Buscar

C Tópicos em Libras

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

TÓPICOS EM LIBRAS: SURDEZ E INCLUSÃO
Aula 1 — Diferença, inclusão e identidade na sociedade contemporânea
	Ao verificarmos a história da educação de surdos e também de como a sociedade os tratou, verificaremos uma série de equívocos que vão desde considerar a pessoa surda um "deficiente mental", em sentido mesmo pejorativo, até obrigá-los a métodos educativos que visavam apagar as diferenças entre surdos e ouvintes, impondo aos surdos e língua e a cultural oral.
	Este contexto veio criando dificuldades para uma mudança de postura da sociedade como um todo. Por falta de conhecimento ou de interesse, muitas noções equivocadas foram difundidas acerca dos portadores de necessidades (educativas) especiais. 
	O contato com a LIBRAS não é apenas uma obrigação do cumprimento das recentes políticas linguísticas e educacionais que visam a divulgação da LIBRAS e da dita "cultura surda" e a implementação de estratégias para a inclusão da pessoa surda na sociedade. 
Você sabia? As pessoas surdas não são mudas. O termo "surdo-mudo" é fruto de um equívoco do passado. Os surdos têm, salvo exceção, o aparelho fonador preservado. Se aparentemente não falam, isso se deve a dificuldades impostas pela memória auditiva e não percepção do som que emitem. Por isso, não se deve falar "surdo-mudo".
	Vamos começar, então, refletindo um pouco sobre a sociedade contemporânea e suas "novas" formas de relacionamento, construção de identidade e preservação da cultura; em especial, as influenciadas pela chamada globalização. Para tal, é necessário que se investiguem as relações ntre língua, cultura e sociedade.
	A sociedade contemporânea reinvidica uma revisão das próprias formas de se pensar a língua, o papel e lugar das ciências políticas que a tomam como objeto. Nesse sentido, a sociedade é convocada a enfrentar as constantes incompletudes, provocadas por um mundo globalizado, onde o global e o local se interpenetram e as diferenças não se encaixam na "completude".
MUNDO MODERNO, COMUNICAÇÃO E IDENTIDADE
	As novas formas de relacionamento (através da internet, chat, etc) e o intercâmbio cultural são significativamente mais velozes e dinâmicos do que no passado. Além da internet, o celular é hoje um aparelho quase que indispensável à sobrevivência na sociedade urbana. Este aspecto atinge inclusive as pessoas surdas, cujo uso do celular é bastante frequente, tornando-se um excelente meio de comunicação para esse grupo social. 
	Através dessas novas relações, o local e o global passaram a se interpenetrar constantemente, dificultando sua identificação e tornando incoerente um conceito de identidade (linguística e cultura) que não seja o mesmo para qualquer indivíduo; em outras palavras, uma identidade fluida, comum a todos. 
Mas será que somos iguais? Atualmente, a sociedade experimenta certa insatisfação em relaão às promessas da modernidade, entre elas, a de igualdade, de liberdade, de paz, etc. Tais promessas não foram cumpridas, o que tem colocado em evidência a fragilidade do mundo moderno e da contemporaneidade.
	O homem contemporâneo sente-se ameaçado em seus saberes e domínios, com medos e incertezas no exercício de suas práticas sociais em relação ao cotidiano, ao enraizamento e ao pertencimento a diferentes grupos sociais e à prórpia estrutura do cotidiano. 
	De fato, do ponto de vista da identidade, mais do que em outras épocas, torna-se evidente a inexistência de algo que possa ser identificado como única "identidade verdadeira". Cabe destacar com Bauman que a identidade é uma luta simultânea contra a dissolução e a fragmentação; a identidade é um "conceito altamente contestado". O "campo de batalha" é o lugar natural da identidade. 
	O que se pode perceber, no entanto, na relação entre grupos (minorias ou maiorias) em suas lutas, é que, em quais das situações próprias das relações sociais (locais e globais) e seus argumentos, a questão da identidade, assemelha-se a "um grito de guerra". A identidade deixa de ser, portanto, um atributo e passa a ser uma questão de luta, uma tarefa.
LÍNGUA E IDENTIDADE PARA OS SURDOS
	Esse fenômeno da crise de identidade pode ser observado em vários setores da sociedade. Em relação aos surdos e às comunidades sinalizantes não é diferente. Após vários anos de total exclusão e subjugamento a padrões culturais inerentes a uma vida tipicamente ouvinte, os surdos - conduzidos pelas pesquisas na área da linguística, da educação e outras - puderam reconhecer-se como dotados de uma língua. Suas comunidades linguísticas apresentam peculiaridades culturais a elas inerentes.
	Os surdos passam então a afirmar suas identidades como base, principalmente, em características linguísticas e culturais. Devido aos longos anos de uma experiência não favorável ao seu reconhecimento, foi necessária a criação de associações diversas, a produção de discurso de defesa e luta, entre outros, que garantissem esse espaço na sociedade.
DESFAZENDO MITOS E PRECONCEITOS
	Assim, fazer da "identidade" uma tarefa e um objetivo do trabalho de toda uma vida pode ser considerado um ato de libertação: libertação da in´rcia dos costumes tradicionais, das autoridades imutáveis, das rotinas pré-estabelecidas e das verdades inquestionáveis. A exacerbação disso levou, por um lado, a conquistas imprescindíveis, mas, por outro, a equívocos prejudiciais. 
Preconceito x Preconceito: Muito surdos passaram a negar veementemente a possibilidade de aprendizado da língua portuguesa, uma vez que, para muitos, isso significaria uma perda de sua “identidade surda”.
Ouvinte x Surdo: O novo olhar da sociedade sobre a surdez, evidentemente, não pode e não deve implicar subordinação, no sentido de se concluir que há uma comunidade melhor e superior a outra. No entanto, não se pode esquecer que a categoria “surdo” tem seu significado construído a partir da oposição “ouvinte” e vice-versa. Mesmo que se possam admitir diferentes dimensões de significados para essas categorias, o que se tem constantemente é que surdos e ouvintes são comumente tomados como um sendo o contrário do outro.
Surdez e a Língua Portuguesa: É bom, por exemplo, que o surdo autorize a si mesmo a escrever em português, sem medo de “perder” sua identidade. Daí, a necessidade de se repensar as formas de discutir “identidade surda” no campo da surdez. Não se pode, em nome da defesa de uma causa, intensificar implicitamente o aumento das dificuldades do surdo em relação à língua portuguesa. Uma coisa é dizer que o surdo tem a Libras como L1 (ou língua nativa), outra coisa é, baseado em uma visão biologizante, fazê-lo acreditar que não tem capacidade para aprender língua portuguesa.
O Surdo e a Relação Familiar: Sempre é bom lembrar que a maioria dos surdos é filho de pais ouvintes e possui uma família de ouvintes. A despeito do fato de que muitas famílias o renegam ou demoram a aceitá-lo como ser capaz, não se pode propor que os surdos simplesmente ignorem a existência de suas bases familiares, sejam elas quais forem.
SURDEZ E IDENTIDADE
	A identidade do surdo deve ser construída com base em suas capacidades, em suas peculiaridades linguístico-culturais. Por isso, alguns estudiosos referem-se aos surdos como sujeitos sinalizantes, usuários de libras. 
	A questão das identidades se faz, portanto, presente e não pode ser dissociada das experiências da sociedade contemporânea que vive o conflito inerente à fluidez dessas identidades.
	Não podemos esquecer que cada surdo tem uma história de vida, que nem todos os surdos dominam a língua de sinais; alguns são oralizados e têm orgulho disso. Isso nos faz refletir sobre o que é ser diferente, e se há algums coisa chamada "diferença".
Aula 2 —Especificidades da língua de sinais 
O QUE VOCÊ ENTENDE POR GRAMÁTICA?
	Podemos entender gramática no contexto da capacidade linguística: "Todo ser humano é dotado de capacidade linguística."
	Em segundo lugar, há que se pensar em gramática como um sistema mentalmente compartilhado entre os usuários de uma língua, cujo funcionamento e estruturua não dependem de uma educaçãoformal para serem aprendidos. Isto equivale a dizer, por exemplo, que qualquer falante, mesmo alguém considerado analfabeto, possui uma gramática (um conjunto de regras em sua mente), a qual aprendeu no convívio com a sua comunidade linguística.
E A LÍNGUA DE SINAIS?
	A língua de sinais, a exemplo de qualquer língua oral, tem uma gramática própria, constituída por um conjunto de regras presente na mente dos seus usuários. 
	Poderemos ter a tendência a acreditar que a língua de sinais seja uma espécie de "língua oral sinalizada". Em consequência disso, acabaremos acreditando que o léxico (dicionário mental), os aspectos sintáticos, semânticos, pragmáticos e quirológicos da libras constituem um emaranhado de sinais, aleatoriamente utilizados, que mais parecem uma língua oral mal falada. 
	Por isso, podemos afirmar que os surdos, como qualquer ouvinte, possuem uma língua, na medida em que, dotados desta capacidade linguística, decodificam logicamente o mundo, organizando-o em suas mentes, através dos recursos físicos e mentais dos quais dispõem.
	Assim, sua capacidade linguística exterioriza-se, formando uma língua espefícica que, ao invés de sinais orais e auditivos, usa sinais espaciais e visuais, valendo-se do pleno funcionamento de sua visão, de suas mãs e do restante do corpo como um todo. 
Basta aprender os sinais que já estamos nos comunicando? Na LIBRAS, os níveis de descrição da língua são os já conhecidos sintático, semântico, pragmático. Em função da língua de sinais usar as mãos como principal canal de manifestação, temos ainda o nível quirológico que diz respeito justamente ao aspecto manual em si. 
COMEÇANDO A COMEÇAR
	Uma boa descrição da língua de sinais não pode ser feita, naturalmente, a partir da mesma lógica utilizada para a descrição de línguas orais. Afinal, a modalidade linguística é totalmente diferente. No entanto, existem parâmetros que regem o uso da língua de sinais. Costuma-se apresentar cinco parâmetros que possibilitam entender a formação dos sinais e as bases para os seus usos durante a produção discursiva. 
1. Expressão facial e/ou corporal: Alguns sinais só podem ser diferenciados a partir da observação da expressão facial que acompanha a sua produção de acordo com o contexto discursivo. Em termos de configuração das mãos, de movimento, ponto de articulação e orientação, os sinais correspondentes à palavra e a expressão “triste” e “por exemplo” são praticamente os mesmos. A expressão facial que denota tristeza e pedido são cruciais para diferenciá-los no contexto discursivo.
2. Configuração das mãos: Trata-se do “formato” que a mão ou as mãos assumirão na momento da produção de sinais. Existem mais de quarenta formatos em que as mãos podem ficar configuradas, além do alfabeto manual. É importante conhecer as configurações existentes para que haja precisão na produção do sinal e para que se possa obter maior domínio na aplicação dos sinais em contextos específicos, como no uso de classificadores, por exemplo. Sinais como os correspondentes às palavras “Itália”, “bobo”, “fluminense (time esportivo)”, ”evitar”, entre outros, possuem a mesma configuração de mãos.
3. Ponto de articulação: Mesmo se a configuração das mãos estiver certa, o sinal pode não ser compreendido se não for feito no adequado ponto do espaço em relação ao corpo. Este ponto pode ser relativo a alguma parte do corpo que é tocada no momento da produção do sinal. Ou, então, relativo a um espaço neutro (vertical ou horizontal). Sinais correspondentes às palavras em português “sábado” e “aprender”, embora, tenham a mesma configuração e movimento, são articulados em pontos diferentes em relação ao corpo.
4. Movimento: A produção de um sinal pode exigir um movimento específico ou nenhum tipo de movimento. Isto pode estabelecer diferenças semânticas e/ou gramaticais. Os números ordinais, por exemplo, diferenciam-se dos cardinais pelo movimento feito em sua produção. O movimento é um parâmetro bastante complexo, pois pode abarcar uma série de formas e de direções diferentes, identificáveis a partir da maneira (contínuo, refreado, de retenção), da frequência, do tipo (de contato, de contorno, etc.) e direcionalidade. Os sinais correspondentes a “sábado” e “aprender”, citados anteriormente, exigem um “abrir e fechar das mãos repetidamente”, enquanto que o verbo “pensar” não exige nenhum tipo de movimento.
5. Orientação: No momento da produção do sinal, as palmas das mãos estão voltadas para uma determinada direção, a essa peculiaridade dá-se o nome de orientação. Essa direção é crucial para determinar, por exemplo, o uso sintático-semântico de alguns verbos. Se considerarmos verbos como “emprestar” e “pedir emprestado”, logo percebermos que a orientação das mãos determinará o sujeito da ação.
6. Comentários: Como se pode perceber, o desenvolvimento de habilidades necessárias para atingir fluência na língua de sinais exige a ampliação e intensificação de competência relativa à consciência corporal. Um usuário de LIBRAS precisa perceber para que direção aponta, como seu corpo está posicionado, aprendendo a dominar os movimentos em favor de uma construção frasal satisfatória para o cumprimento de sua intenção discursiva. Não basta conhecer os sinais, é preciso saber aplicar a eles e ao discurso os parâmetros da língua de sinais.
	Um sinal é produzido a partir da combinação de elementos espaciais, visuais e motores. Elementos esses que determinam: o lugar onde as mãos devem estar na hora da produção do sinal; como as mãos devem estar configuradas; para que direção elas devem estar apontando; se devem ou não estar se movimentando e como deve ser feito este movimento.
	Além disso, é preciso considerar a posição do corpo e a expressão facial que acompanham a produção desse sinal para que ele seja plenamente entendido.
Aula 3 — Políticas Linguísticas e Educacionais
	
	Parece oportuno pensar em que medidas políticas (educacionais, linguísticas), no afã de defender minorias linguísticas e preservar a língua, podem ser transformar em práticas sutis de preconceito. Afinal, políticas linguísticas e políticas de línguas, expressas em leis, projetos de lei e outros tipos de documentos oficiais, refletem contextos sócio-históricos e servem não apenas como dado, mas também como pano de fundo para uma discussão sobre o preconceito no contexto brasileiro. 
	Não é raro detectar, tanto nos discursos sobre o direito à diferença quanto naqueles que procuram proteger grupos sociais, atitudes preconceituosas e certa crença de estarem os seus propositores investidos de autoridade suficiente para avaliar o grau e intensidade do problema do outro. Uma atitude que implicitamente reforça aquelas ideias contra as quais o próprio grupo parece lutar.
Perguntas que não querem calar: Mas quem pode, e em nome de quem, defender ou avaliar o grau de preconceito sofrido pelo outro? Quem está autorizado a emitir pareceres sobre a pertinência linguística e, até mesmo, a jurisprudência de documentos e leis que visam "defender" a língua (nacional)? Como garantir a inclusão de alguém ou algum grupo sem, como isso, provocar a exclusão dos seus ditos opostos? Quais os critérios éticos, políticos e científicos que, em servindo de norte para essas discussões, garantem uma autorreflexão crítica que supere qualquer tipo de radicalismo? Enfim, a luta é de quem em prol de quem? Essas são questões que auxiliam a estudar políticas linguísticas sob o ponto de vista das relações entre sujeito e sociedade na pós-modernidade. Daí, uma discussão sobre a dimensão ética das políticas.
PERSPECTIVAS DE POLÍTICA LINGUÍSTICA NA SOCIEDADE
	É preciso perceber que as políticas também nomeiam e categorizam indivíduos a partir de determinado ponto de vista. 
1. Pretende-se, na perspectiva das políticas linguísticas, uma ética que ultrapasse a ideia humanitária dos direitos humanos e dos direitos linguísticos e que permita superar o dualismo do sujeito-ético como vítima e sujeito-ético como piedoso.
2. Se, ao contrário, decorrer tão somente de consenso sobrea injustiça e preconceito, poderá representar apenas uma forma de "acalmar a consciência". Muito mais uma forma de "redimir-se de pecados", de autopunição do que de construir e de viver uma sociedade justa.
3. Em outras palavras, a proposição de políticas linguísticas será éticamente efetiva se acompanhada de ações propositivas em torno do sujeito e da sociedade.
PERSPECTIVAS DE POLÍTICA LINGUÍSTICA NA EDUCAÇÃO
	Em termos da atuação pedagógica, é bom pensar sobre a necessidade de se estabelecer um olhar sobre os aprendizes que ultrapasse qualquer tipo de hierarquização. 
	Interessa reconhecer a existência de alunos, pesquisadores, sujeitos que não podem se eximir, nem serem eximidos de suas responsabilidades, nem privados de seus direitos. 
	Nesse sentido, deixa-se de lado a lógica de "atendimento ao aluno" e se passa à lógica e à dinâmica de extração e ampliação de suas potencialidades.
	O problema está em não nos deixarmos levar uma identificação do sujeito feita a partir de uma "deficiência". Seria negar a surdez enquanto único fator preponderante para identificar um sujeito. Nesse contexto, não existiria o "surdo", "o deficiente". 
	O sujeito surdo não é constituído única e exclusivamente de sua surdez, enquanto fato físico. Há milhões de outras facetas nesse sujeito para as quais frequentemente não se busca olhar. 
Aula 4 — Cultura em comunidades sinalizantes
CULTURA SURDA? 
	A sociedade passou a ser apresentada, e continua paulatinamente a ser, à língua, aos hábitos, às diferenças e semelhanças com os ouvintes, às necessidades (educativas) especiais dos sujeitos surdos. 
	Aqueles sujeitos que até então eram vistos como deficientes auditivos limitados em suas capacidades, passam a ser reconhecidos como sujeitos (surdos) complexos, com identidade prórpia e com um conjunto de hábitos, transmitidos principalmente através da sua língua, ao qual tem se convencionado chamar de "cultura surda".
	Embora bastante recorrente, o termo "cultura surda" ainda é alvo de muita polêmica. Para além da dificuldade habitual de se definir o que é ou não é cultura, os sujeitos surdos estão - quer queiram, quer não - inseridos em uma comunidade ouvinte e convivem com esses ouvintes, trocando experiências diariamente.
Você sabia? Não há um país, estado, cidade ou mesmo bairro de surdos. O que se pode encontrar com facilidade são associações e instituições que constituem uma espécie de reduto das ditas "comunidades surdas", embora essas comunidades não estejam restritas a esses ambientes, suas atividades e formas de interação.
CULTURA A PATIR DA RELAÇÃO FAMILIAR
	Os sujeitos surdos são, em sua grande maioria, filhos de pais ouvintes. Situação que provoca , por maior a rejeição que tenha sofrido a família ou a falta de conhecimento sobre língua sinais e surdez, algum tipo de interação com o que é conhecido como "cultura ouvinte".
	Há também oscasos em que pais surdos têm filhos ouvintes, o que pode provocar um redimensionamento de condutas e valores não no sentido de abandonar ou renegar a "cultura surda", mas de estabelecer novas relações e interesses em relação à "cultura ouvinte".
	Podem ser identificadas também famílias em que pais surdos têm filhos surdos e todos no núcleo daquela família são usuários e dominam LIBRAS como sendo sua língua materna. Percebe-se mesmo diferença no desempenho linguístico desses surdos, pois não sofreram tanta influência da língua oral (portuguesa) no processo de aquisição da língua de sinais. Vale lembrar que muitos surdos não têm acesso às associações de surdos nem mesmo à língua de sinais e ainda aprenderam a língua de sinais com o apoio da língua portuguesa escrita ou oral.
	ENSINAR LIBRAS OU ENSINAR A ORALIZAR? 
	Muitos surdos são oralizados. Em função do método educativo utilizado durante a sua formação (durante muitos anos optou-se pelo chamado oralismo nas escolas especializadas), alguns surdos simplesmente não compartilham os mesmo hábitos dos surdos que dominam a língua de sinais. 
- Cultura surda: a cultura surda surge de maneira mais ou menos involuntária, apoiada pelas escolas especializadas da atualidade, mas que ultrapassam o espaço físico, abrangendo o social e imaginário, uma vez que se solidificou a partir da noção de LIBRAS como uma língua igual a outra qualquer. 
- Cultura dos surdos: surge como tendo sido criada pelas antigas instituições dos surdos que os isolavam e tentavam promover uma "higienização social".
­- Libras e outras línguas de sinais: ademais, precisamos nos preocupar com a afirmação "a língua de sinais é a lingua da comunidade surda brasileira", pois no Brasil existem surdos que têm como língua materna outra língua de sinais que não a libras. 
COLOCANDO-SE NO LUGAR DO OUTRO
	Os sujeitos surdos sinalizantes possuem suas próprias estratégias de compartilhar hábitos, valores, a língua e suas variações em ambientes de todos os tipos, inclusive aqueles que seriam pensados como exclusivamente de ouvintes por pessoas que não têm conhecimento da "cultura surda".
Aula 5 — Aspectos sociolinguísticos da língua de sinais
LÍNGUA E LINGUAGEM
	Antes mesmo de falarmos pela primeira vez, já possuímos um sistema mental através do qual estruturamos nosso pensamento, nosso conhecimento de mundo. Dessa forma, cada povo desenvolve uma língua específica possibilitado pelas infinitas combinações permitidas pelas regras desse sistema inato. 
	Isso quer dizer que se uma criança nasce no Japão, a faculdade de aprender japonês é a mesma de uma criança que nasce no Brasil. Apenas cada criança irá desenvolver a língua específica do meio em que vive. 
	A língua é um meio de comunicação, uma estrutura, uma entre outras formas de comunicação e possui um valor social.
ASPECTOS SOCIOLINGUÍSTICOS
- Variação Linguística: em português existem diversas manifestações de variação linguística, como a variação histórica e a variação regional. E em libras, isso também ocorre? A língua de sinais não é universal e homogênea, existindo manifestações diversas de acordo com região, idade, sexo, tempo, status social e estilo.
- Padronização: toda a língua passa por um processo de padronização que diz respeito à escolha de uma das suas manifestações dialetais como sendo a representante de todas as outras formas. Isto se dá a partir de critérios sócio-políticos, econômicos e culturais, e não propriamente linguísticos. Além disso, esse processo é facilitado por instrumentos como dicionários, gramáticas, livros, mídia e etc. 
- Família de línguas: existem vários tipos de línguas de sinais que apresentam semelhança entre si. O português, por exemplo, é originado das línguas latinas, que por sua vez são originadas do latim vulgar. Já em relação à libras, é derivada em parte da língua de sinais francesa, por isso é semelhante a outras línguas de sinais da Europa. Precisamos lembrar que libras não é a pura gestualização da língua portuguesa, pois em Portugal existe uma língua de sinais de diferente da libras, por exemplo. 
- Usuários e minorias linguísticas: se observamos o fato de os surdos não constituírem um grupo étnico, nós poderíamos tender a não perceber as comunidades sinalizantes como minorias linguísticas. No entanto, se considerarmos a modalidade linguística, a quantidade, os lugares, associações onde se reúnem, teremos uma comunidade linguística específica. Por isso, inclusive as comunidades sinalizantes conseguem ter uma forma natural e não coercitiva de comunicação. Tais comunidades, dado às relações estabelecidas com a maioria ouvinte, podem ser entendidas como uma minoria linguística. 
Aula 6 — Algumas categorias gramaticais da libras: pronomes, adverbios, adjetivos
	
CATEGORIAS GRAMATICAIS
	Quando aprendemos o funcionamento de uma língua, estamos estudando as partes que compõem uma frase e a relação entre essas partes e o discurso. 
"Eu(1) estudo(2) libras(3) na universidade(4)".­­
(1) - Classe Gramatical: pronome pessoal.
(1) - Função Sintática na frase: sujeito.
(2) - Classe Gramatical: substantivo (formado a partir de uma sigla).
(2) - FunçãoSintática na frase: objeto direto (complemento do verbo estudar).
(3) - Classe Gramatical: verbo.
(3) - Função Sintática na frase: núcleo do predicado.
(4) - Classe Gramatical: (em + a = na, uma contração). Universidade = substantivo.
(4) - Função Sintática na frase: adjunto adverbial de lugar.
	Em libras, podemos identificar basicamente as mesmas categorias gramaticais já conhecidas pelo estudo das línguas orais, como pronome, adjetivo, etc.
	Precisamos, no entanto, estar atentos para as formas de funcionamento e uso de cada uma delas dentro do discurso, pois se trata de uma língua cuja modalidade é viso-espacial. Isso provoca modificações no conceito de cada uma delas.
O SISTEMA PRONOMINAL
	O sistema pronominal da língua brasileira de sinais, a exemplo do português, é formado por três pessoas do discurso. Dependendo da configuração de mãos utilizada e de direção para qual aponta no espaço, as pessoas do discurso podem ser especificadas. Podem aparecer tanto singular quanto no plural.
Observação: lembre-se que a pessoa do discurso refere-se à forma pronominal cuja função é a de indicar: a) aquele que fala (emissor), b) para quem fala (destinatário), c) de quem se fala (não faz parte da interlocução).
	Em libras, o sujeito da ação pode apontar alternadamente para o interlocutor e para si próprio, mãos formando o número dois, para significar "nós dois". Da mesma forma, pode-se especificar tanto a primeira quanto a segunda e terceiras pessoas em três pessoas, quatro pessoas, plural, etc. 
	Nas frases em libras o sujeito pode ser omitido (no caso das primeira e segunda pessoas) desde que o contexto possibilite identificá-lo. No caso da terceira pessoa, essa não será apontada se, mesmo estando presente, não for intenção do usuário ressaltar a sua presença por motivos culturais como, por exemplo, isso ser ou não falta de educação. 
- Pronomes demonstrativos e advérbios de lugar: Em termos de sinais utilizados, essas duas categorias não apresentam diferença, sendo possível diferenciá-las apenas a partir do contexto. As relações estabelecidas são as mesmas da norma padrão encontrada em boa parte das línguas orais, a saber: este/isto/aqui, esse/isso/aí, aquele/aquilo/lá.
- Pronomes interrogativos: Os pronomes como que e quem (que + pessoa ou quem) são utilizados no início ou final da frase, dependendo do contexto. Quando pode ser especificado em relação ao passado ou ao futuro, dependendo da direção do movimento da mão. 
- Pronomes possessivos: Os possessivos não apresentam concordância de número (pelo menos não em relação ao objeto) e nem de gênero. Concordam sempre em relação à pessoa do discurso. 
- Advérbios de tempo: são utilizados como uma espécie de marca sintática para indicar o tempo verbal na frase. Em geral, ficam no início da frase. 
- Adjetivos: não há concordância em relação ao gênero ou ao número. São fundamentais para a formação de classificadores descritivos, assumindo de maneira icônica a qualidade/forma de um objeto. São posicionados na frase logo após o substantivo. 
Aula 7 —Princípios de estruturação de uma sentença em libras
ESTRUTURA DE SENTENÇAS
	Para estudar a construção de frases em libras, é preciso pensar que essa língua se estrutura a partir de recursos espaciais e visuais, ou seja, se utiliza do espaço para dar coerência e coesão às palavras que formam a sentença. Em libras encontramos quatro tipos de frases: 1. afirmativa, 2. negativa, 3. interrogativa, 4. exclamativa.
ENTENDENDO O QUE É ORDEM NA FRASE
	As frases, na língua portuguesa, seguem a ordem SVO (sujeito-verbo-objeto). Em libras, no entanto, as sentenças nem sempre seguem essa ordem, pois não seguem necessariamente uma sequência linear de ideias. 
"O macaco gosta de comer banana".
	A frase que você está vendo segue uma ordem: a tal da SVO. Teoricamente, toda frase pronunciada por um falante tende a estar nessa ordem, ainda que ela possoa ocorrer invertida também como: "Um carro eu comprei ontem". Nesse caso, temos uma organização tópico-comentário, a qual é recorrente em libras. Ela consiste em colocar o tópico no início da frase, seguindo de comentário.
"Comer banana o macaco gosta".
Aula 8 — Categorias Gramaticais da Libras: Verbos e Classificadores
ESTRUTURA DE SENTENÇAS
	Em libras, encontramos categorias gramaticais que também estão presentes nas línguas orais. Sendo assim, na Libras encontramos ítens lexicais que podem ser classificados como verbo, advérbio, adjetivo e pronome. A categoria artigo, no entanto, recorrente em inúmeras línguas orais, não existe em Libras.
GRAMÁTICA
1. Embora o conceito atribuído às categorias de Libras seja semelhante ao das línguas orais, suas formas de classificação e de funcionamento são diferentes. Pontanto, a libras não pode ser estudada tendo como base a língua portuguesa, já que sua gramática é independente da língua oral.
2. A ordem dos sinais na construção de uma frase em libras obedece a regras próprias, que refletem a forma de o surdo processar suas ideias tendo como parâmetro a sua percepção visual-espacial da realidade.
INDEPENDÊNCIA SINTÁTICA DO PORTUGUÊS EM RELAÇÃO À LIBRAS
- Português: Eu irei para casa.
- Libras: Eu ir casa. (Neste caso, a preposição para não é utilizada em libras porque está incorporada ao verbo).
	Tanto em libras, quando nas línguas orais, a ideia de verbo como ação pode ser mantida, assim como a de que é possível encontrar verbos que exigem ou não determinado tipo de concordância. Existem duas classificações:
- Direcionais: verbos que têm concordância. A direção do movimento marca no ponto inicial o sujeito e no final o objeto.
- Não direcionais: verbos que não têm concordância. Para os verbos não direcionais, existem duas subclasses: 1. Ancorados no corpo: são verbos que exigem proximidade em relação ao corpo. Os que melhor representam são os de estado cognitivo ou emotivo. A saber: gostar, odiar, pegar, falar. 2. Verbos que incorporam o objeto: quando o verbo incorpora o objeto, alguns parâmetros se modificam para especificar as informações.
A IMPORTÂNCIA DOS CLASSIFICADORES PARA LIBRAS
	Um classificador é uma forma que estabelecer um tipo de concordância em uma língua. Na linguagem de libras, os classificadores são formas representadas por configurações de mão que, substituindo o nome que as precedem, podem vir junto aos verbos de movimento e de localização para classificar o sujeito ou o objeto que está ligado à ação do verbo.
	Os classificadores, em Libras, são marcadores de concordância de gêneto para pessoas, animais ou coisas. Eles são muito importantes, já que ajudam a construir a estrutura sintática por meio de recursos corporais. Muitos classificadores são icônicos. Às vezes, eles se referem ao objeto ou ser como um todo. Em outras, se referem somente a uma parte ou característica do ser. 
Aula 9 — Compreensão de diálogos (vídeos em libras)
Aula 10 —Literatura em língua de sinais
	Surdos participam muito pouco das açoes culturas na sociedade. Isso ocorre, sobretudo, por causa da falta de acesso desta parcela da população às produções artísticas, já que a maioria das ações culturais tem sua comunicação com o público baseada na oralidade, ou seja, na fala. 
Você sabia? Um exemplo importante de iniciativa cultural desde nicho às manifestações artísticas á Companhia de Teatro Mãos Livres, que luta para que as barreiras de comunicação sejam minimizadas através de espetáculos produzidos tanto para surdos como para a sociedade ouvinte. A Companhia de Teatro Mãos Livres surgiu em 2005, a partir de uma prática pedagógica desenvovida dentro das salas de aula de escolas públicas (regulares e especializadas), cuja metodologia está fundamentada no aprendizado e desenvolvimento integral dos alunos surdos. 
	Esta forma de ensino tem sua didática baseada nas linguagens artísticas como a música, o teatro e a dança, que funcionam como estímulos às relações interculturais.
COMO AS TECNOLOGIAS AJUDAM A AUMENTAR A INCLUSÃO SOCIAL DE SURDOS
	As novas tecnologias permitiram que a informação fosse propagadade forma melhor e mais veloz. As comunidades surdas também se beneficiaram com as novas tecnologias. Além de recursos que ajudam a comunicação deste público com a sociedade ouvinte, as novas tecnologias também posssibilitaram que produções de arte e literatura fossem acessadas por este nicho da sociedade.
	Um ponto a ser pensado é até onde as novas tecnologias irão ajudar a aumentar a inclusão de surdos na sociedade. Sem dúvida, é preciso, sobretudo para oa pais, estarem atentos às consequências causadas pelo uso destas tecnologiase ao que é realmente confiável. O aparato tecnológico, usado de forma segura, pode ser o caminho para que os surdos tenham sua inclusão digital aumentada na sociedade.

Continue navegando