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Olá aluno (a)! Bom Dia! Nosso objetivo hoje é comentar a prova de direito civil do concurso de Analista de Comércio Exterior realizada no último domingo. A prova veio sem maiores dificuldades e, infelizmente (a nosso ver), ajudou aqueles que apenas decoraram a letra da lei, pois, fugindo um pouco aos padrões ESAF, em quase todas as questões o erro ou o acerto estava associado à literalidade do Código. Tivemos 2 questões relacionadas a LINDB (20%) e sentimos, também, a falta de questões relacionadas à pessoa natural (capacidade e incapacidade) e aos direitos da personalidade. O importante na resolução desta prova era a leitura com calma e atenção, porque, mesmo nas questões que envolviam maior nível de conhecimento, havia sempre uma alternativa que “entregava o jogo”. Aparentemente as questões 56, 59 e 60 podem levantar dúvidas, no entanto acreditamos que, exceto pela questão 59, não há grandes possibilidades de anulações ou alterações de gabarito. Prova ACE (MDIC) – Prova 1. Gabarito 1. ESAF/ACE/MDIC/2012 51- A propósito do início da vigência da lei, todas as afirmativas abaixo são verdadeiras, exceto. a) A contagem do prazo para entrada em vigor das leis que estabeleçam período de vacância far-se-á com a inclusão da data da publicação e do último dia do prazo, entrando em vigor no dia subsequente à sua consumação integral. b) Salvo disposição em contrário, a lei começa a vigorar em todo o território nacional quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada. c) As emendas ou correções à lei que já tenha entrado em vigor não serão consideradas lei nova. d) Se, durante a vacatio legis, vier a lei a ser corrigida em seu texto, que contém erros materiais ou falhas de ortografia, ensejando nova publicação, os prazos mencionados nos itens anteriores começam a correr da data da nova publicação. e) Nos estados estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida, inicia-se três meses depois de oficialmente publicada. Questão relativamente fácil, lembrando que estas questões relacionadas à vigência foram bastante trabalhadas em aulas. LINDB art. 1, § 4o As correções a texto de lei já em vigor consideram-se lei nova. Gabarito preliminar letra C. ESAF/ACE/MDIC/2012 52- Assinale a opção incorreta sobre as formas de revogação da lei. a) A revogação expressa é, algumas vezes, singular, taxativa e refere-se especialmente à disposição abolida. b) A derrogação ocorre quando a nova lei regula toda a matéria, que era regulada pela lei precedente, caso em que a revogação desta é sempre total. c) A revogação tácita, que também é chamada de indireta, pode verificar-se de dois modos diversos, um deles ocorre quando a lei nova encerra disposições incompatíveis com as da anterior, podendo a revogação ser parcial. d) A revogação expressa pode também ser geral, compreensiva e aplicar-se a todas as disposições contrárias, sem individualização. e) A sucessiva ab-rogação de uma lei, que ab-rogou outra anterior, não faz ressurgir a anterior, nem mesmo no caso em que não tenha sido promulgada outra lei nova. A alternativa B está incorreta, pois se a lei nova regula inteiramente a matéria estaremos diante de revogação total e a revogação total chama-se Ab-rogação e não derrogação. Macete explicado em aula TOTALAB. Gabarito preliminar letra B. ESAF/ACE/MDIC/2012 53- Assinale a opção incorreta. a) O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a sua residência com ânimo definitivo. b) O domicílio da pessoa natural, quanto às relações concernentes à profissão, será considerado o lugar onde esta é exercida. c) Nos contratos escritos, não poderão os contratantes especificar como domicílio o lugar onde exerçam e cumpram os direitos e obrigações deles resultantes. d) Tendo a pessoa jurídica diversos estabelecimentos em lugares diferentes, cada um deles será considerado domicilio para os atos nele praticados. e) Quanto às pessoas jurídicas, o domicílio do município é o lugar onde funcione a administração municipal. Questão literal: Art. 70. O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a sua residência com ânimo definitivo. Art. 72. É também domicílio da pessoa natural, quanto às relações concernentes à profissão, o lugar onde esta é exercida. Art. 78. Nos contratos escritos, poderão os contratantes especificar domicílio onde se exercitem e cumpram os direitos e obrigações deles resultantes. Art. 75. Quanto às pessoas jurídicas, o domicílio é: I – da União, o Distrito Federal; II – dos Estados e Territórios, as respectivas capitais; III – do Município, o lugar onde funcione a administração municipal; IV – das demais pessoas jurídicas, o lugar onde funcionarem as respectivas diretorias e administrações, ou onde elegerem domicílio especial no seu estatuto ou atos constitutivos. § 1o Tendo a pessoa jurídica diversos estabelecimentos em lugares diferentes, cada um deles será considerado domicílio para os atos nele praticados. Gabarito preliminar letra C. ESAF/ACE/MDIC/2012 54- Sobre as pessoas jurídicas, assinale a opção correta. a) São livres a criação, a organização, a estruturação interna e o funcionamento das organizações religiosas, cabendo ao poder público conceder ou negar-lhes reconhecimento ou registro dos atos constitutivos e necessários ao seu funcionamento. b) São pessoas jurídicas de direito público interno a União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios, as autarquias, inclusive as associações públicas, as fundações e os partidos políticos. c) São pessoas jurídicas de direito privado, entre outras, as sociedades civis, religiosas, científicas, literárias e todas as pessoas que forem regidas pelo direito internacional. d) As pessoas jurídicas são de direito público, interno ou externo, e de direito privado. e) Prescreve em três anos o direito de anular a constituição das pessoas jurídicas de direito privado, por defeito do ato respectivo, contado o prazo da publicação de sua inscrição no registro. a. Art. 44 § 1o São livres a criação, a organização, a estruturação interna e o funcionamento das organizações religiosas, sendo vedado ao poder público negar-lhes reconhecimento ou registro dos atos constitutivos e necessários ao seu funcionamento. b. Fundações (não públicas) e os partidos políticos são pessoas jurídicas de direito privado. (tema recorrente ESAF) c. Art. 42. São pessoas jurídicas de direito público externo os Estados estrangeiros e todas as pessoas que forem regidas pelo direito internacional público. d. Correta. e. art. 45 Parágrafo único. Decai em três anos o direito de anular a constituição das pessoas jurídicas de direito privado, por defeito do ato respectivo, contado o prazo da publicação de sua inscrição no registro. (outro tema recorrente). Gabarito preliminar letra D. ESAF/ACE/MDIC/2012 55- Sobre as diferentes classes de bens, estão corretas todas as afirmações, exceto. a) Os bens naturalmente divisíveis não podem tornar-se indivisíveis por vontade das partes. b) Os bens considerados em si mesmos podem ser imóveis ou móveis, fungíveis e consumíveis, divisíveis, singulares e coletivos ou indivisíveis, singulares e coletivos. c) No sentido jurídico, os bens são considerados valores materiais ou imateriais e que, por tal qualidade, podem ser objeto de uma relação de direito. d) Coisas e bens são conceitos que não se confundem, embora a coisa represente espécie da qual o bem é o gênero. A honra, a liberdade, a vida, entre outros, representam bens sem, no entanto, serem consideradas coisas. e) As coisas e os bens constituem o patrimônio de uma pessoa, porém, ao direito somente interessam coisas suscetíveis de apropriação, isto é, que sejam economicamente apreciáveis. Incorreta letra A. Art. 88. Os bens naturalmente divisíveis podem tornar-se indivisíveis por determinação da lei ou por vontade das partes. As demais alternativas encontram respaldo na doutrina e se você tivesse cuidado observaria que, de certa forma, mantêm relação entre si. Gabarito preliminar letra A. ESAF/ACE/MDIC/201256- Assinale a opção incorreta. a) Bens públicos são os bens do domínio nacional, pertencentes às pessoas jurídicas de direito público interno. Os demais são particulares, seja qual for a pessoa a que pertencerem. b) Não dispondo a lei em contrário, consideram-se bens dominicais os bens pertencentes às pessoas jurídicas de direito público a que se tenha dado estrutura de direito privado. c) São públicos os bens de uso comum do povo, como os rios, mares, estradas, praças; os de uso especial, como os edifícios e terrenos destinados a serviço ou estabelecimento da Administração Pública, e os dominicais. d) Os bens de uso comum são inalienáveis; já os dominicais podem ser alienados, desde que cumpridas as exigências legais. e) O uso comum dos bens públicos é gratuito, não podendo a entidade a cuja administração pertencerem, estabelecer de forma diversa. Fomos questionados por e-mail quanto à possibilidade de erro na alternativa "a", tendo em vista a existência de bens que podem ser classificados como públicos embora pertencentes a pessoas jurídicas de direito privado. Tal questionamento é de certa forma procedente podendo ser baseado na Jornada IV STJ 287: “O critério da classificação de bens indicado no CC 98 não exaure a enumeração dos bens públicos, podendo ainda ser classificado como tal o bem pertencente a pessoa jurídica de direito privado que esteja afetado à prestação de serviços públicos”. Como a questão não especifica se a afirmativa é baseada no Código, na doutrina ou na jurisprudência, acreditamos que existe a possibilidade de recurso, mesmo sendo a alternativa a literalidade da lei: Art. 98. São públicos os bens do domínio nacional pertencentes às pessoas jurídicas de direito público interno; todos os outros são particulares, seja qual for a pessoa a que pertencerem. Quanto ao erro da alternativa “e” não há dúvidas: Art. 103. O uso comum dos bens públicos pode ser gratuito ou retribuído, conforme for estabelecido legalmente pela entidade a cuja administração pertencerem. Gabarito preliminar letra E. ESAF/ACE/MDIC/2012 57- Sobre os defeitos do negócio jurídico, assinale a opção incorreta. a) A coação, para viciar a declaração de vontade, há de ser tal que incuta ao paciente fundado temor de dano iminente e considerável à sua pessoa, à sua família, ou aos seus bens. b) O erro é substancial quando concerne à qualidade essencial da pessoa a quem se refira a declaração de vontade, desde que tenha influído nesta de modo relevante. c) Poderá ser anulado o negócio jurídico por dolo de terceiro se a parte a quem aproveite dele tivesse ou devesse ter conhecimento; em caso contrário, ainda que subsista o negócio jurídico, o terceiro responderá por todas as perdas e danos da parte a quem ludibriou. d) Ocorre a lesão quando alguém, premido da necessidade de salvar-se, ou a pessoa de sua família, de grave dano conhecido pela outra parte, assume obrigação excessivamente onerosa. e) Não se considera coação a ameaça do exercício normal de um direito, nem o simples temor reverencial. A alternativa “D” traz a definição de estado de perigo: Art. 156. Configura-se o estado de perigo quando alguém, premido da necessidade de salvar-se, ou a pessoa de sua família, de grave dano conhecido pela outra parte, assume obrigação excessivamente onerosa. A resposta a esta questão estava em nossa Aula Estratégica: Estado de perigo – estado de necessidade – risco pessoal (“perigo à vida”). Lesão - estado de necessidade – risco patrimonial – ou inexperiência. Gabarito preliminar letra D. ESAF/ACE/MDIC/2012 58- Sobre a validade do negócio jurídico, assinale a opção correta. a) A incapacidade relativa de uma das partes não pode ser invocada pela outra em benefício próprio, pois aproveita aos cointeressados capazes, salvo se for indivisível o objeto do direito ou da obrigação comum. b) A escritura pública é essencial à validade dos negócios jurídicos que visem à constituição, transferência, modificação ou renúncia de direitos reais sobre imóveis de valor superior a trinta vezes o salário mínimo vigente, exceto se a lei dispuser em contrário. c) A validade das declarações de vontade dependerá de forma especial, e se atenderá mais ao sentido literal da linguagem do que à intenção nelas consubstanciada. d) A impossibilidade inicial do objeto invalida o negócio jurídico se for relativa, ou se cessar antes de realizada a condição a que ele estiver subordinado. e) O silêncio importa anuência, quando as circunstâncias ou os usos o autorizarem, e for necessária a declaração de vontade expressa. a. Art. 105. A incapacidade relativa de uma das partes não pode ser invocada pela outra em benefício próprio, nem aproveita aos co-interessados capazes, salvo se, neste caso, for indivisível o objeto do direito ou da obrigação comum. b. CORRETA Art. 108. Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é essencial à validade dos negócios jurídicos que visem à constituição, transferência, modificação ou renúncia de direitos reais sobre imóveis de valor superior a trinta vezes o maior salário mínimo vigente no País. c. Art. 106. A impossibilidade inicial do objeto não invalida o negócio jurídico se for relativa, ou se cessar antes de realizada a condição a que ele estiver subordinado. d. A validade das declarações de vontade somente dependerá de forma especial se a lei exigir e se atenderá mais a intenção do que ao sentido literal da linguagem (arts 107 e 112) e. Art. 111. O silêncio importa anuência, quando as circunstâncias ou os usos o autorizarem, e não for necessária a declaração de vontade expressa. Gabarito preliminar letra B. ESAF/ACE/MDIC/2012 59- Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. Não pratica ato ilícito: a) o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes. b) o que pratica o ato no exercício regular de um direito reconhecido. c) aquele que age em legítima defesa, mesmo causando dano a outrem. d) aquele que provoca a deterioração da coisa alheia ou lesão a pessoa a fim de remover perigo iminente. e) todas as opções estão corretas. Questão bastante confusa, principalmente levando em consideração a literalidade das outras questões. Passível de recurso: Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes. (trata-se do abuso de direito) A qualificação do Abuso de direito sempre foi polemica na doutrina, mas vejamos o que diz Caio Mario da Silva Pereira, em sua obra Instituições de Direito Civil: “ … o Código Civil de 2002 consagra, no art. 187, a teoria do abuso de direito, qualificando-o na conceituação genérica do ato ilícito” Segundo Carlos Roberto Gonçalves (Direito Civil 1 – Esquematizado): “Também comete ilícito, aquele que pratica abuso de direito” Art. 188. Não constituem atos ilícitos: (trata-se de atos que, embora causem dano, são considerados não ilícitos) I – os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido; II – a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo iminente. Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legítimo somente quando as circunstâncias o tornarem absolutamente necessário, não excedendo os limites do indispensável para a remoção do perigo. Sobre este tema assim explica Caio Mario da Silva Pereira: “O procedimento do agente encontra escusativa que lhe retira qualificação de ilícito ou o absolve do dever de reparar” Gabarito preliminar letra A. ESAF/ACE/MDIC/2012 60- Em relação à prescrição e decadência, são corretas as afirmações abaixo, exceto. a) A prescrição representa a interferência do tempo nas relações jurídicas, pela qual desaparece o direito de alguém pleitear o reconhecimento deum direito subjetivo violado. b) São causas que interrompem a prescrição: o despacho do juiz, mesmo incompetente, que ordenar a citação, se o interessado a promover no prazo e na forma da lei processual; o protesto cambial; a apresentação do título de crédito em juízo de inventário ou em concurso de credores; qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor; qualquer ato inequívoco, ainda que extrajudicial, que importe reconhecimento do direito pelo devedor. c) São requisitos da prescrição e da decadência a inércia do titular de um direito e o decurso do tempo para o exercício desse mesmo direito. d) A decadência representa também a interferência do tempo nas relações jurídicas, dirige-se, porém, não aos direitos subjetivos, mas aos direitos potestativos. e) A decadência é a extinção de um direito pelo seu não exercício, no prazo assinalado por lei ou convenção. Extingue, portanto, a ação atribuída a um direito. Esse é um daqueles detalhes de provas de concurso que infelizmente não avaliam conhecimento e sim a atenção, o cuidado do candidato. Vamos à análise da alternativa incorreta a letra “e”: A decadência é a extinção de um direito pelo seu não exercício, no prazo assinalado por lei ou convenção (CORRETO). O que foi considerado errado foi a parte final da afirmação (Extingue, portanto, a ação atribuída a um direito.), porque o que extingue a pretensão à ação propriamente dita é a prescrição e não a decadência. A decadência somente irá extinguir a ação por via reflexa, pois não haverá mais o direito. Também houve questionamento por e-mail quanto a esta alternativa. Chamamos a atenção para o seguinte: se considerarmos que o “portanto”, empregado na frase, exprime consequência, pode ser levantada a possibilidade de a afirmação estar correta, o que anularia a questão. Sobre o tema, veja o que diz Washington de Barros Monteiro, em sua obra Curso de Direito Civil 1: “ Com efeito, a prescrição atinge diretamente a ação e por via oblíqua faz desaparecer o direito por ela tutelado; a decadência, ao inverso, atinge diretamente o direito e por via oblíqua, ou reflexa, extingue a ação.” Gabarito preliminar letra E. Um forte abraço e sorte com os recursos. Jacson e Aline