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D o u t r i n a
Consentimento Informado – Aspectos da 
Relação Jurídica Odontólogo-Cliente sob 
o Enfoque da Responsabilidade Civil e do 
Direito do Consumidor
HilDeliza lacerDa tinoco boecHat cabral
Advogada; Professora Universitária de Direito Civil do Curso 
Jurídico da UNIG/Itaperuna e da Doctum/Carangola; 
Professora do Curso de Medicina da UNIG/Itaperuna; 
Doutoranda em Ciências Jurídicas pela Universidade Nacional 
de La Plata, Argentina; Especialista em Direito Privado; 
Especialista em Direito Público.
RESUMO: A partir do movimento de repersonificação ou valorização da pessoa, 
decorrente do Princípio Constitucional da Dignidade da Pessoa Humana, o pro-
fissional liberal passa a adotar, em relação ao seu cliente, condutas que efetivem 
o respeito à sua autonomia existencial, já que o mesmo transpôs a linha de mero 
espectador das intervenções em sua esfera psicofísica, conquistando a qualidade 
de sujeito, capaz de influenciar a atuação profissional através de seu direito à 
decisão sobre se submeter ou não a certo tratamento ou intervenção cirúrgica, 
motivo pelo qual se passa a tratá-lo como cliente – e não mais paciente – a fim de 
se evidenciar a qualidade de agente de suas próprias escolhas. Para que a decisão 
seja segura e consciente, necessita o odontólogo informar devidamente a pessoa 
sobre seu quadro clínico e suas reais possibilidades, para, em seguida, extrair o 
seu consentimento para a atuação em sua esfera pessoal. O objetivo do presente 
artigo é demonstrar a importância do consentimento informado como instru-
mento hábil a afastar a responsabilização civil decorrente do dever de informar.
PALAVRAS-CHAVE: Autodeterminação da Pessoa. Relação Consumerista. 
Dever de Informar. Violação.
1 Introdução
O mundo moderno tem presenciado um movimento de crescente valo-
rização da pessoa. Assinala Barcellos (2008, p. 122-125) que tal movimento foi 
promovido, sobretudo, pela influência de quatro fases históricas. Teve início 
na Era Cristã, a partir dos ensinamentos através dos quais Jesus pregava soli-
dariedade e piedade, ensinando o homem a amar aos semelhantes como a si 
Doutrina – Revista Magister de Direito Empresarial Nº 38 – Abr-Maio/2011 53
mesmo e promovendo a igualdade essencial, não fazendo acepção de pessoas. 
Mais tarde, o movimento Iluminista-Humanista e as obras de Kant vieram re-
forçar esse ideal. A partir dos conflitos mundiais, notadamente no pós-guerra, 
quando passam a ser conhecidas por todo o mundo as atrocidades cometidas 
contra a pessoa, sobretudo a dizimação dos judeus pelos alemães, inicia-se no 
mundo moderno um movimento de valorização da pessoa humana.
Com o advento da Declaração Universal dos Direitos Humanos, fruto 
da valorização da pessoa, as constituições modernas passam a inserir em seus 
textos o respeito à Dignidade Humana, que é erigido à categoria de princípio 
norteador de toda conduta humana.
Comenta Moraes (2006, p. 15) que os princípios constitucionais apre-
sentam um caráter normativo e um conteúdo de valores ético-jurídicos que 
transformaram o direito civil individualista do passado. Na atual perspectiva, 
a vulnerabilidade humana será tutelada onde quer que se manifeste.
Esse reflexo influenciou sobremaneira o ordenamento jurídico pátrio, 
em que, com a ordem constitucional estabelecida a partir de 1988, ganha es-
pecial relevo a Dignidade da Pessoa Humana, uma vez que passa a ser este o 
princípio fundante do ordenamento jurídico, elencado entre os fundamentos 
da República Federativa do Brasil, em seu art. 1º, ao lado da soberania, antes 
mesmo de disciplinar questões relativas ao Estado e à tripartição das funções do 
poder, o que alça o aludido princípio a uma posição de indiscutível privilégio.
A Dignidade da Pessoa Humana envolve o respeito à pessoa, à sua 
autonomia existencial, à sua capacidade de conduzir-se rumo à sua auto-
determinação. Se, por um lado, esse respeito é um direito de cada um, por 
outro, impõe-se à sociedade o dever negativo de abster-se de praticar uma 
ingerência indesejada.
O ordenamento jurídico, então, lança-se a criar mecanismos capazes 
de efetivar o respeito à pessoa em todos os seus aspectos, considerando desde 
o direito à vida, como bem supremo, embora não absoluto, perpassando por 
seus atributos psicofísicos, o seu intelecto, atingindo até as diferenças indivi-
duais, inclusive seus sonhos e reais expectativas, conforme assinala Schreiber 
(2007, p. 85-86). Tão importantes tais aspectos que, por vezes, têm gerado a 
responsabilização civil em várias situações, uma vez que têm sido observa-
dos como valores jurídicos autônomos merecedores de tutela. Haja vista o 
reconhecimento da perda de uma chance, que ocorre em virtude de ilícito de 
terceiro, capaz de subtrair, retirar da vítima uma chance que representa uma 
oportunidade, em tese, real, mas que nada mais é que uma frustração de expec-
tativas, gerando direito à reparação civil. Há, inclusive, decisões reconhecendo 
 Revista Magister de Direito Empresarial Nº 38 – Abr-Maio/2011 – Doutrina54
a perda de uma chance de cura, como, por exemplo, em virtude de diagnóstico 
tardio ou incorreto – hipóteses elencadas por Sebastião (2003, p. 73).
Conforme esse novo axioma ditado pela Constituição, o respeito à 
pessoa passa a ser uma espécie de pedra angular do ordenamento jurídico, 
um filtro que deve coibir toda conduta capaz de causar qualquer diminuição 
ou limitação à integridade psicofísica do ser humano.
Nessa perspectiva de respeito à pessoa e sua dignidade, de conferir 
autodeterminação à pessoa, prefere-se utilizar a expressão “cliente” a “pa-
ciente”, com o objetivo de afastar a ideia de pessoa estática e realçar a atual 
condição da pessoa enquanto agente de suas decisões, responsável por suas 
escolhas. Segundo Houaiss (2001), paciente é aquele “que tem paciência, 
sereno, conformado [1]; calma para esperar o que tarda [1.3] indivíduo que 
está sob cuidados médicos [7]”, entre outras acepções que não se aplicam ao 
caso em comento (2001, p. 2.101); enquanto cliente é “pessoa que consulta 
habitualmente o mesmo médico, dentista, etc.” (2001, p. 740), conceitos que 
vêm corroborar a opção que se faz pela expressão “cliente”.
No que tange ao esclarecimento, exsurge a seguinte situação: o cliente 
só é capaz de decidir sobre a adoção de determinada técnica mediante a devida 
informação, que deve ser fornecida pelo odontólogo com a máxima clareza 
e objetividade, em linguagem acessível, que o faça entender quais são suas 
reais possibilidades, suas chances de obtenção de resultado satisfatório, bem 
como os riscos a que irá se submeter e consequências que poderão advir do 
procedimento para o qual irá prestar seu consentimento, visando posterior 
adoção de tal procedimento pelo profissional.
A relação jurídica que se estabelece entre odontólogo e cliente é de 
natureza contratual, já que, ao receber a pessoa em seu consultório, ambos 
estão consentindo em um negócio jurídico equivalente a um contrato, que se 
insere na tutela do Código de Defesa do Consumidor, uma vez que constatada 
a presença dos elementos caracterizadores da relação de consumo: a existência 
de um serviço [objeto], o prestador de serviços e o destinatário final desse 
serviço, o consumidor [sujeitos dessa relação].
No que tange à responsabilidade civil do odontólogo, pelo exercício 
regular da odontologia, esta se submete à regra que a lei consumerista esta-
belece para os profissionais liberais: responderão civilmente dependendo da 
comprovação de culpa em seu agir, pela disposição do art. 14, § 4º, da Lei nº 
8.078/90, o Código de Defesa do Consumidor. Significa dizer que somente 
responderão os odontólogos se agirem com culpa ou dolo no exercício regular 
da profissão, ainda que o resultado não seja aquele buscado e desejado.
Doutrina – Revista Magister de Direito Empresarial Nº 38 – Abr-Maio/2011 55
2O Dever de Informar
Cabe uma análise do que seja o dever de informar e as razões pelas quais 
a informação passa a ser uma obrigação, um ônus do odontólogo no exercício 
da profissão em que presta um serviço.
2.1 Conceito
Em sentido amplo, o dever de informar é a obrigação que têm deter-
minadas pessoas de fornecer conhecimentos sobre determinado produto, 
serviço ou atividade. No caso específico do odontólogo, o dever de informar 
consiste em o profissional prestar explicações sobre detalhes do procedimento 
ou cirurgia a ser adotada, através de detalhamento de atividades e condutas a 
serem realizadas, capaz de fornecer elementos e subsídios que possibilitem 
ao cliente tomar a decisão consciente e segura sobre autorizar ou não a inter-
venção do odontólogo em sua esfera pessoal.
2.2 Fundamento do Dever de Informar
O dever de informar tem sua origem no respeito ao Princípio Consti-
tucional da Dignidade da Pessoa Humana, que, nos estados democráticos de 
direito a partir da Declaração Universal dos Direitos Humanos, e no Brasil, 
notadamente da Constituição Federal de 1988, passa a nortear toda e qualquer 
conduta, atividade ou contrato, pois, a partir da ordem constitucional de 1988, 
é elevado a valor jurídico de extrema importância, com tutela estabelecida no 
1º artigo da chamada “Constituição Cidadã”, exatamente por sua preocupação 
com o cidadão enquanto pessoa humana. Acrescente-se que tal princípio, 
presente hoje em todas as relações privadas, impõe-se como forma de limitar 
o arbítrio estatal, nele se albergando a cláusula geral da boa-fé objetiva, pilar 
do vigente Código Civil, e suas funções integrativas de proteção, cuidado, 
lealdade e esclarecimento, deveres anexos de conduta implícitos em toda e 
qualquer contratação (ROSENVALD, 2007, p. 102-109). Além disso, o dever 
de informar encontra fundamento no Código de Defesa do Consumidor, que 
em seu art. 6º, inciso III, estabelece:
“Art. 6º São direitos básicos do consumidor:
(...)
III – a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e servi-
ços, com especificação correta de quantidade, características, composição, 
qualidade e preço, bem como os riscos que apresentem.”
 Revista Magister de Direito Empresarial Nº 38 – Abr-Maio/2011 – Doutrina56
Observe-se que o aludido artigo se refere a direito básico do consumi-
dor, em relação a serviços e à qualidade da informação.
Com a crescente valorização da pessoa humana, o cliente deixa de ser 
um mero espectador da atividade odontológica, ou mesmo objeto da ciência, 
e se transforma em sujeito de direitos, capaz de influenciar a atuação profis-
sional; e, no uso de sua autonomia existencial, deixa de ser cliente, como já se 
assinalou, passando à qualidade de agente – decidindo ele se deseja ou não se 
submeter à determinada intervenção cirúrgica ou técnica terapêutica indicada 
pelo odontólogo. Assim, é possível exercitar o direito à escolha, elegendo um 
dentre outros procedimentos apresentados pelo odontólogo, qual é aquele 
que melhor atende à sua preferência, ou à sua própria vontade, ou ainda, o 
que poderá lhe causar menos dor ou temor.
Excetuadas, por óbvio, as situações emergenciais em que o profissional 
precisa agir independentemente de consentimento, conforme as circunstâncias 
excepcionais da situação concreta, indispensável se torna agir em sintonia com 
a conduta ética que lhe é imposta por sua consciência e pelo Código de Ética 
Odontológica, em face dos deveres profissionais decorrentes do exercício 
regular da Odontologia.
Segundo lição de Catherine Paley-Vicent (apud STOCO, 2007, p. 553), 
o fundamento jurídico dessa obrigação de informar encontra-se no direito 
que tem a pessoa de dispor de seu próprio corpo, vez que as normas jurídi-
cas mais elevadas, como a Declaração Universal dos Direitos Humanos, lhe 
conferem tal prerrogativa.
Nessa perspectiva, deve-se passar a adotar a nomenclatura “cliente” ou 
mesmo “pessoa”, abandonando-se a noção de “paciente” – que reporta a um 
estado de submissão –, uma vez que se torna sujeito de sua autodetermina-
ção, como agente responsável por suas decisões, respeitando-se, por óbvio, a 
opinião daqueles que optam pela designação paciente.
É fundamental que a pessoa, em razão de seus direitos existenciais, no 
uso de sua autonomia, seja respeitada em sua dignidade humana, condição 
inerente apenas à pessoa humana, seja conduzida à informação clara e precisa, 
a fim de prestar consentimento para qualquer conduta a ser realizada no seu 
próprio corpo ou mente (SCHREIBER, 2007, p. 85-86).
Tem lugar o respeito à opinião e à decisão da pessoa; nesse caso, o pro-
fissional percebe que não pode mais agir sem que extraia seu consentimento 
para a prática de certo procedimento cirúrgico ou terapêutico em sua esfera 
psicofísica.
Doutrina – Revista Magister de Direito Empresarial Nº 38 – Abr-Maio/2011 57
Além dos aspectos já declinados, o próprio Código de Ética Odonto-
lógica1, que delineia a deontologia do odontólogo, disciplinando sua atuação 
profissional, enquanto categoria funcional, prevê, no seu art. 4º, em três in-
cisos, o respeito à dignidade humana do cliente como deveres fundamentais 
dos profissionais:
“Art. 4º Constituem deveres fundamentais dos profissionais inscritos:
(...)
III – zelar pela saúde e pela dignidade do paciente;
IV – guardar segredo profissional;
V – promover a saúde coletiva no desempenho de suas funções, cargos e 
cidadania, independentemente de exercer a profissão no setor público ou 
privado;
(...)
XI – resguardar a privacidade do paciente durante todo o atendimento.”
Além disso, o art. 6º, incisos II, VI e VII, do aludido Código de Ética 
tipifica como infração ética o descumprimento do dever de informação em 
três hipóteses:
“Art. 6º Constitui infração ética:
(...)
II – deixar de esclarecer adequadamente os propósitos, riscos, custos e 
alternativas do tratamento;
(...)
VI – iniciar tratamento de menores sem autorização de seus responsáveis 
ou representantes legais, exceto em casos de urgência ou emergência;
VII – desrespeitar ou permitir que seja desrespeitado o paciente;”
Não resta dúvida de que o Código de Ética Odontológica prestigia os 
princípios da Dignidade da Pessoa Humana e da Boa-fé Objetiva. Inclusive 
o Conselho Federal de Odontologia protege o cliente-consumidor contra 
eventuais abusos decorrentes de veiculação de anúncio, propaganda e publi-
cidade, haja vista sua Resolução nº 71/2006, ao evidenciar a atual perspectiva 
1 Código alterado pelo Regulamento nº 01, de 05 de junho de 1998, cujo texto se baseou no Relatório 
Final da I Conferência Nacional de Ética Odontológica realizada em Vitória-ES, pelo Conselho Federal 
e Conselhos Regionais de Odontologia em 1991. Disponível em: <http://www.cfo.org.br>. Acesso 
em: 13 dez. 2010.
 Revista Magister de Direito Empresarial Nº 38 – Abr-Maio/2011 – Doutrina58
da deontologia odontológica em plena sintonia com as exigências impostas 
pelo ordenamento jurídico no que tange ao respeito à pessoa.
Observe-se decisão do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande 
do Sul2:
“AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS. 
TRATAMENTO CIRÚRGICO BUCOMAXILOFACIAL. VIOLAÇÃO 
DA ÉTICA ODONTOLÓGICA. APLICAÇÃO DO CÓDIGO DE 
DEFESA DO CONSUMIDOR (...) SERVIÇO DEFEITUOSO. VIO-
LAÇÃO AO DEVER DE INFORMAÇÃO. DANO MORAL. LUCROS 
CESSANTES. SERVIÇO INADEQUADO. REEXECUÇÃO DO SER-
VIÇO A EXPENSAS DO FORNECEDOR.” (Disponível em: <http://
www.stj.jus.br>. Acesso em: 15 dez. 2010.)
Como se pode verificar, a decisão do aludido Tribunal admite existência 
de várias condutas indevidas, dentre as quais violação da ética odontológica, 
serviço defeituoso e violação do dever de informar. Além de se determinar 
a aplicação do Código de Defesa do Consumidor, há, ainda, a consequência 
de se exigir a reexecução da cirurgia por outro profissional, comas despesas 
a cargo do primeiro que prestou o serviço defeituoso. Percebe-se que a juris-
prudência caminha na direção de uma reparação civil cada vez mais exigente, 
principalmente em relação ao descumprimento de dever de informar.
2.3 O Dever de Informar como Corolário do Direito à Informação
O dever de informar estabelecido pela vigente ordem constitucional 
e pela dogmática do vigente Código Civil, assim como nas disposições do 
Código de Defesa do Consumidor, decorre diretamente dos princípios da 
Boa-fé Objetiva e da Transparência e, ainda, do direito que tem o consumidor 
de ser informado. Assim, no que respeita à informação, se por um lado há 
o dever de ser fornecida, prestada, por outro, há um direito de ser recebida. 
(NUNES, 2008, p. 52)
Segundo Cavalieri Filho (2008a, p. 83-84), se há um direito básico 
do consumidor à informação, há, em contrapartida, um dever de informar, 
derivado da boa-fé objetiva, “que se traduz na cooperação, na lealdade, na 
transparência, na correção, na probidade e na confiança que devem existir 
nas relações de consumo”.
Isso porque, na atual perspectiva do Direito Civil, como já assinalado, 
o cliente, de objeto da ciência, é alçado à qualidade de sujeito de direitos. 
2 Acórdão da Apelação Cível nº 70006078000, Rel. Des. Adão Sérgio do Nascimento Cassiano, 
j. 17.11.04. 
Doutrina – Revista Magister de Direito Empresarial Nº 38 – Abr-Maio/2011 59
Desse modo, no uso de sua autonomia existencial, passa a ter a faculdade de 
optar se deseja ou não se submeter a determinado tratamento ou cirurgia, 
devendo sua vontade ser respeitada pelo odontólogo. A proteção dessa esfera 
psicofísica encontra-se sob a tutela dos direitos da personalidade, que são 
aqueles decorrentes da proteção constitucional à dignidade da pessoa humana.
Esclarece Rodrigues apud Kfouri Neto (2002, p. 81):
“(...) ao lado dos deveres de tratar, de agir segundo a legis artis, de organizar 
o processo clínico e de observar o sigilo, na consecução do tratamento, o 
médico deve respeitar o cliente, dever este que se desdobra nos de informar; 
confirmar o esclarecimento; obter o consentimento.”
Numa interpretação analógica, aplica-se o disposto ao odontólogo, que 
trabalha com o tratamento da saúde humana tanto quanto o médico, devendo 
respeitar o cliente nas três dimensões que esse respeito comporta, conforme 
citação supra.
É indispensável que sejam conhecidos pelo cliente seu estado geral, 
a natureza, gravidade e extensão da enfermidade que o acomete, suas reais 
chances e possibilidades de cura, a multiplicidade de procedimentos aos 
quais poderá se submeter, os riscos a que será exposto, bem como as possí-
veis consequências advindas do tratamento ou cirurgia. É necessário que as 
informações sejam prestadas de modo a torná-lo apto a fazer sua opção de 
maneira consciente e segura. Deve ainda ser dada oportunidade para perguntas 
e elucidação de eventuais dúvidas.
Tais esclarecimentos devem ser fornecidos diretamente ao cliente, reco-
nhecido como agente de sua própria vontade, capaz de exercer sua autonomia 
existencial, frise-se, através da liberdade de escolha que lhe é conferida. Sub-
sidiariamente, os esclarecimentos deverão ser prestados ao responsável, nos 
casos de menoridade, incapacidade mental, ou quando o cliente se encontrar 
em estado de incapacidade capaz de comprometer a livre manifestação de sua 
vontade em razão de abalos de ordem emocional.
Em seguida, o odontólogo precisa certificar-se de que a informação 
por ele fornecida foi entendida pelo cliente, em linguagem clara e objetiva, o 
suficiente para que tome livremente a decisão que melhor lhe convier.
2.4 O Dever de Aconselhar
Cavalieri Filho (2008a, p. 84), com base na Lei nº 8.078/90, o Código 
de Defesa do Consumidor, assevera que, paralelo ao dever de informar, existe 
o de aconselhar, in verbis:
 Revista Magister de Direito Empresarial Nº 38 – Abr-Maio/2011 – Doutrina60
“Ressalte-se que o dever de informar tem graus que vão desde o dever de 
esclarecer, passando pelo dever de aconselhar, podendo chegar ao dever de 
advertir. É o que se extrai do próprio texto legal. No inciso III do art. 6º o 
Código fala em informação adequada e clara; no art. 8º, fala em informações 
necessárias e adequadas (...).”
No mesmo sentido, Sebastião (ibidem) comenta que o dever para com 
o cliente vai muito além de informar, ultrapassando os limites de fornecer 
informações sobre possíveis riscos e chances de cura, abarcando a ideia de 
aconselhar sobre que opção deve ser por ele escolhida. Como profissional, 
o odontólogo tem uma visão muito mais ampla e profunda sobre o quadro 
clínico que se apresenta, quer por seus conhecimentos técnicos, quer por suas 
experiências profissionais. Tal compromisso encontra fundamento na boa-fé 
objetiva como princípio norteador do vigente diploma civil e no princípio 
da solidariedade consagrado na Carta Magna, pelo qual todos têm dever de 
cuidado em relação à saúde dos semelhantes (LANA; FIGUEIREDO, 2005, 
p. 36-37) – o que também se justifica pela proteção à vida, pois, ao se proteger 
a saúde, está-se, em última análise, a se tutelar a vida humana, já que atual-
mente saúde é muito mais do que ausência de doenças, mas um completo 
bem-estar físico, mental e social (SEBASTIÃO, opus cit., p. 19). Acrescenta 
o aludido doutrinador: “Isto significa que o conceito de saúde extrapola o 
universo biológico individual para se inserir em contexto sociopolítico, com 
toda a complexidade daí decorrente”.
O dever de conselho torna-se ainda mais relevante em face de situações 
de risco, como adverte Dias (2006, p. 337): “Quanto mais perigosa a inter-
venção, tanto mais necessária a advertência do profissional, que responderá 
na medida em que calar ou atenuar os riscos do procedimento operatório ou 
do tratamento”.
Pelo exposto, deve-se entender o dever de aconselhar como uma exten-
são imprescindível do dever de informar, capaz de propiciar uma manifestação 
de consentimento muito mais segura por parte do cliente.
3 O Consentimento Informado
Nas lições de Cavalieri Filho (2008a, p. 83-84), o dever de informar 
possui três requisitos: adequação (meios de informação compatíveis com os 
riscos); suficiência (completa e integral); e veracidade (informação completa 
e real). Comenta ainda:
“Somente a informação adequada, suficiente e veraz, permite o consen-
timento informado, pedra angular na apuração da responsabilidade do 
fornecedor. A informação, como já ressaltado, tem por finalidade dotar o 
Doutrina – Revista Magister de Direito Empresarial Nº 38 – Abr-Maio/2011 61
consumidor de elementos objetivos de realidade que lhe permitam conhe-
cer produtos e serviços e exercer escolhas conscientes.”
O relacionamento odontólogo-cliente deve ser construído sobre a 
confiança e a segurança, tendo o segundo a certeza de que o primeiro está a 
primar por honestidade e lisura em seu agir. Relacionamento que, segundo 
o professor Rosenvald (2007, p. 102-110), deve obedecer aos comandos da 
nova perspectiva dos direitos da personalidade, devendo ser edificado sobre a 
sólida base de proteção, lealdade e esclarecimento, funções dos deveres anexos 
de conduta da Boa-fé Objetiva. Acrescenta ainda que, em virtude do disposto 
no art. 15 do Código Civil, “Ninguém pode ser constrangido a submeter-se, 
com risco de vida, a tratamento médico ou intervenção cirúrgica”, a pessoa 
deve ter liberdade de escolha.
3.1 Conceito
Consentimento, segundo o Dicionário Houaiss (2001, p. 807), “é o ato 
ou efeito de consentir; manifestação favorável a que alguém faça algo; licença; 
manifestação de que se aprova; anuência”. Para Guimarães (2006, p. 203), 
é “ato de consentir; acordo, por manifestação livre da vontade, com outras 
pessoas, para que se forme ato jurídico; assentimento prévio, aquiescência, 
consenso, autorização”.
No caso específico da relaçãojurídica odontólogo-cliente, o consenti-
mento é o ato pelo qual o segundo autoriza o primeiro a determinada atuação 
em sua esfera psicofísica, com o propósito de interferir positivamente, ob-
jetivando melhorar suas condições de saúde. É o aval que o cliente concede 
ao odontólogo para a realização do procedimento terapêutico ou cirúrgico 
que, a seu ver, se faz necessário. Uma vez esclarecidas as possíveis dúvidas do 
cliente, o odontólogo obtém, então, o consentimento para proceder àquela 
determinada conduta.
3.2 Forma 
Segundo Souza (2008, p. 94-96), o consentimento informado pode ser 
apresentado de forma oral, escrita ou presumida. O referido autor salienta que 
a forma escrita é mais recomendável, do ponto de vista legal, pois apresenta 
um formato externo que permite o reconhecimento por outros interessados. 
Na prática, sempre haverá a conjugação desta com a forma oral, até pela com-
plexidade da explanação de certas situações. Já o consentimento presumido 
precisa ser óbvio, fácil de constatar, que, se consultado, o cliente concordaria 
com a prática do ato.
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A forma escrita de fato é muito mais segura e eficaz, uma vez que conterá 
detalhes da informação ao cliente e a manifestação de sua vontade no sentido 
de permitir a intervenção, tornando inequívocos o cumprimento do dever de 
informação e a anuência do cliente. Apresenta, ainda, a grande vantagem de 
conter as formalidades indispensáveis à hipótese de, mais tarde, o odontólogo 
ter que produzir prova em juízo. Nesse caso, o documento que materializa o 
consentimento torna-se uma poderosa prova pré-constituída, uma prova já 
obtida em momento anterior à necessidade que o processo impõe.
Cumpre salientar que a forma escrita não prescinde da conjugação com 
a oralidade, uma vez que, ao solicitar a assinatura no Termo de Consentimento 
Informado, o odontólogo fará uma abordagem detalhada sobre o procedimen-
to a ser adotado, explicando detalhes e esclarecendo sobre a perspectiva de 
sucesso e eventuais consequências e/ou efeitos colaterais, bem como advertir 
sobre os cuidados a serem tomados durante o tratamento.
A forma verbal é usual, porém não oferece segurança àquele que for-
neceu as informações exatamente por não haver nenhum documento capaz 
de comprovar o esclarecimento e consequente permissão para a intervenção. 
Por esse motivo, Kfouri Neto (2002, p. 300) salienta que, adotada essa mo-
dalidade, é recomendável que o ato seja testemunhado, o que, ressalte-se, na 
prática dificulta porque as testemunhas serão pessoas ligadas por um vínculo 
ao cliente ou ao odontólogo, o que os torna suspeitos para testemunhar, fra-
gilizando ou até mesmo invalidando a prova.
Alguns doutrinadores indicam ainda a forma tácita, como aquela em 
que, pela situação fática, o odontólogo possa deduzir que, se submetido à 
escolha, o cliente escolheria exatamente aquela forma de intervenção, quer 
pela simplicidade do procedimento, quer pelo baixo custo se comparado a 
outro de semelhante ou igual resultado. Uma modalidade de consentimento 
não recomendável, já que não possibilita a manifestação de vontade do cliente.
A linguagem utilizada para tal informação deve ser compatível com 
o grau de instrução do cliente, devendo ser o mais clara e objetiva possível.
Cumpre destacar que o consentimento informado não descaracteriza 
a responsabilidade profissional por parte do odontólogo, nos casos em que 
este haja praticado conduta mediante culpa ou dolo, desde que desta decorra 
dano ao cliente.
3.3 O Termo de Consentimento Informado
O vigente Código Civil, em seu art. 15, como já comentado, dispõe que 
ninguém pode ser obrigado a submeter-se com risco a tratamento ou cirurgia, 
Doutrina – Revista Magister de Direito Empresarial Nº 38 – Abr-Maio/2011 63
o que conduz ao raciocínio de que cabe à própria pessoa decidir sobre a pos-
sível intervenção em sua esfera psicofísica. Decisão essa que somente poderá 
ser tomada mediante esclarecimento do odontólogo, a partir do qual o cliente 
autoriza a realização da conduta. Essa anuência do cliente, hoje indispensável 
à atuação profissional, é o chamado Termo de Consentimento Informado.
Trata-se do formato escrito, materializando o assentimento do cliente 
à adoção de determinada técnica ou procedimento, mediante esclarecimento 
do odontólogo. Nada mais é do que um documento no qual o cliente declara 
ter sido devidamente informado e haver prestado seu consentimento para a 
prática de certa conduta ou modalidade terapêutica, ou mesmo intervenção 
cirúrgica, em seu próprio corpo, em sua esfera pessoal.
Consiste em um documento autônomo e destacado do contrato de pres-
tação de serviços em que são avençados os valores e as condições de pagamen-
to, prestando-se somente às informações necessárias à atuação profissional. 
Deve conter, além dos detalhes do procedimento a ser realizado, a data em 
que foram fornecidas as informações, dia e hora marcados para a realização da 
intervenção terapêutica ou cirúrgica, a necessidade de um assistente conforme 
a complexidade do caso, bem como os procedimentos a serem utilizados. É 
indispensável que o contratante date e ponha sua assinatura no termo, sendo 
recomendável que se proceda ao reconhecimento de firma, quando se tratar 
de cliente desconhecido pelo odontólogo.
Importante destacar que o Termo de Consentimento Informado é 
um documento que se presta a demonstrar que houve o esclarecimento e a 
posterior anuência do cliente para a adoção de certa técnica ou procedimento 
terapêutico ou cirúrgico.
Quanto mais minucioso e detalhado o documento, mais seguro para o 
odontólogo, uma vez que poderá ganhar especial relevância quando admiti-
do nos autos de um processo como prova pré-constituída, nas hipóteses em 
que o odontólogo precisar demonstrar em juízo não haver violado o dever 
de informação.
Esclarece-se, porém, que o Termo de Consentimento Informado poderá 
apresentar efeito contrário, fazendo prova desfavorável ao odontólogo nos casos 
em que, através da análise do teor do documento, se possa identificar a existên-
cia de erro quanto ao procedimento adotado ou falhas da própria informação.
4 A Relação Jurídica Odontólogo-Cliente
A relação jurídica odontólogo-cliente é de natureza evidentemente 
contratual, pois, ao atendê-lo em seu consultório, acordando detalhes sobre 
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o tratamento ou cirurgia, tacitamente ambos estão assumindo postura com-
patível com uma contratação. Estabelece-se, então, um liame, uma ligação 
entre ambos, gerando obrigações para ambas as partes, caracterizando o 
sinalagma contratual: por um lado, o odontólogo se compromete aceitando 
a obrigação de prestar o serviço; por outro, o cliente assume a obrigação de 
pagar o valor avençado. Nesse caso, qualquer das partes – ou ambas – pode 
exigir o cumprimento e a execução desse contrato, que será plenamente válido, 
independentemente de formalizá-lo em documento escrito, pelo princípio 
do consensualismo das formas que rege a prova em Direito Civil, já que tal 
contrato se aperfeiçoa com a simples manifestação de vontade, não exigindo 
a lei formalidade especial para sua realização.
4.1 Natureza Consumerista da Relação Jurídica
Tais obrigações se amoldam ao conceito da relação jurídica consume-
rista, assim entendida como aquela submetida, por óbvio, à disciplina da Lei 
nº 8.078/90, o Código de Defesa do Consumidor, que em seu art. 2º exige, 
como elementos caracterizadores dessa relação, um serviço a ser prestado e 
um acordo estabelecido entre duas partes contratantes: o odontólogo, como 
prestador de serviços, e a pessoa (cliente), como destinatário final deste ser-
viço, portanto, consumidor.
4.2 Responsabilidade Civil
Como já dito, excetuadas as hipóteses de atendimentosemergenciais, 
o odontólogo terá responsabilidade civil contratual, cujo cumprimento pode 
ser uma obrigação de meio ou obrigação de resultado. Enquanto desta se exige 
alcance de efeito satisfatório, desejado, para o adimplemento daquela exige-se 
apenas que o profissional empreenda todos os esforços na busca da consecução 
de resultado positivo. A maioria da doutrina entende que o odontólogo possui 
obrigação de meio, bastando zelo na realização das cirurgias e tratamentos, não 
se exigindo a efetiva cura. Porém, em relação às contratações que envolvam 
estética, tal obrigação será de resultado, exigindo-se o efeito desejado, como 
no caso de colocação de pivô ou feitura de uma jaqueta. (DINIZ, 2008, p. 
324). No mesmo sentido, Gagliano e Pamplona Filho (2006, p. 224), in verbis:
“Em nossa opinião, a atividade odontológica pode ser considerada de re-
sultado, se tiver apenas fins estéticos. Entretanto, determinadas interven-
ções para tratamento de patologias bucais deverão, por óbvias razões, ser 
enquadradas na categoria de ‘obrigações de meios’, dada a impossibilidade 
de garantir o restabelecimento completo do cliente.”
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Terão os odontólogos, em decorrência da responsabilidade civil contra-
tual que estabelecem com seus clientes, tendo em vista posição da doutrina 
amplamente majoritária, obrigação de meio, e não de resultado. Significa dizer 
que o profissional terá uma atuação isenta de culpa, não merecendo censura 
em sua conduta (o que afasta sua responsabilidade civil), se o contrato foi 
cumprido tendo ele se cercado de todas as cautelas, empreendendo todos os 
esforços para obtenção de resultado positivo, observando o dever de cuidado, 
ainda que não tenha alcançado o sucesso esperado.
A responsabilidade civil do odontólogo, como profissional liberal que 
é, será subjetiva, isto é, condicionada à existência de culpa em seu atuar, o 
que equivale dizer que por suas condutas no exercício regular da atividade 
profissional, por seus atos e erros cometidos, será submetido à disciplina da 
Lei Federal nº 8.078/90, o Código de Defesa do Consumidor. Esta estabelece 
em seu art. 14, § 4º, que os profissionais liberais responderão civilmente, 
dependendo da análise e comprovação de culpa em seu agir.
5 Responsabilidade Civil Decorrente da Violação do Dever de 
Informar
Sabe-se que a responsabilidade civil é uma obrigação sucessiva (CA-
VALIERI FILHO, 2008b, p. 2)3, pois pressupõe o descumprimento de uma 
outra, reputada originária ou primária. Assim, a obrigação de reparar um dano 
somente pode ter origem a partir da violação de uma obrigação anterior. Nesse 
caso, nasce o direito à reparação (obrigação sucessiva) quando a violação do 
dever de informação (obrigação originária) causa dano ao cliente.
No tocante à responsabilidade civil decorrente da violação do dever de 
informar, a doutrina pátria e a jurisprudência assinalam uma responsabilidade 
civil subjetiva, fundada na comprovação de culpa.
A doutrina categoriza o descumprimento do dever de informação como 
conduta culposa, conforme atestam Kfouri Neto (2002, p. 297) e Cavalieri 
Filho (2008b, p. 377-378), no que é acompanhada pela jurisprudência4. A 
conduta culposa, assim entendida como aquela em que o agente, inobservando 
o dever de cuidado, se conduzindo de modo a merecer censura da sociedade, 
admite três modalidades: a imprudência, a imperícia e a negligência. A que 
interessa para efeitos do caso em comento é a última, a negligência, que se 
3 Diz Cavalieri Filho, in verbis: “(...) toda conduta humana que, violando dever jurídico originário, causa 
prejuízo a outrem é fonte geradora de responsabilidade civil”.
4 REsp 436.827/SP, j. 01.10.02, 4ª T. do STJ, Rel. Min. Ruy Rosado de Aguiar; Apelação Cível nº 
70024182974, j. 24.09.08, TJRS.
 Revista Magister de Direito Empresarial Nº 38 – Abr-Maio/2011 – Doutrina66
caracteriza por uma omissão, especificamente, pela inobservância do dever 
de informar.
Isso porque, ao deixar de informar, comete uma conduta culposa 
omissiva, faltando com o dever objetivo de cuidado que a lei estabelece. Ou 
seja, ele deixa de informar o que o ordenamento jurídico lhe impõe como 
obrigação, cometendo ato ilícito na forma do art. 186 do Código Civil: 
“Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, 
violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, 
comete ato ilícito”.
Como nas demais situações em que se reconhece direito à reparação, é 
indispensável que se certifique presentes os pressupostos da responsabilidade 
civil: o ato ilícito, aqui caracterizado pela omissão de informação; o dano ex-
perimentado pelo cliente, sem o qual não há de se falar em responsabilidade 
civil; a culpa, em sua modalidade negligência; e o nexo de causalidade, assim 
entendido como o liame capaz de ligar o dano à conduta de supressão do 
dever de informação.
O Min. Ruy Rosado de Aguiar, em acórdão do Superior Tribunal de 
Justiça, na qualidade de relator, assenta que, nos casos mais graves, a ausên-
cia do consentimento informado pode significar negligência no exercício 
profissional.
Em artigo disponível em site jurídico, pode-se encontrar comentário da 
autora capaz de respaldar o que se tem apresentado: “ortodontista é condenado 
a indenizar cliente por falta de informação sobre cirurgia de maxilar (...) a 
cliente será ressarcida de todas as consultas que precisou realizar em busca de 
novos diagnósticos” – julgado pela 14ª Vara Cível de Brasília (YOSHIKAWA, 
2008).
Observe-se outro julgado do Superior Tribunal de Justiça, o Agravo 
de Instrumento nº 632.460/RJ, de processo em grau de recurso no Tribunal 
de Justiça/RJ (2004/0137668-1), decisão que fundamenta a reparação civil na 
prestação de serviço defeituoso e no descumprimento do dever de informar, 
25.01.05, Rel. Min. Aldir Passarinho Junior:
“RESPONSABILIDADE CIVIL. PROFISSIONAL LIBERAL. ODON-
TÓLOGO. RELAÇÃO DE CONSUMO. DEFEITO NA PRESTAÇÃO 
DE SERVIÇO: considerando que coube ao odontólogo/réu a decisão sobre 
o tratamento a ser ministrado à autora, sua cliente, assumiu, em conse-
quência, o risco do resultado. (...) Assim, não poderia a cliente continuar 
confiando no mesmo profissional, pois apesar de ter tido a oportunidade 
de melhor exame do trabalho a executar, manteve-o, dando causa ao re-
sultado. Note-se que não referiu o réu à autora sobre a possibilidade de os 
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dentes definitivos caírem. Limitou-se a dizer-lhe que o trabalho não seria 
executado a contento, deixando de informá-la sobre os graves riscos do 
tratamento, logo, agindo com culpa.” (Disponível em: <http://www.stj.
jus.br>. Acesso em: 16 dez. 2010.)
Pode-se vislumbrar outro aspecto que amplia as hipóteses de incidên-
cia da culpa, a partir do que comenta Lorenzetti apud Kfouri Neto (2002, p. 
302), ao afirmar que a ausência de consentimento constitui, por si só, lesão 
autônoma, danosa e passível de indenização. Acrescenta, ainda, que a culpa 
surge não somente pela falta de informação, mas também pela informação 
incorreta (ibidem, p. 303), não se devendo esquecer que a informação incom-
pleta também enseja responsabilidade civil.
Importante salientar, ainda, que a ausência do consentimento informado 
gera para o odontólogo a obrigação de reparar, mesmo que o dano experi-
mentado seja uma decorrência natural da prática ou procedimento eleito para 
aquele caso concreto. Para ele, profissional, certo resultado pode ser tido como 
previsível, natural e decorrente do tratamento ou cirurgia. Já para a pessoa, 
que não possui tais conhecimentos específicos, pode parecer absolutamente 
inesperado. Por esse motivo, deve ser ele informado das consequências e 
possíveis desdobramentos. Isso porque o odontólogo possui conhecimentos 
técnicose científicos capazes de prever situações e consequências que a pessoa 
sequer terá condições de vislumbrar não fosse a informação e o esclarecimento 
fornecidos de forma clara, objetiva e segura, como já se observou5. Saliente-
se que é necessário que o odontólogo observe o grau de cultura da pessoa, 
seu nível socioeducacional, a fim de que a linguagem seja adequada ao seu 
entendimento.
6 Notas Conclusivas
O dever de informar decorre diretamente do respeito à Dignidade da 
Pessoa Humana, que, mais que um princípio, se tornou um axioma norteador 
de todo o ordenamento jurídico. Desse princípio basilar e imprescindível, de-
corre o da boa-fé objetiva e seus deveres anexos de informação, transparência, 
lealdade e proteção em relação à contraparte contratual.
A pessoa, com atributos existenciais que somente aos humanos são 
inerentes, passa de objeto da ciência a sujeito capaz de decidir, no uso de sua 
autonomia existencial, sobre seu destino. Conquista a faculdade de prestar ou 
5 Exemplo que melhor ilustra tais considerações é o julgado da Apelação Cível nº 20.632/99 do TJRJ, 
Rel. Des. Roberto Wider (CAVALIERI FILHO, 2008, p. 378).
 Revista Magister de Direito Empresarial Nº 38 – Abr-Maio/2011 – Doutrina68
não o seu consentimento para qualquer intervenção cirúrgica ou terapêutica 
em sua esfera psicofísica.
O odontólogo, compreendendo a nova perspectiva dos direitos da 
personalidade, deve explicar minuciosamente ao seu cliente qual o proce-
dimento indicado para seu caso e, após esclarecer possíveis dúvidas, extrair 
seu consentimento para a prática deste. Alguns doutrinadores vão além, 
asseverando que o profissional tem, além do dever de informação, também 
o de aconselhamento sobre qual é o melhor procedimento a ser escolhido, 
tomando-se por base sua experiência profissional e os princípios da boa-fé 
objetiva e da solidariedade, que de todos os cidadãos exige o dever de zelar 
pela saúde e bem-estar do seu próximo.
Nessa perspectiva, a deontologia odontológica, caminhando em plena 
sintonia com as garantias constitucionais conferidas ao cliente, na qualidade de 
pessoa e de consumidor, cuida estabelecer no Código de Ética Odontológica 
normatização referente ao dever de informação e outras que materializam o 
respeito à sua condição de pessoa e à sua dignidade.
Assim, a violação do dever de informar importa ao odontólogo, além 
de infrações funcionais em decorrência do desrespeito ao Código de Ética, a 
responsabilização civil por danos experimentados pelo cliente. Segundo a dou-
trina, tal descumprimento enseja responsabilidade subjetiva, reconhecendo-
se culpa na modalidade negligência, evidenciada por um não fazer, por uma 
omissão, caracterizada pela ausência de informação imposta pelo ordenamento 
jurídico e não fornecida pelo odontólogo.
Desse modo, comprovada a conduta do odontólogo, o dano, o liame 
entre esse e aquela e a culpa decorrente da ausência de informação, estão 
presentes os pressupostos hábeis a conduzi-lo à obrigação de reparar o dano 
experimentado pelo cliente. Tem-se ainda que a informação deve ser detalha-
da, ampla e correta, de forma a proporcionar ao cliente segurança ao prestar 
seu consentimento. Vale dizer, ainda, que o odontólogo pode vir a responder 
civilmente não só pela ausência de informação, mas quando esta fornecida 
de modo incorreto ou insuficiente.
Por derradeiro, cumpre destacar a importância do Termo de Consen-
timento Informado como prova pré-constituída para uma futura demanda 
judicial, caso em que se torna poderoso instrumento de defesa do odontólogo, 
razão pela qual se aconselha, para sua maior segurança, adotar a forma escrita 
de obtenção do consentimento, sem prejuízo de todos os esclarecimentos 
verbais que se fizerem necessários.
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TITLE: Informed consent – aspects of the legal relationship between dentist-customer under the focus 
of the civil liability and the Consumer Law.
ABSTRACT: From the movement of repersonification or recovery of the person as a result of the 
Constitutional Principle of Human Dignity, the liberal professional will adopt in relation to his client, 
conduct that enforce the respect to his existential autonomy, since the same crossed the line of a mere 
spectator in his sphere of psycho-physical interventions, achieving the quality of subject, able to influence 
the professional practice through his right to refer the decision on whether or not a certain treatment or 
surgical intervention, the reason he is going to treat him as a customer – and no longer patient – in order to 
highlight the quality of staff of his own choices. For the decision to be safe and aware, the dentist needs 
to inform the person about his condition and his real possibilities, to then extract his consent to action in 
his personal sphere. The aim of this paper is to demonstrate the importance of informed consent as an 
effective instrument to rule out the civil liability arising from the duty to inform.
KEYWORDS: Self-Determination of the Person. Consumer Transaction. Duty to Inform. Violation.
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