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24/05/2017 1 TOXICOLOGIA Agentes Tóxicos: Agrotóxicos DEFINIÇÃO • Lei Federal Nº 7.802 (11/07/89) • Decreto Nº 98.816, Artigo 1º, Inciso IV Art. 1º [...] IV - ... são agentes físicos, químicos ou biológicos........ ..... altera a composição da flora ou da fauna, a fim de preservá-las da ação danosa de seres vivos considerados nocivos. DEFINIÇÃO • Esses compostos, são ainda denominados: –Praguicidas –Pesticidas, –Agroquímicos ou biocidas DEFINIÇÃO Destinados ao uso nos setores de: – produção, – armazenamento e – beneficiamento de produtos agrícolas, – nas pastagens, – na proteção de florestas, nativas ou plantadas, e de outros ecossistemas e – na proteção de ambientes urbanos, hídricos e industriais 24/05/2017 2 DEFINIÇÃO Inclui também as substâncias e produtos empregados como - desfolhantes, - dessecantes, - estimuladores e inibidores de crescimento Exclui os fertilizantes e os produtos químicos administrados aos animais para estimular o crescimento ou modificar o comportamento reprodutivo AGROTÓXICOS Os agrotóxicos podem ser divididos em duas categorias: 1. Agrícolas: - destinados ao uso nos setores de produção, no armazenamento e beneficiamento de produtos agrícolas, nas pastagens e nas florestas plantadas - registros concedidos pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento 2. Não-agrícolas: - destinados ao uso na proteção de florestas nativas, outros ecossistemas ou de ambientes hídricos - registros são concedidos pelo Ministério do Meio Ambiente/Ibama - destinados ao uso em ambientes urbanos e industriais, domiciliares, públicos ou coletivos, ao tratamento de água e ao uso em campanhas de saúde pública - registros são concedidos pelo Ministério da Saúde/Anvisa AGROTÓXICOS No Mundo +/- 15.000 formulações para 400 agrotóxicos diferentes No Brasil: Maior consumidor mundial (1º lugar ) + 300 princípios ativos 572 produtos técnicos 1.079 agrotóxicos formulados no mercado brasileiro para o uso na agricultura, domissanitários e na saúde pública. CLASSIFICAÇÃO I. De acordo com as pragas que combatem: 1. INSETICIDAS OU PRAGUICIDAS: - combatem insetos - são divididos em quatro grupos distintos conforme a característica química do agente tóxico - organofosforados, carbamatos, organoclorados piretróides 24/05/2017 3 CLASSIFICAÇÃO De acordo com as pragas que combatem: 2. FUNGICIDAS: - combatem fungos - há diversos fungicidas disponíveis no mercado, os principais grupos são: etileno-bis-ditiocarbonatos, trifenil estânico, hexaclorobenzeno, compostos mercuriais O-etil-S, S-difenilditiofosfato CLASSIFICAÇÃO De acordo com as pragas que combatem: 3. HERBICIDAS: - combatem ervas daninhas - Seus principais representantes são: paraguat glifosato derivados do ácido fenoxiacético dinitrofenóis Pentacloofenol CLASSIFICAÇÃO De acordo com as pragas que combatem: 4. OUTROS GRUPOS IMPORTANTES: • Rodenticidas (dicumarínicos): utilizados no combate a roedores. • Acaricidas: ação de combate a ácaros diversos. • Nematicidas: ação de combate a nematóides. • Moluscicidas: ação de combate a moluscos, basicamente contra o caramujo da esquistossomose. • Fundigantes: ação de combate a insetos, bactérias- fosfetos metálicos (fosfina) e brometo de metila. • Escorpionicidas: utilizado no combate aos escorpiões. • Vampiricidas: ação de combate aos morcegos. CLASSIFICAÇÃO I. De acordo com a TOXICIDADE: Permite determinar a toxicidade de um produto do ponto de vista dos seus efeitos agudos Tabela 1 – Classificação toxicológica dos agrotóxicos segundo a DL50 GRUPOS CLASSE DL50 (MG/Kg) DOSES CAPAZES DE MATAR UMA PESSOA ADULTA Extremamente tóxicos I = 5 1 pitada – algumas gotas Altamente tóxicos II 5-50 1 colher de chá – algumas gotas Medianamente tóxicos III 50 –500 1 colher de chá – 2 colheres de sopa Pouco tóxicos IV 500-5000 2 colheres de sopa – 1 copo Muito pouco tóxicos V 5000 ou + 1 copo – 1 litro Vale salientar que a classificação toxicológica reflete essencialmente a toxicidade aguda e não indica os riscos de doenças de evolução prolongada como, por exemplo, câncer, neuropatias, hepatopatias e problemas respiratórios crônicos 24/05/2017 4 CLASSIFICAÇÃO I. De acordo com a TOXICIDADE: Segundo ANVISA, (2011), todos os produtos agrotóxicos devem apresentar nos rótulos uma faixa colorida indicando sua classe toxicológica AGROTÓXICOS TIPOS DE INTOXICAÇÃO: 1. Aguda onde os sintomas surgem rapidamente, algumas horas após a exposição excessiva, por curto período, a produtos altamente tóxicos. dependendo da quantidade do veneno absorvido podem ocorrer: forma branda, moderada ou grave Os sinais e sintomas são nítidos e objetivos. AGROTÓXICOS TIPOS DE INTOXICAÇÃO: 2. Subaguda ocasionada por exposição moderada ou pequena a produtos altamente tóxicos ou medianamente tóxicos. Tem aparecimento mais lento os principais sintomas são subjetivos e vagos, tais como: dor de cabeça, fraqueza, mal-estar, dor de estômago e sonolência. AGROTÓXICOS TIPOS DE INTOXICAÇÃO: 3. Crônica caracteriza-se por ser de surgimento tardio, após meses ou anos de exposição pequena ou moderada a produtos tóxicos ou a múltiplos produtos acarretando danos irreversíveis como paralisias e neoplasias, hepatoxicidade, nefrotoxicidade, infertilidade, abortos 24/05/2017 5 AGROTÓXICOS Vias de Contaminação: - Oral - Dérmica - Respiratória AGROTÓXICOS Tipos de exposição - Direta - Indireta - Agricultores - Operários da indústria de produção - Operários das empresas de dedetização População - Acidentes - Contaminação Ambiental INSETICIDAS CLASSES 1. Organofosforados e carbamatos 2. Piretrinas e piretroides 3. Nicotideos 4. Organoclorados 5. Avermectinas AGROTÓXICOS - INSETICIDAS 1. ORGANOFOSFORADOS E CARBAMATOS - amplamente utilizados na agricultura inseticidas, na guerra química e como agentes terapêuticos. 24/05/2017 6 AGROTÓXICOS - INCETICIDAS 1.1 ORGANOFOSFORADOS Características fisico-químicas: composto orgânico contendo ligações carbono–fósforo. são ésteres amido ou tiol derivados dos ácidos fosfórico podem ser altamente tóxicos e estão quimicamente relacionados com os gases nervosos. pode ser formulado como pó, grânulos, líquidos ou aerossóis são lipofílicos; com alto coeficiente de partição óleo/agua. AGROTÓXICOS - INCETICIDAS 1.2 CARBAMATOS Características físico-químicas - Compostos orgânicos – derivados do ácido N metil carbânico e dos ácidos tiocarbamatos e ditiocarbamatos. - baixa solubilidade em agua, são moderadamente solúveis em benzeno e tolueno, e altamente solúveis em metanol e acetona. AGROTÓXICOS - INSETICIDAS ORGANOFOSFORADOS E CARBAMATOS FARMACOCINÉTICA Vias de exposição: respiratória, cutânea e absorção oral (ocorrendo por ingestão voluntária (suicídio) ou por alimentos contaminados. AGROTÓXICOS - INSETICIDAS 1. Inseticidas ORGANOFOSFORADOS FARMACOCINÉTICA Absorção: dérmica, tratogastrointetinal; e sistema respiratório (muitas vezes favorecida pelos solventes presentes na formulação) - 90 % da absorção se dá pela pele - restante por via oral e respiratória (nariz, garganta, faringe). 24/05/2017 7 ORGANOFOSFORADOS E CARBAMATOS • FARMACOCINÉTICA - Distribuição e Biotransformação • Organofosforado: extensa distribuição sistêmica e acumulam-se no tecido adiposo. Lento metabolismo hepático. • Carbamato: ação curta e metabolização hepática e pelo soro (12-24h). - Mecanismo de ação: inibiçãoda acetilcolinesterease - Eliminação: a principal via é a renal Mecanismo de Ação AChE Organofosforado Carbamato O acumulo leva a uma contínua superexitação nervosa, levando a um quadro de posterior paralisia muscular. Após um período (depende do composto) a ligação se torna: - IRREVERSÍVEL (Organofosforados) com a Acetilcolinesterase (AChE) - REVERSÍVEL (Carbamatos) com a Acetilcolinesterase (AChE) (Hidrólise Espontânea em 48h) Organofosforados e Carbamatos FARMACODINÂMICA • Local de ação: sistema nervoso e muscular - Atua nos receptores colinérgicos - Receptores colinérgicos: são proteínas que geram uma resposta a partir da sua conexão com uma molécula de acetilcolina. Os receptores colinérgicos se dividem em muscarínicos e nicotínicos. Muscarínicos: presentes no sistema respiratório e gastrointestinal Nicotínicos: presentes no sistema cardiovascular e músculo esquelético 24/05/2017 8 ORGANOFOSFORADOS Sinais e sintomas de intoxicação aguda podem ser divididos em três estágios: • Leve – fadiga, dor de cabeça, visão borrada, dormência de extremidades, náusea, vômitos, salivação e sudorese excessivos. • Moderada – fraqueza, dificuldade para falar, fasciculação muscular, miose. • Severa – inconsciência, paralisia flácida, dificuldade respiratória, cianose. ORGANOFOSFORADOS Síndrome Intermediaria - Sinais e sintomas Acontece em 20 a 50% dos casos de Intoxicação aguda (IA) Aparece em 1 ou vários dias após a IA, durante o processo de recuperação da síndrome colinérgica Causam: fraqueza respiratória e muscular Mortalidade em 15 a 40% dos casos mecanismo ainda não esclarecido mas não tem relação com a inibição da acetilcolinesterase. ORGANOFOSFORADOS Toxicidade Crônica - Sinais e sintomas Existem controvérsias sobre seus possíveis efeitos Danos ao SNC e periférico desenvolve tolerância anomalias neurocomportamentais (cognitivo) 24/05/2017 9 Comparativo Organofosforados Carbamatos Acumula-se nos tecidos Não há acúmulo nos tecidos Reação irreversível Reação reversível Fosforila a enzima AChE Carbamila a enzima AChE TRATAMENTO • ATROPINA – compete com a acetilcolina pelos receptores muscarínicos – agonista – se não houver efeito imediato a dose pode ser dobrada a cada 3-5 minutos até os sintomas pulmonares se aliviarem – Dose adultos: 2 a 5mg EV – Dose crianças: 0,05mg/kg EV DIAGNÓSTICO • Baseado na história e na clínica (sintomas) • Pode confirmar o diagnóstico de intoxicação administrando atropina – 1mg EV para adultos e 0,01-0,02mg/kg p/ crianças 24/05/2017 10 DIAGNÓSTICO LABORATORIAL • Colinesterase sanguínea (AChE): análise da enzima presente no eritrócito, que é a própria acetilcolinesterase - atividade enzimática no sangue • Colinesterase plasmática (ChP) : análise da enzima presente no plasma • Valores de referencia: – Homens: 5.600 a 11.200 U/l – Mulheres: 4.200 a 10.800 U/l • Tecnicas utilizadas: – Método Potenciométrico – Método Colorimétrico – Métodos manométricos – Métodos titulométricos – Métodos espectrofotométricos DIAGNÓTICO - Interpretação • A inibição da atividade da enzima acetilcolinesterase tem correlação: – com a intensidade e a duração da exposição – a determinação dessas enzimas plasmática e eritrocitária serve de apoio ao diagnóstico nos casos de intoxicação aguda • A colinesterase sanguínea é a responsável pela toxicidade aguda no SNC (indicador mais especifico e sensível) • A colinesterase plasmática é inibida primeiro por compostos como malation, diazinon e diclorvos, transformando esse parâmetro em um indicador de exposição mais sensível para esses compostos. Diagnostico - interpretação • A validade do teste deve ter como referencia valores de pré-exposição do mesmo individuo para comparação. (exposição ocupacional – trabalho) • Variações biológicas diminuem a validade da utilização dessa dosagem: – Diminuição da colinesterase: doenças hepáticas (hepatite, cirrose, icterícia, insuficiência cardíaca, câncer, reações alérgicas , mulheres menstruadas, gravidez) – Aumento da colinesterase: hipotireodismo INSETICIDAS CLASSES 2. PIRETRINAS E PIRETROIDES 24/05/2017 11 PIRETRINAS E PIRETROIDES Piretrinas naturais (piretrum): mistura de 6 ésteres – piretrinas I e II – cinerinas I e II – jasmolinas I e II se decompõem rapidamente à luz solar Piretroides: Inseticidas sintéticos Sintetizados a partir dos praguicidas naturais piretrinas PIRETROIDES Inseticidas sintéticos que não se decompõem rapidamente a luz solar alta atividade inseticida toxicidade baixa baixa persistência no ambiente baixa tendência a induzir resistência em insetos atualmente representam 25% do mercado global de inseticidas PIRETROIDES Usados na agricultura, pecuária, domicílios, Campanhas de saúde pública Tratamento de ectoparasitas humanos (piolho, sarna) ex: deltametrina em países tropicais são embebidos em mosquiteiros para evitar picada dos insetos PIRETROIDES Toxicocinética Absorção: principalmente por via oral e pequena quantidade por via dérmica. Pode ser aumentada por solventes orgânicos presentes nas formulações. Distribuição: rápida. A lipossolubilidade e glicoproteínas transportadoras favorecem penetração no cérebro. Biotransformação: rápida. fígado e plasma - reações de hidrólise, hidroxilação e conjugação com sulfatos, aminoácidos, acido glicurônico, conjugação lipofílica com colesterol, bile e triglicérides. - A presença de um grupo alfa-ciano nos piretroides tipo II diminuem seu metabolismo Excreção: renal 24/05/2017 12 PIRETROIDES Toxicodinâmica Ação: paralisia temporária - seletivos dos canais de sódio - neurotóxicos para insetos e mamíferos - Outros mecanismos: antagonismo ao ácido gama- aminobutírico (GABA). Estimulação dos canais de cloro. Aumento da liberação de noroadrenalina. PIRETROIDES Quadro Clínico Toxicidade aguda: leve a moderada - sinais e sintomas: dependem da via e da dose. - exposição dérmica: eritrema, vesículas, parestesias (sensações cutâneas aumentadas como: queimação, dor, frio e prurido). - exposição por inalação: coriza, congestão nasal e garganta arranhando - exposição oral: dor epigástrica, náuseas, vômitos (iniciam de 10 a 60’ após ingestão) - sinais e sintomas sistêmicos importantes: sonolência; cefaléia; anorexia; fadiga e fraqueza; fasciculações musculares intensas nas extremidades; topor a coma PIRETROIDES Quadro Clínico Toxicidade crônica: - neurotoxicidade, - diabetes - risco para câncer de próstata PIRETROIDES Tratamento Não há antidoto especifico pacientes assintomáticos: ficar em observação por 6h Convulsões: tratar com diazepam Reações de hipersensibilidade: adrenalina, inibidores de H1 e H2, corticóides Lavagem gástrica é recomendada ate 1h após a ingestão Broncoespasmo: uso de broncodilatadores 24/05/2017 13 INSETICIDAS CLASSES 3. NEONICOTINÓIDES INSETICIDAS NEONICOTINOIDES Sintetizados a partir da nicotina natural Princípios ativos: imidacloprido; nitempiram; acetamiprido; tiacloprido e tiametoxam. São chamados de : cloronicotinas; nitroguanidinas; clorotiazóis; nitroiminas INSETICIDAS NEONICOTINOIDES Toxicocinética Absorção: principalmente por via oral e pequena quantidade por via dérmica. Distribuição: rápida. Alcançam pico plasmático em 2 - 5h Biotransformação: fígado - reações de oxidação, conjugação e hidroxilãção Excreção: renal INSETICIDAS NEONICOTINOIDES Toxicodinâmica Ação: competem com a acetilcolina pelos receptores nicotínicos. - Causamhiperexcitabilidade do SNC 24/05/2017 14 Quadro Clínico Toxicidade baixa após contato dérmico Toxicidade moderada após ingestão e variável por inalação - Sinais e sintomas: tremores, convulsões e morte - Sinais sistêmicos: sonolência, tontura, vômitos, desorientação e febre. Sudorese INSETICIDAS NEONICOTINOIDES Tratamento Não há antidoto especifico pacientes assintomáticos: ficar em observação por 6h Convulsões: tratar com diazepam Acompanhamento INSETICIDAS NEONICOTINOIDES INSETICIDAS CLASSES 4. ORGANOCLORADOS ORGANOCLORADOS Inseticidas amplamente utilizados no mundo tanto com uso agrícola como não agrícola a partir de 1970 foi proibido ou restringido seu uso por apresentarem bioacumulação e biomagnificação e persistência por varia décadas no ambiente são estruturas cíclicas peso molecular de 300 a 500g/mol baixa volatilidade 24/05/2017 15 ORGANOCLORADOS 23 de maio de 2001, 122 países assinaram a Convenção de Estocolmo sobre Poluentes orgânicos persistentes (POPs), na capital da Suécia, com o objetivo de eliminar uma lista inicial de 12 substâncias tóxicas. DDT, aldrin, dieldrin, clordane, endrin, heptacloro, hexachlorobenzeno, mirex, toxafeno, PCBs (bifenilas policloradas), e as dioxinas e os furanos. Essas duas últimas são substâncias resultantes não intencionalmente da produção, uso ou disposição (como a incineração) de outros POPs ou de resíduos sólidos em geral (como plásticos PVC). ORGANOCLORADOS Principais categorias: 1. Dicloro-difenil-tricloroetano (DDT) - é o primeiro pesticida moderno desenvolvido após a Segunda Guerra para o combate dos mosquitos causadores da malária e do tifo. - insolúvel em água, mas solúvel em compostos orgânicos como a gordura e o óleo - leva cerca de 30 anos para se degradar e desaparecer do meio ambiente - O DDT é considerado uma das substâncias sintéticas mais utilizadas e estudadas no século XX. ORGANOCLORADOS: POLÊMICA DO DDT Mortes por dengue no Brasil deram um salto depois de 1998, quando o DDT foi proibido em campanhas de saúde pública. Por onde passava, eliminava o Anopheles e o Aedes aegypti, erradicava doenças No Brasil, o inseticida eliminou Aedes aegypti, que permaneceu erradicado entre 1955 e 1967. A Malária, dengue e febre amarela pareciam então problemas resolvidos. Livro ‘Primavera Silenciosa’ Depois da onda de perseguição ao DDT estudos mostraram que a relação entre ele o câncer é fraca e confusa. Em 2006, a Organização Mundial de Saúde reviu sua decisão e voltou a recomendar o DDT para o combate de malária na África. Agora mais e mais países voltam a utilizá-lo. em 2009, o então presidente Luís Inácio Lula da Silva, sancionou a Lei de nº 11.936, proibindo a fabricação, importação, manutenção em estoque, comercialização e o uso do DDT em todo território brasileiro. ORGANOCLORADOS Principais categorias: 1. Dicloro-difenil-tricloroetano (DDT) Composição química: - 1,1- (2,2,2- tricloroetildeno) bis(4-clorobenzeno) - 1.1.1- tricloro—2.2-bis-(p-clorofenil) etano - isômeros p.p’ – DDT - comercialmente temos a mistura dos isômeros: p.p’ – DDT; o.p’ – DDT; p.p’ – DDD e o.p’ – DDD (2,2-bis-(p-clorofenil)-1,1-dicloetano) - todos são sólidos, brancos, inodoros e insípidos - lipossolúveis 24/05/2017 16 ORGANOCLORADOS Toxicocinética Absorção: Via oral – principal Via dérmica - pequena quantidade - DDT é o de menor absorção dérmica. Pode ser aumentada por solventes orgânicos presentes nas formulações. - Dieltdrin bem absorvido Via respiratória - baixa por terem baixa volatilidade Distribuição: rápida. São altamente lipossolúveis e se depositam no tecido adiposo - O DDT ou seu metabolito DDE se depositam em todos os tecidos: medula óssea, fígado, rins, coração, SNC, leite materno, e tecido fetal Biotransformação: fígado. Indutoras das enzimas hepáticas podendo lesar o organismo ORGANOCLORADOS Principais categorias: 1. Dicloro-difenil-tricloroetano (DDT) - Sofre degradação biológica e ambiental e forma metabólitos importantes: - p.p’-DDT -> DDE (mais resistente a degradação que o DDT, serve como biomarcador de exposição dos seres vivos) - DDD (tb é um metabolito importante) - outros: DDMU; DDMS; DDNU; DDOH e - DDA (único solúvel em agua sendo eliminado na urina) ORGANOCLORADOS Toxicocinética Excreção: Via biliar: principal Via renal: a maioria apresenta metabolitos elimináveis pela urina Via Fecal: - quando ocorre ingestão de altas doses, ocorre eliminação sem ser absorvido no TGI na forma não metabolizada - pode acontecer a reabsorção no intestino desses compostos não biotransformados, através da circulação enterro-hepática o que retarda a excreção. ORGANOCLORADOS Toxicodinâmica Ação: 1. Estimulam o SNC - alteram as propriedades eletrofisiológicas da membrana dos neurônios e das enzimas relacionadas mudando a cinética do fluxo de íons Na+ e K+ - promovem distúrbios no transporte dos ions Ca+2, Mg+2 e Cl- 2. Desrreguladores endócrinos - Interferem no desenvolvimento e na função dos tecidos e órgãos - alteram a suscetibilidade a diferentes tipos de doenças dentro de uma população 3. Hepático em altas doses são indutores das enzimas - eldrin 24/05/2017 17 Quadro Clínico hiperexcitabilidade do SNC os sintomas podem aparecer de 30’ a varias horas depois da exposição. depende do composto, da via, do grau de exposição e do tipo de diluente usado na formulação principais sintomas: cefaleia , tremores difusos, ataxia, hiperestesia (boca e no rosto), parestesias ( língua, face, pescoço e extremidades), hiperreflexia, agitação psicomotora, vertigens, obnubilação, distúrbios de memoria, contraturas mioclônicas e convulsões tônico-clonicas generalizadas, violentas, repetidas e prolongadas ORGANOCLORADOS Quadro Clínico Distúrbios Grastrointestinais náuseas, vômitos, desconforto e diarreia. Problemas nas trocas gasosas pulmonares, arritimia miocárdica, febre, etc Exposições a longo prazo: perda de peso, anemia, debilidade muscular, alterações no EEG, ansiedade, tonturas, perda da coordenação motora, dor toráxica, alterações hepáticas (hipertrofia e necrose; induzem as enzimas do P450), alterações na produção do esperma, alterações de origem endócrina. Carcinogênicos hepaticos ORGANOCLORADOS OUTRAS CLASSES: HEXACLOCICLOHEXANO E CICLODIENOS alta persistência no ambiente, classificados como Poluentes Orgânicos Persistentes (POPs), pelo acúmulo na cadeia alimentar, e pelos grandes danos aos seres vivos. ORGANOCLORADOS α-HCH β-HCH Lindano Hexaclorociclohexano (HCH): usado no controle de vetores doenças como Chagas e malária. É atualmente considerado um carcinógeno humano e pode persistir por mais de 15 anos no meio ambiente. Toxafeno: um dos pesticidas mais usados na década de 70, no controle de pestes do algodoeiro, cereais, árvores de fruto e vegetais, entre outras. Usava-se ainda no extermínio de espécies de peixe consideradas indesejáveis. OUTRAS CLASSES: TOXAFENO ORGANOCLORADOS Exposição: ingestão de animais contaminados, particularmente de peixes e crustáceos, Ingestão de água contaminada, Respiração nas proximidades em locais de deposição de toxafeno. Embora já tenha sido encontrado no leite materno, aparentemente não se acumula em grande extensão nos humanos. Sintomas: - Intoxicação crônica: elevadas concentrações está associada a disfunções renais, hepáticas, no sistema nervoso central, debilitação do sistema imunológico e câncer. Foi relacionado com a diminuição da esperança de vida, disrupção hormonal,diminuição da fertilidade e alterações comportamentais. - Intoxicação aguda: é tipicamente letal para os mamíferos, aves e espécies aquáticas. 24/05/2017 18 OUTRAS CLASSES: LINDANO ORGANOCLORADOS Usos: pediculicida e escabicida. foi aprovado pelo FDA como um tratamento de segunda linha para o tratamento tópico de capitis pediculose (piolhos), pubis pediculose (piolhos púbicos), ou sarna, em pacientes maiores de dois anos de idade que não podem tolerar ou falharam no tratamento de primeira linha. Mecanismo De Ação inseticida organoclorado que tem propriedades neurotóxicos semelhantes ao DDT. Exerce a sua ação parasiticida ao ser absorvido diretamente através do exoesqueleto do parasita (principalmente piolhos, ou sarna) e os seus óvulos. O ácido gama-aminobutírico (GABA) receptor/cloreto complexo é o principal local de ação para o lindano e outros inseticidas, como o endosulfan, e o fipronil O bloqueio do canal de cloreto fechado por GABA reduz a inibição neuronal, o que leva a hiperexcitação do sistema nervoso central. Isto resulta em paralisia, convulsões e morte. OUTRAS CLASSES: HEXACLOCICLOHEXANO E CICLODIENOS alta persistência destes compostos no ambiente, classificados como Poluentes Orgânicos Persistentes (POPs), pelo acúmulo na cadeia alimentar, e pelos grandes danos aos seres vivos. ORGANOCLORADOS Clordecona: inseticida, também conhecido como Kepone, utilizado em hortaliças, bananeiras, tabaco e frutas e degrada-se lentamente no meio ambiente. Dodecacloro: usado no combate a formigas. OUTRAS CLASSES: DODECACLORO e CLORDECONA ORGANOCLORADOS Fontes de Exposição: consumo de peixes de áreas contaminadas e a residência em áreas com histórico de contaminação ou em locais onde houve disposição de resíduos. Intoxicação aguda: - altas doses causa diarréia, tremor, cansaço e fraqueza. - baixas doses por curto prazo pode causar prejuízo na reprodução e no desenvolvimento. - efeitos tóxicos atingem órgãos como fígado, rins, olhos e tireóide. - Diminuição da fertilidade, danos aos testículos e toxicidade no desenvolvimento Mecanismo de ação: semelhante ao DDT OUTRAS CLASSES: HEXACLOCICLOHEXANO E CICLODIENOS alta persistência destes compostos no ambiente, classificados como Poluentes Orgânicos Persistentes (POPs), pelo acúmulo na cadeia alimentar, e pelos grandes danos aos seres vivos. ORGANOCLORADOS Dieldrin: utilizado para controlar pragas de gafanhotos, vetores de doenças tropicais, no controle de cupins e no tratamento de plantas, frutas e sementes para cultivo. Aldrin ƒn- inseticidas (controle de pragas e cupins, lagartas e formigas cortadeiras e controle de insetos do solo), fungicidas (proteção de sementes) e herbicidas; 24/05/2017 19 OUTRAS CLASSES: HEXACLOCICLOHEXANO E CICLODIENOS alta persistência destes compostos no ambiente, classificados como Poluentes Orgânicos Persistentes (POPs), pelo acúmulo na cadeia alimentar, e pelos grandes danos aos seres vivos. ORGANOCLORADOS Heptacloro: usado no controle de insetos de solo, contra pragas do algodoeiro (gafanhotos) e contra o vetor da Malária. Endrin: Inseticida usado nas culturas de algodão arroz e milho. OUTRAS CLASSES: HEXACLOCICLOHEXANO E CICLODIENOS alta persistência destes compostos no ambiente, classificados como Poluentes Orgânicos Persistentes (POPs), pelo acúmulo na cadeia alimentar, e pelos grandes danos aos seres vivos. ORGANOCLORADOS Endosulfan: já foi muito utilizado em muitas culturas, como algodão, cacau, café, cana-de-açúcar e soja entre outras, e ainda para uso doméstico. ANVISA proibiu o uso desta substância e só poderá ser usado em cultura de algodão até 2013. Clordano: usado contra insetos cujas larvas se alimentam de raízes; já foi usado como pesticida no milho e atualmente é usado em gado e em jardins domésticos. OUTRAS CLASSES: HEXACLOROCICLOHEXANOS E CICLODIENOS ORGANOCLORADOS o Endosulfan inseticida muito eficiente, também é um dos inseticidas mais tóxicos presentes no mercado atualmente. Acredita-se que tenha sido responsável por muitos incidentes fatais de envenenamento em todo mundo. É uma substância sintética O endosulfan é, na verdade, uma mistura de estereoisômeros, designados alfa e beta. O alfa-endosulfan é o isômero termodinamicamente mais estável. OUTRAS CLASSES: HEXACLOROCICLOHEXANOS E CICLODIENOS ORGANOCLORADOS o Endosulfan é uma substância sintética que imita ou realça o efeito do hormônio feminino estrogênio, o que significa que ele pode causar danos na reprodução e desenvolvimento de animais e humanos. Os sintomas de envenenamento agudo incluem a hiperatividade, tremores, convulsões, dificuldade na respiração, falta de coordenação, náusea, vômito e diarreia. 24/05/2017 20 OUTRAS CLASSES: HEXACLOROCICLOHEXANOS E CICLODIENOS ORGANOCLORADOS o Endosulfan possui dois mecanismos de ação, cada um associado a uma parte diferente da molécula. As partes cloradas alteram as propriedades eletrofisiológicas e enzimáticas das membranas das células nervosas, causando uma mudança na cinética do fluxo de íons Na+ e K+ pela membrana. Ao mesmo tempo, a parte relativa ao ciclodieno dificulta a ação do neurotransmissor ácido gama-aminobutirico (GABA), que induz a absorção de íons cloreto pelos neurônios. O bloqueio dessa atividade resulta na repolarização parcial do neurônio, deixando-o em um estado de excitação descontrolada. Tratamento Não há antidoto especifico Ficar em observação por 12h Convulsões: tratar com diazepam seguido de fenobarbital quando necessário Não provocar vômito em casos de ingestão. Lavagem gástrica recomentada ate 2 horas após. ORGANOCLORADOS INSETICIDAS CLASSES 5. AVERMECTINAS AVERMECTINAS • Avermectinas e milbemicinas são lactonas macrocíclicas usadas em ruminantes, eqüínos, suínos e em caninos, para o controle de endo e ectoparasitas. • A ivermectina é hoje uma das avermectinas tambem utilizada em humanos. • Apresentam ação inibidora do GABA, promovendo hiperpolarização do neurônio e, conseqüentemente, inibindo a transmissão nervosa. 24/05/2017 21 AVERMECTINAS FARMACOCINÉTICA - Distribuição: ligação a lipoproteínas na circulação sanguínea. - A baixa hidrossolubilidade e a elevada lipossolubilidade favorecem a sua deposição o que prolonga o tempo de residência do medicamento no organismo. - Metabolização: fígado - Excreção: Renal AVERMECTINAS Toxicidade: - A barreira hematoencefálica permite a passagem da ivermectina em concentrações suficientes para estimular a secreção do GABA, ocasionando depressão do sistema nervoso central - Os sinais de reação tóxica, quando a droga é administrada oralmente, podem ser observados em 24 horas (sendo mais rápido quando administrado por via parenteral) e consistem em: perda do controle motor (incapacidade de manter postura, membros cruzados e ataxia), letargia, fraqueza, perda de reflexos visuais, depressão respiratória, bradicardia, midríase, tremores, hipersalivação, coma e eventualmente a morte - Importante ressaltar que não há antídoto específico para a intoxicação causada pelo uso desse medicamento RESUMO DA AÇÃO DOS INSETICIDAS TODOS SÃO NEUROTÓXICOS ALVO INSETICIDA EFEITO Acetilcolinesterase Organofosforados Carbamatos Inibição Inibição Canais de Sodio Piretróides (I e II) DDT Diidropirazóis Ativação Ativação Inibição Receptores Nicotínicos Nicotina Neonicotinoides Ativação Ativação Canais de cloro (mediados pelo GABA) Ciclodienos Fenilpirazois Piretróides (II) Inibição Inibição Inibição Canais de cloro (mediados por glutamato)Avermectinas Ativação Receptores alfa adrenoreceptores Formamidinas Ativação Complexo mitocondrial Rotenoides Inibição Alvos Moleculares das classes de Inseticidas AGROTÓXICOS Como diagnosticar uma contaminação por agrotóxico? Dosagem do próprio princípio ativo do qual se suspeita no sangue ou na urina do paciente Mas este exame não é acessível para todos devido ao custo e à complexidade técnica. dificuldade é agravada pelo fato de existir uma enorme variedade de grupos químicos no mercado 24/05/2017 22 AGROTÓXICOS Como diagnosticar uma contaminação por agrotóxico? INTOXICAÇÃO AGUDA: dificuldades desinformação dos trabalhadores sobre o uso e os perigos dos agrotóxicos medo do trabalhador em reconhecer em si sintomas de intoxicação sintomas da intoxicação serem normalmente inespecíficos: dores de cabeça, dores abdominais, enjôos, vômitos, dermatites (irritações de pele)... É muito comum pessoas intoxicadas por agrotóxicos receberem, erroneamente, diagnóstico de doenças como dengue, rotavirose ou alergia, entre outras falta de um sistema eficiente para identificar casos de intoxicação AGROTÓXICOS Como diagnosticar uma contaminação por agrotóxico? INTOXICAÇÃO AGUDA: dificuldades Hospital João Murilo de Oliveira (do SUS): localizado no município de Vitória de Santo Antão, em Pernambuco, a 50 km de Recife. Vitória faz parte do cinturão verde de Recife e o uso de agrotóxicos na produção de hortaliças é absolutamente generalizado. - Programa “Sentinela”, que tem entre seus objetivos realizar a notificação dos casos de intoxicação por agrotóxicos. - Problemas enfrentados: profissionais não treinados, e os treinados não atendem na emergência AGROTÓXICOS Como diagnosticar uma contaminação por agrotóxico? Intoxicação crônica (conjunto de informações) - quadro clínico do paciente (que problemas de saúde ele sofreu ou desenvolveu) - avaliação da sua história ocupacional e ambiental. - dados epidemiológicos (ex: muitas pessoas de uma mesma região foram expostas a um mesmo produto e desenvolveram sintomas semelhantes) - avaliar os dados da literatura, investigando informações sobre as substâncias com as quais o paciente relata ter tido contato. É preciso investigar não só o veneno utilizado, mas também as circunstâncias de uso. AGROTÓXICOS Como diagnosticar uma contaminação por agrotóxico? Intoxicação crônica - dificuldades - à existência de múltiplas possíveis causas para as doenças provocadas por agrotóxicos, como o câncer, insuficiência renal ou problemas neurológicos - são raros e pouco acessíveis os exames laboratoriais capazes de detectar a contaminação em pequenas doses e por longos períodos a determinado agrotóxico e comprovar a sua relação com a doença desenvolvida. - trabalhadores tem dificuldade de saber especificamente quais os agrotóxicos aos quais tiveram contato 24/05/2017 23 SISTEMAS DE NOTIFICAÇÃO E REGISTRO DE INTOXICAÇÃO POR AGROTÓXICOS - SINITOX (Sistema Nacional de Informações Tóxico Farmacológicas), gerenciado pela Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) – coleta, compila, analisa e divulga os dados sobre intoxicação e envenenamento (não só por agrotóxicos, mas também por remédios, animais peçonhentos, produtos de uso domissanitário etc.) – RENACIAT (Rede Nacional de Centros de Informação e Assistência Toxicológica). conta hoje com 37 Centros, localizados em 19 estados e no Distrito Federal. – CIATs são os centros de informação e assistência toxicológica, por sua vez, fornecem informação e orientação sobre o diagnóstico, o prognóstico, o tratamento e a prevenção de intoxicações. Eles também prestam atendimento diretamente aos pacientes e possuem uma linha telefônica exclusiva para dar orientação a profissionais de saúde ou outros que precisem atender pessoas intoxicadas. SISTEMAS DE NOTIFICAÇÃO E REGISTRO DE INTOXICAÇÃO POR AGROTÓXICOS • SINAN (Sistema de Informação de Agravos de Notificação), gerenciado pelo Ministério da Saúde. • NOTIVISA (gerenciado pela Anvisa) que, em parte associado ao Sinitox, pretende compilar dados bastante abrangentes envolvendo casos de intoxicação, mas que ainda não está operando plenamente.
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