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Resumo direito Civil III AV1

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Promessa de fato de terceiro (439 – 440)
Na promessa de fato de terceiro, determinada pessoa aqui chamada de contratante negocia com o promitente que assume a obrigação de que terceiro estranho ao contrato comparecerá em momento futuro para cumprir a obrigação assumida pelo promitente. Assim, se determinada pessoa contrata com o arquiteto a reforma de sua casa e este assume a obrigação de que engenheiro calculista comparecerá ao ato inclusive já cobrando no serviço também esse valor assume uma promessa de fato de terceiro e por esta razão, caso o terceiro não compareça apenas o mesmo poderá ser executado por aquele contrato. Porém, se após a realização, este terceiro indicado resolve anuir ao que foi pactuado pelo promitente passará a ocupar o seu lugar e qualquer pedido indenizatório será ajuizado contra ele.
OBS: A grande diferença entre a estipulação e a promessa é que primeira (estipulação) o terceiro é beneficiado com aquele contrato, ao passo que na segunda (promessa) o terceiro, caso aceite ocupar o lugar do promitente assume determinada obrigação com o estipulante.
Promessa de doação
É recorrente a celebração da promessa em divórcio, onde o casal delibera em transferir uma propriedade de um imóvel para um dos filhos, o que por certo caracteriza uma promessa de doação.
Teoria dos Vícios Redibitórios (441 – 446)
Assim, se a coisa entregue apresenta um vício oculto anterior a conclusão do negócio jurídico que só se manifesta em momento posterior, e este vício compromete o equilíbrio assumido anteriormente porque a coisa se tornou imprestável ou diminuiu consideravelmente o valor, será possível fazer uso da teoria dos vícios redibitórios. É irrelevante para que o adquirente possa fazer uso dessas disposições o efetivo conhecimento por parte do alienante, considerando que a garantia de equivalência não está relacionada a presença de boa ou de má fé. Obs: é possível aplicar às doações por encargos.
O que o adquirente pode fazer? 1 – Poderá propor ação redibitória em faze do alienante visando a retornar ao seu estado primitivo (desfazimento do NJ). Tal ação só será cabível se o vício for grande.
2 – Caso o vício não seja grande, pode o adquirente propor ação estimatória ou quanti minoris, em face de o alienante que visa a um abatimento no preço.
OBS: Em ambas as hipóteses, constatado que o alienante agiu de má-fé, e por consequência dolosamente, na medida em que tinha que informar a presença do vício, arcará também com perdas e danos, ou seja, com todos os prejuízos comprovados pelo adquirente a título de dano emergente e lucro cessante, desde que efetivamente comprovado. 
Vícios ocultos que poderiam ser percebidos imediatamente ficam sujeitos aos prazos do art. 445 caput. Vícios que só poderiam ser conhecidos mais tarde, e visando evitar a propositura de uma ação edilícia a qualquer tempo, o STJ entende que, em se tratando de móvel, o adquirente terá de 180 dias contados da entrega do bem para fazer uso dessas ações, sendo certo que, terá 30 dias contados do aparecimento do vício para mover a ação, e quanto ao imóvel, esse prazo é de 1 ano contado da entrega, dispondo o adquirente de 1 ano para propor a ação edilícia, contados da constatação do vício que poderá aparecer a qualquer tempo dentro de 1 ano. 
Evicção (447 – 457)
A evicção ocorre quando o adquirente de um bem perde a propriedade, a posse ou o uso em razão de uma sentença judicial ou ato administrativo, que reconheça que o bem objeto de uma alienação pertence a um terceiro, por uma situação preexistente (anterior) à compra. Obs: é possível aplicar às doações por encargos.
A) Alienante: responde pelos riscos da evicção; B) Evicto: adquirente do bem em evicção; 
C) Evictor: terceiro que reivindica o bem;
O evictor, adquirente, ao ser citado em demanda ajuizada pelo evictor onde ele se julga proprietário ou legítimo possuidor da coisa deverá oferecer a chamada denunciação da lide que se trata de uma forma de intervenção de terceiros onde o CPC admite que o réu traga para aquele processo indivíduo que não integrava a lide originária. A denunciação da LID permite que o evicto postule todas as verbas previstas no art. 450 do CC. 
Contrato com pessoa a declarar (467 – 471)
No contrato com pessoa a declarar, também conhecido pela cláusula Electio Amici está presente naquelas hipóteses em que uma das partes, através de cláusula expressa, faz inserir o fato de que o contrato será cumprido e executado por ele ou por pessoa a indicar, No momento da celebração, este terceiro é desconhecido, o que é habitualmente feito como forma de se evitar um acréscimo no valor da transação caso este se identificasse de imediato. Ex: Caso do apartamento envolvendo o Mick Jagger.
Extinção dos contratos
Distrato / resilição (472 – 473)
Resilição é o desfazimento de um contrato por simples manifestação de vontade, de uma ou de ambas as partes. Ressalte-se que não pode ser confundido com descumprimento ou inadimplemento, pois na resilição as partes apenas não querem mais prosseguir. A resilição pode ser bilateral (distrato, art. 472 , CC) ou unilateral (denúncia, art. 473 , CC).
Rescisão 
É uma palavra com plurissignificações, podendo inclusive ter o significado de resolução em caso de inadimplemento. A palavra rescisão deve ficar guardada para a extinção proveniente de evicção, vícios redibitórios, e ainda para as hipóteses de lesão e estado de perigo, em que é justamente a desproporção que autoriza o desfazimento do NJ.
Resolução – Inexecução voluntária e involuntária
Está relacionada a perda da eficácia superveniente do NJ, porém, pela ideia de inadimplemento. A resolução pode acontecer por uma Inexecução voluntária ou involuntária. Na involuntária, o não cumprimento se deve a caso fortuito ou força maior, que na forma do enunciado 548 da JDC, incumbe ao devedor provar. Se a hipótese é de inadimplemento de maneira que a obrigação não possa mais ser cumprida, só cabe o pedido de resolução sem perdas e danos. Se o advento do caso fortuito ou da força maior apenas retarda o cumprimento da obrigação que ainda pode ser cumprida, a hipótese é de resolução e nesse contexto o credor poderá optar entre a resolução e o cumprimento do contrato, porém sem perdas e danos. Na voluntária será idêntico, porém, devendo ser acrescentado o pedido de perdas e danos que terá cabimento tanto na mora como no inadimplemento. 
Adimplemento substancial ou inadimplemento mínimo 
Trata-se de um adimplemento tão próximo do resultado final que, tendo-se em vista a conduta das partes, exclui-se o direito de resolução, permitindo-se tão somente o pedido de indenização. O adimplemento substancial decorre dos princípios gerais contratuais, de modo a fazer preponderar a função social do contrato e o princípio da boa-fé objetiva, balizando a aplicação do art. 475 (Enunciado 361 da JDC).
Exceção do contrato não cumprido / exceptio non adimpleti contractus – art. 476
A exceção do contrato não cumprido, prevista no art. 476 do CC, está relacionada aos princípios da boa fé objetiva e da equidade de maneira que, aquele que deixa de cumprir a sua obrigação, não tem o direito de exigir a alheia, quando deveria satisfazê-la em primeiro lugar ou em concomitância. 
Exceção do Contrato parcialmente não cumprido / Exceptio non rite adimpleti contractus
 A "exceptio non rite adimpleti contractus" significa que há uma inexecução parcial daquilo que foi contratado, de maneira que é possível identificar vício de quantidade ou qualidade na execução que for acordado, ou ainda o desrespeito aos deveres anexos a ensejar o inadimplemento. Apenas nessa segunda modalidade de exceção é possível sustentar o adimplemento substancial, considerando que o serviço ou as obrigações foram cumpridos em sua quase totalidade em algumas situações, permitindo-se, assim, acolher o inadimplemento mínimo. 
Solve et Repete
É possível inserir expressamente o texto do contrato à cláusula "Solve et Repete", de maneira que a consequência dessa cláusula será a de que uma ou ambasas partes abrem mão do direito de arguir a exceção do contrato não cumprido e do parcialmente não cumprido. A Lei de Licitações prevê que em contratos administrativos, após 90 dias de inadimplemento por parte do ente público, o contratante poderá aí sim solicitar a suspensão de suas prestações, reconhecendo-se assim, parcialmente a cláusula "Solve et Repete". 
Pacta Sunt Servanda 
O contrato é lei entre as partes, e nesse contexto, ambas as partes precisarão satisfazê-lo, na medida em que se vinculam ao mesmo espontaneamente. Tal cláusula defende que o contrato não pode ser alterado.
Cláusula Rebus Sic Stantibus
O CC adotou no art. 478 a chamada teoria da imprevisão, permitindo que circunstância extraordinária e imprevisível superveniente à formação do contrato possa ensejar a sua revisão, e, caso não seja acolhida, a sua resolução. Para o contrato ser revisto, as circunstâncias precisam apresentar desproporcionalidade, dano significativo e vantagem excessiva. Ex: caso da tragédia de NF envolvendo o motorista da van. 
Boa-fé Objetiva
Consiste em um dever de probidade entre as partes, de transparência e lisura. Constitui um conjunto de padrões éticos de comportamento, modelo ideal de conduta que se espera de todos os integrantes de determinada sociedade. Atua como modo de interpretação dos NJ (113 CC), fonte de criação de deveres secundários de prestação (422 CC) e limitação ao exercício do direito subjetivo em sentido amplo (187 CC).
Tu Quoque
Aquele que viola determinada norma ou contrato não pode, em momento superveniente, pretender invocar a mesma norma ou contrato a seu favor. Ex: art. 180 CC.
Supressio
Consiste na redução do conteúdo obrigacional pela inércia de uma das partes em exercer direitos ou faculdades, gerando na outra legítima expectativa. 
Surrectio
A surrectio verifica-se nos casos em que o decurso do tempo permite concluir o surgimento de uma posição jurídica. Representa uma ampliação do conteúdo obrigacional. 
Duty to mitigate the loss
O Enunciado 169 da Jornada de Direito Civil prevê que o credor deve adotar todas as medidas de forma célere e eficaz, visando o recebimento do seu crédito. Se o mesmo retarda em adotar essas providências, provoca o agravamento do seu próprio prejuízo, e portanto o judiciário, pela ofensa a boa-fé objetiva, poderá reconhecer a redução do seu crédito. 
Função Social
O princípio da função social do contrato está previsto no art. 421 do CC, e também exerce função limitadora ao princípio da liberdade de contratar da autonomia da vontade. Por mais que a regra geral nos conduza a intangibilidade do contrato firmado pelo acordo de vontades é possível que a sua celebração não esteja em consonância com aquilo que o interesse da coletividade, público entenda como correto e adequado. 
Contrato de Compra e Venda (481 – 532)
O contrato de compra e venda poderá ter por objeto bem móvel ou imóvel, e além dos pressupostos gerais de validade de todo e qualquer negócio jurídico, destacando-se o consentimento na medida em que o legislador ao tratar desse contrato em específico contém várias normas ao seu respeito, o preço é elemento essencial a todo contrato dessa natureza. O preço pode ser determinado ou determinável, deixando para ser estabelecido concretamente em momento futuro, desde que a partir do momento da celebração do contrato possa identificá-lo, como o valor de um boi em um determinado local.
Natureza jurídica: a) é contrato bilateral.
b) é contrato oneroso.
c) podem ser aleatórios ou comutativos.
d) é consensual.
e) pode ser solene (formal) ou não solene (informal). Obs: lembrar da regra dos bens móveis e imóveis.
f) pode ser instantâneo ou de longa duração.
g) pode ser paritário ou de adesão. 
Art. 492 – Res Perit Domino
Art. 502 – o vendedor, salvo convenção em contrário, responde por todos os débitos que gravem a coisa até o momento da tradição. 
Prelação legal (art. 504)
O artigo 504 trata da chamada preferência legal, onde o alienante que seja condômino de coisa indivisível estará obrigado a dar preferência aos demais coproprietários, pelo mesmo valor e nas mesmas condições que alienaria o bem a terceiro. O objetivo da norma é o de evitar um grande número de proprietários sobre o mesmo bem, na medida em que quanto mais são os donos, maior a fonte de conflito de interesses. Em se tratando de alienação onerosa, a preferência deverá ser obedecida, porém, quanto a gratuita, como se pratica uma liberalidade, não há que se falar em preferência alguma. 
Venda ad mensuram
O artigo 500 trata da venda ad mensuram, que estará presente naquelas hipóteses em que o interesse do comprador está diretamente relacionado a extensão de área, a quantidade de terreno por ele adquirida e, dessa forma, se após a conclusão do NJ o comprador verificar que a área por ele obtida não corresponde aquela que consta no registro, por ser inferior poderá o comprador, em um primeiro momento, exigir o complemento da área. Não sendo isso possível, caberá a seu livre arbítrio optar entre o abatimento do preço e o pedido de rescisão do NJ e não de resolução, considerando que não se trata de hipótese de perda superveniente por inadimplemento, mas sim de vício objetivo concomitante a celebração do negócio.
Venda ad corpus
Aqui as metragens e a área são indicadas apenas para localizar o imóvel, identificá-lo, situá-lo, mas não influem no preço do imóvel. Decorre daí que uma eventual diferença na área não importará na anulação do contrato, nem permitirá uma redução do preço, porque a área era irrelevante para o preço. Ex: caso do tamanho do quarto de um apartamento. 
Retrovenda (505 – 508)
No que diz respeito a retrovenda, cláusula que só pode ser inserida em transações envolvendo imóvel, o vendedor assegura para si, no prazo máximo de três anos, a possibilidade de retornar a ser proprietário. Durante este período, o comprador será considerado proprietário resolúvel, já que a sua propriedade não é instituída a seu favor de forma perpétua, sem qualquer limitação temporal, na medida em que está sujeita a um evento futuro e incerto, o exercício de direito de retrato por parte do vendedor. O vendedor será obrigado a devolver o imóvel com preço atualizado, todas as benfeitorias necessárias comprovadas e as úteis e voluptuárias, caso tenham sido autorizadas. O direito de retrato não é personalíssimo, e dessa forma, é perfeitamente exercitável pelos herdeiros do vendedor, respeitado o prazo máximo de três anos. Como a cláusula de retrovenda consta expressamente do título, é impossível alegar o seu desconhecimento, e assim, caso o comprador aliene estes bens, não é possível que o adquirente venha a sustentar eventual boa-fé, e deverá entregar ao vendedor, caso o mesmo exerça o direito de retrato.
Venda Contento e da sujeita a prova (509 – 512)
Os artigos 509 a 512 trata da venda a contento e a sujeita a prova, onde o comprador leva a coisa consigo para que verifique se a mesma lhe agrada ou se lhe cabe. Ex: Brechó 
Preferência Convencional (513 - 520)
A preferência convencional, como sugere o próprio nome, é prevista através de cláusula expressa e confere ao comprador o dever de oferecer o bem móvel ou imóvel adquirido, ao vendedor, caso o mesmo resolva vendê-lo ou dá-lo em pagamento. 
Venda com reserva de domínio (521 - 528)
A aquisição da propriedade da coisa móvel acontece pela tradição. O vendedor pode através de cláusula expressa afastar está regra estipulando expressamente que o vendedor manterá a propriedade do bem até que o preço esteja integralmente pago. Muito embora o comprador, por força dessa cláusula, tenha apenas a posse direta a regra da res perit dominus não incidirá por disposição expressa da própria norma, de maneira que o comprador assumirá os riscos da perda não culposa da coisa de maneira que caso a mesma venha eventualmente a ser furtada, por exemplo, o comprador ainda assim deverá dar continuidade ao pagamento não podendo se isentar de sua responsabilidade.
Contrato estimatório (534 – 537)
OContrato Estimatório está previsto no código nos artigos 534 a 537 e através dele o proprietário de coisa móvel transfere a posse direta do bem ao consignatário e este último assume a obrigação de vender a coisa a terceiro cobrando um algo a mais, um valor acima do ajustado com o consignante, mas também cumpre o contrato ficando com a coisa para si ou a devolvê-la. Ex: serve de exemplo a hipótese do indivíduo que pretende vender o seu carro e o coloca a disposição de uma revendedora de veículos por trinta dias assumindo esta última a possibilidade de vender a terceiros cobrando o sobre preço por isso. Não incide na hipótese por previsão expressa do art. 535 a regra da res perit domino, de maneira que os riscos pela perda não culposa da coisa correm por conta do consignatário. Aplica-se a hipótese e a tese do fortuito interno, ou seja, o consignatário assume a posse direta da coisa pertencente a terceiro, ao consignante, com o objetivo de lucrar com a venda deste bem e por essa razão é inerente a sua atividade econômica os riscos pela eventual perda não culposa da coisa.
Contrato de Doação (538...)
A doação é negócio jurídico bilateral e contrato normalmente unilateral onde o doador assume a obrigação de transferir a propriedade de coisa móvel ou imóvel a pessoa do donatário. Trata-se de contrato em regra genuinamente consensual, na medida em que a entrega do bem constituirá mera execução daquilo que foi acordado. Em se tratando de alienação de imóvel o doador deverá conter o consentimento de seu cônjuge (outorga marital ou uxória).

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