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Reforma Trabalhista e suas Implicações

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I – Introdução
O presente trabalho irá abordar as possíveis alterações que as relações de trabalho e emprego poderão sofrer com a aprovação da Reforma Trabalhista apresentada pelo governo Michel Temer. 
Destaca-se que assunto abordado é o tema do slide 5 (“TRABALHO E EMPREGO”) e, tem como fundamentação os textos obrigatórios que foram estabelecidos para a elaboração do presente trabalho.
II – Análise das relações de trabalho e emprego a luz do direito trabalhista e, como tais relações são alteradas pela conjutura da reforma trabalhista
Primeiramente, se faz necessário estabelecer a diferença entre relação de trabalho e relação de emprego. A relação de trabalho tem caráter mais amplo e genérico e, se engloba nessa categoria de classificação qualquer tipo de trabalho a ser realizado com um fim (trabalho autônomo, trabalho eventual, etc). 
Já a relação de emprego consiste em uma relação mais específica, sendo esta uma modalidade da relação de trabalho. É nessa conjutura, que pode-se afirmar que nem toda relação de trabalho é, de fato, uma relação de emprego.
Destaca-se que é no último tipo de relação que se pode indentificar as aplicações de normas, príncipios e institutos do Direito do Trabalho. É no estudo da sistematização dos elementos que compreende a relação de emprego, que podemos indentificar e classificar os vínculos de emprego existentes.
Na classificação de Godinho Delgado, os vínculos existentes nas relações de emprego se dividem em:
1º - trabalho por pessoa física
2º - pessoalidade
3º - não eventualidade
4º - onerosidade
5º - subordinação
É a partir das classificações elencadas acima, que o presente trabalho irá analisar os textos definidos e, compará-los a luz da reforma supracitada.
A CLT define, no art 3º, o conceito de empregado, aduzindo que este consiste em “toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual a empregador, sob dependência deste e mediante salário”. Esse classificação implica que todo trabalho realizado por pessoal física é objeto de tutela pelo Direito do Trabalho.
É, nessa persepectiva, que o Direito do Trabalho, se insere como área do direito que irá garantir e proteger, em regra, a parte hipossuficiente da relação de emprego que o trabalhador estabele com o empregador, garantindo ao primeiro, a defesa dos seus direitos fundamentais.
Destaca-se que o Direito do Trabalho se consolidou como “patamar fundamental de afirmação da cidadania social da grande maioria das pessoas”, que participam do sistema econômico mediante a oferta de seu labor.
Nessa medida, e com o passar do tempo, as leis trabalhistas se constituiram como um dos principais instrumentos de generalização da democracia no plano social, tendo em vista que tem, por finalidade, garantir a regularização da atividade exercida, além da distribuição do poder por meio de normas e dinâmicas inerentes aos direitos coletivos dos trabalhadores.
Patente dizer que desde que as relações de emprego começaram a ser estudadas, no período de Revolução Industrial até o período mais atual, no qual vivemos as diversas faces da flexibilização das relações de trabalho, as leis passaram por diversas mudanças, desde da fase “de garantir o mínimo do “bem estar” social do empregado”, até a fase mais atual, no qual se percebe que há a preterição das leis trabalhistas em comparação ao sistema econômico adotado em cada páis.
É nesse contexto, que a Reforma Trabalhista elaborada pelo Governo Michel Temer e, que atualmente, se encontra em fase de análise no legislativo, se insere. 
Com a justificativa de “enfrentamento da crise” e, com a promessa de “garantir meios de frear o desemprego”, o Governo elaborou um projeto em que seus principais pontos se voltam para a prevalência dos acordos coletivos em relação à CLT, modificando aspectos que ligados a jornada de trabalho, regularização de garantia de trabalhadores terceirizados, demissão de comum acordo, férias e indenizações.
Além do acima citado, o projeto propõe modificações no trabalho realizado por mulheres grávidas, propõe o fim da obrigatoriedade da contribuição sindical, propõe limitações as interpretações das Súmulas emitidas pelo TST. 
Como consequencia, o projeto ainda criaria duas modalidades de contratação de emprego: a de trabalho intermitente, por jornada ou hora de serviço, e também o home office.
Apesar de afetar a vida de milhoes de brasileiros, o projeto votado não foi amplamente debatido e, tem sido alvo de vários questionamentos quanto a retrocessos dos direitos fundamentais dos trabalhadores (que dão base ao texto constitucional e a CLT).
Ademais, tal projeto de lei colocaria em xeque direitos já estabelecidos pelo Direito do Trabalho oriundos de fonte material que fundamentalizam o ordenamento hoje conhecido, demostrando assim, uma provável pretrição dos direitos adquiridos em comparação a flexibilização do trabalho a ser realizado pelo trabalhador, expondo, portanto, um aumento da precarização estrutural das relações de trabalho. 
É nesse contexto que Ricardo Antunes afirma que, atualmente a classe trabalhadora vem sofrendo profundas mutações, muito em virtude do sistema econômico adotado pelos mais diversos governos, incluindo o Brasil.
Em “Dimensões da Precarização estrutural do trabalho”, Ricardo Antunes afirma que “quase um terço da força humana disponível para o trabalho, em escala global, ou se encontra exercendo trabalhos parciais, precários, temporários, ou já vivenciava a barbárie do desemprego. Mais de um bilhão de homens e mulheres padecem as vicissitudes do trabalho precarizado, instável,temporário, terceirizado, quase virtual, dos quais centenas de milhões têm seu cotidiano moldado pelo desemprego estrutural.”
Analisando as propostas que baseiam a Reforma Trabalhista, verifcamos que a precarização da relação de trabalho já se iniciaria na proposta de se estabelecer como força de lei, os acordos coletivos estabelecidos entre empregados e empregadores.
Primeiramente, se destaca que as condições de negociação entre trabalhadores e empregradores não são iguais, e a maioria dos sindicatos não tem força o suficiente para “lutar” por melhores acordos. 
Logo, nessa situação, os empregados poderiam ficar sujeitos a cumprir com negociações que prejudicariam suas condições de trabalho sem poder recorrer à justiça, uma vez que a negociação, caso a Reforma seja aprovada, se sobrepõe a lei.
Neste quadro, o processo de precarização estrutural do trabalho em detrimento do capital fomentaria não só o “desmonte da legislação socioprotetora” do trabalho, como mostraria, seu objetivos consistem, de fato, aumentar ainda mais os mecanismos de extração do sobre trabalho, ampliando as formas de precarização e destruição dos direitos sociais que foram arduamente conquistados pela classe trabalhadora.
Refletindo ainda sobre a prosposta debatida acima, verifica-se ainda o conflito constitucional que a Reforma Trabalhista poderia gerar.
 Em “Direitos Fundamentais na Relação de Trabalho”, Maurício Gondinho Delgado, estabelece os principais princípios constitucionais afirmativos que norteiam o Direito do Trabalho na ordem jurídico-cultural brasileira: (i) o da valorização do trabalho, em especial do emprego; (ii) o da justiça social; (iii) o da submissão da propriedade à sua função socioambiental; (iv) e o princípio da dignidade da pessoa humana. 
Tais principios seriam, eminentemente, constitucionais, não apenas porque são reiteradamente enfatizados no corpo normativo da Consstituição Federal de 1988, mas sobretudo por fazerem parte do próprio núcleo filosófico, cultural e normativo da desta. 
Ocorre que só pelo estudo da primeia proposta acima elencada, a Reforma Trabalhista já mostra seu potencial de desvalorização do trabalho regulado, indo de encontro a justiça social e, em última escala atigindo o príncipio da dignidade da pessoa humana, a medida que enfraquece os direitos do trabalhador, aumentando exponecialmente o direito do empregador, que tem o poder capital da relação de emprego.
Considerandoainda só a proposta acima, verifica-se uma clara violação ao princípio da proteção, exposto no texto “ O Príncipio da Proteção: fundamento da regulação não mercantil das relações de trabalho”. 
Ocorre que, fundamentalmente, relações de trabalho já apresentam uma relação de “desigualdade estrutural de poder”. Como, nas condições citadas, o negociado iria se sobrepor à CLT, o direito de recorrer à justiça trabalhista, que é inerente ao trabalhador, não existiria mais, expondo assim, um retrocesso imenso aos direitos já adquiridos. 
Cabe ressaltar que o princípio da proteção guarda conexão com a defesa dos trabalhadores manuais de condições econômicas precárias, e que já hoje, tem seu campo de ação restrito, em virtude das pressões do empresariado.
Destaca-se que um dos argumentos defendidos por esse grupo seria que o “Direito do Trabalho não teria como função proteger o empregado, mas sim regular relações laborais bilaterais e sinalagmáticas.”, demonstrando assim a ameaça ao princípio citado.
 Ocorre que, o princípio da proteção seria a contrapartida de um estado de sujeição do trabalhador, que se encontra na “raiz do núcleo da relação de emprego assentada na idéia de subordinação clássica”, que hoje se encontra em crise. 
As ressalvas ao princípio da proteção provêm de argumentos que buscam legitimar os processos de transformação no modo de produção, e se esquecem do diagnóstico de um mercado de trabalho marcado, logo, optam pela pela precarização das condições laborais e pela ampliação das assimetrias de poder sempre existentes entre as partes.
Analisando ainda as demais propostas como o fracionamento do período de férias, o contrato de trabalho intermitente, a demissão em comum acordo, as condições para o trabalho de mulheres grávidas e possibilidade de trabalho de jornada de 12 (doze) horas evidenciam o processo de precarização estrutural do trabalho.
No que tange ao fracionamento do período de férias, no qual as mesmas poderão ser usufruidas em até três períodos, a proposta da Reforma Trabalhista não leva em consideração que o patrão poderá impor a divisão descrita, por meio de negociações injustas e desiguais, nos períodos de menor produção da empresa, não beneficiando de fato o empregado. Destaca-se que apesar de aparentemente ser benefica ao trabalhador, tal medida só corrobora com a ideia de flexibilização do trabalho a ser realizado.
Já no que concerne na possibilidade de contratação de trabalho intermitente, o texto da Reforma determina que tal contrato de trabalho deve ser celebrado por escrito e deve conter o valor da hora de trabalho, que por regra, não seria inferior ao salário mínimo. 
Depreende-se ainda do texto a ser aprovado que durante o tempo em que não estiver trabalhando, o empregado poderá prestar serviços a outros contratantes e, ao final de cada período de prestação de serviço, o empregado receberá imediatamente o salário, bem como outros direitos (13º salário e/ou seu proporcional, repouso semanal remunerado e férias). 
Contudo, evidencia-se que prosposta acima assume o pressuposto da “transferência do risco do negócio da empresa para o trabalhador.” Acontece que, justamente pelo caráter imprevisível e eventual do trabalho, o empregado ficará à disposição integral do empregador aguardando ser chamado para executar o trabalho, e isso ocasionará diversas incertezas que abarcariam desde a falta de controle da jornada de trabalho e a dificuldade em organizar a rotina, até o atingimento direto do orçamento doméstico com a imprecisão do valor a ser recebido, já que é remunerado mediante horas efetivamente trabalhadas e, não há um valor mínimo mensal a ser recebido, ferindo assim, o princípio constitucional constante no art.7º, inciso IV. 
Em verdade, o resultado da jornada intermitente será a submissão do empregado às demandas de diferentes empregadores, que se traduzirá em redução de custos trabalhistas para estes. Esse cenário resultará no retrocesso das conquistas trabalhistas, pois não sobrará tempo ao trabalhador para qualificação profissional, para o lazer, convívio social, e manterá esseempregado em subempregos sem garantir um mínimo de qualidade de vida.
Comparando-se ainda aos textos que fundamentam esse trabalho, a forma de contrato de trabalho descrita acima regularizaria o trabalho precarizado, mais conhecida, popularmente por bico, que se caracteriza por não ser um trabalho fixo em um local de trabalho específico, sendo que o trabalhador somente é chamado qaundo necessário. 
Reitara-se assim, a possibilidade que empregado intermitente tem de passar todo o período do contrato à disposição do empregador. Se encaixariam em tal categoria trabalhadores terceirizados, subcontratados, part-time, entre tantas outras formas semelhantes.
Antunes explica que esse cenário de desestruturação das relações de trabalho é fenômeno típico, crescente príncipalmente em governos que visam abandonar o sistema de “Welfare State” (que seriam os países do Norte) além do processo decorrente também do aumento da desregulamentação do trabalho (nos países do Sul), acrescidos da ampliação do desemprego estrutural.
É nessa perspectiva que o governo surgiu com essa “alternativa” de regularização de trabalho crescentemente “informais”, de que são exemplo as distintas formas de terceirização. 
Antunes aponta que “em 2007, mais de 50% da população economicamente ativa encontrava-se em situação de informalidade no Brasil.” Historicamente, após expansão de seu proletariado industrial nas décadas passadas, o Brasil passou por um processo significativo de desindustrialização, tendo como resultante a expansão do trabalho precarizado, parcial, temporário, terceirizado, informalizado, além de enormes níveis de desemprego, de trabalhadores/as desempregados/as.
Tal regularização caracteriza que a legislação apoiaria uma forma de flexibilização irrestrita do trabalho. 
Oscar Ermida Uriate, no texto “La flexibilidad”, aduz que a flexibilidade das relações de trabalho pode ser definida como a eliminação, redução, afrouxamento ou, adaptação da proteção do trabalho clássico, com o objetivo real de dimunuição de gastos do empregador em detrimento da maior competividade entre o empregado.
Ele discorre em seu texto que, com o processo de flexibilização, ocorre a eliminação, diminuição, adaptação ou afrouxamento de garantias trabalhistas que já eram de direito do trabalhador, principalmennte, no que concerne a redução ou eliminação de direitos trabalhistas,alterando assim, a relação entre as fontes materiais e formais que dão base ao direito do trabalho.
Ressalta-se ainda, que tal medida iria de encontro com um príncipio básico constituído no rol de direitos fundamentais, fomentando uma situação de injustiça social entre contratado e contratante do trabalho intermitente.
O texto constitucional, em seu art. 170, determina que “a ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre concorrência tem por fim, assegurar a todos existência digna, conforme ditames da justiça social, observados os seguintes princípios (...) VIII – busca do pleno emprego”.
Maurício Godinho Delgado, detaca que a Constituição brasileira, em consonância com os princípios da valorização do trabalho e da justiça social protege a atividade laboral realizada pelo trabalhador ao reconhecer o que ele chama de “lucro constitucionalmente reconhecidos”
Nessa tese, a CLT e a Constituição protegem a relação que agrega valor aos seres humanos em detrimento do capital. 
A pura e simples espoliação do trabalho, a degradação das relações sociais, o dumping social configurado pela informalidade laborativa ou pelo implemento de fórmulas relacionais de acentuada desproteção e despojamento de direitos, a depredação do meio ambiente, seriam “condutas ilícitas para a ordem constitucional do Brasil” , conforme apontado no texto “o princípio da proteção: fundamento da regulação não-mercantil das relações de trabalho”.
Nessetexto, a autora aborda a caracterização de mercantilização da força laboral e suas consequências sociais. 
Ela aduz que o que de fato se transaciona no mercado de trabalho é o tempo do trabalhador à disposição do empregador para uso de sua capacidade de trabalho na atividade de produção, dando origem a uma relação de emprego quando a troca mercantil se conclui. 
É a singularidade da mercadoria, sua indissociabilidade da pessoa portadora da capacidade laboral, que “determina logicamente o objeto especial de transação no mercado de trabalho e, de resto, determinadas conseqüências relevantes para o funcionamento desse mercado e da relação de emprego que se estabelece tão logo se conclua a relação de troca.”
Uma dessas conseqüências importa de modo especial ao objetivo central do artigo citado e, se refere à desigualdade estrutural de poder que afeta a barganha entre vendedores e compradores no mercado de trabalho. 
É baseada na ideia que fundamenta o texto, que Sayonara expõe os argumentos de Polanyi (1988) , autor utilizado no texto supracitado, no qual o mesmo aborda sobre as conseqüência da transformação da força de trabalho em mercadoria, cujo alcance é mais amplo do que seus efeitos sobre o funcionamento ordinário do mercado de trabalho. 
 A transformação do trabalho em mercadoria e os perigos para a sociedade desenvolveram duas condições, ambas resultantes de um longo processo histórico que modificou, profundamente, a inserção dos produtores diretos na sociedade: primeiro, que o trabalhador disponha livremente da sua capacidade de trabalho, podendo vendê-la conforme suas necessidades; segundo, que o trabalhador não possua os meios para garantir sua reprodução, sendo obrigado a vender a força de trabalho para adquirir os valores de uso de que necessita. 
A transformação de uma capacidade ou atividade humana em mercadoria – bem como a transformação conjunta da natureza e do dinheiro em mercadorias “fictícias” sob a dominância do padrão de mercado – acarretariam enormes perigos para a sociedade. 
O que se defende no texto, especificamente, é que esses perigos decorreriam de que a mesma “não pode ser impelida, usada indiscriminadamente, ou até mesmo não utilizada, sem afetar também o indivíduo humano que acontece ser o portador dessa mercadoria peculiar.”
Logo, ao dispor da força de trabalho de um homem, o sistema disporia também, incidentalmente, da entidade física, psicológica e moral do ‘homem’ ligado a essa etiqueta. 
Pela mesma perspectiva, pode-se analisar a proposta de demissão de comum acordo. Nessa proposta, o trabalhador que quiser sair ou trocar de emprego terá mais condições de realizar um acordo com seu empregador anterior, tendo acesso a benefícios que hoje, só seria possível que com a demissão sem justa causa.
Ocorre que dessa questão, se levantam questionamentos quando ao direito do trabalhador de recorrer a justiça trabalhista ao se sentir prejudicado no processo demissional.
Essa questão de fato atinge, novamente o príncipio da proteção do trabalhador, ja debatido anteriormnete, tendo em vista que o principio do “in dubio, pro operatio” (regra da norma mais benéfica ao empregado), aplicada geralmente em processos trabalhistas, deixaria de existir.
Em conjunto, e considerando as propostas que atigem o direito das grávidas, bem como fim da obrigatoriedade da contribuição sindical, pode-se considerar que todas as propostas mostram o processo de precarização a ser implantado.
No que tange ao trabalho das mulhers grávidas, o texto da Reforma determina que “gestantes não podem trabalhar em locais com grau máximo de insalubridade.” Contudo, em atividades de grau mínimo e médio de insalubridade, o trabalho é permitido , caso seja permitido pelo médico.
A medida em si, não levou em questão o risco a vida da mulher grávida e do nascituro, demonstrando assim, um desrespeito à vida da mulher e seus direitos fundamentais. 
Quanto ao fim da obrigatoriedade do imposto sindical, destaca-se que a medida pode até atender os anseios da população, que não vê atuação forte dos sindicatos. Contudo, tal medida enfraquece também a representatividade dos mesmos junto ao empresariado, diminuindo o poder de atuação dos trabalhadores. A proposta em si exige a existência de sindicatos fortes para garantir melhores negociações para os trabalhadores.
Outra proposta que merece atenção é a regularização do home office, que nada mais é que a evedenciação da tendência da expansão do trabalho a domicílio, permitida pela desconcentração do processo produtivo, pela expansão de pequenas e médias unidades produtivas. 
Através das formas de flexibilização e precarização do trabalho, com o avanço da horizontalização do capital produtivo, o trabalho produtivo doméstico vem presenciando formas de expansão.
Destaca-se que se discute como o trabalho elaborado no ambiente doméstico , realizado no espaço domiciliar ou em pequenas unidades produtivas, conectadas ou integradas às empresas se mesclaria com o trabalho reprodutivo doméstico, aumentando as formas de exploração, em detrimento do direito de bem estar no ambiente doméstico.
III - Da regularização de garantia de trabalhadores terceirizados
Patente destacar que a regularização de garantias a trabalhadores terceirizados merece um tópico para análise especial.
Isso porque, em Março do presente ano, o então Presidente Michel Temer, sacionou a Lei da Terceirização. Destaca-se que o projeto em questão encontrava-se parado desde de 1998 mas, mesmo assim, foi aprovado rapidamente, sem o devido debate e, preocupação com os efeitos dessa lei na vida dos trabalhadores. 
Com o objetivo de atender os anseios empresariais, usando-se, para isso, o momento de crise econômica que vive o Brasil, essa aprovação representou um total retrocesso para o Direito do Trabalho brasileiro, uma vez que tal lei reconhece a possibilidade de terceirização ampla e irrestrita de atividades meio e fim, mas sem garantias reais e compensatórias para os trabalhadores terceirizados.
A questão constou na Lei 13.429/2017, que cuidou do trabalho temporário e da prestação de serviços a terceiros - terceirização, imprimindo-se alterações à Lei 6.019. Em relação à terceirização estabeleceu o artigo. 4-A da Lei 6.019/74 que empresa prestadora de serviços a terceiros é a pessoa jurídica de direito privado destinada a prestar à contratante serviços determinados e específicos.
O artigo 5-A, parágrafo 5º determina que a empresa contratante é subsidiariamente responsável pelas obrigações trabalhistas referentes ao período em que ocorrer a prestação de serviços, como já constava na Súmula 331 do TST.
É notável que a terceirização é um fenômeno mundial e irreversível na maioria dos países. No Brasil, tal processo teve origem e inspiração na Lei 6.019, que sancionou as diretrizes do trabalho temporário. 
A terceirização teve impulso na década de 1980 como incentivo à reestruturação produtiva, à privatização de empresas públicas e à desregulamentação das relações de trabalho. O seu processo foi intensificado e disseminado no âmbito da reestruturação produtiva que marcou os anos 1990, com o objetivo de diminuir custos da produção, elevar o padrão de qualidade com a redução do tempo e o aumento da flexibilidade dos sistemas produtivos de bens e de serviços. 
Em “ Várias faces da terceirização”, Marcio Tulio Vianna, afirma que tal processo (terceirização) “é uma evolução no modo de produzir, que se nem sempre nos permite encontrar todos os produtos que desejamos, pelo menos os barateia e facilita a sua diversificação.”
O problema é que o just in time, quando aplicado à força de trabalho, conserva a mesma lógica de eliminar estoques, valendo se da quantidade exata de mercadoria de que precisa. 
Como o trabalhador foi equiparado a patamar de mercadoria, o que se viu e se vê, atualmente, na prática, é à precarização das condições de trabalho e um desrespeito as leis trabalhistas. 
Destaca-se que possíveis futuras consequências a regularização da terceirização de todas as atividades realizadas,giram em torno dos itens elencados abaixo:
1. Salários, benefícios e condições de trabalho inferiores aos recebidos pelos empregados diretamente contratados pela tomadora de serviços. É muito comum se ver dentro de uma empresa dois trabalhadores trabalhando lado a lado, um contratado direto e um terceirizado, sendo que este recebe um salário muito inferior ao daquele e não tem os mesmos benefícios que ele;
2. Precarização das condições de trabalho com ambientes de trabalho inseguros e inadequados, que provocam muitos acidentes do trabalho. Quatro em cada cinco acidentes de trabalho, incluindo os óbitos, envolvem empregados terceirizados, sendo que o total de trabalhadores terceirizados afastados por acidentes é quase o dobro do total registrado diretamente pelo tomador. A razão é simples: as empresas terceirizadas não investem na segurança dos seus empregados e não estão preocupadas com a saúde e vida deles;
3. Desorganização sindical. A terceirização promove a pulverização dos trabalhadores, que não são representados pelo sindicato da categoria predominante do tomador e, com isso, desorganiza e enfraquece o movimento sindical;
4. A terceirização, como aprovada, pode promover drástica redução e até mesmo a extinção do quadro direto de empregados da tomadora. É só esta parte querer. A terceirização permite que uma empresa possa trabalhar sem um único empregado.
5. A terceirização pode promover a desmobilização dos trabalhadores sobre reivindicações trabalhistas;
6. A terceirização pode promover a desmobilização dos trabalhadores sobre a realização de greves e elimina as ações sindicais, o que é de grande interesse do setor patronal, que ficaria mais à vontade para explorar os trabalhadores.
Márcio Tulio Vianna, afirma que “o saldo final, os efeitos da terceirização tendem a ser bem mais negativos do que positivos.”
Ele esclarece que parte do ônus do processo de tercerização recai ainda sobre o pequeno empresário, no que tange a produtividade e, consequentemente possibilidade de competir com empresas de médio e grande porte, muito porque é comum, por exemplo, a grande empresa descartar para a pequena as máquinas que setornaram obsoletas, através de contratos de leasing. Com isso, prolonga a sua vida útil e ganha lucros adicionais. 
Entretanto, destaca-se que a pior parte recai sobre os trabalhadores. No texto “ as várias fases da flexibilização”, o autor aponta que em pesquisa envolvendo 40 empresas terceirizadas do ABC Paulista, os resultados apontavam que em 72,5% dos casos, benefícios sociais inferiores; e em 67, 5%, salariais menores. 
As jornadas eram mais extensas e as condições de saúde e segurança mais precárias. Note-se que as empresas menores, por serem menos visíveis, fazem o serviço sujo para as grandes, sonegando direitos e propondo contratos mais baratos (e por isso mais atraentes). Essa realidade é ainda mais visível quando a grande empresa expulsa trabalhadores e os reaproveita através das pequenas, em condições mais precárias.
Os dados acima demostram, como também se depreende do texto de Maurício Godinho Delgado, que a relação econômica de trabalho se disassocia, por fim, da relação juslaboralista que lhe seria correspondente. 
Ressalta-se que a terceirização, no âmbito trabalhista funciona como sistema de troca dos trabalhadores, que ficam a mercê do empresariado. Nesse tipo de relação a força do labor é sublocada. 
O que empresariado consome, de certo modo, é o próprio trabalhador, na medida em que o utiliza como veículo para ganhar na transação. Em outras palavras, “o mercador de homens os emprega tal como o fabricante usa os seus produtos e como todos nós usamos o dinheiro.”
Em termos objetivos, a terceirização afeta os terceirizados, que em geral trabalham em condições mais precária; os permanentes, cujos salários, por isso mesmo, tendem a se aviltar; e às vezes a própria empresa tomadora, que além de lidar com o embate histórico entre capital e trabalho, passa a ter de gerir um conflito inédito entre trabalho e trabalho.
Atualmente, se outros fenomeno também se depreende do processo de terceirização: as empresas menores, por serem menos visíveis, fazem o serviço sujo para as grandes, sonegando direitos e propondo contratos mais baratos (e por isso mais atraentes). 
Essa realidade é ainda mais visível quando a grande empresa expulsa trabalhadores e os reaproveita através das pequenas, em condições mais precárias.
A terceirização revela assim, não somente a divisão do trabalho, mas configura faticamente, a divisão das diversas classes em que o trabalhador se insere, gerando “o medo no chão da fábrica e colhendo um novo espécime de trabalhador – mais dócil e solitário, e ao mesmo tempo sempre móvel, modelo ideal para um ritmo de trabalho trepidante, mutante e absorvente”, como afirma-se no texto “as várias faces da terceirização”.
Assim, enquanto nos preocupamos apenas com a norma, é o próprio sujeito que se flexibiliza. Mas ele também contribui – por isso mesmo – para flexibilizá-la, toda vez que sofre calado uma violação em seus direitos.
IV – Conclusão 
Reforma trabalhista é necessária e vem sendo feita ao longo dos anos, desde 1943, quando promulgada a CLT, mas, deve ser feita de forma legítima, transparente, democrática e com amplo debate com a sociedade, que vai se submeter aos seus efeitos. 
Logo, como afirma Marcio Tulio Viana, pode-se concluir que “o Direito do Trabalho não é apenas um conjunto de normas e institutos – mas é o próprio trabalhador”
É notório que não é a partir do enfraquecimento das leis trabalhistas que se irá atrair capital estrangeiro, ou sair da grave crise financeira que o país se encontra. A forma está sendo conduzida a Reforma Trabalhista, por um governo que tem menos de 10% de aprovação, um Congresso absolutamente desacreditado pelo povo, sem o devido debate do projeto proposto, demosntram um total desrespeito contra os trabalhadores e o povo brasileiro. 
V- Bibliografia
VIANNA, Márcio Túlio - AS VÁRIAS FACES DA TERCEIRIZAÇÃO
ANTUNES, Ricardo - DIMENSÕES DA PRECARIZAÇÃO ESTRUTURAL DO TRABALHO 
DELGADO, Maurício Godinho - DIREITOS FUNDAMENTAIS NA RELAÇÃO DE TRABALHO
HORN, Carlos Henrique e DA SILVA, Sayonara Grillo Coutinho Leonardo - O PRINCÍPIO DA PROTEÇÃO: FUNDAMENTO DA REGULAÇÃO NÃO-MERCANTIL DAS RELAÇÕES DE TRABALHO