Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
92� JOAO QUARTIM DE MORMS superiorcs do quc parn Os nfcriorcs, para Os ricos c nao para Os pobrcs ' . 0 autor certamcrte não teve tempo para rcicr seu texto corn a dcvida calma, Se a tivesse fcito, não Hie rena escapado a contradição, nada dialética, entre atribuir ao fundador do posirivismo a tese, antes refcnida, de que a ordem moral rcpousa sohrc a social, csta sabre a vital c a vital sohrc a material, para, cm seguida, corn mais accrto, lembrar quc para o rncsrno pcnsador a ordern social repousa sobrc a ordem educaciona!, base das dernais. A pa rte final do artigo cstã coiisagrada a Teixeira Mendes. Salicnta os aspcctos progressistas c gencrosos dc sua obra c açâo, inclusive sua atinide em relaçao ao comunismo, do qual divergia, mas recon}iecia-lhc o direito exisréncia corno correnre condenando a rcprcss3o policial de qiic cra ob j eto. No final, contrasta posirivistas c católicos. "Estes servem aos ricos para set por des scrvidos, recom- pensados. Aquelcs, não. Os mais aurorizados a elcs servem porque cstão firme- mcnte convcncidos de que, corn arnor, podeni set resolvida a questão social." "Teixeira Mcndcs foi urn dcsscs. Sc nio mcrcccu, pois, nossa admiraçao, ao rrlcnos, 00550 respeito. - ...a.. Sc o Iriteressc do artigo, como anblise comparariva do posirivismo e do comunismo, é pequeno, constitui riorñvcl restemunho hisroniograuico da inflexbo intelecrual da esquerda brasilcira 005 anos 20. 0 adeus a Tcixcira Mendes di ocasiao ao autor (provavcln-entc dirctor do jorrial, professor Leôntdasdc Rescndc) Para tarnhni dar adtus an positivisnio. Corno coda suprema dcspedida, vem carrcgado da nostalgia qIic inspiram os arnores monros. •�.�¶\.�- • ...�.,..-�-�-- Os !NTELECTUAIS F Os ANOS 20: MODERNO, MODERN!STA, MODERNIZAçAO MILTON LAHUERTA' A mociclade sene que 1hu cabe uma rnissão importante, mas não atin.-i corn a inaneira pot quc deva tal rniss.io concreticar-se. (Sérgio Millie:, 1936) Os anos 20 são dc mudanças. 1arnb6rn são sirnbOlicos na história politica c cultural brasileira, por inaugurarem a génese do Brasil Moderno, corn a introdu- çiio de proccdimenros, hbbitos, bngilos dé visbo, diagnOsticos que onienraram e mobilizaram viirias geraçOcs. Nesse sntido falar deles é entrar em polémica crrra, p015 rnuitOs 550 Os bngulos a partir dos quais se pode abordii-los. HiiCOriSCnSO apenas quanto no fato de neles ter cxplicitado a crise da rcpüblica oligbrquica c de ter surgido urn novo ângulo para pensar o Brasil. Afinal, 6 justamcntc nos anos 20 clue a deccpçbo quanta a pdssibilidade de a Repiiblica realizar o ideal de urna sociedade nova torna-se absolutamentc cxplosiva. Particularmente para os intclectuais, a década de 1920 serb de quesrionamentos inéditos, are então, c que permanecem em paura pelas próximas dCcadas. Nbo apenas conccpçöes tradicio- nais são atacadas, mas tambCm as instituiçôs republicanas - identificadas corn urna legalidade que não tern corrcspondéicia no real -, elevando o pathos de ruptura, trazendo b tona novos atores c a problcrnárica dos direitos e da participaçbo. 1 Professor dc Teoria Polirica - UNESP - Araraquara. 96� MILTON LAHUERTA� A DECADA DE I90 E AS ORIGENS DO BRASIL MODERNO� 97 No cotanro, sc d verdade c l ue tinus "socicdadc civil" cm germe Sc movirnenta num scntido mudancisra c genericamente rcnovador, não lid contudo oem uma situação de constnangimenro insuporrável, nem urn projeto que a ]eve a se articular nactona[menrc em tomb da perspcctiva de urn desenvolvimento histórico alter- nativo. Em comurn, ha uma demanda genrica de unificaço cultural, urn es'lrito de renovação e atualizaçao clue prerende it além da dirnensão esrriramentc literãria e uma preocupação difusa de superar a disrància entre o erudito e o popular. Luciano Martins, fazertdo diagnóstico da situação da intelectualidade do period-o, dma clue cia se caractcriza par urna "ida no povo" i brasilcira, "scm utopia ou rcoria do sociedade, corn humor, corn mallcia". E por isso que entre os intelectuais inspirados no modernismo, ainda que haja ,-. uma prctensão de rever o racismo e de criticar a rerórica do academicismo,', permanecem urn culto a erudicao c urn senrirnento de set parre da elite ral quid cram cultivados nos salóes arisrocrLjticos. Dc tz'l maneira isso ocorrc, clue a ambiguidade será o tour de force dessc5 intclectuais. Nesse scntido, a movimento modernista - considerado pela critica urn marco, uma ruptura - é exemplar de como uma intelcctualjdade viajada, apoiada por umna aristocracia ilustrada, 15 vai ito enconrro do povo como Se este fosse urn objeto exótico, quase uma massa qual é preciso dar forma, flertando !s distncia, scm estabelecer relaçoes de maior proximidade. Uma inrekctualidade que, mesmo ntarcada pelo industrialismo c pelo maquinismo, presentes na variguarda artistica européia, nao d capaz de reconheccr plenamente a importândia do classe operdria emergence. Noessencial, a intelecrualidade modcrnisra, mesmo suas figunas mais radicais, presa a unit visao de cultura rradicional e preocupada cm construir a Cuirura - - Nacional, quando "loi to povo", o fez eperando enconcrar nas nuanifestaçoes populares urna macdna-prima punt e dotads dc autenticidade, qual cabria dar forma final mcdiante urn crabaiho dc sincese emineritemente intelectual.' A poifrica, essa arividade, quando a dxcrcessem, continuaria a se dar nos mar cos dos partidos oligárquicos. Basta norar clue, pclo menos ate 30, as prOcercs do modernismo se mantérn no órbita dcsses partidos (Oswald no PRP; Mario de Andrade e SCrgio Millict no PD). Depois de 30, ha uma "politizaça" das questôcs culturais e oterna da modcrni- zaçSo fica intcgralrneri tc subsumido to da construçao de urn Jrojéro riacional. 14 MARTINS, op. cit., 1987, p.69. IS Alfredo Bost considena impens5vcis as obras mais represenrarivas do modcrnismo "scm a uniSo dc alto burguesia paulisrana coin uma inrcligdncia viajcira, cuniosa e critica", qua se move no interior de uma chas.se pront part zarpar - real ou meraforicamenre - para os ccnrros do modernidade (BOSI, op. cit. 1979). 16 0 !:nsa,o sobrc a ',r,sjca /,r,,si/eira, (53o Panic,: Martins, 1972) sIc Miirio de Andradc, publicado pcla primetra yen. em 1928, contdni :ndicaçóes cxcmpharcs nesse scntudo. ATRAO IIIS10RICO, CRISE DE IDENTIDADE SOCIAL E AçAo POLIIICA AparccLndo coino resultado da rtsc da eOnomia do c.1fd e das inst,tuiçOcs da Prirucira Repdhlica, it ctctgiscia dc rnodcrnizaçao que rnovimcntara as cncrgias da sociedade no iongo dos anos 20 não tinha urn scnido niuiro dcfinido. Pois,sc é vcrdadciro quc a intcicctuand;idc passa a pensar o pals, propondo reformas e a consrruçSo dc uma naço modcrna, hi clue se fazer a ressalva de quc tudo isso Ocorrc dc rnanc,ra motto arnhigua. No fsindo, a prcssão por racionalidade rdcoica era no Brasil ainda muiro incipienrc, jzi clue a cIncia concinuava a n5o coordenar dc fato nosso real'" - ainda quc a esra airsara ralvcz comcçasse a ter irnporrãncia corno ideologia. Ronaldo de Brito, cm belo rexto sobre as vicissitudes do moder- nismo, dtz sobre o tema: nossa arre (e podcriamos direr nosso pensarnenro - M. L) introicrava suhjctivamcnrc, mats do que 'v,via objetivarnenre, a qiicstão di rdcnica c cia cincia. Ela nao resultava do choque dircto corn a estrurura lógica do real c sirn de urn anseto csperançoso, urn pouco angusriado, dianre do mundo rnodcrno ... Porquc, a rigor, gosrariamos, qucriamos 5cr modernos. Al a'arcce verdade deslocada - o simples qucrcr prova qtc 030 ramos 1�r-� - E por isso clue a prcrcnsão de ser rnodcrno se desloca paularinamcnrc parao rema nacional, pois dcsdc as acividacs prcparatárias para a comemoraçäo dhs cern anos da Indcpcndtncia, ao medirpelo metro hegcmonico nossa siruacão aric a Europa, a "atraso" rornava-s cada icz mais Flagrinte. 11 N5o s toa, dar rcsposa a dc passa a scr is prcocupaç dc :riirneras csrrarégias rcfercrsciadas - posiri'.-a ou :iegativaincnte - no nlocicr(,isniouc nesse processo vrn a tona. Mesmo c romarmos corno cxcrn p lo a rnas sui gcneris dcssas estratégias (a Antropofagia de Oswald de Andrade), e impossivcl dixar de reparar nisso, ja que no centro suits prcocupaçOcs e de suit podrica csro cxatarncntc as dissonâncias enrrc padrós burgucscs c realidades derivadits do parriarcado rural.'3 10 Ver sobre essa discussão: SCHW.\RZ. R. As iddias bra do lugar. In: Ao veneedor as batatas. Sao Paulo: Duas Cidades, 1977. 11 IIRITO, R. A Samaria de 22, o rrati,n) do moderno. In: VV. AA. Sete enSalos sobre o modernismo. Rio de Janeiro, Fuiartc, 103. p.15. (Cadernos de rextos, 3). 12 Cl. WISNIK, J . M. 0 coro dos contrd,os: a mt'isica no Semana de 22. São Paulo: Dus Cidades, 1979.� • 13 Roberto Schwarz dirá quc o sui gcticrr esni cm quc •'o dcsajustc não é cncarado coma vexarric, c tim corn otirnismO - a novidade - como indicio de inocëncia nacional c do possihilidide de urn rum,, bisrórico altciiarivu, quer duet, n3o hurguës. (SCI-PsVARZ, K.. Quc I,or,s sã() ? S.'t, Paulo: Con,1 a,,J:i.) , t as Ictras, 1987. p.37 - MILTON LAHUERTA Arnpham-se, Issirn, as tentativas dc interprctaçao de conjunro e a intelcctualidadc cnsaia a proposição de mudanças n3o mais pcnsadas corn base na raça c no meio. A busca de idcnndadc social do insciectual brasileiro passa pela procura de urn ponto enrre a perspccnva de renovaçao cultural c as possihilidades de reforma da sucicdade, nas palavras dc Luciano Martins, ponrc) entrc a rnodcrnidadc c a n)odernizaçao do pals".' Dc ccrta forina, o rnodcrnisiuo como adcsao i rnudança cm todos os scntjdos, n3o limitada i arrc e a literatura, mas filosófica, politica, social etc., vai sendo paulannarnente frustrado pelo carircr resraurador do pro- cesso inaugurado cm 30. Por isso, no longo desses anos, cm grande parrc da intclecrualidacic VãO se cornhinar contradiroriamenre urna enorme vonrade de agir c urn sentirncnro dc imporéncia e isolarnenco dianre do pals que a inquicra, mas (iuc 113o conseguc decifrar. Pclo rncnos entre 1930 c 1935 (are a derrora delinitiva do nosso "lacobirnsnlo radical'). o potcncial de rnudanças C muito signiuicativo, crnbora rnaior ainda seja a diliculdade de qualquer aço eferiva. N,i,'nrs rnriceS„r, ,.t..,-,,.,,,,.,.., ... .............I,'.,,,,,SS, '''�S�'''n'' ''�0 rcni;i (U, ' prevarcct' .1 Ies iii.tIid.iiI' 0 I.i 4 'i',.niii.iç.o ti,tticui,iI. r,'stilt,irnli IICI fit ;C .in.i inodcririzadur.i, 911c iciiC Ill) 'tiionopóI<> d.i ri/al) por pane de uma rnielligenisia an va, prumeteica, tqirido cTIi n'inie do hem cornuni”, ° a qwi pedra anuI;ir, A rcndCncja de subordinar a dir 3rnica cia socicdadc e de scus conflitos an principio ahsrrato da organl7.açao vai .'c'r cor1sanrc ncsscs anos. E cxplica, cm larga mcdida, C) Irc'ncsi�,,,I.i',ic,�tic�'r'�tidc�i(ti'tii.i�a sCIIRIe pcl;t ctliic.�,i,, cr,iInIo Ccnicos c renovando as elites': Explica tanihCrn o descaso para corn os politicos c para corn a atividade polirica propri l menre dira. No vids organicisra ou "jacohino" (tipico da juventude rnilitar), dircita c i esquerda, ha cniorme dificuldade dc Sc pensar posirivamcnte as insritfiiçñes c de se aprofundar a discussão sabre o regime dc governo. A associaç3o fcia cnrc "arraso", podcr oligárquico c lihcrali.mo constirucional aproxirna paularinancnte a nacionalismo, dc matriz organicista e corporativa, das posruras da equcrd.i que resultarn da combinaçao do jacobinismo da ;uvcntudc milirar corn a v&r.s5o j'nilitarizada do comunismo da 111 lntcrna60- nal.' 9 E por isso que, rncsrnc divergindo quanto an carninho, ha urn cald(4 dc cultura cornum cnrrc as vária corrcites intetcctuais que fará quc, durance mUiro tempo, as questOcs rclatcvas ama ördeni polIrica dernocrática fiquem relegadas a urn piano absoluramente sccundio. A cornprecnsão dc quc a onsriuiçio dc 1934 ficar,i bern aquCrn do esforço de rcavaliaçSo da rcalidadc qi ernegira das crises de 1930 c 1932 conrribui paris 17 MARTINS, op. cit., 1987 IS REZENDE CARVALI-ID, M. A. Opir,io c Modernidade. Prescnça (Rio deJaneira), n.13, main 1989,�- 19 DEL ROlO, M. T. A dassc opera na m ri.)o!:çao ('uriruesa: a politica de aliancas do L'CII, 928-I935. Campinas, 1988. )isscrraç5o (Mcsrrado) - Univcrsidadc dc Campinas. A DtCADA DE 1910 E AS ORIGENS DO BRASIL MODERNO� 99 gerseralizar a polarizaçao ideoogica. 0 clima de p&arizaçao e into]erância já se relic- tins durance a Assenibidia Naciorsal Constiruince, prejudicando o aprofundarnento de muitas das conquistas obtidas durante o Governo Provisório. Ainterpretaç5o do processo hisrórico corn parca consideraçao pelos aspectos institucioriais cnrri- bui para o dcsenvolvimento (e C conscqUCncia) de uma culrura politica que pcnsa as rranslorrnaçocs esscncialmcnrc a parrir de golpes de rn5o, tiros c violência flsica (no clue, a esquerda e a direita, não era dssonante corn o "espirito do tempo").21 A polanizzsção idcológica cresccntc levis as alianças mais incsperadas:1s catóiicos enalteciam como rnisticas obras que, quando muito, tinharn carárer litargico; a csquerda procurava a presenrar corno marxistas e socialistas obras que cram, no maxima, populistas. A confusão era de tal monta que os inregralistas e os rcprescnranrcs da "rcação cspiritualista", isro C, a dircira carólica, nião hesitavam cm confundir a causa rnodcrnista, tmplicita ou expticitamenre, ora corn o ccthu-, nismo, ora corn a pornografia, ora corramliós.ao.mcsrno tempo.2' A rectis., rn nrtidcniiisnio - Cninl' situ c:lpini lo da polanizaçio idcnlógica - 11ev):, coinittli,, ser vi,,,:, coot Inhtini ,_;ti,ccI.i. Afin:il, ti,oslcrii,r,t:i,s c aii,nuilcrisisias coincidiam quanro a dcn,anda de uniIicaçao cultural e nao Ihes.era estranho o conscn.co inrernacional a respeito a niorte do liheralismo. Tributarios todos dc urn caldo de cultura antiindividualicta e epiritua]ista, aceitavarn de vilrios modos a prevalCncia LIe urna posrura que rrcrcndia inrcgrar o Brasil no "nacionalismo dos novas tempo:;". Aqu, tainbdin, (urarrl 0101105 us quc pcosiirani 0 liberalismo e a socialismo corno produtos dc mesmo espmnito burgués fundados no ateIsmo, no firn da farnilia, no intcrnacional,smo c no inaterialismo. Pot isso rncsrno, se C evidente que havia urn processo de po!arizaçao ideologica cm curso, dc nSo Sc dava de mincir-, Oio simples c transparence quanta foi conisider-sdo postertornenre TambCrn, nio foram poucos, priscipalrncnte entre a jovem.incelecrualidadc, aqueles que, condenando moralmente a nazi-fascismo, aderirarn act integralisrno par scu caribter nacionalista, comuriitarista e organicistainas p rincipalmenteicIr sua identificaçao corn os principios da Igreja cat6lica.11 • Ate mcsrno no nócleo principal dos modernistas paulistas (Mario de Andrade e SCrgio Mifliet, por exemplo), qua' se colocarn nit oposiço e a esquerda, ha em muitas dc suns colocaçoes a invocaço impilcira dc urn Estado centralizador que realize o inreresse coletivo. Não C de estranhar, porranto, que o Esrado Novo, I.�l..�..�.�,�1'L.�l,.\.•....... 20 I.IMA, H. Travessia, Rio de Janeiro: JosC 011cnpio, 1974, p.1 10 s. 21 MARTINS, W. Hisidria da intdigência brasileira. Silo Paulo: Cuirnix, Edusp, 1978; v.V1I (1933-1960).�- 22 Paulo Cavalcann, conhecido militant comun;sra do Recife, dá inreressante dcpoimenro de sua passagem quando iovem pelas filciras do inrcgralisino em virtude de suas preocupaçocs sociats (CAVAL(ANT), P. Da co?u,la ]'rcstcs a queda de Arraes, Silo Paula: Alfa-Omega, 1978). A DECAOA DE 930 E AS ORIGENS DO BRASTL MODERNO� 101 clicntclisnio c no carárcr "clántco" da soctedade, podcria realizai a consrrução da nação e a rnodernizaçao da sociedade (ainda quo em algumas versôes, como 0 inregralismo, a construção da naço sc fizessc nurna obra conrrria a moderniza- -: -�çao). Porranro, no é pot acaso, nern muiro rnenos por cooptação, quo a institu- cionaIzaçño corporariva irnplantada corn o Esrado Novo renha obtido tanra acciração cntrc a intciccnjalidadc.21E assim que, atravCs da mcdiaç5o do Esrado, sc consolida uma culrura politica cu jo cixo estruturador C urn dcsenvolvtmcnro capiralista 2° cxcessivamcntc uris- dicionado, rccobcrto pela norma do dirciro e quc busca sun legirirnidadc na realizaçao do fins sociais. A tal ponro isto so dá quc "o privado carece do kgitimidade própria, qualquer inreresse dependcndo clue o Esrado Ihe confira o estaruto dc pOblico". 27 Dc rnodo quo o capitalismo avança cumprindo o percurso dc urna "revoluçao-passiva", na qual a nação não tern idenridade própria, C criarura do Esrado, sendo organizada 'corno urn corpo dc funcioriários a serviço do ideal dc expansão da acurnu!açao". Porranro, se a 'rcvoluçao" aprofunda a cxigCncia dc rcnovação, o Estado Corporarivo, quc se qucr Novo, rcconhcce a neces5idade do niudança e de rnodcrniznço, mas procura domesricar cssc impulso transformador, trazcrara Si essa exigCncra. It cm nonie da ordeni e arC da rradição, c sempre pleitcando o primado do pOblico sobre o privad6, que b Esrado Novo, realizando expecrarivas difuadi socicdadc civil, se assunic conio arauto da modcrnidadc e rcalizador dos ideais dos anos 20. REVOLUçAO-PASSIVA E CULTURA POLITICA A qucstáo-chave, portanto, C crimprecndcr do clue rnancira o anscio mudan- cisra c rnodernizador, clue mobilizara as cncrgias utópicas ao longo dos anos 20, 25 No periodo é quasc 3btoluroopredonlinio do uma visio organicista c antiliberil, vcrdadeirci caldo do cultura paraoviccjamcnto çlo urna os p ri cie !cariticapitaI j smorornntico quo s6 adcr a inoderriazaçao proposra polo istado Novo por set cia aprosent3da como a concre- rizacão do urn ideal de conunidadc ,icional quo so liz cm riome di odcrn e da iradição. Vor, sobro 050: V1EIRA, E. A. Olri,eir. Vianna 00 Estado Coporaeivo. São Paulo: Cri1albo, 1976; MEDEIROS, J . do. A ideologia auloritdria no Brasil (1930-2945). Rio do Janeiro: Nova Fronreira, 1979; SADEK, M. T. A. Maquidre1, maquióve,s: a tragãdia oraviana. Sao Paulo: Simbolo, 1978; TRINDADE, H. !ntegralisrno: 0 (ascismo hrasilc'iro na década do 30. São Paulo: Di(el, 1974; CHASIN,). 0 in:cgralisnio do Plinks Salgado. São Paulo: Loch, 1978; VA5CONCELOS, C. F. A idealogia curupira. São Paulo: llrasilicnse, 1979, 26 DRJSII3E, S. M. Rumos c netamorfoccs: Sao Paulo: Brasilicnc, 1985. 27 WIRNECK VIANNA. L. 0 prohiow.r d crtf:ultiiri ia irora da rranstçio dernocritica. lrarcss,a: s/a ,lbcrtzr,',� Rio do Jaricirir: T.rurus, 1986. . 2. 29 :hk, p.43. 100� MILTON LAHUERTA para akin do scu car3tcr cocrcttivo c de scu proicto do 111corporig5o da nrcicc- • rua!idade, tcnha tido tanta acciraç3o. E quc como coroarnento do caminho da "revoluc5o.passiva", corrcsporidia a urn3 dcnianda do Esrado, cxpressa tarnbcm como dcmanda do uniuicaçao cultural, quo se traduzia nurn projero sui-generis: a urn so rcrnpo modernizador c rcsraurador dos pilares da nacionalidade. E rude cm nomc do hem cornum c da construção di nação. Dc tal forma quc urn govcrno forte era tacitarnente esperado e, qtiando concreti y.;ido, foi hem aceito pot ;iipkis setores da iiitcicctualidadc. Na husca do urna nova idencidade, vêcm-se os intcicctuais confrontados corn o poder scm a mcdiaç2o de unia perspectiva realmente polirica. 0 quo faz c lue se aprofundc a deja de que Ihes cahc urn papcl difcrcnciado no proccsso social. Isro ocorre tanto no ccntido organicista, quc os ye corno hcróis civilizadores, como artifices da modcrnizaço c fundadores da cuirura nacional (poderiarnos dizer, como condutorcs de urna "rcvo!uç5o passiva"), quanro no scnrido "jacobino", quc os v como rcvolticionnnos Cli) porencial aspirando 10 .iss;ilto 30S CciS C :1 insurrciçio (o 'prcstisrno", cmv;irios scntidos, C uma vcrsño quase caricata deste rtpo de intclecrual).3 Tal arnhtCnci;i cultural p ssihil:ta quc, na segurcIa merade dos anos 30, sob a Cgtdc do Estado, se levc is tiltinias coscqiiCncias a idcologia organicista c antiliberal quc, force na rradiçobrasileira, desde os anos 20 vinha so radicalizarido pela crise da ordern olig;rquica c pelas criricas ao carñtcr exciudente do lihcralisl4io consagrado pC!.I Consriruiçñode 1891. 0 rcsgatc dc Alberto Torres pelagcraço de Oliveira Vianna cria - i esqueda e a dircita�enorme conscnso entrc a intcicctualidade quanro a necessidade do unificaçao do pals, alCrn de radicalizar a perspcctivn dc quo somenrc o Estido, sohrcpondo-se no parricularismo, no 23 E por isso quo entro a poquena ,ntc]e didade (ou scja, aquela parccla quo, mosmo sendo icirada o corn prcrensOcs de escr'cver, mantinha urn conrato muito rudimentar corn as toorias dcscnvolviejas nos ccnrros mao avancaqus, ficando, porranto, sob o predominlo dc refcrän- cias rnulio diltisas e qaise sempre rncd:sLias polas intorvcncOes dos próccrcs do niodernismo ue IaT.Iam a Iunç2o do ' rirlec'ruas ir trtuiçàos' - oriontando caminhos, dandc, contcihos Cricos c esriicos. ostabeiccendo o qurora válido ou n5o di pruduçao cultural) generaliza-se urn ostilo do perisaincnro forte rncnrcdo:irrin.5rro, pouco dado a qualqucr veicidade phiralsta C (001 1)ctCfl'.I)o5 do Icr cxpIica'.o para todos to prublornas. Isto so WI de tal rnanora qLIC o prnocsso politico c poiarii.adu, cm srias circunstSncia,, do forma artificial, cntrc dois randt',. ri .-c,' - irrciti i esqirorda -, ,irnbrrs ruircidus por lncorpnraçao CNC(SIViut1cfltC tcctñrra das inrimoras roorras dcscnvolv,das no Ocidenre, imcdiataincntc instrumciitali-catjas Para scrvir JOS vrlcis prcrorcrs do rnodcrnioaçac> c/ou do construç3u da iiacau quo OS rntcicctuais Crocm tot a missao do cornandar. AMO INIFIt, R. lorrnacio d�ini pcnsanronrcr .,irr,rrrr.irl, ii Prirircir., It 1' rihho.r. In: \IJSFQ, N. (Dir.) () Brasil rcpihlzoar:r,. S3cr Paulo: Dud, 977: 1.111. vi (I lrsi,irij gcr.il Cv:i7.r�llrl:r:r.1 02� MILTON LAI-IUERTA transmura-se cm cultura politica esradonovista. Nesse sentido é que estamos procurando qualsfscar o movimcnro de 30 como inaugurando urn proccsso de "rcvoluç3o-passiva" ou de "revoluçao-restauracão". E óbvio que ha enorme • � �_conrrovdrsla sabre o significado do "Rcvolução dc 30" para a consrituição do "rdcm burgucsa no Brasil (a respeiro do carárer mais ou menos revolucionário do • movimento, de sua rclaç5o corn a indusrrialszação e, principalmenre, acerca de queni forrtrn Os SU}CItOS históncos quc o real izaram). 19 Seja corno for, a dcspeiro dc algurnas intcrprctaçOcs considerarem o rnovimcnro de 30 e sua denominação corno "rcvoluçao" mcros cxpcdienrcs ideoiógscos de dcsrruição do memória dos "vcncidos",'° ha algum consenso sobre o caráter de ruprura presence neic c não são poucos Os autores clue colocam-no como "marco histórico" no processo de consriruição canto do Esrado brasileiro, enquanto Estado nacionat, 3 ' coma do prOpria cultura, principalmcntc por ter gerado urn movimenro de "unificaçao cultural, projerando no escala do nação faros quc antes ocorriam no âmbiro das rcgi6cs'. 2�•. '�Importa-nos aqui, acima dc rudo, chamar a arcnção para a dimensão dáplice de ruprura c continutdade, de revoluçao c resrauração - irsscrira no movimento _....de 30. Ou seja, urn processo de rcvoluçâo-passsva, diferentemente de uma revolu- ção popular, contém dots morncntc anragônicos e simulrãneos: o do "restaura- cr10' (já quc d Lima rcação i p)sSihilidadc dc urna efetiva e radical rransformaçao "dc baixo para cima") c o da ."rcnovação" (no mcdida em que muitas demandas popularcs so assimiladas c pdctas crft prática pelas vclhas camadas dominanrcs.33 0 aspccro rcstaurador não jhega .i anular o faro de que ocorrem alteraôes efctivas, "rnodiftcaçocs rnolccilarcs uc no realidade niudam progressivamente a cornposição precedence das foi'ças e )or isso se cransforniam cm matrizes de novas modificaç6es" 34 Portanto, se é verdide que nesse processo Sc rcvela "a auséricia de urns iniciarsva popular un!tária" no desenvolvirnento da hisrória, que ocdre "como rcaçSo das classes donlinano's I subversao esporádica, elemenrar,inorgá- 29 Ver, principaimente, "A revoldcão de 30" (Seminãrio realizado pelo Centro de Pesquisa e Documcnração de História Cntem j orãnea do Brash (CPDOC) da Fundacão Gctülio Vargas. R. J . . set. 1980. Brasihs, Ed. Tjnsversidade de Brasilia, 1983. 30 DE DECCA, E. 0 s,le.'ciii dos icuci,log. São Paulo: Brasiliense, 1981. 31 DRAIISE, op. cit., 1995. 32 CANDIDO, A. A RevoluçSo dc 30 e 1 cuirura. NOLrnS &sudos CEBRAP (São Pau/o), v.2, n.4, p.27, abr. de 1984. (3T Carlos Nelson Courinho slcscivn1vc interessanres indhcacôcs acerca di possibilidade da utilizaçSo dessas categorlas dcGratnsci para c(smpreensSo do processo politico brasileiro dos anos 30. Vet COUTINHO, C. N. As categorias de Gramsci c a realidade brasilcira. Prescnça (Rio dejanesro), n.8, o.141-62, ago. 198; CO(JTINHO, C. N. Cultura e demo. cracla no Brash!. In: A den,ocrac,a como valor universal. Sin Paulo: l.ccli, 1979. 34 GRAMSCI, A. I! Risorgirnenlo. Buenos Aires: Granica, 1974. p.142. A DECADA DE 19M E AS OR5ENS DO BRASL MOlE'JO�103 nica das massas populates"," d irnpDssiv:. dixar de reconhecer o sentido de renovaçlo presence ncle. Afinal, as 'ress3es de baixo" que durance os anos 20 pelejavam por direitos civis e sociais, cxigilm maior participação politica e mora- lidade no trato d.s coisa pübli, envolviam di :Lsamcrttc a parcela urbana e letrada (ilusrrada) do sociedade, confundindo . sc corn a expectativa de uma culrura moder- na; essas pressôes, mesmo scm corlseguir zanhar organicidade (por scu "subver- sismo" voluntarisra, mcssiânico, lcirnra, "arranhavam" a modorra da socic- dade oligarquica, quasc a tnsralar a urëncia do novo, do mudança, do moderno. A permanéncia dcssc impulso rcoovac.r quc vem do sociedade, bern como a vonrade poiftica de lcvá-lo adiantc, poie sci medida pcla efervescéncia que marca a primeira metade dos anos 30. Em vñrios ._pisOdios, contra o carárer elitista que o processo ia adquirindo, recoloca-se c ided dernocrarico de uma Repüblica Nova presence nos movimentos dos anos 20. Mas rambém nessas ocasióes prevalece uma cspdcic de "subversismo elemencar", -uja manifestação mais evidence foi o putsch dc 1935, "urna desastrosa iniciariva cornurn dos comunisras c renentes de esquerda". A derrora do democrntisnio iadca:, nessas rentativas dc se confronrar corn a carcicer exciudente do novo slsrcrna de ordem que se constirufa, Se di simultancamente a incorporação de al , urnzs de suas principais reivindicaçacs. No mcsmo movimenro cm qu sc consrrocm csrrururas coercitivas c centra- lizadoras do poder, realizam-se "rn"odificáça5es enoleculares" que incorporam, re- conhcccndo como IegItimas, dcrcrminadas dcrandas do socicdade civil, inclusive das camadas suhalternas. Dcnde se comareende que muitas prcocupaçOes c problemas colocados pelas corrcnrcs oposiconistas nesses embates serão incorpo- rados não apenas nas agendas do .stado, n-as tambérn em sua própria estrutura. Essc fenOmcno - próprio de siruaçOcs em quc a transformismo di o sentido do desenvolvimento histórico - f:ca claraniert:r explicitado durante o Estado Novo (corn a criaçâo do DASP - em 1933 - sisando A racionalizaçao administrariva; do DIP - no final de 1939 - visando rsii) so ceiis.rar, mat tarnbrn organizar a produçäo cultural, imprimindo-lhe urn scnddo rnOcerna c nacionalisra; c do lcgislaçao trabaihisra, encre outras iniciativas) Porém, ias medidas rornadas imtdiatamente após as eventos dc 30, ja sc revclava o caráter centralizador do projeto de construção do Esrado, que, em name ca urtficaçao do nação, procura crazer para si, para sua alçada, a cxigncia dc rcno'açãa c Os ternas quc cram colocados corn base no dinâmica do sociedade :ivil(direito :o traba]ho, ensino pOblico, lcgislacño social, rnodcrnizaciio c ractonalizaçio '.dminisrrariva, cuirura nacional etc.). 37 35 GRAv1SCI, A. E cnster,aJ,s,,,o hjsticr, -y ':,.'oeofio de Benedetto Croce. Buenos Aires: Edicioncs Nueva VisiOn. 1971. a. 206-7. 36 COLJTINI-I0, op. cit., 1986, p.147. 37 Em ibis excmplsss esac project, podc scr percei 'rda. E dc novembro dc 1930 a crlaçño do Mcnhstirc,s do Trahall,,,, Jndcistr,a c : s,ncirccn :cccn:cccido corno Mhnisterio da RcvoluçSo, 101� MILJON LAIfLI[RTA y.�. II�•�.�-•�•�'�-�1-• A DICAIM Dl 010 AS Okl(N5 DO BRASh MODERN O : �105 A exigéncla de rcnovação da socicdade tornava-sc slnônlmo de apareiharnen- to c ccntralização do Estado. De tal forma isso ocorre que é possIvel qualificar o periodo clue Sc abre em 30 como inaugurando uma nova fasc, tanro no clue se refere a dinâmica do capitahsmo brasileiro quanto a centralizaçao das funçôes de gesrão, regulaçao e. administraçao do Esrado) 8 Esse sentido de transforrnaçao e rcnovaçao do próprio apareiho estatal revela o quanto as relaçoes entre Estado e socicdadc passariam a se dar dc forma dtstinta daqucla vigcnrc na economia do café. Durantc a Primeira Rep(iblica, havia uma efetiva apropriação do aparciho estatal pelas oligarquias dominantes, que, como oligarquias "pré-nacionais"," compcttarn pela ocupação c controle dos postos nacionais e centrais do podcr visando a otimização de suas posicoes regionais. No p6s-30, ocorre uma verda- dcira inversão, marcada por urn paulatino proccsso de centralizaçao e de unifica- ção dos mccanismos esrarais, ate se chcgar a urn novo "padrao estrurural de formulaçao dc poilticas" (claramenc esrabeiccido durante o Estado Novo) e a urna "perspcctiva próprra, espec ([sea eautonomizada frente aos inreresses na forma onginária e brura cm quc cram perseguidos pelas classes econ6micas".4° Este processo, que Giusti Tavares caracreria conio "bismarckiano", é próprio dc sltuaçaes de revolucão-passiva ri p s quais o Estado acaba por ser o "dirigéirc" dos grupos quc devcriam set dirigcntes. Dito cm outros tcrrnos, "o Esrado subsitui aos grupos soclais locais na dircção. da luta rcnovadora" , h I subsritui "as c!asscs sociats cm sua funçao de prot'igomsas do processo dc transformaço e no papel de 'dirigir' poliricamenrc as própras classes cconomicamenre dorninantes":1 Dcmiurgicarncnte, passa a o'orrcr urn proccsso no qua! o Estado, scm se?vir dircramenrc a cste ou aqucic sror da classe dorninanrc, faa o papcl de "capitalira" rnais avançado. Ou seja, esrc i urn ciso rIpico cm clue a primazia para a indCisria c para a industriahzaçao sc fa a parhr de urn impulso csraral.43 inha par IunçSo fixar as direfrizes 6 politico crabalhisto do governo dirigindo ateoçño particular 5s lorma& dc organizaco mohilizaç.io da classe rabalhadora). A Reforma Francisco Campos de 11.4.193 , que rinha como alvo o casino superior (a de maior alcnce cntre todas as qua se rcaltzarars ...em mats de quarenta anos de regime republicano' era uttificada pelo próprio como 0 m3ii valioso concurso do esplrito revoIucionrio para a grande obra de reconsrrucâo", pie se rcaliznva no pais dcntro da perspectiva de qua "smear e educar o Brasil constinhi o dcer de nina revoluç5o qua se fez para libertar os brasileiros'. 38 DRAIBE, op. cit., 1985.� - 39 TAVARES, J . A. C. A estrutura do autr,tarisrno brasilciro. Porto Alcgrc: Mcrcado Alsirto, 1982. (cspec. cap.!!!) 40 Ilsidem, p.1 24. 41 (;RAMSCI, up. cit., 1974, p.40. 42 COUTINHO, op. cit., 19.86, P;150 43 Paulo Arm isics cltsciirc cnsc tctrio; coin i iidicaçsics muiro ilItigonres, a parrir da sirusç5o aInriii do século XIX cm ARANTFS, I'. IL C) l'artido da Inccligncia Almanaque (Sñt) Paulo), ii.9, 1979. A exigéncia de renovação, que nos anos 20 se traduzira por uma genérica densanda de unificaçao naciona!, quc se combinava corn uma não rncnos gcnérica expecrariva do rnodcrnizaçao, acabaria scndo paulatinarnente canalizada para o Estado, ate se explicitar como cultura politica esradonovista na forma de urn corporarivismo bifronte (em parte estatista - ao trazer pars o interior do.estado os confliros próprios da sociedade civil -, cm parte privatista - so rornar determi- nados espaços dc dccisão do Estado ob jeto dc acirrada dispurados intcrcsscs privados). Na raizdisto esti o fato de que, canto durante a efervescéncia quc leva a 30 quanto nos cpisódios clue dcscrnbocam no Estado Novo,vários nücleos homogtneos de classes dominantes se movimentam revelando a tendéncia de unificaçao e a predorninância do tema nacional (da cultura, do projeto, do Estado nacionais). Conrudo, esres nücleos rnosrrarn-se incapazes de- se unificar politica- rncnrc, na cxara medida cm clue nãó consàgucm set dirigcntcs nem no scu próprio mbito, pcla incapacidade de gencralizar c universalisf interesses: Dc cerra maneira, agcm corno se "csperaseem" pot uma força que, garantindo os scus irttcrcsscs, ftzcsse as vczes de urn paiddo, Cu seja, de urn "pessoal" corn capacidade dc dirigir amplos grupos sociais. Pcr isso,d possIvcl dizcrdontc]eoquccomanda e arricula o Esrado Novo quc dc acabs por f-izera (unçao dc urna classe dirigente nacional havcndo ate quLro conidcre o partido7eal di hur&,ucsta pclo pipc1 clue jogs na consriniiç5o do Esrado naional, dando impilo decisivo pars a tansfoiadbciedade almentc, cm sociedade urbana, naclonal c ccnrralrnite oricntada-O Etãd6Nc representa portanto o coroameno de urn ideal do rnodrszaçdi de irna demanda do unzf:caçao - cultural olrt:ca etc —que forte la antes, difusarnente ao longo dos anos 20 mrnpondo a prevalencia do tna nactonl e quo pode ter sua retornada simbolicamfnrc loializada érn22.� -- Nessa modalidade dc desenvcslvirncnto hisrórico, a obra de rnodernizaçio nao results do dinamismo c do crnprccndimcnto da sociedadc civil, mas tern no Esrado o projcro da modernidade associado so ideal dc construção da riaç5o. A perspcctiva de realizar a obra dc "c!vilizaçiio" c a construção da nação colocam-se como obra cstaral que, por sua vcz, reivindica a tutela permanente sobre cudo clue n5o se enquadre num rcsrrito conciro do "civilizaçibo" e numa limirada idOia dc "na0o". 45 Arribuindo-sc essa funçao de partido de govern o (Grarnsci), o Estado Novo, rncsrno tendo urns face reressivi, oferecia a massa_dps intelcctuais urn horizonrc pit-s s sari'.fsç so dc sU.ls cij,c.nci-ic gcrais inclusive as cricis acollicn 44 WERNECK VIANNA, L. Problemas de politico e organizaço dos inrelccruais. Prcsença. (Sir) Paulo), ui, nov. 19113. 45 LAHUERTA, M. - 0 nacional como pr>si'tnidade: turela do povo c domino do tcrritório, 1982. (Mimcogr.)� . 06� MILTON LAMLIERTA� A DECADA DE 1920 E AS ORIGENS DO BRASIL MODERNO� 107 S. Y. ' 3- do-os e procurando dat sentido a sua arividadc, engajando-os na construçaode urnEsido etico, rnodcrnizador, quc se pretcndia a própria encarnaçfio di nação. Ao sc propor a "organizar" a sociedade, a cultura, a econornia e o direito modernos, o Esrado Novo procura ganhar os intciccruais, oferecendo-Ihes as condiçoes para a satisfaçao das exigncias gerais que pode oferecer urn governo, urn parrido no governo, Es.ca funçao, dc partido nacional de govcrno, Ioi perfcirarncnrc realiznda durantc cssc periodo, pcla criação dc intrncros organis- mos estatais ccnrra!izadorcs corn ramificaçocs cstaduais (DASP, DIP, corn 05 rcspectivos "Daspinhos" c "DEIP"s) quc acothiam os intclectuais, mostrando- lhcs urn carninho segliro, cvidenremenre quc COW Sell ;lSSCiltimeflro, para .1 rcalizaç:co de setis idcais e de stias utopias: o da construçio (Ia naç.to pot Tiicio do Esrado que corn eta queria sc confundir. E pot isso que não se rrata dc coopração, mas de consrituição de urn novo bioco dc poder corn uma simiittiinca r(,sr('rlv.c ,iiciccr j iirj.i 4. ciicccic'r?Ic/.ccl(,r: l �(III(- llii,i ccII,I'uso�'flhIi�1 mu-h', uuc.uhi dade cha uuu.tndo-a p:ur.0 p.urttcupur do procciour, realizando a fusäo de rnodernidadc C projero nacjonal.'� - Da rcrniItica eciucacionat a') dcbrc sobre dirciro do trabalho, o que se per c'be ciaramenre 6 a virór,a dc urn pnsarnnro quc, csratisra c permcado de rcfcrenei inodcrno,t.us, ucfcrcct,i ms ilitclectilMs uiflhc ccuiicc.'pçicc tic tiutiuttit, e turn c.unciiuhutc para realizá-la. Emhcbuda de At iflo!crnIsmc) gcntrico, boa partc da inrciccrua- itdade acc:ta o caminho estarisa que 5e qucr original c nacionl, na sua prctcnsao de arualizar a xriteligncia don, inclusive imprirnindo senrido a sua atividade. AI<m de pretender colocar o Basil enu sintonia e no unesmo piano das naçócs mais desenvols'idas, vusando dat unla novt dignidade ao pcnsamenro brasileiro, Pela capacidade de rcaiizaçao c dc ircorpo-ação de algurnas das demandas dii socicdadc civil, o caminho estaral vat sc :ufirmiihdo corno horizonrc (efetivo ou sirnbOiko) para urn grande conringcnte dc intekctuais (pequenos e grandes inrelectuais). N5o é ñ ton quc rnuiro dii nadkahidadc prcserutc cnrrc a intelectuauidiidc duranre os debates dos anos 20 I cnha ido canalizado para a dirnensão pcdagogica. Nos embarcs sobre a Iaicidadc do ensiho, ou nas discussOcs sobre cultura popular, as posiçOes dc urn Fernando de Azcvdo, de urn Anisio Teixeira, de urn Mario dc Andrade, de urn Villa Lobos tIcram norune sigmlicadu, por sua nIacc cdig6- 46 GRAMSCI, op. cit., 1974, p.39. Gransci, rcfcrindo.se�problcmdtka sccne]Iiarirc V31dczer. 'i hcgemccnca de urn ccntro dcre,uvo subre us mitclecrtia ls cc afirma atravcs dc duahinhas prcnccpais. 1) cima Lc)nccpo gcrii da vcda, tima fiiccscuIb (Giobcrtu) quc okrce insurna 'dcgncciadc' intelectual qu C Lim prcncipio dc disiinço C urn Clemenic) dc IotaContra as anrugas cdculogca.s co&rclicyacc1rc. dominanics, 2) urn programa cscolar, urnpricicipto educausco c petlagógcco 1crcguccz quc in teresc C olcrcça tima arividade prdprca, cmiscu carnpo tcncco, àqucha Iraço dos cntclecmau quc a mais homogénca Ca mats numerosa (a do ensino, desdc cc rncsrrc macc cicmcmar ité cis prokssorcs cli Lciccvcrsccladcy gica, no estabclecimento dos mecanismos de hegemonia do caminho estatista sobre os intelcctuais. Afinal, na perspectiva de criar a cuirura nacional, fazendo do Estado o instrumento para isso, atribuindo uma "rnissão" act intelectual, havia "uma conccpção gerat da vida, urna filosofia que oferecia aos aderentes unia 'dignidade' intetect-ual", que se desdobrava "nurn principio educadvo e pedago- gico original". Atérn disso, a atividadc escolar, em todos os nIveis, tern imporrância enorrnc, inclusive cconôrnica, para os inreiectuais. São notórias, ncsscs anos: a escassez de possibilidades de ascensiio social aberras a iniciativa dos pequenos empreendedores (ou pequenos burgueses); a inexisténcia efetiva de partidos - de rnquinas partidárias; a restrita industrializaçao; as limitaçocs do mcrcado cultu- ral; o conrrolc sobrc a imprensa etc.). Diii scr comprccnsivcl quc a arnpliaçao do apararo csratal tenha na area educacional urn espaço privilegiado para a forrnaçao de consenso e para o desenvolvimcnto do projero esradonovista. NJat, isli.ti.cuiie 1 iunhcucru.luuci;I ;uuiiucitLi jact.i Iica ctltic;uciori;tl, cli) ra,.ti cj, dirncnsão expticinarncnrc pcdagógica do programa do Estado Novo, ourros orga- nisrnos criados no perlodo exercerarn furiçao scmclhante.47 A funçao, de "partido de governo", exercida pelo Estado Novo, é uma obra intelectual de fôlego, na medida etii que mobiliza e subrnere vontades dispersas em rorno de cciii projeto iiccuuicacloi, caracrerizando uma daquctas siruaçUcs nas quais "as iddias avançadas, c port:\nto a asccndéncia ideologica e, no limire, politica, (não) são apanágio das clases fundarnentais, mas encontram seus porta- dores nas camadas intelectuais". 45 Desenvolvirnento, progrcsso, modernidade, superação do "atraso" nacionat, essas são aijiarnas da bandeiras perseguidas pelo quc Fia de rnclhor na intelectualida Sie Es-se e urn processo, Portanro n5 uat a intelectualidade vivencia urna ruptuta corn os padróes de consagração vigFesnii Primeira Repüblica e passa a sc vr no flo da navalha: entreonlilismo e a ambigusdadeser vanguarda na e7luivoca circunstancia do atraso hisrórico e urna espécic de consurnação, ajustada a essa mesrna cilcunstânèia de "-atraso", de urn certo 5entidode missdo que. se entranha àcondiçao do intclecrua]e que tern 47 Sobre o DASP, é possivcl duzer Clue, no contexro de urna ditadura modernizadora, scm a existéncla dc urn partido de massas, tcvc nuação absolutamente dccisiva para o controle central do sistema administrativo. Pot meio de uma vasta gama de atribuiçoes, corn uma rede de departamentos estaduais (os u3)aSpinhos••) que se estendia pot todo o pals, o DASP descnvolvca tambm atrcbuuçoes do pocler legisbtivo e de controlc dc interventores. E isso ocorria de Uma maneira tal que ante , a cmpossmbilidade de funcionarem partidos reais, o DASP (por sua forte disciplina vertical c peculiar csrrutura federativa), no Cut: se refere 2i capacidade de processamento, compatchilizaç5o e aghutinaçao de mui1rip1os e plurals interea- ses da sociedade, bern como de cransformação da sfnrese desres em politicas, parece ter cum prido boa partc das funçoes de "pzfrvido dc governo", 48 ARANTES, P. E. Uma reforma uniclectual e moral: Grarnsci c as origens do idealisrno aiemSo. Presença (Rio de Janeiro), n.17, nov. 1991. lOS� MILTON LAHUIRTA� A IXCADA IX 1920 C AS ORIG(N5 DO BRASh MODIRNO� 109 no E.srado o desaguadouro de suas inquieraçôes e o instrurncnto para sua consa- gração. Em ambos os cases, a problemática do "atraso" dcsvia das qucstôes _própriasaomcrcado a . atcnção dos inrelccruas. E assirn quc, num contexto dc rcvolução-passiva, constltui-se urn universo paradoxal que dá forma a uma cuirura poiltica estatista, antimercado e, sob uma séric de aspectos, anticapitalista. Em nome da ordem e da tradição, do projero e cIa cuirura naciona!, alirmou-se urn carninho para a acumulaçao capitalista, mas 1550 não significou nem o forralecimento imediato do universo mercanril, nem o reconhecimento positivo do inrcrcsse edo emprcendirncnro individuais, 'a margern c ate contra o Estado, Clue continuam ainda muito prccários. Fragilidade do mercado, desenvolvimento capiralisra concebido como obra püblica, dificuldade de o individualismo sc afirmar como valor lcgitirno, condiçOcs nas quais as ideologias inregrativas, ao mcnos entre intclectuais, vão ter enorme rcssonãncia e a "ida ao povo" será a forma mais frequente c recorrcnte nas tentarivas da intciccrualidade resolver a quesrão dc sua identidade social. MISSAO X PROFISSAO: once est a nioderno? A Guerra Civil Espanhdla, a j'olarizaçao ideologica, a rnovimentaçaodos intelccruais nos Congresses dr Escriores Internacionais e, por fim, as atrocidides no nazi-fascismo durante a Segunda Grande Guerra propunham, de maneira jarnais vista, o rema da missio do scritor em todo o mundo. No Brash, isso se dava no mesmo tempo cm ue utha volumosa e crcscenrc arividadc editorial começava a impor o problcma da prof issionalizaç'ao do escritor-inrelectual. Osório Borba, cm agosto de 1939, colocava o problema nos seguintcs rermos: "o escritor profissional C estrhramertte c Clue o rcrrno exprime, o indivfduo c lue faz cIa lireratura o seu meio de vida". 49 So que a maioria dos que escreviam tinha outra fonte de rerida e o trabalho de escrver, do ponro de vista econômico, era urna "scgurrda ocupaçao". Nas pakvras dc, mcsmo 0. Borba: "Não C pot simpics acaso, ou caprichos pcssoas, que todos nossos cscritorcs são burocratas, ou medicos, ou advogados ou comerciantes, ou engenheiros, ou industriais. Mesmo os rnais 'profissionais', no senrido da inrcnsidade corn que se dedicam ao ofIcio grarui- ro...".° Diantc disso, !3orha sgcria qUC cra precise fazer algo para defender 'os dircitos do rrabalho litcrzIrio, como se faz no rearro, no radio c, ate certo porno, na imprensa". Poderiamos argumcnt.sr que ralvez o verdadciro problerna esrivessc nas dimensôcs rcduzidas do rilcrcadb consurnidor c na parca insrinicionalizaçao 49 BOIUIA, 0. apud MARTINS, ' Xe ., op. cit., 1978, p.128. SO Ibidcm. das atividades jntcicctuais, pOIS, sc C verdadc que aumcntara a atividade inrelectual c crescera a produçao editorial, isso nio significava, pot si So, urn aumento do nimero de leitores suficienrc para sustentar autonomarnenre o trabaiho de escrever. A questão permancceria na pauta nos anos posteriores, funcionando como elcmcnto norteador para a fundaçao da Associação Brasileira de Escritores (ABDE), em 1942, ate desembocar em projeto de lei sobre os direitos autorais, quc será durarnente cornbatido pelos editorcs. A exigOidade do mcrcado e as dificuldades de profissionalizacao, na virada dos anos 30, levaram a que urna parccla dos jovens intclectuais, conrando os de esquerda, se aproximasse dos organisrnos cuirurais do Estado Novo, particular- mente das revistas controladas pelo Departarnenro dc Imprensa e Propaganda (DIP). Estes, assim coma aqucics quc vivcnciararn o pro;eto estaral como urna espCcie de guarda-chuva para o dcscnvolvirncnto de sua arividadc criadora,5' cvidentcmente se diferenciam daqueles otirros que aderiram de corpo e alma ao projcro csratzil, ccrros dc quc, por rncio delc, cstariam realizando urna missdo corn carirer psblico: a rnodernização conro forma de criar a nação. Os que se enquadram nessa condiçao rinharn, rarnbCrn, a pretcnsao de organizar, por meio dos organisrnos estatais, as advidad's dos ourros inrelecruais, de forma a inregrá- los dcfinitivamente 'a vida nacional, crirando-os da secular situaçio de isolaniento (essa era a rcrOrica da intelcctualidsdc articulada em torno das revistas do DIP: Cultura Poiltica c Ciência PolItica).11 A perspecriva dc fazer coro con\ as proposiçóes cia poiltica cultural estadono- vista evidenternente nao foi t'ao cscaricarada entre todos os intelectuais Clue estiveram próxirnos ao nücleo do koder. Muitos foram os quc, nos dizeres de Carlos Drummond, "serviram sob tima ditadura", 53 scm aderir de corpo c alma a SI A prcsença de Gustavo Capanerna ne Ministrio de EducacSo e Cuirura possibilitou para muiros irrtelcctuais o descnvolvimcnto cIt suaz atividades criativas. Vet SCHWARTZMANN, S. et. at. Tempos de Capanema. Rio de Janeiro: Paz c Terra; SSo Paulo: Edutp, 1984. 52 Toda a tcmStxca desenvolvida pelos incelcctuais quc aderem ideologicamente no Esrado Novo rernere a urn nCicko comurn: d uma 'nova conccpc5o de cult-urn" que se prerende integrada 5 dimensSo polirica. Por isso, pans esscs intclectuais, o Estado Novo a urn marco da participacSo inrelectual isa vida politicu. Donde a aceiracão de controle sobre a producSo cultural mire amplos scrorcs da intelcctualidadc, incorporados S burocracia estaral c nos. organlaTiscIs qile pretendiam estabelecer tuna Iiguciu cnirc o Estado c a cultura. Accito o pressuposro (que tern raiz na demands dc uniulcacSo cultural) de quc a nova ordem exigia ccnrralizaçSo do poder politico e da produçio cultural; restringe-se esta ültima so conrrote dc "urn circulo espccializado de tróricos c/oil dirigenics que Sc colocarn corno guardidcs privilcgiados das idcologia.s' (VELLOSO, M. P.'Culruru c poder politico: urna conliguraçso do carnpo iiitclecrtial. In: LIPI 5 ! et it., op. Cit., 1992, p.77. 53 ANDRADE, C. 1). de. A rorina ea quimera. n:_, Passe:os ira 1/ha: divagaçacs sobrc a vicEs litcr5ria c outras matarias. Rio dc Janeiro: Sirnócs, 1952 MILTON LAI-IUERTA� A DkADA DE 1920 E AS ORIGENS DO BRASIL MODERNO� U. seu projeto polItico Estes— talvez os mais representativos hcrdejros do espirico modernisra - cram expres5ivos de urna prob!emática relaçao do escritor corn o mercado e corn o püblico, muito marcada por uma avaliação individuahsta da questio do poder central, da questão do Estado e da poiltica. Drummond sintetiza cssa rclacno: Sern mérodo escrevo tals coisas pensando 00$ poetas, nos conrisrs, nos ensaistas 9 uc a esra hora ainda não sabcrn o quc 0 sSo, Icnramcntc sc elaboram na Direroria de Aguas, no Ipase, na Divisão de Forncnto da Produçio Vegeral. Hi que conrar corn des, pars quc prossiga, entre nós, ccrra tradição medirativa c irônica, ceno jeito entre desencantado e piedoso de ver, inrerprerar e conrar Os homens, as acoesque cks prancam, suas dores amorosas c suas aspiraçöes profundas - o que ralvez so urn escriror-furiciornirto, ou urn funcionirio-cscriror,seja capaz de oferecer-nos, dc que consrrói, sob a prorcçio da Ordem Burocritica, o scu cdifIcio de nuvens, como urn louco manso e subvcncionado.54 -- Ern outras palavras, mesmo os que não aderiam cxplicitamenre ao Esrado Novo, de uma manejra ou de outra, adequaram-se ao scu projeto de ordem, revetando irma lccitaço t3ctri do alrrorir.rrismo quc rinha per cixo a "comprc- criso de que o 'atraso' da naçSo csrava, bern ott ma!, sendosanado pela irnposiçio dc urna ditadura quc acerrava o passo dcntro das exigéncias do progresso", 55 Ainda que por linhas cortas, carninhávamos para o moderno Ou sc ja, mats ar6 do quc a .scciração da capzscrdadc dc incorporaçio idco!Ogica cfou politica do Esrado Novo, o quc Importa comprccndcr 6 como se dava o exercfcto prcc5rro do ofIcto de escriror, ante a parca insrirucionalizaçao 'das funçocs inrelecruais e o limirado tblico leitor. Afina!, nesses anos, falar cm inre!ccruais 6 fundamcntalmcnte flar cm polIgrafos quc escrevem para urn piblico basrante rcsrrtro: os pr6prios produrores dc !ircratura, Os professores C OS alunos das cscolas superiores, os dricranres, e, por urn, o cidadio insar!sfeito.5' No final dos anos 30, o acirramer-Ito ideologico, a insatisfação dc amplos setores da opinião püblLca con relação ao regime e 0 clima de urgéncia irnposto pela conflagraçio rnundial propiciarn urn relarivo aumenco dos leitores, mas, mais do que isso, garanteni urn piThitco cativo de "cidadãos insatisfeitos" que cada vcz mais sc ericarrega de consumir e divulgar uma literarura corn velcidades sociais. 0 que nio significa muito para aqucics inrelectuais que, definindo-se corno modernistas, prctcndiam manter urns "certa tradiçao meditariva c irônica". Tal como Os modernistas da fase hcróica quc Os inspiravam, a esrcs talvez não se pudesse defini-los ainda como profissionais da palavra, como alguern que vivesse 54 Ibidern,pIIS. ;155 SANTIAGO, S. Calcidoscopio de quesroes In: op. cit., 1983, p.28. 56 Ibidem, p.27, exclusira ou prioritariamente dos rendimentos auferidos corn a venda de seu trabaiho de escrever, sejam livros ou texcos para jornais e revistas. 57 Nesse senrido, não procurarn escrever para o püblico em gera!, mas principairnente atingir uma seleta parcela dde: a dos "iguais", na qual se define quern tern valor, ou não. Em linguagem áspera e enigmática, quando comparada a escrita daqueles que querem "it ao povo" e/ou fazer literatura social, esse tipo de escriror-intelectual se coloca deliberadamenrc em antagonismo corn o gosro do ptThlico, dando a criação artIstica uma condiçao de cal forms inquestionvel que se justifica qualquer proximidade corn o poder para realizi-la. No caso, o suposto é que a modcrnizaçao, mesmo que por vias autorirárias, conrribuirá para a criação de urn Icitor aprimorado no fururo, como esta magis- trairnente revelado na brincadeira antropofagica, quando Oswald goza a relaçao escriror-püblico ("A massa ainda comcrá do biscoito fino que fabrico"). Em outras palavras, auto-suficienre c ate ehtisra, cssc tipo de inrelectual, pot nio depender do pCiblico, considera que dc (pCiblico) C quc dcve ilusrrar-se para atingir sua obra. A preocupaço corn o artesanato C urns marreira de se afirmar a autonom'a do trahaiho dc cscrcver perantc a ideologizaçao c a politizaçao da produçao intelec- tual, mesmo quc sua fonte dc sobrevirincia seja a "Ordcna Burocrftica". Alma!, o reconhecimento c a consagração nesses casos, não vCrn do gosro do piiblico, mas da accitação ern urna esIcra esiritarnenre intcicccual. Portanto, pars cssc ripo de nrc!ccrual, o crit6rio dc consagraçSo tarnbCrri rião passa pelo mercado, enrcndido conio cspaço irnpessoal onde se dá urna dctcrmi- nada rclação entre o cscritor e o ktblico genérico, cfetivando-se ainda muito dentro dc padrães instituldos pcla ruptura modernista. Esta, ainda que bastante inovadora nas qucstOes estéticas, ndre apccro reproduzia a dirsimica dos salôes e saraus onde "Inrelectuais-insrituiçoes" pontificavam estabclecendo os critCrios de seleçao acerca do que C ou no vilido. Nessa csfera e5rritarnente intelectual, nesse carnpo cultural nascente, circulam virios tipos de personagens iciccuais os q u e enfrentararn sua arise de identidade social atribuindo-se a "missio" decriar a naçio, a cukura c o povo, fazend do Esrado o insrrunaenro para isso; os que "servern sob a ditadura", fazendo do Esrado órgâo "financiador" para dcsenvolver urn trabalho criativo; as clue vão pars a oposição por razôcs idcolOgicas ou não; osque estao em disponibilidade, em virrude do mercado 5cr restrito edas funçoes estatais nao incorporarem todos. Seja como for, nenhurn deles encontra no mercado de mancira clara, o critériô principal de consagração cultural. I -�. 57 Sihviano Santiago diz desse ripo de intelecrual: "nas convenincizis dc urn ernprcgo pübico, o poets ou romancjsta modernists pouco tinha a ver corn as leis do mrrcsdo, julgando-as grosseiras c nada condicentes corn as regras dc consurno que requer pars o scu produto'. Ibidem, p.22.�j \�'-''%•.�.�.�-�-�'-- H 2� MILTON LAHUERTA� A DECADA DE 1920 E AS ORIGENS DO BIRASIL MODERNO� 113 E pot isso quc, durante os anos 30, apcsar de aflorar o tema da profissiona- Iização do crabaiho (oflcio) do escritor, ainda ha uma forte presença daquilo que charnamos "intefectuai-instituiçao". Dentre esses, Mario de Andrade talvez ten ha personificado aqucle quc kvou as ültirnas conseqüéncias a pretensão de fazer as vczcs tins iirsrtriiiçöcs dc Cilitlira qiic aincla 11:10 Cxistiafll plcnatiientc. r)i, quando da febre de avaliaçocs do rnodcrnisrno que corncça a ser feita no início dos anos 40, as suas posiçöes tenham sido as mais influenres, estabelecendo o ãngulo que prevaicceria nas prOxirnas d&adas. Nessa reavaliaçao, Mario faz uma aurocrIrica do inodernismo e coloca no ccrne dc suas inqutctaçocs a probkrnáric tica c o rerna da parricipação e do compromisso do intekcnial. A radicalidade presente tresses textos de M. de Andrade 51 não pode ser desvncu1ada das incertezas que advinham do conflito mundial, dos horrrores da barbirie nazi-fascisra, dos ecos dos debates iriternacronais cnrrc os intclectuais e, pot urn, da perplexidade diante da ambrguidade que marcava o regime do Esrado Novo. Mario fazia assim as veze.s dc urn papa laico, dc urn "intelcctual-instrruiçno", quc °benzia as armas" dc paulistas, cariocas, mineiros, nordestinos etc. Ac, longo de sua trajerória conquistara, pelo trabaiho paciente de consrrução estética c de desenvolvirnenro de instrurnentos crIticos e por sua cnorrne dcdicaçao piiblica (na preocupaçio mais ampla de dat dentidade c univcrsalidade a cultura nacional, na ação prática procurando concrcnzar scus projcros culwrais ac, longo dos anos 30), urn espaço scm precedentes nn hisriria da cuirura brasileira. Por isso não é de esrranhar que, nesse momenro, suns ntcrvcnçOcs tenharn rido rabto impacto, dando o torn a parrir do qua] se dana a rcvisäo do modernisrno. As inrcrvcnçöes a partir dc 1941 sic, marcadas pdr urn arnargo torn dc dcrrorado preocupadissimo em revelar as insuficiéncis do Modernismo pela faira de cornpromisso corn a vida, 60 pela inconseqüéncia tjue a .tS lsro podc ser conIcriilo pela Icitura dos tcxtos "A cicgia dc abril", cscriici par.1 0 nLimrro (IC ahcrttira da revisra Chma, Iançada cm 1941; na conleréncia proferida cm 1942 no Irariirary: "0 Movimcnro Modernista"; e em uma entrevisra dada para a revisra Dire: rizes, em janeiro de 1944, corn o lirulo sugestivo de "A arte tern de servir". No é a ton clue Carlos Guilhcrme Mona tenha charnado Mtrio dc Andrade de a consciêncla mire" do periodo. Em suas -N.5o sri, sao, par-i se scri (icar a cxlst(n,.I.i (IC rr;,çns nacjr,n,,I isia.s ,ia Ioriuii,I,i ,ôcs de Mario qiic cc cliiiiinar.i a caacterlstica radical. sobretudo no clue diz respeiro aruprura corn o quadra social c culrura interor. 0 radicalismo de Mario eati na vcrificação il.i�r.i(,c'r,�iI'irISpic;is de sia�iIoiIIç.i�nIcIiL'ru;II: toss, ii,eiIiiIa, I % irL\'(' L'sl,ii sI(ii,i(fI) no lilimc tin cuiiscii,cia pi.icsivcl. 0:i iIIC$flhli 1(11 Potwo iu,iii, (1 qile di o senridu (IC ri-s pturJ" (MOTTA, C. C. ldea/ogza da cnlrura Iirasir,ra, 2. cd. So Paulo: Atica, 1977, p.1 09 59 Vir, ol,rc iss irS ANI)RONI , U. '-fan,, (0,1/n,, 'sI,:r,sn,ti',,j,,- Cull Ilr;I C uuIiti.i run Mn,, ile Andrade. Sit) Paulo: Vért,cc, I 985 (esp. cap.3); ANCONA LOPEZ, T. P. M4riodeAndrade: rarnaus c camunhos. So Paulo: Duas Cdidcs, 1972. (esp. cip.4). 60 Essa Icirura da con luntura, baccada na idëra de comprornisso, vat scr dctcrmunantc para a gcração que busca definir sirs udcnridudc untre o lusco-fusco das qucsrOcs profissionais c o drarnaticidade da 6poca estava a condcnar. E essa busca de senudo para a atividade intelectual, essa rentativa de definir as atribuiçoes sociais dos intelectuais, que passam a galvanizar as atençócs dos jovens e antigos inrelectuais, que tern no modernismo, negariva ou posidvamente, a sua referéncia mais forte. Dc 1922 a 1945, o modcrnisnro cunipre urns trajctOria rut qual, to mesmo tempo em qué se debruça sobre o comportarnento humano em seu Intirno e sobre o tema do inconsciente, procura .'uma rcformulaçao ideologica dtretamente Isgada comprccns3o da nacionalidade, da unrvcrsalidadc, e ao compromisso do intelec- rual corn o povo de seu pals c de rodo o mundo". 11 Nos prirneiros anos da década de 1940, coma radicalizaçao da conjunrura-e a dcslegitimaçao da-polirica cultural estadonovista, é cxatamente esse segundo aspecto do legado modernista que prcvalccc na definição do carnpo cu1uraI. Donde o impacto das colocaçOcs de Mario, no anuriciar o mal-esrar do artista, do homem de cultura, peranre a impos- sibilidade dc pèrmanecer limitado a vigilnèia uramnre estética, cons &angido a cnfrcnrara questao da vigilancia do pensamento criador em geral, em virtude do compromisso corn urn fururo que se mostracadavczrnaisaterrorizante.62 A luz de urn peculiar resgate da idéia de compromisso do inrelectual, Mrio, consrrangrdo pclo confliro inundial c dcccpcionado por suas cxperiCncias profis- sionais e pclos proletos descnvolvidos junto a Capanema, cstabclecc urn ãngulo novo para fazer urn balanço dos ialEimos anos: o do anti-hcrói, o do derrorado. Ens "A clegia de abril", texro de 1941, desanca a geraçSo de 22, na qüal se inclui, por sua indifcrença para corn a época social em que viviam. Impilcita está uma arnblgua colocaçao sobre a necessidade de os inrelecruais parriciparem, não se sabe se po[iticarnenre ou de alguma outri maneira. Diz cle: NSo éramos "zsbstcncionistas",o que implica uma atiwdc conscientc do aspiriro: nós éramos uns inconscienres. Nem rncsmo o nacionalismo quc praticávanios corn urn pouco maror de largueza que os rcgionalisras nossos anrecessores, conseguira definir em nós qualqucr conscuéncua da conducão do inrciccrual, scus dcvcrcs para corn a arte c a humanidade, suas relaçocs corn a sociedadc c corn o Estado.'-' A avaliação quc Mario tinha dos rnais jovens não era das rnelhores, considc- rando-os, cm rclaço a s un gcraç5o, ainda rnais fragcis, mais marcados pclo CStCtiClSnlO c pclo clitismo. Mario, u,Ic certo modo, era arnhIguo porquc parece prcocupado corn a profissionalizaçio c corn a constiruiçAo de urn campo cultural sentudo tic ,nuss5o, qu tahiti o Esrzdru N,,suu qi:;riitr> as prcssOrs de conjunrura intrnacionaI 1.,au.uuiu aflorar cuuu,, grandc iuuiensididc. 61 ANCONA LOPEZ, op. cit., 1972 (esp. cap. 4), 62 Vcr a cntrcvusta a Francisco dc Assis Barbosa, "A aric rem tic scrvir", publicada na rcvusra Dirctr:zes, pn. 1944, c republicada cm Alniaiiaque (São Paulo), n,8, 1979. 63 ANDRADE, M. SIC. A elcgia de abril.In: op cut., 1974, p.] 86. 114� MILTON LAHURTA novo c autonornizado dos e qucmas consagratórios do Estado Novo, so quc suas colocaçocs, cm facc da conl. I ntura drarnatizada c polarizada pcla conflagraço mundial, (cram evidcnterncnte politizadas e lidas como u rna exortação para clue os escritores clou aprendizes dc escritorcs se rornassem politica e ideologicarnente arivos. Wilson Martins, dc forma simplisra, chega a afirmar que "Mario estava prcgando o novo evangclho do escriror compromcrido', isto é, idcologicamcnte ativista, mas literariamcritc tendncioso".6 Em realidade, ainda quc de maneira ambigua, C que, portanto presta-se a mi:dtiplas inierpretaqbcs, creio nao 5cr arbitrario dizer quc Mtrio j5 antccipava o quc scria nodc7-no cm tcrmos dc identidade incelecrual no fururo: solar-se na "torte dc marfim", nao trair a coridiçao de inrciccrual tentando se confundir corn a poifrica. Moderno dal para diantc seria, cada vez corn major nitidez, o intelectual profissional, espccialisra, para qucm pcsam mais as instituiçôcs do quc a vocação pOblica co sentido de missão. Mas, para quc ral vaticinio se realizassc plcnamcnte, o pals ainda rena que passar por Outro surro de modcrnizaço conscrvadora, Enquanto isso, a disponibilidade relativa da intelectualidade a manteria, corn seus rraços difusamente anticapiralistas, nos marcos dc urna problernarica de intelligen- isa: buscando assim Sc aproxirnar do popular corno forma de realizar o rnodcrno, radicalizando unilatcralrnentc ncsse scnrdo a aurocritica quc Mario havia feito do modern ismo. Portanro, cnrrc intelecruais, ainda pot mais trés décadas, rnodcr- no scra sinônirno dc nacona!jsrno c dc proxirnidadc corn a cultura popular. EDUCAcAO E POLITICA NOS ANOS 20: A DESILUSAO COM A REPUBLICA E 0 ENTUSIASMO PELA EDUCAçAO MARTA MARIA CHAGAS DE CAR VALHO' Nesra minha (ala farci urn recorre bern dclimitado, propondo-me a tratar do terna a partir dc trabaiho que realizcj, já ha alguns anos, sobre a Associaçao Brasilcira de Educaçao (ABE). Justifico o recorte por sua pertinéncia ao rema em debate nestc Scrninárjo, visto quc a ABE é apontada corno principal instância de articulaçao e propaganda do chamado rnovimcnto de renovação educacional, que se desenrolou no Brasil nos anos 20 e 30. Promovendo inquériros, debates, cursos C, especialmenre, organizando congrcssos nacionais de educaçao, a ABE constitu- iu-se, scm düvida, na principal instáncia cm que se gestaram as politicas cducaci- onais quc se desencadeararn a parrir de 1930. Em outubro de 1924, urn grupo de intelecruais funda, na Escola Politécnica do Rio de Janeiro, a Associaçao Brasileira de Educaçao. Erarn advogados, medicos, professores e, principalmente, engenbeiros que, desiludidos corn a RcpOhlica c convencidos dc quc na cducaçao rcsidia a soluç5o dos problernas do pals, decidirarn organizar uma ampla campanha pela causa educacional, propon- do polIncas, constiruindo objetos e estratégias de intervençäo e credenciandose .1 Si rnesmos como quadros inte]cctuais c técnicos de forrnulaçao c execução des ras. 64 MARTINS, W., op. ci t. 1978, p. 178. I Pro(cssora dn Faculdade de Educaç5o - USP - S5o Paulo. i\trav.s do tcxto analisado pudcinos obscrar quo no rnovimcnio polo qual essa consrxuçäo dcsfigurou todas as outras propostas c so tornou ac'itc corno th]ica,a idóiadc rcvo[ução cumpriu polo menos duas funçöes. Scrviu, por urn ]ado, lra jistiuicar a abertura dessa fase do "traiisiç3o" c do loutro, rcprcscntou o-.Onto nodal dssa tentativa do so rcfazcr a 'hisióra politica do Brasil". Assirn, durante esse perIodo, o vcncedor, c1aboaiido c difundindo a sua visio du luta, aperfeiçoa seus próprios instrumcntos de controle do poder-politico. Cousiderando quo outras proposta, cmbora dcrrotadas, ficrarn parte desse ccruirio, seria rnais do quo ]cgI[imo perguntar so do ponto do vista do outras forças sociais - distaotcs do cxercIcjo do podcr - no havcria oitra possibi-lidado do period/zacao. c do rccuperaco daqucle momonto. Isto nos parece tanto rnais nccessário, por verificarmos quo o marco - rcvoluçio de 1930 trazcm Si o conjunto dc irnplicacocs jA consjdcradas, Rcvoluçodc 1930, ncsse concxto, jarnais pode ser tomada coirio urn mero fato—_ 6 uma Construção extrcrnancnte claborada, Politicamcntc, a olaboraçaoWessa idia ocorrcu no contexto da luta e do cxcrcfcio da dorninaçao sob o prisma do vencedor - tal 6ornovimcnto do constituicüo da rncmória. Essa coristruco supöc cm seus lirnites ccrto conjuntO dc temas, dal derivados, • quo a bibliografia cm geral c a historiografia em particular consideram objeto dc cstudo. Assim, tcinas comb politica oliguJquica, fatos tipo rcvolucno do 1930 c revolução do 1932,atorcs corno a oligarquia o os tenentés continuam sendo exaustivarnente cxaminados, crnbora a naior parte desscs tm-abalho$ notemiha so preocupado corn a critica da idéia quc subtantiva cssa refinada construço. As irnplicacocs dessa ausncia nio ficarn por al. Na maioria das vczcs as análi- scs ton3 tratado a revoluçao do 1930 corno urn rncro fàto, corno dado crnpIrico. A partir dal 6 possivel cornprccnder quo unma éric do "fatos" afinal, houve 1932, 1935, 1937. . . - sejam estudados tambCm conmo dados cmpirios decor- rontcs de 1930 (2), Accites scm grandcs discussOcs, tais "dados" inémcras vcics • passaram a 5cr "explicados". Afinal, ha quo con1rcendcr o quo do fato ocorrcu, tanto mnais quo nao pairarn davidas sobrc o caritcr da SIIa construcio... Em ditima instâr]cia, estaperiodizacao aceita esté intimamentc rclacionada corn a montagern do certa idéia de rcvoluc5o. E (IC fato dove-so falar cm revolucao, não Soria J)ossivcl qualquor outra construçio. 0 uso do concoito, ncstc caso espccIlico, cumpre urna sério dc funçocs. 0 vocabulário da época anterior a 1930 faz largo uso do tormo e nño se tratava apcnas dc rctóica sim do pro- postas politicas reais (s). . 0 conirolc do poder politico dcsde al deve afirmar o fato da ua rcvolucão, no mesmo tempo quo anula a realidado das propostas vcncidas Cabe ao vcmiccdor nio 56 a 1iquidaco dos sous advcrsrios na luta politica, coma a apagar da V.�Icrnbrança de suas propostas. Afirmar tcr fcito unia revoIuçio abre c legitima a fase, do transiçao Nessa fascurni adinmmiistricao - nao falsos gutas - dingo a Nacfio, c a tmansic5o permnanoce abcriu cuquattlo durat o "processo rcvo-tucionánjo". 0 marco quo scpara o autos do agora rcvolucionrio limnita a PCIccpcao da ocorrOncia da.s propostasalmuladas A constinJicio da mernóiia incluj a definicIo dos agcntes histório cjie participaram do proccsso politico, dc tal forma ouc alguns sojam cxcluidos da . histórja. Ncssa mornória 1930 cumpre tal papel. Assim, todo o proccsso rcvolucjonarjo anterior a 1930 6 rcduJdo a pric dos grandes acntcs vistos ncssa nova etapa - ressalta oligarquia c •iidEninistraçijo/ESta(f() 3 Assumindo a existOncia do propostas do rcvoluçao descons jdcradas pole yen-ccd6r, e procurando os agentcs liistóricog esquccidos por ossa nicnmdrin, 11 'a, quorecuperar a processo politico anulado na constilüicOo do marco pcniodizaddr. Assim, a crItica ,a cssa rnen)órja passa polo dcscaractcrizaçao dessc Marco -- rcvoluçso dc-193.0. VoIta!]dooS, dcsdc aqui, para os passos inicjajs (lcssa rccuperaciio, alguma cojsa dove ser dita sobre'a procura dc urn crit6ro do periodiza5o (jUC , co perrnitarctomar o movim� ormacnto politico cm toda a sua cxtonso. Dessa foside-rando o m conjunto dessas propostas, inclusi.'o as quc mnas rafflalnicrm,ca orde existente - cm scu� goratns� ncaspcctos ecä 1ômicosociajs - a qtic rcssalt6DUO 6 o fato do tor 000rrido ou nüo umna rcvoluçeio no scmmtido dcssasiltimasA cxi� ,st6ncja mesma desse commjunto dc propostas ima luta politica é quo dcvë ser considorada, F so urn processo revQlucjoflárjo estcve cm curso, nada justi- lica a escol6a71c urn marco quo intcrrompa e anule porte do mcsrno. Urn corte que,n5o respoito cssa exigOncia 1150 podc scr lcgitimnado, aihda mais qmando sob a ótica do vcnccdor, corn as lirnitacôcs c .irnplicaçocs quo traz It an6lisc, rcvof A logitinmidad da pcniodizacibo 56 pode advir do alcançar a J)toCC()�u-cionrio em sun intogridade. • Ncssc scntido, admitindo a cxistOncia dc urn movinmcflto politico dcssa naureza, supomos quo o rncsrno deva ser cornprccndido no sou conjunto c quo elc própnio scja scu crildrjo dc periodizaçibo. Assimn, o processo 1cvojucio-nrio fornece os Clelnentos pama.a sua própria periodizacibo. 0 quo csti Cmii jogo 6 entender cssc proccsso c nibo o cstabcicccr dc urn marco quo divida i "Jmistórjapolitica do Brasil" cm Si, Enfixn, 1930 - rcvoluco dc 1930 - no podc ser lomoado conin cortc na periodizacao, quanto mais marco divisor da HistOriu, por do's motivos. Pot urn!,-'do, ji 0 virnOs corno porte da consti[uiçüo do rncrnOria c csta anulando o movinjento .revolucionário. Dc outro lado, ha quc cntormdcr 1930 apcmias como nmon1 c f6dc6pFoccsso: urn corte no sea interior qucbra sua integridade - 1930 (y) 63 cxisc como parte do nivimito politico, indcpcndcntcrncnic da construcão da ucrnória do vcnccdor, Ncssc sentido, 1930 dc'c scr t?cuperado, cntäo, näo rnai} como marco periodizador, mas sirn corno urn momcnto cure oulros do dàscnroiar do próprip movirnento politico. Es.o processo rcvoluciondrio já cstá abcrio pelo mcnos em 1927/28. Assume o sentido, durac o perIodo, dc urna rcvoiuçio dcmocrático-burguesa no scu con- junto, crnbora haja propostas mais radkais, 1 difIcil encontrar o momento de craç5o dessas possihiIididcs — isto porquc supic umu opçio sohic, IJUIl pro- posta se deseja acompanhar na constituiço do rnovirncnto politico. A dificulda- de d major quanto admitainos quo 6 possIvcl acompanhar tanto as propostas dcrnocrdtico-burgucsas, como a proictária. E possi'ci quo a rcvoiuçio dcmocrtico-burgucssa tcnha sua origcm wtcrior- mcntc a 1927/28. Mas não rcsta divida de cjuc cia cstá cm andarnento no periodo; a prcsença c absorclio do movirnento opertirio nesse proccsso politico, atrav6s do 13]oco Oper6rio c Caxnponés já a carzictcriza. Prctericlernos acompa- nhar as propostas dcrnociático-buzgucsas, c o I3ioco Operário c Carnponés ajuda a pciiodi7.ar aquc]a, dcsd�mornento cm quo podo part[cipar da luta poiltica, corno partido cleitoral de uma classe�isso nos parece suficiente para pen- sarmos quc já estd cm aberto a possibilidadc dessa revoiução. Scndo o B.O.C. (Bloco Operário c Carnponés) urn pàrtido cicitorat de classe portacior dc uma praposta e pcio fato de acompanharnios outras propostas, scria piausivci perguntar so aqucia teve as mesmas possibiiidades politicas reais das áitirnas. Scndo ö caso, terlamos duas rcvoiuçocs em andamento --. proie- tária e dcmocrático-burgucsa. Entretanto, acreditainos qua tai não ocorrcu. A própria inscco do moviniento operãrio no cemilrio politico, atrav6s do urn partido cleitoral, isto 6, o B.O.C. - do urna [otma tonsentida — nos dá a mcdida dc quo cste rido comnda o processo. Scu prograrna mininio coioca-o no ibrnbito da conste]açiio dcmocrtbtico-burgucsa. Em Sibo Paulo, durante esse perIodo, o !c,na do rco!uç2o 6 uma constante nas rnanifestacOes de trés sctorcs: o Partido Democrático, os "tcncntc", e o Bioco Operrio e Camponés, 0 idcário cnvovido nessas manh(estaçôcs engioba quais- quer outras propostas sugeridas cm nivel nacional, e por outro lado, urna pola- rizaçâo cm tcrmos dc intcrcsscs divergcntcs de grupos sociais já relativiza 0 carter de urn predominio da luta regional cutre grandes Estados. Assini, 0 tcrna cia revoiuçibo define o ãmbito do uma oposicibo hctcrogénea no interior do pro- cesso cal curso, quo eng]oba, concornitantcmcnte, o próprio parlido da situaco o Partido R.epubhcano Paulistu. Estc ultimo, cmhora ilibo Sc ciclina no sentido dc 'rcvoluçibo", age no interior dc ima situaçibo de rnudança ('). Dessa forma, periodizarnos a obscrvarnos a rcvoluçiio democrático-burgucsa aravós da entra- da cm cenado B.O,C., e a dcfinirnos em torno do terna da revoluçibo a de situaçiio dc rnudanca - tafitocin propostas, corno cm movirnento real. Esse processopolitico esi substantivado, cm 1927/23, cm unm conpoiç2() heterogEnea contra o P.R.?., o qua], cntrctanto, UCJT1 scuipre coloca-se contra c fora dos ternas da rcvoluçibo. 0 conjunto da oposicäo aparecc unido em urn movinmcnto, mantido por urn acordo tilcito corn rclaciio a alguns ponins. A mn Ihor cxpressão desse arranjo pode ser percebida no jornal 0 Combate, 0 qiI naqucle momenta serviu do porta-voz concomitautcrncntc oat t:s ccrcs tido Democthtico, "tenentes", Bboco Operário c Camponbs Dois (cmar so cornuns mis propostas desscs 3 grupos c dio scn[ido ; !C) :.00d) Luis Carlos Prcslcs, ''0 ca va Lci 10 da csperauça'', 6 U111 mi to en fa tic am ndntc 111;1: 1 - tido ( h ) . A oposico ao fantasma da oligarquia L. 0 outmo tcrna. Oposicuo "oligarquia" qucr dizcr combater a adrninistraciio, isto 6, o governo do morncmmto ncsse caso, cspecificanicntc, o Partido Rcpublicano Paulista. o Partido Dcmnocrfmtico, scndo urna oposiçibo no interior d:i classe dominanic, acaba criando 0 espaço politico no qual o rnovuncimto pode existir. No cntanto, o idcário liberal dessc partido nibo supöe, em primeira instância, urna "reVo- ciio". Somente nos morncntos cm quo as (ormas sugcridus l)nru a ascensilo no governo contidas no scu idcário revelam-se incficazes, frcntc ao dornimno do P.R.P., 6 quo o Partido Democrático fala em ]uta armada, entendida como revo- lucão. Ncsse sentido, leia-sc a declaracao do Francisco Morato, após a derrota do P.D. no plcito do outubro do 1923 (6): "Estarnos vcndo quo é impossival solucionar o probicrna politico biasilciro dentro da ordem. Ternos feito todos os csjorços para regcncrar os costumes politicos a moralizar a Repáblica pelos processos cormstiiucionais. Mas o governo fecha todas as porlas, impede-nos sodas as ,ncios qua podcrIanlos urilizar-nos basèados no Constituicao. So nos daixa urn, que do sabe qua! d.. As propostas dos "tenentes", no contrário do Partido Dcniocriitico, tern como ponto do partida a iddia do revolucibo. Trata-s roaimucntc do propostas, no plural, cxistcm várias "rcvoluç6cs", Propostas divcrgcnics, corn poiarizru;ibo politica distinta, dão a mcdida do cariitcr do tcncnisrno como urn inomuncnto, mais do quo como urn grupo politico dcuinido. Urna das propostas quanto It rcvoluçâo, sugerida nossc bmbito, podc ser lidq em Miguel Costa (i): "Se a revoluçao era neccssária em acrcscida a Imistória do Rcpdbliccm cm 1924, corn major razäo o é eat 1928, . . Não ha, portanto, cntcndmmemto posslvcl cairo a revolu cOo a o governo, a incnos qua cslc duiimo so decida a 0cc/tar a api/ca cOo do pro grarna ret'olucionOrio"... Tendo em vista qua as propostas do P.D. e do tcacmitismno pertcnc.nn a nIvcis difcrcritcs, vejamos urn texto do B.0.C., ncssa nicsma perspcctiva, tcndo pot tltulo "0 Proletariado a as Eleicoes" (6): 65 d tC/npo dos prolctdrios dos fdbrico y c dos campUs tomar,?z par/c ativa nali1rtes cicuous e CsSa tuna dos cxcelcntcs oportunidades corn quo poderd Cntar a�traba-pa/a 0 traballio do ponclraçao no terreno do burgue.ja, rninando-o,C )rlSeqücn ntc,en(• ( cnsidc,ando- o elci'ado 'ui/nero do ope'dros e ( raballidorey rurais existcij- los cat lodo a Estado do São Paulo, é corn otirnismo acerca das possibilidades Ck vitdria quo so dcie encarar a quest/Jo. Ifast ante quo so cornccc dosdo jd urn trabaliso ,netddjco e lenaz do alistainenlo eIciiorj do prolclarjac/o. Ness0 /njler as sindicatos podeiao pleslar seu valioso C0/1CU,SO, inatigurando em suas sedes sccöes especlais para esse tim, e encor- rega,ido os inililantes Faa/s aptos, mais capaes para levar avanse a e;npresaafraj'ds do wna propaganda /fltclige, gc c persoverante. Corn to! processo n/Jo so so alistarão as trabaihadores Id sindicalizados, ma,,inilharcs do outros sent sindicazo. Isso scrd, aléni do tudo, urn ensejo para a prOprja fortnaçao do sindicatos das corporacoes prolerdrjas quo os n/Jo possuernainda. Rcvoluçao, a!, tern um. canipo do signiticaçio Prso Supbc Juta dc classes,isto 6, oposicoproI eta riado/burcsia claro o scnticio de quc esta contradi- ção dcvc so orientar para os interesses cspccificos do proictariado, tanto 'ccoriô- micos quanto politicos. Essa revolucao, porérn, e urn a posteriori. No prcscnte do texto ela inclui-se no interior da revolucão dernocrático-burguesn - a prole- tariado no pode prescindir dessa ciltiva, pois 6 atrav6s cia mcsmc que pode atcnder 'a arregirncntaçao sindiciI da5 forcas dispersas. "; "obra preliminar", imprescindivel" para outras lutas. Como vimos, o movi,noiro cia oposiço formado pclos "tcnciitcs", B.O.C. o P.D., alérn de conjugar propostas espccIftcas de cada urn desses setores, se substantiva na luta politica através do urn acordo tácito sabre dais pontos já citados. Sobre csse acordo, aparece urna proposta quc tende a cuglobar as duferentes sugcstãcs do cada grupo da oposiçäo - foi claborada poe Mauricio do Lacerda (s). Do noticiário de 0 Combate retiramos o trecho abaixo, sabre urn discurso do autor pronunciado cm urn comIcio do Partido Dcmocrdtico (l) Segundo o jamal, 0 perSOnagem participara dcsse cornicio; Al fornjaçao do Bloco Operdr/o c Campon is é urna access idade domanic nb. E por quo jugir a ía! access/dade? Depois dossa a/na prelilnitiar, u1lpresci,ir1icl nada inais a fazer tord o proje ta-riado do quo stijragw O.T. hUmor do seus candidatos, previamenle escoihidosden Ire os sells "loaders" quo 'na/or capacidade do ac/Jo teitharn mostrado ate 0 ,nio,ncnto .4 perspcctjpa do dorrota devcrá scr do i'odo banja'a, tanlo mais quando o ohio-//to principal do tuna luta dessa natuieza dcvcrd scr, ad,na 'do ludo, n/Jo a vi(t5ria sobic os caildiclato,, do bztrguc.cia, nias a agiraç/Jo quo so lard em lombdessa Into c quo lord canto fritto mais preciosd. a arrrgiFneiifaç7o indical dasi'�forçns disperas do proletariado. En/fin, o quo so laid agora sord n/Jo so urn ellsaio iiiiporta,iifsini0 dos traba- l/jadore no Campo do Into do classc, nias, principalme,ite urn rncio Oponlunopara poder o proictariado so organiar e es/ar, entdo, preparado papa owrasinto,, do scu inleresse ocondniico-politico" Eobora longo, o texto reproduzjdo nos dá it dimensão cia outra memória au]a'que foi perdida dentre todas Isso nos anirnou a aprcscn-lo na Integra No interior cia rcvoluçio dernocr,itico burguesa, a B 0 C 6 urn partitla elcttoral Existe apiovcitarido o 'cspaco politico aberto polo P.D e polo P.R.P., incluindo-T so no rnovirncllto dc oposi00 já citado. Observe-se quo dc no pretede a vitória c luta puranichte èlcitorais; csta 6 funcao c pretcxto para a tarefa olga. uizatória, quc se propbc cm tths mornentos: propaganda, organizaçao da classe, rc[orço dos sindicatos (:1- para rcslituir a grande c/dade dos jundadores d0 Pdtria a sna palo vra e a seu compromisso e enrolar no Pantheon dos Atidradas, 'aos pds de ambos, a bandeira branca do 'wi/s/ia, desfra(dartdo ali tarn bern a bandeira ver,nelha do-s reivindicac6es nacionais, quo tinhan: por c/ic/c o gencral Luis Carlo,, Prestes, Era plcna,nenee soliddrio corn este que o orador v/u/ia o- S/Jo Paulo encorrar a cohnpanhja polo an/s/ia. . . E ma/s... estondcr izurna aliança a sna 'n/Jo de combatente do palavra, ao gal/zardo Part/do Dc,nocrdtjco Paulista. Via ncssc urn clomenbo do van guarda, qua prolon,qava no tempo e ann pisava no espaço 0 eCO,o CSJ?Iribo C a obra nac/onal dos revolziçocs dc jisihzo, as qua/s vairgimam pate dourojir a pal/i/ca da oligarquia, Os governos tic ps'o/itsionais, cm sett luger colocar os governor tic /Jação c a politico do povo . - I. A obra do Part/do Dc,nocrth'jco, coitto dos part/dos opemdrios, era do coope- rat corn a agisaçdo fecunda dos esplritos, a ag/ta c/Jo das masses, a unarc/anacional quo conrcpnpla,nos para outro porvir, quo n/Jo o do cscrrn'idao pal/s/ca e esmagarnenro econô,n/co quo nos espera como povo C como naçao... Cun pr/a, pois, apoid-lo, eslimuid-lo awn pro pdsito liberal, sen t desprezo tam beth da outra força quo i/re surgia paralela,
Compartilhar