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LEI DE TORTURA

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CENTRO UNIVERSITÁRIO DO RIO GRANDE DO NORTE - UNIRN
CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO
 
LAÍS GABRIELLE PIRES BARROS GUEDES
SAYNARA CRISTINA DA SILVA SOUZA
6º PERÍODO, “A”
A lei 9.455/97, em seus quatro artigos, não define o que é tortura, mas explica o que constitui tortura e dá as cabíveis providências acerca desta. Vejamos:
Art. 1º Constitui crime de tortura:
I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental:
a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa;
b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa;
c) em razão de discriminação racial ou religiosa;
O caput do artigo 1º, em seu inciso I da Lei 9.455/97 enumera três tipos de tortura: 
Tortura-prova: 
Esse crime objetiva a obtenção de informação, confissão ou declaração. 
Consumação: o delito de tortura se consuma com o constrangimento causador de sofrimento à vítima.
Ex: Credor tortura devedor para confessar a dívida; policial tortura cidadão para confessar o crime.
Tortura para prática de crime: 
Nesse caso, o indivíduo além de responder pela tortura, responderá pelo crime praticado pelo torturado, em concurso material. 
Consumação: Consuma-se com o constrangimento, dispensando que o torturado pratique a conduta criminosa.
Ex: Torturar a vítima, que, sob coação moral irresistível, mata alguém; torturar alguém que, sob coação moral irresistível, mente em juízo.
Tortura-discriminação: a maioria das vezes ocorre em concurso com o crime de racismo. 
Consumação: Consuma-se com a provocação de sofrimento físico ou mental (constrangimento da vítima).
Ex: Tortura contra judeus, muçulmanos. 
OBS: não abrange discriminação econômica, social ou sexual.
Tem-se como sujeito ativo, bem como sujeito passivo, qualquer pessoa, pois se trata de um crime comum. A conduta típica configura-se em constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental.
A pena é de 2 a 8 anos.
II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo.
O inciso II do artigo 1º, trata de um crime próprio, diferentemente dos demais crimes tipificados. É considerada por muitos doutrinadores como uma modalidade mais incisiva do crime de maus-tratos e só quem possui autoridade sobre outrem com o objetivo de castigá-lo. 
Sujeito ativo: só pode ser praticado por quem tem a guarda, poder ou autoridade sobre a vítima. Crime próprio. 
Sujeito passivo: só pode ser vítima quem se encontra sob a guarda, poderou autoridade do agente.
Conduta típica: submeter alguém, sob sua g uarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça , a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo. É a chamada tortura-castigo. A intensidade do sofrimento é que diferencia de forma mais clara a tortura do delito de maus-tratos.
Consumação: ocorre com o constrangimento que causa intenso sofrimento
físico ou mental da vítima.
Exemplo: O policial militar que auxilia a polícia civil na contenção de rebelião em estabelecimento prisional, durante a operação, detém, legitimamente, guarda, poder ou autoridade sobre os detentos, ainda que momentânea, podendo responder pelo crime de tortura-castigo (STJ).
Pena: a pena incorre de 2 a 8 anos
§ 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa ou sujeita a medida de segurança a sofrimento físico ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante de medida legal. 
 
Essa disposição refere-se, diferentemente do que ocorre nos incisos I e II, a um dolo que não exige a finalidade especial animando o agente. É a tortura sem finalidade específica.
Sujeito ativo: qualquer pessoa (crime comum).
Sujeito passivo: pessoa presa (sob prisão provisória, definitiva, disciplinar e civil) ou sujeita a medida de segurança (em internação ou tratamento ambulatorial). Prevalece abranger também adolescentes infratores internados ou em semiliberdade. É, portanto, crime próprio.
Conduta típica: submeter pessoa presa ou sujeita a medida de segurança a sofrimento físico ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante de medida legal.
Consumação: ocorre com a submissão da vítima a sofrimento físico ou mental, sendo possível a tentativa.
Exemplos: colocar uma adolescente infratora para cumprir MSE junto com homens; colocar preso em cela insalubre e escura; população linchando um furtador.
§ 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, incorre na pena de detenção de um a quatro anos.
Este parágrafo refere-se àquele que se omite. A pena é menor e admite suspensão condicional do processo. É considerado um crime próprio, pois apenas quem tem o poder de apurar pode praticá-lo. Aqui, o crime subdivide-se em tortura-omissão imprópria e tortura-omissão própria.
Tortura-omissão imprópria:
O agente tinha o dever de evitar a tortura
Sujeito ativo: garante ou garantidor do art. 13, §2º CP (crime próprio).
Sujeito passivo: qualquer pessoa (crime comum).
Pena: 1 a 4 anos. Alguns doutrinadores criticam porque fere o que prevê o art. 13, §2º CP.
Tortura omissão própria: 
O agente que tinha o dever de apurar
Sujeito ativo: agente com dever de apurar (crime próprio).
Sujeito passivo: qualquer pessoa (crime comum).
Pena: 1 a 4 anos. Alguns doutrinadores criticam porque fere o que prevê o art. 13, §2º CP.
§ 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, a pena é de reclusão de quatro a dez anos; se resulta morte, a reclusão é de oito a dezesseis anos.
O parágrafo 3º traz o crime da tortura de forma qualificada, que não deve ser confundido com o‭ ‬ art. 121, §2º, inciso III do CP, que prevê o homicídio qualificado por tortura. 
§ 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço:
I - se o crime é cometido por agente público;
II – se o crime é cometido contra criança, gestante, portador de deficiência, adolescente ou maior de 60 (sessenta) anos;
III - se o crime é cometido mediante sequestro.
Esse ‭ ‬dispositivo ‭ ‬traz ‭ ‬hipóteses ‭ ‬de ‭ ‬causas ‭ ‬de ‭ ‬aumento ‭ ‬de ‭ ‬pena ‭ ‬quando ‭ ‬o crime de tortura for cometido ‭por: 
‬Agente ‭ ‬público, devendo-se atentar para o fato de ser necessário que o agente atue nessa qualidade ou em razão dela;
Contra crianças, gestantes, portadores de deficiência, adolescentes ou maiores de sessenta anos, devendo-se observar se as condições das vítimas ingressam no dolo do agente;
Mediante sequestro, tendo que abranger o cárcere privado. 
§ 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a interdição para seu exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada.
O parágrafo trata-se, então, de um efeito extrapenal, que não irá desaparecer nem em casos de anistia ou abolitio criminis, consistente na perda de cargo, função ou emprego público. Ademais, o agente, após cumprimento de pena, ficará impedido de exercer cargo, função ou emprego público pelo dobro de tempo da pena que lhe foi aplicada.
§ 6º O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça ou anistia.
O dispositivo trata da inafiançabilidade e da proibição de graça ou anistia.
Inafiançabilidade e liberdade provisória é uma questão controvertida dentro do STF, existindo duas correntes, sejam elas:
1ª corrente: a proibição da liberdade provisória nos processos por tortura está implícita na inafiançabilidade.
2ª corrente: cabe liberdade provisória para tortura. Quem deve decidir se o benefício é possível ou não é o magistrado, na análise do caso concreto, e não o legislador, que analisa somente a gravidade em abstrato (corrente defendida por Celso de Mello).
§ 7º O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a hipótese do § 2º, iniciará o cumprimento da penaem regime fechado.
De 1997 até 2007, a Lei 9072/90 trazia regime integralmente fechado para crimes hediondos e equiparados, proibindo a progressão. No entento, a lei 11.464/07, trouxe possibilidade de progressão, aplicando-se aos crimes de tortura, mas com 2/5 (primário) ou 3/5 (reincidente).
Art. 2º O disposto nesta Lei aplica-se ainda quando o crime não tenha sido cometido em território nacional, sendo a vítima brasileira ou encontrando-se o agente em local sob jurisdição brasileira.
O dispositivo trata da extraterritorialidade.
O art. 2º da Lei de Tortura traz duas hipóteses de extraterritorialidade:
1ª hipótese: Se o crime de tortura tiver sido cometido contra a vítima brasileira.
Trata-se de hipótese de extraterritorialidade incondicionada.
Sendo a vítima brasileira, pode ser aplicada a lei brasileira ao caso.
2ª hipótese: Se o agente que praticou a tortura estiver em local sob jurisdição brasileira.
Aqui há uma polêmica:
Para alguns, trata-se de extraterritorialidade incondicionada. Para outros, consiste em extraterritorialidade condicionada.
Art. 3º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Art. 4º Revoga-se o art. 233 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 - Estatuto da Criança e do Adolescente.

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