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PONTÍFICIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO 
Faculdade de Direito 
 
Teologia em Dialogo com o Direito 
Fernando Altemeyer Junior 
 
Leticia Aguiar de Souza | RA00201601 | NA2 
 
Seminário Virtudes: JUSTIÇA 
 
1. Definição 
É próprio da justiça, entre todas as demais virtudes, ordenar o homem nas 
coisas que se relacionam a outro. A justiça, como o próprio nome denota, importa 
numa certa equalidade, já que vulgarmente dizemos ajustar as coisas que entre si 
adequamos; ora, toda equalidade é dita em relação a outro. À justiça pertence, pois, 
dar a cada um o que é de seu direito. 
Platão afirmava que a justiça é a virtude daquele que estabeleceu o equilíbrio 
entre o espírito (mous), honra pessoal (thymos) e desejo (epithynia) que imprime 
assim uma característica da alma. O Catecismo da Igreja Católica define a justiça 
como a virtude que consiste na vontade constante e firme de dar a Deus e ao próximo 
o que Lhe é devido. São duas referências: ser justo para com Deus e para com o 
próximo. Uma não pode ser menos que a outra, pois as duas andam juntas. A virtude 
está na pessoa, seja com Deus ou com o próximo a atitude é a mesma. Uma pessoa 
justa é aquela que faz jus ao seu próprio ser. 
A justiça regula nossa convivência, possibilita o bem comum, defende a 
dignidade humana e respeita os direitos humanos. É da justiça que brota a paz. Sem 
a justiça nem o amor é possível. É a virtude da vida comunitária e social que se rege 
pelo respeito à igualdade da dignidade das pessoas. 
A justiça se diz em dois sentidos: como conformidade ao direito (jus, em latim) 
e como igualdade ou proporção. O justo, inversamente, será aquele que não viola 
nem a lei nem os interesses legítimos de outrem, nem o direito (em geral) nem os 
direitos (dos particulares), em suma, aquele que só fica com a sua parte dos bens, 
explica Aristóteles, e com toda a sua parte dos males. A justiça situa-se inteira nesse 
duplo respeito à legalidade, na Cidade, e à igualdade entre indivíduos: “o justo é o que 
é conforme a lei e o que respeita a igualdade, e o injusto o que é contrário à lei e o 
que falta com a igualdade.” 
2. Justiça e Politica 
A justiça política legal é a realização das leis da polis, portanto, como cada lugar 
tem suas leis esta justiça não é igual em todas as partes, pois os valores de cada povo 
são diferentes e mudam também com o passar do tempo. Com a justiça política natural 
é diferente, pois esta é identificada com as relações justas dentro da sociedade, 
fundadas na igualdade e na honestidade, e estas não mudam de forma alguma, 
permanecem eternas e iguais em todos os lugares e épocas. 
Aristóteles divide a justiça em duas espécies: geral e particular. A justiça geral 
é representada pela lei, e a lei será justa porque refletirá as normas do Direito Natural, 
e estabelecerá a igualdade. Segundo a justiça particular um homem será justo à 
medida que pratique a igualdade, igualdade esta prescrita na lei. 
3. Justiça e Direito 
Interessante notar que na maior parte de seu livro Ética a Nicômaco, o filósofo 
Aristóteles, não fala diretamente do Direito, mas se refere a ele de duas formas: na 
primeira, Aristóteles fala em “as leis”, com as quais claramente expressa “o Direito”, 
nesse caso o Direito é a justiça legal, é o Direito legal, complementado pela equidade; 
na segunda, se refere ao Direito como superior à justiça legal e critério desta, 
caracterizando assim o Direito Natural. 
Quando se refere à justiça política, Aristóteles faz bem esta distinção 
sustentando que a justiça geral muda de lugar para lugar e de tempos em tempos, é 
o Direito legal, mas a justiça particular está em todo lugar e impõe sua força, se 
identificando ou não com o Direito legal, é o Direito natural. 
Sob a ótica jurídica moderna, observa-se que a Justiça em si, bem como o 
Direito, não são mera técnica de aplicação mecânica de norma positivadas, mas que 
são também técnica da equidade, da utilidade e da ordem social, segundo as 
virtudes da convivência humana, conforme teorizou Aristóteles. 
 
4. Justiça e o Operador do Direito 
A priori, sabemos que as parcelas do poder que são conferidas aos senhores 
operadores do direito são ferramentas de grande valia para uma nação mais justa e 
equilibrada. 
Neste mesmo ínterim, entende-se que os operadores do direito tem que ter 
consciência de que são instrumento do poder e saber o que papel estão cumprindo; 
se estão atrelados à clássica ideologia da neutralidade/imparcialidade, serão um 
mero instrumento funcional do Poder político/positivo/legislado e realizadores das 
hipertrofias jurídicas e normativas vazias; contudo se desejam, superar tal ideologia, 
devem ter consciência ética-moral das suas tarefas, constitucionalizando-se e 
transformando-se assim em instrumento de conexão do direito à Justiça e 
consequentemente em instrumento de transformação social. 
Figura singular a do advogado, a um tempo servidor da justiça, assistente 
técnico e procurador do cliente. Seu traço característico é o de servir à justiça, como 
técnico do direito. E porque serve ao Estado, e porque função específica deste é a 
de fazer justiça, no exercício de sua profissão exerce o advogado um munus 
público. Por reconhecer-lhe essa característica é que o Estado lhe confere o 
privilégio do exercício do ius pstulandi. 
 
5. Referências 
A Educação Segundo - A Filosofia Perene - Capítulo V. Disponível Em: 
<Http://Www.Cristianismo.Org.Br/Efp5-14.Htm>. Acesso em: 15/11/2017. 
BRAIAN, Arthur. JusBrasil. Disponível em: 
<https://arturbraian.jusbrasil.com.br/artigos/202904885/aristoteles-a-justica-como-
virtude>. Acesso em: 15/11/2017. 
GOMES, Milton Carvalho. Conteúdo Jurídico. Disponível em: 
<http://www.conteudojuridico.com.br/artigo,a-relacao-entre-justica-e-direito-no-
pensamento-de-aristoteles,41226.html>. Acesso em: 15/11/2017. 
SPONVILLE, André Comte. Pequeno Tratado das Grandes Virtudes. Ed. Martins 
Fontes, São Paulo, 1999.

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