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Questionamentos sobre Normalidade e Saúde Mental

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1 
 
 
Universidade Estácio de Sá – Campus Resende 
Disciplina: Psicologia Aplicada ao Direito 
Prof.: Ciro Ferreira dos Santos 
 
AULA 05 - QUESTIONAMENTOS SOBRE A NOÇÃO DE NORMALIDADE. LEI 
ANTIMANICOMIAL 
Psicologia Social 
 
É o estudo das condutas humanas que são influenciadas por outras pessoas. 
 
Objeto de estudo somos nós mesmos, participando das mais variadas interações 
sociais. 
 
Um dos principais temas de pesquisa da Psicologia Social é o das atitudes sociais. 
 
Atitude é uma organização duradoura de pensamentos e crenças (cognições), 
dotada de uma carga afetiva pró ou contra um objeto social que predispõe o 
indivíduo para a ação. 
 
Para o senso comum - atitude é sinônimo de comportamento. 
 
Atitude é uma predisposição mental. Comportamento é a ação. 
 
Componentes das atitudes - a cognição, o afeto e o comportamento. 
 
As atitudes são construídas ao longo da história de vida do sujeito. São aprendidas 
por meio da vivência da pessoa, da imitação e da observação. 
 
Conhecer, poder explicar e prever são acontecimentos ligados a variáveis 
ideológicas, políticas e morais, que fazem parte de nossas atitudes. 
 
Preconceito - atitude que apresenta duas características específicas: se forma 
sempre em torno de um núcleo afetivamente negativo; e, é dirigido contra um 
indivíduo ou grupo de pessoas. 
 
Exemplos: preconceitos étnicos, religiosos, políticos, culturais, ideológicos e 
profissionais. 
 
Interesse social em relação ao preconceito - investigar as suas causas e 
construir técnicas como forma de prevenção, controle ou extinção. 
 
Estereótipos são colocações de certas características a pessoas pertencentes a 
determinados grupos sociais. 
 
 
2 
 
Os estereótipos podem ser definidos por atitudes positivas ou negativas, em relação 
a estas pessoas. 
 
Os estereótipos nos permitem simplificar a realidade social. Por meio deles, 
reconhecemo-nos em determinado grupo e nos diferenciamos de outros grupos. 
Sempre que nos sentimos pertencentes a um grupo, desenvolvemos sentimentos de 
proteção com quem nos identificamos, e de hostilidade e rejeição em relação aos 
diferentes de nós. 
 
Discriminação - que é o comportamento que deriva do preconceito e do 
estereótipo. 
 
Geralmente, a discriminação é negativa e pode intensificar-se em situações de crise 
(política, econômica, social e emocional). 
 
Em cada cultura, em cada época, existem diferentes formas de discriminação e 
diferentes grupos-vítimas desta atitude. 
 
Estigma 
 
• a palavra estigma representa algo de mal, que deve ser evitado. 
 
• a sociedade estabelece um modelo de categorias e tenta catalogar as pessoas de 
acordo com os atributos considerados naturais e comuns para ela. 
 
• demonstra pertencer a uma categoria com atributos incomuns ou diferentes e 
pouco aceitos pelo grupo social, ou em casos extremos, é considerado mau e 
perigoso. 
 
• quanto mais visível for a “marca”, menor será a possibilidade de reverter esta 
situação. 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
Questionamentos sobre os critérios de normal e patológico 
 
As ideias e os critérios de avaliação destes termos foram sendo construídas com base 
no desenvolvimento científico, na cultura e nos comportamentos daqueles que 
avaliam os indivíduos. 
 
O conceito de normal e patológico é relativo. Sob o ponto de vista cultural, o que em 
uma sociedade é considerado “normal”, aceito e valorizado, em outra sociedade, ou 
na mesma sociedade, em outro momento histórico, pode ser considerado anormal, 
desviante ou patológico. 
 
Critérios de Normalidade 
 
• Normalidade como ausência de doença 
• Normalidade “ideal” 
• Normalidade estatística 
• Normalidade como “bem estar” 
• Normalidade funcional 
• Normalidade como processo 
• Normalidade subjetiva 
• Normalidade como liberdade 
• Normalidade operacional. 
 
A saúde mental pode incluir a capacidade de um indivíduo para apreciar a vida e 
procurar um equilíbrio entre as suas atividades e os seus esforços para atingir a 
resiliência psicológica. 
 
A resiliência é um conceito psicológico, emprestado da Física, definido como a 
capacidade de o indivíduo lidar com problemas, superar obstáculos ou resistir à 
pressão de situações adversas — choque, estresse etc. — sem provocar danos 
psicológicos. 
 
O conceito de Saúde Mental é mais amplo que a ausência de transtornos mentais. 
 
Em Psiquiatria e em Psicologia prefere-se falar em transtornos ou perturbações ou 
disfunções ou distúrbios psíquicos no lugar de doença. 
 
Transtorno revela um conceito que descreve um comportamento diferente. 
 
Os transtornos mentais são um campo de investigação interdisciplinar que envolve 
várias áreas das Ciências, como a Psicologia e a Psiquiatria. 
 
O que fazem os profissionais nestas áreas? Quais as diferenças de tratamento em 
relação aos transtornos mentais? 
 
 
 
4 
 
O psiquiatra é um profissional da Medicina que após ter concluído sua formação, 
opta pela especialização em Psiquiatria. Esta é realizada em 2 ou 3 anos e abrange 
estudos em Neurologia, Psicofarmacologia e treinamento específico para diferentes 
modalidades de atendimento, tendo por objetivo tratar os transtornos mentais. Ele é 
apto a prescrever medicamentos no seu tratamento. 
 
O psicólogo tem formação superior em Psicologia, ciência que estuda os processos 
mentais (sentimentos, pensamentos, razão) e o comportamento humano. O curso 
tem duração de 4 anos para o bacharelado e licenciatura, e 5 anos para obtenção do 
título de psicólogo. No decorrer do curso, a teoria é complementada por estágios 
supervisionados que habilitam o psicólogo a realizar psicodiagnóstico, psicoterapia, 
orientação, entre outras atividades, relacionadas aos transtornos mentais. Como não 
é um médico, não pode prescrever medicamentos. 
 
LEI 10.216/2001 – LEI ANTIMANICOMIAL 
 
Em 1987, em um Encontro Nacional de Trabalhadores da Saúde Mental, nasceu o 
Movimento da Luta Antimanicomial. 
 
Uma das conquistas deste Movimento foi a Lei nº 10.216/2001, que determinou o 
fechamento progressivo dos hospitais psiquiátricos e a instalação de serviços 
substitutivos. 
 
A partir desta lei, o Brasil tem eliminado leitos psiquiátricos e substituído pelos 
serviços dos Centros de Atenção Psicossocial (Caps), residências terapêuticas, 
programas de redução de danos, centros de convivência, oficinas de geração de 
renda, entre outros programas. 
 
Algumas abordagens críticas como a Antipsiquiatria e a Psiquiatria Social 
denunciaram o saber científico, nesta área, como manipulação, retirada da 
humanidade e dignidade dos portadores de transtornos mentais, além das condições 
inadequadas de tratamento e internação. 
 
Essas abordagens não negam que os transtornos mentais existam, mas se propõem 
a enfrentá-los, utilizando uma postura crítica aos métodos tradicionais. 
 
Acreditam que o portador de transtorno mental não é um “monstro”, por isso, não 
deve ser desumanizado, mas, sim, avaliado por meio de sua história de vida. 
 
A lei nº 10.216/2001 surgiu como uma garantia de direitos e de reinserção social das 
pessoas estigmatizadas por serem portadoras de transtornos mentais. Ainda se faz 
necessária uma luta mais ampla pelo respeito e garantia de direitos à diversidade e à 
singularidade de cada um. 
 
 
 
 
5 
 
Caso Concreto 
 
1- Defensoria Pública de Santa Catarina consegue ”desinternação” de paciente que 
estava custodiado há mais de 30 anos em Florianópolis. Atualidades: Hot Empório - Por 
Redação - 24/09/2016 
A Defensoria Pública de Santa Catarina, por intermédio da Defensora Pública Caroline Kohler 
Teixeira, do Núcleo da Capital/SC, impetrou Habeas Corpus para garantir o direito de ir e vir 
do paciente que estava segregado há mais de 30 anos cumprindo medida de segurança de 
internação.Consta nos autos que o paciente foi internado em 10 de julho de 1984 e até 
então estaria internando no Hospital de Custódia e tratamento de Florianópolis. É a pessoa 
que está há mais tempo cumprindo medida de segurança no Estado de Santa Catarina. 
A Defensora Pública esclarece em seu pedido, que a Constituição da República Federativa do 
Brasil, em seu art, 5º, inc. XLVII, veda as penas de caráter PERPÉTUO e que o Código Penal 
(art. 75, caput) brasileiro impôs o limite máximo de cumprimento de pena o prazo de 30 
anos. De partida, diga-se que o termo “penas” é utilizado, pelo constituinte, na acepção 
ampla do termo, compreendendo todas as espécies de sanções penais não só as privativas 
de liberdade como também as restritivas de direitos e as MEDIDAS DE SEGURANÇA. Trecho 
da notícia disponível em http://emporiododireito.com.br/tag/lei-antimanicomial/ Acesso em 
11 fev.2017. 
A partir da leitura acima responda: 
A - Supondo que o argumento da Defensora Pública fosse desconsiderado, como poderíamos 
entender esta situação, no que diz respeito às atitudes sociais? 
B - Nesta aula, você estudou a Lei Antimanicomial (10.216/2001). De que forma poderíamos 
utilizá-la no caso acima? 
Gabarito: 
A - Revelaria uma discriminação em relação ao portador de doença mental em conflito com a 
lei, penalizando-o duplamente em razão de um fato ”distúrbio psíquico” que não está na sua 
esfera de voluntariedade e pela situação de estar cumprindo medida há mais de trinta anos. 
B - A Lei dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtornos 
mentais e redireciona o modelo assistencial em saúde mental. No art. 1° Trata dos direitos e 
a proteção das pessoas acometidas de transtorno mental sem qualquer forma de 
discriminação quanto à raça, cor, sexo, orientação sexual, religião, opção política, 
nacionalidade, idade, família, recursos econômicos e ao grau de gravidade ou tempo de 
evolução de seu transtorno, ou qualquer outra. No art. 2.º, VIII da Lei, menciona que é 
direito da pessoa portadora de transtorno mental, ser tratada em ambiente terapêutico pelos 
meios menos invasivos possíveis. Além da penalização por tempo maior do que o 
estabelecido pela Constituição Federal e pelo Código Penal, podemos entender a tortura 
institucional através da situação de violência a que o portador de transtorno mental está 
submetido pelo Judiciário que deveria protegê-lo garantindo-lhe uma atenção humanizada, 
preventiva e também reparadora de danos.

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