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Antropologia - Seringueiros

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O seringal
O seringal era a unidade produtiva e social da economia da borracha. Constituía na posse de uma imensa área de terra. O seringal se constituía de: um barracão central, onde residia o patrão seus capatazes e o guarda-livros; o barracão onde os seringueiros compravam os gêneros de necessidade (alimentos, roupas e equipamentos), bem como servia de depósito para a borracha recolhida; Na colocação ficava o tapiri, moradia do seringueiro; as estradas de seringa que podia ser em números de dez a trinta, possuíam determinados números de seringueiras geralmente contendo não menos que 50 árvores.
O seringalista
O seringalista era o “patrão”, o dono dos meios de produção, dividia seu tempo entre o barracão do seringal em época de safra e as delícias dos palacetes e bordéis das cidades. Embora fossem poucos, havia também seringalista remanescente da classe baixa que enriqueceu explorando a borracha. No seringal comandava um exército de jagunços e capatazes para, com o uso da força, controlar seus empregados, evitando fugas e “calotes”. Mesmo gozando de certos prestígios, o seringalista também estava enquadrado no sistema de endividamento da economia gomífera.
O seringueiro
O Seringueiro Provinha das camadas mais baixas da população compunha a principal força de trabalho. Vivia sob um regime de semi-escravidão de barracão, preso por um sistema de endividamento, do qual, dificilmente conseguia se livrar. Sob uma dura vida na selva o seringueiro enfrentava a subnutrição, as doenças letais, o desconforto das barracas miseráveis e a imensa ganância dos “coronéis de barranco”, enfim, toda a sorte de opressão, e condenado ao isolamento nos confins da Selva, definhava no abandono. Pagou a conta final do delírio.
(http://www.povosdamazonia.am.gov.br/pdf/seringal_seringalista_seringueiro.pdf)
Rotina
Diariamente por volta das cinco horas da manhã, ele punha a caminho, sangrando às árvores e colocando as tigelinhas para onde o látex escorria. No fim da tarde, ele fazia todo o percurso de volta, despejando no latão o conteúdo das tigelinhas.
De volta ao tapiri, uma cabana rude de pau, cipó e folhagens que lhe servia de moradia, e depois da coagulação do látex, fazia a defumação do líquido formando as bolas ou rolos de borracha. Sua jornada era mais de 14 horas de trabalho chegando então ao fim.
O trabalho dos seringueiros além de ser difícil, dava muito lucro naquela época.
(http://redemocoronga.org.br/2008/06/07/a-rotina-de-um-seringueiro-na-era-da-borracha/) 
Um pouco da historia
Borracha na Amazônia é quase sempre sinônimo de prosperidade e riqueza graças ao período econômico vivido no início do século passado. Mas em meados desse mesmo século, a história dos “Soldados da Borracha”, atraídos para a Amazônia no início da Segunda Guerra Mundial, tem um enredo que pouco conhecido da sociedade. Da mesma forma como os convocados para o front de guerra na Europa, milhares de nordestinos vieram a servir à pátria enfrentando inimigos como insetos, animais selvagens e as dificuldades de uma floresta inóspita sob promessa de riqueza fácil garantida pelo governo brasileiro, mas que não aconteceu para nenhum dos trabalhadores chamados de “arigós”.
Encravados nas matas, com jornadas de trabalho semelhantes a de escravos, tinham comida, roupa, transporte e remédio controlados pelos patrões. O status de guerreiros, com numeração e nome de guerra dado pelo Governo, não serviu para muita coisa. “Ao fim da guerra, enquanto os ex-combatentes foram indenizados, os soldados da borracha foram esquecidos no meio da selva”, afirmou o pesquisador Frederico Alexandre de Oliveira Lima que trabalhava no Exército e sempre recebia pedidos de concessão de benefícios a ex-seringueiros e tinha que negar, por falta de amparo legal, o que o levou a interessar-se em estudar o assunto. Aqueles que não morreram com as doenças e os abusos dos patrões ficaram sem condições de retornar aos estados de origem e foram entregues a própria sorte. Aos que buscaram emprego nas capitais, restava atividades como braçais porque não tinham qualificação.
“De 2.160 migrantes que deixaram os seringais em 1945, 804 pessoas sofriam de malária, enquanto os outros 712 tinham desajuste econômico”, apontou ele, citando que as capitais amazônicas foram obrigadas a absorver o contingente de migrantes que abandonou os seringais. Nem mesmo a compensação financeira dada pelo governo dos Estados Unidos chegou às mãos desses soldados. Acredita-se que este recurso foi usado para a construção de Brasília. O fato foi alvo de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que não chegou à conclusão alguma.
Vivendo em sincronia com a mata
De extratores de borracha, mão-de-obra entre a seca do nordeste e a possibilidade da fortuna, os seringueiros passaram a ser uma “população tradicional”, apegada ao seu território, vivendo em seu próprio ritmo de sincronia com a floresta.
Mais de 40 anos depois, apenas com a morte de Chico Mendes e as discussões da Assembleia Nacional Constituinte, essas vozes passaram a ser ouvidas em âmbito nacional. Um dado interessante é que eles não se viam como homens da agricultura, mas sim como homens da floresta, que tinham a agricultura como atividade secundária, observa o pesquisador.
Desigualdade que perdura
Hoje, os seringueiros sobreviventes, sua maioria, não ganham mais que um salário mínimo e meio de pensão, enquanto os ex-combatentes tem esse vencimento no valor de R$ 5 mil, além de assistência médica e social. 
“Cada um tem uma história”, lembra seu Francisco Assis Frazão, 84, que trabalhou em seringais dos municípios de Tefé e Coari, no tempo da Segunda Guerra, falando das humilhações sofridas dos patrões por conta das dívidas. “A gente trocava borracha por mercadoria, mas sempre devia para o patrão. Nossa produção nunca chegava”, contou ele, que por mais de 15 anos viveu a rotina de trabalhar desde as três da madrugada até o final da tarde.
(http://acritica.uol.com.br/amazonia/Manaus-Amazonas-Amazonia-Soldados-borracha-seringueiros-esquecimento_0_934106610.html) 
Guardiões da floresta
A partir de de 1970 chegaram os fazendeiros na Amazônia, expulsando os Seringueiros, derrubando a floresta e assim iniciando os conflitos de terra. Sob esta ameaça, os seringueiros começaram a se unir em cooperativas e sindicatos, e surgiram as grandes lideranças dos seringueiros como Chico Mendes, assassinado em 1988 pelos fazendeiros Darly e Darcy Alves da Silva.
Nestes conflitos os seringueiros se mostraram como os guardiões da floresta, e hoje sua convivência com a floresta serve como exemplo, mostrando que o homem pode viver da natureza sem destruí-la.
Coronéis de Barranco
Com o início da demanda do mundo industrializado pela borracha, os empresários "Seringalistas", ou "Coronéis de Barranco" estabeleceram na Amazônia um sistema de semi-escravidão capitalista: Eles obrigaram grande parte da população indígena de forma violenta a trabalhar para eles, transformando-os em "caboclos seringueiros". Os trabalhadores nordestinos, que vieram na Amazônia em busca de emprego, caíram logo na dependência econômica dos Seringalistas e se tornaram os "seringueiros nordestinos".
 (http://www.amazonlink.org/seringueira/couro_vegetal_seringueiros.html)
Chico Mendes
Aos nove anos, o garoto Francisco Alves Mendes Filho também entrou para a profissão de seringueiro: era sua única opção, já que lhe foi negada a oportunidade de estudar. Até 1970, os donos da terra nos seringais não permitiam a existência de escolas. Chico só foi aprender a ler aos 20 anos de idade.
Indignado com as condições de vida dos trabalhadores e dos moradores da região amazônica, tornou-se um líder do movimento de resistência pacífica. Defensor da floresta e dos direitos dos seringueiros, ele organizou os trabalhadores para protegerem o ambiente, suas casas e famílias contra a violência e a destruição dos fazendeiros, ganhando apoio internacional.
Fundou o movimento sindical no Acre em 1975, com o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Brasiléia. Participando ativamentedas lutas dos seringueiros para impedir desmatamentos, montou o Conselho Nacional de Seringueiros, uma organização não-governamental criada para defender as condições de vida e trabalho das comunidades que dependem da floresta.
Chico Mendes também atuou na luta pela posse da terra contra os grandes proprietários, algo impossível de se pensar na região amazônica até os dias de hoje. Dessa forma, entrou em conflito com os donos de madeireiras, de seringais e de fazendas de gado.
Quando liderou o Encontro Nacional dos Seringueiros, em 1985, a luta dos seringueiros começou a ganhar repercussão nacional e internacional. Sua proposta de "União dos Povos da Floresta", apresentada na ocasião, pretendia unir os interesses de índios e seringueiros em defesa da floresta amazônica. Seu projeto incluía a criação de reservas extrativistas para preservar as áreas indígenas e a floresta, e a garantia de reforma agrária para beneficiar os seringueiros.
Transformado em símbolo da luta para defender a Amazônia e os povos da floresta, Chico Mendes recebeu a visita de membros da Unep (órgão do meio ambiente ligado à “Organização das Nações Unidas), em Xapuri, em 1987. Lá, os inspetores viram a devastação da floresta e a expulsão dos seringueiros, tudo feito com dinheiro de projetos financiados por bancos internacionais.
Pouco mais de um ano após sua ida ao Senado dos Estados Unidos, o ativista acabava de completar 44 anos quando foi assassinado na porta de sua casa. Em 1990, o fazendeiro Darly Alves da Silva e seu filho, Darci Alves Pereira, foram julgados e condenados a 19 anos de prisão, pela morte de Chico Mendes.
(http://educacao.uol.com.br/biografias/chico-mendes.jhtm)

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