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Fisioterapia Esportiva Aula 03: Processo de reparo tecidual – Parte 2 Prof. Arlindo Elias Objetivos 2 Lesão da cartilagem Lesões tecido ósseo ○ Fraturas Estiramentos musculares ○ tendinites ○ tenossinovites Lesões musculoesqueléticas adicionais ○ luxações e subluxações ○ bursites ○ Dor muscular ○ Contusões Incorporando Exercícios terapêuticos para influenciar o processo de reparo tecidual. Danos Articulares 3 A cartilagem é um tipo de tecido conectivo rígido que fornece suporte para muitas estruturas. É composta de condrócitos dispostos em pequenas lacunas, as quais são preenchidas por uma matriz contendo colágeno e elastina. Existem 3 tipos de cartilagem: - Cartilagem hialina: presentes nas superfícies articulares e no nariz. Contém grandes quantidades de colágeno e proteoglicanas - Fibrocartilagem: Presentes nos discos intervertebrais e meniscos. Contém presença abundante de colágeno - Cartilagem elástica: Presentes no pavilhão auricular e na laringe. Apresenta maior conteúdo de elastina. Danos Articulares 4 Osteoartrose - Condição degenerativa do osso e cartilagem na superfície de uma articulação. Artrite - Condição primariamente inflamatória com possível destruição tecidual secundária Danos Articulares 5 A cartilagem produz fibras ou grupos de fibras de colágeno dentro da articulação, especialmente em regiões não expostas a compressão ou descarga de peso. Essa fibrilação é tipicamente encontrada no processo degenerativo, associado com pobre nutrição do tecido ou desuso. A concentração de estresse mecânico em áreas pequenas aumenta a pressão local e pode contribuir para fraturas subcondrais. Danos Articulares 6 A cartilagem é protegida pelo líquido sinovial, que atua como lubrificante, e também pelo osso subcondral que é mais flexível que o osso compacto e capaz de absorção de choques. Na maior parte das articulações onde as superfícies não são congruentes, as forças tendem a ser maiores em áreas específicas, principalmente durante o processo degenerativo Osteofitose é uma tentativa do osso em aumentar a área da superfície de contato para acomodar melhor essas forças. - A presença de osteófitos isolados não são indicativos de osteoartrose, principalmente se o espaço articular estiver mantido e a linha articular estiver regular. Pode ser apenas uma adaptação ao aumento do estresse mecânico devido a uma determinada atividade física. Fisiologia do reparo da cartilagem 7 A cartilagem tem uma capacidade limitada de reparo. Se a lesão ocorrer apenas na cartilagem não ocorrerá o coágulo ou respostas celulares à inflamação. A lesão não regenera, mas também tende a permanecer estável. Se o osso subcondral for afetado ocorrerá o processo inflamatório e, consequentemente, o processo de reparo será normal. Lesões do tecido ósseo 8 O osso é um tipo de tecido conectivo contendo células e minerais depositados em uma matriz. O osso é revestido pelo periósteo, o qual é uma camada forte e altamente vascularizada e inervada. O tecido ósseo pode ser dos tipos esponjoso ou cortical. O osso cortical é revestido internamente pelo endósteo e preenchido pela medula óssea. As principais funções do tecido ósseo são: - suporte, movimento, proteção - banco de cálcio - produção de células vermelhas do sangue. Lesões do tecido ósseo 9 Lesões do tecido ósseo 10 Fraturas Fraturas podem ser definidas como uma perda de continuidade de um osso após um evento traumático. Podem ser geralmente classificadas em: - Fraturas fechadas: fraturas com pequeno ou nenhum dano aos tecidos moles adjacentes - Fraturas expostas: fraturas com maior deslocamento entre os segmentos ósseos e maior lesão de tecidos moles. Pode romper a pele e expor o osso fraturado. Há maior risco de infecção. Lesões do tecido ósseo 11 Fraturas Fisiologia do reparo do tecido ósseo 12 Quando uma fratura ocorre, vasos sanguíneos do osso e periósteo são danificados, resultando em sangramento e subsequente formação do coágulo. Após a 1ª semana, fibroblastos começam a formar uma malha de colágeno (fibrina), a qual atua como matriz para permitir o crescimento vascular. Condroblastos começam a produzir fibrocartilagem criando uma estrutura chamada "calo" entre os segmentos de fratura Fisiologia do reparo do tecido ósseo 13 O calo se torna mais firme a medida em que a cartilagem aumenta. Posteriormente, osteoblastos entrem no calo e começam a sintetizar tecido ósseo, o qual eventualmente substitui a cartilagem. Finalmente, o calo mineraliza e o processo de remodelagem inicia. O tempo necessário para o reparo ósseo é variado, dependendo de vários fatores, incluindo: - severidade do trauma - idade do paciente - local da fratura - tamanho da lesão Fisiologia do reparo do tecido ósseo 14 Períodos de imobilização inicial podem se extender de 3 semanas para ossos pequenos até 8 semanas em ossos longos dos MMSS e MMII. O período de remodelagem pode se prolongar por até 2 ou 3 anos. Estiramentos musculares 15 Se a unidade miotendínea é alongada além dos limites ou forçada a contrair contra uma resistência muito grande, danos podem ocorrer às fibras musculares na junção miotendínea, no tendão ou na interface entre o tendão e o osso. Quaisquer dessas lesões pode ser chamada de estiramento Assim como as classificações dos ligamentos, os estiramentos musculares podem ser classificados em: - Grau 1: ○ Algumas fibras tendíneas ou musculares podem ter sido excessivamente alongadas ou rompidas. ○Movimento ativo produz algum dolorimento or dor. ○ A amplitude total do movimento é preservada. Estiramentos musculares 16 - Grau 2: ○ fibras tendíneas ou musculares foram lesionadas e a contração ativa do músculo é bastante dolorosa. ○ Normalmente existe uma depressão palpável no ventre muscular na região da lesão. ○ Pode haver algum sinal de edema local. - Grau 3: ○ Ruptura completa das fibras musculares no ventre muscular. ○ O paciente apresenta limitação funcional importante ou perda total do movimento. ○ Rupturas musculotendíneas são comuns no tendão do bíceps braquial e tendão do calcâneo. ○ A maioria das lesões grau 3 são tratadas de forma conservadora, com imobilização. Estiramentos musculares 17 Fisiologia do reparo muscular 18 As lesões musculares envolvem processos de reparo similar aos outros tecidos. Inicialmente existe a hemorragia e edema seguido quase que imediatamente pela fagocitose para limpeza do local da lesão. Dentro de alguns dias, existe uma proliferação de substância fundamental e produção de tecido conectivo que gera o processo de fibrose e cicatrização. Células mioblásticas se aglomeram na área da lesão , iniciando o processo de regeneração das miofibrilas. Fisiologia do reparo muscular 19 Fibras de colágeno sofrem um processo de maturação e tendem a se orientar ao longo das linhas de tensão de acordo com a lei de Wolff. - A contração ativa é fundamental para o processo. Geralmente o tempo de reabilitação de um estiramento muscular é maior do que o estiramento ligamentar. Tendinites 20 Problema mais comum associado às síndromes de overuse. Essencialmente descreve qualquer resposta inflamatória nos tendões sem inflamação do paratendão. Paratendinite envolve a inflamação da camada externa do tendão e normalmente ocorre quando o tendão se atrita contra uma proeminência óssea. Tendinose descreve alterações degenerativas do tendão sem sinais clínicos ou histológicos de inflamação. Tendinites 21 A inflamação é manifestada por dor ao movimento, edema, calor e crepitação. - A crepitação ocorre por atrito do paratendão sobre as estruturas adjacentes. A chave para o tratamento da tendinite é o repouso e eliminação do movimento repetitivo que provocou os sintomas. Nesse período é importante a manutenção do fitness cardiovascular do atleta com movimentos não provocativos (natação, ciclismo, etc..) Tenossinovites 22 Inflamação do tendão e da bainha sinovial adjacente por movimentação repetitiva. O processo inflamatórioproduz elementos que tendem a aderir o tendão à bainha sinovial que o envolve. A presenta as mesmas características inflamatórias de uma tendinite clássica Ocorrem principalmente em tendões flexores e extensores dos dedos das mãos e tendão do bíceps braquial. Fisiologia do reparo de tendões 23 O reparo dos tendões são um problema particular em reabilitação. O tendão lesionado precisa de uma abundância de fibras de colágeno denso para recuperar suas propriedades físicas. O excesso de fibras, entretanto, pode resultar em fibrose e aderência em estruturas adjacentes. A aderência pode ocorrer a partir da segunda ou terceira semana pós-lesão, sendo necessário iniciar a movimentação da estrutura para prevenção. A força tensiva do tendão estará recuperada para atividades mais intensas a partir da 4 ou 5ª semana de recuperação Lesões musculoesqueléticas adicionais 24 Luxações e subluxações Luxação: um segmento ósseo de uma articulação é forçado para fora de seu alinhamento normal e permanece nessa posição, sendo necessária uma intervenção terapeutica para seu reposicionamento. Subluxação: evento similar à luxação, porém o segmento ósseo retorna à posição de origem. Ocorre principalmente no ombro (em homens) e na patela (mulheres). Esses deslocamentos não devem nunca ser reduzidos imediatamente e um Rx deve ser realizado para excluir fraturas ou outros problemas. O retorno à atividade depende do grau de lesão dos tecidos moles adjacentes. Lesões musculoesqueléticas adicionais 25 Bursite As bursas são pequenas bolsas de membrana sinovial que contém pequena quantidade de fluido sinovial. Sua função principal é evitar atrito entre tendões e proeminências ósseas. O movimento repetitivo ou trauma podem irritar essa membrana, a qual passa a produzir líquido sinovial em excesso e irritando nociceptores adjacentes. A bursite pode ser extremamente dolorosa e restringir o movimento severamente. Lesões musculoesqueléticas adicionais 26 Dor muscular Ocorre principalmente após atividades extenuantes ou ao realizar um determinado tipo de atividade que o indivíduo não está habituado. Tipos principais Tipo 1: dor aguda associada à fadiga. Ocorre durante e imediatamente após um determinado exercício Tipo 2: dor muscular tardia que inicia 12 horas após uma atividade e torna-se mais intensa após 24 a 48 horas. A dor persiste por até 4 dias. Lesões musculoesqueléticas adicionais 27 Dor muscular Teorias antigas Acúmulo de ácido lático nos músculos exercitados. Espasmo localizado de unidades motoras. - O exercício provocaria variados graus de isquemia nos músculos exercitados. - A isquemia provocaria dor que por sua vez estimularia mais espasmo reflexo e consequentemente mais dor (ciclo dor-espasmo-dor). Lesões musculoesqueléticas adicionais 28 Dor muscular Teorias modernas Teoria 1: - A dor tardia ocorre em resposta à microlesões no tecido muscular em resposta à exercícios excentricos e concêntricos. - Ocorreria edema e atraso na reabsorção de glicogênio secundários ao dano mecânico. Teoria 2: - Dor ocorre em resposta à danos aos componentes elásticos do tecido conjuntivo na junção neuromuscular. - O dano resulta na presença de hidroxiprolina, que é uma subproduto da degradação do colágeno. Lesões musculoesqueléticas adicionais 29 Dor muscular A dor muscular tardia pode ser prevenida no início do treinamento com um período de aquecimento antes dos exercícios mais extenuantes. A crioterapia pode ser utilizada na abordagem inicial da dor muscular particularmente nas primeiras 48 ou 72 horas. Lesões musculoesqueléticas adicionais 30 Contusões A contusão ocorre devido a um impacto de algum objeto externo aos tecidos moles, os quais são comprimidos contra o tecido ósseo profundo. Se o impacto for muito forte, pode ocorrer ruptura de capilares e sangramento intratecidual (hematoma). O maior problema é quando as contusões ocorre em áreas que sofrem impacto repetitivo. Nesse caso, pode haver depósito de cálcio na região lesionada. Lesões musculoesqueléticas adicionais 31 Contusões Esse acúmulo de cálcio pode limitar a performance do movimento e, quando acontece no tecido muscular, é conhecido como miosite ossificante. A chave para prevenção é a proteção do local de risco e repouso para permitir a reabsorção adequada do cálcio. Incorporando exercícios terapêuticos no processo de reparo 32 As progressões dos exercícios de reabilitação podem ser subdivididas de acordo com as fases de reparo. - Fase 1: estágio agudo - Fase 2: estágio de reparo - Fase 3: estágio de remodelagem Dependendo do tipo e extensão da lesão, e ainda das respostas individuais ao reparo, essas fases se interpõem. Cada fase deve incluir objetivos específicos e critérios de progressão de uma fase para outra. Incorporando exercícios terapêuticos no processo de reparo 33 Fase de exercícios pré-cirúrgicos Essa fase deve ser aplicada apenas a indivíduos cuja lesão requer uma cirurgia. Ao permitir que a resposta inflamatória inicial se resolva ao manter a força muscular, flexibilidade e níveis de fitness cardiovascular e controle neuromuscular, o paciente estará melhor preparado para a reabilitação pós- operatória. Incorporando exercícios terapêuticos no processo de reparo 34 Fase 1: estágio agudo A fase 1 inicia imediatamente após a cirurgia e pode durar até o 4° dia pós-lesão. O objetivo principal dessa etapa é controlar o edema e modular a dor utilizado o princípio PRICE. A crioterapia, compressão e elevação deve ser utilizada o máximo possível durante essa fase Incorporando exercícios terapêuticos no processo de reparo 35 Fase 1: estágio agudo O repouso da região lesionada é crítico durante essa etapa, principalmente nas primeiras 24 a 48 horas. Se a lesão é em MMII, o paciente deve ser orientado a não colocar carga no membro durante as primeiras 24 horas, aumentando a carga progressivamente após esse período. Geralmente, no 2° ou 3° dia, o edema começa a ser controlado, embora outros sinais inflamatórios como dor e calor ainda persistam. - Nesse ponto, o paciente pode iniciar a mobilização ativa do segmento ao longo de uma amplitude assintomática. O atleta pode ser encorajado pelo médico a fazer uso de medicação antiinflamatória nessa etapa. Incorporando exercícios terapêuticos no processo de reparo 36 Fase 2: estágio de reparo Durante essa etapa as células fibroblásticas estão depositando a matriz de colágeno para formação do tecido cicatricial. Essa fase pode iniciar logo no 2° ou 3° dia pós-lesão e continuar pelas próximas semanas. O edema já está bem controlado mas o sítio da lesão está doloroso ao toque e ao movimento. Incorporando exercícios terapêuticos no processo de reparo 37 Fase 2: estágio de reparo Os objetivos aqui são: - Manter o fitness cardiovascular - Iniciar exercícios para recuperar a amplitude de movimento - Reestabelecer o controle neuromuscular As mesmas modalidade para controle da dor devem ser praticadas também nessa etapa, como crioterapia e estimulação elétrica Incorporando exercícios terapêuticos no processo de reparo 38 Fase 3: estágio de remodelagem Essa é a etapa mais longa do reparo podendo durar por vários meses. O objetivo final é o retorno às atividades. A lesão já não é mais tão dolorosa embora a dor possa existir ao final do movimento ativo. O movimento é importante para estimular o correto alinhamento das fibras de colágeno. Incorporando exercícios terapêuticos no processo de reparo 39 Fase 3: estágio de remodelagem Os objetivos dessa fase incluem: - Treinamento funcional da atividade esportiva - Exercícios de fortalecimento progressivo - Incorporação de exercícios pliométricos para melhorar a potência muscular e explosão. Nessa etapa modalidades de calor superficial ou profundo podem ser benéficos.
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