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MpMagEst Ambiental Luiz Antônio Data: 10/04/2013 Aula 04 ANUAL ESPECIAL DIURNO – 2011 Anotador(a): Carlos Eduardo de Oliveira Rocha Complexo Educacional Damásio de Jesus RESUMO SUMÁRIO 1. ETEC – Espaços territoriais especialmente protegidos 2. Responsabilidade civil e administrativa 1. ETEC – ESPAÇOS TERRITORIAIS ESPECIALMENTE PROTEGIDOS. Cabe ao poder público nos termos da constituição estabelecer espaços territoriais especialmente protegidos (art. 225 CF) Lei Complementar 140: se não houver órgão municipal capacitado, quem fará o licenciamento é o Estado – licenciamento suplementar: “Art. 15. Os entes federativos devem atuar em caráter supletivo nas ações administrativas de licenciamento e na autorização ambiental, nas seguintes hipóteses: I - inexistindo órgão ambiental capacitado ou conselho de meio ambiente no Estado ou no Distrito Federal, a União deve desempenhar as ações administrativas estaduais ou distritais até a sua criação; II - inexistindo órgão ambiental capacitado ou conselho de meio ambiente no Município, o Estado deve desempenhar as ações administrativas municipais até a sua criação; e III - inexistindo órgão ambiental capacitado ou conselho de meio ambiente no Estado e no Município, a União deve desempenhar as ações administrativas até a sua criação em um daqueles entes federativos.” Lei do sistema nacional de unidade de conservação (Lei do SNUC 9.950/00). Em São Paulo há legislação estadual dizendo a respeito do sistema estadual de unidade de conservação: Decreto nº 51.453/06 Sistema estadual de florestas (SIEFLOR) 1.1. Conceito de unidade de conservação: uma determinada área que possui relevância ambiental muito grande, com delimitação adequada, em que o poder público utilizando lei ou decreto cria uma unidade de conservação, conferindo uma proteção especial e um regime de administração especial. Lei do SNUC: Art. 3º O Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza - SNUC é constituído pelo conjunto das unidades de conservação federais, estaduais e municipais, de acordo com o disposto nesta Lei.” 2 de 7 Quem realiza a gestão dessas áreas é o CONAMA “Art. 6o O SNUC será gerido pelos seguintes órgãos, com as respectivas atribuições: I – Órgão consultivo e deliberativo: o Conselho Nacional do Meio Ambiente - Conama, com as atribuições de acompanhar a implementação do Sistema; II - Órgão central: o Ministério do Meio Ambiente, com a finalidade de coordenar o Sistema; e III - órgãos executores: o Instituto Chico Mendes e o Ibama, em caráter supletivo, os órgãos estaduais e municipais, com a função de implementar o SNUC, subsidiar as propostas de criação e administrar as unidades de conservação federais, estaduais e municipais, nas respectivas esferas de atuação. (Redação dada pela Lei nº 11.516, 2007) Parágrafo único. Podem integrar o SNUC, excepcionalmente e a critério do Conama, unidades de conservação estaduais e municipais que, concebidas para atender a peculiaridades regionais ou locais, possuam objetivos de manejo que não possam ser satisfatoriamente atendidos por nenhuma categoria prevista nesta Lei e cujas características permitam, em relação a estas, uma clara distinção.” Conceitos da lei do SNUC (importante para as provas): “Art. 2º Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por: I - unidade de conservação: espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituído pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção; II - conservação da natureza: o manejo do uso humano da natureza, compreendendo a preservação, a manutenção, a utilização sustentável, a restauração e a recuperação do ambiente natural, para que possa produzir o maior benefício, em bases sustentáveis, às atuais gerações, mantendo seu potencial de satisfazer as necessidades e aspirações das gerações futuras, e garantindo a sobrevivência dos seres vivos em geral; III - diversidade biológica: a variabilidade de organismos vivos de todas as origens, compreendendo, dentre outros, os ecossistemas terrestres, marinhos e outros ecossistemas aquáticos e os complexos ecológicos de que fazem parte; compreendendo ainda a diversidade dentro de espécies, entre espécies e de ecossistemas; IV - recurso ambiental: a atmosfera, as águas interiores, superficiais e subterrâneas, os estuários, o mar territorial, o solo, o subsolo, os elementos da biosfera, a fauna e a flora; V - preservação: conjunto de métodos, procedimentos e políticas que visem a proteção a longo prazo das espécies, habitats e 3 de 7 ecossistemas, além da manutenção dos processos ecológicos, prevenindo a simplificação dos sistemas naturais; VI - proteção integral: manutenção dos ecossistemas livres de alterações causadas por interferência humana, admitido apenas o uso indireto dos seus atributos naturais; VII - conservação in situ: conservação de ecossistemas e habitats naturais e a manutenção e recuperação de populações viáveis de espécies em seus meios naturais e, no caso de espécies domesticadas ou cultivadas, nos meios onde tenham desenvolvido suas propriedades características; VIII - manejo: todo e qualquer procedimento que vise assegurar a conservação da diversidade biológica e dos ecossistemas; IX - uso indireto: aquele que não envolve consumo, coleta, dano ou destruição dos recursos naturais; X - uso direto: aquele que envolve coleta e uso, comercial ou não, dos recursos naturais; XI - uso sustentável: exploração do ambiente de maneira a garantir a perenidade dos recursos ambientais renováveis e dos processos ecológicos, mantendo a biodiversidade e os demais atributos ecológicos, de forma socialmente justa e economicamente viável; XII - extrativismo: sistema de exploração baseado na coleta e extração, de modo sustentável, de recursos naturais renováveis; XIII - recuperação: restituição de um ecossistema ou de uma população silvestre degradada a uma condição não degradada, que pode ser diferente de sua condição original; XIV - restauração: restituição de um ecossistema ou de uma população silvestre degradada o mais próximo possível da sua condição original; XV - (VETADO) XVI - zoneamento: definição de setores ou zonas em uma unidade de conservação com objetivos de manejo e normas específicos, com o propósito de proporcionar os meios e as condições para que todos os objetivos da unidade possam ser alcançados de forma harmônica e eficaz; XVII - plano de manejo: documento técnico mediante o qual, com fundamento nos objetivos gerais de uma unidade de conservação, se estabelece o seu zoneamento e as normas que devem presidir o uso da área e o manejo dos recursos naturais, inclusive a implantação das estruturas físicas necessárias à gestão da unidade; XVIII - zona de amortecimento: o entorno de uma unidade de conservação, onde as atividades humanas estão sujeitas a normas e restrições específicas, com o propósito de minimizar os impactos negativos sobre a unidade; e XIX - corredores ecológicos: porções de ecossistemas naturais ou seminaturais, ligando unidades de conservação, que possibilitam entre elas o fluxo de genes e o movimento da biota, facilitando a dispersão de espécies e a recolonização de áreas degradadas, bem como a manutenção de populações que demandam para sua 4 de 7 sobrevivência áreas com extensão maior do que aquela das unidades individuais.” 1.2. Criação de unidade de conservação (Art. 7º ao 21 e 22 ao 28 da lei do SNUC) 1.2.1. Para criação de unidade de conservação serão desenvolvidos estudos técnicos para avaliar a importânciaambiental da área e sua exata localização e dimensão. 1.2.2. Realização de consulta pública – audiência pública. Estação ecológica e reserva biológica não precisam de consulta pública dada a importância da unidade de conservação 1.2.3. Criação da unidade de conservação por e Lei Estadual ou Municipal 1.3. Grupo (ou categorias) UPI – unidades de proteção integral e UUS – unidade de uso sustentável Art. 7o As unidades de conservação integrantes do SNUC dividem- se em dois grupos, com características específicas: I - Unidades de Proteção Integral; II - Unidades de Uso Sustentável. § 1o O objetivo básico das Unidades de Proteção Integral é preservar a natureza, sendo admitido apenas o uso indireto dos seus recursos naturais, com exceção dos casos previstos nesta Lei. § 2o O objetivo básico das Unidades de Uso Sustentável é compatibilizar a conservação da natureza com o uso sustentável de parcela dos seus recursos naturais. UPI – Art. 8º UUS – Art. 14 Estação ecológica EE art. 9º APA art 15 Reserva Biológica RB art. 10 ARE art 16 Parque Nacional PN art. 11 FN art 17 Monumento Natural MN art. 12 RE art 18 Refugio da vida Silvestre RVS art. 13 RF art 19 RDS art 20 RPPN art 21 DICA: decorar as unidades de proteção integral (80% de acerto inclusive por eliminação das unidades de uso sustentável) DICA: a maior probabilidade de incidência da unidade de uso sustentável, no estado de São Paulo e Área de Proteção Ambiental. Obs.: não confundir APA com APP – área de proteção permanente (código florestal) 1.4. Plano de Manejo: é o documento técnico que vai dispor o zoneamento, o funcionamento, a gestão da área de conservação. O poder público terá 05 anos para elaboração do plano de manejo após a criação da unidade de conservação. “Art. 28. São proibidas, nas unidades de conservação, quaisquer alterações, atividades ou modalidades de utilização em desacordo 5 de 7 com os seus objetivos, o seu Plano de Manejo e seus regulamentos. Parágrafo único. Até que seja elaborado o Plano de Manejo, todas as atividades e obras desenvolvidas nas unidades de conservação de proteção integral devem se limitar àquelas destinadas a garantir a integridade dos recursos que a unidade objetiva proteger, assegurando-se às populações tradicionais porventura residentes na área as condições e os meios necessários para a satisfação de suas necessidades materiais, sociais e culturais.” O MP poderá ingressar com ação civil pública em caso de inércia na elaboração do plano de manejo. Obs.: o plano de manejo também deverá dispor de zona de amortecimento e corredores ecológicos. O plano de manejo também disporá sobre a destinação de eventuais recursos financeiros obtidos da unidade de conservação. “Art. 35. Os recursos obtidos pelas unidades de conservação do Grupo de Proteção Integral mediante a cobrança de taxa de visitação e outras rendas decorrentes de arrecadação, serviços e atividades da própria unidade serão aplicados de acordo com os seguintes critérios: I - até cinqüenta por cento, e não menos que vinte e cinco por cento, na implementação, manutenção e gestão da própria unidade; II - até cinqüenta por cento, e não menos que vinte e cinco por cento, na regularização fundiária das unidades de conservação do Grupo; III - até cinqüenta por cento, e não menos que quinze por cento, na implementação, manutenção e gestão de outras unidades de conservação do Grupo de Proteção Integral.” 1.5. Zona de Amortecimento: exceto APA e RPPN, todas as unidades de conservação deverão ter zonas de amortecimento, que são áreas externas confrontantes da unidade da conservação, que visa amortecer os impactos ambientais originários de fora da unidade. Obs.: quem estiver inserido na zona de amortecimento também sofrerá limitações. 1.6. Corredores Ecológicos: quando há duas unidades de conservações próximas são criadas um espaço de ecossistema para que haja uma troca de biodiversidade para melhorar as unidades de conservação. 1.7. Mosaico (art. 26): Municio, Estado e União criam unidade de conservação que se justapõe uma sobre as outras. Obs.: também pode configurar na ocorrência de criação de APP (Código Florestal 12.651/12) 6 de 7 1.8. Modificação e extinção da unidade de conservação (i) Se a modificação é para ampliar o poder protetivo da unidade de conservação, ou para aumentar sua área, é possível pelo mesmo instrumento normativo usado para a criação Ex. se foi criada por decreto, é possível ampliação por decretou ou mesmo por lei. (ii) Se a modificação é para diminuir o poder protetivo, diminuir a área ou mesmo extinguir a unidade de conservação apenas é permitido por lei – na equivalência de suas competências. Obs.: não é possível a supressão de pequena área ainda que a modificação amplie de outro lado, a área total da unidade de conservação. Apenas por lei. 1.9. Populações tradicionais: não há conceituação do artigo 2º da Lei do SNUC, portanto é utilizado como conceito o Art. 3º, II da Lei 11.428/06: “Art. 3º Consideram-se para os efeitos desta Lei: II - população tradicional: população vivendo em estreita relação com o ambiente natural, dependendo de seus recursos naturais para a sua reprodução sociocultural, por meio de atividades de baixo impacto ambiental;” Obs.: quando as populações tradicionais não puderem ser mantidas nas unidades de conservação: “Art. 42. As populações tradicionais residentes em unidades de conservação nas quais sua permanência não seja permitida serão indenizadas ou compensadas pelas benfeitorias existentes e devidamente realocadas pelo Poder Público, em local e condições acordados entre as partes.” 2. RESPONSABILIDADE CIVIL E ADMINISTRATIVA 2.1. Responsabilidade administrativa: todo infrator pessoa física ou jurídica será responsabilizado no plano penal, civil ou administrativo (Art. 225 da CF). Legislação aplicável a sanção administrativa: Lei 9.605/98 (parte gerais) esfera Federal Decreto 6.514/09 (parte especial) Deverá atender os princípios da legalidade e tipicidade (art. 24 a 93 do decreto 6.514) – isso atende o princípio da legalidade em virtude de ser tipificado por decreto? Segundo STJ há o princípio de legalidade específica e ampla. Quando não se trata de crimes, mas sanções administrativas, basta lei em sentido amplo (decretos, resoluções etc), portanto, não viola o princípio da legalidade. Considera-se infração administrativa ambiental toda conduta de ação ou omissão que viola regra jurídica de proteção do meio ambiente. Art. 70 Lei 9605/98 7 de 7 “Art. 70. Considera-se infração administrativa ambiental toda ação ou omissão que viole as regras jurídicas de uso, gozo, promoção, proteção e recuperação do meio ambiente.” Só pode realizar auto de infração quem tem atividade de fiscalização Art. 70, §1º: § 1º São autoridades competentes para lavrar auto de infração ambiental e instaurar processo administrativo os funcionários de órgãos ambientais integrantes do Sistema Nacional de Meio Ambiente - SISNAMA, designados para as atividades de fiscalização, bem como os agentes das Capitanias dos Portos, do Ministério da Marinha.” Obs.: Auto de infração é ato administrativo que possui presunção de legitimidade. Portanto, o ônus da prova para desfazer esse ato é sempre do autuado. 2.2. A responsabilidade administrativa é objetiva pelo risco criado. Risco criado é aquele que admite excludentes. Ex.: João causou uma degradação na sua propriedade e a vendeu para José. Cabe atuação sobre José? Não, não há obrigação propter rem na sanção administrativa. 2.3. Prescrição – a infração administrativa for instantânea, prescreve em 05 anos de sua data, se ainfração administrativa for permanente prescreve em 05 anos da data de sua interrupção. Prescrição intercorrente 03 anos. Se configurar não apenas sanção administrativa, mas sim penal, aplica-se a prescrição do Código Penal. Próxima aula: Tutela civil e tutela do patrimônio cultural
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