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Material de apoio da disciplina de Toìpicos Constitucionais

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1. DOS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS 
 O prof. Vicente Ráo, já na década de 50, afirmava que a ignorância dos princípios 
"quando não induz a erro, leva à criação de rábulas em lugar de juristas". Não basta, porém, 
ao operador do direito conhecer os princípios; fundamental, outrossim, é saber para que eles 
servem, ou seja, compreender qual a função dos princípios para que se lhe apliquem 
corretamente. 
 Sabe-se que os princípios, ao lado das regras, são normas jurídicas. Os princípios, 
porém, exercem dentro do sistema normativo um papel diferente dos das regras. Estas, por 
descreverem fatos hipotéticos, possuem a nítida função de regular, as relações jurídicas que se 
enquadrem nas molduras típicas por elas descritas. Não é assim com os princípios, que são 
normas generalíssimas dentro do sistema. 
2.FUNÇÃO FUNDAMENTADORA 
 O princípio, enquanto "mandamento nuclear de um sistema" (CELSO ANTÔNIO 
BANDEIRA DE MELLO), exerce a importante função de fundamentar a ordem jurídica em que 
se insere, fazendo com que todas as relações jurídicas que adentram ao sistema busquem na 
principiologia constitucional "o berço das estruturas e instituições jurídicas". Os princípios são, 
por conseguinte, enquanto valores, "a pedra de toque ou o critério com que se aferem os 
conteúdos constitucionais em sua dimensão normativa mais elevada". 
 Com efeito, "os princípios, até por definição, constituem a raiz de onde deriva a validez 
intrínseca do conteúdo das normas jurídicas. Quando o legislador se apresta a normatizar a 
realidade social, o faz, sempre, a partir de algum princípio. Portanto, os princípios são as idéias 
básicas que servem de fundamento ao direito. Daí a importância de seu conhecimento para a 
interpretação do direito". 
 Vê-se, dessa forma, que os princípios embasam as decisões políticas fundamentais 
tomadas pelo constituinte e expressam os valores superiores que inspiram a criação ou 
reorganização de um dado Estado, ficando os alicerces e traçando as linhas mestras das 
instituições, dando-lhes o impulso vital inicia, de sorte que, ruindo o princípio, há a destruição 
de todo o "prédio normativo" que por ele está embasado. 
 Ora, sendo a Constituição um sistema de regras e princípios que resulta do ‘consenso 
social sobre os valores básicos’, e considerando mais, que os princípios fundamentam as 
regras, parece bastante fácil compreender que os princípios estão no ponto mais alto da 
pirâmide normativa, são "norma normarum" ou "norma das normas", "fonte das fontes". 
 Nas palavras de BONAVIDES, "são qualitativamente a viga mestra do sistema, o esteio 
da legitimidade constitucional, o penhor da constitucionalidade das regras de uma 
constituição". 
 O Supremo Tribunal Federal, aos poucos, vem captando essa dimensão funcional dos 
princípios, conforme se observa no voto do Min. Celso de Mello, proferido na PET-1458/CE (DJ 
04-03-98, Julgamento 26/02/1998): 
 "o respeito incondicional aos princípios constitucionais evidencia-se como dever 
inderrogável do Poder Público. A ofensa do Estado a esses valores - que desempenham, 
enquanto categorias fundamentais que são, um papel subordinante na própria configuração 
dos direitos individuais ou coletivos - introduz um perigoso fator de desequilíbrio sistêmico e 
rompe, por completo, a harmonia que deve presidir as relações, sempre tão estruturalmente 
desiguais, entre os indivíduos e o Poder". 
 Dessa forma, "as normas que se contraponham aos núcleos de erradiação normativa 
assentados nos princípios constitucionais, perderão sua validade e/ou sua vigência, em face de 
contraste normativo com normas de estalão constitucional". 
 Na Constituição Cidadã, os quatro primeiros artigos tratam dos "princípios 
fundamentais", sendo estes, ao lado do preâmbulo, o embasamento de toda a ordem jurídica 
brasileira. Destaca-se o art. 3o, que é a diretriz política adotada pelo Estado brasileiro: 
 
 "Art. 3º - Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: 
 I - construir uma sociedade livre, justa e solidária; 
 II - garantir o desenvolvimento nacional; 
 III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades 
sociais e regionais; 
 IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, 
idade e quaisquer outras formas de discriminação". 
 Interessa observar que, nesse ponto, os princípios constitucionais possuem uma 
dimensão funcional de programa de ação (função dirigente e impositiva), impondo, 
prospectivamente, tarefas e programas aos poderes públicos, que devem, de qualquer forma, 
buscar a sua concretização, justamente por essas tarefas serem imposições normativo-
constitucionais, ou seja, serem o núcleo fundamental da Constituição Dirigente. 
 É importante salientar que os princípios, enquanto fundamentos vinculantes de 
conduta, pautam não somente a ação do legislador constituído, mas de também do 
administrador, do juiz e de todos as pessoas (físicas e jurídicas, públicas e privadas) que 
compõe a sociedade política. 
"Pouca importância dão, em geral, os nossos publicistas às ‘questões de princípios’. Mas os 
princípios são tudo. Os interesses materiais da nação movem-se de redor deles, ou, por 
melhor dizermos, dentro deles." Rui Barbosa 
Aula número 5 
Princípio da Isonomia ou Igualdade 
 
Está plasmado na Constituição da República Federativa do Brasil (CRFB), em seu artigo 
5º, o qual enuncia que todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza. 
Segundo José Afonso da Silva, tal princípio é um balizamento destinado tanto ao legislador 
quanto àqueles que aplicarão o Direito, nesse sentido: 
 
“(...) significa para o legislador que, ao elaborar a lei, deve reger, com iguais 
disposições situações idênticas, e, reciprocamente, distinguir, na repartição de 
encargos e benefícios, as situações que sejam entre si distintas, de sorte a 
quinhoá-las ou gravá-las em proporção às suas diversidades; isso é que 
permite, à legislação, tutelar pessoas que se achem em posição econômica 
inferior, buscando realizar o princípio da igualização (...)” 
 
Veja-se, portanto que o princípio da igualdade tem sede explícita no texto 
constitucional, sendo também mencionada inclusive no Preâmbulo da Constituição. Estamos 
diante de um princípio, direito e garantia, para o qual todas as demais normas devem 
obediência. 
Destarte, pode-se falar em igualdade formal e material. Se entendermos que o 
princípio da igualdade limita-se à prestação igualitária dos serviços públicos, estaremos 
falando de igualdade formal. Entretanto, defendem outros, a igualdade não se resume a tratar 
todos da mesma forma, uma vez que nem todos estão na mesma condição. Assim, o 
verdadeiro princípio da igualdade ou isonomia é aquele que consegue estabelecer 
materialmente, mediante mecanismos estatais, a “paridade de armas”, isto é, preocupa-se em 
tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais. Vale ressaltar que no Brasil, em 
virtude de uma desastrada distribuição de renda, tratar os desiguais da mesma forma, ou seja, 
aplicar a igualdade formal, seria perpetuar a injustiça e a disparidade. 
Pode-se citar como exemplo, algumas questões controvertidas, segundo a ótica da 
isonomia, tais como o art. 100, inc. I, do Código de Processo Civil. Determina, o referido artigo, 
que “é competente o foro “da residência da mulher, para ação de separação dos cônjuges e a 
conversão desta em divórcio,e para anulação de casamento”. 
Atualmente, pode-se, em face à isonomia, ser questionada a constitucionalidade de tal 
disposição. Deve-se, ainda, levar em consideração, para a hipótese que está tratando-se, o art. 
226,inc. 5º, da Constituição Federal de 1988, que estabelece a igualdade entre o homem e a 
mulher na sociedade conjugal (conviventes), de forma que não mais justifica-se a proteção 
processual mencionada. 
Vale aqui trazer a colação, a frase de João Mangabeira, segundo o qual "a igualdade 
perante a lei não basta para resolver as contradições criadas pela produção capitalista. O 
essencial é igual oportunidade para a consecução dos objetivos da pessoa humana. E para 
igual oportunidade é preciso igual condição. Igual oportunidade e igual condição entre 
homens desiguais pela capacidade pessoal de ação e direção. Porque a igualdade social não 
importa nem pressupõe um nivelamento entre homens naturalmente desiguais. O que 
estabelece é a supressão das desigualdades artificiais criadas pelos privilégios da riqueza, 
numa sociedade em que o trabalho é social, e conseqüentemente social a produção, mas o 
lucro é individual e pertence exclusivamente a alguns". 
 Então, uma forma correta de se aplicar a igualdade seria tomar por ponto de partida a 
desigualdade. Depois, diante da desigualdade entre os destinatários da norma impor-se-ía 
promover uma certa igualização. 
 O ilustre Kelsen já lecionava de que "a igualdade dos indivíduos sujeitos a ordem 
pública, garantida pela Constituição, não significa que aqueles devem ser tratados por forma 
igual nas normas legisladas com fundamento na Constituição, especialmente nas leis. Não 
pode ser uma tal igualdade aquela que se tem em vista, pois seria absurdo impor os mesmos 
deveres e conferir os mesmos direitos a todos os indivíduos sem fazer quaisquer distinções, 
por exemplo, entre crianças e adultos, sãos de espírito e doentes mentais, homens e 
mulheres". 
Mauro Cappelletti, citado por José Afonso da Silva, já dizia que "está bem claro hoje 
que tratar ‘como igual’ a sujeitos que economicamente e socialmente estão em desvantagem, 
não é outra coisa senão uma ulterior forma de desigualdade e de injustiça". José Afonso da 
Silva, não esquece de que os pobres têm um acesso precário à justiça, visto não terem 
recursos para contratarem bons advogados. (Obra citada. p. 200). 
 
Princípio do Estado de Inocência (presunção de inocência) 
Alguns doutrinadores defendem que a denominação de “presunção de inocência” para 
o princípio ora analisado seria incorreta, uma vez que não se pressupõe a inocência do 
acusado, mas apenas lhe é dado o benefício da dúvida, não podendo ser considerado ou 
tratado como culpado até o trânsito em julgado da sentença penal condenatória. Assim, 
preceitua o art. 5º, LVII, da CRFB, donde se aduz que enquanto não existir uma sentença 
definitiva que condene o réu, este deve gozar dos benefícios de uma pessoa inocente. 
Com base neste princípio é que, por vezes, se pode encontrar justificativa para as 
disposições legais que permitem ao réu responder o processo ou recorrer em liberdade. Até 
mesmo o réu confesso está sob a égide deste princípio, uma vez que pode ter sido coagido à 
confissão ou tê-lo feito para acobertar o real agente infrator. 
A Constituição Federal estabelece que ninguém será considerado culpado até o 
trânsito em julgado de sentença penal condenatória, consagrando a presunção de inocência, 
um dos princípios basilares do Estado de Direito como garantia processual penal, visando a 
tutela da liberdade pessoal. 
Dessa forma, há a necessidade de o Estado comprovar a culpabilidade do indivíduo, 
que é constitucionalmente presumido inocente, sob pena de voltarmos ao total arbítrio 
estatal. 
A consagração do princípio de inocência, porém, não afasta a constitucionalidade das 
espécies de prisões provisórias, que continua sendo, pacificamente, reconhecida pela 
jurisprudência, por considerar a legitimidade jurídico-constitucional da prisão. Desta forma, 
permanecem válidas as prisões: 1- temporárias; 2- em flagrante, preventivas; e 3- por 
sentenças condenatórias sem trânsitos em julgado. 
Em relação a essa última hipótese, o Plenário do Supremo Tribunal Federal, por seis 
votos contra cinco, entendeu que a regra do art. 594 do CPP (o réu não poderá apelar sem 
recolher-se à prisão) continua em vigor, “não tendo sido revogada pela presunção de inocência 
do art. 5, LVII, da CF”. 
O mesmo entendimento é partilhado pelo Superior Tribunal de Justiça, que sumulou a 
questão: “A exigência da prisão provisória, para apelar, não ofende a garantia constitucional 
da presunção de inocência”. (Súmula 9). 
Diversamente, porém, o lançamento do nome do acusado no rol dos culpados viola, 
segundo o jurista consagrado Alexandre de Moraes, em sua obra Direito Constitucional, pág. 
133, o princípio constitucional que, proclamado pelo art. 5º, inciso LVII, da Carta Política, 
consagra, em nosso sistema jurídico, a presunção de não-culpabilidade daqueles que figurem 
como réus nos processos penais condenatórios. 
CONSIDERAÇÕES FINAIS: 
 A título de considerações finais podemos afirmar que a isonomia ou igualdade não é 
apenas um princípio de Estado de Direito, mas também um princípio de Estado Social; é o mais 
vasto dos princípios constitucionais, sendo impositivo em todos os recantos, constituindo-se 
num princípio jurídico informador de toda a ordem constitucional. Está inserido na 
Constituição não com função meramente estética, ou servindo como adorno dela, mas 
constitui-se princípio que tem plena eficácia e deve ser respeitado, pois caso contrário, 
estaremos diante de uma inconstitucionalidade e ao Poder Judiciário cabe o dever de sufragar 
inconstitucionalidades para que não venhamos a chegar ao nível da banalização dos princípios 
constitucionais. Sendo que a prática preconceituosa de raça, de classe, de gênero ofendem 
não só a Constituição (princípio), mas também ofendem a substantividade do ser humano e 
nega radicalmente a democracia. 
 A interpretação desse princípio deve levar em consideração a existência de 
desigualdades de um lado, e de outro, as injustiças causadas por tal situação, para, assim, 
promover-se uma igualização. É dispositivo constitucional que por um lado representa 
promessa legislativa de busca da igualdade material e, por outro, mostra a necessidade da 
conscientização de que promover a igualdade é, também, levar-se em consideração as 
particularidades que desigualam os indivíduos. Acredita-se, que a efetiva igualdade entre os 
cidadãos não advirá de medidas paliativas, mas sim de mudanças sociais profundas que, ainda 
que necessitem de um longo prazo para a sua implementação, sejam revestidas de solidez 
inabalável e representem o ideal do estado democrático de direito, que provê aos cidadãos as 
mesmas oportunidades. 
Cabe ressaltar, que "as regras e princípios são duas espécies de normas e que a 
distinção entre regras e princípios é uma distinção entre duas espécies de normas". Assim, 
tem-se no ordenamento jurídico normas-princípio e normas-regra. Ainda, segundo a referida 
distinção, pode-se dizer que as regras obrigam, proíbem ou permitem alguma coisa, enquanto 
que os princípios "são normas que exigem a realização de algo, da melhor forma possível, de 
acordo com as possibilidades fáticas e jurídicas". 
Aula número 6 e 7 
Princípio do Contraditório 
 
O Princípio do Contraditório visa dar tratamento igualitário às partes, que atuam de forma 
assimétrica na defesa dos seus direitos, dentro da relação jurídica processual. Este princípio, 
basicamente, manifesta-se pela obrigatoriedade do juiz ouvir autor e réu em igualdade de condições 
(audiência bilateral), pelo reconhecimento às partes de se contradizerem nos prazos e nas formas 
estabelecidos pela lei (contestação ou defesa); e pelo conhecimento que as partes devem ter de 
todos os atos praticados no processo (informação), o que se dá pela citação, intimação ou 
notificação.A própria posição específica de cada um já lhes confere vantagens e desvantagens e ônus 
processuais. O autor pode escolher o momento da propositura da ação. Cabe-lhe, pois, o 
privilégio da iniciativa, e é óbvio que esse privilégio não pode ser estendido ao réu, que há de 
acatá-lo e a ele submeter-se. Daí a necessidade de a defesa poder propiciar meios 
compensatórios da perda da iniciativa. A ampla defesa visa pois a restaurar um princípio da 
igualdade entre as partes que são essencialmente diferentes. 
 A ampla defesa só estará plenamente assegurada quando uma verdade tiver iguais 
possibilidades de convencimento do magistrado, quer seja ela alegada pelo autor, quer pelo 
réu. Às alegações, argumentos e provas trazidos pelo autor é necessário que corresponda uma 
igual possibilidade de geração de tais elementos por parte do réu. O contraditório, por sua vez, 
se insere dentro da ampola defesa. A ampla defesa não é aquela que é satisfatória segundo os 
critérios do réu, mas sim aquela que satisfaz a exigência do juízo. 
 Conforme já anteriormente analisado, o princípio é, segundo a melhor doutrina 
constitucionalista, o mandamento nuclear de um sistema. É o princípio que orientará o 
exegeta na aplicação e interpretação das normas legais. Estas, por sua vez, são regras que 
tutelam situações subjetivas dos indivíduos. 
 O princípio do contraditório pode ser analisado sob o prisma da igualdade das partes, 
conferindo-lhe direitos e deveres similares. Podemos dizer que o mencionado mandamento 
constitucional consiste na necessidade ouvir-se a pessoa perante a qual a decisão será 
proferida, garantido-lhe, portanto, o direito de se manifestar, ou seja, de se opor. O princípio 
do contraditório, em outras palavras, é um direito de defesa. 
 O princípio do contraditório esta expressamente previsto na Constituição Federal no 
art. 5º, LV, onde se lê: “Aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados 
em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela 
inerentes.” 
 É importante frisar, que o contraditório não é só o direito de se manifestar no 
processo, mas também a faculdade de produzir provas a seu favor. Portanto, a decisão judicial 
proferida sem a possibilidade de uma das partes realizar a contraprova ofende o princípio do 
contraditório. 
 Ademais, a doutrina costuma elencar três conseqüências do princípio do contraditório, 
dentro da relação jurídica processual: 
 a) A sentença somente obriga as partes do processo; 
 b) As partes devem ser ouvidas antes de se proferir uma decisão no processo; 
Da plena satisfação deste princípio decorrem as seguintes assertivas: 
1. a sentença só afeta quem participar do processo, podendo recair sobre os 
sucessores da parte que a suportará; 
2. a relação jurídica processual se angulariza, isto é, permite o debate de teses entre as 
partes sob administração jurisprudencial do juiz, que se encontra acima destas; 
3. as decisões são dadas após ouvida a parte contrária. Por fim, a inobservância deste 
princípio gera a nulidade do processo. 
 
Portanto, o Contraditório é a igualdade de direitos e poderes dado as partes litigantes no 
processo, onde permite a igualdade de oportunidade as partes, com os meios e recursos à elas 
inerentes. 
Contradizer pode ser definido como o ato de contestar algo que foi dito anteriormente. E é 
neste sentido que o Princípio supracitado se impõe no ordenamento jurídico brasileiro e, por 
conseqüência, no direito processual. Entende-se que o Estado-Juiz, por ser uma terceira pessoa na 
relação processual, para bem julgar, deve previamente ouvir as partes litigantes (autor e réu). Assim, 
às partes, é garantida a oportunidade de contestar todas as imputações a ela direcionadas ou que de 
alguma forma a envolvam em algum fato ou ato. Previsto constitucionalmente no art. 5º, LV, é 
complementado pelo princípio da ampla defesa, como se demonstra a seguir. 
 
 
Princípio da Ampla Defesa 
 
Também denominada de plenitude de defesa, está prevista juntamente com o contraditório 
no art. 5º, LV da CRFB. A ampla defesa preconiza que é garantido aos litigantes a produção de todas 
as provas necessárias à comprovação de suas alegações desde que nas formas admitidas em direito, 
isto é, desde que lícitas. Tais provas podem ser, por exemplo, de caráter testemunhal (depoimento 
de testemunhas, vitima, etc), documental (cheques, contratos, cartas, documentos em geral), 
pericial (exame de corpo delito, DNA, exame toxicológico, etc). 
 
Este princípio complementa o do contraditório na medida em que se entende que não basta 
dar a oportunidade ao litigante de contestar as acusações a ele dirigidas, mas também permitir que 
descortine todos os fatos que possam provar suas alegações. 
 
De acordo com o jurista Celso Ribeiro Bastos, Curso de Direito Constitucional, pág.234 à 236, 
o artigo 5º, LV, da Constituição: “estabelece que os litigantes, seja em processo judicial ou 
administrativo, e aos acusados em geral, são assegurados o contraditório e a ampla defesa, com os 
meios e recursos a ela inerentes”. Diz o autor, “por ampla defesa deve-se entender o asseguramento 
que é feito ao réu de condições que lhe possibilitem trazer para o processo todos os elementos 
tendentes a esclarecer a verdade”. É por isso que ela assume múltiplas direções, ora se traduzindo 
na inquirição de testemunhas, ora na designação de um defensor dativo, não importando, assim, as 
diversas modalidades, em um primeiro momento. 
 
Por ora basta salientar o direito em pauta como um instrumento assegurador de que o 
processo não se converterá em uma luta desigual, em que o autor cabe a escolha do momento e das 
armas para trava-la e ao réu só cabe timidamente esboçar negativas. Não, forçoso se faz que ao 
acusado se possibilite a colocação da questão posta em debate sob um prisma conveniente “a 
evidenciação da sua versão. 
 
É por isto que a defesa ganha um caráter necessariamente contraditório. É pela afirmação e 
negação sucessivas que a verdade irá surgindo nos autos. Ligado historicamente ao direito penal, o 
direito à ampla defesa e ao contraditório, atualmente, por força do novo Texto, trata-se de uma 
garantia aos acusados em geral. 
 
O conteúdo das garantias da defesa consiste em o réu ter iguais possibilidades às conferidas 
ao autor para repelir o que é contar ele associado. Essa igualização não pode ser absoluta porque 
autor e réu são coisas diferentes. Uma mesma faculdade conferida a um e a outro poderia redundar 
em extrema injustiça. 
 
Aula número 8 e 9 
Princípio do Devido Processo Legal 
 
Originário do due process of law do direito anglo-saxão (Inglaterra e Estados Unidos), 
foi prontamente absorvido pelo direito pátrio e figura no inciso LIV do art. 5º da CRFB. 
Estabelece que ninguém poderá ser privado de sua liberdade ou de seus bens sem o devido 
processo legal. Logo, em primeiro lugar, para que alguém venha a sofrer uma sanção estatal, 
deve, necessariamente, ser invocada a tutela jurisdicional do Estado. Tal tutela dar-se-á 
mediante a forma prescrita em lei, a saber, o processo, o qual limita seu poder coercitivo, 
visando coibir possíveis arbitrariedades. 
Dentre os princípios processuais explicitados na Lei Maior, temos como básico o princípio DA 
LEGALIDADE ou do DEVIDO PROCESSO LEGAL. Surgido na Inglaterra e desenvolvido no Direito norte-
americano, está esse princípio inserido no inciso LIV do art. 5º da CF/88: 
Ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido 
processo legal. 
 
Do princípio do DEVIDO PROCESSO LEGAL derivam-se outros, como o DA OBRIGATORIEDADE 
DA JURISDIÇÃO ESTATAL (inciso XXXV do art. 5º) e ainda os princípios DO DIREITO DE AÇÃO, DO 
DIREITO DE DEFESA, DA IGUALDADE DAS PARTES e DO CONTRADITÓRIO. 
 
Esses quatroprincípios, modernamente são estudados sob duplo ângulo, porque já 
não basta a abertura para que as partes participem do processo. Espera-se que tenha o juiz 
ativa participação, desde a preparação do processo até o julgamento, exigindo-se dele a 
prática de atos de direção, de diálogo e de prova. 
 
O princípio DO DIREITO DE AÇÃO leva ao princípio do ACESSO À JUSTIÇA a primeira onda de 
preocupação do Direito Processual moderno, para usar as palavras de Mauro Capelletti, o que não 
se esgota em si mesma. Tem como escopo reflexo a preocupação com uma jurisdição efetiva e a 
segurança jurídica. Em outras palavras, não basta chegar ao Estado-juiz. É preciso obter uma 
prestação não tardia e de qualidade tal que se tenha segurança jurídica. 
 
O princípio DA PUBLICIDADE – uma inovação da Carta atual – está expresso no art. 93, IX, da 
CF/88. 
A proibição de sessões judiciais secretas não mais pode ser admitida pela legislação 
infraconstitucional, o que se traduz no direito das partes de terem ciência e vista aos atos 
processuais e, em outro ângulo, a terem de forma expressa as razões da decisão: é a 
fundamentação, exigência constitucional. 
Esses, são os princípios constitucionais que dão suporte à Teoria-Geral do Processo e que, 
na era da pós-modernidade, vão perdendo o fetiche de moldura estática para tornarem-se 
instrumentos de política na administração da Justiça, servindo-se deles o Estado, para assim exercer 
a jurisdição como prerrogativa do Estado de Direito, proibido o arbítrio. 
 
Não se pode admitir que um Estado que se intitula “Democrático e de Direito” se 
admita formas arbitrárias de resolução de conflitos de interesses e pretensões. Não obstante, 
não basta que haja processo e que este esteja previsto na lei, ainda cumpre zelar para que seja 
o “devido”, pois por muitas vezes a lei pode ser arbitrária e, por conseqüência, ilegítima. E qual 
seria o devido processo? Devido processo é aquele que é idôneo, reto, imparcial, que é 
utilizado para a consecução da justiça, amparando e oportunizando às partes o direito de 
serem ouvidas e produzirem os atos processuais pertinentes. Para tanto, o processo deve 
cercar-se de algumas cautelas e garantias aos litigantes como, por exemplo, o contraditório, a 
ampla defesa, o direito de ação, o acesso à justiça, dentre outras. 
 
 De acordo com CRETELA NETO, José. Fundamentos Principiológicos do Processo Civil, 2002, 
p. 14, o Princípio do Devido Processo Legal é “o princípio que dá garantia ao individuo (partes) de 
que o processo, instrumento pelo qual a jurisdição atua, será justo. Este princípio está intimamente 
relacionado à observância de outros princípios tais como: da imparcialidade do juiz, do 
contraditório, da ampla defesa, dentre outros”. 
Quando o texto constitucional prescreve no art. 5º, inc. LV, a obrigatoriedade do devido 
processo legal - e é o primeiro texto constitucional que a contém expressamente - não é por acaso. É 
um texto constitucional absolutamente moderno, é o texto constitucional da cidadania. Deveras, 
depois da declaração de direitos individuais e coletivos, traz em seu bojo o “devido processo legal”. 
Os outros textos referiam-se à ampla defesa, mas ampla defesa no Processo Penal. Claro que o 
Judiciário já havia feito a aplicação para o Processo Civil, mas é a primeira vez que a cláusula do 
devido processo legal aparece em texto constitucional brasileiro, com a acepção expressa para os 
processos em geral, inclusive o administrativo.

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