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z RESPOSTA IMUNO- INFLAMATÓRIA DO HOSPEDEIRO FRENTE A AGRESSÃO AO PERIODONTO Prof. Marcelo Coessens z z Gengivite associada à presença de biofilme e associada à presença de periodontite são doenças imuno-inflamatórias destrutivas, às vezes referidas juntas simplesmente como doença periodontal crônica, embora haja evidencias de que, pelo menos clinicamente, vários tipos distintos da doença periodontal destrutiva crônica possam existir. Portanto, o termo doença periodontal é utilizado para designar um grupo de doenças caracteristicamente imuno-inflamatórias que afetam os tecidos periodontais como resposta à presença de um biofilme bacteriano. Spolido, 2013 z z Nem toda gengivite progride invariavelmente para uma periodontite, e também não implica que a periodontite seja implacavelmente uma doença progressiva. z A reação excessiva e prolongada ao biofilme dental e, portanto, prejudicial aos tecidos periodontais, depende da constituição genética do individuo, dos fatores ambientais e das doenças sistêmicas associadas. z z Em gengiva clinicamente saudável, existe uma migração continua de leucócitos polimorfonucleares neutrófilos (PMN) pelo epitélio funcional para o sulco gengival. Essa migração de PMN faz parte da defesa normal do hospedeiro à presença do biofilme dental, o qual apresenta baixo nível de desafio bacteriano para a gengiva. O nível de desafio bacteriano aumenta na presença de uma pobre higiene oral, iniciando-se nesse caso a gengivite. z z Os vasos sanguíneos passam por uma série de mudanças morfofisiológicas que são destinadas a maximizar o movimento de proteínas plasmáticas e leucócitos para fora da circulação e para dentro do local da infecção. Tal dinâmica é diretamente dependente das alterações vasculares como vasodilatação e aumento da permeabilidade vascular. z z z z Entretanto, deve-se chamar a atenção para o fato de que a intensidade dos sinais e dos sintomas clínicos varia entre indivíduos ou mesmo entre sítios da mesma dentição. z Sabe-se que o biofilme é o primordial agente etiológico da doença periodontal. Entretanto, vários fatores locais e sistêmicos podem mudar a resposta ao acúmulo do biofilme e influenciar no desenvolvimento e na agressão da gengivite e da periodontite, conforme citados na classificação das doenças periodontais. Por exemplo: • anatomia do dente; • restaurações mal adaptadas; • oclusão; • diabetes melitus; • hormônios, como nos casos de puberdade ou gravidez; • determinados fármacos, como fenitoína, ciclosporina, tacrolimo e nifedipina; • fumo; • doenças sanguíneas, como neutropenia. zOs produtos tóxicos orgânicos e inorgânicos ou até mesmo a própria bactéria proveniente do biofilme dental agridem primeiramente as células que compõem o epitélio juncional, assim como as proteínas que as unem, como os desmossomos. Como consequência, ocorre aumento da permeabilidade do tecido epitelial juncional, que naturalmente já́ se apresenta permeável. O aumento da permeabilidade do tecido epitelial facilita que os produtos orgânicos e inorgânicos derivados de bactérias ou a própria bactéria proveniente do biofilme dental tenham contato maior com células dos estratos mais profundos do tecido e, ao mesmo tempo, tenham acesso aos constituintes do tecido conjuntivo gengival. As células epiteliais apresentam receptores de superfícies que se ligam principalmente ao LPS e aos demais produtos bacterianos, ativando-os. A ocupação desses receptores dispara vias de sinalização que estimulam a produção de vários mediadores. z z Os produtos bacterianos (p. ex., LPS) liberados das bactérias provenientes do biofilme dental também ativam células endoteliais. Tais produtos interagem com as células endoteliais de forma direta ou indireta. Ocorrerá ativação vascular direta quando bactérias ou produtos bacterianos (proteínas, LPS) se ligam diretamente a receptores específicos nas células endoteliais, ativando-as. Em caso contrário, ocorrerá reação vascular indireta quando as mesmas bactérias ou produtos bacterianos ativam um determinado tipo celular, como os leucócitos, e as citocinas excretadas por eles agem sobre outras células imunocompetentes levando-as a produzir seus produtos e então agir sobre as células endoteliais z z Os neutrófilos, agora no tecido extravascular, migram em direção ao local da agressão, isto é, em direção a um gradiente quimiotático que se desenvolve a partir do sulco para o tecido conjuntivo A persistência do biofilme dental associada à incapacidade de destruição do agente agressor pelo processo imuno-inflamatórias já́ instalado, isto é, pela incapacidade de produzir resposta imuno- inflamatórias efetiva aos microrganismos que compõem o biofilme, aliados à predisposição do hospedeiro, fazem com que haja cronificação do processo inflamatório z z Há poucos macrófagos residentes em gengivas sadias, mas a incidência dessas células aumenta consideravelmente em um processo inflamatório, como no caso da doença periodontal. Com o desafio bacteriano, os macrófagos são ativados por mecanismos não específicos; por meio dos seus produtos, induzem aumento do processo inflamatório z z Os macrófagos então se tornam células efetoras que secretam citocinas especificas, incluindo IFN-γ, TNF-α, TGF-β, IL-1α, IL-6, IL-10, IL-12, IL-15, quimiocinas, RANTES, MMPs e PGE-2, que interferem na atividade de outras células imuno-inflamatórias e residentes da gengiva (p. ex., fibroblastos) Alguns desses fatores, em particular IL-1β, TNF-α e PGE-2, são componentes proeminentes de lesões periodontais e são fortemente implicadas na reabsorção óssea e, portanto, na efetivação da periodontite. z A atividade dos macrófagos no campo inflamatório não significa somente liberação de citocinas; outra função muito importante que essas células desempenham é a fagocitose, a fim de controlar o agente agressor e modular o processo de exsudato presente no processo inflamatório Com a cronificação, o processo inflamatório ocupa mais espaço e migra apicalmente dentro do tecido conjuntivo; consequentemente, haverá́ maior reabsorção dos feixes de fibras colágenas do tecido conjuntivo e perda de inserção gengival Formando o que clinicamente se chama bolsa periodontal z z Os osteoclastos são células multinucleadas de linhagem macrofágica e são recrutados para o sitio de reabsorção. Essas células se diferenciam a partir de pré-osteoclastos pelo contato com fatores solúveis, como os fatores ativadores de osteoclastos, o fator estimulante de colônia de macrófagos (M-CSF), produzido principalmente por osteoclastos e células estromais da medula óssea Em situações inflamatórias, são diferenciados pela ligação com IL-1β, IL-6 e PGE-2 e também agem inibindo a diferenciação de osteoblastos z z z z “Tudo o que um sonho precisa para ser realizado é alguém que acredite que ele possa ser realizado” Roberto Shinyashiki z BONS ESTUDOS!!!! z REFERÊNCIAS CARRANZA Jr., F.A.; NEWMAN M.G.; TAKEI H.H.▪ Periodontia clínica , 11 o ed., Ed. Guanabara Koogan, Rio de Janeiro, 2011 - CAP 25 (Cópia física na Biblioteca) LINDHE J, LANG, NP, KARRING, T▪ . Tratado de Periodontologia Clínica e Implantologia Oral. 5ª. Ed. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan. 2010 OPPERMANN R, ROSING CK▪ . Periodontia Laboratorial e Clínica: Série ABENO. São Paulo: Editora Artes Médicas, 2013 SPOLIDORIO, D. M. P.; DUQUE,C.▪ Microbiologia e imunologia geral e odontológica. São Paulo: Artes Médicas, 2013. 160p. v. 2. (Série Abeno: Odontologia Essencial - Parte Básica). – CAP. 10 (Biblioteca Virtual – Site Pitágoras)
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