Buscar

Resumo sobre o SUS e o papel do psicólogo

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 3 páginas

Prévia do material em texto

Faculdade Estácio – Fase
Nome: Maria Nazaré Araújo Freitas Matricula: 201702420655
Professora: Carla Rezende Gomes Turno: Noite 
Sistema único de saúde e o papel do psicólogo
 - Introdução
 Desde o final da década de 70, alguns profissionais da psicologia passam a atuar no campo da saúde pública brasileira. Com surgimento do Sistema Único de Saúde (SUS), em 1988, a saúde pública passa por uma reorganização, possibilitando a expansão do número de profissionais, dentre eles o psicólogo. Pode-se dizer que desde o seu surgimento até os dias atuais, o SUS se configura como mais um local de atuação da Psicologia.
 Por diversos aspectos, muitas vezes a atuação e desempenho dos psicólogos nesse campo vem sendo questionada, principalmente no que diz respeito à transposição de alguns elementos que fundamentam o modelo clínico tradicional, ou mesmo por uma prática que, por vezes, torna-se limitada e/ou desarticulada dos aspectos sociais e das características das demandas. Alguns desses aspectos vêm refletir diretamente a característica tradicional da formação em psicologia que vem priorizando um modelo curativo reducionista, o que muitas vezes não responde às necessidades de saúde da população e aos princípios do SUS.
- O Sistema Único de Saúde (SUS)
 O Sistema Único de Saúde (SUS), atual forma de se fazer políticas de saúde no Brasil, diz respeito a um conjunto de ações e serviços que podem ser prestados por instituições e órgãos públicos, federais, estaduais e municipais, da administração direta e indireta e das fundações que se mantêm pelo poder público, sendo a participação do setor privado nesse sistema de maneira complementar.
 Ele foi implantado objetivando coordenar e integrar as ações de cuidado, promoção, prevenção, cura e reabilitação, bem como assegurar o acesso equitativo ao conjunto de serviços assistenciais para a garantia de uma atenção integral à saúde. Possui como princípios doutrinários: a universalidade, a integralidade e a equidade; e como diretrizes mais significativas: a descentralização, a regionalização e hierarquização dos serviços, a participação da comunidade e a integração das ações e recursos.
 Com relação aos princípios e diretrizes, julga-se importante o conhecimento do que os mesmos significam na prática. No que se refere aos princípios, o da Universalidade vai garantir o direito à saúde e o acesso aos serviços e ações que o sistema possui a todos os cidadãos. O da Integralidade implica na consideração das diversas dimensões do processo saúde-doença, bem como a prestação continuada dos serviços e ações. E o da Equidade no acesso a esses serviços e ações, possui um significado relativo à igualdade 
 Partindo para as diretrizes, a Descentralização enfatiza a municipalização da gestão dos serviços e ações. A Regionalização objetiva a distribuição de uma maneira racionalizada e equânime dos recursos assistenciais, de modo a garantir uma continuidade do cuidado, acesso oportuno e economia de escala. A Hierarquização procura a ordenação do sistema de saúde por níveis de atenção e o estabelecimento de fluxos assistenciais entre os serviços. A Participação comunitária acontece através da participação dos segmentos sociais organizados nas Conferências e nos Conselhos de Saúde, nas esferas de governo municipal, estadual e nacional, bem como da participação em colegiados de gestão nos serviços de saúde. E a Integração das ações é um pressuposto da ideia de sistema e uma condição da garantia da continuidade do cuidado aos usuários.
 A implantação do SUS marca uma ruptura com o sistema de saúde anterior, significando a possibilidade de superação de uma oferta restrita dos serviços, bem como uma diminuição na diferença de atendimento prestado a população, que variava entre os moradores do campo e da cidade e entre as várias regiões do país.
 No SUS, o cuidado com a saúde está organizado em níveis de assistência que são: primária, média complexidade e alta complexidade.
 A Atenção Primária à Saúde é o primeiro nível de assistência, é o ponto de contato inicial dos usuários com o SUS. Enfoca as práticas de promoção e proteção da saúde, prevenção de agravos, tratamento, reabilitação e manutenção de saúde, nos âmbitos individual e coletivo. Possui como princípios: a universalidade; a acessibilidade e a coordenação do cuidado; vínculo e continuidade; a integralidade; a responsabilização; a humanização; a equidade e da participação social. 
 A média complexidade é o segundo nível de assistência, é aquele que atende aos principais agravos de saúde da população, os quais a complexidade da assistência exige a disponibilidade de profissionais especializados, bem como a utilização de recursos tecnológicos que possibilitem viabilização de diagnósticos e tratamentos específicos.
 A Alta Complexidade se refere ao nível que atende aos que necessitam de ambiente de internação com tecnologia avançada e pessoal especializado.
	
- A Psicologia no Sistema Único de Saúde
 A psicologia começa a se inserir no serviço público de saúde nos anos de setenta/oitenta, essa inserção ocorre em um cenário de crise e de transição para uma nova forma de se fazer políticas de saúde no Brasil, bem como num contexto de luta e movimentos sociais. Nas décadas citadas, o profissional da psicologia se coloca em um campo no qual, até então, contava somente com atuações isoladas em serviços ambulatoriais e hospitais, principalmente os psiquiátricos. Pode-se afirmar ainda, que a inserção e ampliação da psicologia no campo da saúde pública ocorreram em um contexto histórico-político-econômico determinado.
 As reformas no sistema de saúde brasileiro e a valorização do trabalho em equipe, foram fatores que contribuíram para atrair a atenção de diversos psicólogos, antes alheios ao campo da assistência pública a saúde. A expansão do número de psicólogos na saúde pública é atribuída, dentre outros fatores, às ações sociais e políticas para a consolidação da Reforma Psiquiátrica, as quais impulsionaram a crítica ao modelo asilar e às intervenções multiprofissionais para a melhoria da qualidade da assistência à saúde mental.
 No que diz respeito à saúde mental, pretendia-se desenvolver redes de serviços alternativos ao hospital psiquiátrico, que fossem ao mesmo tempo mais eficazes e de menor custo. O interesse dos órgãos públicos por psicólogos, advêm da constatação de que a psiquiatria sozinha, não poderia modificar o marcante quadro assistencial tradicional.
 O movimento da Reforma Psiquiátrica no Brasil, é um movimento de caráter histórico, político e ideológico que se desenvolve principalmente no final da década de setenta. A Reforma vem criticar as características que fundamentam os paradigmas da psiquiatria clássica, a qual entende o hospital psiquiátrico como a única alternativa de tratamento para as pessoas que padecem de algum sofrimento mental.
 A Reforma Psiquiátrica foi um dos fatores responsáveis pela inserção dos profissionais da psicologia nas instituições públicas, uma vez que começou a propor novas formas de abordagens aos usuários dos serviços de saúde mental, o que incluía a abrangência de outros profissionais, que pudesse intervir de maneira multiprofissional e contribuir para a melhoria da qualidade de assistência nessa área de atuação. 
- Os desafios da atuação do psicólogo no Sistema Único de Saúde
 Adentrando no contexto das práticas da psicologia no Sistema Único de Saúde, pode-se apontar diversos fatores que acabam por interferir nessa forma de atuação. Um dos fatores que se fazem mais significativos estão: a inadequação de sua formação acadêmica; o modelo restrito de atuação profissional; a estrutura e organização dos serviços; a falta de compromisso por parte dos profissionais.
 A formação dos profissionais na área da saúde ainda está voltada para a abordagem clássica, em que o ensino é tecnicista, com ênfase nos procedimentos e conhecimento dos equipamentos. Tal característica acaba por restringir e dificultar a atuação do profissional.No que diz respeito à inadequação da formação acadêmica dos profissionais de Psicologia, devido à sua formação tradicional, a prática profissional do psicólogo acaba sendo predominantemente enviesada por questões restritas às teorias terapêutico-curativas, o que induz a um reducionismo na compreensão do processo saúde/doença, bem como uma psicologização de tal fenômeno e dos sujeitos.
 Neste sentido, concorda-se no que diz respeito aos cursos de Psicologia, os quais devem estar atentos a formação de profissionais que sejam críticos e não apenas técnicos, pois essa é uma das características fundamentais para a sustentação do projeto do SUS.
 Com relação à atuação do psicólogo, frequentemente prioriza um único modelo de atendimento, modelo que está voltado aos padrões da classe média, e que é transposto equivocamente para o setor público.
 Existe uma transposição pura e simples do modelo hegemônico e tradicional de atuação clínica dos psicólogos para este setor, seja tal atuação em postos, centros ou ambulatórios, independentemente da finalidade e das características da população neles atendida, gerando com isso, uma prática inadequada e descontextualizada. A transposição do modelo de atendimento em consultórios privados para os espaços públicos, sem que haja um posicionamento crítico a respeito de sua pertinência, pode resultar em desencontros entre o que é demandado e o que é ofertado nas instituições. Isto acaba por gerar, segundo as autoras, práticas que não são satisfatórias nem para o profissional, o qual desde a academia teve sua formação orientada para uma clientela que difere daquela das instituições de saúde pública, tampouco para os usuários dos serviços, que frequentemente acabam não tendo suas demandas atendidas.
 Os psicólogos frequentemente se sentem mais preparados para responder às demandas do consultório privado, porém a importância de se levar em consideração que a clínica psicológica não irá se caracterizar pelo local em que se realiza, mas pela qualidade da escuta e do acolhimento que se oferece ao sujeito. Neste sentido, ser psicólogo clínico implica determinada postura diante do outro e de seu sofrimento psicológico, não importando o espaço em que o ato clínico aconteça, seja na esfera pública ou privada, numa relação individual ou coletiva.
 Com relação às respostas inadequadas da Psicologia às demandas que chegam ao serviço público de saúde, que os psicólogos frequentemente atuam de forma a psicologizar os problemas sociais, na medida em que não são capacitados para perceber as especificidades culturais do sujeito.
 No que diz respeito à estrutura e organização dos serviços, é comum que os profissionais apontem as mesmas como um fator que estabelece dificuldades para sua atuação. Dentre as características que mais interferem estão: redução dos investimentos no setor de saúde pelo poder público; os insuficientes investimentos na formação, capacitação e educação continuada dos trabalhadores; os baixos salários; a estrutura física inadequada, dentre outros.
 As dificuldades de atuação não se restringem a formação profissional ou gestão e organização do SUS, diz respeito também ao descompromisso com o trabalho.
 Estamos falando da falta de compromisso do profissional com as instituições de saúde, com a qualidade e humanização das práticas, com o acolhimento e vínculo com os usuários, aspectos considerados fundamentais para a transformação dos modos hegemônicos de fazer saúde e para a construção de um sistema de saúde universal, integral e equânime.
 Acredita-se que seja necessário que os profissionais passem a ter um compromisso social em sua atuação, no sentido de promover um acolhimento humanizado, com qualidade, que possibilite um fazer diferente, fazer este que considere os mais diversos aspectos envolvidos na demanda, que leve em conta os problemas sociais, os sofrimentos, as necessidades e prioridades de saúde da população, que não “psicologize” os problemas sociais e tampouco sirva de instrumento para reprodução da estrutura do atual sistema social. Para isto, o profissional deve possuir:
 Capacidade para lidar com uma realidade desafiadora e complexa, que não se encontra enclausurada nos modelos teóricos aprendidos na academia.
 Diante do exposto, acredita-se que a Psicologia ainda não reproduziu, de maneira significativa, em sua prática, os resultados das discussões sobre sua relevância e compromisso sociais e sobre uma atuação condizente com as diferentes realidades dos usuários dos serviços públicos de saúde.
 Porém, sabe-se que é injusto atribuir toda essa discussão, acerca desse modelo de atuação, somente aos psicólogos, uma vez que há um forte direcionamento do serviço para as práticas individualizantes e curativas, característica está relacionada à organização do SUS que, mesmo com todos os avanços obtidos desde a Reforma Sanitária, ainda baseia suas práticas em um modelo assistencialista e biomédico.
- Referência	
https://www.psicopedagogia.com.br/index.php/3267-atuacao-do-psicologo-no-servico-de-atencao-primaria-a-saude

Continue navegando