Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
307 Odontol. Clín.-Cient., Recife, 9 (4) 307-309, out./dez., 2010 www.cro-pe.org.br Análise crítica da classifi cação das doenças periodontais após dez anos: essencialismo e nominalismo na nova taxonomia Critical analysis of the periodontal diseases’ classifi cation after ten years: essentialism and nominalism in the new taxonomy. DESCRITORES: Classifi cação das Doenças Periodon- tais; Essencialismo; Nominalismo; Taxonomia; Etiopatogenia da doença periodontal. Keywords: Classifi cation of P eriodontal Diseases; Es- sentialism; Nominalism; Taxonomy; Etio - pathogenic of periodontal diseases. Endereço para correspondência Flávio Anibal Goiris Rua 7 de Setembro, 800 - Conj 508 CEP: 84010-350 - Ponta Grossa - PR Fábio Aníbal Goiris1, Jéssica Elaine Witek2, Tatiane Michelle Striechen2 1Mestre em Periodontia pela USP/Bauru e Professor da Disciplina de Periodontia da UEPG (Universidade Estadual de Ponta Grossa - Paraná) 2Acadêmica do curso de Odontologia da Universidade Estadual de Ponta Grossa. INTRODUÇÃO Desde H ipócrates (460 a 377 a.C ), já se discutia a etio - logia das diferentes alterações que afetam os dentes, como o sangramento gengival e a mobilidade. Gottlieb2 (1923) pu- blicou um ar tigo c om uma das primeiras classifi cações das doenças periodontais: Tipo I: Schmutz-Pyorrhoe: denominada de "piorreia alveolar" (seria a atual geng ivite). Tipo II: P iorreia paradental: uma ost eoporose difusa c om bolsas periodontais profundas. Tipo III: A trofi a alveolar: uma lesão difusa e dege - nerativa do osso alv eolar, denominada periodont ose. Tipo IV: Trauma oclusal: alteração dos tecidos periodontais de suporte, por carga oclusal excessiva. Durante o século X X, apar eceram outras class ifi cações das doenças periodontais . Uma alt eração positiva f oi a exclu- são defi nitiva do t ermo periodontose, quando não se c onse- Abstract Periodontal diseases appears under several clinics forms and can be modifi ed by local and systemic varia- bles, what has result in permanent alteration of his taxonomy. The proposals of classifi cation were always based in a nominalist and/or essentialist concept of disease. The essentialist concept, for example, me- ans that the periodontitis is a connection among the causes, the signs and symptoms of the disease, but without considering that they possess diff erences amongst themselves in the aetiology, natural history, progression and response to the therapy. The result was the imprecise classifi cations and the arbitrary in- terpretations. An important contribution to overcome the essencialist concept was the new classifi cation of the periodontal diseases presented by American Academy of Periodontolo- gy, AAP1, in 1999. The purpose of this review is to present a discussion concerning the fi rst 10 years of the new classifi cation, pointing their confl icting points. RESUMO As doenças periodontais apr esentam-se sob várias f ormas clínicas e podem ser modifi cadas por variáveis locais e sist êmicas, o que t em resultado em permanent e alteração da sua tax onomia. As propostas de classifi cação sempre estiveram fundamentadas num conceito nominalista e/ou essencialista de doença. Segundo o nominalismo, a periodontite é uma ligação entre as cau- sas, os sinais e sintomas da doença, sem considerar que possuem diferenças entre si na etiologia, história natural, progressão e resposta à terapia. Disso resultaram classifi cações imprecisas e inter- pretações arbitrárias. Uma contribuição importante para superar estes conceitos foi a nova classifi - cação das doenças periodontais apresentadas pela AAP (Academia Americana de Periodontia)1 em 1999. O objetivo deste trabalho é o de apresentar uma discussão acerca da classifi cação de 1999, nos seus primeiros 10 anos de existência, apontando seus pontos confl itantes. guiu pr ovar que , nas doenças periodontais , pudesse existir algum processo tecidual de tipo degenerativo3. Não obstante sempre existiram controvérsias sobre qual seria a melhor classifi cação para as doenças periodontais . Discutia-se, por exemplo: 1) se os fat ores sistêmicos por si sós podem causar doença periodontal. 2) se a formação de bolsa pode ocorrer na ausência de infl amação. 3) se as doen- ças dermatológicas que apar ecem na ca vidade oral , por não causarem bolsas sob a forma de perda de inserção clínica, po- deriam ser incluídas como doenças periodontais. 4) se a pe- riodontite é essencialmente a mesma doença que a gengivite4. As principais respostas àquelas controvérsias podem ser sumarizadas em que: não existe evidência comprovada de que as doenças sist êmicas causem doença periodontal . Não há comprovação histopatológica de que a formação de bolsa pe- riodontal verdadeira possa oc orrer em ausência de pr ocesso Artigo de Revisão / Review Articie Prinect Color Editor: Page is color controlled with Prinect Color Editor: 3.0.52nullCopyright 2005 Heidelberger Druckmaschinen AGnullnullTo view actual document colors and color spaces,nullplease download free Prinect Color Editor: (Viewer) Plug-In from:nullhttp://www.heidelberg.comnullnullApplied Color Management Settings:nullOutput Intent (Press Profile): Coated FOGRA39 (ISO 12647-2:2004)nullnullRGB Image:nullProfile: ECI_RGB.iccnullRendering Intent: From DocumentnullBlack Point Compensation: nonullnullRGB Graphic:nullProfile: ECI_RGB.iccnullRendering Intent: From DocumentnullBlack Point Compensation: nonullnullCMYK Image:nullProfile: ISOcoated_v2_eci.iccnullRendering Intent: From DocumentnullBlack Point Compensation: nonullPreserve Black: K=KnullnullCMYK Graphic:nullProfile: ISOcoated_v2_eci.iccnullRendering Intent: From DocumentnullBlack Point Compensation: nonullPreserve Black: K=KnullnullDevice Independent RGB/Lab Image:nullRendering Intent: From DocumentnullBlack Point Compensation: nonullnullDevice Independent RGB/Lab Graphic:nullRendering Intent: From DocumentnullBlack Point Compensation: nonullnullDevice Independent CMYK/Gray Image:nullRendering Intent: From DocumentnullBlack Point Compensation: nonullnullDevice Independent CMYK/Gray Graphic:nullRendering Intent: From DocumentnullBlack Point Compensation: nonullnullTurn R=G=B (Tolerance 0.5%) Graphic into Gray: nonullnullTurn C=M=Y,K=0 (Tolerance 0.1%) Graphic into Gray: nonullCMM for overprinting CMYK graphic: nonullGray Image: Apply CMYK Profile: nonullGray Graphic: Apply CMYK Profile: nonullTreat Calibrated RGB as Device RGB: nonullTreat Calibrated Gray as Device Gray: nonullRemove embedded non-CMYK Profiles: yesnullRemove embedded CMYK Profiles: yesnullnullApplied Miscellaneous Settings:nullAll Colors to knockout: nonullPure black to overprint: yes Limit: 95%nullTurn Overprint CMYK White to Knockout: yesnullTurn Overprinting Device Gray to K: nonullCMYK Overprint mode: as isnullCreate "All" from 4x100% CMYK: nonullDelete "All" Colors: nonullConvert "All" to K: nonull Análise crítica da classifi cação das doenças periodontais após dez anos Goiris FA, Witek JE, Striechen TM 308 Odontol. Clín.-Cient., Recife, 9 (4) 307-309, out./dez., 2010 www.cro-pe.org.br infl amatório. Não se conseguiu afi rmar que doenças dermato- lógicas provoquem ou infl uenciem a progressão da periodon- tite. A geng ivite nem sempr e estaria pr ogredindo para uma periodontite, e as evidências são insufi cientes para afi rmar que a periodontite e a gengivite sejam doenças diferentes4. O ESSENCIALISMO E O NOMINALISMO NA CLASSIFICA ÇÃO DAS DOEN- ÇAS PERIODONTAIS O dilema das classifi cações das doenças que af etam os seres humanos t em perpassado dois c onceitos negativ os: o nominalismo e o essencialismo. As classifi cações baseadas no nominalismo t êm apr e- sentado o problema de colocar o mesmo nome para doenças que apresentavam uma aparência clínica semelhante. Os no - minalistas simplesment e r otulavam as doenças , of erecendo pouca informaçãosobre a etiolog ia subjacente. O nominalis- mo defendia o conceito de que não existem doenças, mas pes- soas doentes, o que era uma forma inaceitável de classifi car doenças5,6. Além disso, o nominalismo apr esentava o pr oblema de negar a exist ência aos univ ersais. Ou seja, desc onsiderava os gêneros e as espécies , aceitando somente a exist ência do in- dividual e do par ticular6. P or ex emplo, denomina-se apenas de geng ivite uma doença periodontal , cujo por tador é um paciente diabético descompensado. A existência individual à doença é v erdadeira (gengivite), porém o conceito universal mais grave (a doença sistêmica, diabetes, capaz de alterar pro- fundamente a resposta do hospedeiro) é omitido. De outra par te, o c onceito essencialista pr ocurou subs- tituir ou superar o modelo nominalista da doença. O essencia- lismo (que já existia desde Arist óteles e depois adotado pelo botânico Lineu no século XVI) entendia que, para cada doença, existe uma etiolog ia específi ca subjacente. Nesse aspec to, foi um avanço. Não obstante, o essencialismo resultou problemá- tico por utilizar o princípio do causalismo , ou seja, da r elação causa e efeito (tal bactéria causa tal doença6. Disso resultaram classifi cações arbitrárias e imprecisas. O essencialismo defendia a ideia de que a periodontite era simplesmente uma co-relação funcionalista e hierarquiza- da entre as causas e os sinais e sintomas da doença5. O modelo biomédic o estruturado sob o essencialismo derivou para uma c onceituação equiv ocada, em que det er- minados sint omas pr efi guram det erminadas doenças . Esse conceito é negativo por omitir a dimensão da vida em que as pessoas são singular es, estando pr óximo do dualismo car te- siano, que deliberadamente separava o corpo da alma. Para o essencialismo, as doenças sempre foram pensadas em si mes- mas, desconectadas das pessoas e da subjetividade dos seus portadores 6. Da análise desses dois modelos , nominalista e essen- cialista, autores, como V ander V elden7, optaram pelo nomi- nalismo. Ou seja, mesmo r econhecendo as insufi ciências e os defeitos do modelo nominalista, defendem o conceito de que a classifi cação nominalista da doença periodontal pode ser aceita. Na defesa do nominalismo (denominado de neonomi- nalismo), foram apresentadas quatro dimensões que sempr e deveriam nortear a classifi cação das doenças periodontais: 1) extensão da doença, 2) severidade da doença, 3) idade do pa- ciente e 4) características clínicas 7. A ex tensão da doença r efere-se ao númer o de den- tes que f oram af etados (podendo ser : incidental , localizada, semigeneralizada e generalizada). A severidade da doença refere-se à constatação de que pode existir uma per da óssea: mínima, moderada ou a vançada (a perda de 6mm de osso al- veolar representaria um caso a vançado). A idade do pacient e deve ser considerada: 1) periodontite de início precoce subdi- vidida em: periodontit e pré-puberal (em t orno dos 12 anos), periodontite juvenil (entre 13 a 20 anos), periodontite do pós- adolescente (21 a 35 anos) e 2) periodontit e do adult o (que se inicia aos 36 anos). P or fi m, a classifi cação deve considerar as características clínicas. Por exemplo: pacientes afetados por doenças sistêmicas; pacientes que usam medicament os, etc., que amplifi cam a severidade da perda de inserção clínica. Dis- so podem sur gir as periodontit es necrosantes, de pr ogressão rápida, e as refratárias. Diante do exposto, reconheceu-se a necessidade de re- ver e atualizar as classifi cações. Desde 1999, a Academia Ame- ricana de Periodontia, AAP1, passou a adotar uma Nova Classi- fi cação para as doenças periodontais, visando superar tanto o essencialismo quanto o nominalismo . Essa no va classifi cação surgiu de um c onsenso de vários especialistas do mundo in- teiro. A NOVA CLASSIFICAÇÃO: CONCEITOS E DISCUSSÕES Na antiga Classifi cação das Doenças P eriodontais de 1982 e , depois , na classifi cação da A cademia Americana de Periodontia, de 1989, utilizaram-se termos, como: Periodontite de Estabelecimento Precoce (Early Onset Periodontitis – EOP); Periodontite de Progressão Rápida (Rapidly Progressing Perio- dontitis - RPP) e P eriodontite Juvenil (localizada e generaliza- da)1,8. Contudo, em 1999, a Academia Americana de Periodon- tia passou a adotar o t ermo Periodontite Agressiva e , com isso, ex cluiu as periodontit es de tipo pr ecoce que af eta- riam pessoas com idade igual ou menor que 35 anos: 1) Periodontite Pré-Puberal (PP); 2) Periodontite de Progressão Rápida (RPP), que afetaria pessoas entre 25 a 30 anos e 3) Periodontite Juvenil, localizada e generalizada (que af etaria pessoas com idade entre a puberdade e os 20 anos)2. A ex clusão dessas f ormas ant eriores “precoces de pe - riodontites parece ter deixado uma lacuna no sentido de que tanto o pesquisador c omo o clínico perderam a referência da idade para out orgar precisão diagnóstica às f ormas precoces e juvenis da doença. A s generalizações taxonômicas do tipo agressivas da classifi cação de 1999 podem estar perdendo em precisão clínica, visto que o seu alcance, de extrema amplitu- de, desconsidera variáveis, como idade do paciente e tempo de instalação da doença. De outra parte, a inclusão do t ermo Periodontite Agres- siva, na nova Classifi cação de 1999, estaria dando a conotação de que as outras f ormas de periodontit es, como as cr ônicas, não seriam agressivas. Contudo, a doença periodontal (perio- dontite), inclusive em sua forma crônica, é certamente agressi- va, no sentido da sua história natural, sua evolução patogênica e seus efeitos deletérios, como a perda dentária7. Diante disso, Van der Velden11 diz preferir uma classifi cação mais simples e de tipo nominalista: 1 Periodontites de início pr ecoce,2. Perio- dontite do adulto,3. Periodontites necrosantes. De ac ordo c om a no va Classifi cação, de 1999, o termo Periodontite Crônica substituiu a forma anterior de Pe- riodontite do A dulto, em razão de que c onsiderar somente a idade do pacient e não seria adequado , visto que se criariam dilemas diagnósticos. Afi nal, formas adultas de periodontit es podem ser vistas, também, em adolescentes. Disso resultaria a incongruência de dizer que um adolescente com determinado padrão de per da t ecidual apr esenta, parado xalmente, perio - dontite do adulto. Esta foi também uma das razões para excluir da nova classifi cação as formas precoces e juvenis da doença 8. Contudo, o t ermo periodontite crônica estaria dando a conotação de uma doença de lar ga duração e, como algumas doenças deste tipo, entendida como incurável ou que não res- ponde a o t ratamento. P ode-se a rgumentar, c ontrariamente, que o t ermo “crônica r efere-se, apenas , à pr ogressão da do - Prinect Color Editor: Page is color controlled with Prinect Color Editor: 3.0.52nullCopyright 2005 Heidelberger Druckmaschinen AGnullnullTo view actual document colors and color spaces,nullplease download free Prinect Color Editor: (Viewer) Plug-In from:nullhttp://www.heidelberg.comnullnullApplied Color Management Settings:nullOutput Intent (Press Profile): Coated FOGRA39 (ISO 12647-2:2004)nullnullRGB Image:nullProfile: ECI_RGB.iccnullRendering Intent: From DocumentnullBlack Point Compensation: nonullnullRGB Graphic:nullProfile: ECI_RGB.iccnullRendering Intent: From DocumentnullBlack Point Compensation: nonullnullCMYK Image:nullProfile: ISOcoated_v2_eci.iccnullRendering Intent: From DocumentnullBlack Point Compensation: nonullPreserve Black: K=KnullnullCMYK Graphic:nullProfile: ISOcoated_v2_eci.iccnullRendering Intent: From DocumentnullBlack Point Compensation: nonullPreserve Black: K=KnullnullDevice Independent RGB/Lab Image:nullRendering Intent: From DocumentnullBlack Point Compensation: nonullnullDevice Independent RGB/LabGraphic:nullRendering Intent: From DocumentnullBlack Point Compensation: nonullnullDevice Independent CMYK/Gray Image:nullRendering Intent: From DocumentnullBlack Point Compensation: nonullnullDevice Independent CMYK/Gray Graphic:nullRendering Intent: From DocumentnullBlack Point Compensation: nonullnullTurn R=G=B (Tolerance 0.5%) Graphic into Gray: nonullnullTurn C=M=Y,K=0 (Tolerance 0.1%) Graphic into Gray: nonullCMM for overprinting CMYK graphic: nonullGray Image: Apply CMYK Profile: nonullGray Graphic: Apply CMYK Profile: nonullTreat Calibrated RGB as Device RGB: nonullTreat Calibrated Gray as Device Gray: nonullRemove embedded non-CMYK Profiles: yesnullRemove embedded CMYK Profiles: yesnullnullApplied Miscellaneous Settings:nullAll Colors to knockout: nonullPure black to overprint: yes Limit: 95%nullTurn Overprint CMYK White to Knockout: yesnullTurn Overprinting Device Gray to K: nonullCMYK Overprint mode: as isnullCreate "All" from 4x100% CMYK: nonullDelete "All" Colors: nonullConvert "All" to K: nonull Análise crítica da classifi cação das doenças periodontais após dez anos Goiris FA, Witek JE, Striechen TM 309 Odontol. Clín.-Cient., Recife, 9 (4) 307-309, out./dez., 2010 www.cro-pe.org.br ença no t empo e não signifi ca uma doença não -tratável. Van der Velden7 apresenta certas desvantagens da classifi cação de 1999:1) a exist ência de sobr eposições entr e as dif eren- tes categorias diagnósticas;2) a necessidade de dados sobre a progressão prévia da doença; 3) a nec essidade de inf ormação detalhada sobre a qualidade do tratamento realizado anterior- mente e4 a resposta tecidual do paciente a essa terapia. Outro aspecto discutível da classifi cação de 1999 diz res- peito à Diabetes Mellitus, que foi incluída apenas dentro das “Doenças Gengivais” (doenças modifi cadas por fat ores sistê- micos). Contudo, os casos de doença periodontal por diabetes apresentam também per da óssea ex tensa e exac erbada infl amação tecidual que ultrapassa os limit es de uma simples condição de “doença gengival”. Por essa razão, deveria existir, na classifi cação de 1999, um espaç o para classifi car diabetes como sendo par te também das periodontit es e não , apenas, das gengivites. Paradoxalmente, entretanto, as leuc emias fo- ram incluídas tanto na forma de gengivites como na forma de periodontites. Esta seria a forma correta de classifi carem certas doenças sistêmicas que afetam o periodonto. Pode-se questionar ainda a razão pela qual a classifi - cação de 1999 desc onsiderou a denominada peric oronarite, termo que ainda v em sendo utilizado por L eung9, na f orma de uma af ecção geng ival aguda, que oc orre geralment e em torno de t erceiros molar es em fase de erupção . A classifi ca- ção de 1999 incluiu apenas a f orma a vançada ou ag ravada de peric oronarite, que é o absc esso peric oronário. C ontudo, muitos pacient es c ontinuam a apr esentar apenas alt erações gengivais na forma de pericoronarite e não, obrigatoriamente uma afecção na f orma de absc esso periodontal peric oro- nário (“P ericoronal absc ess), que incluiria aument o de v o- lume tecidual e secreção purulenta. Isso seria um refl exo do antigo nominalismo? Os nominalistas agrupavam as doenças de aparência semelhante sob um mesmo nome , acreditando não terem existência individual6. Nesse sentido, foi um ponto positivo para a Classifi cação de 1999 a introdução de duas doenças agudas na forma de Doenças Periodontais Necrosan- tes: a Gengivite Ulcerativa Necrosante (GUN) e a subsequente Periodontite Ulcerativa Necrosante (PUN). É de interesse salientar também que fatores, como fumo e aspec tos psic ossomáticos, por ex emplo, não f oram incluí- dos, na Classifi cação de 1999, como modifi cadores da resposta infl amatória, talvez com razão, uma v ez que os casos clínicos periodontais, em que estão pr esentes est es fat ores, não são patognomônicos de det erminados padr ões infl amatórios periodontais. O fumo afetaria todas as formas de doenças gengivais e periodontais e , portanto, embora de extrema importância, não poderia ser incluído como um fator isolado. Outra doença impor tante, como a AIDS - Síndr ome da Imunodefi ciência Adquirida, também não foi incluída na nova classifi cação, provavelmente pela mesma razão de não apre- sentar uma forma patognomônica de doença periodontal. Ou- tro ponto positivo da classifi cação de 1999 é a introdução das “doenças gengivais” (gengivites) com uma precisa distribuição dos fatores que afetam os tecidos gengivais, como fatores sis- têmicos, dr ogas, nutrição inadequada, lesões não -induzidas por placa, doenças geng ivais de origem genética, viral , por fungos, etc. Finalmente, é preciso enfatizar outro aspecto, certamen- te positivo da classifi cação de 1999: a exclusão da denominada Periodontite Refratária como uma entidade única e separada. A partir disso, a Periodontite Refratária passou a ser entendida como fazendo parte de t odas as f ormas de periodontit es, ou seja, das formas crônicas, das formas agressivas, etc. Assim, po- derá existir, por exemplo, uma Periodontite Refratária Crônica. CONCLUSÕES 1. A no va classifi cação das doenças periodontais da Academia Americana de Periodontia de 1999 baseou-se na re- lação infecção/resposta do hospedeiro e incorporou aspectos positivos, procurando superar o modelo nominalista e, tam- bém, essencialista das classifi cações anteriores. 2. A generalização do t ermo P eriodontite A gressiva tem recebido críticas, pois classifi ca a doença pelos sinais e sin- tomas, sem considerar o grau de progressão da doença desde seu início e tampouco a idade do paciente. 3. A eliminação da idade do pacient e como parâme- tro de classifi cação e a ex clusão das f ormas anteriores, Perio- dontite Pré-Puberal, Periodontite de Início Precoce, Periodon- tite de P rogressão R ápida e P eriodontite Juv enil, par ece t er deixado uma lacuna na taxonomia das doenças periodontais e difi cultado o diagnóstico por parte do profi ssional clínico. 4. A não inclusão da presença de doenças como “pe- riodontite do diabético” na classifi cação de 1999 seria um r es- quício do modelo nominalista, por ac eitar condições particu- lares e negar a existência de elementos universais. 5. E importante considerar a proposta de autores que defendem o neo - essencialismo ( Van der Velden, 2005)7, no qual a classifi cação sempre deveria ter por base quatro di- mensões: extensão da doença, severidade da doença, idade do paciente e características clínicas. REFERÊNCIAS 1. Armitage, G. C. American Academy of Periodontology. Prince- ton. New Jersey. Proceedings of the World Workshop in Clinical Periodontics, 1989, v.1 p.23-24. 2. Gottlieb, B. Die Difuse Atophie der Aleolarknochen. Z. Stoma- tol., 1923, 21:195. 3. Box, H.K . Periodontal Studies. Toronto, Canada: University of Toronto Press, 62:915, 1940. 4. Ramfj ord, S.P. & Ash, M. Periodontology and Periodontics. W.B. Sunders Company, London, 1982, 89-90. 5. Baellum, V. e L opes, R, Defi ning and classifying perio - dontitis: need f or a paradig m shift?, European Journal Of Oral Sciences, 11(1) – 2. 2003 6. Sanchez, G. H istoria, Teoría y M étodo de la M edicina. Madri, Edit. Masson Elsevier, 1998. 7. Van der Velden, U. Purpose and problems of periodontal disea- se classifi cation. Periodontology 2000, 2005, Vol. 39, 13-21 8. Armitage, G. C. Development of a classifi cation system for pe- riodontal diseases and c onditions. Ann Periodontol, Chicago, v. 4, n. 1, p. 1-6, Dec. 1999. 9. Leung, W.K. Microbiology of the peric oronal pouch in mandi- bular third molar pericoronitis. Oral Microbiology and Immuno- logy , 2007, 8: 306 – 312 10. Loe, H.; Anerud, A.; Boysen, H.; Borison, E. Natural history of periodontal disease in man. Rapid, moderateand no loss of atta- chment in Sri Lankan labores 14 to 46 years of age. J Clin Periodontol, 1986, 13:431-440 11. Page, R.C. & Schroeder, H.E. Periodontitis in man and Others Animals, a comparative review. Basel, New York, Karger, 1982, 223 Recebido para publicação: 10/02/10 Encaminhado para reformulação: 16/06/10 Aceito para publicação: 05/08/10 Prinect Color Editor: Page is color controlled with Prinect Color Editor: 3.0.52nullCopyright 2005 Heidelberger Druckmaschinen AGnullnullTo view actual document colors and color spaces,nullplease download free Prinect Color Editor: (Viewer) Plug-In from:nullhttp://www.heidelberg.comnullnullApplied Color Management Settings:nullOutput Intent (Press Profile): Coated FOGRA39 (ISO 12647-2:2004)nullnullRGB Image:nullProfile: ECI_RGB.iccnullRendering Intent: From DocumentnullBlack Point Compensation: nonullnullRGB Graphic:nullProfile: ECI_RGB.iccnullRendering Intent: From DocumentnullBlack Point Compensation: nonullnullCMYK Image:nullProfile: ISOcoated_v2_eci.iccnullRendering Intent: From DocumentnullBlack Point Compensation: nonullPreserve Black: K=KnullnullCMYK Graphic:nullProfile: ISOcoated_v2_eci.iccnullRendering Intent: From DocumentnullBlack Point Compensation: nonullPreserve Black: K=KnullnullDevice Independent RGB/Lab Image:nullRendering Intent: From DocumentnullBlack Point Compensation: nonullnullDevice Independent RGB/Lab Graphic:nullRendering Intent: From DocumentnullBlack Point Compensation: nonullnullDevice Independent CMYK/Gray Image:nullRendering Intent: From DocumentnullBlack Point Compensation: nonullnullDevice Independent CMYK/Gray Graphic:nullRendering Intent: From DocumentnullBlack Point Compensation: nonullnullTurn R=G=B (Tolerance 0.5%) Graphic into Gray: nonullnullTurn C=M=Y,K=0 (Tolerance 0.1%) Graphic into Gray: nonullCMM for overprinting CMYK graphic: nonullGray Image: Apply CMYK Profile: nonullGray Graphic: Apply CMYK Profile: nonullTreat Calibrated RGB as Device RGB: nonullTreat Calibrated Gray as Device Gray: nonullRemove embedded non-CMYK Profiles: yesnullRemove embedded CMYK Profiles: yesnullnullApplied Miscellaneous Settings:nullAll Colors to knockout: nonullPure black to overprint: yes Limit: 95%nullTurn Overprint CMYK White to Knockout: yesnullTurn Overprinting Device Gray to K: nonullCMYK Overprint mode: as isnullCreate "All" from 4x100% CMYK: nonullDelete "All" Colors: nonullConvert "All" to K: nonull
Compartilhar