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Capitulo 6 Resumo Port. Instrumental

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Capitulo 6 – Articulação textual: leitura e produção de texto
A leitura é uma habilidade fundamental para o desenvolvimento de qualquer ser humano tanto no cenário profissional quanto no cenário pessoal.
A leitura é como um meio de aproximação entre os indivíduos e a produção cultural, podendo significar a possibilidade concreta de acesso ao conhecimento e intensificar o poder de crítica por parte do público leitor, e assim expressar os anseios da sociedade.
No mundo moderno e globalizado, inúmeras tarefas dependem dela, desde ler uma placa na rua, até uma bula de remédio corretamente. A leitura está presente no cotidiano das pessoas.
A leitura, por um lado, nos fornece ainda a matéria-prima para a escrita: o que escrever. Por outro, contribui para a constituição de modelos: o como escrever.
Por essa razão, a compreensão de um texto é um processo que se caracteriza pela utilização de conhecimento prévio, pois o leitor utiliza na leitura o que ele já sabe, o conhecimento adquirido ao longo de sua vida. É mediante a interação de diversos níveis de conhecimento, como o conhecimento lingüístico, o textual e o conhecimento de mundo, que o leitor consegue construir o sentido do texto. 
E porque o leitor utiliza justamente diversos níveis de conhecimento que interagem entre si, a leitura é considerada um processo interativo. Pode-se dizer, com segurança, que sem o engajamento do conhecimento prévio do leitor não haverá compreensão.
Discurso e texto
O texto é lugar de interação de sujeitos sociais, os quais, dialogicamente, nele se constituem e são constituídos.
O texto não só se dirige aos interlocutores com perfil definido, mas também faz referência às circunstâncias de natureza cultural, social, política, que precisam ser conhecidas pelos leitores/ouvintes para que o sentido do texto possa ser construído.
Assim como o aluno-leitor deve atentar também para a relação entre o discurso e texto, visto que o discurso é social e o texto é uma manifestação de natureza individual.
Texto e contexto
O contexto é a situação concreta a que um texto faz referência. Ele é formado pelas relações estabelecidas entre o conjunto de circunstâncias associadas à ocorrência de determinado fato ou situação de que trata o texto. Há diferentes tipos de contexto (social, cultural, estético, político, religioso, ideológico) e sua identificação é essencial para que se compreenda o sentido do texto.
Os textos, escritos ou orais, não têm existência autônoma, porque sua significação depende do reconhecimento de um contexto e da relação que os leitores/ouvintes estabelecem com ele.
 O texto e suas marcas ideológicas 
A operação da ideologia, na vida humana, basicamente envolve a constituição e a padronização de como os seres humanos vivem como atores conscientes e reflexivos, em um mundo estruturado e significativo. A ideologia opera como discurso que se dirige ou interpela os seres humanos como sujeitos.
A ideologia é, na verdade, um sistema de idéias (crenças, tradições, princípios e mitos) interdependentes, sustentadas por um grupo social de qualquer natureza ou dimensão, as quais refletem, racionalizam e defendem os próprios interesses e compromissos institucionais, sejam estes morais, religiosos, políticos ou econômicos.
Todas as classes sociais deixam as marcas de sua visão de mundo, dos seus valores e crenças, ou seja, de sua ideologia, no uso que fazem da linguagem. A linguagem, portanto, é a materialização da nossa ideologia. É por isso que a cada formação ideológica corresponde uma formação discursiva específica.
A formação discursiva é governada por uma formação ideológica e como uma formação discursiva é um dos componentes de uma formação ideológica específica, ela é um espaço de embates, de lutas ideológicas.
Acervo ou conhecimento prévio
Acervo ou conhecimento prévio é essa configuração historiográfica, somada ao tempo histórico de composição do texto e do processamento efetivo dos atos de leitura, que produz os sentidos. Um leitor, que possui um repertório mais vasto, poderá acionar um processo de diálogo com outros textos mais apurado e, portanto, depreenderá muito mais sentidos do texto. 
Assim, considerar o leitor e seus conhecimentos, e que esses conhecimentos são diferentes de um leitor para outro implica, necessariamente, aceitar uma pluralidade de leituras e de sentidos em relação a um mesmo texto.
 Intertextualidade e interdiscursividade: pluralidade de leituras e sentidos
A intertextualidade consiste em importante recurso de linguagem que evidencia o caráter multifacetado e dialógico do discurso. Para se pensar em intertextualidade, convém retomar o conceito basilar do pensamento bakhtiniano, já trabalhado na Unidade II, capítulo 3, o dialogismo, que é o princípio constitutivo da linguagem do qual se derivam, em síntese, duas noções: o diálogo entre interlocutores e o diálogo entre textos.
Intertextualidade, conforme destaca Fiorin (2006), é um tipo particular de interdiscursividade em que se relacionam textos de materialidades distintas. A intertextualidade pode ser compreendida, então, como o diálogo entre textos, ou seja, a presença de um texto em outro; ao passo que a interdiscursividade constitui uma memória discursiva que forma um sentido global para a atividade discursiva. Esse autor enfatiza que as relações entre textos ocorrem “quando duas vozes se acham no interior de um mesmo texto” e “ há relações entre textos, quando um texto se relaciona dialogicamente com outro texto já constituído”. Há no texto que se relaciona com ele o encontro de dois textos [ou mais?] (FIORIN, 2006, p. 181-182).
A interdiscursividade é condição própria do discurso, à medida que os enunciados se concretizam nessa pluralidade de vozes, em que se constroem os sentidos, percebidos por cada sujeito nas relações de interação. Interdiscursividade é, portanto, a relação dialógica entre enunciados/discursos, porque sempre há, no processo discursivo, o embate entre locutor e seu interlocutor. Apreender os confrontos que geram os sentidos desse enunciado/discurso é essencial para que o sujeito possa captar o dialogismo que perpassa por ele.
Dessa forma, a intertextualidade caracteriza-se por remeter um texto a outros, seja por meio de paródias, alusões, estilizações, citações, repetições de situações narrativas, de personagens ou outros instrumentos. É na relação com o discurso do outro que se apreende a ideologia e o aspecto histórico-social que perpassa o discurso, ou melhor, o dialogismo é parte constitutiva e inscrita no interior do discurso. 
Relação interdiscursiva e relação intertextual: o movimento dos sentidos
Todo discurso, segundo esse autor, é uma resposta ao discurso de outra pessoa, seja para confirmar, seja para ampliar ou discordar do que o outro disse.
Assim, discurso citado é o discurso incorporado por outro discurso e ele pode ocorrer em todos os tipos de linguagem, como: no cinema, no teatro, na música, na literatura, nas artes plásticas, no jornalismo, nas tiras humorísticas, nas charges, na publicidade.
Desse modo, mesmo que não se tenha consciência disso, a todo instante se está dialogando com o discurso dos outros e trazendo para dentro do nosso discurso, diferentes vozes com que se tem contato, como: as vozes dos autores de livros, jornais e revistas lidos, dos professores... Enfim, para se constituir, nosso discurso incorpora os discursos de muitas outras pessoas.
Reitera-se que toda relação interdiscursiva é uma relação intertextual; contudo, a interdiscursividade é mais ampla que a intertextualidade. Naquela, quando um discurso cita outro, não há apenas referência ao texto ou as partes do texto citado, mas também à situação de produção dele (quem fez, para quê, em que momento histórico, com qual finalidade), à ideologia subjacente e aos significados que aquele discurso foi assumido historicamente.
2. Modalização da linguagem na produção de textos
Pontua-se que a modalização se apresenta como um fenômeno que permite ao locutor deixar registrado, no seudiscurso, marcas de sua subjetividade por meio de determinados elementos lingüístico-discursivos e, portanto, imprimir um modo como esse discurso deve ser lido. Dessa forma, age em função da interlocução.
Em outros dizeres, a modalização é um fenômeno inerente à linguagem humana porque, por meio dela, pode-se expressar avaliação sobre o dito e interagir com nossos interlocutores, indicando ora como nosso enunciado deve ser lido, ora como se quer que o interlocutor (re)aja.
Logo, o estudo dos elementos modalizadores deve estar voltado para o uso da linguagem, para os efeitos de sentido que esses elementos provocam nos enunciados e nos textos.
Para o estudo da modalização da linguagem, parte-se também do entendimento de que o discurso é o efeito de sentidos entre interlocutores, pensando o fato dos sentidos se relacionarem com os textos e suas condições de produção; com os diferentes tipos de textos; e com as relações do dizer com o que não é dito. Resulta daí o caráter múltiplo e incompleto do sentido, jamais fechado e acabado.
Efeito Modalizador dos Pressupostos
A noção de pressuposição é relevante para o estudo do significado lingüístico. Os pressupostos podem ser considerados como sensíveis ao contexto discursivo, seja ele de natureza semântica ou pragmática, no qual o enunciado poderá ser desenvolvido. 
A pressuposição é a relação que se estabelece entre os elementos, de modo que a presença de um deles é condição necessária para a presença do outro. 
A outra forma de implícito – o subentendido – só aparece ligada à enunciação, ao componente retórico, constituindo uma opção de organização do discurso e produzindo efeitos de sentido que surgem na interpretação. 
O subentendido não aparece marcado na frase; é fruto de um processo interpretativo. Pelo fato de sugerir, sem dizer, o subentendido funciona como estratégia de não comprometimento do enunciador. 
Assim, o pressuposto é uma informação estabelecida como indiscutível ou evidente tanto para o falante quanto para o ouvinte, pois a estrutura lingüística oferece os elementos necessários para depreender o sentido do enunciado.
Modalização e leitura
Em determinados textos, a observância dos modalizadores é de fundamental importância para a construção de um sentido mais global do próprio texto. 
Por essa razão, quando da ocorrência de modalizadores, o aluno deve considerar os efeitos de sentido que eles geram, bem como de que maneira esses modalizadores interferem para a compreensão global.
Resumo: definição e usos
O resumo pode apresentar-se de várias formas, conforme o objetivo a que se destina. No sentido estrito, padrão, deve reproduzir as opiniões do autor do texto original, a ordem como essas são apresentadas e as articulações lógicas do texto, sem emitir comentários ou juízos de valor. 
Dito de outro modo, resumir trata-se de reduzir o texto a uma fração da extensão original, mantendo sua estrutura e seus pontos essenciais.
Em qualquer tipo de resumo, entretanto, certos cuidados são indispensáveis: como buscar a essência do texto e manter-se fiel às idéias do autor. 
Copiar partes do texto e fazer uma "colagem", sob a alegação de buscar fidelidade às idéias do autor não é permitido, pois o resumo deve ser o resultado de um processo de "filtragem", uma (re) elaboração de quem resume. Se for conveniente utilizar excertos do original (para reforçar algum ponto de vista, por exemplo), esses devem ser breves e estar identificados (autor e página).
Resumir um texto não é reproduzir frases ou partes integrais do texto original, construindo uma espécie de colagem de suas idéias principais. Isso é fragmentar um texto, não resumi-lo. Em um resumo devem-se apresentar, com as próprias palavras, com autonomia de linguagem, os pontos relevantes de um texto.
Fazer um resumo, portanto, requer técnica e significa elaborar um novo texto. Assim, é impossível fazê-lo sem antes compreender o conteúdo global do texto primitivo.
Afinal, o resumo tem por objetivo apresentar com fidelidade idéias ou fatos essenciais contidos num texto. Sua elaboração é bastante complexa, já que envolve habilidades como leitura competente, análise detalhada das idéias do autor, discriminação e hierarquização dessas idéias e redação clara e objetiva do texto final.
Resenha: definição e usos 
Resenha é um texto que, além de resumir o objeto, faz uma avaliação sobre ele, uma crítica, apontando os aspectos positivos e negativos. Trata-se, portanto, de um texto de informação e de apreciação crítica.
A resenha, por ser em geral um resumo crítico, exige que o resenhista seja alguém com conhecimentos na área, uma vez que avalia a obra, julgando-a criticamente.
O objetivo da resenha é divulgar objetos de consumo cultural - livros, filmes peças de teatro, por isso a resenha é um texto de caráter efêmero, pois "envelhece" rapidamente, muito mais que outros textos de natureza opinativa.
Técnica da resenha
Trata-se de um trabalho científico que pressupõe conhecimento do conjunto da obra e não apenas de um de seus componentes (capítulos), leitura analítica, realização de anotações, maturidade intelectual, poder de síntese, capacidade crítica, objetividade, seriedade e uso de linguagem culta. E por isso tem que ter as seguintes orientações:
A resenha tem que associar argumentos, informações e juízes de valor. 
A preocupação com a contextualização é necessária, porque ajuda o leitor a situar a obra no conjunto maior a que ela pertence. 
O título representa o primeiro contato do leitor com a obra analisada e deve informá-lo do tema da obra. A leitura já pode trazer algum juízo de valor. A identificação do autor da resenha pode preceder o texto ou aparecer no final.
No primeiro parágrafo, que é a introdução, apresenta-se o contexto no qual a obra resenhada se insere. O autor da resenha também deve trazer neste parágrafo as informações básicas (título, autor, editora, número de páginas, preço, exemplares vendidos) sobre o livro que será analisado. 
Dentre essas informações, merece atenção especial a descrição resumida do conteúdo da obra e uma breve apresentação do autor do texto resenhado 
O que se deve observar é que o parágrafo inicial costuma sempre trazer uma contextualização do tema abordado. 
A partir do segundo parágrafo começa o desenvolvimento do texto, em que é construída uma cadeia argumentativa. 
Deve haver neste parágrafo uma expansão do contexto mais geral no qual se insere o livro resenhado. 
O autor do texto deve informar aos seus leitores outras obras semelhantes, publicadas no Brasil, por exemplo. 
No terceiro parágrafo, o autor deve concentra-se na análise do objeto da resenha e parte de um breve resumo do enfoque que a obra dá para introduzir mais alguns juízos de valor, agora voltados para a avaliação da obra resenhada.
Reitera-se que a avaliação crítica é a parte principal da resenha, pois é o momento em que o resenhista realiza uma apresentação crítica da obra, destacando sua coerência interna, originalidade, contribuição científica, clareza na exposição da idéia central e nos argumentos, êxito no objetivo proposto, avaliação da disposição de sua estrutura (capítulos), do método, da linguagem e do estilo utilizados.
No último parágrafo, apresenta-se a conclusão que deve ser uma reafirmação da avaliação feita sobre a obra resenhada.

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