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Lesão e Reabilitação de LCA Prof. Ronner Bolognani 1 2 Lesões de joelho 2 Ligamento Cruzado Anterior Estabilizador primário Limita translação anterior excessiva da tíbia sobre o fêmur fixo e translação posterior do Fêmur sobre a tíbia fixa (cadeia cinética fechada) Estabilizador secundário Limitação da rotação externa e interna assim como dos estresses em valgo e varo. Atua em conjunto com com LCP controlando o deslizamento e rolamento da tíbia sobre o fêmur, durante flexão / extensão normal, limitando hiperextensão Fibras cruzadas: tensão durante toda ADM, com tensão mínima entre 30 e 90 graus 3 4 Lesões : atividades que envolvem saltos e mudanças bruscas de direção Mal condicionamento físico = Frouxidão fisiológica aumentada (controverso) Maioria das rupturas (75%) na porção média do LCA Insall, J. 1979 Grau da lesão indicada pela frouxidão (aos testes) ou instabilidade ( Curvamento do joelho: medial / lateral, anterior posterior ou rotatória antero medial...) Kissner,C 1992 Grau I: pouca hemorragia, sem frouxidão, end feel firme Grau II: Certa hemorragia, alguma perda da função, translação anterior , end feel ainda firme, dolorosas e dor aumenta com Lachman /gaveta anterior Grau III: Ruptura total, frouxidão importante aos testes, 5 6 Grau III: end feel deixa de ser firme Atleta relata estalido e sensação de que joelho cedeu Dor significativa que deve ceder Ligamento rompido não se recupera Sommerlath, K. Lysholm, J. Gillquiost, J. 1991 LCA deficiente instabilidade rotacional Incapacidade funcional no atleta, rupturas de menisco e alterações degenerativas Mecanismo de Lesão Mais comum = não envolve contato: Movimento torsional do joelho com pé fixo (mudança de direção com desaceleração, estresse em valgo e rotação externa do joelho Hiperextensão com rotação interna também 7 8 Mecanismo de Lesão Possível ruptura com contato – estresse em valgo (LCA + LCM e deslocamento do menisco medial “trindade maldita” O’Donohue, D. 1970 Considerações para reabilitação Abordagem conservadora: recuperação na fase aguda e progressão com programa vigoroso de reabilitação Caso não se consiga função normal e joelho permanece instável considerar cirurgia reconstrutora Abordagem aceitável em indivíduos sedentários • Quanto mais velho, menos apropriada é a recontrução ( tempo para reabilitação, estabilidade não é essencial) 9 Progressão para reabilitação (sem cirurgia) Conservadora: Priorizar fortalecimento de isquiotibiais e gastrocnêmios (geram translação posterior da tíbia durante suas contrações) Cadeia cinética fechada minimizam translação anterior da tíbia , utilizados na recuperação do controle neuromuscular, estimulando a estabilização dinâmica através de co- contração isquiotibiais e quadríceps (visa conquistar razão 1:1 de FM quadríceps / isquiotibiais) 10 Considerações para reconstrução (CIRÚRGICA) Paciente ideal: * Indivíduo altamente ativo (atleta) * Não disposto a alterar seu estilo de vida * Existe instabilidade rotacional e sensação de falseio durante atividades normais * Existe lesão em outros ligamentos e/ou meniscos * Quando a reabilitação não obteve êxito (instabilidade após 6 meses de reabilitação intensiva) 11 Considerações para reconstrução Abordagem cirúrgica: Reparo: Sutura no caso de ruptura na porção média ou reinserção óssea no caso de avulsão - Resultados pobres Anderson, J. 1992 Reconstrução: Colocação de estrutura dentro do joelho que irá seguir grosseiramente o trajeto do LCA rompido substituindo-o de forma funcional Enxerto: Osso – tendão patelar – osso: 12 Considerações para reabilitação Enxerto: Osso – tendão patelar – osso: década de 90 Força inicial maior = 107% Complicações: *Dor anterior no Joelho *Tendinopatias *Fraturas de Patela *Dificuldade ganho de flexão 13 Considerações para reabilitação Enxerto: Osso – tendão patelar – osso: 14 Considerações para reabilitação Abordagem cirúrgica: Enxerto: *Tendão de grácil e semitendíneo (Feixe quádruplo) Ponto Negativo (década 90): “Força” (???) Pontos Positivos: Flexão de Joelho precoce Tendinopatias quase ausentes Enxerto tendão Grácil e Semitendíneo 15 16 17 18 19 Progressão para reabilitação Reconstrução Cirúrgica: Tradicionalmente Protocolo conservador Últimos anos: reabilitação mais agressiva (Shelbourne e Nitz) “Protocolo acelerado” : Estresse excessivo sobre tecidos vulneráveis / dados científicos escassos Fu,F. Woo,S. Irrgang,J. 1992 , Noyes,F. Mangine,R. Barber,S. 1987 Protocolo Tradicional: Progressão lenta na recuperação de flexão / Extensão Sem sustentação de peso ou sustentação parcial no pós op. Cadeia cinética fechada 3 a 4 semanas após cirurgia Retorno a atividade de 6 a 9 meses 20 Progressão para reabilitação Protocolo Acelerado: Movimentação imediata incluindo extensão total Sustentação imediata de peso (dentro do tolerável) Exercícios precoces em cadeia cinética fechada para fortalecimento e controle neuromuscular Retorno a atividade no prazo de 2 meses e competição em 4 a 6 meses Período Pré Operatório Imediatamente após a lesão Controle da dor, edema e inflamação Recuperar ADM completa, controle do quadríceps e marcha Em geral acontece nas 2 a 3 semanas após a lesão 21 Progressão para reabilitação Período Pós Operatório Enxerto de 10 mm de t. patelar = 107 % da força do LCA normal inicialmente 57% em 3 meses , 56% em 6 meses e 87% em 9 meses Clancy,W. Nelson,D. Reider, B. 1982 Minimizar estresse no período de 6 semanas ( Necrose do enxerto), 8 a 16 semanas (revascularização), remodelação (16 semanas) 22 Progressão para reabilitação Período Pós Operatório Controle do edema: imediatamente (edema significativo pode inibir a ação do quadríceps) Gelo, compressão, elevação, correntes elétricas Brace ou órtese Quase sempre travado em extensão total, ou entre 0 a 90 de ADM passiva, com 40 a 90 de ADM ativa nas 2 primeiras semanas (comumente chega sem órtese). Órtese pode ser utilizada por 4 a 6 semanas ou até que flexão supere os limites da órtese (analisar cada caso, controvérsia sobre o uso) Sustentação de peso: Muletas com descarga de 50% do peso corporal durante 2 semanas (deixar muletas quando edema for mínimo, força suficiente de quadríceps para marcha normal) Normalm. entre 2 a 6 semanas de PO (Obs.:Atleta) 23 24 Progressão para reabilitação Período Pós Operatório ADM: Podem começar imediatamente CPM (Movimentação passiva contínua) Uso imediatamente após a cirurgia Movimentação ativa para ADM assim que possível *Shellbourne e Nitz – Importância da restauração precoce da ADM de extensão total Extensão de joelho com calcanhar apoiado numa toalha ou caneleira com paciente em prono com pernas para fora da mesa de tto. Limitar ADM de extensão ativa (minimizar estresse sobre enxerto) CPM (Continuous Passive Motion 25 26 Progressão para reabilitação Período Pós Operatório Flexão de joelho deve alcançar 90 graus até final da 2a semana Flexão total deve ser alcançada (135o) em 5 a 6 semanas Iniciar bicicleta assim que atingir 100 graus com banco adaptado (forçando flexão respeitando a dor) Ganho de ADM flexão : deslizamento na mesa, Wall slides, deslizamento auto assistido Mobilização patelar precoce: restrição interfere na recuperação da ADM (ensinar auto-mobilização a partir da 2a semana) Fortalecimento: Isométricos para quadríceps (Nickolas); co- contração isquiotibiais / quadríceps iniciados imediatamente (evitar inibição doquadríceps) 27 Progressão para reabilitação Período Pós Operatório Fortalecimento Exercícios progressivos resistidos para isquiotibiais, adutores de quadril, abdutores de quadril e gastrocnêmios durante a segunda semana (continuar ao longo de toda reabilitação, especialmente isquiotibiais) cadeia cinética fechada (assim que alcance ADM de 90 graus) iniciar mini-agachamento (40 a 90o de flexão), step lateral, deslizamentos na parede de pé, leg press Benefícios: estabilização do joelho proporcionando translação posterior da tíbia, a fim de neutralizar a força de cisalhamento criada pelo quadríceps durante a extensão. Evitar cadeia cinética aberta para quadríceps nos estágios iniciais (força de cisalhamento) – Porém devem ser incorporados com segurança nos estágios finais de tto. 28 Progressão para reabilitação Período Pós Operatório Fortalecimento Hidroterapia: ***Ferida Operatória fechada (complicação: deiscência) Descarga parcial no inicio Exercicios suaves (Ênfase no movimento) Mobilidade 29 30 Progressão para reabilitação Período Pós Operatório Fortalecimento 8a e 14a semana (revascularização) Enxerto em seu ponto mais fraco *Cautela no fortalecimento nesse período FNP para fortalecer o elemento rotacional do joelho utilizar apenas contrações ativas, acrescentando padrões resistidos apenas a partir de 5 meses Controle neuromuscular: Estimular os mecanorreceptores musculares e articulares restabelecer equilíbrio e controle neuromuscular (reeducação sensório-motora) Giroplano assentado no começo da reabilitação, juntamente com descarga de peso controlada e cadeia cinética fechada Giroplano de pé e deslocamentos laterais incorporados em 6 semanas (passo lateral, carioca) 31 32 Progressão para reabilitação Período Pós Operatório Resistência cardiorrespiratória : ergômetro de mmss durante a primeira semana, bibicleta ergométrica assim que alcançar 100 graus de flexão, caminhada com sustentação de peso total em 3 semanas. Natação: seguro a partir de 4 a 5 semanas (Cautela!!!) Step a partir de 6 a 7 semanas Trote / corrida a partir de 6 meses ( protocolo acelerado em 4 meses) Treinamento funcional: incorporar de forma progressiva os estresses, as distensões e as forças que ocorrem durante a corrida, os saltos e as mudanças de direção. saltos bilaterais, unilaterais, carioca, corridas de ida e volta, saltos verticais, pular corda, atividades de co-contração (iniciar em 4 meses, *5 ou 6 semanas no programa acelerado) 33 34 35 Progressão para reabilitação Período Pós Operatório Critérios para retorno: Protocolos: Shellbourne e Nitz: 4 a 6 meses Andrew e Wilk: 5 a 6 meses Fu e Irrgang: 6 a 9 meses Campbell : 6 a 12 meses Paulos e Stern: 9 meses Kerlan e Jobe: 9 meses * Critérios a seguir: nenhuma efusão articular, ADM total, FM de quadríceps e isquiotibiais de 85 a 100% da perna não envolvida, resultado satisfatório no teste com artrômetro KT 1000, Sucesso na progressão da caminhada para a corrida, sucesso nos testes funcionais ( testes de salto, corrida de agilidade, salto triplo – usar sempre 85 a 100% da perna não envolvida como parâmetro) 36 ADM de Extensão ADM de flexão Deslizamento na mesa Auto assistido Wall Slides 37 Flexão c/ joelho extendido Mini Agachamento / Deslizamento de pé Step Lateral Co- Contração Quadríceps / Isquiotibiais 38 Teste Funcional Propriocepção Plimétricos (saltos) 39 FNP de Extensão para Flexão FNP de Flexão para Extensão