Buscar

Resumo Unidade 4

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 3 páginas

Prévia do material em texto

Resumo Unidade 4 - http://www.youtube.com/watch?v=KyNBZTASGH0&feature=youtu.be
Antropologia Culturalista e Interpretativa
A unidade 4 tem como objetivo conceituar e estudar as características e propostas teórico-metodológicas da Escola Antropológica Culturalista e da Escola Antropológica Interpretativa. É destacada, primeiramente, a importância dos trabalhos dos culturalistas influenciados por Franz Boas: Edward Sapir, Ruth Benedict e Margareth Mead. Num segundo momento, são debatidas as concepções da antropologia interpretativa de Clifford Geertz, que é considerado herdeiro do culturalismo norte-americano.
Culturalismo Cultural
No século XX, a partir dos anos 20, foi desenvolvida a escola antropológica, que ficou conhecida pelo nome de “Culturalismo Norte-Americano”. O Culturalismo teve origem nos estudos de Franz Boas, nos Estados Unidos, e, influenciou os trabalhos antropológicos de Edward Sapir, Ruth Benedict e Margareth Mead, dentre outros importantes expoentes.
No Culturalismo podem-se identificar as seguintes características:
1) “Ênfase no estudo das especificidades culturais locais em termos de totalidade coerente e integrada, mas não necessariamente funcional”.
O Culturalismo tem como foco o estudo de características da cultura de um determinado lugar e tempo. Exemplo: o estudo dos índios Nhambiquara (o estudo da especificidade cultural local), no Mato Grosso.
2) “Ênfase na estratégia metodológica de comparação de sistemas culturais diferentes”.
O Culturalismo parte da premissa de que a comparação pode ser realizada entre as culturas, porém não pode ser produzida caso seja permeada por estudos preconceituosos, tais como as tipologias evolucionistas: cultura superior e cultura inferior. 
3) “Ênfase na interdisciplinaridade, sobretudo com a psicologia, sem desprezar a importância da história e da sociologia’”.
O Culturalismo demonstra preocupação em desenvolver análises das culturas específicas com base no conhecimento da interdisciplinaridade: o diálogo da antropologia com a sociologia e a história e, principalmente, com a área da psicologia.
4) “Ênfase na relação indivíduo/sociedade transporta para os termos da cultura e personalidade resultando na caracterização de configurações culturais e tipos psicológicos”.
O Culturalismo apresenta, dentre suas vertentes de análise antropológica uma que concepção denominada: configuracionismo, que tem como objetivo o estudo da integração e da singularidade de uma determinada cultura. Nessa visão, a cultura seria a integração entre diversos elementos da cultura num determinado tempo e espaço.
5) “Ênfase nos processos de socialização, em particular, a educação infantil”.
O Culturalismo apresenta uma perspectiva analítica que preconiza o estudo das relações entre educação e infância.
6) “Ênfase no trabalho de campo como metáfora de laboratório natural do antropólogo”.
O Culturalismo concebe que a etnografia é um trabalho vital para a constituição dos estudos da área de antropologia.
Um dos primeiros expoentes da antropologia culturalista é Edward Sapir que, influenciado por Franz Boas, sinaliza que a civilização ocidental não é só progresso, só positividade, mas o ritmo de industrialização ameaça o modo de viver, agir e pensar de uma sociedade, ou seja, ele é um dos primeiros críticos a essa sociedade.
De acordo com Sapir, todo comportamento humano apresenta uma configuração inconsciente, nem sempre é comunicada a mente do individuo, então por vezes ele nem sempre sabe que as suas atitudes são demandadas por questões mentais, para isso é preciso entender que padrões ele vive numa determinada sociedade, que faz com que ele inconscientemente veicule esse padrão.
A antropóloga Ruth Benedict é outra expoente significativa do culturalismo norte-americano, que também realizou em seus estudos a vertente de estudo configuracional da cultura (configuracionismo). 
Seu objetivo foi o de compreender a totalidade de uma determinada cultura e chegou à conclusão de que há determinados aspectos da cultura que são assimilados pelos indivíduos e que expressam um tipo de personalidade idealizada pela cultura. “Nessa acepção, grande parte dos integrantes de uma cultura reflete a personalidade adotada como padrão cultura de transporte etc., dentro de certa área geográfica, com um caráter próprio”. Nessa vertente, cada cultura possui “propósitos” próprios ou “molas mestras emocionais e intelectuais” que estão inseridas nos comportamentos de uma determinada sociedade. 
Benedict compreende a cultura como um “grande arco”, sob o qual estão alocados os interesses e possibilidades da vida humana. Está presente nessa postura teórica a noção de “padrões culturais”, que segundo a antropóloga, faz referência à cultura como modelo do pensamento e da ação dos indivíduos.
Ruth Benedict entende que uma determinada sociedade vai fazer com que os seus maiores grupos sejam moldados pela cultura, determinados indivíduos adotam comportamentos que são configurados pelo contexto dessa sociedade que é o orientador das condutas humanas no grupo social, sem deixar de perceber que o indivíduo também é dotado de um viés psicológico.
Benedict também postula que as culturas expressam diferentes comportamentos e padrões emocionais, é o que ela chama de “configuração dionisíaca e apolínea”, ou seja, nós temos o Apolo como representante da ordem e Dionísio como representante da desordem.
Essas referências apolíneas e dionisíacas são tomadas de empréstimo do filósofo Nietzsch que constrói a noção dionisíaca e apolínea a partir das metáforas advindas da mitologia grega.
- Configuração Dionisíaca: é aquela caracterizada por reações emocionais violentas em determinados grupos sociais.
- Configuração Apolínea: são reações emocionais de indivíduos que mantém o equilíbrio.
As contribuições da antropóloga Ruth Benedict podem ser identificadas a partir de quatro critérios:
1) Vários conceitos são empregados em sua vertente antropológica: configurações, padrões de cultura, propósitos, molas mestras, entre outros.
2) Todo comportamento humano é simbólico.
3) As culturas são investigadas a partir de procedimentos etnográficos.
4) Emprego de conceitos psicológicos advindos de Nietzsche e Spengler, ao classificar a cultura como: “apolínea ou cultura invertida” e “dionisíaca ou cultura extrovertida”.
Margareth Mead é outra antropóloga de destaque da escola culturalista, ela tem como preocupação o estudo de como os grupos sociais criam suas crianças e de como os métodos de socialização na infância são importantes para a formação posterior do homem na vida adulta. Ela desenvolve estudos comparativos de personalidade entre as culturas analisadas e também percebe a importância das diferenças entre o masculino e o feminino em cada sociedade, seus papeis sociais, elabora uma reflexão sobre as maneiras diferenciadas de agir e pensar que estão presentes nos modelos universais em cada sociedade, o que ela denomina de Trama Cultural.
Identifica três tipos de culturas demonstrando que há diferentes tipos de organização cultural que podem conviver:
1) Culturas pós-figurativas: As culturas pós-figurativas são sociedades em que prevalecem as autoridades dos mais velhos, as marcas do passado e a tradição, ao mesmo tempo, em que as mudanças são mais lentas e imperceptíveis.
2) Culturas co-figurativas: As culturas co-figurativas são sociedades que os pares substituem os pais como modelos de comportamentos e aprendizados. Mead exemplifica que os filhos de imigrantes podem aprender mais com os colegas (pares) do que com seus pais.
3) Culturas pré-figurativas: As culturas pré-figurativas são as sociedades em que os adultos aprendem com os jovens. Pode-se exemplificar essa questão com as novas tecnologias que fazem com que as gerações mais jovens ensinem as mais velhas.
A cultura como texto
A proposta antropológica de Clifford Geertz é acentuadamente discutida a partir de século XX, em meados da década de 60, ele entende que a cultura é um conjunto de textos no qual o antropólogofará leituras sobre o viver cotidiano dos nativos, ou seja, os nativos pertencentes a uma determinada cultura criam textos para serem lidos e interpretados.
Ele entende então que a cultura são textos escritos, falados, gestuais, comportamentais que os nativos desenvolvem numa determinada sociedade, em uma determinada localidade.
A acepção da antropologia interpretativa é compreender que o texto deve ser lido e interpretado e que em cada local ele ocorre de uma determinada maneira e carrega consigo os significados subjetivos que orientam as ações e as relações dos indivíduos.
A cultura como texto é a mesma coisa que considerá-la como linguagem, os seres humanos constroem teias de significados construídas por eles na inter-relação entre os seus sujeitos sociais.
A elaboração da etnografia para Geertz não é só um dado da natureza, e não é só uma técnica, ou só o estabelecimento de diários que comprovem ilustrações de um modo de viver da sociedade, para ele a etnografia é um modo de ver, de constatar, de definir, é uma descrição densa, meticulosa, que busca dar voz aos sujeitos sociais, é um mergulho sobre a vida cotidiana e a fala do individuo deve ser valorizada em detalhes e em profundidade.
Nessa dimensão analítica, a antropologia interpretativa de Geertz preconiza então que ver é apreender os sentidos. O que importa para Geertz não é o acontecimento, mas o significado do acontecimento, o que o próprio nativo disse, pensou, viveu, como ele se emocionou. A grande importância do trabalho do antropólogo é dar voz aos sujeitos sociais.

Outros materiais