Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
ILUMINAÇÃO NATURAL NA ARQUITETURA Profa. Heloisa Helena Feitosa ILUMINAÇÃO NATURAL Atualmente, diante do agravamento da crise energética, é inadimissível a concepção de um projeto arquitetônico que não considere como primeira alternativa para as melhores soluções luminotécnicas, a iluminação natural, seja ela lateral ou zenital. Projetos residenciais que incorporam as alternativas de luz natural ,chegam a alcançar a iluminância exigida nos interiores em 80% a 90% das horas diurnas do ano, economizando consideráveis quantidades de energia elétrica. BENEFÍCIOS DA ILUMINAÇÃO NATURAL Qualidade da Luz. Visão do “Lá Fora”. Conservação de Energia. Eficiência Energética (redução do consumo). Boa Relação Custo X Benefício. Benefícios Psicológicos e Fisiológicos Únicos. Atendimento a Exigências Humanas (BEM- ESTAR). Aumento da produtividade. Redução do absenteísmo, cansaço e fadiga visual. Diminuição de erros e defeitos. Manutenção da alto-estima. Contribui com a sustentabilidade. ILUMINAÇÃO NATURAL ILUMINAÇÃO ARTIFICIAL Poupa energia Gasta energia É variável com as estações, o dia, a hora e a nebulosidade É contínua Precisa de aberturas na edificação Não precisa de aberturas na edificação Cor variável Cor fixa Varia com a latitude Não varia com a latitude Contato com o meio ambiente Dispensa contato com o meio ambiente Não produz nenhuma poluição Poluição indireta (na produção de energia elétrica) ILUMINAÇÃO NATURAL E ARTIFICIAL O uso da luz natural em conjunto com a artificial em edifícios não residenciais pode gerar mediante a especificação correta de suas instalações e o *controle eficiente do sistema, economias de 30% a 70%. * Ex: Dimerização e acendimento independente ILUMINAÇÃO NATURAL Iluminação natural é àquela que se obtém com a luz proveniente do sol, representada quer pelos raios solares diretos, quer pelos raios indiretos da mesma proveniência, mas retransmitidos pelo céu, pelas nuvens, pela vegetação, pelos edifícios ou por outros corpos. O potencial de economia de energia pelo uso da luz natural é determinado diretamente pela sua posição geográfica, clima, entorno e características físicas do projeto. ILUMINAÇÃO NATURAL Os valores de iluminância externa na maior parte do dia excedem as quantidades exigidas para quase todas as tarefas, inclusive para tarefas de alta precisão , que exigem 1.500 lux. Este valor pode ser obtido até mesmo em cidades de baixa latidude como kew,na Inglaterra, que apresenta ao meio dia de dezembro(inverno) a iluminância de 7.500 lux e em junho (verão) de 34.000 lux. No Brasil, compreendido entre as latidudes de 0° e 32° Sul, esses valores chegam a 70.000 lux no meio dia de inverno e 100.000 lux no verão, evidenciando assim o enorme potencial do Sol como fonte de luz. ILUMINAÇÃO NATURAL A magnitude e distribuição da luz no ambiente interno depende de um conjunto de variáveis, tais como: condições atmosféricas locais; de obstruções externas; do tamanho, orientação, posição e detalhes de projeto das aberturas; das características óticas dos envidraçados; do tamanho e geometria do ambiente; das refletividades das superfícies internas. O papel desempenhado pela luz solar direta ou difusa, depende da localidade,ou seja , da latitude e do clima (nebulosidade). ILUMINAÇÃO NATURAL Em regiões de baixa latitude, a luz natural é mais abundante e a variação das horas do dia ao longo do ano não apresenta grandes variações. Fortaleza situa-se entre as latidudes de 3º30' e 4º30'S. Para melhor captação de luz,os planos verticais das fachadas deverão estar voltados para as regiões de céu por onde o sol faz sua trajetória. No Hemisfério Sul,corresponde à meia abóbada voltada para o norte, principalmente à partir do Trópico de Capricórnio(23°43ʼ S) e no Hemisfério Norte corresponde à meia abóbada voltada para o sul, principalmente à partir do Trópico de Câncer (23°43ʼ N). Para latidudes próximas do Equador, como Fortaleza, as orientações norte e sul recebem praticamente a mesma quantidade de radiação solar. As fachadas leste e oeste recebem durante metade do dia luz de raios solares diretos, que pode além de causar ganhos térmicos, provocar ofuscamento. ILUMINAÇÃO NATURAL Esquema da trajetória aparente do sol para Manaus que possui latidude de 3°10ʼ S, semelhante à Fortaleza. Desenho Mirian Keiko Ito Rovo ILUMINAÇÃO NATURAL ILUMINAÇÃO NATURAL As condições climáticas, o tempo e a posição geográfica são os fatores determinantes do tipo de céu. A luz do céu é mais uniforme e oscila menos ao longo do dia, diferentemente da luz solar direta. São três as condições básicas de céu, definidas pela norma internacional : CLIMAS E TIPOS DE CÉU Céu claro Céu parcialmente encoberto ( sem padronização) Céu encoberto A equação para o Céu Claro CIE estabelecida em relação a figura abaixo, permite calcular a luminância LCL em um ponto arbitrário P, localizado na abóbada celeste, em função da posição solar e da luminância do Zenite LZCL: CÉU CLARO α azimute do ponto P em radianos (NESO) αS azimute do Sol em radianos (NESO) γ altura do ponto P em radianos γS altura solar em radianos ζ angulo entre o Sol e o Ponto P em radianosÂngulos para Cálculo da Luminância no Ponto P. Fonte: CIE, 1995, p.5 A escala das luminâncias é crescente do verde para o vermelho e observa-se uma correspondência bastante aceitável entre as imagens. Cabe salientar que a luminância do Sol e da auréola não devem ser computados. Figura: Céu Claro Real. Fonte: Bruna Luz e Luciana Schwandner. Figura: Céu Claro Teórico CIE. Fonte: Ecotect, 2003. Distribuição de luminâncias para céu encoberto Fonte:NBR 15215-2 CÉU CLARO CÉU ENCOBERTO Céu Encoberto Teórico CIE. Fonte: Ecotect, 2003. Céu Encoberto Real. Fonte: Bruna Luz e L. Schwandner. Para o Céu Encoberto, a equação é mais simples e depende apenas da luminância do Zênite LZOC que por sua vez depende da posição solar. Distribuição de luminâncias para céu encoberto Fonte:NBR 15215-2 CÉU PARCIALMENTE ENCOBERTO As diferenças expressivas entre as figuras, em um intervalo de 2 horas, dão idéia das dificuldades em determinar um modelo adequado para este tipo de céu. Céu Claro Real 12/05/200 (15h). Fonte: Bruna Luz e Luciana Schwandner. Céu Claro Real 12/05/2004 (13h). Fonte: Bruna Luz e Luciana Schwandner. Observa-se grande variação na distribuição das luminâncias, sendo difícil encontrar parâmetros de comparação entre duas situações com o mesmo tipo de céu. Fortaleza ,assim como as demais cidades litorâneas, sofre influência de grandes massas de água na disponibilidade de luz natural. O extenso espelho d'água tem a capacidade de refletir proporcionalmente mais luz quando o Sol encontra-se em baixos ângulos de altidude. ILUMINAÇÃO NATURAL ILUMINAÇÃO NATURAL As decisões mais críticas, a este respeito, são tomadas nas etapas iniciais de projeto. Devem ser estabelecidas na definição de uma prioridade em termos de exposição à luz natural, os valores de iluminâncias e distribuição necessárias para as atividades em cada ambiente. Em alguns ambientes a iluminação uniforme é mais recomendada, em outros é desejável uma maior variação. Em ambientes nos quais os usuários ocupam posições fixas, o critério deve ser diferente daqueles onde as pessoas podem mover-se livremente na direção das aberturas ou para longe delas. VARIÁVEIS DO CONFORTOLUMINOSO O ENTORNO IMEDIATO •Normalmente, antes de atingir a abertura, a luz recebe a influência do próprio entorno do edifício. •As possíveis superfícies de reflexão podem ser: obstruções (construídas ou naturais) ou o piso do entorno imediato à abertura. RADIAÇÃO SOLAR 4% REFLETIDOS PELA SUPERFÍCIE (CONTINENTES E OCEANOS) 51% RADIAÇÃO SOLAR ABSORVIDA NA SUPERFÍCIE 20% REFLETIDOS DAS NUVENS 19% ABSORVIDA PELA ATMOSFERA E PELAS NUVENS 30% PERDIDOS PARA O ESPAÇO POR REFLEXÃO E ESPALHAMENTO 25% RADIAÇÃ O SOLAR DIRETA 26% RADIAÇÃO SOLAR DIFUSA 6% ESPALHADOS PARA O ESPAÇO PELA ATMOSFERA Fonte:fisica.ufpr.br A iluminação solar direta acarreta uma grande mudança na temperatura interna, e muitas vezes cria situações de ofuscamento. A iluminação difusa reduz a quantidade de radiação absorvida pelas superfícies internas e permite uma melhor distribuição da luz. ILUMINAÇÃO SOLAR DIRETA X DIFUSA DISPONIBILIDADE DE LUZ NATURAL O percentual de iluminação exterior disponível dentro de uma edificação é chamado de COEFICIENTE DE LUZ DIURNA, que está ligado às seguintes características: tamanho e localização das janelas; obstruções do céu; nível de transmissão de luz das vidraças; refletâncias interiores. O nível total de iluminação exterior disponível depende das condições climáticas e da latitude. A iluminância externa sobre o céu claro varia conforme a estação do ano e a orientação. DISPONIBILIDADE DE LUZ NATURAL A iluminação natural no ambiente, é resultado das três variáveis: CC (Componente Celeste): luz proveniente da abóboda celeste. CRE (Componente de Reflexão Externa): luz proveniente das reflexões de obstruções externas. CRI (Componentes de Reflexão Interna): luz proveniente das reflexões internas de piso, parede e teto. Fonte:Mascaró 1961, p.63 DISPONIBILIDADE DE LUZ NATURAL A soma destas três componentes, corrigida por fatores relativos aos efeitos redutores produzidos pelos separadores contidos na abertura, tais como, transmissividade do vidro (KT), fator de manutenção (KM) e fator de caixilho (KC), representa o nível de iluminação natural num ponto do ambiente interno, conforme expressão: COMPONENTE CELESTE COMPONENTE DE RELEXÃO EXTERNA COMPONENTE DE RELEXÃO INTERNA *CIN = Contribuição de iluminação natural * CIN = (CC + CRE + CRI) x KT x KM x KC Fonte: NBR 15215 – 3, 2004 DISPONIBILIDADE DE LUZ NATURAL Variáveis da Componente de Luz Diurna em um ponto próximo à janela. Variáveis da Componente de Luz Diurna em um ponto mais afastado da janela. DIRETRIZES PROJETUAIS Cores claras para paredes, forros, móveis e máquinas aumentarão a reflexão da luz pelas superfícies interiores, com melhor aproveitamento da luz (natural ou artificial). Também haverá maior difusão, com suavização de sombras, redução de contrastes excessivos e ofuscamento. DIRETRIZES PROJETUAIS A adoção de diretrizes projetuais referentes ao aproveitamento da luz natural em projetos de arquitetura deve considerar os seguintes fatores: Procedimento de Cálculo para determinação da iluminação natural – NBR 15215; Avaliação de desempenho das edificações – NBR 15575; Simulações em softwares; Análise de dados a partir de APO (Avaliação Pós Ocupação); Referenciais bibliográficos de boas práticas de projeto. DIRETRIZES PROJETUAIS Tabela:Critérios sugeridos de CLD ( sob céu encoberto). O coeficiente de luz diurna (C.L.D) é definido como a proporção de luz natural que chega num determinado ponto do ambiente em relação ao total de luz natural disponível no exterior do edifício. CLD inferior a 2%: o cômodo parecerá escuro. Necessidade de luz elétrica na maior parte do dia. CLD entre 2 e 5%: o cômodo parecerá claro. Pode ser necessário o uso de iluminação elétrica. CLD superior a 5%: o cômodo parecerá muito iluminado. Dependendo da t a re f a , a iluminação artificial pode ser desnecessária.Fonte: Manual de Arquitetura Ecológica – p. 82 DIRETRIZES PROJETUAIS COEFICIENTE DE LUZ DIURNA: Iluminação Natural Lateral *Dia típico é aquele que representa da melhor maneira as condições mais frequentes de nebulosidade COMPONENTES DA LUZ NATURAL Condução: Espaços de luz intermediários, onde radiação solar direta é bem-vinda, seja para o aquecimento ou pelo estímulo visual. Ex: hall, pátios, galerias... Controle: podem redirecionar a luz, desviando a direção dos raios solares, podem proteger da entrada de luz solar, ou até obstruí-la. Os elementos de controle interferem na quantidade e qualidade da luz que chega ao ambiente. Ex: Brises, marquises, cortinas... Passagem: superfícies transparentes ou translúcidas da edificação por onde a luz solar passa e atinge os ambientes internos Os componentes de passagem da luz natural podem ser do tipo LATERAIS E/OU ZENITAIS. Ex:Janelas, portas,sheeds,clarabóias... COMPONENTES DA LUZ NATURAL CONDUÇÃO COMPONENTES DA LUZ NATURAL CONTROLE Cortinas, brises, prateleiras de luz e demais elementos de controle,tem como um dos objetivos evitar ou diminuir o efeito de ofuscamento (visão direta da abóbada celeste ou contraste excessivo) . Os elementos interiores de controle, tais como as cortinas e persianas, devem ser de material translúcido ou de cores claras de alta difusão (acabamento fosco).Ministério da Educação e Saúde (Rio de Janeiro ). COMPONENTES DA LUZ NATURAL CONTROLE Instituto do mundo árabe -Paris Arquiteto: Jean Nouvel COMPONENTES DA LUZ NATURAL CONTROLE COMPONENTES DA LUZ NATURAL PASSAGEM LATERAL COMPONENTES DA LUZ NATURAL PASSAGEM ZENITAL Frank Lloyd Wright, Taliesin West ILUMINAÇÃO NATURAL A iluminação natural no interior das edificações é oriunda de aberturas localizadas em suas superfícies verticais e horizontais. Iluminação Natural Lateral Iluminação Natural Zenital ILUMINAÇÃO LATERAL X ZENITAL A Iluminação Zenital permite uma melhor distribuição de luz difusa no interior do ambiente, porém depende da solução de projeto para ser possível. A Iluminação Lateral dificulta o controle do ofuscamento e ilumina apenas muito próximo à janela, reduzindo a iluminação com a profundidade. ILUMINAÇÃO LATERAL X ZENITAL A escolha de iluminação lateral ou zenital se faz com base em: forma e disposição da edificação e do entorno; disponibilidade de captação de luz natural nos diferentes planos da edificação; tipo de tarefa visual a ser desempenhada no ambiente; ILUMINAÇÃO LATERAL Exige controle do tamanho, localização, a transmitância visual e as características de desempenho energético das vidraças. Exige o controle do ofuscamento, que envolve beirais e brises horizontais, estantes de luz internas, persianas ou venezianas. Controles de iluminação elétrica se tornam mais complexos. adequada para locais de trabalho próximo a paredes externas. Pouca uniformidade. Menor manutenção. Edifícios de vários pavimentos. Ambientes pouco profundos. ILUMINAÇÃO LATERAL ILUMINAÇÃO ZENITAL Distribuição de níveis homogêneos de luz difusa em grandes áreas. Geralmente mais fácil de obter e requer controles menos complexos de iluminação elétrica. Exige controle quanto aos ganhos térmicos. maior uniformidade. Custo inicial mais alto. Maior manutenção. Edifícios de um pavimento. Adequada para locais profundos e grandes espaços contínuos.ILUMINAÇÃO ZENITAL NBR 15215-1: Estabelece os conceitos e define os termos relacionados com a iluminação natural e o ambiente construído, agrupando-os em três linhas: termos gerais, componentes de iluminação natural e elementos de controle. NBR 15215-2: Estabelece os procedimentos estimativos de cálculo da disponibilidade da luz natural em planos horizontais e verticais externos, para condições de céu claro, encoberto e parcialmente encoberto. NBR 15215-3: Descreve um procedimento de cálculo para a determinação da quantidade de luz natural incidente em um ponto interno num plano horizontal, através de aberturas na edificação. NBR 15215-4: Prescreve os métodos para a verificação experimental das condições de iluminância e luminância de ambientes internos. NORMAS
Compartilhar