. O Mandado de Segurança coletivo pode ser impetrado por partido 
político com representação no Congresso Nacional, na defesa de seus interesses 
legítimos relativos a seus integrantes ou à finalidade partidária, ou por organização 
 19
sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em 
funcionamento há, pelo menos, 1 (um) ano, em defesa de direitos líquidos e certos 
da totalidade, ou de parte, dos seus membros ou associados, na forma dos seus 
estatutos e desde que pertinentes às suas finalidades, dispensada, para tanto, 
autorização especial. 
Parágrafo único. Os direitos protegidos pelo Mandado de Segurança coletivo 
podem ser: 
I - coletivos, assim entendidos, para efeito desta Lei, os transindividuais, de 
natureza indivisível, de que seja titular grupo ou categoria de pessoas ligadas entre 
si ou com a parte contrária por uma relação jurídica básica; 
II - individuais homogêneos, assim entendidos, para efeito desta Lei, os 
decorrentes de origem comum e da atividade ou situação específica da totalidade ou 
de parte dos associados ou membros do impetrante. 
Art. 22. No Mandado de Segurança coletivo, a sentença fará coisa julgada 
limitadamente aos membros do grupo ou categoria substituídos pelo impetrante. 
§ 1o O Mandado de Segurança coletivo não induz litispendência para as ações 
individuais, mas os efeitos da coisa julgada não beneficiarão o impetrante a título 
individual se não requerer a desistência de seu Mandado de Segurança no prazo de 
30 (trinta) dias a contar da ciência comprovada da impetração da segurança 
coletiva. 
§ 2o No Mandado de Segurança coletivo, a liminar só poderá ser concedida 
após a audiência do representante judicial da pessoa jurídica de direito público, que 
deverá se pronunciar no prazo de 72 (setenta e duas) horas. 
Art. 23. O direito de requerer Mandado de Segurança extinguir-se-á decorridos 
120 (cento e vinte) dias, contados da ciência, pelo interessado, do ato impugnado. 
Art. 24. Aplicam-se ao Mandado de Segurança os arts. 46 a 49 da Lei no 
5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil. 
Art. 25. Não cabem, no processo de Mandado de Segurança, a interposição 
de embargos infringentes e a condenação ao pagamento dos honorários 
advocatícios, sem prejuízo da aplicação de sanções no caso de litigância de má-fé. 
Art. 26. Constitui crime de desobediência, nos termos do art. 330 do Decreto-
Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940, o não cumprimento das decisões proferidas 
em Mandado de Segurança, sem prejuízo das sanções administrativas e da 
aplicação da Lei no 1.079, de 10 de abril de 1950, quando cabíveis. 
Art. 27. Os regimentos dos tribunais e, no que couber, as leis de organização 
judiciária deverão ser adaptados às disposições desta Lei no prazo de 180 (cento e 
oitenta) dias, contado da sua publicação. 
Art. 28. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. 
 20
Art. 29. Revogam-se as Leis nos 1.533, de 31 de dezembro de 1951, 4.166, de 
4 de dezembro de 1962, 4.348, de 26 de junho de 1964, 5.021, de 9 de junho de 
1966; o art. 3o da Lei no 6.014, de 27 de dezembro de 1973, o art. 1o da Lei no 6.071, 
de 3 de julho de 1974, o art. 12 da Lei no 6.978, de 19 de janeiro de 1982, e o art. 2o 
da Lei no 9.259, de 9 de janeiro de 1996. 
Brasília, 7 de agosto de 2009; 188o da Independência e 121o da República. 
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA 
Tarso Genro 
José Antonio Dias Toffoli 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 21
BIBLIOGRAFIA: 
 
Bibliografia Básica: 
(1) CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual deDireito Administrativo. Rio de 
Janeiro: Lúmen Júris, 2005. 
(2) GASPARINI, Diógenes. Direito Administrativo. São Paulo: Saraiva, data de 
edição a mais recente. 
(3) JUSTEN FILHO, Marçal. Curso de Direito Administrativo. São Paulo: Saraiva, 
2005. 
(4) MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. São 
Paulo: Malheiros, data de edição a mais recente. 
(5) MEIRELLES, Hely Lopes. Mandado de Segurança. São Paulo: Malheiros, 2007. 
(6) CRETELLA JUNIOR, José. Prática do Processo Administrativo. Rio de 
Janeiro: RT, 2007. 
Paulo: Saraiva, 2007. 
(7) DIDIER, Fredie Jr. Ações Constitucionais. 3ª ed. Salvador: Podivm, 2008. 
(8) ARAÚJO, Florivaldo Dutra de. Motivação e controle do Ato Administrativo. 2 
ed. Belo Horizonte: Del Rey, 2005. 
(9) DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. São Paulo: Atlas, data 
de edição a mais recente. 
(10) FAGUNDES, Miguel de Seabra. O controle dos atos administrativos pelo 
poder judiciário. 4 ed. Rio de Janeiro. Forense, 1967. 
(11) FIGUEIREDO, Lucia Valle. Curso de Direito Administrativo. São Paulo: 
Malheiros, data de edição a mais recente. 
(12) JUSTEN FILHO, Marçal. Concessões de serviços públicos. São Paulo: 
Dialética, data de edição a mais recente. 
(13) MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo brasileiro. São Paulo. 
Mandamentos, 2005. 
(14) SUNDFELD, Carlos Ari; BUENO, Cássio Scarpinella (Coord.) Direito 
Processual Público. São Paulo: Malheiros, 2003. 
(15) WALD, Arnold. Do Mandado de Segurança na prática judiciária. Rio de 
Janeiro: Forense, 2007. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 22
Exmo. Sr. Dr. Juiz de Direito da ª Vara da Fazenda Pública Municipal de 
Contagem/MG. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 FUNERÁRIA SÃO CRISTÓVÃO LTDA, CNPJ – 00.772.419/0001-61, 
localizada na Rua Cecildes Moreira Faria, 135 – Bairro Nova Gameleira/BH – MG., 
vem respeitosamente perante V. Exa., por seu advogado abaixo assinado, conforme 
procuração em anexo, propor o presente MANDADO DE SEGURANÇA COM 
PEDIDO DE LIMINAR contra ato do ILMO. PRESIDENTE DA COMISSÃO 
ESPECIAL DE LICITAÇÃO DO MUNICÍPIO DE CONTAGEM– SR. ÉLIO DE 
SIQUEIRA VALÉRIO PINTO e ILMA. SECRETÁRIA MUNICIPAL DE 
ADMINISTRAÇÃO DE CONTAGEM – SRA. CLEUDIRCE CORNÉLIO DE 
CAMARGOS, ambos localizados na Praça Presidente Tancredo Neves, 200 – Bairro 
Camilo Alves/Contagem – MG – Edifício-Sede da Prefeitura, nos termos dos arts. 5º, 
LXIX, 37, XXI - todos da Constituição Federal e arts. 1º e 7º, III da Lei 12.016/09, Lei 
8.666/93 e Lei 8.987/95, pelos fatos e fundamentos a seguir expostos: 
 
 
I – DOS FATOS E DO DIREITO 
 
A Impetrante, com intuito de participar da licitação, apresentou seus 
documentos de Habilitação e sua Proposta Comercial na forma da Lei e dentro das 
regras exigidas pelo Edital nº 001/2008, processo nº 024/2008, licitação na 
modalidade de CONCORRÊNCIA, com critério de julgamento de “MAIOR 
OFERTA”, com fulcro no art. 15, II da Lei 8.987/95 objetivando a contratação de 02 
(duas) empresas, para outorga de CONCESSÃO, para prestação de serviços 
funerários no Município de Contagem/MG., conforme especificações constantes 
neste Edital e seus anexos. 
 
Acontece que em sessão de julgamento dos documentos de habilitação, 
ocorrida no dia 05/05/2008, a Comissão Especial de Licitação, designada pela 
Portaria nº 011 de 16/01/2008, com o objetivo de analisar e julgar os documentos 
apresentados pelas empresas participantes, decidiu inabilitar a empresa Impetrante, 
sob o argumento de que apresenta composição acionária em comum com a 
empresa ASSISTENCIAL LUZIENSE LTDA, configurando conluio, causando 
prejuízo ao caráter competitivo no certame, nos termos do art. 90 da Lei 
8.666/93, tendo a Impetrante interposto Recurso Administrativo e Recurso 
Hierárquico, ambos sem êxito, motivo pelo qual não teve outra solução senão 
 23
impetrar o presente Mandado de Segurança, com intuito conservar o seu direito de 
participar do certame, sendo declarada HABILITADA para a citada licitação. 
 
Ora MM. Juiz, dentre as condições previstas no edital para a participação no 
processo licitatório, não há qualquer restrição no sentido de que as empresas 
interessadas não possam ter sócios em comum, conforme abaixo demonstrado. 
 
 
 
II - CONDIÇÕES DE PARTICIPAÇÃO 
 
2.1. Poderão participar desta licitação pessoas jurídicas do ramo 
pertinente ao objeto licitado, que atendam às condições de 
habilitação estabelecidas no Título VII e requisitos exigidos neste 
instrumento convocatório. 
2.2. Participarão da Sessão todos os que tenham protocolados seus 
envelopes até o horário estipulado no Preâmbulo deste edital. 
2.3. As empresas que desejarem poderão se fazer representar nos 
atos desta licitação mediante pessoa devidamente habilitada por 
instrumento público ou particular de mandato ou, ainda, pelo 
instrumento constitutivo da empresa quando for o caso. 
2.4. O documento de mandato referido no item anterior deverá 
descrever quais poderes detém o representante da empresa para 
este Certame. 
2.5. As empresas que não apresentarem representantes ou ainda 
que o apresentem em desconformidade com este Edital poderão 
participar da licitação sem que, no entanto, seja considerada 
qualquer manifestação nas atas elaboradas. 
 
 
2.6. NÃO PODERÁ PARTICIPAR DA LICITAÇÃO, A EMPRESA: 
 
2.8.1. Suspensa, impedida de licitar ou contratar com a 
Administração, nos termos do art. 87, III, da Lei 8.666/93; 
2.8.2. Declarada inidônea para licitar ou contratar com a 
Administração, nos termos do art. 84, IV, da Lei 8.666/93; 
2.8.3. Com falência declarada, em liquidação judicial ou extrajudicial; 
2.8.4. Em consórcio; 
2.8.5. E que incidir no disposto no art. 9º da Lei n.º 8.666/93 e no art. 
33 da Lei Orgânica do Município de Contagem: 
 
Art. 33 - O Prefeito, o Vice-Prefeito, os Vereadores, os ocupantes de 
cargo em comissão ou função de confiança, as pessoas ligadas a 
qualquer deles por matrimônio ou parentesco, afim ou 
consangüíneo, até o segundo grau, ou por adoção, e os servidores e 
empregados públicos municipais, não poderão contratar com o 
Município, subsistindo a proibição até seis meses após findas as 
respectivas funções. 
 
 24
2.9. A observância das vedações do item anterior é de inteira 
responsabilidade do licitante que, pelo descumprimento, se sujeita 
às penalidades cabíveis. 
 
Também a Lei 8.666/93 não restringe a participação no processo licitatório de 
empresas que tenham sócios em comum, e, onde o legislador não restringe, não 
cabe ao interprete restringir – regra básica de hermenêutica. 
 
Por outro lado, ao contrário do alegado pela Comissão Especial de Licitação, 
as empresas FUNERÁRIA SÃO CRISTÓVÃO LTDA – ME e ASSISTENCIAL 
LUZIENSE LTDA, não têm “composição acionária comum”, mas cotas que o sócio 
CARLOS ALBERTO RIOS MANUEL possui em ambas as empresas, registrando 
que a pessoa jurídica não se confunde com a pessoa física de seus sócios. 
 
Aliás, a pessoa jurídica é a unidade de pessoas naturais e/ou de patrimônios 
que visa a obtenção de certas finalidades, reconhecida pela ordem jurídica como 
pessoa de direitos e obrigações, sendo certo que a licitação em questão informa que 
“poderão participar desta licitação pessoas jurídicas do ramo pertinente ao 
objeto licitado, que atendam às condições de habilitação estabelecidas...”, não 
fazendo qualquer alusão às pessoas de seus sócios. 
 
 
 
II - DO PRINCÍPIO DA LEGALIDADE 
 
O princípio da legalidade é um dos princípios fundamentais à formação do 
próprio Estado de Direito sustentado no império da lei, e, na tripartição dos poderes, 
possui especificidades no âmbito do Direito Público, onde é mencionado em 
diferentes dispositivos como, por exemplo, no art. 37 da Constituição no Capítulo VII, 
que trata da Administração Pública. 
 
 A conotação aqui é de estrita vinculaçãodo poder público aos ditames da lei 
e do Direito. Resulta, pois, o princípio da legalidade no âmbito do Direito Público 
num poder-dever que condiciona toda e qualquer ação do administrador público. 
Mesmo quando este age dentro de seu poder discricionário, onde há uma pequena 
porção de liberdade de escolha, deve fazê-lo dentro do campo balizado pelo 
ordenamento jurídico. 
 
A doutrina entende que o art. 4º da Lei n. 8.666, de 21 de junho de 1993, com 
as alterações promovidas pelas Leis ns. 8.883, de 08 de junho de 1994, e 9. 648, de 
27 de maio de 1998, abre espaço para que todos os que participam da licitação 
promovida pelos órgãos a que se refere o art. 1º (órgãos e entidades integrantes da 
Administração Pública direta e indireta, de qualquer dos poderes da União, dos 
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios) tenham direito público subjetivo a que 
os preceitos da Lei n. 8.666, de 1993 sejam obedecidos. 
 
Assim, o art. 4º da Lei 8.666/93 assegura a todo licitante o direito à fiel 
observância dos procedimentos estabelecidos na lei das licitações, a dizer que cada 
licitante é titular de direito subjetivo que deve ser respeitado pela administração. 
 
 25
Esse fato enseja que cada licitante pode exigir, por via do Mandado de 
Segurança, que a Administração se atenha ao cumprimento da Lei em face de 
incompetência da autoridade, desvio de finalidade, ausência de motivo, fuga ao seu 
objetivo principal e por falta de forma. 
 
HELY LOPES MEIRELLES, quanto ao significado do princípio da legalidade, 
aduz que "o administrador público está, em toda a sua atividade funcional, sujeito 
aos mandamentos da lei, e às exigências do bem-comum, e deles não se pode 
afastar ou desviar, sob pena de praticar ato inválido e expor-se à responsabilidade 
disciplinar, civil e criminal, conforme o caso". (“Direito Administrativo Brasileiro" Ed. 
Revista dos Tribunais, 15ª edição, 1990, página 79). 
 
Assim, não tendo o edital exigido, dentre outras condições, que as empresas 
participantes não tenham sócios em comum, bem como a Lei 8.666/93 da mesma 
forma nada menciona/restringe, não pode a Comissão Especial de Licitação 
inabilitar a Impetrante sob este argumento, sob pena de ferir o Princípio da 
Legalidade, ignorando o art. 5º, II da Constituição Federal, que dita que “ninguém 
será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de 
lei.", estando, portanto, viciado este ato/decisão, bem como os atos do Ilmo. 
Presidente da Comissão Especial de Licitação do Município de Contagem– Sr. Élio 
de Siqueira Valério Pinto e da Ilma. Secretária Municipal de Administração de 
Contagem – Sra. Cleudirce Cornélio de Camargos, que indeferiram os recursos 
administrativos aviados. 
 
Lado outro, a Douta Comissão, somente poderia desclassificar uma das 
empresas, pecando pelo excesso ao desabilitar ambas, não aplicando a costumeira 
Justiça ou Lei, pois, ao contrário do alegado, não houve conluio entre as empresas, 
em face da idoneidade de ambas no mercado de Minas Gerais, tendo ambas real 
possibilidade de ganhar o certame pela “maior oferta”, favorecendo a Administração 
do Município de Contagem. 
 
 
III - DA IMPUTAÇÃO DO CRIME TIPIFICADO NO ART. 90 DA LEI 8.666/93 
 
 A inabilitação declarada pela Comissão Especial de Licitação imputou à 
Impetrante o crime tipificado no art. 90 da Lei 8.666/93, alegando que, por ter 
composição acionário em comum com a ASSISTENCIAL LUZIENSE LTDA, 
configurou conluio, causando prejuízo ao caráter competitivo no certame. 
 
 Ora MM. Juiz, como pode ter conluio pelos simples fato de empresas terem 
em comum um sócio, apesar destas terem administrações independentes. 
 
 O que de fato correu é que ambas as empresas têm administração distintas e 
independentes, localizando-se em municípios diferentes, não tendo a empresa 
ASSISTENCIAL LUZIENSE LTDA tomado ciência prévia da participação da 
Impetrante no certame. 
 
 Assim foi leviana a imputação de tão grave crime à Impetrante, desprovida de 
qualquer prova inequívoca que justificasse sua inabilitação. 
 
 
 26
IV - DA RETIRADA DA EMPRESA ASSISTENCIAL LUZIENSE LTDA DO 
PROCESSO LICITATÓRIO 
 
Após ser excluída do processo licitatório, a empresa ASSISTENCIAL 
LUZIENSE LTDA, peticionou à COMISSÃO ESPECIAL DE LICITAÇÃO informando 
o equívoco da presença de ambas as empresas no processo em face da 
administração independente das empresas, bem como funcionarem em municípios 
diferentes, o que culminou na falta de comunicação e a sua inscrição no mesmo 
processo licitário, apesar de não haver qualquer restrição quanto a este fato, 
concordando, inclusive com sua inabilitação. 
 
 
 
 " Acontece que, apesar de ter o sócio CARLOS ALBERTO 
RIOS MANUEL em comum no quadro societário com a 
FUNERÁRIA SÃO CRISTÓVÃO LTDA - ME, possui 
administração independente e está localizada noutro 
município, motivo pelo qual ocorreu o equívoco de sua 
participação no mesmo processo licitatório. 
 
Diante do exposto, informa que concorda com sua 
inabilitação para o processo licitatório, informando que 
abre mão do prazo recursal.” 
 
 
 
 
 Assim, MM. Juiz, se havia algum óbice da participação de empresas que 
possuíssem composição acionária em comum, este desapareceu com a retirada da 
empresa ASSISTENCIAL LUZIENSE LTDA. 
 
 Ademais, não se justifica a inabilitação de ambas as empresas, bastaria a 
COMISSÃO ESPECIAL DE LICITAÇÃO excluir uma delas do certame, sendo ilegal 
o ato que desabilitou a Impetrante e a empresa ASSISTENCIAL LUZIENSE LTDA, 
pois, não encontra amparo no Edital nº 001/2008, nas Leis nº 8.666/93 e 8.987/95, e, 
muito menos, na Constituição Federal. 
 
 
V - DOS REQUISITOS DO PEDIDO DE LIMINAR 
 
Conforme consta, data venia, o fumus boni juris está fartamente 
demonstrado pela clara violação dos dispositivos legais acima citados. 
 
Por outro lado, o periculum in mora se aflora em face das propostas serem 
abertas no dia 26/05/08 as 14:00h, e, caso não deferida a liminar, torna-se-a inócuo 
o presente mandamus – art. 7º, III da Lei 12.016/09. 
 
 
VI - DOS PEDIDOS 
 
Diante do exposto, requer a V. Exa.: 
 27
a) Seja deferida LIMINARMENTE, initio litis, em CARÁTER DE URGÊNCIA, ordem 
judicial ordenando aos Impetrados que incluam a Impetrante no rol das empresas 
habilitadas, incluindo-a na sessão de abertura de propostas, que ocorrerá no dia 
26/05/08 as 14:00h, abrindo sua proposta, sob pena do art. 26 da Lei 12.016/09; 
 
b) Sejam notificadas as Autoridades Coatoras a fim de que tomem conhecimento 
desta ação, e, querendo, no prazo legal do art. 7º, I da Lei 12.016/09, prestem suas 
informações; 
 
c) Seja dada ciência do feito ao órgão de representação judicial da pessoa jurídica 
interessada, enviando-lhe cópia da inicial para, querendo, ingresse no feito; 
 
d) Seja dada vista ao Ministério Público. 
 
e) Seja ao final concedida a segurança, confirmando a liminar acaso deferida, 
declarando a Impetrante habilitada para participar da licitação, visto que preenche 
todos os requisitos exigidos no Edital nº 001/2008, processo nº 024/2008, ratificando 
a tese apresentada. 
 
 
Dá-se a causa o valor de R$50,00 (cinquenta reais). 
 
Nestes termos, pede deferimento. 
 
Belo Horizonte, 23 de maio de 2008. 
 
 
 
André Luiz Lopes 
OAB/MG - 70.397 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 28
Exmo. Sr. Dr. Juiz de Direito da ª Vara da Fazenda Pública Municipal da 
Comarca de Belo Horizonte/MG. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ASSOCIAÇÃO MUNICIPAL DE CONTRIBUINTES, inscrita no CNPJ - 
0000000, com sede na Rua do Sol, 000, conjunto 000, Belo Horizonte/MG., há mais 
de um ano em funcionamento, conforme exige o art. 5º, LXX, “b” da C.F., vem 
respeitosamente perante V. Exa., por seu advogadoabaixo assinado, conforme 
procuração em anexo, impetrar MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO COM 
PEDIDO DE LIMINAR, em favor de seus associados, contra ato do Sr. CHEFE DO 
DEPARTAMENTO DE RENDAS MOBILIÁRIAS DA SECRETARIA MUNICIPAL DA 
FAZENDA DE BELO HORIZONTE, encontrado na Avenida Afonso Pena,1.212 – 
Centro/Belo Horizonte – MG., nos termos dos art. 5º, LXX, “b” da Constituição 
Federal e arts. 1º, 7º, III e 21 da Lei 12.016/09, pelos fatos e dos fundamentos 
jurídicos a seguir expostos: 
 
 
I - DA ENTIDADE IMPETRANTE 
 
A Autora é entidade civil, sem fins lucrativos, legalmente constituída desde 
01/01/1990, conforme cópias das certidões inclusas, e tem como finalidade legal e 
estatutária amparar e defender os direitos e interesses dos contribuintes, seus 
associados, em conformidade com os parâmetros das normas vigentes. 
 
 
 
II - DA LEGITIMIDADE ATIVA 
 
A Autora é entidade legitimada para a representação coletiva dos seus 
associados, com amparo no artigo 5o. LXX, “b” da Constituição Federal e art. 21 da 
Lei 12.016/09. 
 
 29
Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de 
qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos 
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito 
à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à 
propriedade, nos termos seguintes: 
 
LXX - o Mandado de Segurança coletivo pode ser 
impetrado por: 
a) partido político com representação no Congresso 
Nacional; 
b) organização sindical, entidade de classe ou associação 
legalmente constituída e em funcionamento há pelo 
menos um ano, em defesa dos interesses de seus 
membros ou associados; 
 
 
Art. 21. O Mandado de Segurança coletivo pode ser 
impetrado por partido político com representação no 
Congresso Nacional, na defesa de seus interesses 
legítimos relativos a seus integrantes ou à finalidade 
partidária, ou por organização sindical, entidade de classe 
ou associação legalmente constituída e em funcionamento 
há, pelo menos, 1 (um) ano, em defesa de direitos líquidos 
e certos da totalidade, ou de parte, dos seus membros ou 
associados, na forma dos seus estatutos e desde que 
pertinentes às suas finalidades, dispensada, para tanto, 
autorização especial. 
 
 
 
III - DOS FATOS E DO DIREITO 
 
 Todos os proprietários de imóveis situados dentro do município de Belo 
Horizonte, entre eles os associados da Impetrante, como é de conhecimento público, 
foram notificados para efetivar o pagamento do Imposto Predial Territorial Urbano - 
IPTU, relativo ao ano de 2.000 (cópia de algumas notificações inclusas) e, 
naturalmente serão da mesma forma notificados para pagamento dos IPTUs 
relativos aos exercícios subsequentes. 
 
Juntamente com a cobrança do Imposto Predial Territorial Urbano – IPTU, é 
cobrado de cada um dos contribuintes um outro valor, denominado de "Taxa de 
Limpeza Pública" consubstanciados em valores encontrados mediante fórmula 
estampada no artigo 32 da Lei Municipal n. 5.641/89, combinado com o item III da 
Tabela I, conforme redação da Lei Municipal 7.237/96, em que se utiliza, como um 
dos parâmetros que constituem sua base de cálculo, a área, em metros quadrados, 
de cada um dos imóveis. 
 
Ademais, claro, o serviço que dá origem a Taxa de Limpeza Pública não é 
divisível, logo não se coaduna com o mandamento inserto no artigo 145, II, da 
 30
Constituição Federal, razão pela qual também se encontra contaminada por vício 
insanável. 
 
É importante observar que o IPTU, bem como a Taxa de Limpeza Pública, 
conforme artigos 32, 69 e 70 da Lei Municipal de número 5.641/89, com a redação 
da Lei Municipal 7.237/96, se utilizam como base de cálculo a área, em metros 
quadrados, de cada um dos imóveis, senão vejamos: 
 
 
Art. 32 - A Taxa de Limpeza Pública será calculada de 
conformidade com a Tabela I anexa a esta Lei e será 
lançada junto com o IPTU, ou na forma e prazos previstos 
em regulamento. 
 
Tabela I Para lançamento das Taxas Instituídas pelo 
Município de Belo Horizonte: 
 
III - Taxa de Limpeza Pública 
Por ano, por unidade: 
3.1.3 Tipo normal 
3.1.3.1. até 100 m2 74,08 UFIR 
3.1.3.2. acima de 100 m2 até 200 m2 111,30 Ufirs 
3.1.3.3. acima de 200 m2 167,01 UFIRs 
 
IPTU 
Art. 69 - A base de cálculo do imposto é o valor do imóvel. 
 
Parágrafo único - Na determinação da base de cálculo não 
será considerado o valor dos bens móveis mantidos em 
caráter permanente ou temporário, no imóvel, para efeito 
de sua utilização, exploração, aformoseamento ou 
comodidade. 
 
Art. 70 - O valor venal do imóvel será determinado em 
função dos seguintes elementos, tomados em conjunto ou 
separadamente: 
 
I - preços correntes das transações no mercado 
imobiliário; 
II - zoneamento urbano; 
III - características do logradouro e da região onde se 
encontra o imóvel; 
IV - características do terreno como: 
a) área; 
b) topografia, forma e acessibilidade; 
V - características da construção como: 
a) área; 
b) qualidade, tipo e ocupação; 
c) o ano da construção; 
VI - custos de reprodução. 
 
 31
 Assim, resta induvidoso que a composição da base de cálculo para incidência 
da "Taxa de Limpeza Pública" utiliza-se dos mesmos elementos que integra a 
base de cálculo do IPTU, além de tratar-se de serviço público indivisível. 
 
A Constituição Federal, a seu turno, estabelece no artigo 145: 
 
Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os 
Municípios poderão instituir os seguintes tributos: 
 
I - impostos; 
 
II - taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela 
utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos 
específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou 
postos a sua disposição; 
 
§ 2º. As taxas não poderão ter base de cálculo própria de 
impostos. 
 
 
O Código Tributário Nacional, em seu artigo 32, 33 e 77, estabelece, com 
absoluta clareza, a definição legal de do IPTU, sua base de cálculo e das taxas: 
 
 
Art. 32. O imposto, de competência dos Municípios, sobre 
a propriedade predial e territorial urbana tem como fato 
gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse de bem 
imóvel por natureza ou por acessão física, como definido 
na lei civil, localizado na zona urbana do Município. 
 
Art. 33. A base do cálculo do imposto é o valor venal do 
imóvel. 
 
Art. 77. As taxas cobradas pela União, pelos Estados, pelo 
Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas 
respectivas atribuições, têm como fato gerador o exercício 
regular do poder de polícia, ou a utilização, efetiva ou 
potencial, de serviço público específico e divisível, 
prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição. 
Parágrafo único. A taxa não pode ter base de cálculo ou 
fato gerador idênticos aos que correspondam a imposto, 
nem ser calculada em função do capital das empresas. 
 
 
A jurisprudência do STF, pacífica, também se assenta nas teses ora 
apresentadas e têm reconhecido a inconstitucionalidade de tributos com a mesma 
base de cálculo e sem obediência a divisibilidade dos serviços. 
 
 
 32
TAXA DE FISCALIZAÇÃO - MUNICIPIO DE BELO 
HORIZONTE - PODER DE POLÍCIA - BASE DE CÁLCULO - 
CF ART 245, II, PARÁGRAFO 2O.- Ilegitimidade da taxa de 
fiscalização dado que a base de cálculo - incidência ou 
sobre a área total do imóvel, ou recaindo sobre a área 
ocupada pelo estabelecimento - faz coincidir, nas duas 
hipóteses, o elemento fundamental, ou seja, o metro 
quadrado da superfície do imóvel. A base de cálculo da 
taxa, no caso, coincide basicamente com a base de cálculo 
do IPTU: Ilegitimidade constitucional: CF, art. 145, 
parágrafo 2o. - (STF RE 195.926-6 - 2a. Turma - Relator Min. 
Carlos Veloso, DJU 12.12.1997) 
 
 
TAXA DE FISCALIZAÇÃO, LOCALIZAÇÃO E 
FUNCIONAMENTO - BASE DE CÁLCULO VINCULADA A 
ÁREA OCUPADA PELO ESTABELECIMENTO -
IMPOSIBILIDADE.1. É firme a jurisprudência desta Corte 
no sentido do reconhecimento da impossibilidade de 
utilização de base de cálculo idêntica para a cobrança de 
tributos distintos. 2. Havendo identidade de base de 
cálculo da taxa com alguns dos elementos que compõem a 
do IPTU, resta vulnerado o artigo 145, parágrafo 2o. da 
Constituição Federal. Agravo Regimental não provido. (STF 
AGRRE 216.528 -MG - 2a. Turma - Rel. Ministro Maurício 
Corrêa, DJU 27.02.1998, pag. 9). 
 
 
TAXAS DE LIMPEZA PÚBLICA E DE CONSERVAÇÃO DE 
VIAS E LOGRADOUROS PÚBLICOS. - Classe / Origem RE-
199969 / SP RECURSO EXTRAORDINARIO 
Relator Ministro ILMAR GALVAO 
Publicação DJ DATA-06-02-98 PP-00038 EMENT VOL-
01897-11 PP-02304 
Julgamento 27/11/1997 - Tribunal Pleno 
EMENTA: TRIBUTÁRIO. LEI Nº 11.152, DE 30 DE 
DEZEMBRO DE 1991, QUE DEU NOVA REDAÇÃO AOS 
ARTS. 7O, INCS. I E II; 87, INCS. I E II, E 94, DA LEI Nº 
6.989/66, DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO. IMPOSTO 
SOBRE A PROPRIEDADE PREDIAL E TERRITORIAL 
URBANA. Inconstitucionalidade declarada dos dispositivos 
sob enfoque. O primeiro, por instituir alíquotas 
progressivas alusivas ao IPTU, em razão do valor do 
imóvel, com ofensa ao art. 182, § 4o, II, da Constituição 
Federal, que limita a faculdade contida no art. 156, § 1o, à 
observância do disposto em lei federal e à utilização do 
fator tempo para a graduação do tributo. 
Os demais, por haverem violado a norma do art. 145, § 2o, 
ao tomarem para base de cálculo das taxas de limpeza e 
conservação de ruas elemento que o STF tem por fator 
componente da base de cálculo do IPTU, qual seja, a área 
 33
do imóvel e a extensão deste no seu limite com o 
logradouro público. Taxas que, de qualquer modo, no 
entendimento deste Relator, tem por fato gerador 
prestação de serviço inespecífico, não mensurável, 
indivisível e insuscetível de ser referido a determinado 
contribuinte, não sendo de ser custeado senão por meio 
do produto da arrecadação dos impostos gerais. 
Recurso conhecido e provido. (Grifos Nossos) 
 
 
IV - DOS REQUISITOS DO PEDIDO DE LIMINAR 
 
Conforme consta, data venia, o fumus boni juris está fartamente 
demonstrado pela clara violação dos dispositivos do Código Tributário Nacional e 
Constituição Federal e pelo reconhecimento jurisprudencial da injuridicididade da 
cobrança de taxas nos moldes praticados pela Autoridade Coatora. 
 
Por outro lado, o periculum in mora se aflora quando o contribuinte, sendo 
compelido a pagar taxas indevidas, sob pena de multa, não goza da mesma 
facilidade de receber o indébito, sujeitando-se, inclusive ao procedimento ordinário 
e, depois de julgada a demanda, ainda a esperar longos anos pelo ressarcimento via 
precatórios. 
 
 
V - DOS PEDIDOS 
 
Assim, atendidos os pressupostos do artigo 7º, III da Lei 12.016/09, em face 
da evidência do direito líquido e certo, considerada as normas e a jurisprudência 
aplicáveis à espécie, bem como o iminente perigo da demora, roga a ASSOCIAÇÃO 
MUNICIPAL DE CONTRIBUINTES, no interesse dos direitos individuais dos seus 
associados, considerados os argumentos de fato e de direito retro expendidos, 
requer a V. Exa.: 
 
a) Seja concedida LIMINARMENTE a segurança impetrada para suspender os 
efeitos do artigo 32 da Lei Municipal número 5.641/89, após a exigência do art. 22, § 
2º da Lei 12.016/09, expedindo-se ordem à Autoridade Coatora para, deduzindo as 
parcelas já eventualmente pagas, emitir novas guias de recolhimento das parcelas 
mensais do IPTU, para todos os proprietários de imóveis que se identificarem como 
associados da entidade impetrante abstendo-se de incluir os valores 
correspondentes à atual e futuras "Taxas de Iluminação Pública", e, caso a 
Autoridade Coatora assim não proceda até o prazo máximo de 05 dias anteriores ao 
vencimento de cada parcela, facultar aos associados da entidade impetrante a 
efetivação dos depósitos judiciais respectivos, em conta DCM à disposição deste 
juízo, como procedimento liberatório da exigibilidade do tributo, com validade até o 
julgamento definitivo da demanda, sob pena do art. 26 da Lei 12.016/09; 
 
b) Seja notificada a Autoridade Coatora, na pessoa do seu representante legal, à 
Avenida Afonso Pena, n. 1.212, centro, nesta Capital, para que, no prazo legal, 
preste a este juízo as informações que entenda importantes ou necessárias à 
avaliação da segurança reclamada e, em se deferindo a liminar, também para 
conhecimento e cumprimento da decisão; 
 34
c) Seja dada ciência do feito ao órgão de representação judicial da pessoa jurídica 
interessada, enviando-lhe cópia da inicial para, querendo, ingresse no feito; 
 
d) Seja dada vista ao Ministério Público; 
 
e) Seja concedida a segurança definitiva, ratificando a liminar porventura deferida, 
para conceder a segurança impetrada, suspendendo-se os efeitos do artigo 32 da 
Lei Municipal número 5.641/89, culminando com a expedição de ordem dirigida à 
Autoridade Coatora para, deduzindo as parcelas já eventualmente pagas, emitir 
novas guias de recolhimento das parcelas mensais do IPTU para todos proprietários 
de imóveis que se identificarem como associados da entidade impetrante e/ou 
constem da relação de associados inclusa, abstendo-se de incluir os valores 
correspondentes à atual e futuras "Taxas de Iluminação Pública", e, caso a 
Autoridade Coatora assim não proceda até o prazo máximo de 05 dias anteriores ao 
vencimento de cada parcela, facultar aos associados da entidade impetrante a 
efetivação dos depósitos judiciais respectivos, em conta DCM à disposição deste 
juízo, como procedimento liberatório da exigibilidade do tributo; 
 
e) O deferimento da assistência judiciária, nos termos do art. 4º da Lei 1.060/50. 
 
 
Dá-se à causa o valor de R$ 1.000,00 (hum mil reais). 
 
 
Nestes termos, pede deferimento. 
 
Belo Horizonte, 25 de setembro de 2009. 
 
 
André Luiz Lopes 
 OAB/MG – 70.397 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 35
 
QUADRO COMPARATIVO DA NOVA LEI DO MANDADO DE SEGURANÇA. 
 
 
 
 
 
LEI 1.533 DE 21 DEZEMBRO DE 1951 LEI N. 12.016 DE 07 DE AGOSTO DE 2009 (PROJETO DE LEI DA CAMARA N. 125, DE 2006) ALTERAÇÕES 
 
ART. 1º ART. 1º ART. 1º 
Conceder-se-á mandado de segurança para
proteger direito líquido e certo, não
amparado por habeas-corpus, sempre que,
ilegalmente ou com abuso do poder, alguém
sofrer violação ou houver justo receio de
sofre-la por parte de autoridade, seja de que
categoria for e sejam quais forem as funções
que exerça. 
Conceder-se-á mandado de segurança para proteger 
direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus 
ou habeas data, sempre que, ilegalmente ou com abuso
de poder, qualquer pessoa física ou jurídica sofre
 
r grifados 
violação, ou houver justo receio de sofrê-la, por parte de
autoridade, seja de que categoria for e sejam quais 
forem as funções que exerça. 
 em roxo 
acrescentou os termos 
 
§ 1º - Consideram-se autoridades, para os
efeitos desta lei, os representantes ou
administradores das entidades autárquicas e
das pessoas naturais ou jurídicas com
funções delegadas do Poder Público,
somente no que entender com essas
funções. (Redação dada pela Lei nº 9.259,
de 1996) 
§ 1o Equiparam-se às autoridades, para os efeitos 
desta Lei, os representantes ou órgãos de partidos 
políticos e os administradores de entidades autárquicas,
bem como os dirigentes de pessoas jurídicas ou as
pessoas naturais no exercício de atribuições do Pode
 
 
r grifados em roxo 
Público, somente no que disser respeito a essas 
atribuições. 
acrescentou os termos 
 
 
§ 2o Não cabe mandado de segurança contra os atos 
de gestão comercial praticados pelos administradores de 
empresas públicas, de sociedade de economia mista e 
de concessionárias de serviço público. 
parágrafo acrescentado ao 
texto

Continue navegando