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FARMACODINÂMICA I. ALVOS PARA AÇÃO DE FÁRMACOS 1. Receptores São proteínas ou glicoproteínas, localizadas na membrana plasmática ou no citoplasma e suas organelas, que se unem a sinalizadores específicos para ativar, desativar ou modular determinada ação. Exemplos: opiáceo (receptor µ) ���� agonista ���� morfina histamina (receptor H2) ���� antagonista ���� ranitidina 2. Canais Iônicos São proteínas da membrana celular que possuem uma estrutura característica formando um canal que possibilita a passagem de íons através da membrana. Há canais associados a receptores que só se abrem quanto ativados por um agonista. Exemplos: canais de Na+ regulados por voltagem ���� bloqueadores ���� anestésicos locais canais de Cl- regulados por GABA ���� moduladores ���� benzodiazepínicos 3. Enzimas São proteínas que possuem atividade catalítica. Com maior freqüência o fármaco é um inibidor competitivo da enzima, atuando de modo reversível ou irreversível. Exemplos: acetilcolinesterase ���� inibidor reversível ���� neostigmina ciclooxigenase ���� inibidor irreversível ���� AAS dopa descarboxilase ���� substrato falso ���� metildopa 4. Moléculas Transportadoras São proteínas que executam o transporte ativo de íons e moléculas mais polares pela membrana plasmática. Exemplos: recaptação da noradrenalina ���� inibidores ���� antidepressivos tricíclicos recaptação da noradrenalina ���� substrato falso ���� anfetaminas bomba de Na+/K+ ���� inibidores ���� heterosídeos cardiotônicos II. ESPECIFICIDADE Não há droga totalmente específica. Pode-se dizer, em linhas gerais, que quanto menor sua potência, maior a dose necessária da droga. Isso aumenta a probabilidade de sítios de ligação secundários serem ativados, gerando efeitos colaterais. Exemplo: receptores H1 ���� antieméticos ���� dimenidrinato, cinarizina. ���� anti-histamínicos ���� prometazina, loratadina. III. INTERAÇÕES DROGA-RECEPTOR 1. Agonismo e Antagonismo Drogas que atuam sobre receptores podem ser classificadas como agonistas ou antagonistas. Os agonistas provocam alteração da função celular, já os antagonistas se ligam aos receptores sem provocar tal alteração. Exemplo: agonista (ββββ2 adrenérgico) ���� salbutamol ���� relaxamento da musculatura lisa causando broncodilatação. Exemplo: antagonista (colinérgico) ���� ipratrópio ���� inibição do efeito broncoconstritor da acetilcolina. 2. Agonistas e Antagonistas A) Para efeitos práticos os agonistas são classificados como: ���� agonistas totais ���� exercem a ação com um efeito máximo ���� agonistas parciais ���� exercem a atividade com menor intensidade B) Os antagonistas por sua vez são assim classificados: ���� antagonista competitivo ���� liga-se ao local de ação do agonista impedindo-o de exercer sua atividade ���� antagonista não competitivo ���� bloqueia em algum ponto a cadeia de eventos iniciada por um agonista 3. Dessensibilização ou Taquifilaxia Refere-se à situação na qual o efeito de um fármaco pode diminuir gradativamente quando esse fármaco é administrado de maneira contínua. Os mecanismos que a originam são vários. A) Alteração nos receptores ���� relaciona-se a uma lenta alteração na corformação do receptor resultando em uma ligação ineficiente com um agonista ou a uma não ligação com um antagonista. B) Perda de receptores ���� a exposição a um agonista por longos períodos pode resultar em uma redução gradual do número de receptores. C) Exaustão de mediadores ���� está associada à depleção de um intermediário essencial para o efeito fisiológico. D) Aumento da degradação metabólica ���� aumenta a velocidade de metabolização da droga ocasionando concentrações plasmáticas mais baixas. E) Adaptação fisiológica ���� ocorre uma compensação fisiológica contrária ao efeito do fármaco. IV. FATORES QUE ALTERAM O EFEITO DOS FÁRMACOS A variação individual da resposta orgânica às drogas pode ser dividida em: ���� farmacocinéticas ���� são variações referentes a diferenças na absorção, distribuição, metabolização e excreção. ���� farmacodinâmicas ���� na maior parte dos casos a variação é quantitativa, produzindo a droga maior efeito. ���� idiossincráticas ���� é uma variação qualitativa, relacionada a diferenças genéticas ou imunológicas por exemplo. Os mais importantes fatores responsáveis por essas variações individuais são: 1) Efeitos da Idade O principal motivo reside no fato de o metabolismo e a função renal dos recém-nascidos e idosos serem mais lentos. Mas existem outros fatores como maior percentual de gordura alterando o volume de distribuição, o aumento do potencial de interações medicamentosas nos idosos e a variação na sensibilidade às drogas. 2) Fatores Genéticos São uma importante fonte de variação farmacocinética, embora fatores farmacodinâmicos também exerçam influência. Há exemplos de polimorfismo genético que alteram a velocidade de matabolização de várias drogas, bem como diferenças étnicas. 3) Reações Idiossincráticas Ocorrem em uma minoria, entretanto as reações não são menos perigosas por isso. Fatores genéticos podem ser os responsáveis. Podemos citar como exemplo a depressão da medula óssea pelo uso de cloranfenicol (1:50000) e a hemólise causada por primaquina em 5 a 10% de homens afro-caribenhos. 4) Efeitos das Doenças Diversas doenças afetam o efeito dos fármacos, essas ações podem ser farmacocinéticas ou farmacodinâmicas. A) Alterações Farmacocinéticas ���� absorção: exemplos: estase gástrica e esteatorréia ���� distribuição: exemplo: ligação com proteínas plasmáticas ���� metabolismo exemplos: cirrose hepática e hipotermia ���� excreção exemplo: insuficiência renal V. INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS 1) Interações físico-químicas As interações físico-químicas ocorrem fora do paciente pois, entre drogas diferentes podem ocorrer numerosas incompatibilidades, que levam a reações quando estas são misturadas em infusão intravenosa, frascos ou seringas, podendo ocasionar a inativação dos fármacos em questão. Um exemplo é a precipitação da anfotericina B quando colocada em solução fisiológica 2) Interações terapêuticas As interações terapêuticas ocorrem dentro do paciente, após a administração do medicamento e podem ser farmacocinéticas ou farmacodinâmicas. � As interações farmacocinéticas ocorrem durante os processos de absorção, distribuição, biotransformação e excreção dos fármacos. Por exemplo a cimetidina (anti- histamínico H2), que inibe a biotransformação de acetaminofeno. � As interações farmacodinâmicas ocorrem nos sítios de ação dos fármacos, envolvendo os mecanismos pelos quais os efeitos farmacológicos se processam. � Este processo pode ser de dois tipos: interações farmacodinâmicas sinérgicas (como ocorre com a ação analgésica de AAS e codeína) ou antagônicas (antitussígeno com um xarope expectorante). Exemplos: • O uso de tetraciclinas com leite promove a formação de um sal insolúvel, que precipita o fármaco impedindo sua absorção. • Os IMAO causam hipertensão, podendo ser potencializada pela tiramina, presente nos chocolates, queijos e outros alimentos. • O hidróxido de magnésio que reduz a absorção estomacal do pentobarbital.• Anticoagulantes orais tem seu efeito reduzido por barbitúricos e rifampicina pois estes últimos estimulam enzimas microssomais hepáticas relacionadas a biotransformação dos anticoagulantes. • A cimetidina, inibe a biotransformação do paracetamol e dos beta-bloqueadores. • A digoxina tem sua concentração plasmática aumentada em quase 2x quando é administrada simultaneamente com o verapamil e amiodarona. • A vitamina K inibe a resposta dos anticoagulantes orais. • O álcool aumenta a ação antiagregante plaquetária da aspirina. • Aumento do potencial para ototoxicidade,nefrotoxicidade e bloqueio neuromuscular no uso concomitante de aminoglicosídeos e furosemida, vancomicina, anfotericina B. • Antiácidos contendo Al+3, Ca+2, Mg+2 reduzem a absorção de fluorquinolonas. • Macrolídeos inibem ação bactericida de penicilinas e cefalosporinas.
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