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23/02/2017 1 DIREITO CIVIL 3 CONTRATOS PROF. MAURICIO APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA • METODOLOGIA – AULAS COM SLIDES OBS.: LEITURA DA MATÉRIA ANTES DA AULA É IMPORTANTÍSSIMA. IMPRESCINDÍVEL. NAS AULAS NÃO SERÁ DADA TODA A MATÉRIA, POIS ISSO É IMPOSSÍVEL. NAS AULAS SERÃO PASSADOS OS PONTOS MAIS IMPORTANTES E SERÃO TIRADAS AS DÚVIDAS SOBRE A LEITURA PRÉVIA. AO FIM DA SEMANA AULA, O TEMA PROPOSTO SE ENCERRA E NO INÍCIO DA NOVA SEMANA UM NOVO TEMA SERÁ ABORDADO. APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA • CASOS CONCRETOS VALERÃO APENAS 1 PONTO NA FORMA DE “PROVA”. DEVERÃO SER FEITOS ATÉ O DIA DA PRIMEIRA AULA DE CADA SEMANA-AULA. NA ÚLTIMA AULA DE CADA SEMANA-AULA ELES SERÃO DISCUTIDOS (NÃO SERÁ DADA A RESPOSTA). NÃO EXISTE MAIS GARANTIA DE CASO CONCRETO NA AV2 E AV3. PODEM CAIR, MAS PODEM TAMBÉM NÃO CAIR. 23/02/2017 2 APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA • CHAMADA – REALIZADA AO FINAL DA AULA, 10 MINUTOS ANTES DO FIM DO HORÁRIO • PRESENÇA – RESPONDER A CHAMADA NÃO SIGNIFICA PRESENÇA. O ALUNO QUE CHEGAR MUITO ATRASADO RECEBERÁ FALTA • JUSTIFICATIVAS POR AUSÊNCIA – A INSTITUIÇÃO NÃO ACEITA ATESTADOS MÉDICOS OU QUALQUER OUTRA JUSTIFICATIVA. VER REGIMENTO INTERNO DA ESTÁCIO: APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA Segundo o Regimento Interno da FESVV: Art. 47 Independentemente dos demais resultados obtidos, é considerado reprovado na disciplina o aluno que não obtenha frequência de, no mínimo, 75% (setenta e cinco por cento) das aulas e demais atividades programadas. § 1º. A verificação e o registro da frequência é de responsabilidade do professor, e seu controle, para efeito do presente artigo, da Secretaria Geral, vedado o abono de faltas. §2º. No caso de doença infectocontagiosa, traumatismo, cirurgia que impossibilite o deslocamento, ou gravidez, poderá ser solicitado pelo aluno, ou pessoa autorizada, a compensação por meio do Regime Especial. Somente poderão requerer esse benefício, os alunos com impedimento igual ou superior a 15 dias, alunas em estado de gravidez, a partir do oitavo mês de gestação e durante três meses pós gestação. Portanto, em regra, atestado médico não abona os dias de faltas, a não ser nas situações específicas do regime especial. Para isso o aluno tem a possiblidade de ter até 25% de faltas durante todo o semestre letivo. APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA • BIBLIOGRAFIA – CARLOS ROBERTO GONÇALVES • VADE MECUM – OBRIGATÓRIO EM SALA • ARQUIVOS NA BIBLIOTECA DA DISCIPLINA DO SIA ARTIGOS CIENTÍFICOS SLIDES EM PDF (SEMPRE EM ATUALIZAÇÃO) PLANO DE AULA • PROVAS – TODAS SEM CONSULTA AV1 – NOTA 9 AV2 – NOTA 10 AV3 – NOTA 10 23/02/2017 3 Contratos • Código Civil e Constituição Federal. • Divisão didática do Direito Civil: – Parte Geral • Livro I – Das Pessoas – Arts. 1° a 78 • Livro II – Dos Bens – Arts. 79 a 103 • Livro III – Dos Fatos Jurídicos – Arts. 104 a 232 – Parte Especial • Livro I – Do Direito das Obrigações –Obrigações – Arts. 233 a 420 – Contratos – Arts. 421 a 853 – Atos Unilaterais – Arts. 854 a 886 – Títulos de Crédito – Arts. 887 a 926 – Responsabilidade Civil e Preferências – Arts. 927 a 965 • Livro II – Do Direito de Empresa – Arts. 966 a 1.195 • Livro III – Do Direito das Coisas – Arts. 1.196 a 1.510 • Livro IV – Do Direito de Família – Arts. 1.511 a 1.783 • Livro V – Do Direito das Sucessões – Arts. 1.784 a 2.027 • Livro Complementar – Das Disposições Finais e Transitórias – Arts. 2.028 a 2.046. 1-Teoria Geral dos Contratos • 1.1 Conceito –Orlando Gomes: negócio jurídico bilateral, ou plurilateral, que sujeita as partes à observância de conduta idônea à satisfação dos interesses que a regulam. –Roberto Lisboa: trata-se do ajuste de vontades por meio do qual são constituídos, modificados ou extintos os direitos que uma das pessoas tem, muitas vezes, em benefício de outra. 1-Teoria Geral dos Contratos • Estrutura do contrato –Partes (bipolaridade da relação contratual: alteridade e composição de interesses). Obs: art. 117, CC/2002: autocontrato. –Objeto • imediato (operação – dar, vender, alugar, etc.) • mediato (bens jurídicos materiais ou imateriais – automóvel, dinheiro, crédito, etc.) 23/02/2017 4 1-Teoria Geral dos Contratos • Teorias sobre a natureza jurídica do contrato – Objetivas: • teoria normativa (Hans Kelsen): acordo de vontades que possui a função criadora do direito. • teoria preceptiva (Oscar von Bülow): as cláusulas contratuais têm natureza de preceito jurídico. – Subjetivas: • voluntarista (Savigny): a vontade é o fundamento dos contratos. • DECLARATIVA (Sailleles): a vontade declarada por ambas as partes é o fundamento dos contratos. 1-Teoria Geral dos Contratos • 1.2 Condições de validade dos contratos – Contratos são negócios jurídicos e por essa razão desdobram-se nos três planos da escada ponteana: EXISTÊNCIA VALIDADE EFICÁCIA 1-Teoria Geral dos Contratos • 1.2 Condições de validade dos contratos Art. 104. A validade do negócio jurídico requer: I - agente capaz; Pressupõe declaração de vontade isenta de vícios (erro, dolo, coação) e esclarecida II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável; A regulamentação dos próprios interesses pelos contratantes. É o conteúdo que possui caráter normativo hábil para criar, modificar ou extinguir relações jurídicas III - forma prescrita ou não defesa em lei. Cumpre três funções: torna certa e isenta de dúvidas a manifestação de vontade; demonstra a existência de uma declaração de vontade apta a produzir efeitos jurídicos; e, por último, protege a boa-fé de terceiros. 23/02/2017 5 1-Teoria Geral dos Contratos • 1.2 Condições de validade dos contratos Art. 2.035. A validade dos negócios e demais atos jurídicos, constituídos antes da entrada em vigor deste Código, obedece ao disposto nas leis anteriores, referidas no art. 2.045, mas os seus efeitos, produzidos após a vigência deste Código, aos preceitos dele se subordinam, salvo se houver sido prevista pelas partes determinada forma de execução 1-Teoria Geral dos Contratos • 1.3 Princípios fundamentais do direito contratual a) Liberdade de contratar. Autonomia da vontade. Pacta sunt servanda. Art. 425. É lícito às partes estipular contratos atípicos, observadas as normas gerais fixadas neste Código. b) Supremacia da ordem pública c) Consensualismo (ou liberdade das formas) 1-Teoria Geral dos Contratos • 1.3 Princípios fundamentais do direito contratual d) Função social e econômica do contrato Art. 421. A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato. Enunciados 22 e 23 – Jornadas de Direito Civil 22 - Art. 421: a função social do contrato, prevista no art. 421 do novo Código Civil, constitui cláusula geral que reforça o princípio de conservação do contrato, assegurando trocas úteis e justas. 23/02/2017 6 1-Teoria Geral dos Contratos • 1.3 Princípios fundamentais do direito contratual d) Função social e econômica do contrato Art. 421. A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato. Enunciados 22 e 23 – Jornadas de Direito Civil 23 - Art. 421: a função social do contrato, prevista no art. 421 do novo Código Civil, não elimina o princípio da autonomia contratual, mas atenua ou reduz o alcance desse princípio quando presentes interesses metaindividuais ou interesse individual relativo à dignidade da pessoa humana. 1-Teoria Geral dos Contratos • 1.3 Princípios fundamentais do direito contratual d) Função social e econômica do contrato Art. 2.035.Parágrafo único. Nenhuma convenção prevalecerá se contrariar preceitos de ordem pública, tais como os estabelecidos por este código para assegurar a função social da propriedade e dos contratos(princípio da retroatividade motivada). 1-Teoria Geral dos Contratos • 1.3 Princípios fundamentais do direito contratual e) Relatividade dos efeitos do contrato Enunciado 21 – Jornadas de Direito Civil 21 - Art. 421: a função social do contrato, prevista no art. 421 do novo Código Civil, constitui cláusula geral a impor a revisão do princípio da relatividade dos efeitos do contrato em relação a terceiros, implicando a tutela externa do crédito. f) Obrigatoriedade (ou intangibilidade) dos contratos (ou princípio da força vinculante dos contratos) 23/02/2017 7 1-Teoria Geral dos Contratos • 1.3 Princípios fundamentais do direito contratual g) Revisão dos contratos (ou da onerosidade excessiva) Teoria da cláusula implícita rebus sic stantibus – o cumprimento do contrato pressupõe inalterabilidade da situação de fato. h) Boa-fé e da probidade Art. 422. Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé. Enunciados 24, 25, 26 e 27 – Jornadas de Direito Civil 1-Teoria Geral dos Contratos • 1.3 Princípios fundamentais do direito contratual h) Boa-fé e da probidade - Enunciados Jornadas de Direito Civil 24 - Art. 422: em virtude do princípio da boa-fé, positivado no art. 422 do novo Código Civil, a violação dos deveres anexos constitui espécie de inadimplemento, independentemente de culpa. 25 - Art. 422: o art. 422 do Código Civil não inviabiliza a aplicação pelo julgador do princípio da boa-fé nas fases pré-contratual e pós -contratual. 1-Teoria Geral dos Contratos • 1.3 Princípios fundamentais do direito contratual h) Boa-fé e da probidade - Enunciados Jornadas de Direito Civil 26 - Art. 422: a cláusula geral contida no art. 422 do novo Código Civil impõe ao juiz interpretar e, quando necessário, suprir e corrigir o contrato segundo a boa- fé objetiva, entendida como a exigência de comportamento leal dos contratantes. 27 - Art. 422: na interpretação da cláusula geral da boa-fé, deve-se levar em conta o sistema do Código Civil e as conexões sistemáticas com outros estatutos normativos e fatores metajurídicos. 23/02/2017 8 1-Teoria Geral dos Contratos • 1.3 Princípios fundamentais do direito contratual h) Boa-fé e da probidade Funções da boa-fé objetiva: - função interpretativa (boa-fé enquanto cânone interpretativo-integrativo): as relações jurídicas decorrentes do contrato devem ser interpretadas à luz da boa-fé. Tal mandamento se direciona tanto às partes envolvidas no contrato quanto ao magistrado. A função interpretativa está contida no art. 113, CC. 1-Teoria Geral dos Contratos • 1.3 Princípios fundamentais do direito contratual h) Boa-fé e da probidade Funções da boa-fé objetiva: - função criadora de deveres jurídicos (boa-fé enquanto norma criadora de deveres jurídicos): a boa-fé objetiva é fonte dos deveres de conduta (deveres anexos, deveres secundários, deveres laterais). Nesse sentido, v. Clóvis Couto e Silva (A Obrigação como Processo) 1-Teoria Geral dos Contratos • 1.3 Princípios fundamentais do direito contratual h) Boa-fé e da probidade Funções da boa-fé objetiva: - função de controle (boa-fé enquanto norma de limitação ao exercício de direitos subjetivos): a boa-fé objetiva, combinada com a disciplina jurídica do abuso de direito (art. 187, CC/2002) é utilizada para considerar ilícitos os atos atentatórios à boa-fé objetiva e, por isso, proibir sua execução. Ex: teoria dos atos próprios (venire contra factum proprium, tu quoque, supressio, surrectio e duty to mitigate the loss). 23/02/2017 9 1-Teoria Geral dos Contratos • 1.3 Princípios fundamentais do direito contratual h) Boa-fé e da probidade Venire contra factum proprium Protege uma parte contra aquela que pretende exercer uma posição jurídica em contradição com o comportamento assumido anteriormente Suppressio Um direito não exercido durante determinado lapso de tempo não poderá mais sê-lo, por contrariar a boa-fé Surrectio É a outra face da suppressio. Acarreta o nascimento de um direito em razão da continuada prática de certos atos Tu quoque Proíbe que uma pessoa faça contra outra o que não faria contra si mesmo. Turpitudinem suam allegans non auditor Reprime a malícia e a má-fé. Não se pode alegar a própria torpeza. Obs.: Carlos R. Gonçalves cita esse mesmo princípio como nemo auditur propriam turpitudinem allegans Duty to mitigate the loss O credor tem o dever de mitigar os prejuízos que serão reparados posteriormente pelo devedor Caso Concreto Semana aula 1 Lei atentamente a assertiva adiante: À luz do Código Civil de 1916, afirmou Caio Mário da Silva Pereira: "a ordem jurídica oferece a cada um a possibilidade de contratar, e dá-lhe a liberdade de escolher os termos da avença. Segundo as suas preferências. Concluída a convenção, recebe da ordem jurídica o condão de sujeitar, em definitivo, os agentes. Uma vez celebrado o contrato, com observância dos requisitos de validade, tem plena eficácia, no sentido de que se impõe a cada um dos participantes, que não têm mais a liberdade de se forrarem às suas consequências, a não ser com a cooperação anuente do outro. Foram as partes que acolheram os temor de sua vinculação, e assumiram todos os riscos. A elas não cabe reclamar, e ao juiz não é dado preocupar-se com a severidade das cláusulas aceitas, que não podem ser atacadas sob a invocação de princípio de equidade". À luz das novas disposições do Código Civil/2002: a) A assertiva acima ainda guarda alguma validade face à nova ordem jurídica civil e constitucional? Fundamente a sua resposta. b) Elabore um conceito de função social do contrato, indicando se a função social do contrato pode justificar inadimplemento contratual. Caso Concreto Semana aula 1 Questão objetiva 1 (TJMS - Juiz Substituto - 2009) A propósito dos contratos, examine as assertivas abaixo e indique a alternativa correta: a) Obrigação e contrato se confundem porque deste advém o acordo de vontades que visa a constituição, modificação ou extinção de direitos; em suma, um conjunto de obrigações a serem cumpridas pelas partes. b) Nem toda relação jurídica contratual possui, além das partes e do consensualismo, um objeto. c) O objeto da relação jurídica patrimonial pode ser imediato ou mediato, sendo o primeiro o contrato propriamente dito e o último, o bem da visa suscetível de apreciação econômica d) O objeto mediato se limita ao seu aspecto econômico e ao fato de ser corpóreo. e) Vale, em regra, o contrato que implique transmissão de direitos autorais. 23/02/2017 10 Caso Concreto Semana aula 1 Questão objetiva 2 (MPRS - 2001) A superação do paradigma voluntarista do contrato encontra-se justificada pela: I. Utilidade social do contrato. II. Objetivação do vínculo contratual. III. Concepção da causa como função econômico-social do contrato. IV. Justiça da relação contratual no caso concreto. V. Expansão das hipóteses de vícios do consentimento. Assinale a alternativa correta: a) Somente as alternativas I e III estão corretas. b) Somente as alternativas II e III estão corretas. c) Somente as alternativas I, II, III e IV estão corretas. d) Somente as alternativas I, II, IV e V estão corretas. e) Somente as alternativas I e IV estão corretas. 1-Teoria Geral dos Contratos • 1.4 Interpretação dos Contratos – Quando ocorre necessidade de interpretação de um contrato? – Quais as possíveis consequências de uma dúvida sobre a interpretação de uma cláusula contratual após a celebração de um contrato? 1.4.1 Espécies de interpretação – Declarativa – para cláusulas existentes – Integrativa ou construtiva – para omissões e lacunas 1-Teoria Geral dos Contratos • 1.4 Interpretação dos Contratos 1.4.2 Fontes deinterpretação – Lei (Em especial Arts. 112, 113 e 114 do C.C.) – Analogia – Equidade – Costumes – Princípios Gerais do Direito 23/02/2017 11 1-Teoria Geral dos Contratos • 1.4 Interpretação dos Contratos 1.4.3 Princípios para interpretação contratual – Princípio da boa-fé – Princípio da conservação do contrato (ou princípio do aproveitamento do contrato) na medida do possível é preferível conservar o contrato defeituoso naquilo que for aproveitável do que anulá-lo. Ex.: Compra e venda de imóveis sem as devidas formalidades, aproveita-se como promessa de compra e venda 1-Teoria Geral dos Contratos • 1.4 Interpretação dos Contratos 1.4.4 Regras esparsas relacionadas à interpretação contratual Art. 423. Quando houver no contrato de adesão cláusulas ambíguas ou contraditórias, dever-se-á adotar a interpretação mais favorável ao aderente. Art. 426. Não pode ser objeto de contrato a herança de pessoa viva. Art. 819. A fiança dar-se-á por escrito, e não admite interpretação extensiva. 1-Teoria Geral dos Contratos • 1.4 Interpretação dos Contratos 1.4.4 Regras esparsas relacionadas à interpretação contratual Art. 843. A transação (ver art. 840) interpreta-se restritivamente, e por ela não se transmitem, apenas se declaram ou reconhecem direitos. Art. 1.899. Quando a cláusula testamentária for suscetível de interpretações diferentes, prevalecerá a que melhor assegure a observância da vontade do testador. 23/02/2017 12 1-Teoria Geral dos Contratos • 1.4 Interpretação dos Contratos 1.4.4 Regras esparsas relacionadas à interpretação contratual STF, Súmula 454. Simples interpretação de cláusulas contratuais não dá lugar a recurso extraordinário. STJ, Súmula 181. É admissível ação declaratória, visando a obter certeza quanto a exata interpretação de clausula contratual. 1-Teoria Geral dos Contratos • 1.4 Interpretação dos Contratos 1.4.5 Critérios práticos para interpretação dos contratos – Maria Helena Diniz – a melhor maneira de apurar a intenção dos contratantes é verificar o modo como vinham executando o contrato, de comum acordo; – deve-se interpretar o contrato, na dúvida, da maneira menos onerosa para o devedor; – as cláusulas contratuais não devem ser interpretadas isoladamente, mas em conjunto com as demais; 1-Teoria Geral dos Contratos • 1.4 Interpretação dos Contratos 1.4.5 Critérios práticos para interpretação dos contratos – Maria Helena Diniz – qualquer obscuridade é imputada a quem redigiu a estipulação, pois, podendo ser claro, não o foi; – na cláusula suscetível de dois significados, interpretar-se-á em atenção ao que pode ser exequível (princípio da conservação do contrato); – no contrato de locação que apresentar dúvidas, resolver-se-á contra o locador; 23/02/2017 13 1-Teoria Geral dos Contratos • 1.4 Interpretação dos Contratos 1.4.5 Critérios práticos para interpretação dos contratos – Maria Helena Diniz – em relação aos termos do contrato, considerar-se-á que, por mais genéricos que sejam, só abrangem os bens sobre os quais os interessados contratarem e não os de que não cogitaram; – nas cláusulas duvidosas, prevalecerá o entendimento de que se deve favorecer quem se obriga; 1-Teoria Geral dos Contratos • 1.4 Interpretação dos Contratos 1.4.5 Critérios práticos para interpretação dos contratos – Maria Helena Diniz – nos contratos gratuitos, a interpretação deve proceder-se no sentido de fazê-lo o menos pesado possível para o devedor; nos onerosos, deve-se buscar interpretar de modo a alcançar um equilíbrio equitativo entre os interesses das partes; – na dúvida entre a gratuidade e a onerosidade do contrato, presumir-se-á esta e não aquela; 1-Teoria Geral dos Contratos • 1.4 Interpretação dos Contratos 1.4.5 Critérios práticos para interpretação dos contratos – Maria Helena Diniz – nas convenções que tiverem por objeto uma universalidade de coisas, compreendem-se nela todos os bens particulares que a compõem, mesmo aqueles de que os contraentes não tiverem conhecimento; – no contrato seguido de outro, que o modifica parcialmente, a interpretação deverá considerar ambos como um todo orgânico. 23/02/2017 14 2-Formação e Classificação • 2.1 A Formação dos Contratos 2.1.1 Fases da formação do contrato a) Negociações preliminares (puntuação); Pode haver responsabilidade civil nessa fase contratual? R.: Apenas excepcionalmente, se houver, por exemplo, uma legítima expectativa de celebração contratual frustrada por violação da boa-fé objetiva. 2-Formação e Classificação • 2.1 A Formação dos Contratos 2.1.1 Fases da formação do contrato b) Proposta (policitação ou oblação); - É uma declaração unilateral de vontade receptícia, estando sujeita à aceitação da outra parte para que produza seus efeitos. - Sujeitos da proposta: - proponente, policitante ou solicitante: aquele que faz a oferta. - solicitado, policitado ou oblato: aquele para quem a proposta é direcionada. 2-Formação e Classificação • 2.1 A Formação dos Contratos 2.1.1 Fases da formação do contrato b) Proposta (policitação ou oblação); - Requisitos da proposta: - Séria - Completa - Clara - Dirigida à pessoa que se destina 23/02/2017 15 2-Formação e Classificação • 2.1 A Formação dos Contratos 2.1.1 Fases da formação do contrato b) Proposta (policitação ou oblação); - Classificação das propostas: I – Quanto à presença dos contratantes - Entre presentes (inter praesentes) – o aceite pode ser dado imediatamente - Entre ausentes (inter absentes) – o aceite não pode ser dado imediatamente - Obs.: trata-se de presença jurídica e não presença física – Art. 428 inc. I 2-Formação e Classificação • 2.1 A Formação dos Contratos 2.1.1 Fases da formação do contrato b) Proposta (policitação ou oblação); - Classificação das propostas: II – Quanto à validade - Com prazo - Sem prazo - Obs.: Princípio da vinculação ou da obrigatoriedade da proposta – Art. 427 2-Formação e Classificação • 2.1 A Formação dos Contratos 2.1.1 Fases da formação do contrato b) Proposta (policitação ou oblação); - Hipóteses em que a vinculação da proposta é afastada a) quando na proposta estiver facultado ao policitante o direito de retratação. Esta hipótese não é admitida nos contratos de consumo. b) quando for da natureza da proposta ou quando as circunstâncias do caso assim determinarem. Obscuridade da legislação. 23/02/2017 16 2-Formação e Classificação • 2.1 A Formação dos Contratos 2.1.1 Fases da formação do contrato b) Proposta (policitação ou oblação); - Hipóteses em que a vinculação da proposta é afastada c) se a retratação chegar antes ou ao mesmo tempo que a proposta. d) nas propostas entre presentes feitas sem prazo, quando o oblato não aceita imediatamente (contratos com declaração consecutiva). 2-Formação e Classificação • 2.1 A Formação dos Contratos 2.1.1 Fases da formação do contrato b) Proposta (policitação ou oblação); - Hipóteses em que a vinculação da proposta é afastada e) nas propostas entre ausentes, quando há tempo razoável (prazo moral) para a chegada da resposta do oblato (contratos com declaração intervalada). f) quando a proposta é feita com prazo (proposta entre ausentes) e a aceitação não é expedida em tempo hábil. Obs.: Art. 428 e incisos 2-Formação e Classificação • 2.1 A Formação dos Contratos 2.1.1 Fases da formação do contrato b) Proposta (policitação ou oblação); - Oferta ao público – Art. 429 e parágrafo - Contraproposta – nova proposta que inverte a polaridade da relação inicial 23/02/2017 17 2-Formação e Classificação • 2.1 A Formação dos Contratos2.1.1 Fases da formação do contrato c) Conclusão do contrato (aceitação) Via de regra aplica-se teoria da agnição (ou declaração) na modalidade expedição. - O contrato se forma com a expedição do aceite, mesmo que o proponente não tenha ciência imediata disto Exceções (modalidade recepção): - Art. 431 e 433; - Quando pactuado na proposta. 2-Formação e Classificação • 2.1 A Formação dos Contratos 2.1.1 Fases da formação do contrato c) Conclusão do contrato (aceitação) Obs. 1: Aceitação tácita é possível – Art. 432 Obs. 2: Aceitação tardia – Art. 430 X Art. 431 Obs. 3: Nos contratos reais, o momento da formação do contrato é o da tradição da coisa (entrega nas coisas móveis e registro no cartório nas coisas imóveis). Obs. 4: Lugar da formação do contrato – Art. 435 Caso Concreto Semana aula 2 Jovenal, prestador de serviços em Curitiba, após troca de e-mails com informações sobre o serviço (via Internet) com Maria (residente em Colombo, região metropolitana de Curitiba) apresenta-lhe on-line (também via Internet/Messenger) proposta para realizar pintura de sua residência, indicando o preço que cobraria pela empreitada e o material necessário. Responda as questões abaixo: i. Pode-se afirmar que houve negociação preliminar? Se afirmativa a resposta, de que forma? ii. A proposta feita on-line por Jovenal vincula? Justifique sua resposta e destaque, em caso afirmativo, o que significaria a obrigatoriedade da oferta. iii. Qual o prazo de validade da oferta feita por Jovenal? iv. Em que momento poderia ser considerada aceita a proposta e formado finalmente o contrato? v. Identifique o lugar da celebração do contrato. 23/02/2017 18 Caso Concreto Semana aula 2 Questão objetiva 1 (TJSC - Juiz Substituto - 2010) Assinale a alternativa correta: I. A liberdade de contratar é exercida em razão e nos limites da função social do contrato. No sistema do Código Civil, quando há no contrato de adesão cláusulas ambíguas ou contraditórias, nem sempre adota-se a interpretação mais favorável ao aderente. Contudo, nos contratos de adesão, são nulas as cláusulas que estipulem a renúncia antecipada do aderente a direito resultante da natureza do negócio. II. É nulo o negócio jurídico quando: celebrado por pessoa absolutamente incapaz; for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto; o motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilícito; tiver por objetivo fraudar lei imperativa; derivar de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra credores. O negócio jurídico nulo não é suscetível de confirmação, nem convalesce pelo decurso de tempo. III. É lícito aos interessados prevenir ou terminar o litígio mediante concessões mútuas. A transação, se recair sobre direitos contestados em juízo, será feita por escritura pública ou por termo nos autos, assinado pelos transigentes e homologado pelo juiz IV. O texto do Código Civil contempla, sempre que necessário, cláusulas gerais. As cláusulas gerais conferem ao sistema jurídico flexibilidade e capacidade de adaptação à evolução do pensamento e do comportamento social e importam em avançada técnica legislativa de enunciar, através de expressões semânticas relativamente vagas, princípios e máximas que compreendem e recepcionam a mais variada sorte de hipóteses concretas de condutas tipificáveis, já ocorrentes no presente ou ainda por realizarem no futuro Caso Concreto Semana aula 2 Questão objetiva 1 a) Somente as proposições I e II estão incorretas b) Somente as proposições III e IV estão incorretas. c) Somente as proposições I e III estão incorretas. d) Somente as proposições I , II e IV estão incorretas. e) Todas as proposições estão incorretas. Caso Concreto Semana aula 2 Questão objetiva 2 (MPE-PR - 2009 - adaptada) Sobre a formação e interpretação dos contratos, podemos afirmar: a) A função social do contrato e o princípio da boa-fé objetiva não constituem limitadores da liberdade de contratar, quando presentes na relação jurídica, como partes, pessoas capazes agindo no exercício de sua atividade profissional. b) Pode-se revogar a oferta ao público, pela mesma via da sua divulgação, desde que ressalvada essa faculdade no instrumento que contemple a oferta realizada c) Somente quando evidenciada uma relação de consumo, é possível sustentar o princípio da interpretação mais favorável ao aderente, em sede de contrato de adesão. d) No caso de contrato de adesão firmado tendo como partes duas pessoas capazes, agindo no exercício de sua atividade profissional, é válida a cláusula de renúncia antecipada do aderente, mesmo quando se trate de direito resultante da natureza do negócio. 23/02/2017 19 2-Formação e Classificação • 2.2 Classificação dos Contratos 2.2.1 Quanto à qualidade dos sujeitos contratantes a) Contratos de direito comum - Regulados pelo Direito Civil - Considerados contratos paritários b) Contratos de consumo - Regulados pelo CDC - contratos cuja polarização se dá entre consumidor e fornecedor (Arts. 2° e 3° do CDC) 2-Formação e Classificação • 2.2 Classificação dos Contratos 2.2.2 Quanto ao momento de aperfeiçoamento do contrato a) Contratos consensuais - Aperfeiçoados pela declaração de vontade - Não dependem da entrega da coisa - Ex.: compra e venda de bem móvel (Art. 482) b) Contratos reais - Precisam da efetiva entrega da coisa - Ex.: contrato de comodato (Art. 579) 2-Formação e Classificação • 2.2 Classificação dos Contratos 2.2.3 Quanto à maneira de aperfeiçoamento do contrato a) Contratos solenes - Forma determinada por lei - Inobservância da forma acarreta invalidade - Ex.: compra e venda de bem imóvel (Art. 108) b) Contratos não solenes - Não há forma especial para sua celebração - Seguem o princípio da liberdade das formas 23/02/2017 20 2-Formação e Classificação • 2.2 Classificação dos Contratos 2.2.4 Quanto à tipicidade a) Contratos típicos - Regulamentados por lei - Ex.: Contrato de aluguel b) Contratos atípicos - Não regulamentados por lei - Ex.: Contrato de estacionamento oneroso em shopping center 2-Formação e Classificação • 2.2 Classificação dos Contratos 2.2.5 Quanto à presença da Administração Pública a) Contratos de Direito Público - A Administração Pública figura em um dos polos - São regidos pelas normas de direito público e, subsidiariamente, por normas de direito privado, no que não lhe for incompatível (Ex.: Licitação) b) Contratos de Direito Privado - Travados entre particulares e regidos pelas normas de direito privado - Podem ser de direito comum, mercantis ou de consumo. 2-Formação e Classificação • 2.2 Classificação dos Contratos 2.2.6 Quanto à reciprocidade a) Contratos unilaterais - Impõem deveres apenas a uma parte - Ex.: doação pura b) Contratos bilaterais (ou sinalagmáticos) - Impõem deveres recíprocos às partes - Ex.: compra e venda 23/02/2017 21 2-Formação e Classificação • 2.2 Classificação dos Contratos 2.2.6 Quanto à reciprocidade c) Contratos plurilaterais (ou plúrimos) - Há direitos e deveres recíprocos entre todos os sujeitos envolvidos no contrato. - Ex.: contrato de sociedade d) Contratos bilaterais imperfeitos - Contrato unilateral que, por circunstância acidental, gera obrigação para o contratante que não se comprometera. - Ex.: Art. 643 2-Formação e Classificação • 2.2 Classificação dos Contratos 2.2.7 Quanto às vantagens patrimoniais das partes a) Contratos gratuitos ou benéficos - Há vantagem ou benefício de uma das partes - Há uma prestação sem que haja uma contraprestação a ela correlata e proporcional. - Ex.: Comodato (Art. 579) b) Contratos onerosos - Há vantagem e sacrifício patrimonial de ambas partes - Ex.: Troca 2-Formação e Classificação• 2.2 Classificação dos Contratos 2.2.8 Quanto à determinação do objeto contratual a) Contratos comutativos - As partes sabem com exatidão suas prestações e contraprestações. O objeto é determinado. b) Contratos aleatórios - há a presença do risco, que pode recair na própria existência da coisa (contrato emptio spei - de esperança), quanto na quantidade da coisa (contrato emptio rei speratae – de coisa esperada). O objeto é determinável. 23/02/2017 22 2-Formação e Classificação • 2.2 Classificação dos Contratos 2.2.9 Quanto às relações intercontratuais a) Contratos principais - são independentes, existindo por si só. b) Contratos acessórios - são aqueles que guardam uma relação de dependência com outro contrato, existindo em função dele. Ex.: Fiança (princípio da gravitação jurídica) c) Contratos coligados - contratos principais por natureza, mas que, por vontade das partes, estão unidos por um nexo funcional (compra e venda de dois terrenos para único fim). 2-Formação e Classificação • 2.2 Classificação dos Contratos 2.2.10 Quanto ao momento do seu cumprimento a) Contratos de execução imediata (instantâneos) - O vencimento ocorre concomitantemente com o aperfeiçoamento do contrato. b) Contratos de execução diferida - São contratos a termo, que deverão ser adimplidos em sua totalidade na data do vencimento ajustada. c) Contratos de execução continuada (execução sucessiva ou trato sucessivo) - aqueles cuja execução se dará de forma periódica. 2-Formação e Classificação • 2.2 Classificação dos Contratos 2.2.11 Quanto ao agente a) Contratos personalíssimos (intuitu personae) - Apenas pode ser celebrado pela pessoa constante no contrato. b) Contratos impessoais - São contratos cuja prestação pode ser cumprida indiferentemente por qualquer pessoa. 23/02/2017 23 2-Formação e Classificação • 2.2 Classificação dos Contratos 2.2.12 Contrato de adesão (Art. 54 do CDC) - Contrato de adesão é aquele cujas cláusulas tenham sido aprovadas pela autoridade competente ou estabelecidas unilateralmente pelo fornecedor de produtos ou serviços, sem que o consumidor possa discutir ou modificar substancialmente seu conteúdo. - Sujeitos: predisponente (ou estipulante) e aderente. - Artigos do C. Civil: 423 e 424 - Cláusulas abusivas são nulas (nulidade absoluta). 2-Formação e Classificação • 2.3 Estipulação em favor de terceiros (Arts. 436 a 438) - Princípio da relatividade dos efeitos dos contratos - Sujeitos: • Estipulante – aquele que cede seu benefício contratual a terceiro • Promitente – o outro contratante, devedor da obrigação em favor do beneficiário • Beneficiário – terceiro beneficiado que não participou do pacto contratual 2-Formação e Classificação • 2.3 Estipulação em favor de terceiros (Arts. 436 a 438) Art. 436. O que estipula em favor de terceiro pode exigir o cumprimento da obrigação. Tradução: Quem estipula em favor de terceiro pode exigir o cumprimento da obrigação. Parágrafo único. Ao terceiro, em favor de quem se estipulou a obrigação, também é permitido exigi-la, ficando, todavia, sujeito às condições e normas do contrato, se a ele anuir, e o estipulante não o inovar nos termos do art. 438. Tradução: o terceiro beneficiado também pode exigir. 23/02/2017 24 2-Formação e Classificação • 2.3 Estipulação em favor de terceiros (Arts. 436 a 438) Art. 437. Se ao terceiro, em favor de quem se fez o contrato, se deixar o direito de reclamar-lhe a execução, não poderá o estipulante exonerar o devedor. Tradução: Se for estipulado no contrato que o beneficiário pode exigir a obrigação, o estipulante não poderá perdoar o devedor. 2-Formação e Classificação • 2.3 Estipulação em favor de terceiros (Arts. 436 a 438) Art. 438. O estipulante pode reservar-se o direito de substituir o terceiro designado no contrato, independentemente da sua anuência e da do outro contratante. Tradução: Se não for previsto no contrato o direito apontado no Art. 437, o estipulante poderá exonerar o devedor e substituir o terceiro beneficiado. Parágrafo único. A substituição pode ser feita por ato entre vivos ou por disposição de última vontade. 2-Formação e Classificação • 2.4 Promessa de fato de terceiro (Arts. 439 e 440) - Também chamado de contrato por outrem - Não se confunde com mandato, pois não existe representação (procuração) - Sujeitos: • Credor – aquele que se beneficia com a obrigação • Promitente – o outro contratante, que promete a obrigação de terceiro em favor do credor • Terceiro – estranho ao contrato “obrigado” pelo promitente ao cumprimento da obrigação 23/02/2017 25 2-Formação e Classificação • 2.4 Promessa de fato de terceiro (Arts. 439 e 440) Art. 439. Aquele que tiver prometido fato de terceiro responderá por perdas e danos, quando este o não executar. Parágrafo único. Tal responsabilidade não existirá se o terceiro for o cônjuge do promitente, dependendo da sua anuência o ato a ser praticado, e desde que, pelo regime do casamento, a indenização, de algum modo, venha a recair sobre os seus bens. Tradução: Se a promessa for feita por cônjuge, casado em regime que não seja de separação de bens e o terceiro não anuir, não caberá perdas e danos. 2-Formação e Classificação • 2.4 Promessa de fato de terceiro (Arts. 439 e 440) Art. 440. Nenhuma obrigação haverá para quem se comprometer por outrem, se este, depois de se ter obrigado, faltar à prestação. Tradução: se depois que o promitente pactuar, o terceiro ratificar (confirmar) o contrato, o promitente está isento das perdas e danos caso a promessa não se concretize. O terceiro que confirmou será o responsável pelas perdas e danos. Caso Concreto Semana aula 3 Lúcia promete à sua Comissão de Formatura que trará para cantar em uma festa, destinada a arrecadar fundos para a Comissão, sua tia, Ivete Sangalo. Os membros da Comissão, conhecedores do relacionamento próximo que Lúcia possui com sua tia, com razões concretas e objetivas para acreditar na promessa, não contratam nenhuma banda e iniciam os preparativos de divulgação do evento que, então, terá como uma das principais atrações a mencionada cantora. Ocorre que um dia antes do início da festa, Lúcia telefona para o presidente da Comissão e o comunica que embora tenha realizado inúmeros esforços não conseguirá trazer a tia para cantar na festa. Diante dessa situação, responda: a) Qual é o tipo de obrigação (utilize pelo menos duas classificações) assumida por Lúcia em face da Comissão de formatura e que espécie contratual pode ser identificada? b) Lúcia poderá ser de alguma forma responsabilizada, mesmo tendo empreendido todos os seus esforços para que a tia cumprisse promessa por ela feita? c) Suponha que por intermédio de Lúcia, a representante da cantora entrou em contato com o Presidente da Comissão e, anuindo com a indicação do promitente, combina que a cantora cantará na festa no dia e horários marcados. No entanto, no dia do evento a cantora é convidada a receber um prêmio e não comparece ao evento. Quem responderá pelos prejuízos causados por essa ausência? Fundamente sua resposta. 23/02/2017 26 Caso Concreto Semana aula 3 Questão objetiva 1 (TJMA - Juiz substituto - 2008) Assinale a proposição correta, em se considerando o atual Código Civil: a) Qualquer que seja o valor do imóvel, a escritura pública é essencial à validade do contrato de compra e venda. b) Nos contratos benéficos, responde por simples culpa o contratante a quem o contrato aproveite, e por dolo aquele a quem não favoreça c) Nos contratos unilaterais, nenhum dos contratantes, antes de cumprida a sua obrigação, pode exigir o implemento da do outro. d) A parte lesada pelo inadimplemento pode pedira resolução do contrato ou o seu cumprimento; mas apenas na primeira hipótese será possível cumular o pedido com o de indenização por perdas e danos. Caso Concreto Semana aula 3 Questão objetiva 2 (TRT 8a. Região - 2009) Marque a alternativa correta: a) Se o contrato for aleatório em virtude de fatos futuros, cujo risco de inexistirem for assumido por um dos contratantes, terá o outro direito de receber integralmente o que foi prometido, desde que de sua parte não tenha havido culpa ou dolo, ainda que nada do avençado venha a existir. b) No contrato aleatório, o alienante terá direito ao preço integral em qualquer situação, ainda que a coisa venha a existir em quantidade inferior à esperada. c) Concluído o contrato preliminar poderá a parte exigir seu cumprimento. A existência e a utilização da cláusula de arrependimento não inibe a exigência de perdas e danos. d) Se a promessa de contrato for unilateral, pode o credor manifestar-se a qualquer tempo pela sua aceitação. e) A resilição unilateral do contrato, em qualquer caso, só se opera mediante denúncia. 2-Formação e Classificação • 2.5 Dos vícios redibitórios (Arts. 441 a 446) 2.5.1 - Conceito São defeitos ocultos que tornam a coisa imprópria para o uso a que é destinada ou que, se fossem conhecidos, impediriam a realização do contrato. Autorizam o comprador a rejeitar a coisa recebida e redibir o contrato (ação redibitória) ou a pedir o abatimento do preço pago (ação estimatória ou quanti minoris). As ações destinadas a combater os vícios redibitórios são também chamadas de ações edilícias (redibitória ou estimatória) (Art. 441, 442 e 444). 23/02/2017 27 2-Formação e Classificação • 2.5 Dos vícios redibitórios (Arts. 441 a 446) 2.5.1 - Conceito Pergunta: Qual a diferença do vício redibitório para o erro ou o dolo? O erro e o dolo são vícios de consentimento diretamente ligados à coisa ou a uma característica essencial da coisa. Não existe, a princípio, defeito. Exemplo: Comprou bijuteria achando que era joia. Já o vício redibitório é um defeito não aparente da coisa, mas não existe, a princípio, dúvida em relação à coisa propriamente dita. Exemplo: Comprou bijuteria, sabendo que era bijuteria, mas o fecho não funcionava. 2-Formação e Classificação • 2.5 Dos vícios redibitórios (Arts. 441 a 446) 2.5.1 - Conceito Pergunta: Uma doação pura de um automóvel, tido como perfeito pelo donatário, mas que possui diversos defeitos ocultos, pode ser enjeitada quando os vícios forem descobertos? NÃO. Apenas doações onerosas (com encargos) podem ser enjeitadas (Art. 441 parágrafo único). Pergunta: Defeitos de fácil constatação ensejam redibição? NÃO. O vício deve ser oculto. 2-Formação e Classificação • 2.5 Dos vícios redibitórios (Arts. 441 a 446) 2.5.2 – Prazo para propositura da ação (Art. 445) 1 – Sem posse prévia a) Bem móvel – 30 dias a partir da tradição b) Bem imóvel – Um ano a partir da tradição 2 – Se o adquirente já tinha posse do bem antes da tradição a) Bem móvel – 15 dias a partir da tradição b) Bem imóvel – Seis meses a partir da tradição 23/02/2017 28 2-Formação e Classificação • 2.5 Dos vícios redibitórios (Arts. 441 a 446) 2.5.2 – Prazo para propositura da ação (Art. 445) 3 – Se o vício, por sua natureza, só puder ser conhecido mais tarde (Art. 445 §1°). 1° Entendimento – Enunciado 174 (Gustavo Tepedino, Marcos Jorge Catalan, Leonardo Roscoe Bessa). a) Bem móvel – 30 dias, que começa a contar a partir da ciência do vício, dentro de um prazo de 180 dias b) Bem imóvel – Um ano, que começa a contar a partir da ciência do vício, dentro de um prazo de um ano Obs.: Não se aplica redução relativa à posse prévia 2-Formação e Classificação • 2.5 Dos vícios redibitórios (Arts. 441 a 446) 2.5.2 – Prazo para propositura da ação (Art. 445) 3 – Se o vício, por sua natureza, só puder ser conhecido mais tarde 2° Entendimento (Caio Mário da Silva Pereira). a) Bem móvel – 30 dias, que começa a contar a partir da ciência do vício, dentro de um prazo de 180 dias b) Bem imóvel – Um ano, que começa a contar a partir da ciência do vício, dentro de um prazo de um ano Obs.: Se aplica redução relativa à posse prévia 2-Formação e Classificação • 2.5 Dos vícios redibitórios (Arts. 441 a 446) 2.5.2 – Prazo para propositura da ação (Art. 445) 3 – Se o vício, por sua natureza, só puder ser conhecido mais tarde 3° Entendimento (Flávio Tartuce e Maria Helena Diniz). a) Bem móvel – 180 dias, que começa a contar a partir da ciência do vício b) Bem imóvel – Um ano, que começa a contar a partir da ciência do vício Obs.: Não se aplica redução relativa à posse prévia 23/02/2017 29 2-Formação e Classificação • 2.5 Dos vícios redibitórios (Arts. 441 a 446) 2.5.2 – Prazo para propositura da ação (Art. 445) 4 – Se o vício for encontrado em animais (Art. 445 §2°) a) De acordo com o estabelecido em lei especial b) Na falta de lei especial, pelos usos locais c) Na ausência de lei especial e uso local, utilizam-se as normas do Art. 445 caput e §1°. 2-Formação e Classificação • 2.5 Dos vícios redibitórios (Arts. 441 a 446) 2.5.2 – Prazo para propositura da ação (Art. 445) 5 – Se houver cláusula de garantia (Art. 446) a) Não existe necessidade de propositura de ação, uma vez que existe a garantia. No entanto, o adquirente deve denunciar o defeito em 30 dias do respectivo descobrimento sob pena de perder o direito à garantia. 2-Formação e Classificação • 2.5 Dos vícios redibitórios (Arts. 441 a 446) 2.5.3 – Observações a) Todos os prazos são decadenciais. b) Se o alienante sabia do defeito, o adquirente também terá direito a indenização por perdas e danos (Art. 443). Pergunta: O prazo para ajuizar ação reivindicando as perdas e danos é prescricional ou decadencial? Qual o prazo? Resp.: Art. 206 §3° inc. V do Cód. Civil. 23/02/2017 30 2-Formação e Classificação • 2.5 Dos vícios redibitórios (Arts. 441 a 446) 2.5.3 – Observações c) Vícios redibitórios no CDC – Art. 18 Pergunta: Qual o prazo para redibição de bens imóveis de acordo com o CDC? Pode ser aplicado o prazo de 1 ano do Código Civil na relação de consumo? 1° entendimento – Não. Lei especial prevalece sobre lei geral, na relação de consumo aplica-se o CDC. 2° entendimento – Sim. Aplica-se o Princípio da Norma Jurídica mais Benéfica ao hipossuficiente. 2-Formação e Classificação • 2.6 Da evicção (Arts. 447 a 457) 2.6.1 – Conceito A evicção é a perda total ou parcial de um bem em razão de sentença que o atribui a outrem por direito anterior ao contrato. A garantia contra a evicção é obrigação do alienante que deriva automaticamente do contrato. Assim, nos contratos onerosos pelos quais se transfere o domínio, posse ou uso, o alienante deve garantir o adquirente dos riscos da evicção e indenizá- lo na eventualidade de vir a perder o bem por força de sentença que reconheceu direito de outrem. 2-Formação e Classificação • 2.6 Da evicção (Arts. 447 a 457) 2.6.2 – Requisitos a) a onerosidade da aquisição do bem, o que afasta a figura nos contratos gratuitos; b) a perda, total ou parcial, da propriedade ou da posse da coisa alienada pelo adquirente; c) ignorância, pelo adquirente, da litigiosidade da coisa; d) anterioridade do direito do evictor; e) sentença judicial reconhecendo a evicção; apreensão policial de coisa furtada ou roubada em momento anterior à aquisição ou pela privação da coisa por ato inequívoco de qualquer autoridade 23/02/2017 31 2-Formação e Classificação • 2.6 Da evicção (Arts. 447 a 457) 2.6.4 – Consequências da evicção (Art. 450 e 449) a) Restituição integral do preço (em qualquer caso); b) Indenização dos frutos que tiver que restituir; c) Despesasdos contratos; d) Custas processuais e honorários advocatícios; e) Indenização dos prejuízos que resultem diretamente da evicção. Obs.: Se houver deterioração da coisa aplicam-se os Arts. 451 e 452. 2-Formação e Classificação • 2.6 Da evicção (Arts. 447 a 457) 2.6.5 – Renúncia da garantia da evicção (Art. 449 e 457) A garantia da evicção pode ser renunciada pelo adquirente. Contudo, a eficácia da cláusula que exclui a evicção varia, conforme o adquirente tenha ou não real conhecimento do risco da evicção (CC, 449). Se o adquirente tinha conhecimento dos riscos da evicção e concordou com a cláusula exonerando a responsabilidade (cláusula de irresponsabilidade pela evicção ou cláusula non praestenda evictione), deve suportar os riscos (CC, 457). Caso Concreto Semana aula 4 Caso Concreto 1 (OAB 2010.1) Edson vendeu veículo de sua propriedade a Bruna, estipulando que o pagamento deveria ser feito a Tânia. Trinta dias depois da aquisição, o motor do referido veículo fundiu. Edson, embora conhecesse o vício, não o informou a Bruna e, ainda, vendeu o veículo pelo preço de mercado. Desejando resolver a situação, Bruna, que depende do automóvel para o desenvolvimento de suas atividades comerciais, procurou auxílio de profissional da advocacia, para informar-se a respeito de seus direitos. Em face dessa situação hipotética, indique, com a devida fundamentação legal, a(s) medida(s) judicial(is) cabível(is) e a(s) pretensão(ões) que pode(m) ser(em) deduzida(s), a parte legítima para figurar no polo passivo da demanda e o prazo para ajuizamento. 23/02/2017 32 Caso Concreto Semana aula 4 Questão Objetiva 1 (TJMS - Juiz Substituto - 2008) A ação de indenização, relativamente aos prejuízos causados em razão da entrega de sementes, para plantação, de qualidade inferior à contratada, deve observar o prazo: a) Prescricional de 3 anos. b) Decadencial de 3 anos. c) Decadencial de 90 dias. d) Decadencial de 30 dias. e) Prescricional de 5 anos. Caso Concreto Semana aula 4 Questão Objetiva 1 (TJMG - Juiz Substituto - 2008) Nos contratos onerosos, o alienante responde pela evicção. Assim, de acordo com o Código Civil, é correto dizer que: a) A garantia não subsiste quando a aquisição se tenha realizado em hasta pública. b) A garantia ou responsabilidade pela evicção independe de culpa c) A garantia opera-se com a perda da coisa por ato administrativo de política sanitária ou de segurança pública. d) A garantia ou responsabilidade pela evicção não pode ser objeto das disposições de vontade dos contratantes. 2-Formação e Classificação • 2.7 Do contrato preliminar (Arts. 462 a 466) 2.7.1 – Conceito - Contrato preliminar (ou contrato-promessa ou pactum in contrahendo) é aquele provisório, preparatório, no qual as partes prometem, em data futura, complementar o ajuste, celebrando o contrato definitivo. O objeto do contrato preliminar é sempre a efetivação de um contrato definitivo. - Mesmos requisitos objetivos e subjetivos dos contratos de uma forma geral (Art. 104). 23/02/2017 33 2-Formação e Classificação • 2.7 Do contrato preliminar (Arts. 462 a 466) 2.7.2 – Particularidades - As formalidades exigidas para o contrato definitivo não precisam ser seguidas. Ex.: se o contrato definitivo exige escritura pública, isso não se aplica ao contrato preliminar (Art. 462). - Cláusula de arrependimento é possível, com ou sem previsão de multa (Art. 463). - Registro no cartório (Art. 463 parágrafo único). Trata-se de exigência ou faculdade? Se não for registrado em cartório, poderá ser exigido pelo contratante? 2-Formação e Classificação • 2.7 Do contrato preliminar (Arts. 462 a 466) 2.7.2 – Particularidades • Jones Figueirêdo Alves e Carlos Alberto Dabus Maluf (atualizador do Washington de Barros Monteiro): NÃO. Trata-se de exigência legal que se não for observada não produzirá efeitos entre as partes. • Silvio Venosa, Caio Mário, Ruy Rosado de Aguiar, Orlando Gomes e C.R.Gonçalves: SIM. O registro em cartório só é necessário para estender efeitos perante terceiros. Sem o registro gera efeitos entre as partes. 2-Formação e Classificação • 2.7 Do contrato preliminar (Arts. 462 a 466) 2.7.2 – Particularidades - Sendo possível, ou seja, se não for contrária à natureza da obrigação, o juiz pode suprir a vontade do contratante que não celebrou o contrato definitivo conforme o previsto no preliminar (Art. 464). - Além do suprimento contratual por parte do juiz, a parte prejudicada poderá ser indenizada (Art. 465). - Contrato preliminar unilateral (Ex. promessa de doação) depende de manifestação do credor para se concretizar (Art. 466). 23/02/2017 34 2-Formação e Classificação • 2.8 Do contrato com pessoa a declarar (Arts. 467 a 471) 2.8.1 – Conceito - Contrato em que um dos contraentes pode reservar-se o direito de indicar outra pessoa para, em seu lugar, adquirir os direitos e assumir as obrigações dele decorrentes (GONÇALVES, 2013, p. 170) Arts. 467 a 469. 2.8.2 – Sujeitos • Estipulante – aquele que cede o contrato a terceiro • Promitente – o outro contratante, que assume o compromisso de reconhecer o amicus • Eligendo (ou electus) – quem aceita a indicação após ter sido validamente comunicado ao promitente 2-Formação e Classificação • 2.8 Do contrato com pessoa a declarar (Arts. 467 a 471) 2.8.3 – Particularidades - Natureza jurídica de contrato com cláusula condicional suspensiva. - Permite que um contratante que não deseja aparecer no momento da celebração do contrato possa contratar ou que um imóvel, por exemplo, possa ser comprado e passado a terceiro com menos encargos. - A nomeação será ineficaz se o electus não aceitar a substituição ou se for insolvente e o promitente o desconhecia no momento da indicação (Art. 470). Nesse caso, o contrato NÃO se extingue (Art. 471). 2-Formação e Classificação • 2.9 Da extinção do contrato (Arts. 472 a 480) 2.9.1 – Modo normal de extinção do contrato -A extinção do contrato se dá, via de regra, pela execução, seja instantânea (imediata ou diferida) ou continuada. O cumprimento da prestação libera o devedor e satisfaz o credor. Este é o meio normal de extinção do contrato. -Sobre a prova do cumprimento (ou pagamento, como quer a lei civil), consulte o art. 320 do CC, que trata da quitação. 23/02/2017 35 2-Formação e Classificação • 2.9 Da extinção do contrato (Arts. 472 a 480) 2.9.2 – Modos anormais de extinção do contrato. Extinção do contrato sem cumprimento. 2.9.2.1 Causas anteriores ou contemporâneas à formação do contrato. a) Nulidade absoluta -resulta da ausência de elemento essencial do ato, com transgressão a preceito de ordem pública, impedindo que o contrato produza efeitos desde a sua formação (ex tunc). (Arts. 166 e 167). - Não precisa de confirmação e não convalesce com o tempo. 2-Formação e Classificação • 2.9 Da extinção do contrato (Arts. 472 a 480) 2.9.2 – Modos anormais de extinção do contrato. Extinção do contrato sem cumprimento. 2.9.2.1 Causas anteriores ou contemporâneas à formação do contrato. a) Nulidade absoluta - pode ser requerido em juízo a qualquer tempo, por qualquer interessado, podendo ser declarada de ofício pelo juiz ou sob provocação do Ministério Público (CC, 168). 2-Formação e Classificação • 2.9 Da extinção do contrato (Arts. 472 a 480) 2.9.2 – Modos anormais de extinção do contrato. Extinção do contrato sem cumprimento. 2.9.2.1 Causas anteriores ou contemporâneas à formação do contrato. a) Nulidade absoluta - Art. 170. Se, porém, o negócio jurídico nulo contiver os requisitos de outro, subsistirá este quando o fim a que visavam as partes permitir supor que o teriam querido, se houvessem previsto a nulidade. Tradução: aplica-se o princípiodo aproveitamento do contrato, se possível, nos casos de nulidade. 23/02/2017 36 2-Formação e Classificação • 2.9 Da extinção do contrato (Arts. 472 a 480) 2.9.2 – Modos anormais de extinção do contrato. Extinção do contrato sem cumprimento. 2.9.2.1 Causas anteriores ou contemporâneas à formação do contrato. b) Nulidade relativa (ou anulabilidade) -resulta da imperfeição da vontade: ou porque emanada de um relativamente incapaz não assistido, ou porque contém algum dos vícios do consentimento (Art. 171). Como pode ser sanada (Art. 172) e até mesmo não arguida no prazo (Art. 178 e 179), não extinguirá o contrato enquanto não se mover a ação que a decrete, com efeitos ex nunc. 2-Formação e Classificação • 2.9 Da extinção do contrato (Arts. 472 a 480) 2.9.2 – Modos anormais de extinção do contrato. Extinção do contrato sem cumprimento. 2.9.2.1 Causas anteriores ou contemporâneas à formação do contrato. b) Nulidade relativa (ou anulabilidade) - não pode ser arguida por qualquer das partes da relação contratual, nem declarada de ofício pelo juiz. Legitimado a pleitear a anulação é somente o contraente em cujo interesse foi estabelecida a regra, ou seja, a parte prejudicada (CC, 177). - resguarda o interesse das partes (normas de ordem privada). 2-Formação e Classificação • 2.9 Da extinção do contrato (Arts. 472 a 480) 2.9.2 – Modos anormais de extinção do contrato. Extinção do contrato sem cumprimento. 2.9.2.1 Causas anteriores ou contemporâneas à formação do contrato. c) Cláusula Resolutiva - cada contraente pode pedir a resolução do acordo, se o outro não cumpre as obrigações avençadas. Pode resultar de estipulação ou de presunção legal. - convenção das partes: cláusula resolutiva expressa ou pacto comissório expresso. - Presunção legal: cláusula resolutiva implícita ou tácita. 23/02/2017 37 2-Formação e Classificação • 2.9 Da extinção do contrato (Arts. 472 a 480) 2.9.2 – Modos anormais de extinção do contrato. Extinção do contrato sem cumprimento. 2.9.2.1 Causas anteriores ou contemporâneas à formação do contrato. c) Cláusula Resolutiva Obs.: Em todo contrato bilateral ou sinalagmático presume-se a existência de uma cláusula resolutiva tácita, autorizando o lesado pelo inadimplemento a pleitear a resolução do contrato, com perdas e danos. (Arts. 475). 2-Formação e Classificação • 2.9 Da extinção do contrato (Arts. 472 a 480) 2.9.2 – Modos anormais de extinção do contrato. Extinção do contrato sem cumprimento. 2.9.2.1 Causas anteriores ou contemporâneas à formação do contrato. c) Cláusula Resolutiva Obs. 2: Art. 474 - Em ambos os casos, (expressa ou tácita), a resolução deve ser judicial, ou seja, precisa ser pronunciada pelo juiz. A sentença que reconhecer a cláusula expressa e o direito à resolução terá efeito meramente declaratório, ex tunc, portanto. Sendo a cláusula tácita, a sentença tem efeito desconstitutivo, dependendo de interpelação judicial, ou seja, a cláusula só produz efeitos após a interpelação. 2-Formação e Classificação • 2.9 Da extinção do contrato (Arts. 472 a 480) 2.9.2 – Modos anormais de extinção do contrato. Extinção do contrato sem cumprimento. 2.9.2.1 Causas anteriores ou contemporâneas à formação do contrato. d) Direito de arrependimento -Desde que expressamente previsto no contrato, o arrependimento autoriza qualquer das partes a rescindir o ajuste, mediante declaração unilateral da vontade, sujeitando-se à perda do sinal, ou à sua devolução em dobro, sem, no entanto, pagar indenização suplementar. Estamos diante das arras penitenciais (Art. 420 CC e Súmula 412 do STF). 23/02/2017 38 2-Formação e Classificação • 2.9 Da extinção do contrato (Arts. 472 a 480) 2.9.2 – Modos anormais de extinção do contrato. Extinção do contrato sem cumprimento. 2.9.2.1 Causas anteriores ou contemporâneas à formação do contrato. d) Direito de arrependimento -O direito de arrependimento deve ser exercido no prazo convencionado ou antes da execução do contrato, se nada foi estipulado a respeito. O CDC prevê hipótese especial de direito de arrependimento em seu art. 49, para os casos de contratação fora do estabelecimento comercial (por telefone, internet). O prazo para o consumidor se arrepender é de 7 dias. 2-Formação e Classificação • 2.9 Da extinção do contrato (Arts. 472 a 480) 2.9.2 – Modos anormais de extinção do contrato. Extinção do contrato sem cumprimento. 2.9.2.2 Causas supervenientes à formação do contrato. a) Resolução - Tem como causa a inexecução ou incumprimento por um dos contratantes, que não conseguiu cumprir com aquilo que foi avençado, em razão de situações supervenientes, que impedem ou prejudicam a execução do contrato. - Resolução é um remédio concedido à parte para romper o vínculo contratual mediante ação judicial. O inadimplemento pode ser voluntário (culposo) ou involuntário (sem culpa) (Orlando Gomes). 2-Formação e Classificação • 2.9 Da extinção do contrato (Arts. 472 a 480) 2.9.2 – Modos anormais de extinção do contrato. Extinção do contrato sem cumprimento. 2.9.2.2 Causas supervenientes à formação do contrato. a.1) Resolução por inexecução voluntária - Produz efeitos ex tunc, extinguindo o que foi executado e obrigando a restituições recíprocas (salvo em contratos de trato sucessivo, como locação, cujos efeitos produzidos pela resolução serão ex nunc). - Sujeita o inadimplente ao pagamento de perdas e danos e da cláusula penal. - Não é admitida em casos de incumprimento irrelevante ou em venire contra factum proprium. 23/02/2017 39 2-Formação e Classificação • 2.9 Da extinção do contrato (Arts. 472 a 480) 2.9.2 – Modos anormais de extinção do contrato. Extinção do contrato sem cumprimento. 2.9.2.2 Causas supervenientes à formação do contrato. Obs.: Exceção do contrato não cumprido (exceptio non adimpleti contractus) – Art. 476 CC - Aplicável a contratos bilaterais ou sinalagmáticos, que envolvem prestações recíprocas, atreladas umas às outras. Se uma das prestações não é cumprida, deixa de existir causa para o cumprimento da outra. - Para que possa ser alegada depende que as prestações das partes sejam simultâneas ou sucessivas. 2-Formação e Classificação • 2.9 Da extinção do contrato (Arts. 472 a 480) 2.9.2 – Modos anormais de extinção do contrato. Extinção do contrato sem cumprimento. 2.9.2.2 Causas supervenientes à formação do contrato. Obs.2: Exceção do contrato parcialmente cumprido (exceptio non rite adimpleti contractus) - Apesar de não previsto em lei, é aplicável utilizando-se a mesma lógica da exceção anterior, quando um dos contraentes cumpriu apenas em parte, ou de forma defeituosa, a sua obrigação, quando se comprometera a cumpri-la integral e corretamente. 2-Formação e Classificação • 2.9 Da extinção do contrato (Arts. 472 a 480) 2.9.2 – Modos anormais de extinção do contrato. Extinção do contrato sem cumprimento. 2.9.2.2 Causas supervenientes à formação do contrato. Obs.3: Exceção de inseguridade – Art. 477 - Aplicável nas obrigações a prazo (execução diferida) - Enunciado 438 da V Jornada de Direito Civil: A exceção de inseguridade, prevista no art. 477, também pode ser oposta à parte cuja conduta põe manifestamente em risco a execução do programa contratual. 23/02/2017 40 2-Formação e Classificação • 2.9 Da extinção do contrato (Arts. 472 a 480) 2.9.2 – Modos anormais de extinção do contrato. Extinção do contrato sem cumprimento. 2.9.2.2 Causas supervenientes à formação do contrato. a.2) Resolução por inexecução involuntária - Decorre de fato não imputável às partes (caso fortuito, força maior ou ato de terceiro). - Há de ser objetiva, ou seja, não dizer respeito à própria pessoa do devedor, pois deixa de ser involuntária se dealguma forma este concorre para que a prestação se torne impossível. - Deve ser total e definitiva, pois se for parcial ou temporária poderá não extinguir o contrato. 2-Formação e Classificação • 2.9 Da extinção do contrato (Arts. 472 a 480) 2.9.2 – Modos anormais de extinção do contrato. Extinção do contrato sem cumprimento. 2.9.2.2 Causas supervenientes à formação do contrato. a.2) Resolução por inexecução involuntária - Produz efeitos ex tunc, extinguindo o que foi executado e obrigando a restituições recíprocas (salvo em contratos de trato sucessivo, como locação, cujos efeitos produzidos pela resolução serão ex nunc). - NÃO sujeita o inadimplente ao pagamento de perdas e danos e da cláusula penal (Art. 393) salvo se expressamente se obrigou a ressarcir os prejuízos resultantes de caso fortuito ou força maior, ou se estiver em mora (Art. 399). 2-Formação e Classificação • 2.9 Da extinção do contrato (Arts. 472 a 480) 2.9.2 – Modos anormais de extinção do contrato. Extinção do contrato sem cumprimento. 2.9.2.2 Causas supervenientes à formação do contrato. a.3) Resolução por onerosidade excessiva - Decretada por sentença utilizando o princípio da revisão dos contratos (também conhecido como princípio da onerosidade excessiva) e da teoria rebus sic stantibus, que presume a existência implícita de uma cláusula contratual, pela qual a obrigatoriedade de seu cumprimento pressupõe a inalterabilidade da situação de fato dos contratantes. 23/02/2017 41 2-Formação e Classificação • 2.9 Da extinção do contrato (Arts. 472 a 480) 2.9.2 – Modos anormais de extinção do contrato. Extinção do contrato sem cumprimento. 2.9.2.2 Causas supervenientes à formação do contrato. a.3) Resolução por onerosidade excessiva. Requisitos: - Contrato comutativo de execução continuada ou diferida; - fato extraordinário e imprevisível; - considerável alteração da situação de fato existente no momento da execução, em confronto com a que existia por ocasião da celebração do contrato; - nexo de causalidade entre o evento superveniente e a consequente onerosidade excessiva. 2-Formação e Classificação • 2.9 Da extinção do contrato (Arts. 472 a 480) 2.9.2 – Modos anormais de extinção do contrato. Extinção do contrato sem cumprimento. 2.9.2.2 Causas supervenientes à formação do contrato. a.3) Resolução por onerosidade excessiva. - O contratante que estiver em mora quando da ocorrência dos fatos não pode invocar, em defesa, a onerosidade excessiva, pois, estando naquela situação, responde pelos riscos supervenientes, ainda que decorrentes de caso fortuito ou força maior (Art. 399). - A parte beneficiada pelo evento imprevisível pode evitar a resolução propondo alternativas (Art. 479). 2-Formação e Classificação • 2.9 Da extinção do contrato (Arts. 472 a 480) 2.9.2 – Modos anormais de extinção do contrato. Extinção do contrato sem cumprimento. 2.9.2.2 Causas supervenientes à formação do contrato. a.3) Resolução por onerosidade excessiva. - A mesma revisão contratual prevista no Art. 478 pode ser realizada sem os requisitos apontados anteriormente se, no contrato, as obrigações couberem a apenas uma das partes (Art. 480). Exs.:Por exemplo, pagamento de multa em contrato de locação (Art. 572), pagamento a vista em contrato de fiança. 23/02/2017 42 2-Formação e Classificação • 2.9 Da extinção do contrato (Arts. 472 a 480) 2.9.2 – Modos anormais de extinção do contrato. Extinção do contrato sem cumprimento. 2.9.2.2 Causas supervenientes à formação do contrato. b) Resilição (resilire, voltar atrás) - Tem como causa manifestação de vontade, que pode ser bilateral ou unilateral. - A resilição bilateral é denominada distrato, que é o acordo de vontades que tem por fim extinguir um acordo de vontades anteriormente celebrado. - A unilateral pode ocorrer somente em determinados contratos, pois a regra é a impossibilidade de um contraente romper o vínculo contratual por sua exclusiva vontade. 2-Formação e Classificação • 2.9 Da extinção do contrato (Arts. 472 a 480) 2.9.2 – Modos anormais de extinção do contrato. Extinção do contrato sem cumprimento. 2.9.2.2 Causas supervenientes à formação do contrato. b.1) Distrato (Art. 472). - Qualquer contrato pode cessar pelo distrato. É necessário, todavia, que os efeitos não estejam exauridos, pois o cumprimento é a via normal de extinção. Contrato extinto não precisa ser dissolvido. - A sua eficácia é ex nunc, operando sem necessidade de pronunciamento judicial. - o distrato deve obedecer à mesma forma do contrato a ser desfeito quando este tiver forma especial, mas não quando esta for livre 2-Formação e Classificação • 2.9 Da extinção do contrato (Arts. 472 a 480) 2.9.2 – Modos anormais de extinção do contrato. Extinção do contrato sem cumprimento. 2.9.2.2 Causas supervenientes à formação do contrato. b.2) Denúncia (ou revogação, ou renúncia) (Art. 473). - Ocorre nas obrigações duradouras, contra a sua renovação ou continuação, independentemente do não-cumprimento da outra parte, nos casos permitidos na lei (p.ex., a denúncia do Art. 46, §2º da Lei 8.245/91 - Lei do Inquilinato), ou no contrato, quando as partes tenham pactuado a possibilidade de resilição unilateral. - A resilição unilateral independe de pronunciamento judicial e produz efeitos ex nunc, não retroagindo. 23/02/2017 43 2-Formação e Classificação • 2.9 Da extinção do contrato (Arts. 472 a 480) 2.9.2 – Modos anormais de extinção do contrato. Extinção do contrato sem cumprimento. 2.9.2.2 Causas supervenientes à formação do contrato. b.2) Denúncia (ou revogação, ou renúncia) (Art. 473). - No contrato de mandato, a resilição unilateral denomina-se revogação ou renúncia, conforme a iniciativa seja do mandante ou do mandatário. - Para valer, precisa ser notificada à outra parte, produzindo efeitos a partir do momento em que chega ao seu conhecimento. - Não precisa ser justificada, mas em certos contratos exige-se justa causa. Na hipótese, a ausência de justa causa não impede a resilição, mas obriga a parte a indenizar perdas e danos. 2-Formação e Classificação • 2.9 Da extinção do contrato (Arts. 472 a 480) 2.9.2 – Modos anormais de extinção do contrato. Extinção do contrato sem cumprimento. 2.9.2.2 Causas supervenientes à formação do contrato. c) Morte de um dos contratantes. - A morte de um dos contratantes só acarreta a dissolução dos contratos personalíssimos, que não poderão ser executados pela morte daquele em consideração do qual foi ajustado. Subsistem as prestações cumpridas, pois seu efeito é ex nunc. 2-Formação e Classificação • 2.9 Da extinção do contrato (Arts. 472 a 480) 2.9.2 – Modos anormais de extinção do contrato. Extinção do contrato sem cumprimento. 2.9.2.2 Causas supervenientes à formação do contrato. d) Rescisão. - Existe o hábito no meio negocial de utilizar a expressão rescisão englobando as figuras da resolução e da resilição. Contudo, tecnicamente falando, a rescisão ocorre nas hipóteses de dissolução de determinados contratos, como aqueles em que ocorreu lesão (Art. 157) ou que foram celebrados em estado de perigo (Art. 156). 23/02/2017 44 Caso Concreto Semana aula 5 Caso Concreto 1 (MPDFT - 27o. Concurso - adaptada) Considere que foi firmado um contrato particular de promessa de compra de um bem imóvel, financiado em 60 parcelas mensais, entre Pedro e João, figurando como intermediária a Imobiliária Morar Bem, no qual foi inserida cláusula resolutiva expressa, restando ajustado que enquanto o financiamento permanecer em nome do cedente, o cessionário compromete-se a efetuar o pagamento das prestações do imóvel, junto à instituição financeira, nos seus respectivos vencimentos, sob pena de perder o valor do ágio e ser obrigadoa devolver o imóvel ao cedente, sem direito a qualquer indenização, ou restituição, independentemente de interpelação judicial. Ficou acordado, também, que o contrato não era sujeito à revisão. A posse do imóvel foi transferida ao comprador no ato da assinatura do mencionado contrato. Diante dessa situação hipotética, quais seriam os efeitos da resolução deste contrato? Explique sua resposta. Caso Concreto Semana aula 5 Caso Objetivo 1 (MPDFT - 2009 ) Ainda a respeito dos contratos, assinale a alternativa correta: a) Ocorrendo a evicção parcial, sendo esta considerável, o evicto poderá optar entre a rescisão contratual e a retenção da coisa com o abatimento proporcional do preço b) A teoria da imprevisão também se aplica nas relações de consumo, onde são nulas as cláusulas que estabeleçam prestações desproporcionais, para o consumidor, decorrente de fatos supervenientes, desde que imprevistos pelas partes. c) Se, depois de concluído o contrato, com prestações sucessivas, ocorrer a diminuição patrimonial de uma das partes, capaz de tornar duvidoso o cumprimento da prestação assumida, não pode a outra parte cessar ou reter a sua prestação até que o segundo efetue a sua ou preste garantia suficiente. d) O contrato por prazo indeterminado admite a resilição unilateral, que é exercida mediante declaração de vontade emanada da parte a quem não mais interessa a manutenção do vínculo negocial. A resilição unilateral é um direito potestativo e opera-se mediante denúncia, independente de notificação da outra parte. e) No contrato com pessoa a declarar é possível aos contratantes inserir estipulação segundo a qual um deles se reserva a faculdade de indicar uma pessoa, diversa da relação originária, que deve adquirir os direitos e assumir as obrigações decorrentes do negócio, caso o contratante originário não cumpra as obrigações assumidas. Caso Concreto Semana aula 5 Caso Objetivo 2 (TRF 4a. Região - 2010) Assinale a alternativa correta. A "exceptio non adimpleti contractus" pode ser aplicada: a) Apenas nos contratos unilaterais. b) Apenas nos contratos bilaterais c) Nos contratos unilaterais e bilaterais. d) Somente nos contratos escritos. e) Todas as alternativas anteriores são incorretas. 23/02/2017 45 3-Contratos Nominados • 3.1 Contrato de Compra e Venda (Arts. 481 a 532) • Art. 481 C. Civil.: Pelo contrato de compra e venda, um dos contratantes se obriga a transferir o domínio de certa coisa, e o outro, a pagar-lhe o preço. Transferência de coisa corpórea = alienação Ex.: Alienação de imóveis, alienação de veículos Transferência de coisa incorpórea = cessão Ex.: Cessão de crédito, cessão de direitos autorais 3-Contratos Nominados • 3.1 Contrato de Compra e Venda (Arts. 481 a 532) - Transferência de domínio de coisa MÓVEL = tradição = entrega da coisa vendida (Art. 1226) - Transferência de domínio de coisa IMÓVEL = registro = inscrição no cartório de registro de imóveis (Art. 1227) - Art. 481 C. Civil.: Pelo contrato de compra e venda, um dos contratantes se obriga a transferir o DOMÍNIO de certa coisa, e o outro, a pagar-lhe o preço. - Domínio – é o direito que vincula e legalmente submete a coisa ao poder absoluto de nossa vontade. Em outras palavras, o domínio é a condição necessária para se poder exercer a propriedade. 3-Contratos Nominados • 3.1 Contrato de Compra e Venda (Arts. 481 a 532) - Art. 1228 C. Civil: O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha. – Usar – servir-se da coisa e de utilizar da maneira que entender mais conveniente. – Gozar – usufruir, poder perceber os frutos naturais e civis da coisa e de aproveitar economicamente os seus produtos – Dispor – poder de transferir, gravar de ônus e alienar a outrem 23/02/2017 46 3-Contratos Nominados • 3.1 Contrato de Compra e Venda (Arts. 481 a 532) • 3.1.1 Conceito e características - É o contrato por meio do qual o adquirente (comprador) paga determinado preço em dinheiro com o fim de obter para si a transferência definitiva do bem do alienante (vendedor) (Roberto Lisboa). - Contrato oneroso, bilateral, típico, não solene, consensual e comutativo. – Oneroso – ambos contratantes obtêm proveito, ao qual corresponde um sacrifício. – Bilateral perfeito ou sinalagmático – gera obrigações recíprocas (art. 491 CC). 3-Contratos Nominados • 3.1 Contrato de Compra e Venda (Arts. 481 a 532) • 3.1.1 Conceito e características - Contrato oneroso, bilateral, típico, não solene, consensual e comutativo. – Típico – previsto em lei. – Não solene – pois via de regra, não se exige por lei uma forma para sua celebração. Exceção: compra e venda de imóveis – pois exige-se escritura pública e registro em cartório. – Consensual – se aperfeiçoa com o acordo de vontades dos contratantes (art. 482 CC). 3-Contratos Nominados • 3.1 Contrato de Compra e Venda (Arts. 481 a 532) • 3.1.1 Conceito e características - Contrato oneroso, bilateral, típico, não solene, consensual e comutativo. – Comutativo – via de regra porque de imediato se apresenta certo o conteúdo das prestações recíprocas. As prestações são certas e as partes podem antever as vantagens e os sacrifícios. Exceção: quando for compra e venda aleatória, que tem por objeto coisas futuras ou coisas existentes sujeitas a risco. 23/02/2017 47 3-Contratos Nominados • 3.1 Contrato de Compra e Venda (Arts. 481 a 532) • 3.1.2 Elementos da Compra e Venda 1. Coisa – objeto idôneo da obrigação do vendedor para com o comprador (art. 104, II, CC - A validade do negócio jurídico requer: objeto lícito, possível, determinado ou determinável). – Própria – vedada a venda a non domino – De coisa atual ou futura • Atual – contrato comutativo. • Futura – contrato aleatório. 3-Contratos Nominados • 3.1 Contrato de Compra e Venda (Arts. 481 a 532) • 3.1.2 Elementos da Compra e Venda – Coisa futura – contrato aleatório – aplica-se atualmente a venda de safras, resultados de pescarias, granjas, rebanhos, etc... • Venda de uma esperança (emptio spei) – o negócio jurídico é válido e o preço é devido mesmo que nada venha a existir (art. 458 CC). • Venda de coisa esperada (emptio rei speratate) – o negócio jurídico se resolve se não vier a existir nenhuma quantidade (art. 459 CC). 3-Contratos Nominados • 3.1 Contrato de Compra e Venda (Arts. 481 a 532) • 3.1.2 Elementos da Compra e Venda 2. Preço – contraprestação do comprador. Caracteriza o sinalagma do contrato. Deve ser: – Em dinheiro (ou expressão fiduciária correspondente – cheque ou nota promissória). – Em moeda corrente – Real – Sério e certo – deve guardar equivalência com o valor da coisa. • Preço muito baixo – desnatura para doação • Preço muito alto – pode caracterizar lesão 23/02/2017 48 3-Contratos Nominados • 3.1 Contrato de Compra e Venda (Arts. 481 a 532) • 3.1.2 Elementos da Compra e Venda 2. Preço – Pode ser fixado: – Livremente pelas partes – Por terceiro designado pelos contratantes • Ex.: mecânico de confiança, especialista, etc. – Conforme a taxa de mercado ou da bolsa em certo dia e lugar • Ex.: Cotação do café – Por tabelamento ou tarifamento • Ex.: Tabela Fipe 3-Contratos Nominados • 3.1 Contrato de Compra e Venda (Arts. 481 a 532) • 3.1.2 Elementos da Compra e Venda 3. Consentimento – É o acordo de vontades entre comprador e vendedor com relação à coisa e o preço. Em conformidade com o art. 482, CC/02, o contrato de compra e venda é concluído com o simples consentimento (contrato consensual). Art. 482. A compra e venda, quando pura, considerar-se-á obrigatória e perfeita, desde que as partes acordarem no objeto e no preço. 23/02/2017
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