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Odontol. Clín.-Cient., Recife, 9 (4) 307-309, out./dez., 2010
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Análise crítica da classifi cação das doenças periodontais após 
dez anos: essencialismo e nominalismo na nova taxonomia
Critical analysis of the periodontal diseases’ 
classifi cation after ten years: essentialism and 
nominalism in the new taxonomy.
DESCRITORES:
Classifi cação das Doenças Periodon-
tais; Essencialismo; Nominalismo; 
Taxonomia; Etiopatogenia da doença 
periodontal.
Keywords:
Classifi cation of P eriodontal Diseases; Es-
sentialism; Nominalism; Taxonomy; Etio -
pathogenic of periodontal diseases.
Endereço para correspondência
Flávio Anibal Goiris
Rua 7 de Setembro, 800 - Conj 508
CEP: 84010-350 - Ponta Grossa - PR
Fábio Aníbal Goiris1, Jéssica Elaine Witek2, Tatiane Michelle Striechen2
1Mestre em Periodontia pela USP/Bauru e Professor da Disciplina de Periodontia da UEPG (Universidade Estadual de Ponta Grossa - Paraná) 
2Acadêmica do curso de Odontologia da Universidade Estadual de Ponta Grossa.
INTRODUÇÃO
Desde H ipócrates (460 a 377 a.C ), já se discutia a etio -
logia das diferentes alterações que afetam os dentes, como o 
sangramento gengival e a mobilidade. Gottlieb2 (1923) pu-
blicou um ar tigo c om uma das primeiras classifi cações das 
doenças periodontais: Tipo I: Schmutz-Pyorrhoe: denominada 
de "piorreia alveolar" (seria a atual geng ivite). Tipo II: P iorreia 
paradental: uma ost eoporose difusa c om bolsas periodontais 
profundas. Tipo III: A trofi a alveolar: uma lesão difusa e dege -
nerativa do osso alv eolar, denominada periodont ose. Tipo IV: 
Trauma oclusal: alteração dos tecidos periodontais de suporte, 
por carga oclusal excessiva.
Durante o século X X, apar eceram outras class ifi cações 
das doenças periodontais . Uma alt eração positiva f oi a exclu-
são defi nitiva do t ermo periodontose, quando não se c onse-
Abstract
Periodontal diseases appears under several clinics forms and can be modifi ed by local and systemic varia-
bles, what has result in permanent alteration of his taxonomy. The proposals of classifi cation were always 
based in a nominalist and/or essentialist concept of disease. The essentialist concept, for example, me-
ans that the periodontitis is a connection among the causes, the signs and symptoms of the disease, but 
without considering that they possess diff erences amongst themselves in the aetiology, natural history, 
progression and response to the therapy. The result was the imprecise classifi cations and the arbitrary in-
terpretations. An important contribution to overcome the essencialist concept was the new classifi cation 
of the periodontal diseases presented by American Academy of Periodontolo-
gy, AAP1, in 1999. The purpose of this review is to present a discussion concerning the fi rst 10 years of the 
new classifi cation, pointing their confl icting points.
RESUMO
As doenças periodontais apr esentam-se sob várias f ormas clínicas e podem ser modifi cadas por 
variáveis locais e sist êmicas, o que t em resultado em permanent e alteração da sua tax onomia. As 
propostas de classifi cação sempre estiveram fundamentadas num conceito nominalista 
e/ou essencialista de doença. Segundo o nominalismo, a periodontite é uma ligação entre as cau-
sas, os sinais e sintomas da doença, sem considerar que possuem diferenças entre si na etiologia, 
história natural, progressão e resposta à terapia. Disso resultaram classifi cações imprecisas e inter-
pretações arbitrárias. Uma contribuição importante para superar estes conceitos foi a nova classifi -
cação das doenças periodontais apresentadas pela AAP (Academia Americana de Periodontia)1 em 
1999. O objetivo deste trabalho é o de apresentar uma discussão acerca da classifi cação de 1999, nos 
seus primeiros 10 anos de existência, apontando seus pontos confl itantes.
guiu pr ovar que , nas doenças periodontais , pudesse existir 
algum processo tecidual de tipo degenerativo3. 
Não obstante sempre existiram controvérsias sobre qual 
seria a melhor classifi cação para as doenças periodontais . 
Discutia-se, por exemplo: 1) se os fat ores sistêmicos por si sós 
podem causar doença periodontal. 2) se a formação de bolsa 
pode ocorrer na ausência de infl amação. 3) se as doen-
ças dermatológicas que apar ecem na ca vidade oral , por não 
causarem bolsas sob a forma de perda de inserção clínica, po-
deriam ser incluídas como doenças periodontais. 4) se a pe-
riodontite é essencialmente a mesma doença que a gengivite4.
As principais respostas àquelas controvérsias podem ser 
sumarizadas em que: não existe evidência comprovada de que 
as doenças sist êmicas causem doença periodontal . Não há 
comprovação histopatológica de que a formação de bolsa pe-
riodontal verdadeira possa oc orrer em ausência de pr ocesso 
Artigo de Revisão / Review Articie
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Análise crítica da classifi cação das doenças periodontais após dez anos
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infl amatório. Não se conseguiu afi rmar que doenças dermato-
lógicas provoquem ou infl uenciem a progressão da periodon-
tite. A geng ivite nem sempr e estaria pr ogredindo para uma 
periodontite, e as evidências são insufi cientes para afi rmar que 
a periodontite e a gengivite sejam doenças diferentes4.
O ESSENCIALISMO E O NOMINALISMO NA CLASSIFICA ÇÃO DAS DOEN-
ÇAS PERIODONTAIS
O dilema das classifi cações das doenças que af etam os 
seres humanos t em perpassado dois c onceitos negativ os: o 
nominalismo e o essencialismo. 
As classifi cações baseadas no nominalismo t êm apr e-
sentado o problema de colocar o mesmo nome para doenças 
que apresentavam uma aparência clínica semelhante. Os no -
minalistas simplesment e r otulavam as doenças , of erecendo 
pouca informaçãosobre a etiolog ia subjacente. O nominalis-
mo defendia o conceito de que não existem doenças, mas pes-
soas doentes, o que era uma forma inaceitável de classifi car 
doenças5,6.
Além disso, o nominalismo apr esentava o pr oblema de 
negar a exist ência aos univ ersais. Ou seja, desc onsiderava os 
gêneros e as espécies , aceitando somente a exist ência do in-
dividual e do par ticular6. P or ex emplo, denomina-se apenas 
de geng ivite uma doença periodontal , cujo por tador é um 
paciente diabético descompensado. A existência individual à 
doença é v erdadeira (gengivite), porém o conceito universal 
mais grave (a doença sistêmica, diabetes, capaz de alterar pro-
fundamente a resposta do hospedeiro) é omitido.
De outra par te, o c onceito essencialista pr ocurou subs-
tituir ou superar o modelo nominalista da doença. O essencia-
lismo (que já existia desde Arist óteles e depois adotado pelo 
botânico Lineu no século XVI) entendia que, para cada doença, 
existe uma etiolog ia específi ca subjacente. Nesse aspec to, foi 
um avanço. Não obstante, o essencialismo resultou problemá-
tico por utilizar o princípio do causalismo , ou seja, da r elação 
causa e efeito (tal bactéria causa tal doença6. Disso resultaram 
classifi cações arbitrárias e imprecisas.
O essencialismo defendia a ideia de que a periodontite 
era simplesmente uma co-relação funcionalista e hierarquiza-
da entre as causas e os sinais e sintomas da doença5.
O modelo biomédic o estruturado sob o essencialismo 
derivou para uma c onceituação equiv ocada, em que det er-
minados sint omas pr efi guram det erminadas doenças . Esse 
conceito é negativo por omitir a dimensão da vida em que as 
pessoas são singular es, estando pr óximo do dualismo car te-
siano, que deliberadamente separava o corpo da alma. Para o 
essencialismo, as doenças sempre foram pensadas em si mes-
mas, desconectadas das pessoas e da subjetividade dos seus 
portadores 6.
Da análise desses dois modelos , nominalista e essen-
cialista, autores, como V ander V elden7, optaram pelo nomi-
nalismo. Ou seja, mesmo r econhecendo as insufi ciências e 
os defeitos do modelo nominalista, defendem o conceito de 
que a classifi cação nominalista da doença periodontal pode 
ser aceita.
Na defesa do nominalismo (denominado de neonomi-
nalismo), foram apresentadas quatro dimensões que sempr e 
deveriam nortear a classifi cação das doenças periodontais: 1) 
extensão da doença, 2) severidade da doença, 3) idade do pa-
ciente e 4) características clínicas 7.
A ex tensão da doença r efere-se ao númer o de den-
tes que f oram af etados (podendo ser : incidental , localizada, 
semigeneralizada e generalizada). A severidade da doença 
refere-se à constatação de que pode existir uma per da óssea: 
mínima, moderada ou a vançada (a perda de 6mm de osso al-
veolar representaria um caso a vançado). A idade do pacient e 
deve ser considerada: 1) periodontite de início precoce subdi-
vidida em: periodontit e pré-puberal (em t orno dos 12 anos), 
periodontite juvenil (entre 13 a 20 anos), periodontite do pós- 
adolescente (21 a 35 anos) e 2) periodontit e do adult o (que 
se inicia aos 36 anos). P or fi m, a classifi cação deve considerar 
as características clínicas. Por exemplo: pacientes afetados por 
doenças sistêmicas; pacientes que usam medicament os, etc., 
que amplifi cam a severidade da perda de inserção clínica. Dis-
so podem sur gir as periodontit es necrosantes, de pr ogressão 
rápida, e as refratárias. 
Diante do exposto, reconheceu-se a necessidade de re-
ver e atualizar as classifi cações. Desde 1999, a Academia Ame-
ricana de Periodontia, AAP1, passou a adotar uma Nova Classi-
fi cação para as doenças periodontais, visando superar tanto o 
essencialismo quanto o nominalismo . Essa no va classifi cação 
surgiu de um c onsenso de vários especialistas do mundo in-
teiro.
A NOVA CLASSIFICAÇÃO: CONCEITOS E DISCUSSÕES
Na antiga Classifi cação das Doenças P eriodontais de 
1982 e , depois , na classifi cação da A cademia Americana de 
Periodontia, de 1989, utilizaram-se termos, como: Periodontite 
de Estabelecimento Precoce (Early Onset Periodontitis – EOP); 
Periodontite de Progressão Rápida (Rapidly Progressing Perio-
dontitis - RPP) e P eriodontite Juvenil (localizada e generaliza-
da)1,8.
Contudo, em 1999, a Academia Americana de Periodon-
tia passou a adotar o t ermo Periodontite Agressiva e , com 
isso, ex cluiu as periodontit es de tipo pr ecoce que af eta-
riam pessoas com idade igual ou menor que 35 anos: 1) 
Periodontite Pré-Puberal (PP); 2) Periodontite de Progressão 
Rápida (RPP), que afetaria pessoas entre 25 a 30 anos e 3) 
Periodontite Juvenil, localizada e generalizada (que af etaria 
pessoas com idade entre a puberdade e os 20 anos)2.
A ex clusão dessas f ormas ant eriores “precoces de pe -
riodontites parece ter deixado uma lacuna no sentido de que 
tanto o pesquisador c omo o clínico perderam a referência da 
idade para out orgar precisão diagnóstica às f ormas precoces 
e juvenis da doença. A s generalizações taxonômicas do tipo 
agressivas da classifi cação de 1999 podem estar perdendo em 
precisão clínica, visto que o seu alcance, de extrema amplitu-
de, desconsidera variáveis, como idade do paciente e tempo 
de instalação da doença.
De outra parte, a inclusão do t ermo Periodontite Agres-
siva, na nova Classifi cação de 1999, estaria dando a conotação 
de que as outras f ormas de periodontit es, como as cr ônicas, 
não seriam agressivas. Contudo, a doença periodontal (perio-
dontite), inclusive em sua forma crônica, é certamente agressi-
va, no sentido da sua história natural, sua evolução patogênica 
e seus efeitos deletérios, como a perda dentária7. Diante disso, 
Van der Velden11 diz preferir uma classifi cação mais simples e 
de tipo nominalista: 1 Periodontites de início pr ecoce,2. Perio-
dontite do adulto,3. Periodontites necrosantes.
 De ac ordo c om a no va Classifi cação, de 1999, o 
termo Periodontite Crônica substituiu a forma anterior de Pe-
riodontite do A dulto, em razão de que c onsiderar somente a 
idade do pacient e não seria adequado , visto que se criariam 
dilemas diagnósticos. Afi nal, formas adultas de periodontit es 
podem ser vistas, também, em adolescentes. Disso resultaria a 
incongruência de dizer que um adolescente com determinado 
padrão de per da t ecidual apr esenta, parado xalmente, perio -
dontite do adulto. Esta foi também uma das razões para excluir 
da nova classifi cação as formas precoces e juvenis da doença 8.
Contudo, o t ermo periodontite crônica estaria dando a 
conotação de uma doença de lar ga duração e, como algumas 
doenças deste tipo, entendida como incurável ou que não res-
ponde a o t ratamento. P ode-se a rgumentar, c ontrariamente, 
que o t ermo “crônica r efere-se, apenas , à pr ogressão da do -
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ença no t empo e não signifi ca uma doença não -tratável. Van 
der Velden7 apresenta certas desvantagens da classifi cação de 
1999:1) a exist ência de sobr eposições entr e as dif eren-
tes categorias diagnósticas;2) a necessidade de dados sobre a 
progressão prévia da doença; 3) a nec essidade de inf ormação 
detalhada sobre a qualidade do tratamento realizado anterior-
mente e4 a resposta tecidual do paciente a essa terapia.
Outro aspecto discutível da classifi cação de 1999 diz res-
peito à Diabetes Mellitus, que foi incluída apenas dentro das 
“Doenças Gengivais” (doenças modifi cadas por fat ores sistê-
micos). Contudo, os casos de doença periodontal por diabetes 
apresentam também per da óssea ex tensa e exac erbada 
infl amação tecidual que ultrapassa os limit es de uma simples 
condição de “doença gengival”. Por essa razão, deveria existir, 
na classifi cação de 1999, um espaç o para classifi car diabetes 
como sendo par te também das periodontit es e não , apenas, 
das gengivites. Paradoxalmente, entretanto, as leuc emias fo-
ram incluídas tanto na forma de gengivites como na forma de 
periodontites. Esta seria a forma correta de classifi carem certas 
doenças sistêmicas que afetam o periodonto.
Pode-se questionar ainda a razão pela qual a classifi -
cação de 1999 desc onsiderou a denominada peric oronarite, 
termo que ainda v em sendo utilizado por L eung9, na f orma 
de uma af ecção geng ival aguda, que oc orre geralment e em 
torno de t erceiros molar es em fase de erupção . A classifi ca-
ção de 1999 incluiu apenas a f orma a vançada ou ag ravada 
de peric oronarite, que é o absc esso peric oronário. C ontudo, 
muitos pacient es c ontinuam a apr esentar apenas alt erações 
gengivais na forma de pericoronarite e não, obrigatoriamente 
uma afecção na f orma de absc esso periodontal peric oro-
nário (“P ericoronal absc ess), que incluiria aument o de v o-
lume tecidual e secreção purulenta. Isso seria um refl exo do 
antigo nominalismo? Os nominalistas agrupavam as doenças 
de aparência semelhante sob um mesmo nome , acreditando 
não terem existência individual6. Nesse sentido, foi um ponto 
positivo para a Classifi cação de 1999 a introdução de duas 
doenças agudas na forma de Doenças Periodontais Necrosan-
tes: a Gengivite Ulcerativa Necrosante (GUN) e a subsequente 
Periodontite Ulcerativa Necrosante (PUN).
É de interesse salientar também que fatores, como fumo 
e aspec tos psic ossomáticos, por ex emplo, não f oram incluí-
dos, na Classifi cação de 1999, como modifi cadores da resposta 
infl amatória, talvez com razão, uma v ez que os casos clínicos 
periodontais, em que estão pr esentes est es fat ores, não são 
patognomônicos de det erminados padr ões infl amatórios 
periodontais. O fumo afetaria todas as formas de doenças 
gengivais e periodontais e , portanto, embora de extrema 
importância, não poderia ser incluído como um fator isolado. 
Outra doença impor tante, como a AIDS - Síndr ome da 
Imunodefi ciência Adquirida, também não foi incluída na nova 
classifi cação, provavelmente pela mesma razão de não apre-
sentar uma forma patognomônica de doença periodontal. Ou-
tro ponto positivo da classifi cação de 1999 é a introdução das 
“doenças gengivais” (gengivites) com uma precisa distribuição 
dos fatores que afetam os tecidos gengivais, como fatores sis-
têmicos, dr ogas, nutrição inadequada, lesões não -induzidas 
por placa, doenças geng ivais de origem genética, viral , por 
fungos, etc.
Finalmente, é preciso enfatizar outro aspecto, certamen-
te positivo da classifi cação de 1999: a exclusão da denominada 
Periodontite Refratária como uma entidade única e separada. 
A partir disso, a Periodontite Refratária passou a ser entendida 
como fazendo parte de t odas as f ormas de periodontit es, ou 
seja, das formas crônicas, das formas agressivas, etc. Assim, po-
derá existir, por exemplo, uma Periodontite Refratária Crônica.
CONCLUSÕES
1. A no va classifi cação das doenças periodontais da 
Academia Americana de Periodontia de 1999 baseou-se na re-
lação infecção/resposta do hospedeiro e incorporou aspectos 
positivos, procurando superar o modelo nominalista e, tam-
bém, essencialista das classifi cações anteriores.
2. A generalização do t ermo P eriodontite A gressiva 
tem recebido críticas, pois classifi ca a doença pelos sinais e sin-
tomas, sem considerar o grau de progressão da doença desde 
seu início e tampouco a idade do paciente.
3. A eliminação da idade do pacient e como parâme-
tro de classifi cação e a ex clusão das f ormas anteriores, Perio-
dontite Pré-Puberal, Periodontite de Início Precoce, Periodon-
tite de P rogressão R ápida e P eriodontite Juv enil, par ece t er 
deixado uma lacuna na taxonomia das doenças periodontais 
e difi cultado o diagnóstico por parte do profi ssional clínico.
4. A não inclusão da presença de doenças como “pe-
riodontite do diabético” na classifi cação de 1999 seria um r es-
quício do modelo nominalista, por ac eitar condições particu-
lares e negar a existência de elementos universais.
5. E importante considerar a proposta de autores que 
defendem o neo - essencialismo ( Van der Velden, 2005)7, no 
qual a classifi cação sempre deveria ter por base quatro di-
mensões: extensão da doença, severidade da doença, idade 
do paciente e características clínicas.
 
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223
Recebido para publicação: 10/02/10
Encaminhado para reformulação: 16/06/10
Aceito para publicação: 05/08/10
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