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OAB -2° Fase- DPP

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Direito Processual Penal
O Instituto IOB nasce a partir da 
experiência de mais de 40 anos da IOB no 
desenvolvimento de conteúdos, serviços de 
consultoria e cursos de excelência.
Por intermédio do Instituto IOB, 
é possível acesso a diversos cursos por meio 
de ambientes de aprendizado estruturados 
por diferentes tecnologias.
As obras que compõem os cursos preparatórios 
do Instituto foram desenvolvidas com o 
objetivo de sintetizar os principais pontos 
destacados nas videoaulas.
institutoiob.com.br
Direito Processual Penal - OAB / Obra organizada 
pelo Instituto IOB – São Paulo: Editora IOB, 2013.
ISBN 978-85-63625-17-5
Informamos que é de inteira 
responsabilidade do autor a emissão 
dos conceitos.
Nenhuma parte desta publicação 
poderá ser reproduzida por qualquer 
meio ou forma sem a prévia 
autorização do Instituto IOB.
A violação dos direitos autorais é 
crime estabelecido na Lei nº 
9.610/1998 e punido pelo art. 184 
do Código Penal.
Sumário
Capítulo 1 – Inquérito Policial, 7
1. Inquérito Policial – Introdução, 7
2. Características do Inquérito Policial, 8
3. Inquérito Policial – Prazos e Vícios, 9
4. Valor Probatório, Indiciamento e Incomunicabilidade, 10
5. Formas de Instauração do Inquérito Policial, 11
Capítulo 2 – Princípios, 13
1. Princípios do Processo Penal, 13
2. Persecução Penal, 14
3. Da Ampla Defesa, 15
4. Da Ampla Defesa – Defesa Técnica, 16
5. Contraditório, 17
6. Juiz Natural, Promotor Natural e Defensor Natural, 18
7. Estado de Inocência, 19
Capítulo 3 – Ação Penal, 20
1. Ação Penal, 20
2. Ação Penal Pública Condicionada, 21
3. Denúncia – Prazo e Requisitos, 23
4. Ação Penal Privada – Parte I, 24
5. Ação Penal Privada – Parte II, 25
Capítulo 4 – Jurisdição e Competência, 27
1. Jurisdição e Competência – Introdução, 27
2. Critérios para Fixação da Competência – Parte I, 28
3. Critérios para Fixação da Competência – Parte II, 29
4. Competência pela Natureza da Infração, 30
5. Competência por Prerrogativa de Função, 31
6. Competência pelo Lugar da Infração, 33
7. Competência pelo Domicílio ou Residência do Réu e 
Competência por Distribuição, 34
8. Conexão e Continência – Parte I, 35
9. Conexão e Continência – Parte II, 36
Capítulo 5 – Emendatio Libelli e Mutatio Libelli, 38
1. Emendatio Libelli e Mutatio Libelli, 38
Capítulo 6 – Procedimentos, 40
1. Rito Ordinário – Introdução, 40
2. Rito Ordinário – Citação e Absolvição Sumária, 41
3. Rito Ordinário – Audiência de Instrução, Debates e Julgamento, 42
4. Rito Sumário, 44
5. Rito Sumariíssimo – Audiência Preliminar, 45
6. Rito Sumariíssimo – Audiência de Instrução, Debates e 
Julgamento, 46
7. Rito Especial dos Crimes Funcionais Afiançáveis, 47
8. Júri – Introdução e Princípios Constitucionais, 48
9. Primeira Fase do Júri, 49
10. Segunda Fase do Júri, 50
11. Escolha dos Jurados, 51
12. Júri – Segunda Fase: Quesitos/Questionário, 53
Capítulo 7 – Questões e Processos Incidentes, 55
1. Processos Incidentes, 55
2. Incidente de Insanidade Mental do Acusado, 56
3. Incidente de Falsidade, 57
4. Restituição de Coisas Apreendidas, 58
5. Medidas Assecuratórias, 58
6. Considerações Iniciais sobre Exceções, 59
7. Exceção de Ilegitimidade de Parte, 60
8. Exceção de Litispendência e Exceção de Coisa Julgada, 61
9. Exceção de Suspeição, Impedimento e Incompatibilidade, 62
Capítulo 8 – Ação Civil ex Delicto, 65
1. Ação Civil ex Delicto – Considerações Iniciais, 65
2. Enfrentamentos Práticos na Ação Civil ex Delicto, 66
3. Legitimidade, 67
4. Repercussões das Decisões Criminais, 68
Capítulo 9 – Provas, 70
1. Fatos que Não Dependem de Prova, 70
2. Ônus da Prova e Prova Emprestada, 71
3. Provas Inadmissíveis, 72
4. Provas Ilícitas por Derivação, 73
Capítulo 10 – Prisões, 74
1. Prisão em Flagrante, 74
2. Flagrante em Crime Permanente, Crime Habitual – Auto de 
Prisão em Flagrante e Entrega de Nota de Culpa, 75
3. Prisão Preventiva, 76
5. Liberdade Provisória, 77
6. Liberdade Provisória e Fiança, 78
7. Medidas Cautelares, 79
Capítulo 11 – Recursos, 81
1. Teoria Geral do Recurso – Introdução, 81
2. Teoria Geral do Recurso, 82
3. Princípios Recursais do Processo Penal – Parte I, 83
4. Princípios Recursais do Processo Penal – Parte II, 83
5. Efeitos dos Recursos, 85
6. Requisitos dos Recursos, 86
7. Apelação – Parte I, 87
8. Apelação – Parte II, 88
9. Rese, 89
10. Carta Testemunhável e Embargos, 89
11. Recurso Ordinário, Recurso Especial e Recurso Extraordinário, 91
Gabarito, 92
Capítulo 1
Inquérito Policial
1. Inquérito Policial – Introdução
1.1 Apresentação
Nesta unidade, veremos os procedimentos do processo penal e, neste 
capítulo, iniciaremos a introdução do rito ordinário.
1.2 Síntese
Disposição legal:
– art. 144, CF;
– arts. 4º a 23 e 107 do CPP;
– Súmulas Vinculantes nos 14 e 24;
– Súmula nº 524, STF;
– Súmulas nos 234 e 444, STJ.
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A finalidade do IP é apurar e investigar os indícios de autoria e de participa-
ção, bem como a prova de materialidade do delito, previsto no art. 4º do CPP.
A presidência do IP é da autoridade policial, que tem atribuição exclusiva, 
de acordo com o art. 144, § 4º, da CF.
O MP pode presidir investigação, mas não Inquérito Policial (HC nº 91.661 
do STF, de março de 2009).
Exercício
1. O MP pode presidir o IP?
2. Características do Inquérito Policial
2.1 Apresentação
Nesta unidade, veremos quais são as características do inquérito policial.
2.2 Síntese
As características do inquérito policial são: dispensável, indisponível, in-
quisitivo, sigiloso e escrito. Para facilitar, temos a palavra DIISE, método de 
memorização.
Dispensável: para entendermos esta característica, devemos entender tam-
bém que o inquérito ainda não foi instaurado, para que não haja confusão com 
outras características.
Como vimos, o inquérito policial tem a finalidade de apurar indícios de 
autoria e prova de autoria, portanto, serve a alguém e não possui fim em si 
mesmo. Assim, caso a autoridade que receberá o inquérito, o titular da ação 
penal, já possua provas contundentes de autoria, por gravações, fotos, etc., não 
será necessário que o inquérito seja instaurado.
Indisponível: aqui estamos intimamente ligados ao assunto do arquivamen-
to, já que o inquérito não pode ser arquivado pelo delegado, pela autoridade 
policial; portanto, ao delegado o inquérito policial é indisponível e só poderá 
ser arquivado por determinação judicial, desde que haja pedido determinado 
pelo Ministério Público, não podendo ser feita de ofício.
Uma vez arquivado o inquérito, só poderá ser desarquivado quando surgirem 
novas provas (art. 18 do CPC e Súmula nº 524 do STF).
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Inquisitivo: isto significa que durante o inquérito policial não há acusação 
formal, somente há atos de investigação; por conseguinte, não é necessário o 
contraditório ou procedimento rígido pela autoridade policial, como demons-
tra o art. 14 do CPP: 
“Art. 14. O ofendido, ou seu representante legal, e o indiciado poderão 
requerer qualquer diligência, que será realizada, ou não, a juízo da autoridade.”
Sigilo: art. 20 do CPP: 
“Art. 20. A autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário à elucida-
ção do fato ou exigido pelo interesse da sociedade.”
Isso para garantir a eficácia das investigações, mas o sigilo do inquérito poli-
cial não se estende ao advogado do investigado, já que mesmo sem procuração 
tem o direito de ter acesso aos autos, bem como fotografá-lo ou copiá-lo (art. 7º, 
inciso XIV do Estatuto da OAB).
Escrito – O inquérito é peça informativa e para que as informações presta-
das sejam mais precisas possíveis, todas as provas devem ser reduzidas a termo.
3. Inquérito Policial – Prazos e Vícios
3.1 Apresentação
Nestaunidade, veremos os prazos, os vícios e a reconstituição do delito 
referentes ao inquérito policial.
3.2 Síntese
Todo inquérito policial possui prazo determinado em lei para seu término. 
O art. 10 do CPP prevê a regra para esses prazos. Assim, estando preso o acu-
sado, o prazo será de 10 dias improrrogáveis e, estando solto, o prazo para o 
término será de 30 dias que, segundo a jurisprudência, poderá ser prorrogado, 
por vários períodos, desde que não incida a prescrição.
Não existe somente o prazo do CPP sobre o término do inquérito policial. 
Por exemplo: a Lei nº 11.343/2006 (Lei de Drogas) prevê prazos específicos em 
que estando preso o prazo será de 30 dias, mas, estando solto o investigado, o 
prazo será de 90 dias. Aqui, ambos os prazos podem ser duplicados, mediante 
representação da autoridade policial e manifestação do MP.
Temos também prazo para inquérito policial na Lei nº 5.010/1966, que 
prevê os prazos que tramitam na polícia federal: estando preso o investigado, o 
prazo será de 15 dias, prorrogáveis por mais 15 dias, mas, em relação ao investi-
gado solto, a lei permanece em silêncio, por isso, aplica-se a regra geral do CPP.
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Em relação aos vícios, que ocorrem eventualmente no inquérito policial, 
observamos que não existem nulidades (vícios processuais) e sim ilegalidades 
ou irregularidades porque o inquérito não constitui processo e não observa o 
contraditório.
Estas ilegalidades não têm o condão de macular ou contaminar o ofereci-
mento da futura ação penal, ou seja, as irregularidades, como: a falta de entrega 
de nota de culpa ao flagrado no prazo de 24 horas não contamina ou limita a 
impetração da futura ação penal, posição dominada tanto na doutrina quanto 
na jurisprudência, mas há doutrinadores que dizem que se o inquérito possui 
uma única prova e esta é ilícita, esta única prova não pode ser utilizada para o 
oferecimento da denúncia.
A reconstituição do delito, prevista no art. 7º do CPP, pode ser classificada 
também como reprodução simulada dos fatos. Aqui vemos que alguns crimes 
poderão ser reconstituídos, demonstrando qual é a característica física deste 
delito, mas esta reconstituição não é obrigatória, não é exigida na lei.
A jurisprudência e a doutrina estabelecem que o investigado não está obri-
gado a participar da reconstituição do delito, já que não pode ser obrigado a 
produzir prova contra si mesmo e, caso seja obrigado, irá se configurar cons-
trangimento ilegal.
4. Valor Probatório, Indiciamento e 
Incomunicabilidade
4.1 Apresentação
Nesta unidade, veremos as questões do valor probatório do inquérito poli-
cial, o ato de indiciamento e a incomunicabilidade do preso; todas rela-
tivas ao inquérito policial.
4.2 Síntese
Valor probatório do inquérito policial (valor de prova): aqui se verifica que 
o inquérito policial, por si só, não pode sustentar uma condenação criminal, 
ou seja, o magistrado não pode sustentar uma condenação criminal somente 
pelo inquérito policial (art. 155 do CPP), isso porque no inquérito não há o 
contraditório. A jurisprudência é pacífica neste sentido.
Ato de indiciamento: nem toda pessoa que responde ao inquérito policial é 
investigado, portanto, para que se torne investigado é necessário ato específico, 
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em que o indivíduo é apresentado como suspeito formal (ato de indiciamento). 
Aqui, o sujeito indiciado é apontado como suspeito formal, como suspeito prin-
cipal ou o próprio foco da investigação.
Este indiciamento decorre da autoridade policial possuir o juízo de proba-
bilidade contra o indivíduo. A possibilidade, portanto, não gera o indiciamento.
A atribuição exclusiva para o indiciamento é apenas da autoridade policial, 
sendo que a jurisprudência caminha no sentido de que o magistrado não pode 
determinar o indiciamento do indivíduo.
Caso o magistrado determine o indiciamento do indivíduo, segundo a ju-
risprudência do STJ, este ato será considerado como contrário à lei, causando 
um constrangimento ilegal, devendo ser desfeito.
Incomunicabilidade do preso: o art. 21 do CPP refere-se à incomunicabi-
lidade do preso. O preso pode permanecer incomunicável pelo prazo de até 3 
dias; todavia, esta incomunicabilidade não alcança seu advogado, porque este 
pode ter acesso ao seu cliente.
O art. 21 do CPP possui um erro, pois quando cita o art. 89 do Estatuto da 
OAB deveria se referir ao art. 7º da Lei nº 8.906/1994.
Existe uma polêmica na doutrina, acerca deste artigo, a respeito de sua 
constitucionalidade. Existem duas correntes: uma delas, a majoritária, entende 
que este artigo é inconstitucional, pois afronta o art. 136, § 3º, inciso IV, da CF. 
Já a corrente minoritária sustenta sua constitucionalidade, fundamentando que 
a CF, no art. 136, só veda a incomunicabilidade em casos especiais. 
5. Formas de Instauração do Inquérito 
Policial
5.1 Apresentação
Nesta unidade, veremos as formas de instauração inquérito policial, bem 
como a questão da suspeição do delegado de polícia. 
5.2 Síntese
Formas de instauração de inquérito policial: quando falamos de formas, 
em regra, estão previstas no art. 5º do CPP e são, basicamente, cinco: mediante 
portaria ou de ofício; em crimes de ação penal pública condicionada; mediante 
requisição da vítima ou de seu representante, em ação penal de iniciativa priva-
da; mediante requisição do magistrado ou do representante do MP; e quando 
há a lavratura do auto de prisão em flagrante. 
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Mediante portaria, de ofício ou mediante notitia criminis: esta forma só é 
possível em relação aos crimes de ação penal pública incondicionada, sendo 
que aqui a autoridade recebe a informação da prática do crime e, verificando 
que existe um mínimo indício da prática do crime, ela deverá instaurar o in-
quérito, podendo obter esta notícia pela vítima, terceiros, televisão, etc. 
Em crimes de ação penal pública condicionada: será mediante representa-
ção da vítima ou de seu representante legal ou mediante requisição do Ministro 
da Justiça, para crimes praticados contra honra do presidente da República ou 
de chefe de governo estrangeiro e crimes praticados por estrangeiro, contra 
brasileiro, fora do território nacional. Aqui, o prazo decadencial é de seis meses, 
para a representação, contado a partir do conhecimento da autoria delitiva (art. 
38 do CPP).
Em relação à requisição do Ministro da Justiça, não existe prazo previsto 
em lei, podendo fazer enquanto não se verifica a prescrição.
Mediante requisição da vítima ou de seu representante em ação penal de 
iniciativa privada: em alguns crimes, a ação penal só pode proceder se a vítima 
se manifestar, sendo que aqui a vítima deve requerer ao delegado a instauração 
do inquérito.
Mediante requisição do magistrado ou do representante do MP: aqui, ocor-
re o requerimento do inquérito em casos em que o magistrado ou o represen-
tante do MP tenha contato com o fato; por exemplo, na hipótese de falso teste-
munho. Neste caso, não se considera um requerimento e sim uma requisição, 
não podendo, em regra, a autoridade discordar da decisão.
Quando há lavratura do auto de prisão em flagrante, também conhecido 
como cognição coercitiva: aqui, simplesmente, quando lavrado o auto de pri-
são em flagrante, estará instaurado o inquérito policial.
Em relação à suspeição do delegado de polícia, demonstrado no art. 107 
do CPP, ninguém poderá arguir suspeição, pois somente ele (o delegado de 
polícia) poderá reconhecê-la, de ofício.
Capítulo 2
Princípios
1. Princípios do Processo Penal
1.1 Apresentação
Nesta unidade, estudaremos a diferença entre regra e princípio.
1.2 Síntese
Necessário se faz diferenciar princípios de regras. 
Se considerar a legalidade como princípio,deve se admitir ponderações, 
desde que a admita como princípio. Como regra, não admitirá ponderação: ou 
se aplica, ou não se aplica.
Os princípios são normas jurídicas coativas, muitas vezes, com alto grau de 
abstração, mas que permitem a ponderação jurídica.
As regras não admitem a ponderação. Podem ou não ser aplicadas. Se não 
se aplicam, haverá sempre outra regra que a excepcionará.
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O processo penal não pode ser pautado apenas por regras; ele precisa de 
elasticidade. Exemplo: a regra de proibição das provas ilícitas incriminadoras. 
Não há regra de proibição para provas ilícitas que beneficiem o réu. Em razão 
do Princípio do Estado de Inocência, este limite ético de processo transigirá, per-
mitindo que o inocente seja absolvido, mesmo se valendo de uma prova ilícita.
Um sistema pautado só por regras é rígido; já o fundado em princípios é 
flexível.
Não existe um sistema puro só de regras ou só de princípios.
Não se entende a legalidade como princípio, pois não se pode permitir 
ponderação com a legalidade.
A legalidade dita que é permitido fazer tudo aquilo que não estiver proibido 
em lei. Esta é uma regra; se não houver cumprimento da legalidade, não ha-
verá segurança jurídica.
2. Persecução Penal
2.1 Apresentação
Nesta unidade, estudaremos a persecução penal.
2.2 Síntese
A persecução penal pode ser inquisitiva ou obrigatória.
No modelo inquisitivo, o réu não é visto como sujeito de direitos, e sim 
como objeto de onde se deve extrair a prova; por esse motivo, a confissão era a 
rainha das provas.
No modelo acusatório, temos a premissa de que o processo é composto por 
autor, réu e juiz. No momento em que o réu é visto como sujeito de direitos 
terá tratamento condizente, não podendo ser torturado, por exemplo. 
A CF traz o princípio da dignidade da pessoa humana: é o lugar de onde se 
irradiam os princípios constitucionais.
O art. 129, I, aponta que a figura do julgador não deve acusar, sendo este 
papel destinado a outro ente, o Ministério Público.
Alguns doutrinadores entendem que temos modelo misto, mas tal posicio-
namento é equivocado.
Conforme já mencionado, a primeira característica do modelo acusatório 
é a separação da figura do juiz e do acusador. A segunda é que não pode o juiz 
caçar prova a todo custo; cabe ao titular da ação penal provar o alegado. 
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A terceira característica traz a sentença, pois se o Ministério Público pede 
absolvição, não pode o juiz condenar o réu. Nota-se que a CF prevalece sobre 
o CPP.
Assim, temos que o modelo constitucional é o modelo acusatório de per-
secução penal, pois há separação das funções, gestão da prova e a figura da 
sentença.
3. Da Ampla Defesa
3.1 Apresentação
Nesta unidade, será realizado estudo acerca dos princípios, mais precisa-
mente a respeito da ampla defesa. 
3.2 Síntese
O primeiro direito do réu é de se defender; não pode o Estado de direito 
permitir que o juiz vire um justiceiro (art. 5º da CF).
A ampla defesa comporta três subdivisões: autodefesa, defesa técnica e de-
fesa efetiva.
A autodefesa é aquela exercida pelo próprio réu, no direito de audiência (di-
reito do réu ser ouvido pelo juiz), por exemplo. Ressalta-se que interrogatório é 
meio de defesa e não de prova.
Ainda, há o direto de presença, pois assegura ao réu presenciar todos os atos, 
onde quer que ocorram.
A terceira manifestação da autodefesa é o direito de confronto. A oitiva da 
vítima é um dado interessante, uma vez que quando esta possui algum temor, 
é preciso que se prove e que a decisão do juiz seja fundamentada. 
Ainda, o fato de retirar a vítima da sala de audiência significa ferir o direito 
de confronto, existe prejuízo.
O Pacto de São José da Costa Rica traz o direito de confronto em seu art. 
8º, item 2. 
A quarta manifestação é a capacidade postulatória excepcional. Temos a 
figura do recurso, que é diferente do processo civil. No processo penal, na inter-
posição, pode o réu interpor independentemente da vontade de seu advogado.
A revisão criminal também é um exemplo de capacidade postulatória ex-
cepcional, pois pode o réu encaminhar carta ao Tribunal de Justiça, por exem-
plo, cabendo ao defensor apresentar os fundamentos.
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O condenado também pode, caso queira, se manifestar ao juízo da execução. 
A defesa técnica reside na indagação de quem pode defender o réu. No 
Brasil, só pode ser exercida por advogado ou defensor público.
4. Da Ampla Defesa – Defesa Técnica
4.1 Apresentação
Nesta unidade, será realizado estudo acerca dos princípios, mais precisa-
mente a respeito da ampla defesa e da defesa técnica.
4.2 Síntese
A defesa técnica pode ser exercida por advogado ou defensor público. Nota-
-se que advogado não é sinônimo de defensor público; são carreiras diferentes.
O Estatuto da OAB é a lei que disciplina os advogados, ao passo que defen-
sor público é regido pela Lei Complementar nº 80 e pelas leis estaduais caso se 
trate de defensoria pública estadual.
Se o advogado fizer algo errado em um processo, responde perante o Tribu-
nal de Ética, enquanto o defensor responde em sua Corregedoria.
Ainda, há distinção do diploma que rege a relação. O advogado pode 
renunciar ao mandato e o defensor não, a não ser que haja suspeição ou 
impedimento. 
A Lei Complementar nº 80, de 1994, traz que a capacidade postulatória 
do defensor público decorre de sua posse, não sendo necessária sua inscrição 
na OAB.
É necessário saber que o réu não pode ser processado criminalmente sem 
sua defesa técnica; sua falta causa nulidade absoluta.
Em uma situação em que o réu não possui defensor, em caso de júri, o juiz 
deve dissolver o conselho de sentença, intimar o réu a constituir novo defensor 
e, na hipótese de inércia deste, encaminhar à defensoria dativa ou defensoria 
pública.
O réu tem direito de escolher seu defensor; caso seja privado dessa escolha 
também há nulidade.
Réu com defesa ruim, em que o advogado, por exemplo, pede sua con-
denação, em se tratando de defesa dativa, a nulidade é absoluta. Porém, se é 
defesa constituída, é preciso que se prove, uma vez que se trata de nulidade 
relativa.
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Deve o réu buscar todos os meios para absolvê-lo, inclusive os meios ilícitos 
são tolerados, o que não é o mesmo que prova ilícita. Exemplo: réu sabe que 
em uma residência há documento que comprova sua inocência e invade o 
domicílio. Não poderá ser responsabilizado pela invasão, uma vez que busca 
provar que é inocente.
5. Contraditório
5.1 Apresentação
Nesta unidade, será realizado estudo acerca dos princípios, mais precisa-
mente a respeito do contraditório.
5.2 Síntese
A ampla defesa, na fase inquisitiva, de acordo com a doutrina majoritária, 
não é obrigatória, pois será exercida no processo penal. Contudo, o art. 306, 
§ 1º, do CPP traz a ampla defesa.
Assim, alguns autores entendem que há ampla defesa na fase inquisitiva, 
porém, em menor grau. Um exemplo é o fato de que o indiciado pode se calar 
para não se autoincriminar. 
Quanto ao contraditório, temos a ciência do ato, possibilidade de se ma-
nifestar e possibilidade de influenciar a decisão judicial. Se a sentença estiver 
pronta, não haverá como influenciar a decisão.
Ressalta-se que causa defensiva não apreciada causa nulidade. O contradi-
tório deve ser observado em todo o processo, inclusive com a reforma de 2008 
começou a se permitir a resposta à acusação. 
Se o réu não for citado, deverá ser intimado da decisão e se não constituir 
advogado será permitido o encaminhamento à defensoria pública. De acordo 
com o STF, não se pode julgar recurso sem manifestação do polo passivo daação penal.
Há quem aponte a ampla defesa e o contraditório como sinônimos. Con-
tudo, a ampla defesa é restrita ao réu e o contraditório é exercido pela defesa, 
porém, a acusação também o exerce. 
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6. Juiz Natural, Promotor Natural e Defensor 
Natural
6.1 Apresentação
Nesta unidade, será realizado estudo acerca dos princípios, mais pre-
cisamente a respeito do Juiz Natural, Promotor Natural e Defensor 
Natural.
6.2 Síntese
Há três princípios que se relacionam. 
O princípio do juiz natural consiste no fato de que ninguém pode ser acu-
sado por órgão jurisdicional de exceção.
O órgão jurisdicional deve ser anterior ao crime e ter competência também 
anterior ao crime.
Em São Paulo, para agilizar os processos, foram criadas Câmaras Criminais 
(B, C e D), as quais eram compostas por quatro juízes de direito e um desem-
bargador. Ocorre que o juiz de direito não tem competência para julgar ape-
lação. O STF convalidou essa prática, permitindo que tais Câmaras julguem 
os recursos. 
O princípio do promotor natural veda a figura do acusador de plantão. 
Todo réu teria assegurado o direito de ser acusado e processado por aquele 
promotor com atribuição anterior ao cometimento do crime. 
Doutrinariamente, não há dúvida quanto à existência do princípio, porém, 
o STF reconheceu, em certos momentos, mas, recentemente, vem afirmando 
que não seria um princípio constitucional, mas, sim, um princípio legal. 
Quanto ao princípio do defensor natural, temos que assim como não pode 
a instituição do Ministério Público escolher o acusador, não pode a defensoria 
pública escolher o defensor. 
Não pode também o assistido escolher seu defensor, pois violaria o princí-
pio do defensor natural.
O princípio da legalidade também existe no processo penal. Reconhecer a 
legalidade como princípio significa reconhecer o réu como sujeito de direito 
e que o processo penal não é instrumento de vingança pública, mas sim de 
efetivação de direitos fundamentais.
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7. Estado de Inocência
7.1 Apresentação
Nesta unidade, será realizado estudo acerca dos princípios, mais precisa-
mente a respeito do estado de defesa.
7.2 Síntese
Ninguém é considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença 
penal condenatória. Não se trata de uma presunção, mas sim de estado de 
inocência.
O estado de inocência não é novo; está positivado desde o século XIX no 
Brasil.
O estado de inocência pode ser dividido em três regras. A primeira é que 
o réu não pode ser tratado como culpado até que haja trânsito em julgado de 
sentença condenatória. Exemplo: em juízo, no Tribunal do Júri, levar a figura 
do réu algemado fere o estado de inocência. 
A segunda regra é uma regra de prova. Não cabe ao réu provar nada, a carga 
probatória é do Ministério Público, até mesmo quando o réu alega quaisquer 
excludentes.
A terceira regra é de julgamento: in dubio pro reo, ou seja, na dúvida, deve 
o réu ser absolvido. 
Os princípios devem sempre ser observados, durante todo o processo, uma 
vez que deve sempre ser buscado o processo justo. 
É preciso que as garantias e direitos fundamentais sejam buscados, a fim de 
se evitar um processo injusto.
Exercício
2. Por meio de quais princípios processuais seria possível questionar a 
excessiva exposição na mídia?
Capítulo 3
Ação Penal
1. Ação Penal
1.1 Apresentação
Nesta unidade, iniciaremos o estudo da ação penal, observando duas 
espécies de princípios.
1.2 Síntese
Esta matéria é encontrada nos arts. 24 a 62 do CPP e 100 a 106 do CP, 
bem como no art. 129 da CF e nas Súmulas nos 608, 609, 696 e 714 do STF 
e 234 do STJ.
Não há diferença entre as ações penais, mas há diferença entre sua titulari-
dade; sendo assim, existem duas espécies: iniciativa pública e iniciativa privada.
Iniciativa pública é subdividida em: ação penal pública incondicionada e 
condicionada.
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Iniciativa privada é subdividida em: iniciativa privada exclusiva, personalís-
sima e subsidiária da pública.
A ação penal pública incondicionada ocorre quando a lei, o tipo penal ou 
o capítulo que tratam de um crime ficam em silêncio sobre a ação penal. Isso 
significa que, no silêncio, será ação penal pública incondicionada, não sendo 
imposto qualquer requisito.
Ação penal pública condicionada ocorre quando a lei, expressamente, es-
tabelece que aquele crime só se procede mediante representação da vítima ou 
de seu representante legal, ou ainda condicionada a requisição do Ministro da 
Justiça, que ocorre em duas hipóteses: crimes cometidos contra honra do pre-
sidente da República ou de chefe de governo estrangeiro, e quando o crime é 
cometido por estrangeiro contra brasileiro, fora do território nacional.
A ação penal pública, como um todo, possui princípios que são: princípio 
da obrigatoriedade, princípio da indisponibilidade, princípio da intranscen-
dência e princípio da indivisibilidade. Pode-se citar também o princípio da 
oficialidade, mas isso não é pacífico na doutrina.
Princípio da obrigatoriedade: o membro do MP está obrigado a oferecer a 
ação penal quando entender que estão presentes indícios de autoria ou prova 
da existência do crime suficiente.
Princípio da indisponibilidade (art. 42 do CPP): após o oferecimento da 
denúncia, o membro do MP não pode desistir da ação penal.
Princípio da intranscendência: a ação penal só pode ser oferecida contra o 
indivíduo que de alguma forma participou do crime.
Princípio da indivisibilidade: o membro do MP pode oferecer denúncia 
contra um dos autores e não contra outros, quando não houver provas suficien-
tes, mas após obter ira oferecer denúncia. 
Princípio da oficialidade: existe um órgão oficial que deve oferecer a de-
núncia, ou seja, o MP (arts. 129, inciso I, da CF e 157 do CPP).
2. Ação Penal Pública Condicionada
2.1 Apresentação
Nesta unidade, continuando com o estudo das ações penais públicas, 
veremos a ação penal pública condicionada.
2.2 Síntese
Como vimos, a ação penal pública condicionada pode ser: condicionada 
à representação da vítima ou seu representante legal e mediante requisição 
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do Ministro da Justiça, em casos de crimes contra a honra do presidente da 
República ou chefe de governo estrangeiro, ou ainda em crimes cometidos por 
estrangeiros contra brasileiros fora do território nacional.
Em relação à representação, a lei deve impô-la e é uma hipótese ou con-
dição especial para o oferecimento da denúncia, condição de procedibilidade. 
Assim, sem ela, o MP não poderá oferecer a denúncia.
O prazo para a representação é de seis meses (arts. 38 do CPP e 103 do 
CP), contado do conhecimento da autoria delitiva (e não do fato). Este prazo 
é conhecido como prazo de decadência, ou seja, sua não observância importa 
a decadência, que é causa extintiva de punibilidade, nos termos do art. 107, 
inciso IV, do CP.
Havendo a representação, esta não vincula o membro do MP a oferecer 
denúncia, sendo que o critério de oferecimento é do representante do MP, já 
que esta é somente uma condição da ação penal.
Quem representa também pode se retratar da representação, que pode 
ocorrer até antes do oferecimento da denúncia (art. 25 do CPP).
Observação: em se tratando de crime praticado com violência doméstica 
e familiar, contra a mulher, que sejam de ação penal pública condicionada, a 
retratação pode ocorrer até antes do recebimento da denúncia, em audiência 
própria, perante o juiz, para preservar a mulher (art. 16 da Lei Maria da Penha 
nº 11.340/2006).
Quando falamos da representação, em relação ao menor de idade, não 
se tem capacidade de representar. Desta forma, será feito pelo representan-te legal. No entanto, no caso de conflito de interesses, entre a vítima e o 
representante legal, para a vítima será nomeado curador especial, que não 
necessita ser advogado e quando nomeado não tem a obrigação de oferecer a 
representação (já que tem apenas o interesse de defender a vítima), por força 
do art. 33 do CPP.
Na ação penal pública condicionada à requisição do Ministro da Justiça, 
não se tem prazo, podendo ser feita a qualquer momento, desde que observado 
o prazo prescricional do crime. Há uma discussão doutrinária a respeito da 
retratação no caso de requisição do Ministro da Justiça.
O STJ e o STF nunca adentraram no tema; sendo assim, há duas correntes 
doutrinárias: uma entende a possibilidade da retratação da requisição e a 
outra entende que não, por falta de previsão legal. Pensando em benefício do 
réu, a melhor corrente seria a que permite a retratação.
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3. Denúncia – Prazo e Requisitos
3.1 Apresentação
Nesta unidade, iremos estudar a denúncia, observando os prazos e re-
quisitos desta.
3.2 Síntese
A denúncia é a petição inicial da ação penal, conhecida também como 
exordial acusatória, ou seja, é a peça que dá início à ação penal pública, seja 
condicionada ou incondicionada.
Esta denúncia deve conter requisitos ou elementos obrigatórios e, caso não 
os observe, ocorrerá a rejeição liminar, ou seja, não será aceita por inépcia.
Os requisitos necessários estão previstos no art. 41 do CPP e são: exposição 
de fato criminoso (com todas suas circunstâncias); realização da qualificação 
do acusado ou então esclarecimentos que possam individualizar esta pessoa 
(ex.: primeiro nome e apelido); classificação do crime (tipo penal que se imputa 
ao indivíduo. 
É necessário descrever o fato de maneira mais específica possível, para não 
ocorrer a denúncia genérica, ou seja, deve-se buscar uma individualização de 
cada conduta. A denúncia genérica deve ser rejeitada, por força de jurispru-
dência do STF.
Na denúncia, devem ser arroladas também as testemunhas de acusação, e 
não o fazendo incidirá a preclusão, podendo, após, o magistrado ouvi-las como 
testemunhas do juízo. 
A denúncia tem prazo, momento para ser oferecida e este prazo, em regra, 
é previsto no CPP no art. 46. Os prazos variam se o acusado está preso ou solto: 
se preso, o prazo será de cinco dias; se solto, o prazo será de quinze dias. 
Estes prazos são conhecidos como prazos impróprios, já que sua perda não 
gera a preclusão, ou seja, não gera perda do direito de oferecer a denúncia, 
podendo o MP fazê-la até conhecida a prescrição do crime, surgindo apenas a 
possibilidade da vítima propor a ação penal privada subsidiária da pública (arts. 
5º e 59 da CF, 29 do CPP e 100, § 3º do CP).
Há leis especiais que preveem prazos especiais para o oferecimento da de-
núncia, como a Lei de Drogas (11.343/2006), em que o prazo é de 10 dias, 
independente de o indivíduo estar preso ou solto (art. 54).
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4. Ação Penal Privada – Parte I
4.1 Apresentação
Nesta unidade, veremos a ação penal de iniciativa privada, os princípios 
e as causas extintivas da punibilidade.
4.2 Síntese
O princípio da conveniência ou oportunidade é aquele em que a vítima, 
titular da ação, poderá ou não oferecer a inicial, a chamada queixa-crime.
Mesmo que existam indícios suficientes de autoria, ela poderá optar por 
oferecer ou não a queixa-crime.
Isso porque a ação é de iniciativa privada.
Se a vítima entender que é conveniente a ação penal, oferecerá a queixa-
-crime, se não, não a fará.
Causas extintivas da punibilidade que possibilitam exercer o princípio da 
conveniência:
I – Renúncia: abdicação do direito de oferecer a queixa-crime. A renúncia 
ao direito de queixa pode se dar de duas maneiras: expressa ou tácita.
A primeira é quando a renúncia é explícita e declarada. Na segunda, a tá-
cita, o indivíduo não declara a vontade de renunciar, mas significa a prática de 
atos incompatíveis com o interesse de oferecer a queixa-crime. Exemplo: casar 
com aquele que cometeu o crime contra a minha pessoa.
II – Decadência: é o não oferecimento da queixa-crime no prazo legal (art. 
107, IV, do CP). Em regra, o prazo será de 6 meses do conhecimento da autoria 
delitiva.
A disponibilidade ocorre quando já conhecida a autoria, mas, após oferecer 
a queixa-crime, desiste-se de prosseguir com a queixa-crime já oferecida.
Causas extintivas da punibilidade que possibilitam exercer o princípio da 
conveniência:
I – perdão do ofendido aceito: a vítima perdoa e o autor do crime aceita esse 
perdão. É um ato bilateral; precisa de manifestação dos dois lados. Atenção: o 
perdão pode ser expresso ou tácito, bem como a aceitação do perdão;
II – perempção: não fazer aquilo que deveria ser feito. É o desleixo (art. 60 
do CPP).
Na intransmissibilidade ou instranscendência ou pessoalidade, só poderá 
oferecer queixa-crime contra aquele que contribuiu de certa forma para a prá-
tica do crime.
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Na indivisibilidade, a vítima deve oferecer a queixa-crime contra todos 
aqueles que praticaram um delito e o MP vai zelar pela indivisibilidade. A víti-
ma deve oferecer a queixa contra todos aqueles que cometeram o crime. Não 
pode deixar ninguém de lado (art. 48 do CPP).
5. Ação Penal Privada – Parte II
5.1 Apresentação
Nesta unidade, falaremos da ação penal de iniciativa privada, de suas 
espécies e de seus prazos.
5.2 Síntese
Espécies de ação penal privada:
I – Exclusiva:
Ela é a regra entre as espécies. 
O artigo de lei ou as disposições finais do capítulo tratará(ão) que esse cri-
me se processará mediante queixa.
Quando a lei assim determinar, significa que o crime é de ação penal pri-
vada exclusiva.
Exemplo: crimes contra honra: calúnia, difamação, injúria (art. 145 do 
CP). Prazo de 6 meses contados a partir do conhecimento da autoria delitiva.
Não esquecer que o prazo penal conta o dia do começo e não o dia do final: 
conhecimento da autoria delitiva em 10 de janeiro, vencimento do prazo 9 de 
julho.
II – Personalíssima:
Atualmente, no Brasil, apenas o crime de induzimento de erro essencial 
ou ocultação de impedimento para casamento é processado por Ação Penal 
Privada Personalíssima (art. 236 do CP).
Prazo de 6 meses: mas só o cônjuge enganado poderá oferecer a queixa-
-crime.
Atenção: 6 meses contados do trânsito em julgado da sentença anulatória 
no juízo civil.
III – Subsidiária da pública:
O crime era de ação penal pública e o MP não se manifestou no prazo 
legal.
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No prazo do oferecimento da denúncia, o Promotor de Justiça deverá:
a) oferecer a denúncia;
b) pedir arquivamento do IP; e
c) requerer novas diligências, apontando quais.
Se no prazo de oferecimento da denúncia o MP ficou inerte, surgirá a 
possibilidade da ação penal privada subsidiária da pública (arts. 5º, LIX, da CF, 
art. 29 do CPP e art. 100, § 3º, do CP).
Prazo de 6 meses contados da data final que o MP tinha para oferecer a 
denúncia. Exemplo: MP tinha 15 dias para oferecer denúncia, se assim não 
fez, o 16º dia será o primeiro dia do prazo para oferecer queixa para ação penal 
privada subsidiária da pública. 
Capítulo 4
Jurisdição e Competência
1. Jurisdição e Competência – Introdução
1.1 Apresentação
Nesta unidade, estudaremos jurisdição e competência.
1.2 Síntese
– Arts. 102, 105 e 109 da Constituição Federal.
– Arts. 69 a 91 do Código de Processo Penal.
A princípio, é importante entender a diferença entre jurisdição e compe-
tência.
Jurisdição é a função do Estado de aplicar a lei ao caso em concreto, dar 
uma solução justa e certa à lide apresentada. Todo magistrado possui jurisdi-ção, a capacidade de julgar. 
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Competência é o limite da jurisdição; ela delimita a jurisdição. Mostra até 
onde o magistrado pode agir, até onde o magistrado pode julgar. Exemplo: 
o magistrado de 1ª instância pode julgar o furto da cidade, mas esse mesmo 
crime não pode ser julgado originariamente pelo STF, claro, se esse agente 
criminoso for um cidadão comum.
COMPETÊNCIA 
ABSOLUTA
COMPETÊNCIA 
RELATIVA
– matéria de interesse público
– se desrespeitada, gerará 
incompetência absoluta
– pode ser reconhecida a 
qualquer momento, inclusive 
de ofício pelo juiz
– quem é absolutamente 
incompetente nunca será 
competente
– não há a aplicação da prorro-
gação de competência
– Exemplos: competência em 
razão da natureza da infra-
ção ou competência ratione 
materiae
– competência em razão de 
prerrogativa de função ou 
ratione personae
– matéria de interesse privado
– se desrespeitada, gerará incompetência 
relativa
– não pode ser reconhecida de ofício pelo juiz
– tem momento para ser arguida
– Súmula nº 33 do STJ
– aceita o instituto de prorrogação de com-
petência
– um magistrado que é relativamente 
incompetente, se essa incompetência não 
for arguida em prazo oportuno, ele passa a 
ser competente
– Exemplos:
– competência pelo lugar da infração ou 
ratione loci
– competência pelo domicílio ou residência 
do réu
– competência por distribuição ou prevenção
2. Critérios para Fixação da Competência – 
Parte I
2.1 Apresentação
Nesta unidade, trataremos dos critérios para fixação de competência.
2.2 Síntese
Atenção em cada inciso do art. 69 do Código de Processo Penal.
A fixação da competência não acompanha a letra da lei, ou seja, não segue 
a disposição dos incisos do art. 69 do CPP.
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Exemplo: uma infração penal é cometida, como fixamos a competência?
Primeiro, analisamos as competências absolutas e depois as relativas.
O critério de fixação de competência absoluta se dá por matéria (ratione 
materiae), competência pela natureza da infração ou competência de justiça, e 
por prerrogativa de função (ratione personae).
Em matéria de justiça especializada, há apenas a militar e a eleitoral.
Se ocorrer um crime, a primeira análise será em relação à matéria, e se ela 
é da justiça especializada.
A Justiça Comum pode ser a Federal ou Distrital para o DF, se afrontou 
interesse da União, autarquias, empresas públicas federais, praticado por 
ou contra funcionário público federal no exercício de suas funções (art. 109 da 
CF). Justiça estadual, nos casos que não for da federal. 
Prerrogativa de função: pessoas que, dependendo do cargo que ocupam, 
serão processadas e julgadas por determinado tribunal. Exemplo: juiz é proces-
sado originalmente perante o Tribunal de Justiça, o desembargador é julgado 
originariamente pelo STJ, ministro é julgado originariamente pelo STF.
3. Critérios para Fixação da Competência – 
Parte II
3.1 Apresentação
Nesta unidade, daremos continuidade ao estudo da competência relativa 
e seus critérios de fixação.
3.2 Síntese
Competência absoluta:
I – ratione materiae: competência de justiça que pode ser a Justiça Especia-
lizada ou a Justiça Comum;
II – ratione personae: prerrogativa de função.
Vamos supor que o crime seja competência da Justiça Comum e não haja 
prerrogativa de função; precisamos saber qual o local, o foro em que será pro-
cessado e julgado aquele crime, aquele delito, qual comarca, etc.
Critério de fixação de competência relativa:
I – competência pelo lugar da infração ou ratione loci: deve-se analisar onde 
o crime foi consumado para se saber ou onde crime será processado e julgado;
II – competência pelo domicílio ou residência do réu: se ignorado o lugar da 
infração, o processo deverá ocorrer no lugar do domicílio ou residência do réu.
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Quando numa mesma comarca houver mais de um juiz competente para 
julgamento do processo, ocorrerá a competência por distribuição. Em regra, 
cada inquérito ou cada processo será distribuído para um juiz, para que não 
haja acúmulo de serviços.
A Súmula nº 706 do STF estabelece que a prevenção é uma forma de 
competência relativa.
A prevenção só será utilizada quando houver dúvidas em relação às demais 
competências relativas, ou seja, lugar da infração, domicílio do réu, distribui-
ção. Só acontece nas hipóteses de competência relativa.
Observação: Já foi questão da OAB esse assunto. Só será utilizada a pre-
venção quando tiver dúvidas nas outras competências, nunca será assinalada a 
alternativa para prevenção nas hipóteses de competência absoluta.
4. Competência pela Natureza da Infração
4.1 Apresentação
Nesta unidade, trataremos da competência da natureza pela infração, a 
ratione materiae.
4.2 Síntese
A competência pela natureza da infração faz parte da competência ab-
soluta; quem é incompetente absoluto será sempre incompetente. Uma vez 
absolutamente incompetente, sempre será absolutamente incompetente. Essa 
incompetência será reconhecida a qualquer tempo, inclusive de ofício pelo 
magistrado.
Vamos determinar qual justiça será usada:
I – Justiça especializada:
– militar;
– eleitoral.
II – Justiça Comum:
– federal;
– estadual;
– distrital, para o DF.
Quando um militar mata outro militar, em regra, é julgado pela Justiça Mi-
litar, desde que se adeque ao Código Penal Militar (Decreto-lei nº 1.001⁄1969).
Militar que dolosamente mata civil: a competência não é da Justiça Es-
pecializada Militar, mas sim da Justiça Comum. Vai depender de quem foi 
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morto para ser estadual ou federal, Só será federal se a vítima for funcionário 
público federal no exercício de suas funções. Apesar de não ser comum, existe 
Júri Federal.
Militar que com a arma da corporação, fora de serviço, comete crime. A 
competência é da Justiça Comum. Isso porque não se trata de um crime militar 
próprio, ou seja, não está previsto no Código Penal Militar. Esse crime já foi 
de competência da Justiça Militar, mas não é mais. Não está mais previsto no 
Código Penal Militar (Lei nº 9.299⁄1996).
Crimes cometidos contra indígenas, em regra, são crimes da Justiça Co-
mum Estadual.
Importante leitura da Súmula nº 140 do STJ e do Informativo nº 434 do 
STF.
Se o crime envolver os interesses indígenas de maneira coletiva, a compe-
tência será da Justiça Comum Federal (art. 109, IX, da CF).
Crimes de Sociedade Economia Mista. Exemplo: Banco do Brasil. A com-
petência é da Justiça Comum Estadual.
Importante a leitura da Súmula nº 42 do STJ.
Todas as contravenções penais serão processadas e julgadas na Justiça Co-
mum Estadual, mesmo que praticadas contra entes federais (Súmula nº 38 do 
STJ e art. 109, IV, da CF).
Em crimes conexos entre Justiça Federal e Justiça Estadual, prepondera a 
Justiça Federal (Súmula nº 132 do STJ).
No caso de concurso entre Justiça Especializada e Comum, os processos 
serão separados. Cada um será julgado pela respectiva justiça. 
5. Competência por Prerrogativa de Função
5.1 Apresentação
Nesta unidade, estudaremos a competência pela prerrogativa de função.
5.2 Síntese
A prerrogativa de função também é conhecida como ratione personae, ou 
foro especial por prerrogativa de função.
Algumas pessoas no Brasil serão processadas e julgadas em foros especiais, 
em razão do cargo que possuem.
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De acordo com o art. 102 da Constituição Federal, serão julgados origina-
riamente pelo STF:
I – Executivo:
– Presidente da República;
– Vice-Presidente da República;
– Advogado-Geral da União;
– Ministros de Estado;
– Presidente do Banco Central.
II – Legislativo:– membros do Congresso Nacional: Senadores e Deputados Federais.
III – Judiciário:
– ministros dos Tribunais Superiores, STF, TST, STM, STJ.
IV – outros:
– Procurador-Geral da República;
– Comandante das Forças Armadas;
– membros do TCU;
– Chefe de Missão Diplomática de caráter permanente.
Serão julgados pelo STJ nos respectivos poderes:
I – Executivo:
– Governadores dos estados e do DF.
II – Legislativo:
– O STJ não tem competência para julgar ninguém do Legislativo.
III – Judiciário:
– membros dos tribunais, ou seja, os desembargadores dos TJ, dos TRE, 
dos TRT e dos TRF.
IV – Outros:
– membros dos Tribunais de Contas, dos estados, do DF e dos municípios;
– membros do Ministério Público da União que atuam perante Tribunais 
Federais.
Serão julgados pelos Tribunais de Justiça e Tribunais Regionais Federais:
I – Executivo:
– Prefeitos Municipais;
– Vice-Governador;
– Secretários de Estado.
II – Legislativo:
– Deputados Estaduais e Distritais.
III – Judiciário:
– magistrados, juízes em geral que atuam em primeira instância.
IV – Outros:
– membros do Ministério Público.
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Atenção: se um juiz de primeira instância praticar crime em concurso com 
ministro do STJ, o juiz será também julgado pelo STF. Aquele que tem a prer-
rogativa de função maior leva o outro para ser julgado no tribunal de origem.
Quando as pessoas deixam aquelas funções, acaba a prerrogativa de função 
e os processos são julgados em instância normal.
Quando um cidadão comum comete crime com alguém que tem prer-
rogativa de função é também levado ao tribunal especial para evitar soluções 
conflitantes.
6. Competência pelo Lugar da Infração
6.1 Apresentação
Nesta unidade, estudaremos a competência pelo lugar da infração.
6.2 Síntese
É uma hipótese de competência relativa; se desrespeitada, gerará incompe-
tência relativa. Tem momento certo para ser arguida e não pode ser reconhe-
cida de ofício pelo juiz.
A competência pelo lugar da infração está prevista nos arts. 69, I, 70 e 71 
do CPP.
Segundo o Código de Processo Penal, o lugar da infração será onde o crime 
foi consumado. Isso porque se aplica a Teoria do Resultado.
A jurisprudência abre uma exceção para os crimes dolosos contra a vida, 
em que a conduta é praticada em uma cidade e o resultado em outro; o pro-
cesso e julgamento ocorrerão na cidade onde houve a conduta. Exemplo: atiro 
em alguém na cidade A e esse alguém é transferido para a cidade B, e falece na 
cidade B. O resultado ocorreu na cidade B. Nesse caso, o crime será processa-
do e julgado em plenário do Júri e, por isso, a exceção, as provas, testemunhas 
estão na cidade A, o que torna o julgamento mais fácil.
No caso de crime tentado, praticado no território de várias Comarcas, será 
competente a Comarca onde foi praticado o último ato executório.
O art. 63 da Lei do Jecrim estabelece que esta lei (9.099⁄1995) traz como 
escolher a competência.
Corrente 1: Teoria da Atividade. Como temos o verbo praticar, traz a con-
duta. É adotada por Capez e Ada Pellegrini.
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Corrente 2: Teoria da Ubiquidade⁄Mista. A lei reconheceria como lugar da 
infração tanto o lugar da conduta, como do resultado. Adotada por Guilherme 
Nucci e Mirabete.
Corrente 3: Teoria do Resultado. Para os atos infracionais, o ECA, no art. 
147, adota a teoria da atividade.
É importante lembrarmos que, na dúvida, entre um limite territorial e ou-
tro, será competente a comarca que primeiro tomar conhecimento do fato, ou 
seja, competência por prevenção.
Exercícios
3. Qual a competência no caso de estelionato mediante fraude com 
pagamento de cheque sem provisão de fundos?
4. Qual a competência nos crimes falimentares?
7. Competência pelo Domicílio ou 
Residência do Réu e Competência por 
Distribuição
7.1 Apresentação
Nesta unidade, estudaremos a competência pelo domicílio ou residência 
do réu e a competência por distribuição.
7.2 Síntese
A competência por domicílio ou residência do réu ocorre somente quando 
for ignorado o lugar da infração. Por isso, é reconhecido como foro subsidiário 
ou foro supletivo ou foro optativo.
Sabendo quem cometeu o crime, mas não sabendo onde ele foi cometido, 
a competência será do foro do lugar da residência ou domicílio do réu (art. 72 
do CPP).
Quando o réu possuir mais de uma residência competente para processar 
e julgar essa infração, será competente a comarca do lugar que primeiro tomar 
conhecimento do fato. 
A prevenção está prevista no art. 72, § 1º, do Código de Processo Penal. Se 
o réu tiver mais de uma residência, a competência firmar-se-á pela prevenção.
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Se o réu não tiver residência certa, ou a residência for ignorada, ou até mes-
mo se o paradeiro do indivíduo for ignorado, novamente teremos a prevenção.
Temos a hipótese excepcional de escolher o foro: foro optativo ou alternativo, 
quando se tratar de crime de ação penal exclusiva (art. 73 do CPP).
Competência por distribuição: várias varas criminais são competentes. 
Ocorre uma distribuição igualitária, ou seja, não pode atribuir todos os crimes 
para uma única vara criminal.
Observação: Alguns juízes tomam medidas cautelares no curso de inqué-
ritos policiais e, nesse caso, o juiz estará prevento (art. 75, caput e parágrafo 
único).
8. Conexão e Continência – Parte I
8.1 Apresentação
Nesta unidade, falaremos sobre conexão e continência (arts. 76 e 77 do CPP).
8.2 Síntese
Em verdade, não são critérios de fixação de competência. Devem ser con-
siderados hipóteses de prorrogação de competência.
Cada inciso do art. 76 do CPP traz uma espécie de conexão:
I – Conexão Intersubjetiva:
– por simultaneidade ou ocasional⁄subjetiva objetiva;
– por concurso ou concursal;
– por reciprocidade.
II – Conexão Objetiva:
– teleológica;
– consequencial.
III – Conexão Intersubjetiva Instrumental ou Probatória:
– art. 76, I, do CPP.
IV – Conexão Intersubjetiva Ocasional:
– várias pessoas cometeram o mesmo crime, mas cada uma agiu por si. Ex.: 
pessoas que saqueiam um caminhão tombado.
O ideal é que todos os crimes praticados por elas sejam processados e julga-
dos em um mesmo processo.
V – Conexão Intersubjetiva Concursal:
– vários crimes praticados por várias pessoas, contudo, elas têm liame sub-
jetivo, uma adere à vontade da outra para praticar crimes.
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O ideal é que esses crimes, por serem conexos, sejam processados e julga-
dos em um único processo.
VI – Conexão Intersubjetiva por Reciprocidade:
– várias pessoas cometem vários crimes, umas contras as outras. Há um elo 
de ligação entre os crimes. Todos os crimes devem ser julgados e processados 
em um único processo (art. 76, II, do CPP).
VII – Conexão Objetiva Teleológica:
– praticar uma infração para facilitar outra, matar o marido para estuprar a 
esposa. Os crimes serão julgados em um mesmo processo.
VIII – Conexão Objetiva Sequencial:
– comete crime para ocultar outro, para garantir a impunidade de outro 
crime. Exemplo: ocultação de cadáver.
Em regra, serão julgados e processados em um único processo.
9. Conexão e Continência – Parte II
9.1 Apresentação
Nesta unidade, continuaremos o estudo da conexão e sobre a continência.
9.2 Síntese
Conexão Instrumental ou Probatória (art. 76, III, do CPP):
A prova de um crime influi na prova de outro crime. Exemplo: a recepta-
ção depende de um crime anterior. Exemplo 1: anteriormente, eu pratiquei 
um furto e o objeto do furto foi receptado por alguém. A prova do furto influi 
na prova da recepção. Exemplo 2: o crime de lavagem de dinheiro precisa de 
um crime anterior, previsto na lei: cometo um crime contra o sistema financei-
ro para praticar a lavagem; essesdois crimes serão processados e julgados em 
um mesmo processo, porque um depende da prova do outro.
Continência (art. 77 do CPP):
I – Continência Concursal ou por Cumulação Subjetiva:
– se duas ou mais pessoas forem acusadas pela mesma infração, haverá con-
curso de agentes. Exemplo: um crime de roubo praticado por dois indivíduos.
Vínculo subjetivo entre os agentes: os dois serão processados pela mesma 
ação penal e serão processados no mesmo processo.
II – Continência por Cumulação Objetiva ou em razão de Concurso Formal:
– no caso da infração cometida nos arts. 70, 73 e 74 do CP. Cuidado, esse 
artigo está desatualizado no seu CPP.
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Concurso formal de crimes: com uma conduta se pratica dois ou mais crimes.
Em razão dos crimes resultarem de uma só conduta, eles serão processados 
e julgados em um mesmo processo.
Atenção: Essa matéria busca a unidade de processo e a unidade de julga-
mento busca o simultaneus processus.
Em caso de conexão entre crimes do júri e varas comuns, serão julgados 
todos os crimes no tribunal do júri.
A conexão e a continência não mudam a competência, mas sim prorrogam 
a competência.
Capítulo 5
Emendatio Libelli e Mutatio 
Libelli
1. Emendatio Libelli e Mutatio Libelli
1.1 Apresentação
Nesta unidade, estudaremos a emendatio libelli e a mutatio libelli.
1.2 Síntese
Libelli vem de libelo, que vem de denúncia, queixa.
A emendatio libelli é emendar a inicial.
Mutatio libelli é mudar a inicial, mudar a denúncia ou queixa.
A emendatio libelli é encontrada no CPP, art. 383. A mutatio libelli, no art. 
384 do CPP.
“Art. 383. O juiz, sem modificar a descrição do fato contida na denúncia 
ou queixa, poderá atribuir-lhe definição jurídica diversa, ainda que, em conse-
quência, tenha de aplicar pena mais grave. 
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§ 1º Se, em consequência de definição jurídica diversa, houver possibili-
dade de proposta de suspensão condicional do processo, o juiz procederá de 
acordo com o disposto na lei. 
§ 2º Tratando-se de infração da competência de outro juízo, a este serão 
encaminhados os autos.”
“Art. 384. Encerrada a instrução probatória, se entender cabível nova de-
finição jurídica do fato, em consequência de prova existente nos autos de ele-
mento ou circunstância da infração penal não contida na acusação, o Ministé-
rio Público deverá aditar a denúncia ou queixa, no prazo de 5 (cinco) dias, se 
em virtude desta houver sido instaurado o processo em crime de ação pública, 
reduzindo-se a termo o aditamento, quando feito oralmente. 
§ 1º Não procedendo o órgão do Ministério Público ao aditamento, aplica-
-se o art. 28 deste Código. 
§ 2º Ouvido o defensor do acusado no prazo de 5 (cinco) dias e admitido o 
aditamento, o juiz, a requerimento de qualquer das partes, designará dia e hora 
para continuação da audiência, com inquirição de testemunhas, novo interro-
gatório do acusado, realização de debates e julgamento. 
§ 3º Aplicam-se as disposições dos §§ 1º e 2º do art. 383 ao caput deste 
artigo. 
§ 4º Havendo aditamento, cada parte poderá arrolar até 3 (três) testemu-
nhas, no prazo de 5 (cinco) dias, ficando o juiz, na sentença, adstrito aos termos 
do aditamento
§ 5º Não recebido o aditamento, o processo prosseguirá.” 
Por força da Súmula nº 453 do STF, a mutatio libelli não é aplicada em 
segunda instância, apenas em primeira.
Capítulo 6
Procedimentos
1. Rito Ordinário – Introdução
1.1 Apresentação
Nesta unidade, veremos os procedimentos do processo penal e iniciaremos 
a introdução do rito ordinário.
1.2 Síntese
O rito ordinário é o rito principal, previsto nos arts. 395 a 405 do CPP. 
Aplicado para crimes com pena máxima em abstrato igual ou superior a quatro 
anos (art. 394 do CPP). Isto ocorre em regra.
Os ritos são regidos pela pena máxima em abstrato aplicada nos casos 
concretos.
Assim, há exceções no próprio CPP ou em leis especiais (após 2008); cri-
mes de competência do júri (sendo igual ou superior a quatro anos e não pos-
suirão o rido ordinário).
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O mesmo ocorre na Lei nº 11.343/2006 (Lei de Drogas) que prevê rito es-
pecial para o crime de tráfico no art. 33, pena máxima em abstrato de 15 anos. 
O rito ordinário possui alguns atos bases: deve haver um fato criminoso 
que possua pena máxima em abstrato, que seja igual ou superior a quatro anos. 
Em regra, será apurado por meio de inquérito policial [o inquérito, como 
vimos, não é procedimento obrigatório (art. 4º a 23 do CPP)].
Após, teremos a oportunidade de oferecimento de ação penal (arts. 24 a 62 
do CPP e 100 a 106 do CP).
Rito ordinário – específico: ação penal é endereçada para o magistrado 
[quando isso ocorre, o magistrado poderá rejeitar essa ação penal, liminarmen-
te, ou não rejeitar; o art. 395 do CPP traz as hipóteses de rejeição liminar da 
ação penal (inépcia, falta de pressupostos processuais ou falta de condições 
para o exercício da ação penal e falta de justa causa), não havendo estas causas, 
o magistrado não rejeitará a ação liminarmente]. 
Prevalece na doutrina que, após isso, será gerado o recebimento da ação 
penal, precedido de decisões (HC nos 119.226 e 138.089). Sendo recebida, 
acontece a interrupção do prazo prescricional (primeira causa interruptiva, art. 
117, I, do CP, o prazo é zerado e começa a contar novamente dali em diante).
Não caberá recurso da não rejeição liminar da ação, caberá HC e da rejei-
ção caberá Rese (art. 581, I, do CPP. 
2. Rito Ordinário – Citação e Absolvição 
Sumária
2.1 Apresentação
Nesta unidade, continuaremos o estudo do procedimento do rito ordinário.
2.2 Síntese
Em continuação, caso o magistrado entenda por bem não rejeitar a ação 
penal, ele em sequência determinará a citação do acusado (arts. 396 e 351 a 
369 do CPP). Esta citação pode ser feita de três formas, segundo nosso orde-
namento jurídico:
•	 citação pessoal ou real (in facien) é a regra: esta citação é externada por 
meio de mandado, expedição de carta precatória, rogatória ou ordinató-
ria de uma instância superior para uma inferior; 
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•	 citação ficta ou presumida, citação por edital: será feita quando o acu-
sado não for encontrado; o prazo para esse edital ser fixado no fórum e 
em jornal de grande circulação é de 15 dias;
•	 citação por hora certa: citação do acusado que se oculta para não ser ci-
tado, assim, este será citado por hora certa; o procedimento é o mesmo 
adotado no processo civil (arts. 227 a 229 do CPC); não há diferença ou 
exceção quanto à forma nestes processos.
Assim, após este indivíduo ser citado no Brasil por mandado (pessoalmen-
te) ou ainda citado por edital, comparecendo nos autos (ou constituindo de-
fensor), ou citado por hora certa, comparecendo nos autos (ou constituindo 
defensor) ou não comparecendo, o processo seguirá.
O réu então é citado para apresentar uma defesa, chamada de resposta 
escrita à acusação (art. 396-A do CPP); o prazo é de 10 dias (prazo processual 
contado nos termos do art. 798, § 1º, do CPC e Súmula nº 710 do STF, no 
próximo dia útil após a citação). 
No CPP, não interessa a juntada do mandado de citação nos autos, é levada 
em conta a data da citação.
Nesta resposta, o acusado pode arguir nulidades, juntar documentos, alegar 
tudo que interesse para a sua defesa, bem como arrolar testemunhas, sob pena 
de preclusão (número máximo de oito testemunhas, no rito ordinário); esse 
limite de testemunha é relativo para cada fato que o réu está sendo acusado 
(mais de um crime, aumenta o número).
Esta resposta é peça obrigatória e após esta resposta os autos novamente vão 
ao juiz, que então poderá absolver sumariamente (nos termos do art. 397do 
CPP), fundamentado nas hipóteses: excludentes de ilicitude, tipicidade ou cul-
pabilidade, salvo a inimputabilidade em razão de doença mental, ou quando 
presente causa extintiva da punibilidade, podendo absolver o acusado ou não. 
Se for absolvido sumariamente, o recurso cabível será a apelação.
Importante: quando houver absolvição sumária por causa extintiva de puni-
bilidade o recurso será o Rese.
Quando não houver absolvição sumária, não caberá recurso por falta de 
previsão legal, mas caberá HC.
3. Rito Ordinário – Audiência de Instrução, 
Debates e Julgamento
3.1 Apresentação
Nesta unidade, continuaremos o estudo do rito ordinário e veremos a ques-
tão da audiência de instrução, debates e julgamento.
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3.2 Síntese
Audiência regida pelo princípio concentração dos atos processuais: o legis-
lador, em regra, buscou concentrar todos os atos nesta audiência.
Não havendo a absolvição sumária, o magistrado tem o prazo de 60 dias 
para realizar esta audiência de instrução, debates e julgamentos (art. 400 
do CPP).
Os atos desta audiência são: sempre que possível inicia-se com os esclare-
cimentos da vítima.
Na sequência, há a oitiva das testemunhas (arroladas pela acusação e após 
as da defesa).
É possível que nesta ordem seja feita a oitiva ou esclarecimentos do perito; 
não é regra, mas pode ser feito.
Após, poderá ser feito o ato de acareação (arts. 229 e 230 do CPP); em se-
guida, o reconhecimento de pessoas e coisas (arts. 226 e 228 do CPP).
Assim, chegamos ao interrogatório do acusado (regidos pelos arts. 185 a 
196 do CPP).
Nesta fase, o magistrado abre às partes a oportunidade de requererem dili-
gências (art. 402 do CPP), sendo que a necessidade desta tem que ser resultado 
da própria instrução.
Caso a diligência seja feita na própria audiência ou não ter sido requerida 
a diligência ou esta tiver sido rejeitada, teremos a apresentação das alegações 
finais orais (ou memoriais finais) (art. 403 do CPP).
Estas alegações finais orais ocorrem da seguinte forma: a alegação tem o 
prazo de 20 minutos, prorrogáveis por mais 10 minutos; a defesa tem o prazo de 
20 minutos, prorrogáveis por mais 10 minutos. 
Havendo assistente de acusação este terá o prazo de apenas 10 minutos; 
após a manifestação da acusação, quando isto ocorre, obrigatoriamente, a defe-
sa terá 10 minutos acrescidos ao seu tempo.
É possível que tenhamos um caso complexo, ou um caso onde há um gran-
de número de acusados. Nesta hipótese, será feita a conversão de alegações 
finais orais em memoriais escritos, havendo a dissolução da audiência [o prazo 
é sucessivo de cinco dias para a acusação e mais cinco dias para a defesa (§ 3º 
do art. 403 do CPP)].
Caso as alegações finais sejam orais, na própria audiência o magistrado de-
verá proferir a sentença, salvo (questão de pode cair na OAB) nos casos comple-
xos, ou quando há grande número de acusados, sendo que o magistrado tem o 
prazo de 10 dias após a audiência para fazê-lo. 
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4. Rito Sumário
4.1 Apresentação
Nesta unidade, veremos como ocorre o rito sumário, continuando, 
portanto, o estudo dos procedimentos previstos no processo penal.
4.2 Síntese
É aplicado aos crimes com pena máxima em abstrato inferior a quatro anos, 
porém, superior a dois anos (em regra, nos inferiores a dois anos, o rito é o 
sumariíssimo).
O rito sumário está previsto nos arts. 531 a 538 do CPP. 
Observação: A Lei nº 10.741/2003 (Estatuto do Idoso) possui uma previsão 
específica no art. 94. Aplica-se o procedimento sumariíssimo. Isto já foi decla-
rado pelo STF no ano de 2010, como constitucional. O art. 94 do Estatuto do 
Idoso, portanto, é importante para a prova.
O rito sumário se assemelha com o rito ordinário, mas tem algumas dife-
renças: 
•	 rito ordinário: testemunhas (máximo oito); 60 dias para realização de 
audiência de instrução, debate e julgamento; previsão (lei) de pedido 
de diligências; previsão em conversão de memoriais orais para o escrito; 
há previsão de sentença posterior à audiência;
•	 rito sumário: testemunhas (máximo cinco); 30 dias para realização de 
audiência de instrução, debate e julgamento; não há previsão legal 
de pedido de diligências; não há previsão de conversão de memoriais 
orais em escritos; não há previsão de sentença posterior à audiência.
Estas são as diferenças básicas entre os ritos sumários e ordinários.
Exercício
5. Não há previsão de pedidos de diligência, conversão de memoriais 
e sentença fora de audiência, mas excepcionalmente isto pode 
acontecer? 
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5. Rito Sumariíssimo – Audiência Preliminar
5.1 Apresentação
Nesta unidade, iniciaremos o estudo do rito sumariíssimo, observando 
principalmente sua audiência preliminar.
5.2 Síntese
O rito sumariíssimo é previsto na Lei nº 9.099/1995 e são aplicadas as ações 
penais de menor potencial ofensivo.
Estas infrações penais possuem pena máxima em abstrato de até dois anos; 
e também as contravenções penais. 
Observação: como visto, nos crimes previstos no Estatuto do Idoso, com 
pena máxima em abstrato de até quatro anos, o rito também será o sumariíssimo.
O rito sumariíssimo se difere dos demais ritos, já que é regido por princípios 
específicos da Lei nº 9.099/1995: oralidade, economia processual, simplicida-
de, informalidade. A intenção do legislador é que o rito sumariíssimo seja mais 
simples e mais rápido dos outros ritos.
Os juizados especiais adotam este rito; pode-se, inclusive, adotar os proce-
dimentos no período noturno.
Sequência: apuração do fato (a infração penal é feita por termo circunstan-
ciado, pelos princípios da Lei nº 9.099/1995; deve ser terminado, se possível, 
no mesmo dia).
Será designada audiência, chamada de preliminar, pois não houve ainda 
sequer oferecimento de ação penal. Com esta audiência, se busca alcançar o 
próprio objetivo dos Jecrim, que é de se fazer uma composição dos danos civis, 
e que seja aplicada uma pena restritiva de direito ou de multa, não sendo a 
aplicação de uma PPL, sendo o indivíduo condenado.
Esta audiência é dividida em atos: 1º) tentativa de composição dos danos 
civis (em crimes de ação penal pública condicionada ou de iniciativa privada, 
gera a extinção da punibilidade do agente). Não havendo esta composição, 
o crime será de ação penal pública incondicionada; 2º) tentativa de transa-
ção penal (em que o titular da ação penal diz que a ação não será oferecida 
se o suposto autor do crime cumprir antecipadamente uma PRD ou pena de 
multa. Se aceita e cumprida esta transação, o suposto autor do crime não será 
considerado como reincidente. Contudo, não se pode utilizar esta transação 
nos próximos cinco anos). Não havendo esta transação, a audiência chega ao 
fim com o oferecimento oral da ação penal, e o acusado desta audiência já sai 
notificado para a próxima audiência.
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Exercício
6. Composições dos danos civis nas ações penais públicas condiciona-
das ou privadas extingue a punibilidade do agente? 
6. Rito Sumariíssimo – Audiência de 
Instrução, Debates e Julgamento
6.1 Apresentação
Nesta unidade, continuaremos o estudo do rito sumariíssimo, observando 
a chamada audiência de instrução, debates e julgamento.
6.2 Síntese
Continuando com o rito sumariíssimo, vamos analisar a chamada audiên-
cia de instrução, debates e julgamento. Nesse rito, teremos os seguintes atos:
Nova tentativa de conciliação: a lei diz que haverá esta tentativa quando na 
audiência preliminar não for possível realizar esta proposta de conciliação; na 
prática, em regra, é uma proposta de suspensão condicional do processo. 
Não havendo esta conciliação, teremos que o magistrado daráa palavra para 
o defensor do acusado a fim de que este conteste o conteúdo da ação penal. 
Após isso, os autos irão para o juiz, que poderá rejeitar a ação penal ou absolver 
sumariamente o acusado, ou não rejeitar ou não absolver sumariamente o acusado.
Caso não haja a rejeição ou absolvição sumária, teremos os esclarecimentos 
da vítima e na sequência a oitiva das testemunhas (primeiro, acusação, após, 
defesa). Quanto ao número de testemunha, há uma divergência doutrinária, 
prevalecendo o número máximo de três para a acusação e defesa. Há esta diver-
gência porque a Lei nº 9.099/1995 não diz qual é o número de testemunha. A 
corrente majoritária aplica este número por analogia ao âmbito cível da própria 
lei, que é de três, já a segunda corrente (minoritária) diz que o número é de 
cinco, fazendo uma analogia ao rito sumário, não sendo prevalente.
Continuando a audiência, temos o interrogatório do acusado e, depois do 
interrogatório, memoriais orais. 
Na sequência, o magistrado deve proferir a sentença. Tudo isso deve ocor-
rer na audiência, pois o rito é resumido, sumariíssimo, não havendo portanto, 
previsão legal de conversão de memoriais orais em escrito, ou de sentença fora 
de audiência; isto tudo pelos princípios desta lei. 
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A sentença neste rito dispensa o relatório para que a resposta seja ainda 
mais rápida. Contra esta sentença, cabe recurso: embargos de declaração, con-
tra sentença obscura, ambígua, omissa, contraditória. Caso interposto, o prazo 
para a apelação (prazo de cinco dias) fica suspenso e não interrompido, e apela-
ção no prazo de 10 dias, sendo que esta apelação é julgada pelo colégio recursal 
(juízes da comarca), e nunca pelo tribunal.
Exercício
7. Na Lei nº 9.099/1995, não e possível citação por edital?
7. Rito Especial dos Crimes Funcionais 
Afiançáveis
7.1 Apresentação
Nesta unidade, veremos o rito especial presente nos procedimentos do 
processo penal relativos aos crimes funcionais afiançáveis.
7.2 Síntese
Este rito é muito cobrado em provas.
Crimes funcionais afiançáveis (não é crime de responsabilidade do funcio-
nário público, terminologia incorreta):
Primeiramente, devemos analisar que crimes funcionais são aqueles previs-
tos no CP nos arts. 312 a 326 (peculato, corrupção ativa, etc.), observando quais 
são afiançáveis, sendo que dentre estes crimes apenas dois não são afiançáveis: 
exceção de exação (art. 316, § 1º) ou facilitação de contrabando ou descami-
nho (art. 318 do CP). Sabemos isto pois a pena mínima é de até dois anos.
Quando estes crimes funcionais são afiançáveis, a lei prevê um rito espe-
cial, diferente dos demais, que funciona da seguinte forma:
Fato (crime funcional afiançável), oferecimento da ação penal, o juiz de-
termina a notificação do funcionário público para que apresente uma defesa 
preliminar no prazo de 15 dias (art. 514 do CPP). Esta é a diferença deste rito 
aos demais, ou seja, esta defesa é preliminar, porque se trata do indivíduo que 
cometeu o fato, e é funcionário público, no exercício de suas funções. 
Os demais atos deste rito serão os mesmos do rito ordinário.
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Observação: A Súmula nº 330 do STJ diz que: “É desnecessária a resposta 
preliminar de que trata o art. 514 do Código de Processo Penal, na ação penal 
instruída por inquérito policial.”
Assim, na ação penal instruída por inquérito policial, não necessitará a 
apresentação da resposta, vista anteriormente, de modo que o rito será o rito 
ordinário, sem alteração alguma. Há julgamentos em contrário a esta súmula, 
inclusive em alguns precedentes do STF e em alguns doutrinadores.
Exercício
8. No inquérito policial anterior, é necessária apresentação da resposta 
preliminar?
8. Júri – Introdução e Princípios 
Constitucionais
8.1 Apresentação
Nesta unidade, iniciaremos o estudo do procedimento pertinente ao júri 
observando seus princípios constitucionais.
8.2 Síntese
Veremos agora o procedimento especial do júri, que possui 91 artigos no 
CPP, sendo quase um código dentro de outro.
Este procedimento é previsto nos arts. 406 a 497 do CPP. Inicialmente, 
devemos estudar os princípios constitucionais, ligados ao júri encontrados no 
art. 5º da CF, inciso XXXVIII que são:
I – plenitude de defesa: quem julga estes crimes são leigos, e então a acusa-
ção e defesa poderão utilizar-se de outros elementos que não utilizam quando 
o julgador é o magistrado, metajurídicos ou sociológicos (fotos, croquis, arma 
do crime, gestos, gritos, palavras, etc.); 
II – sigilo nas votações: este princípio diz que os jurados não declaram pu-
blicamente o seu voto, assim quando votam os quesitos apresentados votam de 
maneira objetiva, dizendo sim ou não, não fundamentando e nem declarando 
seu voto, que é feito por uma cédula de papel opaco, depositada sigilosamente 
em uma sacola. Os jurados votam em uma sala chamada de secreta ou especial 
onde só têm acesso o juiz, a acusação, a defesa, o oficial de justiça e o escrivão;
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III – caso no fórum não haja sala secreta, os jurados votarão em plenário. 
Os demais presentes serão retirados, permanecendo somente quem tem acesso 
à sala secreta;
IV – soberania dos veredictos: quando alguém recorre quanto ao conteúdo 
da decisão dos jurados, o tribunal que irá julgar esse recurso não poderá re-
formar a decisão, podendo, somente, determinar a anulação do julgamento e 
remeter o processo a novo julgamento do júri.
Assim sendo, tem competência mínima para o processo e julgamento dos 
crimes dolosos contra a vida, consumados ou tentados e os crimes a eles conexos. 
Exercícios
9. Competência mínima para o processo e julgamento dos crimes dolo-
sos contra a vida, consumados ou tentados e os crimes a eles conexos, 
assim sendo quais são os crimes dolosos contra a vida?
10. Poderá um crime não doloso contra a vida ser julgado pelo plenário 
do júri? 
9. Primeira Fase do Júri
9.1 Apresentação
Nesta unidade, continuando com o estudo do procedimento do júri, 
veremos a primeira fase do tribunal do júri, chamada de sumário de culpa, 
juízo de acusação ou juízo de admissibilidade de acusação.
9.2 Síntese
Esta primeira fase é conhecida como juízo de acusação ou juízo de admis-
sibilidade de acusação ou sumário de culpa (iudicio accusationis). A primeira 
fase está prevista nos arts. 406 a 421 do CPP. Tem início do ato de oferecimento 
da ação penal até a decisão de pronúncia (art. 413), impronúncia (art. 414), 
absolvição sumária (art. 415) ou desclassificação (art. 419).
Esta fase se assemelha muito com o rito ordinário e segue a seguinte ordem:
Fato (doloso contra a vida) apurado por inquérito policial; teremos a ação 
penal. O juiz pode rejeitar liminarmente ou não; não rejeitando, determinará a 
citação para apresentação de resposta escrita à acusação (até então, os mesmos 
atos do rito ordinário); se nessa resposta a defesa arguir preliminares ou juntar 
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documentos, a acusação terá o prazo de 5 dias para se manifestar (art. 409); 
após isso, terá o prazo de 10 dias para a realização de audiência de instrução, 
debates e julgamento.
É importante verificar que nesta audiência os atos são os mesmos do rito or-
dinário. A diferença ocorre no fim da audiência, sendo que não há previsão de 
conversão de memoriais finais orais em escritos, ou previsão de sentença fora 
de audiência (isto já foi questão da OAB, perguntando se isto poderia ocorrer, 
e a resposta foi positiva, por analogia de aplicação do rito ordinário); assim, esta 
decisão ou sentença pode ser, como vimos, de pronúncia, de impronúncia, de 
absolvição sumária ou de desclassificação.
A decisão de pronúncia significa que o magistrado

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