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Parecer Eternit

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No caso analisado, discute-se a responsabilidade patrimonial da Eternit nos Processos nº 00021067220135020009 e 00027155520135020009 no que diz respeito aos potenciais danos causados aos trabalhadores da empresa em virtude da exposição ao amianto crisotila. 
 O Juízo da 9ª Vara Trabalhista de São Paulo/SP saneou o feito, julgando por conexão as ações mencionadas, dando-se parcial provimento aos pedidos formulados pelo Ministério Público do Trabalho - PRT da 2ª Região e Associação Brasileira dos Expostos ao Amianto ABREA nos seguintes termos, sendo que, em face da decisão, houve a interposição de recurso ordinário pelas partes:
“(...)indenização por danos morais coletivos, no valor de R$100.000.000,00 (cem milhões de reais); indenização por danos morais, no valor de R$300.000,00 (trezentos mil reais), e indenização por danos existenciais, no valor de R$80.000,00 (oitenta mil reais), a cada ex-trabalhador que já tenha recebido diagnóstico de doenças relacionadas ao amianto; indenização por danos morais, no valor de R$300.000,00 (trezentos mil reais), ao espólio de cada trabalhador já falecido em razão de doença relacionada ao amianto, desde que o falecimento tenha ocorrido após o ajuizamento da presente demanda; indenização por danos morais, no importe de R$50.000,00 (cinquenta mil reais), a cada ex-trabalhador não diagnosticado com doenças relacionadas ao amianto, ressalvada posterior reclassificação em razão de diagnóstico; indenização por danos morais, no valor de R$300.000,00 (trezentos mil reais), e indenização por danos existenciais, no valor de R$80.000,00 (oitenta mil reais), a cada familiar diagnosticado com doenças relacionadas ao amianto; indenização por danos materiais consistente em pensão mensal, no importe equivalente a 5 (cinco) salários mínimos, devida ao(à) viúvo(a)/companheiro(a) e aos filhos inválidos até a data em que o de cujus completaria 70 anos e aos filhos não inválidos até a data em que completem 25 anos; assistência integral e vitalícia à saúde aos beneficiários indicados na fundamentação. Tudo na forma da fundamentação, que integra o presente dispositivo, a ser apurado em liquidação. As indenizações por danos morais, existenciais e materiais (pensão mensal) deverão ser apuradas em liquidação individual, em execução de sentença coletiva a ser livremente distribuída.”
“(...) A realização e cobertura de consultas, exames, de todo o tipo de tratamento médico, nutricional, psicológico, fisioterapêutico e terapêutico, além de internações em favor do ex-trabalhador ou familiar, será deliberada e autorizada pela ré, mediante a apresentação pelos beneficiários habilitados de documentos que comprovem suas necessidades, observando e restringindose aos seguintes critérios objetivos: 1) Para consultas médicas, basta o simples pedido do beneficiário; 2) para exames, tratamentos médicos, nutricionais, psicológicos, fisioterapêuticos, terapêuticos e internações será necessária a apresentação de atestado, requisição ou documento similar elaborado por médico devidamente cadastrado no Conselho Regional de Medicina ou, dependendo do tipo de tratamento, por nutricionista, psicólogo, fisioterapeuta ou terapeuta regularmente inscrito no seu órgão profissional, devendo constar essencialmente a assinatura e o número de inscrição desses profissionais; 3) as consultas médicas deverão ser liberadas, no prazo improrrogável de 48 horas, e providenciada autorização necessária para o referido fim; 4) os exames e os tratamentos deverão ser liberados, no prazo improrrogável de 72 horas, e providenciada autorização necessária para tal fim; 5) as internações deverão ser autorizadas, em 24 horas, salvo quando estas forem reputadas urgentes, devendo ser liberadas imediatamente. O comitê será formado no prazo de 60 dias da presente decisão. A ré providenciará local adequado, no prazo de 120 dias, nas cidades de Osasco ou São Paulo, para o atendimento dos usuários, assim como estrutura organizacional compatível, a fim de que obtenham a autorização necessária para o recebimento da assistência devida.”
 Neste ponto, passamos a análise do mérito. 
Prescrição
 De acordo com o que leciona o art. 11, II, CLT, o direito de ação quanto a créditos resultantes da relação de trabalho prescreve em 5 anos para o trabalhador urbano, até o limite de 2 anos após a extinção do contrato.
 No entanto, considerando-se que os danos causados pelo amianto podem se manifestar após 30 da exposição, adveio o precedente jurídico da não necessidade de se respeitar o prazo prescricional bienal imposto pela legislação conforme artigo mencionado acima.[1: Hermano Albuquerque de Castro ]
 Dessa forma, a nova legislação trabalhista inova no que se refere a prescrição em casos de danos à saúde no ambiente de trabalho pela exposição ao amianto. 
Nexo Causal 
 Uma segunda inovação diz respeito à desnecessidade de provar que a doença está relacionada à exposição ao amianto. De fato, a responsabilidade civil, de acordo com o ordenamento jurídico brasileiro subdivide-se em: a) objetiva, que se caracteriza pela demonstração exclusiva do nexo causal, sem análise do elemento da culpa do agente causador do dano; b) subjetiva, que exige a demonstração da culpa do agente causador do dano.
 Diferentemente, no caso em questão não houve necessidade de comprovação do nexo causal nem tampouco da análise de culpa, ou seja, da relação entre a exposição ao amianto e os danos à saúde do trabalhador. 
 Assim, afim de que haja indenização aos trabalhadores expostos ao amianto basta a comprovação laboral na Eternit, tendo em vista as circunstâncias gravosas do caso e a proteção dada ao meio ambiente do trabalho em toda a e sua extensão, relevância jurídica e impacto à sociedade. 
Casos análogos
 Caso similar podem ser constatados em países como Itália e Bélgica. Recentemente, na Itália, uma situação de danos causados à saúde do trabalhador por exposição ao amianto. Em Turim, foram constatadas 2.100 mortes e outras 800 pessoas afetadas pelo amianto, a partir da década de 70, sendo que os principais acionistas foram condenados a 16 anos de prisão cada um. 
 O mesmo se deu na Bélgica, em que a Eternit foi condenada, em 2011, a pagar indenização no valor de 250.000 euros a uma família em que quatro membros vieram a falecer em virtude da exposição ao amianto. 
Supremacia da lei mais protetiva?
Neste ponto, importante destacar que não há ainda um entendimento pacífico sobre a possibilidade de uma lei estadual ou municipal mais protetiva sobre determinado assunto se sobrepor à legislação federal.
Nesse sentido, observa-se que está sendo analisada pelo Supremo Tribunal Federal, por meio do julgamento da ADPF 109 e das ADI´s 3357, 3356 e 3937, a possibilidade de diplomas estaduais e municipais proibirem a utilização de amianto como matéria prima na construção civil prevalecer sobre a lei federal n° 9.05/95, que regulamenta o uso do amianto no território nacional.
No caso da ADPF nº 109, por exemplo, argumenta-se a legitimidade da Lei municipal nº 13.113/11 elaborada pelo Município de São Paulo com base no disposto no art. 30, inc. I da Constituição Federal. Nesse sentido, em virtude do interesse local precipuamente relacionado a questões ambientais e sociais (como a saúde, por exemplo), o Município poderia suplementar as normas federais e estaduais sobre o tema de forma mais protetiva. Já aqueles que entendem o contrário, argumentam que referido diploma municipal usurpa competência privativa da União, pois se trataria de tentativa de regulamentação do setor empresarial/comercial, com base no art. 22 da Constituição Federal. 
Não obstante o cenário acima apresentado, não há como olvidar da legitimidade e constitucionalidade dos referidos diplomas legais em face da Constituição Federal, tendo em vista que se coaduna com a base principiológica e valorativa de nossa Carta Magna. Neste sentido, a partir da proteção conferida à vida, bem jurídico mais protegido pelo ordenamento, e ao meio ambiente, direito fundamentalde terceira geração, a legislação mais protetiva deve ser aplicada.
Outro não poderia ser o entendimento, uma vez que no âmbito internacional é prevista a redução gradativa da utilização do amianto pelas indústrias, nos termos da resolução de 2006 da Organização Internacional do Trabalho.
Dessa forma, ainda que a questão não esteja elucidada e seja alvo de intensos debates, a lei mais protetiva deve prevalecer, em virtude dos bens jurídicos tutelados.
Efetividade do princípio da precaução 
 Um dos princípios atinentes ao direito ambiental, o que inclui o direito ambiental do trabalho, é a máxima da precaução, segundo a qual guia as atividades humanas para proteger a saúde das pessoas e dos ecossistemas. Tal princípio relaciona-se com a associação respeitosa do homem com a natureza.
Conclusão 
(...)

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