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A pesquisa cientifica e a preparação da matriz TCC 2017.2

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ALGUMAS CONSIDERAÇÕES INICIAIS A RESPEITO DO QUE É O CONHECIMENTO (OU DA NECESSIDADE DE UM PRESSUPOSTO FILOSÓFICO PARA UMA POSSÍVEL DEFINIÇÃO DO QUE É O CONHECIMENTO)
A presença do homem no mundo, segundo a concepção existencialista, é marcada pela condição do “existente”, condição esta que nos configura como seres trazidos a um mundo pleno de possibilidades, sem que, necessariamente, exista uma essência, um sentido anterior à nossa presença, à presença de cada um de nós nesta realidade, sem que exista uma essência, sem que exista um sentido anterior à nossa presença, à presença de cada um de nós neste mundo, capaz de nos definir�.
Condenado a viver uma existência destituída de uma essência prévia que defina um sentido claro de sua vida e das coisas que ocorrem no mundo, condenado a produzir interpretações de si e do mundo em que se encontra mergulhado, o homem cria representações desta realidade. Tais representações, que são teleológicas, simbólicas e ideológicas, elas também “formatam” o agir humano e constituem o que chamamos de conhecimento.
O conhecimento pode assumir configurações diversas, dependendo dos caminhos intelectuais através dos quais são construídas as representações da realidade. Ele pode assumir as formas mítica, artística, filosófica, científica, religiosa. Em nossa realidade, os conhecimentos gerados pelo senso comum e pela ciência são os que mais interferem na vida cotidiana das pessoas.
O que denominamos de senso comum é o que nos capacita a solucionar problemas relacionados aos nossos cotidianos (seja por meio da reiteração de comportamentos e da observância de regras não-escritas em ambientes e/ou situações conhecidas ou por meio do “aprendizado” de novas inserções profissionais, técnicas, afetivas...). Na verdade, o senso comum não é um conceito de fácil construção – em uma abordagem mais simplificada, podemos descrevê-lo como um conjunto pouco organizado de fatos, observações, experiências, revelações e pequenas parcelas de “sabedoria” que vamos acumulando ao longo da vida em nossos enfrentamentos, encontros e aprendizado de situações rotineiras.
De acordo com Watts�, duas características parecem diferenciar o senso comum de outras formas do conhecimento humano, especialmente do conhecimento científico, a saber:
Primeira característica: diferentemente dos sistemas formais de conhecimento, que são basicamente teóricos, o senso comum é prioritariamente prático ou seja, ele tem como foco encontrar respostas para perguntas, deixando de lado a investigação que leva à “construção” das respostas. Isto significa dizer que, para o senso comum, basta que algo seja “verdadeiro” ou que as coisas aconteçam de determinada maneira – o senso comum não reflete sobre o mundo, já que ele tenta lidar com o mundo simplesmente como ele é. 
Segunda característica: Enquanto os sistemas formais de conhecimento procuram organizar suas descobertas específicas em categorias lógicas descritas por princípios gerais, o senso comum lida com cada situação concreta em particular – por exemplo, saber o que vestir, ou o que dizer e/ou conversar com o chefe, com os amigos, com os pais, com os pais dos amigos, com os amigos dos pais, é uma questão de senso comum, enquanto que um sistema formal de conhecimento tentaria descrever tais situações a partir de uma lei generalizante. Ou seja, o senso comum sabe qual o comportamento/procedimento apropriado em cada situação, sem saber que sabe disso.
2. O que é uma pesquisa científica e para que ela serve
A ciência é uma forma de se inquirir a realidade. Ela é, diferentemente do senso comum, uma atividade pautada pelo espírito investigativo e se destina a encontrar soluções para os problemas e demandas que se relacionam à vida do ser humano em sociedade. Ela se fundamenta nos paradigmas do racionalismo (pensamento dedutivo) e do empirismo (pensamento indutivo) como modelos de pensamento utilizados pelo investigador na lida com o assunto que esteja sendo analisado. 
No amplo sentido que o termo designa, ciência e saber são palavras sinônimas: saber é ter ciência de alguma coisa. Mas a ciência, como conjunto de conhecimentos de uma sociedade sobre sua realidade empírica, tem peculiaridades que a distinguem de todas as outras formas de conhecimento: o caráter universal do pensamento científico, sua objetividade, a reprodutibilidade, sua subordinação aos métodos de pensamento e linguagens adequadas à prática científica. No plano das ciências sociais, segundo William L. Kolb, “o termo ciência designa hoje o estudo sistemático e objetivo dos fenômenos empíricos e o acervo de conhecimento daí resultante.”� Nesse sentido, a ciência é o caminho para a produção do saber. Assim, a pesquisa científica seria todo estudo sistemático sobre a realidade objetiva, desenvolvido sob as regras da ciência e destinado a produzir um novo conhecimento.
É através da ciência que o ser humano consegue intervir no meio que o cerca, transformando-o segundo suas necessidades ou simplesmente buscando as bases teóricas e instrumentais para que outros procedam a tais transformações. Segundo Köche�, o campo do conhecimento científico resulta de um processo crítico de reconfiguração permanente do saber humano, daí requerer um ensino e uma aprendizagem que sejam compatíveis com esta concepção de busca do saber.
 Muito embora os setores produtivos da iniciativa privada e do próprio setor público procurem, através da pesquisa científica, encontrar soluções para problemas que necessitam superar dentro de suas esferas de atuação, a Universidade é o local privilegiado para a prática da investigação de natureza científica. 
A pesquisa científica universitária é importante por diversas razões, mas dois aspectos mais essenciais devem ser apontados: o primeiro concerne às implicações de natureza pedagógica dessa atividade; o segundo diz respeito aos seus motivadores sociais. Por um lado, a pesquisa científica atua diretamente na formação acadêmica do aluno, enriquecendo-o. É um crescimento derivado tanto do afluxo de conhecimentos que a investigação científica traz para o aluno, como também decorrente da formação do espírito questionador do universitário e futuro profissional. Em resumo, a investigação científica, além de fornecer um conhecimento mais significativo sobre as coisas, aprimorando a formação acadêmica do universitário, estimula também o exercício do olhar crítico desse aluno. Esse olhar crítico é o que lhe permite formular questões e buscar soluções para os problemas com os quais ele terá que lidar ao longo de sua vida profissional. 
A prática da pesquisa fornece, muito mais do que um conjunto de informações especializadas, um caráter investigativo ao futuro profissional, uma autonomia de pensar, uma liberdade intelectual. Em síntese, a pesquisa desenvolve não apenas o conhecimento do aluno, mas sua “consciência crítica”, para utilizarmos os termos de Pedro Demo.
[...]Não se produz ciência, como a entendemos academicamente, mas produz-se saber, entendido como consciência crítica. Pelo menos, reconstrói-se o conhecimento, evidenciando nisto autonomia crescente. O centro da pesquisa é a arte de questionar de modo crítico e criativo, para, assim, melhor intervir na realidade. Como tal, constitui-se a mola mestra do aprender. Em vez de decorar, saber pensar. Não se restringe à acumulação mecânica de pedaços de conhecimento que permitam transitar receptivamente no cotidiano, mas gera a ambiência dinâmica do sujeito capaz de participar e produzir, de ver o todo e produzir logicamente, de planejar e intervir.�
Bem se vê que o conhecimento científico não é apenas importante para o aprendizado do universitário, mas agente efetivo de sua formação humana. Ao contrário do que crêem alguns profissionais que atuam no meio universitário, a pesquisa científica não apenas informa, mas ajuda a formar o indivíduo. Por meio da pesquisa científica, a Universidade cumpre também seu papel de escola, formando o ser humano, ao lhe dar subsídios metodológicos para resolver sozinho os problemasque sua vida profissional lhe apresentar.
Mas, além do caráter pedagógico da pesquisa, há ainda o aspecto social do fazer científico que deve ser apontado. É essa a nossa função, a dos universitários – professores e alunos – na divisão social do trabalho, o pensar de modo crítico nossa sociedade, nosso tempo, nosso mundo. É importante que o aluno que se inicia no trabalho de pesquisa tenha consciência de que essa tarefa foi-lhe outorgada por toda a sociedade: pensar criticamente seus problemas e buscar conhecimentos destinados a resolvê-los. Cabe a nós, primordialmente, a tarefa de produzir conhecimento como processo. Portanto, um trabalho de pesquisa desenvolvido dentro da universidade é muito mais do que uma simples incumbência curricular; é um momento em que o aluno fornece o seu contributo para refletir (pensar criticamente) sobre o seu tempo e o seu meio. 
É claro que não se vai esperar do aluno universitário, que ainda não está formado na profissão que resolveu abraçar, um trabalho acadêmico que venha a dar conta de questões por demais complexas de sua área de atuação. Um trabalho de fim de curso de graduação não é uma tese. Não é essa a função de uma pesquisa que inicia o estudante na ciência. O professor consciencioso, tanto o orientador quanto o examinador de banca, devem ter em mente que a pesquisa a ser desenvolvida pelo aluno apresentará as dificuldades de um estudante que apenas ensaia os primeiros passos no terreno instigante, mas severo e criterioso, da investigação científica. A orientação desse aluno, portanto, deverá procurar levá-lo à escolha de objetos de investigação exequíveis e, sobretudo, acessíveis à realidade investigativa do aluno�.
Tal realidade, no entanto, não desincumbe o aluno, por outro lado, da obrigação de empenhar-se em levar à frente um estudo sério, que apresente algum tipo de contribuição, por modesta que seja, à fortuna bibliográfica existente. 
Assim, a pesquisa desenvolvida por estudantes universitários pode não ter a mesma importância e envergadura social daquelas outras feitas pelos especialistas de cada área do conhecimento, mas exerce, todavia, uma função primordial na formação do acadêmico de Direito, de Letras, de Artes, de Física ou de qualquer outra área do conhecimento, desenvolvendo o espírito investigador do universitário, bem assim incentivando o raciocínio tanto indutivo quanto racional, tão necessários ao exercício da futura profissão que ele almeja abraçar. Segundo Ruiz, há que se destacar a importância da pesquisa acadêmica como modeladora da atitude científica do futuro profissional e como ponto de realização pessoal�.
De acordo com o autor anteriormente citado, os trabalhos iniciais de pesquisa de um universitário revestem-se de um caráter didático-pedagógico. A observação de um fato, sua exploração crítica, o estabelecimento de uma hipótese, a investigação das fontes, o controle das variáveis por parte do estudante correspondem, concretamente ao plano da pesquisa científica.
A prática científica, por mobilizar recursos materiais e humanos onerosos, não pode ser levada a efeito de forma não sistemática. Ou seja, não se pode apenas iniciar uma pesquisa científica sem se preverem os meios para sua realização, as referências teórico-metodológicas a serem utilizadas pelo pesquisador, o tempo necessário para se desenvolver a investigação, o volume de leitura que o trabalho demandará, os gastos de recursos materiais e de tempo que tal atividade ensejará etc. O projeto de pesquisa destina-se a prever tais procedimentos de uma pesquisa científica. A pesquisa científica, por sua vez, é o caminho de se levar a efeito o modelo de pensamento, devendo ser compreendida como todo estudo planejado e sistemático, desenvolvido sob as regras da ciência e destinado a produzir um novo conhecimento.
 Tipos de pesquisa
Antes de se tratar dos tipos de pesquisa quanto ao método, convém lembrar que uma pesquisa pode ser classificada quanto ao nível de desenvolvimento em exploratória, teórica e aplicada. 
3.1 - A pesquisa quanto ao nível de desenvolvimento:
 a pesquisa exploratória é a pesquisa desenvolvida com a ajuda da bibliografia existente sobre um determinado assunto ou a partir da observação direta de um problema em cuja solução o pesquisador esteja empenhado. Nesse estágio da investigação, o pesquisador trabalhará com obras de referência, como, por exemplo, dicionários especializados, enciclopédias, manuais bibliográficos, vade mécuns, livros introdutórios ou especializados sobre o assunto. Essa pesquisa se desenvolve quando ainda não se têm definidas as respostas para um problema, ajudando a levantar hipóteses que nortearão o desenvolvimento da pesquisa propriamente dita. 
A hipótese é uma solução provisória, burilada à luz do estudo exploratório, proposta pelo pesquisador às questões inicialmente levantadas e que orientará o investigador em toda a pesquisa.
A pesquisa teórica, que é o estudo desenvolvido com a ajuda da bibliografia existente, é destinada a escolher um modelo teórico segundo o qual o investigador fará o seu estudo sobre um determinado assunto. Por modelo teórico entende-se como o ponto de vista que será utilizado para interpretar uma determinada questão. 
A pesquisa aplicada (investigação qualitativa), que é o estudo desenvolvido de forma sistemática, obedecendo aos postulados científicos e se destinando a responder às questões que a pesquisa exploratória não havia conseguido responder. Essa pesquisa tem por objetivo investigar, comprovar ou rejeitar as hipóteses que tenham sido levantadas quando da pesquisa exploratória e deverá ainda ter seguido os modelos teóricos eleitos durante a pesquisa teórica.
3.2 - A divisão da pesquisa quanto ao método
Vários autores de metodologia dividem as principais modalidades de pesquisa científica em, pelo menos, três tipos principais: 
pesquisa experimental
pesquisa de observação 
pesquisa bibliográfica
Muito embora esses três tipos de pesquisa se associem em diversos aspectos, apresentando características de natureza metodológica comuns, eles também possuem peculiaridades que lhe são típicas.
Tendo-se em vista ser o presente trabalho destinado a alunos do Curso de Direito, será dada maior ênfase à pesquisa bibliográfica. Todavia, faremos a necessária referência às demais modalidades de pesquisa, antes de entrarmos no problema da pesquisa bibliográfica.
Pesquisa experimental ou de laboratório
Conceituação – A pesquisa experimental ou de laboratório caracteriza-se pela observação objetiva dos fatos e coisas, ao mesmo tempo em que o pesquisador exerce controle direto dessas variáveis que interferem na natureza e dinâmica do objeto de pesquisa. A pesquisa de laboratório é comumente utilizada em ciências exatas e biológicas, mas também pode ser usada em vários outros ramos do saber. 
Exemplificação – Um pesquisador poderá ser requerido para descobrir se, durante o verão, com o aumento da temperatura da cidade, os mosquitos transmissores da dengue se reproduzem mais aceleradamente. A pesquisa experimental constituir-se-á em analisar o crescimento da população de mosquitos dentro de um viveiro com a temperatura um pouco mais elevada que a de um outro viveiro, onde a temperatura seria mantida num nível mais baixo. A variável, nesse caso, será a temperatura, que será controlada pelo pesquisador. Com a mudança sob controle da temperatura, o pesquisador poderá então observar o mesmo fenômeno (o aumento da população de mosquitos) em situações controladamente diferentes e chegar a uma conclusão. 
Fases da pesquisa experimental.
	Pesquisa exploratória
	Análise preliminar do problema e levantamento bibliográfico.
Enunciação das questões norteadoras e hipóteses
	Pesquisa teórica
	Estabelecimento do modelo teórico e metodologia que será utilizada
	Pesquisa aplicada (investigação qualitativa)
	Aplicação da metodologia
Análise dos resultados (indução e dedução)
Relatório final
Pesquisa de observação ou de campoConceituação – Ao contrário da pesquisa experimental, em que o investigador mantém sob controle as variáveis que influenciam no fenômeno estudado, a pesquisa de campo consiste na observação direta das coisas e fatos tal qual eles ocorrem espontaneamente no mundo real, sem que haja qualquer tipo de intervenção, por parte do pesquisador, objetivando controlar as variáveis que influenciam o objeto de investigação. A pesquisa de observação, portanto, se caracteriza por não poder reproduzir o evento sob situação de controle, o que obriga o pesquisador a manter-se rigorosamente adstrito à observação rigorosa do evento. Ela pode ser utilizada em disciplinas da área humana, como Psicologia, Antropologia, Política, Economia, Sociologia, além de outras, mas também nas áreas exatas e biológicas, como Engenharia, Medicina, Ecologia etc.
Exemplificação – As pesquisas destinadas a apurar a tendência eleitoral da população podem ser mencionadas como típicas pesquisas de observação. Nesse caso, trabalha-se com amostragens, através das quais o pesquisador procura não apenas apurar a intenção de voto de um grupo de informantes, mas também o perfil social, cultural, econômico desse grupo, além de outras características. O objetivo, com isso, é correlacionar o fenômeno (a intenção do voto) com as variáveis que com ele se relacionam (poder aquisitivo, grau de instrução, sexo, faixa etária etc.) Apuradas tais tendências entre um grupo pequeno de pessoas, o pesquisador projetará a tendência eleitoral da população (indução) com a ajuda de quadros estatísticos e com as planilhas do censo disponíveis nas bibliotecas do IBGE.�
Um universitário poderá igualmente desenvolver uma pesquisa de observação na área do Direito, em que ele queira apurar, por exemplo, o problema do descumprimento das leis de trânsito, num bairro onde tenha sido registrado um alto índice de acidentes automobilísticos. Ele poderá então se deslocar para o local e observar diretamente que tipo de imprudência é mais comumente praticada nas ruas, faixa etária aproximada do motorista, policiamento na localidade, áreas mais atingidas por acidentes, condições dos equipamentos de trânsito (semáforos, placas sinalizadoras, estado de conservação do asfalto etc.). 
Fases da pesquisa de observação
	Pesquisa exploratória
	Análise preliminar do problema
Enunciação das questões norteadoras
	Pesquisa teórica
	Estabelecimento de metodologia que será utilizada.
	Pesquisa aplicada (investigação qualitativa)
	Aplicação da metodologia
Análise dos resultados (indução e dedução)
Relatório final
Esse estudante poderá também proceder a entrevistas com moradores na localidade ou com especialistas sobre a questão do trânsito, utilizando, em cada intervenção, métodos diferentes de pesquisa de campo.
Entrevista – É usada em amostragens reduzidas e, normalmente, especializadas. Tem a vantagem de aprofundar o conhecimento a respeito de um determinado assunto, recolhendo informações detalhadas de um especialista com a ajuda de anotações, gravações ou filmagens. Nessa forma de pesquisa, o entrevistador fala pouco, estimula o depoente (informante) a externar seu ponto de vista, procurando interferir o menos possível na entrevista. 
Há a exigência de que o entrevistador tenha um bom nível de formação intelectual, especialmente no assunto em que o informante é solicitado a falar. A dificuldade dessa técnica consiste na impossibilidade de quantificar as informações que o depoente presta. Esta técnica é bastante usada por jornalistas, antropólogos, advogados e demais profissionais que necessitam aprofundar a opinião/versão de algum depoente qualquer.
Formulário – A técnica do formulário é mais recomendável para universo maior de informantes e deve ser aplicada diretamente pelo entrevistador, que coloca ao informante uma série de perguntas predefinidas num formulário, onde também constam as respostas que deverão ser escolhidas pelo informante e marcadas no formulário pelo entrevistador. (O formulário não é entregue ao informante, mas apenas lido para ele). A técnica do Formulário objetiva alcançar um maior número de informantes, embora menos qualificados intelectualmente do que aqueles da técnica da Entrevista. Esta técnica é aquela usada pelo Ibope, Censo e demais instituições que atuam, através da Estatística, na área da opinião, geografia etc.
Características da técnica do Formulário:
Atinge a um público maior do que a da técnica da Entrevista.
Permite um controle de linguagem maior, já que as respostas possíveis àquela pergunta encontram-se previamente consignadas no formulário. Essas respostas serão marcadas pelo entrevistador após ouvir a opção do informante. Esse controle de linguagem facilitará a recuperação dos resultados, futuramente.
Por utilizar o controle de linguagem, essa técnica permite a utilização da informática, que agenciará uma base de dados virtual, possibilitando a recuperação de informações segundo novas questões que eventualmente venham a ser levantadas, refinando o nível de resposta.
Essa técnica pode ser aplicada em qualquer nível intelectual do público-alvo, podendo ser empregada em comunidades carentes, público de rua etc. (esta técnica é aquela usada pelo Ibope, Censo etc.).
Exige a contratação de diversos pesquisadores, onerando a pesquisa.
A aplicação desta técnica pode ser mais lenta, tendo-se em vista a forma seqüencial de investigação de cada entrevistador.
Questionário – A técnica do Questionário assemelha-se bastante à técnica do Formulário, com a diferença de que o Questionário é entregue ao informante, que deverá lê-lo e escolher as respostas. Nesta técnica, não existe um entrevistador. O informante lê as perguntas e responde sozinho. Essa técnica tem como característica:
atinge a um público maior num menor espaço de tempo, já que os questionários são distribuídos simultaneamente para vários informantes;
impõe certo controle do pesquisador sobre o público-alvo (uma sala de aula, um congresso de profissionais sobre determinado assunto, a clientela de um banco etc)
utiliza menor contingente de entrevistadores, já que o informante responderá sozinho, cabendo à equipe de pesquisa tão-somente o trabalho de orientação, recolhimento dos questionários etc.;
apresenta, como na técnica do Formulário, grande controle sobre a linguagem;
maior facilidade na informatização dos resultados;
redução dos custos ainda mais do que na técnica do Formulário, sobretudo porque o efetivo de pesquisadores pode ser sensivelmente reduzido.
Pesquisa Bibliográfica
Conceituação – É a pesquisa que incidirá sobre a bibliografia de um tema, ou seja, é a pesquisa que se faz a partir do conjunto de livros, artigos, ensaios e de outras formas de escritos a respeito dum determinado assunto. Assim, a pesquisa bibliográfica não decorre apenas da leitura de livros, mas também de todo texto publicado de uma maneira geral. Essa bibliografia é composta de trabalhos de diferentes autores, que utilizaram, por sua vez, modelos teóricos distintos, segundo suas opiniões e convicções pessoais, constituindo um manancial intelectual que normalmente se caracteriza pela pluralidade de opiniões, às vezes, discordantes entre si. 
A pesquisa bibliográfica é a mais utilizada pelo estudante de Direito bem como pelo próprio advogado, que às vezes também recorre às fontes.
Fontes – Trata-se de um conceito que pode variar de uma circunstância para outra, sendo difícil sua definição de forma rígida. Na maior parte das vezes, as fontes são os textos fundamentais, originais ou básicos cuja interpretação e discussão crítica gera a fortuna bibliográfica correspondente. A fonte é sempre o suporte mais básico da informação. A Constituição Federal poderia ser apontada como um exemplo de fonte, no plano legal, para uma pesquisa que tivesse o Direito Civil como objeto, enquanto que os textos de Afonso Arinos de Melo Franco poderiam ser vistos como uma bibliografia (fonte secundária dentro dessa mesma pesquisa. Mas, se nossa pesquisa fossede caráter biográfico, tendo por título, suponhamos, “A importância de Afonso Arinos de Melo Franco no processo de democratização do Brasil”, os escritos desse importante senador da República, inclusive aqueles publicados na imprensa, passariam à condição de fonte e não mais apenas bibliografia.
Fases da pesquisa bibliográfica
a) O tema e a delimitação do objeto (pesquisa exploratória)
O tema corresponde à área temática dentro da qual o estudante pretenderá estudar, enquanto que a delimitação do objeto refere-se ao problema que ele irá procurar esclarecer ao longo de sua investigação. Ele poderá, por exemplo, interessar-se pela questão da violência urbana, mas esse tema não se constituirá ainda num objeto de investigação científica. Trata-se apenas de um assunto, que precisa ser ainda problematizado. Assim, dentro da questão da violência urbana, o estudante poderá interessar-se, por exemplo, pela questão da delinqüência juvenil nas ruas do Rio de Janeiro. Esse problema da delinqüência juvenil relaciona-se, evidentemente, com vários outros aspectos. Um aluno, por exemplo, poderá querer estudar tal problema subordinando-o às ações que cabem ao Estado desenvolver na lida com a questão do bem-estar do menor. O objeto de investigação desse pesquisador poderia ser enunciado através do título: “A questão da delinqüência juvenil nas ruas do Rio de Janeiro: ações e omissões do Estado frente a esse problema social”. 
É evidente que o aluno poderá particularizar tal questão a partir de outros aspectos ainda mais pontuais. Dentro do enunciado acima proposto, o pesquisador poderá analisar, digamos, o papel do Ministério Público no cumprimento da legislação competente. Assim, a pesquisa passaria a ter como título: “O papel do Ministério Público no cumprimento do Estatuto da Criança e do Adolescente no Rio de Janeiro: uma análise de sua atuação como forma de combate à indigência infantil no Rio de Janeiro.”
Ora, o mesmo tema (a violência que atinge o menor carente na cidade do Rio de Janeiro) poderia ser trabalhado por um outro pesquisador que tivesse preocupações diferentes e desejasse estudar, por exemplo, o abandono do lar pelas crianças maltratadas por seus pais. A pesquisa agora poderia ser enunciada: “O lar como ameaça: o problema da violência doméstica como causa concorrente da indigência infantil na cidade do Rio de Janeiro”. Observe-se, portanto, que um mesmo tema (o menor abandonado e a violência na cidade do Rio de Janeiro) poderá ser estudado privilegiando-se questões diferentes. No primeiro caso acima mencionado, seriam analisados os aspectos relativos ao poder público na lida com a questão da delinqüência infanto-juvenil; no segundo, o estudioso abordaria prioritariamente o papel da família desajustada como fator gerador da indigência infantil e, como reflexo, o aumento da delinqüência infanto-juvenil na cidade do Rio de Janeiro. 
A delimitação do objeto de uma investigação científica é um momento de importância capital para a pesquisa. Apesar de o aluno não ter por hábito atribuir o devido valor a essa parte do trabalho, é ela que irá garantir a exeqüibilidade de sua proposta. Na maior parte das vezes, a tendência do aluno é querer estudar, tão-somente, um tema com o qual ele tenha alguma afinidade acadêmica. Assim, ele apresenta um tema (“A violência urbana” ou “O menor abandonado”) como se fosse um objeto de investigação, ou seja, sem problematizá-lo. 
É importante observar-se que são inúmeras as possibilidades para o acadêmico de Direito na hora de definir seu objeto de pesquisa. Muitas vezes, ele fica preocupado em extrair alguma questão especificamente da área jurídica, mas é sempre bom lembrar que ele poderá estudar qualquer aspecto do mundo que o cerca a partir de uma abordagem jurídica. Ou também ele poderá trabalhar algum aspecto que lhe tenha chamado particularmente a atenção dentro de uma cadeira como, por exemplo, Teoria Geral do Estado, História do Direito, Sociologia Jurídica etc.
Às vezes, a leitura de um simples jornal pode ser fonte de inspiração para a propositura de vários objetos de pesquisa científica. Uma pessoa com um nível de leitura fraco poderá vir a ter dificuldades na hora de encontrar um bom objeto de delimitação de pesquisa. A leitura freqüente de jornais e de revistas interessantes poderá ajudar a encontrar questões verdadeiramente instigantes para delimitar um bom objeto de pesquisa. 
Lembretes
A delimitação do objeto é a escolha de uma questão específica dentro de um tema mais abrangente.
Para se fazer a delimitação do objeto de pesquisa, deve-se antes proceder a uma pesquisa exploratória. 
A delimitação do objeto deve ser de tal precisão que possa ser anunciada pelo título e pelo sub-título do projeto de pesquisa científica.
b) Levantamento bibliográfico e análise preliminar do problema 
Escolhido o objeto e delimitado o objeto de investigação, será feito um estudo preliminar do problema, também chamado de pesquisa exploratória. Esse estudo preliminar inicia-se com a leitura da bibliografia existente sobre o assunto, devendo-se começar pelas obras de referência, partindo-se em seguida para os artigos e livros específicos, entre os quais devem ser privilegiados os mais recentes, cuja elaboração pressupõe o conhecimento das obras mais antigas. 
Nesta etapa do trabalho, o pesquisador ainda está buscando, na bibliografia disponível, respostas para a questão que o motiva ao estudo em causa. Sua leitura procura uma resposta para uma questão específica. Pode ser que ele encontre a resposta, mas também pode ocorrer o contrário. Se ele encontrar a resposta, a análise preliminar do problema se encerra e a questão estará resolvida, não havendo necessidade de desenvolvimento de uma pesquisa científica ( à falta de questões, não há pesquisa científica. Mas se ele não encontrar a resposta para aquela questão, ou ainda se a resposta que a bibliografia correspondente oferecer não for suficiente, então esse estudioso estará com uma demanda de uma pesquisa científica na mão.
Que tipos de livro devem ser usados pelo iniciante da pesquisa durante essa etapa? Como já foi dito, ele deve utilizar as obras de referência, que ajudarão o pesquisador a iniciar seu estudo, com informações preliminares e sucintas sobre o tema, indicativos conceituais, relação da legislação afeta ao problema tratado e, especialmente, indicações bibliográficas essenciais para o estudo daquela matéria. É muito importante procurar amealhar indicações orais da bibliografia junto a professores e mesmo junto a colegas de sala. Mas o levantamento bibliográfico deverá ser feito também nas obras que são especializadas nessa área. 
Infelizmente, poucos pesquisadores dão atenção, hoje em dia, às obras de referência para orientar os primeiros passos de um trabalho científico. A seleção bibliográfica que se deve fazer no início da elaboração de um projeto de pesquisa científica, todavia, sob a égide de um estudo preliminar é a alma desses estudos preliminares que subsidiarão toda a elaboração futura do projeto e uma base segura para o desenvolvimento, numa segunda etapa, da própria pesquisa científica. 
c) Enunciação das questões norteadoras
Já ficou claro que a pesquisa científica acontece com o propósito de se solucionar uma dúvida, uma questão objetiva que o pesquisador necessite esclarecer. A pesquisa é uma forma de se buscarem soluções (não dogmáticas) alicerçadas no método científico, para problemas que atingem a sociedade ou a um grupo social específico, mas cujas respostas ainda não tenham sido produzidas no estado atual do conhecimento humano. Assim, a alma de uma pesquisa científica é uma questão ou um conjunto de questões a serem respondidas ao longo do trabalho de investigação. A essa questão principal dá-se o nome de Questão Norteadora da pesquisa científica. Como normalmente essa questão suscita outras tantas, que a ela se associam, o projeto de investigação científica costuma apresentar um pequeno item denominado Questões Norteadoras, em quesão explicitadas as dúvidas a serem dirimidas pelo estudo. 
Mas, atenção! Essa dúvida não decorre da curiosidade ou da ignorância de uma pessoa em relação a uma questão qualquer, mas da inexistência de uma reflexão crítica, por parte da comunidade científica, em relação àquela questão particular. Explica-se: quando a coletividade tem um problema para resolver, como, por exemplo, solucionar uma questão de natureza jurídico-social, e não há uma resposta objetiva nos livros para aquele problema, então ela tem que produzir esse conhecimento. O conhecimento produzido é exatamente a resposta àquela questão norteadora.
Tome-se como exemplo a temática da delinqüência infanto-juvenil associada à problemática da violência doméstica perpetrada contra crianças, que acabam por fugir de suas casas. É claro que existem vários livros sobre a indigência infantil no Brasil. Também sabemos que há trabalhos sobre o problema do menor abandonado e a violência de rua no Rio de Janeiro, onde a criança e o adolescente aparecem como maiores vítimas da violência. Há ainda estudos sobre a questão da violência doméstica praticada contra crianças. Mas, ao interessar-se pela questão da violência doméstica praticada contra a criança e seus efeitos no crescimento da população de rua infanto-juvenil na cidade do Rio de Janeiro, o pesquisador certamente achará muito difícil de se encontrar um livro que trate desse conjunto de questões específicas de maneira articulada e voltada para a área jurídica. Assim, essa pesquisa deverá responder a uma nova questão muito específica e que, certamente, não há ainda estudos muito profundos sobre a matéria. Ela poderá ter, como questão norteadora: “de que maneira se pode associar a violência doméstica praticada contra crianças e adolescentes e o crescimento da população de rua infanto-juvenil da cidade do Rio de Janeiro?” 
Para se responder à pergunta enunciada no parágrafo anterior, outras antes necessitam ser esclarecidas. Embora elas não sejam a questão norteadora principal, desempenham, todavia, uma função relevante na condução da pesquisa, à medida que ajudam a esclarecer pontos necessários ao desenvolvimento da pesquisa. Assim, outras questões norteadoras secundárias ainda poderiam se juntar àquela acima mencionada, como, por exemplo, “uma proposta de análise descritiva dos principais fatores sociais que mais têm contribuído para a prática da violência doméstica contra a criança na cidade do Rio de Janeiro.” Observe-se que essa é uma questão de sumo interesse para o esclarecimento do problema da violência praticada contra o menor em tal circunstância. Deslindar as causas da violência doméstica contra a criança é um ponto de que uma pesquisa científica sobre tal assunto não pode prescindir. Até porque, para uma pessoa interessada na questão jurídica, saber as causas desse problema poderá orientá-la na proposição de medidas na área legal para ajudar a resolver tal questão. É sempre bom lembrar que o pensamento científico distingue-se do senso comum exatamente pelo seu rigor em questionar os fenômenos a partir de suas causas.� 
Várias outras questões secundárias podem ser apontadas como complementares àquela que serviu de questão norteadora principal: “qual percentual de crianças e de adolescentes, entre os que hoje vivem nas ruas desta cidade, saíram de suas casas fugidos de maus tratos ali recebidos e o que esse percentual representa dentro do universo de crianças de rua no Rio de Janeiro?” “Qual o principal tipo de delito praticado por crianças ao integrar-se à população de rua?” E assim sucessivamente.
As possibilidades são infinitas, mas o pesquisador deverá escolher o seu elenco de questões norteadoras a partir de uma reflexão objetiva e crítica. Apenas as mais essenciais deverão ser escolhidas e, mesmo assim, somente após um estudo exploratório inicial, onde sejam estudados aspectos um pouco mais profundos do que aqueles que são do conhecimento do leigo. Ou seja: a questão norteadora enunciada por um pesquisador deve corresponder à “dúvida” de um especialista, isto é, de alguém que estudou o assunto com uma certa profundidade e que toma conhecimento de que aquela questão não está resolvida pela bibliografia especializada. 
É necessário destacar-se tal aspecto, porque não é excepcional a circunstância de se encontrarem, em projetos de pesquisa científica de alunos desse nível de formação acadêmica, questões norteadoras que nada mais são do que a manifestação do desconhecimento do aluno sobre a matéria. Por exemplo: “Existe uma lei federal responsável pela proteção do patrimônio arqueológico brasileiro?” Ou ainda: “O Brasil, com tantas áreas verdes e agricultáveis, é um país cheio de pessoas morrendo de fome. Como é que pode?...” Bem se vê que isso não se pode configurar como questão norteadora.
Assim, a pesquisa científica nasce da dúvida – é certo –, mas essa dúvida é da comunidade científica e não de uma só pessoa, ou seja, é uma dúvida de um especialista que procura, em sua área do saber, uma solução para um problema que o mundo real lhe colocou. É para isso que a pesquisa científica serve. Já foi dito que, na divisão social do trabalho, esta é a parte que cabe à comunidade científica: olhar criticamente para os problemas que a vida cotidiana apresenta, procurando compreendê-los sob o prisma teórico que aquela ciência possui.�
Em seguida, o pesquisador procurará definir suas hipóteses, que são respostas provisórias às suas questões norteadoras, feitas à luz do estudo exploratório e que ajudarão a nortear a sua pesquisa científica. Toda pesquisa científica possui uma questão norteadora como motivadora, mas nem toda questão norteadora produzirá, necessariamente, uma hipótese. 
Preparando um projeto de pesquisa
Conforme assinalado anteriormente, a pesquisa científica é um estudo que necessita ser planejado para que renda o máximo, através da racionalização de esforços e de tempo dos cientistas envolvidos diretamente com sua realização. Por isso, para se conseguir produzir no campo do conhecimento, é necessário estudarem-se os meios potenciais a serem investigados, bem assim as formas de atuação dos pesquisadores, com vistas a solucionar o problema a eles colocado. Esse estudo prévio, em que são analisadas as condições em que a pesquisa se desenvolverá, é o projeto de pesquisa. 
Já foi assinalado que a pesquisa científica só ocorre quando busca resolver questões de natureza coletiva, enquanto que uma investigação ou estudo que tenha por propósito esclarecer uma dúvida derivada tão-somente da ignorância de uma pessoa não pode ser qualificada de científica. Por exemplo, quando um leigo quer entender o que vem a ser, digamos, o Estatuto da Criança e do Adolescente, o ato dele procurar respostas para compreender esse assunto, por mais livros que ele leia, não se constituirá numa pesquisa científica.� 
 Embora já tenham sido dados exemplos para explicar o que era uma questão norteadora no item Fases da pesquisa bibliográfica (c- Enunciação das questões norteadoras), cabem ainda algumas ponderações e exemplos sobre essa importante questão de um projeto científico.
Imaginemos que um estudioso, dentro do tema da propriedade da terra, necessite investigar o seguinte objeto: “O direito de propriedade e a necessidade de uma reforma agrária no Brasil: uma discussão à luz de seus fundamentos jurídicos”. É claro que, dependendo do interesse desse pesquisador pelo assunto, poderão ser levantadas questões norteadoras distintas para o desenvolvimento desse trabalho investigativo. Por exemplo, pode-se ter como questão norteadora dessa pesquisa o seguinte tópico: “de que forma a legislação brasileira poderá contribuir para promover uma reforma agrária, que possa garantir maior acesso da população de baixa renda à terra?” Tal questão sugere uma série de problemas que o pesquisador poderá abordar, com o propósito de tentar contribuir com a discussão desse grave problema social no Brasil. Seria necessário, portanto, pontuar-se melhor o problema, com uma questão maisespecífica. Assim, essa mesma questão norteadora poderia ser enunciada como: “de que forma se poderia usar o sistema de tributação da propriedade rural ociosa no Brasil, no sentido de extinguir o latifúndio improdutivo, promovendo, ao mesmo tempo, o barateamento das terras agricultáveis do país, bem como dos produtos nela produzidos para o mercado interno?” 
É importante salientar que o pesquisador, ao enunciar uma questão como essa, deverá explicá-la de forma a torná-la acessível a um maior contingente possível de leitores de seu projeto científico. Observe que ele estará formulando uma questão, que não é manifestação da simples ignorância de um leigo, mas um problema percebido por um especialista na matéria. Trata-se de uma questão que fora fruto de uma pesquisa preliminar, também chamada de exploratória e que possui uma certa bagagem de conhecimento especializado. Para se formular a questão norteadora acima mencionada, o pesquisador talvez tenha lido estudos históricos sobre o latifúndio improdutivo no Brasil e deseje informar isso ao leitor de seu projeto. Ele poderá também esclarecer que tipo de impostos incidem sobre a propriedade rural no Brasil, como eles costumam ser aplicados. Ele poderá ainda fornecer um mapa discursivo das terras ociosas no País. À medida que ele apresentar tais pontos, a questão norteadora passará a ter uma clareza maior e será mais fácil de ser entendida.
É necessário que essa pessoa que lerá o projeto de pesquisa entenda a questão levantada, pois normalmente um projeto de pesquisa científica será lido não apenas por profissionais atuantes na área jurídica, mas também por profissionais da área, por exemplo, econômica, já que os projetos de pesquisa científica, quando desenvolvidos no plano profissional, costumam ser estudados por analistas econômicos, profissionais responsáveis pela liberação de recursos que financiarão o trabalho. 
Portanto, uma questão norteadora deverá ser explicada por seu proponente, para tornar-se inteligível a um maior contingente de pessoas possível. 
Pode-se observar ainda um segundo exemplo dentro dessa área temática. Ainda dentro do exemplo proposto, o estudioso poderia também levantar outras questões norteadoras, que tivessem pretensões investigativas de menor envergadura. Imagine-se que, no lugar dele pretender fazer uma pesquisa explicativa, onde ele vá aprofundar discussões mais complexas, ele projete fazer uma pesquisa apenas descritiva, ou seja, ele não pretende explicar nenhum fenômeno, mas apenas descrevê-lo criteriosamente. Portanto, dentro do tema do direito de propriedade e a necessidade de uma reforma agrária no Brasil, poderá ser eleita uma questão norteadora menos complexa: “quais as áreas de maior incidência dos conflitos de terra no Brasil e como esses conflitos têm sido tratados pela Justiça brasileira?” Essa pesquisa certamente exigiria menos do aluno, especialmente daquele que trabalha e que tem pouco tempo para proceder a uma investigação científica. Mas seria válida, como qualquer outra explicativa. A simplicidade de uma boa questão norteadora não desqualifica o trabalho. Ao contrário: garantir a exequibilidade da pesquisa é uma qualidade do aluno que deve ser destacada.
Como questão norteadora de um outro trabalho, poderia ser investigada tão-somente “qual a fortuna bibliográfica especializada sobre o problema da terra no Brasil, a partir de uma visão jurídica?” O pesquisador iria fazer uma recensão de livros e de artigos especializados, destacando como essa bibliografia se caracteriza e quais as suas principais linhas de abordagem. Seria um trabalho que desenvolveria enormemente o conhecimento do aluno, aumentaria seu potencial crítico e ainda, ao contrário do que se pensa, produziria um novo conhecimento. 
Observe-se que uma pesquisa científica na área jurídica que tenha como questão norteadora a classificação tipológica e quantitativa da bibliografia sobre a reforma agrária no Brasil, poderá ser extremamente útil para outros trabalhos desenvolvidos dentro dessa mesma área temática. Um estudo como esse poderia, mais facilmente do que um trabalho de natureza explicativa, receber a acolhida do mercado editorial, por se tratar de um manual bibliográfico sobre um tema de largo interesse acadêmico e político. 
Veja que não há a necessidade de se desenvolver uma tese para se produzir um novo conhecimento, sendo, portanto, equivocada a afirmação segundo a qual só no doutorado se produzem novos conhecimentos. A diferença que há entre os dois trabalhos, na verdade, é a natureza do conhecimento produzido por um graduando e um doutorando. Uma pesquisa sem grandes pretensões, com uma questão norteadora simples, que tenha propósito meramente descritivo, pode-se constituir numa importante contribuição bibliográfica para o meio acadêmico, apresentando um aporte cultural relevante para a comunidade científica. Infelizmente, nem sempre o aluno encontra-se realmente disposto a trafegar no terreno da simplicidade, preferindo eleger questões norteadoras muito complexas, das quais ele terá alguma dificuldade, não raro, de se desincumbir a contento. 
Lembrete
As questões norteadoras poderão ser enunciadas tanto na forma de pergunta, como também na afirmativa.
Cada questão norteadora deverá ser explicada pelo pesquisador, com o propósito de garantir-lhe maior clareza.
O aluno deve ponderar a possibilidade de levantar uma questão norteadora marcada pela simplicidade. As pesquisas descritivas devem ser incentivadas.
4.1 Definição dos objetivos
Os objetivos são definidos na seqüência da delimitação do objeto da pesquisa e da enunciação das questões norteadoras. É importante lembrar que a definição do objeto da investigação derivou da leitura de obras disponíveis sobre o assunto, onde se procurou responder a questões ou esclarecer dúvidas suscitadas pelo pesquisador (leitura exploratória). Se, dessa abordagem, não se obtiverem respostas para a questão, configurando-se assim a demanda da investigação científica (enunciação do problema), o objetivo da pesquisa será, assim, o de responder a essas questões. Assim, o objetivo específico de toda investigação científica é responder às suas questões norteadoras.
Como enunciar tais objetivos no projeto de pesquisa? O autor do projeto deverá dizer que ações serão necessárias desenvolver para responder às questões norteadoras. 
Veja-se, por exemplo, o caso da pesquisa sobre o latifúndio improdutivo no Brasil e que terá a seguinte questão norteadora: “de que forma se poderia usar o sistema de tributação da propriedade rural ociosa no Brasil, no sentido de extinguir o latifúndio improdutivo, promovendo, ao mesmo tempo, o barateamento das terras agricultáveis do país?” O pesquisador poderá ter como objetivo, em primeiro lugar, “mapear o latifúndio ocioso no Brasil, procurando associar sua ocorrência com variáveis sociais e econômicas da região, responsáveis pela sua manifestação.” Ele poderá enunciar, como um outro objetivo do trabalho, “analisar, criticamente, a legislação e, especialmente, o sistema tributário da terra no Brasil (tributos, direito de sucessão etc.), cotejando-o com o de um outro país, onde a questão da terra encontra-se mais bem resolvida, sob o ponto de vista social.” Lembrando que será importante conhecer-se a fundo a ação do Estado na lida com essa questão socioeconômica no Brasil, o estudante poderá perceber ser necessário apurar como tem sido, nos últimos 50 anos, o esforço governamental voltado para a promoção da reforma agrária. Ele então estabelecerá como propósito de seu trabalho: “Inventariar a ação do Poder Público na reforma agrária à luz da legislação brasileira que trata da propriedade rural no Brasil”. Finalmente ele poderá procurar “apurar os indicadores econômicos e sociais relativos às terras que tenham passado pelo processo de reforma agrária”, com o objetivo de compreender a dimensão das transformações que ela tem ensejado entre a população rural de baixa renda.
Mas os objetivos de um pesquisador normalmentenão acabam por aí. A divulgação de toda pesquisa (em seminários, congressos, relatórios, monografias etc.) provocará algum impacto no meio científico e, em corolário, desdobramentos indiretos (culturais, sociais, jurídicos, econômicos etc.). São repercussões mais genéricas e indiretas que a produção daquele conhecimento ensejará (por exemplo, o enriquecimento da bibliografia sobre um determinado assunto ou o enriquecimento da massa crítica relativa à solução de um determinado problema etc.). Esses objetivos devem também ser aferidos pelo pesquisador, que o classificará como objetivos gerais. 
Em ambos os casos, é necessário que o pesquisador não apenas enuncie os objetivos que pretende perseguir, mas que também, a exemplo do que fizera nas questões norteadoras, procure explicar cada um deles. 
Lembrete
Os objetivos de um projeto científico são o conjunto de ações a serem desenvolvidas pelo pesquisador, com o propósito de responder às Questões Norteadoras daquele projeto.
Deve-se enunciar os objetivos com ações práticas que o pesquisador irá desenvolver: (analisar, comparar, inventariar etc.) 
A exemplo do que se fez nas Questões Norteadoras, cada Objetivo deverá ser explicado ao leitor do projeto.
4.2 Justificativas
As justificativas de um projeto de pesquisa são o que abonam a sua própria realização. São as razões que nos levaram a fazer um projeto para estudar um determinado problema e que têm, no plano das implicações éticas do trabalho científico, a sua legitimidade mais essencial. 
Portanto, alguns aspectos devem ser assinalados nas Justificativas de um projeto de Pesquisa. Em primeiro lugar, a necessidade, ou seja, a relevância de aquele trabalho ser feito, tendo-se em vista o ainda não satisfatório estágio do conhecimento sobre a matéria. Às vezes, até existe um número razoável de livros escritos sobre a matéria, mas há ainda muita discordância entre eles. Seu estudo será uma contribuição à reflexão sobre a matéria. Eis aí uma justificativa bastante razoável. Caberá, assim, ao pesquisador, apontar a legitimidade do estudo, informando a quantas anda a fortuna bibliográfica sobre o assunto. 
Por exemplo: se quisermos identificar “Causas e fatores relativos ao aumento da população de rua do centro da cidade do Rio de Janeiro nos últimos 20 anos” e não encontramos, na bibliografia consultada, qualquer resposta específica sobre esse assunto, tem-se uma justificativa da investigação científica: a carência bibliográfica sobre o tema. 
Esta é uma parte imprescindível do projeto da pesquisa: apontar, na fortuna bibliográfica sobre o tema da pesquisa, suas lacunas, incoerências ou mesmo erros, o que justificará a pesquisa. Essa é normalmente uma eloqüente justificativa de toda pesquisa científica. Mas não é a única.
Uma outra justificativa para a pesquisa é encontrada na relevância social do trabalho. Ao se fazer uma pesquisa científica, deve-se ter em mente a que segmentos da sociedade a pesquisa, em última instância, será útil. Toda pesquisa necessita ter uma ressonância social. A preocupação social expressa no planejamento da pesquisa é o que qualifica a sua realização, se considerarmos o trabalho científico como uma intervenção crítica e necessária do homem no meio em que vive. No exemplo mencionado acima, assim, uma segunda justificativa poderá ser os benefícios que o desenvolvimento desta pesquisa trará para a própria população de rua e comerciantes locais. E não apenas isso: toda a sociedade sai ganhando quando se pensa criticamente sobre um problema de significativa envergadura em nosso contexto histórico. 
Lembrete:
As Justificativas de um projeto de pesquisa são o conjunto de razões (acadêmicas, sociais e pessoais) que conferem legitimidade ao trabalho científico.
5. Referências
As referências são o que antigamente chamava-se Bibliografia. É o conjunto de livros, artigos, páginas da Rede Mundial, documentos, leis, decretos e demais fontes que serviram ao pesquisador para elaborar seu estudo, seja ele um projeto de pesquisa, seja a própria pesquisa. Nesta parte do projeto de Pesquisa deverão entrar todos os livros e demais fontes que compõem o fichário bibliográfico, montado ao longo da elaboração do projeto de pesquisa. 
A inserção dessas fontes impõe alguns cuidados metodológicos, que são definidos pela ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). Serão vistos, a seguir, alguns dos exemplos mais comuns que ocorrem em referências bibliográficas e que obedecem à norma técnica.
A Norma Técnica NBR 6023:2000, que veio a substituir a antiga NBR 6023:1989, é baseada na norma internacional ISO 690:1987 e na ISO 690/2:1997. Ela regula oficialmente toda a forma de citação bibliográfica e seu uso é obrigatório em publicações científicas brasileiras. 
5. 1 Como referenciar obra inteira
a) Livro com um autor
BOSSA, Nadia A. Dificuldades de aprendizagem: o que são. Como tratá-las. Porto Alegre: Artmed, 2000.
Obs.: Só o título do livro deve ser grifado (negrito ou itálico). O subtítulo da obra deve ser escrito sem qualquer tipo de grifo.
Obs.: Quando não houver indicação da cidade em que a obra foi editada, deve-se colocar a abreviatura S.l. [sem local]; quando não houver a indicação da editora, usa-se a abreviatura s.n. [sine nomine].
b) Livro com três autores
BOCK, Ana Mercês Bahia; FURTADO, Odair; TEIXEIRA, Maria de Lourdes Trassi. Psicologias: uma introdução ao estudo da psicologia. 13. ed. São Paulo: Saraiva, 1999.
Obs.: Usa-se o ponto-e-vírgula para separar nomes de autores ou de editoras, como no exemplo seguinte. A indicação da edição é obrigatória após o título da obra, salvo no caso da primeira edição. 
c) Livro com quatro autores ou mais
DUBOIS, J. et al. Retórica geral. Tradução de Carlos Felipe Moisés, Duílio Colombini e Elenir de Barros. São Paulo: Cultrix, 1974.
d) Livro com mais de uma cidade
Deve-se usar o ponto-e-vírgula para separar o nome de duas cidades. 
HESSEN, Johannes. Teoria do conhecimento. Tradução de Antônio Correia. 7. ed. Coimbra: Arménio Amado; São Paulo: Martins Fontes, 1979. (Studium)
Obs.: Deve-se indicar sempre o nome do tradutor, quando se tratar de uma obra estrangeira. A palavra Studium dentro do parêntese indica o nome de uma série temática que tem sido publicada pela editora.
e) Livro com mais de uma editora
Deve-se separar o nome de duas editoras (localizadas na mesma cidade) com dois-pontos.
CHARTIER, Roger. A aventura do livro: do leitor ao navegador. São Paulo: Imprensa Oficial: Unesp, 1999.
Obs.: Reparar que o destaque conhecido como VERSAL (todas as letras do sobrenome em maiúsculas) é usado também para mencionar o nome de publicações (ex. REVISTA BRASILEIRA DE ESTATÍSTICA), nome do país, no caso de leis e publicações oficiais (ex. BRASIL, Ministério da Cultura) ou para nome de instituições (ex. BANCO INTERAMERICANO DE DESENVOLVIMENTO).
5.2 Como referenciar parte de livro/monografia
a) Capítulo de livro de um mesmo autor
COMPAGNON, Antoine. O leitor. In: ______. O demônio da teoria: leitura de senso comum. Tradução de Cleonice Paes Barreto Mourão. Belo Horizonte: UFMG, 1999. cap. 4, p. 139-164.
Obs.: Não há necessidade de repetir o nome do autor, basta a colocação de um traço (sublinhado) de seis toques.
b) Parte de autoria diferente
Deve-se referenciar o nome do autor do capítulo, o título do capítulo, seguido da expressão latina In: e continuada pelo nome do autor principal da obra e de seu título.
BARATA, Maria do Rosário Themudo. Portugal e a Europa na época moderna. In: TENGARRINHA, José. (Org.). História de Portugal. Bauru: Edusc; São Paulo: Unesp; Lisboa: Instituto Camões, 2000. cap. 7, p. 105-126.
5.3 Monografia em meio eletrônico
autor(es)
título e subtítulo (da parte ou da obra como um todo);
Dados da edição;
Dados da publicação: local, editor, data;
informações relativas à descrição física do meio ou suporte.
INSTRUPEDIA: Your interactive encyclopaedia of instrumentation.Microsoft Windows 95. Microsoft Corporation, 1993-1996. 1 CD-ROM. 
5.4 Artigos de publicações periódicas
a) Publicações especializadas
MORHY, Lauro. A ciência no Brasil. UnB Revista ( Revista da Universidade de Brasília, Brasília, edição especial, jul. 2000.
VIEIRA, Sandra Medeiros. Uma pequena história do livro. Ciência hoje das crianças: Revista de Divulgação Científica para crianças ( Revista da SBPC, São Paulo, ano 13, nº 104, jul. 2000. 
b) Publicações da grande imprensa (revista)
TOLEDO, Roberto Pompeu de. O carnaval como o juízo final. Veja, São Paulo, ano 35, n.º 1739, p. 142, 20 fev. 2002.
c) Publicações da grande imprensa (jornal)
autor(es) 
título
subtítulo
nome do jornal
local de publicação
data da publicação
seção
caderno ou parte do jornal
paginação correspondente
ALVES, Rubem. Sobre moluscos e homens. Folha de S. Paulo, São Paulo, 17 fev. 2002, p. A3
d) Artigo de revista publicada em meio digital
SOUZA, Ailton Elisário de. Penhora e avaliação. Dataveni@, Campina Grande, ano 4, n.º 33, jun. 2000. Disponível em <http://www.datavenia.inf.br/frame-artig.html>. Acesso em 31 jul. 2000.
5.5 Legislação
A legislação pode ser referenciada de duas formas: a) através da publicação do Diário Oficial e b) através da publicação de livro.
a) através da publicação do Diário Oficial
BRASIL. Leis, Decretos etc. Decreto n.º 64.972, de 11 de agosto de 1969. Diário Oficial da União, Brasília, 12 ago. 1969. Seção 1, pt. 1, p. 6849-50. Altera o enquadramento do pessoal do Ministério do Exército beneficiado pelo art. 2.º da lei n.º 3.967 de 5 out. 1961.
b) através da publicação de livro 
BRASIL. Decreto-lei n.º 25, de 30 de novembro de 1937. Organiza a proteção do patrimônio histórico e artístico nacional e dá outras providências. FUNDAÇÃO NACIONAL PRÓ-MEMÓRIA. Sphan: uma trajetória. Rio de Janeiro: Fundação Nacional Pró-Memória, 1979. 
PREPARANDO A MATRIZ
1. ESCOLHER O TEMA 
a) Tema é a discussão de uma questão sócio-jurídica, ou seja, de um ponto de vista que se deseja demonstrar e desenvolver, usando na fundamentação jurídica a legislação, a doutrina e a jurisprudência. 
b) O tema é de livre escolha do aluno e qualquer assunto pode tornar-se um tema. 
c) Requisitos para escolha do tema: 
Identidade temática – ser do agrado e de interesse do aluno pesquisador.
Ser relevante para o aperfeiçoamento acadêmico-profissional.
Existência de material bibliográfico disponível.
Adequação às possibilidades de tempo, trabalho e recursos disponíveis. 
2. PROBLEMATIZAR O TEMA ESCOLHIDO 
 Consiste em levantar os vários aspectos pertinentes ao tema, delimitando seu campo de atuação e estabelecendo hipóteses ou as questões norteadoras (frases interrogativas) do problema a ser estudado. 
2.1 DELIMITAR O TEMA 
 Refere-se à seleção dos aspectos sócio-jurídicos a serem desenvolvidos no trabalho, delimitando, especificamente, a abrangência do estudo a ser feito. 
 A determinação do tema, isto é, problema, incide, efetivamente, na construção de um trabalho de conclusão de curso, sobretudo a delimitação precisa do assunto sobre o qual versará o trabalho.
 É natural que, durante seu estudo, ocorra alguma alteração quanto a essa primeira delimitação a fim de precisar ou especificar o tema e explorá-lo em seus vários ângulos ou aspectos.
 Além da precisão do problema, ou seja, do objeto em si do trabalho, deve considerar-se a perspectiva sobre a qual será tratado, a extensão que se pretende dar ao sujeito e ao objeto de estudo, como também ao tempo e ao espaço. O conteúdo do objeto de estudo pode, até, ser o mesmo, mas as perspectivas sob as quais se pretende fazer esse estudo vão determinar o desenvolvimento do trabalho.
 Essa visão clara do tema precisa confirmar-se com sua especificação em termos de problema. Quer dizer, o raciocínio só se desencadeia se o tema for problematizado. Todo o raciocínio ou a argumentação a serem desenvolvidos visam a solucionar o problema proposto; é uma demonstração com o propósito de estabelecer-se um método de trabalho, os objetivos a serem alcançados com o fito de responder à grande questão: a gênese dessa problemática acontece pela reflexão sugerida em função das leituras, dos debates, isto é, pela vivência intelectual que se adquire no meio universitário ou cultural.
 Exige-se, portanto, uma tomada de posição sobre o tema-problema, adquirindo este a forma de tese, da proposição central do trabalho que será demonstrada logicamente por meio do raciocínio. Aliás, todo o discurso científico pretende demonstrar uma posição a respeito do tema a ser problematizado. 
a delimitação do objeto deve ser tal que possa ser anunciada pelo título e pelo sub-título do trabalho de pesquisa científica. 
2.2 APONTAR AS QUESTÕES NORTEADORAS OU HIPÓTESES
 São questões interrogativas ou afirmativas que apontam, objetivamente, o que vai ser discutido ao longo do trabalho; indicam o norte da pesquisa, o que o pesquisador se propõe a demonstrar ou a comprovar. 
 A pesquisa científica, portanto, acontece com o propósito de se solucionar uma dúvida, uma questão objetiva que o pesquisador necessita esclarecer. A pesquisa é uma forma de se buscarem soluções para problemas que atingem a sociedade ou um grupo social específico, mas cujas respostas ainda não estejam disponíveis no estado atual do conhecimento humano. Assim, a alma de uma pesquisa científica é uma questão ou um conjunto de questões (as chamadas questões norteadoras) a serem respondidas ao longo do trabalho de investigação. Em outras palavras, é o caminho que o raciocínio deverá percorrer no desenvolvimento ao se fundamentar o trabalho. 
2.2.1 Problema: Cientificamente, problema qualquer questão não resolvida e que é objeto de discussão, em qualquer domínio do conhecimento. 
 Ex.: Tema – “O crime praticado por menores de 18 anos.”
Problema – “A antecipação da responsabilidade criminal para menos de 18 anos seria solução para a redução da criminalidade juvenil?” 
 O problema é científico se pode ser testado e suas variáveis podem ser observadas ou manipuladas. Pode-se observar que países que têm a redução da maioridade penal e aplicam tal redução, não conseguiram resolver o problema da criminalidade entre os jovens. 
2.2.2 Atenção – Um problema científico não pode confundir-se com um problema prático, como, por exemplo: “Como fazer para despoluir as praias brasileiras.”
Que fazer é um problema científico.
Como fazer já é um problema prático; não se refere, portanto, à ciência. 
ALGUMAS OBSERVAÇÕES PRÁTICAS 
a) O problema pode ser elaborado em forma de pergunta ( questão norteadora) ou de uma afirmativa (hipótese): “O Código de Trânsito Brasileiro pode contribuir para a redução das transgressões no trânsito e difundir direitos do cidadão?” Ou “A violência doméstica praticada contra crianças e adolescentes causam o crescimento da população de rua infanto-juvenil da cidade do Rio de Janeiro.”
b) O problema deve ter dimensão viável; não pode ser excessivamente amplo de forma que não se possa alcançar uma solução. “O que determina que certas leis brasileiras não peguem?” 
c) A formulação de um problema deve ser clara; os termos utilizados devem ser definidos. 
d) A formulação de um problema deve ser precisa. “O desconhecimento do Código Eleitoral por parte dos políticos inescrupulosos é um empecilho à democracia?” O problema envolve termos que precisam ser delimitados: que são políticos inescrupulosos? Que se entende por democracia? 
e) O problema precisa ter referência empírica: ser observável, medido; sem envolver juízo valorativo. (vide exemplos expostos no item “Enunciação das questões norteadoras”).
Obs.: É importante a leitura completa do texto uma vez que esclarece e orienta sobre a elaboração do artigo científico, em detalhes.
� PONDÉ, Luiz Felipe. Marketing existencial:a produção de bens de significado no mundo contemporâneo. São Paulo: Três Estrelas, 2017.
� WATTS, Duncan J. Tudo é óbvio, desde que você saiba a resposta (como o senso comum nos engana), São Paulo: Paz e Terra, 2011.ndam
� KOLB, William L. Ciência. In: SILVA, Benedicto (Org.). Dicionário de ciências sociais. 2. ed. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1987. p. 182.
� KÖCHE, José Carlos. Fundamentos de metodologia científica: teoria da ciência e iniciação à pesquisa. 21. ed, Petrópolis: Vozes, 2003.
� DEMO, Pedro. Metodologia do conhecimento científico. São Paulo: Atlas, 2000. 
� Sobre a escolha do objeto de investigação de uma pesquisa científica, falaremos mais à frente, detalhadamente. Por ora, é apenas importante alertar-se sobre a expectativa que deve ter em relação ao debutante na pesquisa científica.
� RUIZ, João Álvaro. Metodologia científica: guia para eficiência nos estudos. São Paulo: Atlas, 1980, p. 51.
� João Álvaro Ruiz classifica esse tipo de pesquisa como pesquisa de campo. Cf.RUIZ, op. cit. p. 50 e ss.
� Cf. RUIZ, op. cit. p. 96 e ss. 
� “A ciência, enquanto conteúdo de conhecimentos, só se processa como resultado da articulação do lógico com o real, da teoria com a realidade. Por isso, uma pesquisa geradora de conhecimento científico e, conseqüentemente, uma tese destinada a relatá-la, deve superar necessariamente o simples levantamento de fatos e coleção de dados, buscando articulá-los no nível de uma interpretação teórica.” SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. 21. ed. São Paulo: Cortez, 2000, p. 149
� Cf. CERVO, Amado L.; BERVIAN, Pedro. Metodologia Científica. 5. ed. São Paulo: Prentice Hall, 2001. p. 63 e ss., onde a questão da produção do conhecimento é ressaltada pelo autor.

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