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Monografia Lucas Machado (1)

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CENTRO UNIVERSITÁRIO ALVES FARIA 
FACULDADE DE DIREITO 
 
Lucas Machado de Sousa Avelar 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A IMPOSIÇÃO DE MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS A CRIANÇA E AO 
ADOLESCENTE, A REICIDÊNCIA E SUA EFICÁCIA NO MUNICÍPIO DE 
GOIÂNIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
GOIÂNIA 
DEZEMBRO 2017
 
 
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CENTRO UNIVERSITÁRIO ALVES FARIA 
FACULDADE DE DIREITO 
 
Lucas Machado de Sousa Avelar 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A IMPOSIÇÃO DE MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS A CRIANÇA E AO 
ADOLESCENTE, A REICIDÊNCIA E SUA EFICÁCIA NO MUNICÍPIO DE 
GOIÂNIA 
 
 
Trabalho apresentado como exigência parcial 
para conclusão da disciplina de Metodologia do 
Trabalho Científico do Curso de Graduação em 
Direito das Faculdades Alves Faria, sob a 
orientação do Prof. Esp. Rafael Barreira Alves. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
GOIÂNIA 
DEZEMBRO 2017
 
 
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CENTRO UNIVERSITÁRIO ALVES FARIA 
FACULDADE DE DIREITO 
 
Lucas Machado de Sousa Avelar 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A IMPOSIÇÃO DE MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS A CRIANÇA E AO 
ADOLESCENTE, A REICIDÊNCIA E SUA EFICÁCIA NO MUNICÍPIO DE 
GOIÂNIA 
 
AVALIADORES: 
 
___________________________________________________________________________ 
Prof. Esp. Rafael Barreira Alves– ALFA 
(Orientador) 
 
___________________________________________________________________________ 
Prof. Leitor – ALFA 
 
___________________________________________________________________________ 
Profa. Leitor – ALFA 
 
 
 
GOIÂNIA 
DEZEMBRO 2017
 
 
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Á Deus, minha família e amigos. 
 
 
 5 
AGRADECIMENTOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A Deus, por ser o alicerce em toda minha caminha. 
 
A minha amada Vó Luzia Teodoro Avelar, bem como a minha família por ter me apoiado 
nesse sonho. 
 
Aos meus professores, por me transmitir todo o conhecimento e por ter feito parte da minha 
caminhada. 
 
Ao meu orientador e professor Rafael Barreira Alves, pela atenção e profissionalismo que 
contribuíram para a realização dessa pesquisa. 
 
 
 
 
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“Eduquem as crianças e não será necessário castigar os homens”. 
 Pitágoras 
 
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RESUMO 
 
AVELAR, Lucas Machado de Sousa. A IMPOSIÇÃO DE MEDIDAS 
SOCIOEDUCATIVAS A CRIANÇA E AO ADOLESCENTE, A REINCIDÊNCIA E 
SUA EFICÁCIA NO MUNICÍPIO DE GOIÂNIA. Monografia, 2017. Faculdade de Direito 
do Centro Universitário Alves Faria. Goiânia, 2017 
 
O presente trabalho visa analisar um estudo científico abordando Breve Histórico dos Direitos 
da criança e adolescente e os contornos sobre a imputabilidade penal e o ato Infracional por 
eles cometidos. Bem como, posicionamentos favoráveis e desfavoráveis a possibilidade da 
redução da maioridade penal. Por fim, dando ênfase a (in) eficácia das medidas socioeducativas 
no ordenamento jurídico brasileiro no estado contemporâneo. O trabalho será baseado em 
método dedutivo. Sendo aquele que tem o objetivo de explicar o conteúdo, sobre análise do 
geral para o particular, que chega a uma conclusão. Outrossim, será utilizado, método de 
pesquisa bibliográfica que é aquela feita a partir do levantamento de referência teórico já 
analisado, e publicado por meios escritos e eletrônicos, bem como artigos científicos, páginas 
de web sites. 
 
PALAVRAS-CHAVE: Inimputabilidade. Menor infrator. Medidas Socioeducativa. 
 
 
 8 
ABSTRACT 
 
AVELAR, Lucas Machado de Sousa. THE IMPOSITION OF SOCIAL-EDUCATIONAL 
MEASURES THE CHILD AND ADOLESCENT, THE RECIDIVISM AND ITS 
EFFECTIVENESS IN GOIÂNIA CITY. Monograph, 2017. Law University of University 
Center Alves Faria. Goiânia, 2017. 
 
This study aims to analyse a scientific study approaching brief historical of child and adolescent 
laws and the contours about the criminal imputability and the infractional act commited by 
them. As well as favorable and unfavorable placements to the possibility of reduction of 
criminal majority. Lastly, giving enphasis to the (in)efficiency of social-educational measures 
in brazilian legal order system in contemporary state. The work will be based on deductive 
method. Being that, explaining the content, concerning analysis from the general to the 
particular that arrives in a conclusion. Besides, it will be used, bibliographic research that wich 
is the one through review of analysed and published theoretical referencial by means of 
eletronic writing, as well as scientifics articles, web sites pages. 
 
KEYWORDS: Nonimputability. Minor offender. Socio-educational measures. 
 
 
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SUMÁRIO 
 
INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 11 
1 BREVE HISTÓRICO: A LEGISLAÇÃO MENORISTA BRASILEIRA .......................... 14 
1.1 ORDENAÇÕES FILIPINAS ...................................................................................... 14 
1.2 CÓDIGO CRIMINAL DO IMPÉRIO ........................................................................ 15 
1.3 CÓDIGO REPUBLICANO ........................................................................................ 16 
1.4 CÓDIGO DE MELLOS MATTOS............................................................................. 17 
1.5 CÓDIGO PENAL DE 1940 ........................................................................................ 18 
1.6 CÓDIGO DE MENORES DE 1979............................................................................ 19 
1.7 ESTATUTO DA CRIANÇA E ADOLESCENTE ...................................................... 20 
 
2 IMPUTABILIDADE AO MENOR INFRATOR ........................................................... 23 
2.1 CRITÉRIOS PARA IDENTIFICAÇÃO ..................................................................... 23 
2.1.1 Critério Biológico .................................................................................................. 24 
2.1.2 Critério Psicológico ............................................................................................... 24 
2.1.3 Critério Biopsicológico .......................................................................................... 25 
2.2FUNDAMENTOS DA IMPUTABILIDADE .............................................................. 25 
2.3PRÁTICAS DO ATO INFRACIONAL ....................................................................... 26 
2.4A (IM)POSSIBILIDADE DA ALTERAÇÃO DO ARTIGO 228................................. 30 
 
3 DAS MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS – LEI 8.069/1990 ........................................... 33 
3.1 O FUNCIONAMENTO DA APLICAÇÃO DAS MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS 33 
3.2 TIPOS DE MEDIDAS ............................................................................................... 36 
3.2.1 Advertência ......................................................................................................... 36 
3.2.2 Obrigação de reparar o dano ................................................................................ 37 
3.2.3 Prestação de serviço à comunidade ...................................................................... 38 
3.2.4 Liberdade assistida ..............................................................................................39 
3.2.5 Do regime de semiliberdade................................................................................. 40 
3.2.6 Da internação....................................................................................................... 41 
 
 
 
 
 
 10 
4 REALIDADE FÁTICA DAS MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS .............................. 45 
4.1 AS MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS SEGUNDO A ABRANGÊNCIA 
PEDAGÓGICA ............................................................................................................... 45 
4.2 REGIME ABERTO .................................................................................................... 46 
4.3 REGIME FECHADO ................................................................................................. 51 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................. 59 
REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 61 
 
 
 
 11 
INTRODUÇÃO 
 
O presente trabalho pretende analisar a eficácia das medidas socioeducativas em 
regime aberto e fechado no Município de Goiânia, verificando a efetividade do caráter 
ressocializador para os menores infratores. Diante das punições que visam reeducar e 
ressocializar esses adolescentes, é necessário avaliar essas medidas socioeducativas atualmente 
estabelecidas pelo Estatuto da Criança e do Adolescente, uma vez que este grupo de pessoas 
são os grandes responsáveis pelo futuro do nosso pais. 
Dessa forma, o objetivo principal deste trabalho é direcionado à reflexão sobre os 
aspectos que cercam o mundo infracional juvenil, com ricas pesquisas em órgãos institucionais 
responsáveis para a execução dessas medidas. 
Sendo assim, será demonstrado as medidas mais aplicadas aos menores infratores, 
os índices de aplicabilidade destas, bem como sua eficácia para inibir a reincidência de atos 
infracionais, relatando suas dificuldades e estrutura no município de Goiânia. 
Da mesma maneira, com utilização de doutrina, será demonstrado movimentos 
históricos dos códigos menorista brasileiro, apontando particularidades de cada código, como 
a idade para imputação da pena, as medidas que eram impostas, dentre outras características. 
Outrossim, destacando alguns princípios basilares como a proteção integral e situação irregular 
dos menores. Serão estudados fatos pertinentes sob a ótica constitucional em relação a esses 
jovens, referindo a sua imputabilidade e garantias fundamentais. 
Serão algumas entrevistas a eminentes operadores de direito e Diretores gerais na 
Instituições responsáveis para aplicação e monitoramento dessas medidas, sendo medidas 
abertas e fechadas, descrevendo assim, dúvidas quanto a atuação prática dos menores infratores, 
respondendo indagações se as medidas estão sendo aplicadas conforme o ECA prevê, suas 
fiscalizações se estas são fiscalizadas de forma correta, bem como se temos outros profissionais 
colaborando para esta ressocialização e não menos importante se essas medidas aplicada a estes 
infratores, estão sendo eficazes para inibir boa parte das reincidência 
Entre estas e outras perguntas, serão analisadas e respondidas por pessoas 
competentes, tanto pela Secretaria Municipal de Assistência Social (SEMAS), Delegacia de 
Polícia de Apuração de Atos Infracionais (DEPAI) e Juizado da Infância e Juventude na 
Comarca de Goiânia. 
Diante disso, o presente projeto visa refletir sobre a problemática da 
inimputabilidade e previsões constitucionais e a (in) eficácia das medidas socioeducativas e sua 
aplicabilidade ao menor infrator. 
 
 12 
A escolha do referido tema se deu em razão da problemática a respeito da 
inimputabilidade do menor infrator e sua responsabilidade em frente o sistema jurídico 
brasileiro. No qual é abordado o movimento histórico do Estatuto da Criança e Adolescente 
(ECA), bem como seus aspectos gerais e suas garantias previstas para o menor infrator, a quem 
possui garantias fundamentais estabelecidos na Constituição Federal de 1998. 
Insta salientar, que o presente trabalho se ateve a apresentar sobre o princípio 
proteção integral, sendo aquele que tem como fundamento a concepção de crianças e 
adolescentes são sujeitos de direitos e deveres em frente a sociedade, com a devida proteção e 
imposição do sistema jurídico. Ademais, será abordado o ato infracional cometido pelo menor 
infrator, e suas possíveis consequências para apuração de seus atos. 
Desta forma, abordará breves divergências doutrinarias, com renomados nomes da 
área, onde mostra as suas opiniões a respeito e seus posicionamentos. Considerando à 
inimputabilidade do menor infrator, abordando de forma técnica, respostas como: O que é 
inimputabilidade? O que é ato infracional? Temas copiosamente polêmicos, que o presente 
trabalho visa a responder, para assim, trazer ao querido leitor, novos conceitos e 
complementação de seus estudos que envolve o aspecto sociais e jurídicos. 
Assim, partindo de posicionamento científico e Jurisprudencial, sobre a 
inimputabilidade do menor infrator. Mister se faz trazer à baila a luz do Estatuto da criança e 
Adolescente (ECA), analisar ás consequências jurídicas imposta pelo Estado, ao menor infrator. 
O principal objetivo dessa reflexão é trazer a compreensão da implantação do 
Estatuto da criança e adolescente (ECA) ao longo do período de tempo que se inicia com sua 
edição em 1990 até os dias de hoje. Com ênfase nas medias socioeducativas abordando a sua 
função pedagógica e sua instrumentalidade precária no estado contemporâneo. 
Nesse sentido, é imprescindível fazer uma avaliação da (in) eficácia das medidas 
impostas pelo Estatuto da Criança e do Adolescente notando, assim, se o objetivo desejado está 
sendo alcançado em cada uma das medidas socioeducativas. É este desafio dos operadores do 
direito: adaptar os princípios constitucionais introduzidos no Estatuto da Criança e Adolescente, 
mantendo-se o rápido e fácil acesso da sociedade à tutela jurisdicional. 
Nesse interim, o presente trabalho elucidará em seu primeiro capítulo breves noções 
históricas, sobre a evolução da proteção da criança e adolescente e o seu desenvolvimento 
contemporâneo no sistema brasileiro. 
Ainda, no segundo capítulo, o fundamento encontrado em doutrina e jurisprudência 
no que diz a respeito da inimputabilidade do menor infrator e suas consequências lógicas aos 
contornos do menor infrator. 
 13 
Ademais, posteriormente será apresentado, breves análises, sobre o ato infracional, 
sendo aqueles delitos cometidos pelo menor infrator em confronto com o sistema jurídico. 
Nesse diapasão, trazer dados realizados por órgão institucionais sobre estatísticas dos atos mais 
frequentes cometidos os últimos tempos. 
 Desta feita, por fim, em capítulo próprio será apresentado a (in) eficácia das 
medidas socioeducativas aplicadas ao menor infrator e as suas hipóteses de cabimento afim de 
apresentar sua função pedagógica. 
Por fim, feitas considerações pertinentes. A presente monografia é encerrada como 
uma análise sobre a instrumentalização das medidas socioeducativas que resulta da análise dos 
estudos aqui desenvolvidos. 
O trabalho será baseado em método dedutivo. Sendo aquele que tem o objetivo de 
explicar o conteúdo das premissas por intermédio de uma cadeia de raciocínio em ordem 
descendente, de análise do geral para o particular, que chega a uma conclusão. Será utilizado o 
método de pesquisa bibliográfica que é aquela feita a partir do levantamento de referência 
teórico já analisado, e publicado por meios escritos e eletrônicos, bem como artigos científicos, 
páginas de websites. 
Conquantoserá abordado artigos da Constituição brasileira, jurisprudências e a Lei 
8.069/90, no que se refere ao Estatuto da criança e Adolescente. 
É importante salientar que a função do presente trabalho não é apresentar uma 
verdade incontestável. Nem se pode dizer que será de fato esgotado o tema proposto, haja vista 
pela sua amplitude no sistema jurídico brasileiro, o que se espera aqui é poder contribuir para 
maior desenvolvimento intelectual dos queridos leitores e estudiosos da área. Bem como, poder 
contribuir para o desenvolvimento de um Direito mais justo. 
 
 
 
 14 
1 BREVE HISTÓRICO: A LEGISLAÇÃO MENORISTA BRASILEIRA 
 
Nesse capítulo será abordado uma breve história sobre a evolução da 
imputabilidade no sistema jurídico brasileiro analisando os Códigos e leis que foram 
imprescindíveis para resguardar o desenvolvimento dos menores infratores, bem como as 
medidas que foram e hoje são fixadas como instrumentos para a ressocialização do indivíduo 
na sociedade. 
 
 
1.1 ORDENAÇÕES FILIPINAS 
 
Em aspecto histórico em plano ao Direito Penal, devemos destacar que, quando do 
descobrimento do Brasil, era aplicado a legislação de Portugal, no qual aplicava-se as 
ordenações Afonsinas e logo após foram substituídas pelas Ordenações Manuelinas 
(SARAIVA, 2013, p.21). 
Desta feita, em tempo posterior, no Brasil foi implantado as Ordenações Filipinas 
que passaram a regulamentar as leis em âmbito criminal, no qual estas ordenações vigeram em 
Portugal a partir de 1603 e, no Brasil, até 1830. Sendo elas bastante criticadas, uma vez 
consideradas severas, possuindo poucas diferenciações entre crianças e adultos (TAVARES, 
2004, p.3). 
Diante disso, as normas estabeleceram pontos relevantes aos menores infratores que 
estabelecia patamares a serem seguidos. Um ponto marcante a proteção da responsabilidade 
penal ao menor infrator, era encontrado nas ordenações Filipinas no Título CXXXV, do Livro 
V, no descrevia “Quando os menores serão punidos por os delitos que fizerem”. Nesta vertente, 
é analisada como as primeiras manifestações em relação a proteção do jovem no Brasil. 
 
“Quando algum homem, ou mulher, que passar de vinte anos cometer qualquer delito, 
dar-lhe-á a pena total, que lhe seria dada, se de vinte e cinco anos passasse. 
E se for de idade de dezessete anos até vinte, ficará ao arbítrio dos julgadores dar-lhe 
a pena total, ou diminuir-lhe. 
E neste caso olhará o julgador o modo com que o delito foi cometido e as 
circunstâncias dele, e a pessoa do menor; e se achar em tanta malícia, que lhe pareça 
que merece pena total, dar-lhe-á, posto que seja de morte natural. 
E parecendo-lhe que não a merece, poder-lhe-á diminuir, segundo qualidade, ou 
simpleza, com que achar, que o delito foi cometido. 
E quando o delinquente for menor de dezessete anos cumpridos, posto que o delito 
mereça morte natural, em nenhum caso lhe será dada, mas ficará em arbítrio do 
julgador dar-lhe outra menor pena. 
E não sendo o delito tal, em que caiba pena de morte natural, se guardará a disposição 
do Direito comum”. 
 
 15 
 
 
Neste cenário jurídico, a norma preestabelecia a faixa etária onde cada infrator ia arcar com as 
consequências de acordo com sua idade. Sendo elas divididas em três etapas. A primeira como 
se percebe ao ler a integra da lei, destinava aos indivíduos que possuíssem mais de 20 (vinte) 
anos de idade no qual não teriam nenhuma atenuante, podendo assim, ser penalizado com pena 
total que era estabelecida na época, como assim fossem maiores de idade, com 25 (vinte e cinco) 
anos (TAVARES, 2001, p.50). 
A segunda era destinada aos jovens entre 17 (dezessete) a 20 (vinte) anos de idade, 
cujo nome era conhecido como ‘jovem-adulto’, a quem poderia vir a sofrer a pena capital 
considerada a pena de morte natural que era considerado uma das formas mais simples de fazer 
morrer: enforcamento simples (BRASIL COLÔNIA, 1451). 
Nesse sentido Tavares; 
 
A lei concedia, como “benevolência” em face da tenra idade, a execução da pena de 
morte, a ser aplicada ao menor de 25 (vinte e cinco) anos e maior de 17 (dezessete) 
anos, sobre forma “suavizada” de enforcamento simples, o que era chamado de morte 
natural. Esta pena de morte natural era aplicada em casos de bigamia aos homens 
menores de 25 (vinte e cinco) anos, na forma do Título 19, §1º, porém maiores de 17 
(dezessete) anos, em vista do amparo do Título 135, §5.º, que recebia uma pena menor, 
ao arbítrio do julgador (TAVARES, 2001, p.51). 
 
Por fim, aos adolescentes menores de 17 (dezessete) anos que cometesse crimes 
passíveis de morte natural, o juiz não poderia aplicar a morte natural, devendo assim, determinar 
outra mais leve, todavia ele cometesse outro crime que não venha ser de morte, o menor de 17 
(dezessete) anos, respondia pela norma comum, isto é, ás mesmas destinadas aos adultos 
(TAVARES, 2001, p.50). 
Como se percebe, as primeiras leis brasileiras apresentam uma classificação de 
responsabilização mais rígida aos menores infratores não estabelecendo assim, distinção entre 
crianças e adultas, fixando algumas atenuantes de forma generalizada aos menores infratores. 
Conforme Tavares (2001, p.52), a severidade Filipina regeu no nosso Código Penal 
praticamente todo o tempo da colônia, sendo somente revogada com o Código penal do Império, 
de 1832. 
 
 
1.2 CÓDIGO CRIMINAL DO IMPÉRIO 
 
 16 
Com a independência do Brasil, em 1822, diante da necessidade de novas normas 
para atender as evoluções necessárias da época, tivemos nosso primeiro Código Penal Brasileiro. 
Previa o artigo 10 da lei: 
 
Art. 10.º Também não julgarão criminosos: 
1.º Os menores de 14 anos. 
Art. 13.º Se se provarem que os menores de 14 anos, que tiverem cometido crimes, 
obraram com discernimento, deverão ser recolhidos á casas de correção, pelo tempo 
que ao Juiz parecer, com tanto que o recolhimento não exceda á de dezessete anos. ” 
 
Segundo Dupret (2015), este código criminal, adotou o critério biopsicológico, uma 
vez que, fixou a imputabilidade penal plena aos maiores de 14 anos. No entanto, ainda que o 
indivíduo possua de 7 à 14 anos, ou seja, inimputável, mas obrasse com discernimento suas 
condutas poderiam ser responsabilizadas pelos seus atos, podendo assim ser encaminhados para 
as casas de correção até seus 17 (dezessete) anos, como previa o código (DUPRET, 2015, p.37). 
Desta forma, o referido Código fixava a imputabilidade plena aos maiores de 14 
anos, adotando nesse caso o critério era objetivo. 
 
 
1.3 CÓDIGO REPUBLICANO 
 
Com o advento da proclamação da República, o sistema jurídico brasileiro começou 
a se preocupar mais com a questão da infância e juventude no Brasil. Tendo como ponto 
marcante a criação do Decreto n.º 847, que teve o condão da criação do Código Penal 
Republicano de 1890. 
Conforme Saraiva (2013) ainda seguia alguns pontos preestabelecidos pelo Código 
Penal do Império, no sentido que os adolescentes que encontrasse na faixa etária entre 9 (nove) 
a 14 (quatorze) anos, que cometesse algum crime, mas sem discernimento, poderia ser 
considerado semi-imputáveis, não sendo considerado criminoso. No entanto, o Código Penal 
Republicano, estabeleceu que os menores de 9 (anos) efetivamente seria considerado 
inimputáveis para o sistema jurídico, como estabelece o artigo 27 do Código Penal Republicano 
(1890): 
 
“Art. 27. Não são criminosos: § 1º Os menores de 9 anos completos; § 2º Os maiores 
de 9 e menores de 14, que obrarem sem discernimento”. 
 
 17 
Sendo assim, o Código Penal Republicano estabelecia que os maiores de 9 (nove) 
a 14 (quatorze) anos, que praticasse seus atos com pleno discernimento, seriam penalizados,com a finalidade disciplinar, em tempo estabelecido pelo Juiz a fim de que sejam recolhidos 
para estabelecimentos industriais. Todavia, estabelecia que o máximo que o menor infrator 
poderia permanecer no referido estabelecimento, não poderia superar a sua idade de 17 
(dezessete) anos (SARAIVA, 2013, p.24). 
Assim fixado pelo Código no seu artigo 30: 
 
Art. 30. Os maiores de 9 anos e menores de 14, que tiverem obrado com discernimento, 
serão recolhidos a estabelecimentos disciplinares industriais, pelo tempo que ao juiz 
parecer, contanto que o recolhimento não exceda á idade de 17 anos 
Art. 65. Quando o delinquente for maior de 14 e menor de 17 anos, o juiz lhe a aplicará 
as penas da cumplicidade. 
 
Por fim a lei estabelece que a faixa estaria entre os maiores de 14 (quatorze) e menor 
que 17 (dezessete) anos poderia ser responsabilizado pelos seus atos cometidos, exceto se 
houvesse algum motivo que os tornasse inimputáveis. 
 
 
1.4 CÓDIGO DE MELLOS MATTOS 
 
Este Código ficou destinado aos menores da América Latina, em homenagem ao 
primeiro Juiz dos menores José Cândido de Albuquerque Mello Mattos, sobre o Decreto n.º 
17943-A, de 12 de outubro de 1927. Surgindo diante de elevado número de delitos cometidos por 
menores (TAVARES, 2004, p.6). 
Tendo em vista com a importância de sua colaboração e participação para elaboração 
da lei, o Código Ficou reconhecido como Código de Mello Mattos. 
 
Foi neste contexto do início de século, marcado pelo caráter tutelar deste novo direito, 
no surgimento dos grandes aglomerados urbanos, da preocupação com o crescimento 
da delinquência juvenil, a partir das premissas do Congresso de Paris, que se 
estabeleceram os fundamentos das legislações de menores no mundo, com o abandono 
do chamado caráter penal indiferenciado, adotando doravante caráter tutelar. Assim 
também no Brasil (SARAIVA, 2013, p.31). 
 
Estes códigos tratando-se da sua responsabilidade penal do menor infrator abandonado 
ou delinquente menor de 14 (quatorze) anos ficaria abolido de qualquer processo penal. Ficado 
assim submetido apenas por um registro na qual verificava a saúde e a situação do menor. Nesse 
sentido: 
 18 
 
Art. 68. O menor de 14 anos, indigitado autor ou cumplice de facto qualificado crime 
ou contravenção, não será submetido a processo penal de espécie alguma; a autoridade 
competente tomará somente as informações precisas, registrando-as, sobre o facto 
punível e seus agentes, o estado físico, mental e moral do menor, e a situação social, 
moral e econômica dos pães ou tutor ou pessoa em cujo guarda viva. 
§ 1º Si o menor sofrer de qualquer forma de alienação ou deficiência mental. Fora 
epiléptico, surdo-mudo, cego, ou por seu estado de saúde precisar de cuidados 
especiais, a autoridade ordenará seja ele submetido no tratamento apropriado. 
§ 2º Si o menor for abandonado, pervertido ou estiver em perigo de o ser, a autoridade 
competente proverá a sua colocação em asilo casa de educação, escola de preservação 
ou confiará a pessoa idônea por todo o tempo necessário à sua educação contando que 
não ultrapasse a idade de 21 anos. 
§ 3º si o menor não for abandonado. Nem pervertido, nem estiver em perigo do o ser, 
nem precisar de tratamento especial, a autoridade o deixará com os pais ou tutor ou 
pessoa sob cuja guarda viva, podendo fazê-lo mediante condições que julgar uteis[...] 
 
Por seu turno os maiores de 14 (quatorze) anos e menores de 18 (dezoito) anos 
ficariam sujeitados as normas vigentes daquele época.1 Mas a norma determina caso o menor 
possuir alguma deficiência ou assistência de sua família a autoridade competente poderá dispor 
de procedimentos especiais como escolas, internações entre o lapso temporal de 1 a 5 anos. O 
que dispõe art.69: 
 
Art. 69. O menor indigitado autor ou cumplice de facto qualificado crime ou 
Contravenção, que contar mais de 14 anos e menos de 18, será submetido a processo 
especial, tomando, ao mesmo tempo, a autoridade competente as precisas 
informações, a respeito do estado físico, mental e moral dele, e da situação social, 
moral e econômica dos pais, tutor ou pessoa incumbida de sua guarda: 
§ 1º Si o menor sofrer de qualquer forma de alienação ou deficiência mental, for 
epiléptico, surdo-mudo e cego ou por seu estado de saúde precisar de cuidados 
especiais, a autoridade ordenará seja submetido ao tratamento apropriado. 
§ 2º Si o menor não for abandonado, nem pervertido, nem estiver em perigo de o ser, 
nem precisar do tratamento especial, a autoridade o recolherá a uma escola de reforma 
pelo prazo de um n cinco anos. 
§ 3º Si o menor for abandonado, pervertido, ou estiver em perigo de o ser, a autoridade 
o internará em uma escola de reforma, por todo o tempo necessário à sua educação, 
que poderá ser de três anos, no mínimo e de sete anos, no máximo. 
 
 
Pode se dizer que o código Mellos foi considerado, através da situação irregular, a 
primeira legislação brasileira voltada exclusivamente para Criança e Adolescente. 
 
 
1.5 CÓDIGO PENAL DE 1940 
 
1Art. 76. A idade de 18 a 21 anos constituem circunstância atenuante (Cod. Penal, art. 42, § 11). 
Art. 77. Si, ao perpetrar o crime ou contravenção, o menor tinha mais de 18 anos e menos do 21, o cumprimento 
da pena será, durante a menoridade do condenado, completamente separado dos presos maiores. 
 19 
 
Diante da revolução Penal, Alcântra Machado, em 1938, comandou uma comissão 
para a elaboração de novo projeto de Código Penal. Na qual no dia foi concluído no ano 1939. 
Sendo assim, com advento do Decreto-Lei n. º 2848, de 7 de dezembro de 1940, estabelecendo um 
novo Código Penal, na qual vigente até os dias de hoje, e foi o responsável para a questão da 
inimputabilidade criminal no Direito Nacional. Não obstante foi alterado algumas partes legais 
(SILVA, 1996, p.64). 
Nesse sentido, o Código passou a adotar o critério biológico em relação a maioridade 
penal, uma vez que descrevia que os menores de 18 anos são penalmente irresponsáveis, sujeitos a 
normas de legislação especial.2Conquanto o referido código também previa atenuantes aos menores 
de 21 anos, a qual prevalece desde o código de 1890. 
Conforme Silva (1996, p.65) em 1980, foi decidido reformular a legislação penal, na 
qual foi designada uma comissão específica por Francisco de Assis Toledo. Pela lei 7.209 de 1984 
entrando em vigor 133 de janeiro de 1985. Previa em seu artigo 27 que os menores que cometesse 
delitos fossem classificados como inimputáveis, mudando assim apenas sua nomenclatura e 
continuando adotando o critério meramente biológico, haja vista que os efeitos já ocorriam 3. 
 
 
1.6 CÓDIGO DE MENORES DE 1979 
 
Definido pela Lei nº 6.697, em 10 de outubro de 1979, no qual a doutrina da 
situação foi irregular foi valores inspirado do Código de Menores, entrando em vigor o segundo 
Código brasileiro destinado aos menores de idade. 
Para Saraiva (2013, p.34) as crianças e adolescentes torna-se um interesse especial 
para a sociedade quando apresentasse a denominada ‘patologia social, a chamada situação 
irregular, ou seja, quando não sustenta ao padrão estabelecido pela sociedade. Sendo assim, o 
referido autor sustenta as possibilidades das situações irregulares como maus tratos da própria 
família, abandono pela sociedade, desvio de condutas praticadas pelo próprio infrator. 
Outrossim, a própria lei, de forma taxativa, demonstrava os que se encontrava em situação 
irregular no seu artigo 2º: 
 
 
2Art. 23. Os menores de dezoito anos são penalmente irresponsáveis, ficando sujeitos às normas estabelecidas na 
legislaçãoespecial 
3 Art. 27 Os menores de 18 (dezoito) anos são penalmente inimputáveis, ficando sujeitos às normas estabelecidas 
na legislação especial 
 20 
Art. 2º. Para os efeitos deste Código, considera-se em situação irregular o menor: I - 
privado de condições essenciais à sua subsistência, saúde e instrução obrigatória, 
ainda que eventualmente, em razão de: 
a)falta, ação ou omissão dos pais ou responsável; 
b)manifesta impossibilidade dos pais ou responsável para provê-las; 
II- Vítimas de maus tratos ou castigos imoderados impostos pelos pais ou 
responsáveis; 
III – Em perigo moral [...] 
IV- Privado de representação ou assistência legal [...] 
V- Com desvio de conduta [...] 
VI – Autor de infração penal. 
 
Nesse Código a fiel proteção era destinado aos menores de 18 (dezoito) anos, que 
se encontrava em situação irregular, no entanto tinha a possiblidade de proteção aos maiores de 
18 a 21 anos, caso a lei assim determinasse: 
 
Art. 1º. Este Código dispõe sobre assistência, proteção e vigilância a menores: I - até 
dezoito anos de idade, que se encontrem em situação irregular; II - entre dezoito e 
vinte e um anos, nos casos expressos em lei. Parágrafo único. As medidas de caráter 
preventivo aplicam-se a todo menor de dezoito anos, independentemente de sua 
situação. 
 
 Em análise do Código em sua integralidade, foram estabelecidas, taxativamente, 
ás medidas a serem aplicadas aos menores infratores, no que previa seu artigo 14: 
 
Art. 14. São medidas aplicáveis ao menor pela autoridade judiciária: 
I - advertência; 
II - entrega aos pais ou responsável, ou a pessoa idônea, mediante termo de 
responsabilidade; 
III - colocação em lar substituto; 
IV - imposição do regime de liberdade assistida; 
V - colocação em casa de semiliberdade; 
VI - internação em estabelecimento educacional, ocupacional, psicopedagógico, 
hospitalar, psiquiátrico ou outro adequado 
 
Em sua integralidade pode-se concluir que o Código dos Menores de 1979 não 
ofertou grandes alterações a legislação que estava vigente, em razão que seu alvo principal era 
destinado aos menores mais carentes e descriminado pela sociedade. 
 
 
1.7 ESTATUTO DA CRIANÇA E ADOLESCENTE 
 
 Com advento da Lei. 8.069/1990, ao romper permanentemente com a doutrina em 
situação irregular, admitida anteriormente pelo Código de Menores, pela primeira vez o 
surgimento na história do Brasil, discute os menores como prioridade absoluta no sistema 
 21 
jurídico, sendo sua proteção destinada aos seus familiares e da própria sociedade e do Estado a 
sua proteção (CURY, 2002, p.11). 
 Conforme Nogueira (2002, p.7) escolheu-se o nome por Estatuto em vez de Código 
em razão daquele dar a ideia de direitos, enquanto este tem o espirito de punir. No entanto, 
deixa claro que independente da termologia utilizada não altera o conjunto de direitos e deveres 
que são impostos aos menores infratores no qual estabelecendo a conduta que tais indivíduos 
devem ter dentro da sociedade. 
 Dessa feita, a Constituição Federal proclamou a doutrina da proteção integral, na 
qual essa opção foi implantada no próprio Estatuto no seu art.1. No qual a criança e o 
Adolescente ajustam-se no princípio, sem distinção, onde independente de suas condições 
pessoais era sujeito de direitos e deveres criados em sua fase de desenvolvimento. A doutrina 
da proteção integral foi estabelecida no Brasil com fundamento principal, na Convenção 
Internacional dos Direitos da Criança (DUPRET, 2015, p.41). 
 Importante salientar, que a proteção à criança e adolescente está previsto em vários 
desdobramentos constitucionais, na qual atribui o seu desenvolvimento um momento exclusivo 
na vida do ser humano e direciona o próprio Estatuto que promova políticas públicas para 
resguardar a e aprimorar a proteção especial a esses menores. Ademais, afirma o dever 
constitucional da família da sociedade e do Estado resguardar os seus direitos (ROSSATO, 
LÉPORE, SANCHES, 2012, p.74). Nesse sentido: 
 
Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao 
adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à 
alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao 
respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo 
de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e 
opressão 
 
 Com o advento da Constituição da República Federativa de 1998 art.228, o Estatuto 
da criança e adolescente à luz da Magna carta, estabeleceu no seu artigo 104 que são penalmente 
inimputáveis os menores de 18 (dezoito) anos sujeitas assim ás medidas necessárias, sendo 
considerada sua idade a data do fato. A qual suscita, aos adolescentes, o direito de serem 
submetidos a julgamento por tribunais especial bem como por um Juiz da infância e juventude 
(ROSSATO, LEPÓRE, SANCHES, 2012, p.321). 
 
Art. 228. São penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, sujeitos às normas 
da legislação especial. 
Art. 104. São penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, sujeitos às 
medidas previstas nesta Lei. 
 22 
Parágrafo único. Para os efeitos desta Lei, deve ser considerada a idade do adolescente 
à data do fato. 
 
 O artigo 2º do Estatuto da Criança e Adolescente tipifica criança é o indivíduo que 
possui a idade até 12 anos incompletos e adolescentes aqueles que tem entre 12 e 18 anos de 
idade incompletos tendo em vista a partir do momento que o indivíduo completa seus 18 anos 
completo passa a ter a capacidade tanto na área civil, penal, considerando-o imputável. No 
entanto, o próprio estatuto no seu artigo 121º estabelece a possibilidade às pessoas com idade 
máxima até os 21 anos aplicação da medida de internação caso julgue necessário (DUPRET, 
2015, p.48). 
 Identificar o indivíduo em desenvolvimento é de suma importância pois o Estatuto 
confere tratamento especial a cada classe. Uma das diferenças de tratamento está na resposta 
da prática do ato infracional. Aos Adolescentes podem ser aplicadas medidas de proteção e/ou 
socioeducativas (art.101 e 102), no tempo em que ás crianças só podem ser deferidas medidas 
de proteção (art.101) (ROSSATO, LÉPORE, SANCHES, 2012, p.88). 
 Sendo assim, nota-se com a institucionalização do Estatuto da criança e do 
adolescente e concomitantemente com a adoção da Proteção Integral dos Direitos da Criança 
tem-se a proteção de todos os menores, para assim, possibilitar a segurança para o seu 
desenvolvimento pessoal. 
 
 
 
 
 23 
2 IMPUTABILIDADE AO MENOR INFRATOR 
 
Definir sempre foi tarefa árdua e geradora de incansáveis debates entre os 
estudiosos. Mas é notável a relevância que tal etapa possui dentro da análise de qualquer 
questão, afim de que seja possível ter a ampla compreensão do que se deseja verificar. 
No que se refere ao sistema jurídico brasileiro, para que um indivíduo venha ser 
responsabilizado pelos fatos ilícitos e típicos por ele cometidos é necessário que ele seja 
imputável. Ou seja, ter condições necessária para que venha ser responsabilizado pelas suas 
condutas. Sendo assim, a imputabilidade, é considerado a possibilidade de atribuir/imputar o 
fato típico e ilícito ao agente. Depreendendo que a imputabilidade de forma geral é a regra no 
qual a inimputabilidade é apontada como a exceção (GRECO, 2016, p.79 ).4 
Assim como no Direito privado podemos compreender ao dizer capacidade e 
incapacidade para realizar negócio jurídico, no Direito Penal utiliza-se a termologia das 
palavras; imputabilidade (capacidade) ou inimputabilidade (incapacidade) para responder 
penalmente por uma ação praticada (SANCHES, 2015p. 287). 
Desta feita, ao se analisar de fato a questão da imputabilidade é mister compreender 
dois elementos indispensáveis para que haja a imputabilidade, sendo estes; intelectivo, 
necessariamente consistente na compreensão psíquica do agente no qual permite a ele ter 
consciência do caráter ilícito do fato; e volitivo no qual o agente consegue dominar sua própria 
vontade sobre a disposição surgida com o entendimento do caráter ilícito do fato , e age 
conforme este entendimento (SANCHES, 2016, p. 287). 
 
 
2.1 CRITÉRIOS PARA IDENTIFICAÇÃO 
 
O nosso código não definiu de forma expressão que seja inimputabilidade, no 
entanto, enumera as hipóteses cabíveis (distúrbio mentais, menoridade e embriaguez). Sendo 
assim, são conhecidos em doutrina três sistemas fixadores da inimputabilidade a) biológico; b) 
psicológico c) biopsicológico (BITENCOURT, 2016, p.474). 
 
 
 
4 Nesse sentido conceitua a Imputabilidade: Zaffaroni. Imputabilidade, em sentido muito amplo, é a imputação 
física e psíquica, mas nem a lei e nem a doutrina a utiliza com tamanha amplitude. Em geral, com ela se pretende 
designar a capacidade psíquica de culpabilidade 
 
 
 24 
2.1.1 Critério Biológico 
 
No sistema biológico o objeto central é saber se o agente dispõe de qualquer patologia 
mental ou no seu progresso mental imperfeito ou retardado. Nesse sistema, será considerado 
inimputável independentemente de qualquer verificação concreta se essa anomalia consegue 
retirar ou não a aptidão do infrator ter a capacidade de entendimento e autodeterminação de 
suas condutas. Haja vista que há uma presunção legal a qual a deficiência ou doença mental 
impede o sujeito de compreender o crime ou comandar a sua vontade, sendo irrelevante a 
análise acerca de suas efetivas consequências no instante da ação ou omissão. A título de 
exemplo basta ser portador de anomalia psíquica para ser considerado inimputável (CAPEZ, 
2015, p.329; SANCHES, 2016, p.288). 
 
Foi adotado, como exceção, no caso dos menores de 18 anos, nos quais o 
desenvolvimento incompleto presume a incapacidade de entendimento e vontade (CP, 
art.27). Pode até ser que o menor entenda perfeitamente o caráter criminoso do 
homicídio, roubo ou estupro, por exemplo, que pratica, mas a lei presume a 
menoridade, que ele não sabe o que faz, adotando claramente o sistema biológico 
nessa hipótese (CAPEZ, 2015, p.326). 
 
 
Verifica-se, no entanto que tal presunção hoje em dia tem gerado revolta na sociedade 
haja vista que presencia com frequência, menores de 18 anos praticando toda sorte de injusto 
penais, valendo-se várias vezes da certeza da impunidade que a sua particular condição o 
proporciona (GRECO, 2016, p.451). 
 
 
2.1.2 Critério Psicológico 
 
O critério psicológico costuma ser mais objetivo, visto que, não preocupa com a 
existência de perturbação mental do agente, como analisado no critério biológico. Nesse 
sistema, leva em consideração no instante da prática do delito se o agente tinha a capacidade 
para apreciar a natureza do fato ou de proceder-se conforme o entendimento. Ou seja, não 
necessariamente ser portador de alguma anomalia psíquica para ser considerado inimputável. 
(NUCCI, 2013, p.316; SANCHES, 2016, p.288; CAPEZ, 2015, p.330). 
 
Pode-se dizer que, enquanto o sistema biológico só se preocupa com a existência da 
causa geradora da inimputabilidade, não se importando se ela efetivamente afeta ou 
 25 
não o poder de compreensão do agente, o sistema psicológico volta suas atenções 
apenas para o momento da prática do crime (CAPEZ, 2015, p.330). 
 
 
No sistema jurídico brasileiro conforme Capez (2015, p.330), o sistema psicológico 
não é contemplado no Código Penal. A título de ilustração, o autor menciona um exemplo: Uma 
mulher que flagrasse o marido em adultério e, completamente transtornada, com total alteração 
do seu estado físico-psíquico, e no caso venha matá-lo pelos acontecimentos eficazes 
demonstrada a ausência da sua capacidade volitiva e intelectiva no momento da ação, adotando-
se o critério psicológico, poderia ser excluindo a sua culpabilidade. Dessa feita, a simples 
emoção não exclui a imputabilidade jamais, porque não está arrolada entre as causas 
exculpantes. 
 
 
2.1.3 Critério Biopsicológico 
 
Sobre o fundamento do critério biopsicológico, tem a combinação com os dois 
critérios anteriores sendo a causa geradora de inimputabilidade esteja prevista em lei que atue 
efetivamente no momento da ação deleitosa e tirando sua capacidade de entendimento e vontade. 
Desta feita, para o sistema biopsicológico considera inimputável aquele que em virtude das 
circunstâncias mentais era ao tempo da conduta, não tendo a capacidade de compreender a 
natureza ilícita do fato ou determinar de acordo com esse entendimento (BITENCOURT, 2016, 
p.474). 
O Código Penal segundo os critérios político-legislativo conduziria à 
inimputabilidade do agente previsto em seu art. 26 dois critérios l- inimputabilidade por doença 
mental ll- inimputabilidade por imaturidade natural. Sendo assim, adotando nesta, o critério 
psicológico e naquela os critérios biológicos, isto é, adotando assim seu critério biopsicológico 
(GRECO, 2016, p.102). 
 
 
2.2FUNDAMENTOS DA IMPUTABILIDADE 
 
O Poder Constituinte Originário, abordando as possíveis ilicitudes praticadas pelas 
pessoas em desenvolvimento, assegura algumas regras e princípios previsto na constituição, 
que se julga necessário. Deste modo, a Constituição Federal, conforme o que descreve o artigo 
 26 
228,5 estabelece que sejam penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, no qual 
assegura às criança e adolescentes o direito a serem submetidos a julgamento por legislação e 
tribunal especial, igualmente, estabelecendo a necessidade de um juiz da Infância e da 
Juventude. Considerada uma norma criada em razão dos ilícitos cometidos eventualmente pelos 
indivíduos (ROSSATO; LÉPORE; SANCHES, 2013, p.321). 
 Em outra vertente, o Código Penal, por questão de política criminal, estabeleceu 
em seu artigo 27, em virtude de uma presunção legal, que os menores de 18 (dezoito) anos são 
inimputáveis, haja vista por entender o legislador que estes não gozam da ampla capacidade 
para compreensão que lhe permita conferir a prática do fato típico e ilícito (critério biológico). 
A inimputabilidade é prevista também no artigo 104 do Estatuto da Criança e 
Adolescente,6 no qual a lei recorre a presunção de inimputabilidade por meio de critérios etários, 
de acordo com a Magna Carta, o referido estatuto, estabelece que para se aferir a 
inimputabilidade é necessário a análise da idade no momento da conduta comissiva ou omissiva 
do indivíduo. Ou seja, se o adolescente comete o delito com 17 anos, 11 meses e 29 dias, caso 
o delito venha a ser descoberto quando te completado seus 18 anos não responderá 
criminalmente, haja vista que será utilizada a teoria da atividade prevista no artigo 4 do código 
penal (ISHIDA, 2010, p.188).7 
 
 
2.3 PRÁTICAS DO ATO INFRACIONAL 
 
O artigo 103 do ECA define: “considera-se ato infracional a conduta descrita como 
crime ou contravenção”. 
Trata-se de condutas descritas em lei penal sendo ela crimes e contravenções penais, 
remete ao princípio da reserva legal consagrado no artigo 5º,XXXlX da nossa Magna Carta a 
qual proclama em seu primeiro artigo do nosso Código Penal(TAVARES, 2001, p.176).8 
Para compreendermos melhoro que venha ser ato infracional e suas consequências 
na ECA, mister se faz alguns conceitos baseado no Direito penal, senão vejamos: 
 
5Art.228/CF. São penalmente inimputáveisos menores de 18 anos, sujeitos às normas da legislação especial 
6 Art. 104. São penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, sujeitos às medidas previstas nesta Lei. 
7 Na aplicação de medidas socioeducativas prevista no Estatuto da criança e adolescente-ECA, leva-se em 
consideração a idade do menor ao tempo da prática do fato, sendo irrelevante para efeito de cumprimento da 
sanção, a circunstância de atingir o agente a maioridade (STJ, RHC 7.308-SP, DJU 27-4-98. p.217). 
8 Art. 5º XXXIX da Constituição Federal - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia 
cominação legal 
 27 
Como bem sabemos, no Direito Penal, majoritariamente, o conceito analítico de 
crime é formado por três elementos: fato típico, ilícito e culpável. Neste interim, nota-se que o 
injusto penal (tipicidade e ilicitude) necessariamente deve ser completado pela culpabilidade 
para que venha existir o crime. Em ocasião que o menor infrator vier cometer um delito, não 
poderá ser caracterizado como crime, haja vista como estudado anteriormente, foi adotado o 
sistema biológico para apuração da inimputabilidade do menor infrator. Ou seja, o menor de 18 
(dezoito) anos não pratica crime justamente por não ter a referida culpabilidade (DUPRET, 
2015, p.189; ISHIDA, 2010, p.187). 
 A Culpabilidade sendo um dos elementos fundamentais para configuração do crime 
é composta por elementos como a exigibilidade de conduta diversa, no qual é tida: como a 
previsibilidade social de uma conduta diversa daquela que foi realizada pelo agente. Segundo 
elemento: o potencial conhecimento da ilicitude no qual verifica-se a possibilidade do agente 
prever que sua conduta importa em ato devido aos seus costumes, crenças a qual vive. E por 
fim: a inimputabilidade como a capacidade de entender o caráter ilícito do fato (SOUSA, 2013, 
p. 166). 
Dessa forma, a criança e adolescente não pratica o crime, mas apenas um análogo 
a um injusto penal (fato típico e ilícito) no qual é denominada tecnicamente de ato infracional, 
abrangendo tanto crime quanto contravenção penal (ISHIDA, 2010, p.187). 
Os dispositivos legais previstos no Estatuto da Criança e Adolescente relativas aos 
atos infracionais, dividem-se em normas de direito material e normas de direitos processuais. 
Não definindo apenas o ato infracional, como também preveem o procedimento a ser adotado 
caso seja praticado (DUPRET, 2015, p.189). Como dispõe o artigo 104, parágrafo único do 
Estatuto da Criança e do Adolescente: “Para efeito os efeitos desta Lei, devem ser considerados 
a idade do adolescente a data do fato”. 
Ao analisar o dispositivo legal, tanto o código penal quanto o Estatuto da Criança 
e do Adolescente ambos adotaram a Teoria da atividade, isto é, não importa o dia que realmente 
venha ser descoberto, o autor do ato infracional cometido, se foi antes ou depois da sua da sua 
maioridade, porquanto, o que realmente deve ser objeto da questão, é a idade do adolescente a 
data do fato (DUPRET, 2015, p.190). 
Nesse diapasão, é necessário a análise de alguns aspectos, muitos são os 
questionamentos a respeito da prática de crime permanente, isto é, aquela conduta que se protrai 
no tempo. Ou seja, o crime efetivamente é efetivado em determinada data, no entanto pelas 
circunstâncias dos fatos, o resultado só é concluso em data posterior. Uma dúvida que pode ser 
 28 
frequente é se o menor infrator venha cometer o ato infracional, mas pelas circunstâncias do 
fato o resultado venha a ser concluso na data onde o agente já conta com sua maioridade? 
Em questão, conforme doutrina majoritária ao se referir ao crime permanente, é 
como se o crime estivesse sendo praticado a cada momento. A título de ilustração, temos o 
referido crime de sequestro. Nesse sentido, temos o seguinte: 
 
O agente, que encontra com 17 (dezessete) anos e 10 (dez) meses, sequestra uma 
pessoa. No entanto, se ao completar seus efetivos 18 (dezoito) anos, ele ainda não 
tiver liberado a pessoa, a ele necessariamente será aplicado o Código Penal e não mais 
ás garantias prevista no Estatuto da Criança e Adolescente, haja vista que o crime de 
Sequestro é previsto (artigo 148 do Código Penal) como crime Permanente. 
(DUPRET, 2015, p.190). 
 
 
Outrossim, é necessário que saiba qual é o real momento que o agente completa a 
sua maioridade. Ponto este que encontra controvérsia entre estudiosos sobre a questão. 
Para alguns doutrinadores, o agente será considerado sua maioridade, no primeiro 
minuto do seu aniversário, independentemente qual foi o horário que veio a nascer nesse dia. 
A título de exemplo, se ele nasceu ás 21 horas do dia 19 de abril de 1995, de fato, completou 
18 (dezoito) anos ás 21.00 horas no dia 19 de abril de 2013. 
 
Seguindo a norma que encontra no artigo 10º(dez) do Código Penal, a qual determina 
a contagem dos prazos de Direito Penal seja este incluído o dia do começo, será ele 
imputável a partir do primeiro minuto do dia 10 de agosto de 2003. Sendo assim, caso 
o mesmo indivíduo venha a praticar uma ação típica ás13.00Horas nesse mesmo dia, 
para os que adotam esse posicionamento, ele responderá como adulto (DRUPRET, 
2015, p.190). 
 
 
No entanto, outros doutrinadores, sustentam que só haveria a referida 
imputabilidade após o horário do seu nascimento. Ou seja, no exemplo citado anteriormente, o 
agente só seria completado a sua maioridade a partir das 13.00 horas do dia 19 de abril de 2013. 
Em outra vertente, alguns ainda sustenta que a maioridade apenas se daria após o dia do seu 
aniversário (DRUPRET, 2015, p.190). 
Dessa maneira, a prova de sua maioridade para o mundo jurídico conforme em 
virtude do que dispões o artigo 155 do Código de Processo Penal: deve ser feita, em princípio, 
pela certidão de nascimento do agente (DRUPET, 2015, p.191).9 
 
9Súmula 74 STJ: Para Efeitos Penais, o reconhecimento da menoridade do réu requer prova por documento hábil. 
 
 29 
A jurisprudência tem se posicionado a respeito, conforme ditado a súmula 74 do 
Supremo Tribunal de Justiça, tendo aceitado prova por qualquer documento hábil. 
Conforme ensina o autor Ishida (2015, p.195), o ato infracional cometido pelo 
indivíduo, caso seja necessário, terá a capacidade de abranger dois ou mais países, sendo 
necessária que a lei brasileira estabeleça regra para a resolução do caso. No entanto, nesse 
sentido, verifica-se que o Estatuto da Criança e Adolescente, só faz referência ao ato infracional 
no tempo, nada mencionando o ato infracional no espaço. Mas, nessas hipóteses, por analogia 
legal o aplicador da lei, venha a utilizar ás normas pertinente ao Direito Penal. Nesse sentido, 
pelo princípio da soberania, aplicar-se a regra da territorialidade, no qual prevê a aplicação da 
lei brasileira ao fato praticado em território brasileiro (ISHIDA, 2015,195). 
Por conseguinte, quanto ao lugar do ato infracional, segundo doutrina majoritária, 
adotado como base a teoria da ubiquidade, é utilizado por analogia legal o artigo 6º do Código 
Penal. Ou seja, considera-se o fato praticado em território brasileiro ato infracional no lugar em 
que sucedeu a ação ou omissão, no todo ou em parte, assim como o lugar que foi produzido ou 
teria que produzir o resultado. A título de exemplo, imagina-se, um adolescente comete um 
crime de homicídio na argentina e a vítima falece em Goiânia. Pergunta-se, qual vara será 
competente? Conforme a legislação brasileira, a vara da Infância e Juventude goianiense que 
será competente para a efetiva execução das medidas socioeducativas. Sendo assim, nota-se 
que nesse caso, a hipóteses é de territorialidade brasileira (ISHIDA, 2015,195). 
Igualmente, temos outras hipóteses não menos importante,quanto aplicação da lei 
brasileira em outros pais. É denominada a extraterritorialidade da lei brasileira. 
Segundo ensina Ishida (2015, p.196) ao se referir a atos infracionais, quanto a sua 
aplicação da lei brasileira em outros pais que não seja o território brasileiro, mister se faz á 
conjugação do Código Penal mais o Estatuto da Criança e Adolescente e do Código de Processo 
Penal. Assim, nesse sentido subdividindo a extraterritorialidade incondicionada e 
extraterritorialidade condicionada. Na primeira, o autor, cita um exemplo: um adolescente na 
Inglaterra venha praticar um homicídio contra o Presidente da República Federativa do Brasil 
(art. 7º, l, a, CP). 
Nesse caso, a Vara da Infância e da Juventude brasileira seria competente para 
aplicação de medida socioeducativa. Na segunda (condicionada), exemplo, um adolescente de 
naturalidade brasileira, praticasse um homicídio culposo no Japão. Nessa hipótese, a 
instauração de sindicância contra o adolescente, estaria condicionada alguns requisitos, como a 
entrada dele no território brasileiro (art.7º, § 2, ‘a’ do CP). 
 30 
Nesse caso, também será necessário, para definição da Vara competente para 
aferição do ato infracional, utilizar-se, por analogia o Código de Processo Penal, sendo que, 
nesse será aplicado o artigo 88º no qual o próprio artigo define que o foro competente para 
aferição do fato típico e ilícito, descrevendo que será o da Capital do Estado onde o agente 
tenha o último domicílio. Sendo assim, senhor se faz a remissão ao art. 76º do Código Civil, 
descrevendo que o domicílio do incapaz é do seu representante ou assistente. 
 O flagrante do ato infracional, no qual o adolescente está cometendo o ato 
infracional ou há pouco tempo o cometeu. O indivíduo será encaminhado à autoridade policial, 
onde este fará ás medidas necessária, ou seja, lavrará boletim de ocorrência circunstanciada ou, 
na hipótese caso o ato seja cometido no uso emprego de violência ou grave ameaça, a autoridade 
desenvolverá o procedimento necessário mais a o auto de apreensão, com o recolhimento de 
(testemunhas e do próprio adolescente), bem como os instrumentos que foram utilizados na 
infração e seus produtos, sendo necessária, a requisição de perícia para que venha provar a 
autoria e materialidade do ato infracional (SOUSA, 2015, p.171). 
Dessa feita, com o acompanhamento dos pais ou responsáveis o adolescente será 
liberado, no qual a autoridade policial por meio de termo e compromisso, o encaminhará ao 
Ministério Público no dia ou no primeiro dia útil imediato. No entanto, caso o ato cometido 
pelo menor infrator, for muito grave ou no caso tiver repercussão social, este poderá permanecer 
internado em unidade de atendimento ou na delegacia de investigação de ato infracional 
(SOUSA, 2015, p.171). 
 
 
2.4A (IM)POSSIBILIDADE DA ALTERAÇÃO DO ARTIGO 228 
 
O Direito constitucional é considerado a norma Suprema dos demais atos 
normativos onde possui regras e princípios tão consagrados e caros a sociedade que não podem, 
sequer, discutida a sua remoção. 
O artigo 228 da Constituição Federal muito se discute entre os doutrinadores na 
qual se verifica se trata realmente de proteção escolhido pelo poder originário como cláusula 
pétrea. 
 
O significado último das cláusulas de imutabilidade está em prevenir um processo de 
erosão da Constituição. A cláusula pétrea não existe tão-só para remediar situação de 
destruição da Carta, mas tem a missão de inibir a mera tentativa de abolir o seu projeto 
 31 
básico. Pretende-se evitar que a sedução de apelos próprios de certo momento político 
destrua um projeto duradouro (MENDES, 2015, p.253). 
 
A inimputabilidade penal pela primeira vez entre as constituições brasileiras 
recebeu o tratamento constitucional, com advento da promulgação da constituição Federal de 
1988. Anteriormente era tratado apenas em legislação infraconstitucionais. Analisando se um 
poder constituinte reformador teria a possibilidade (competente) para reformação de normas 
estabelecidas pelo poder constituinte originário. Assim, alguns doutrinadores defende a 
possibilidade de sua alteração, nesse sentido: 
 
Apesar da inserção no texto de nossa Constituição Federal referente á maioridade 
penal, tal fato não impede, caso haja vontade política para tanto, de ser levada a efeito 
tal redução, uma vez que o mencionado artigo. 228 não se encontram entre aqueles 
considerados irreformáveis, pois não se amolda ao rol das cláusulas elencadas nos 
incisos I a IV, do§4 do art. 60 da Carta Magna (GRECO, 2015, p.452). 
 
Conforme se posicionada Greco (2015, p.452) a única implicação prática a fim de 
reformar a norma constitucional, será somente por meio de um procedimento qualificado de 
emenda, podendo assim reduzir a menoridade penal, ficando impossibilitada a redução da 
maioridade penal. Em outra vertente, outros doutrinadores sustentam que qualquer tentativa 
para que aja proposta de alteração acerca da inimputabilidade penal, na qual restringirá a 
proteção e a garantia da criança e adolescente constituirá um grave ataque ao poder constituinte 
originário, haja vista que tais normas pertence ás cláusulas pétreas previstas art.60 §4 da 
Constituição Federal. 
Para Bitencourt (2015, p.474) de nada adianta novos diplomas legais trazendo 
modernas e democráticas orientações político-pedagógicas, se nossos operadores continuam 
com ideias e concepções velhas e ultrapassadas que deveriam estar extintas e enterradas com a 
legislação que as concebeu. 
A gravidade da Violação das cláusulas pétreas, portanto é retirar a essência do 
Constituinte Originária, e para muitos, é atentar contra um projeto preestabelecido e 
politicamente discutido para revelar a vontade da população num contexto especifico. 
Nesse sentido Dotti (2001, p.412-413) se posicionando no sentido o artigo 228 
Magna Carta concebe garantias fundamentais da pessoa humana, embora de forma precisa não 
esteja inserida no Título (ll) da Constituição que dispõe a matéria. Não obstante, trata-se de um 
dos direitos individuais inerentes à relação do artigo 5º, caracterizando uma cláusula pétrea. 
Vejamos o que dispõe o item 23 da exposição de motivos da Lei 7.209/1984: 
 
 32 
Manteve o Projeto a inimputabilidade penal ao menor de dezoito anos. Trata-se de 
opção apoiada em critérios de Política Criminal. Os que preconizam a redução do 
limite, sob a justificativa da criminalidade crescente, que a cada dia recruta maior 
número de menores, não consideram a circunstância de que o menor, ser ainda 
incompleto, é naturalmente antissocial na medida em que não é socializado ou 
instruído. O reajustamento do processo de formação do caráter deve ser cometido à 
educação, não à pena criminal. De resto, com a legislação de menores recentemente 
editada, dispõe o Estado dos instrumentos necessários ao afastamento do jovem 
delinquente, menor de dezoito anos, do convívio social, sem sua necessária submissão 
ao tratamento do delinquente adulto, expondo-o à contaminação carcerária. 
 
O doutrinador Rangel (2015, p.218) sustenta que a sociedade deve avançar sempre 
retroceder jamais, e a alteração da regra inserida no art.228 da CR será, sem dúvida um grande 
retrocesso social, inadmissível. 
 33 
3 DAS MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS – LEI 8.069/1990 
 
Como consequência prática do ato infracional cometidas pelos menores infratores, 
de forma taxativa, o ECA elenca as medidas Socioeducativas a serem aplicadas decorrente ao 
ato infracional realizado, predito no artigo 112 da lei, tratando-se de políticas públicas para a 
ressocialização do menor infrator. 
É de suma importância não confundir as medidas socioeducativas em relação ás 
medidas de proteção.Haja vista que as próprias medidas protetivas poderão ser aplicadas tanto 
ao adolescente, caso seja necessário, quanto á criança que se encontra em situação de risco. 
Todavia, a medida socioeducativa é o instrumento na qual se aplica apenas aos Adolescente. 
 
O Fato de o rol do artigo 112 ser taxativo é um dos fatores para diferenciar as medidas 
protetivas das socioeducativas. O rol do artigo 101 é apenas exemplificativo. No que 
tange à aplicação de medidas socioeducativas, a autoridade competente deve 
restringir-se ás elencadas no artigo 112, não sendo possível estabelecer como medida 
nenhuma outra prestação que não esteja expressamente prevista no artigo 112 
(DUPRET, 2015, p.201). 
 
Sendo assim, é importante deixar claro que as medidas a serem estudas só serão 
aplicadas após o devido processo legal (DUPRET, 2015, p.201). Nesse sentido, diante de tais 
medidas aplicadas ao menor, deve-se visar a sua integração na própria família (NOGUEIRA, 
1988, p.169). 
 
 
3.1 O FUNCIONAMENTO DA APLICAÇÃO DAS MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS 
 
Como é de notório conhecimento o sistema socioeducativo são aplicados de duas 
formas distintas: meio aberto e meio fechado. São condição que serão submetidos a aplicação 
das medidas socioeducativas. Tendo em vista que o meio em que será utilizado, sendo aberto 
ou fechado, irá variar os efeitos realizados pelos agentes de cada uma dessas instâncias do 
sistema. É importante destacar que a organização socioeducativa engloba as esferas federais, 
estaduais e municipais no qual será relatado uma breve descrição de seus aspectos institucionais 
no sistema que integra (SANTIBANEZ, 2016, p.24). 
Na esfera federal, quem assume a responsabilidade de coordenação nacional do 
sistema é a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH), no qual realiza 
a parte burocrática do processo, como elaboração de planos Nacional de Atendimento 
 
 34 
Socioeducativo, fortalecimento de políticas públicas adequadas ao ECA e ao Sistema Nacional 
de Atendimento Socioeducativo (SINASE). Outrossim, decisões tomadas ou relacionadas 
diretamente com o sistema socioeducativo devem ser em conjunto deliberadas com o Conselho 
Nacional de Direitos e Adolescentes (CONANDA). 
Na esfera estadual, o Estado através de suas secretarias são responsáveis pela 
aplicação das medidas socioeducativas em meio fechado, no qual os adolescentes são privados 
de sua liberdade. No estado de Goiás, o sistema de regime fechado é vinculado à Secretaria 
Estadual de Cidadania e Trabalho. Sendo esse órgão dirigente do grupo executivo de Apoio à 
Criança e Adolescente (GECRIA) sendo responsável pela unidade de internação. Inclusive é 
ainda competência do governo estadual a administração da Delegacia especializada, na qual 
encarrega da apuração de atos infracionais, sendo denominada DEPAI (Delegacia de Apuração 
de Atos infracionais). 
Na esfera Municipal, de outro modo, as prefeituras são responsáveis pela aplicação 
de medidas em meio aberto sendo: Liberdade assistida e prestação de serviço à comunidade. 
Em regra geral, é atribuído ao CREAS (Centro de Referência Especializado em Assistência 
Social). 
Agora em análise ao poder Judiciário, são fundamentais duas instituições pré-
estabelecidas pelos sistemas socioeducativo: Ministério Público (MP) responsável pela 
elaboração da denúncia; e Juizado Especializado da Infância e Juventude (JI), sendo aquele que 
sentenciam a medidas que será aplicada ao menor infrator. Em breve análise de forma didática 
tentamos analisar o procedimento: 
 
Figura 1. Da apreensão ao Juizado da Infância e Juventude. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: SANTIBANEZ, 2016, p. 27 
 
 35 
Sendo o Ministério Público responsável para elaboração do processo, encaminhará 
o menor infrator para o Juizado da Infância e da Juventude como exemplificado a cima. Após 
será realizado uma audiência admonitória, em que o magistrado analisará os critérios para o 
cumprimento das medidas, estabelecendo se o adolescente deverá cumprir a medida de 
Internação, de liberdade assistida ou de prestação de serviço à comunidade (SANTIBANEZ, 
2016, p.28). 
Se for aplicada a Medida Socioeducativo no meio fechado, o adolescente autor do 
ato infracional é recepcionado por uma equipe de profissionais da Secretaria de Cidadania e 
Trabalho, órgão do poder estatal., no qual encaminhará para um dos centros de internação. No 
entanto, se a medida socioeducativa aplicada é no meio aberto o adolescente será atendido por 
uma equipe de Assistência Social, órgão do poder municipal, no qual encaminhará uma unidade 
de referência na assistência social (CREAS). No município de Goiânia os jovens em 
cumprimento de Liberdade são encaminhados para a Gerência de cumprimento das Medidas 
socioeducativas, na Secretaria Municipal de Assistência Social (SEMAS) para aplicação dessas 
medidas. Sendo esta secretaria responsável pelo monitoramento de LA das três unidades do 
CREAS (Norte, Noroeste e Centro-Sul). 
 
Figura 2. Do Juizado às instituições de cumprimento da medida socioeducativa. 
 
 Fonte: SANTIBANEZ, 2016, p.28 
 
No Estado de Goiás temos uma conjuntura institucional complexo, que é 
considerado precária no funcionamento das instituições. O Estado possui 246 municípios, 
sendo 100 contam com algum CRAS, 10 dispões de Centro de internação, sendo apenas cinco 
que possui juizado especializado. 
 
 
 36 
3.2 TIPOS DE MEDIDAS 
 
3.2.1 Advertência 
 
A advertência se exterioriza no artigo 115 do ECA, prosseguindo aos ditames nos 
seguintes termos: “A advertência consistirá em admoestação verbal, que será reduzida a termo 
e assinada”. 
A advertência é considerada a mais modesta das medidas socioeducativas 
consistindo em admoestação (repreensão) verbal no qual será reduzida a termo e assinada pelo 
Juiz da Infância e da Juventude, pelo Ministério Público, pelo adolescente e seus pais ou 
responsável. Neste ínterim, por se tratar de medida socioeducativa deve aplicada pelo próprio 
juiz da infância e juventude. Este é o entendimento consolidado pelo próprio Supremo Tribunal 
de Justiça previsto no enunciado da súmula 10810 ( FULLER, DEZEM, JÚNIOR, 2012,p.104). 
De acordo com Nogueira (1988, p.176) a advertência por ser considerado um ato 
simples, não necessita obrigatoriamente do devido processo legal, podendo ser realizada de 
forma rápida e precisa pelo Juiz. Nesta vertente, para ser considerado mais prático e econômico 
a admoestação verbal feita pelo Juiz, fosse destinado tanto ao menor quanto aos pais ou 
entidades. À medida que possui a grande responsabilidade sobre o agente infrator do ato. Por 
conseguinte, devendo ser aplicada ao infrator quando este praticar infração leves, posto que, 
dependendo de sua gravidade, existem outras medidas mais apropriadas, no entanto tais 
medidas deverão necessariamente ter um procedimento formal com contraditório. 
 
Qualquer medida a ser aplicado ao menor deve visar, antes de tudo, a sua integração 
a própria família. Por isso, qualquer ato por ele praticado, ainda que configure infração 
penal, deve merecer primeiramente uma advertência na presença do próprio 
responsável (NOGUEIRA,1988, p.169). 
 
Não será necessariamente preciso o acompanhamento posterior ao adolescente, 
uma vez que esta medida esgota em si mesma. No entanto, há necessidade que se registre, 
mediante a lavratura do termo, o ato praticado (ROSSATO; LÉPORE; SANCHES, 2013, 
p.352). 
Para aplicação da advertência, o ECA contenta apenas com a prova da materialidade 
do ato infracional necessitando-se apenas de indícios suficientes sobre a autoria. 
 
10 Súmula 108: "A aplicação de medidassocioeducativas ao adolescente, pela prática de ato infracional, é da 
competência exclusiva do juiz". 
 37 
A advertência apesar de ser considerada a mais branda das medidas não deixa de 
ser importante, uma vez que caberá o Juiz competente da Infância e da Juventude demonstrar 
ao menor infrator que o ato por ele praticado, embora não venha receber uma resposta mais 
branda, seus atos produzem consequências negativas para ele e para toda a sociedade, alertando 
que em sua continuidade poderá ser aplicada penas mais severas (ROSSATO; LÉPORE; 
SANCHES, 2013, p.352). 
 
 
3.2.2 Obrigação de reparar o dano 
 
A Obrigação de reparar o Dano é a segunda medida a ser aplicada prevista no artigo 
112 do ECA, sendo tipificada no seu art. 116, no seguinte termo: 
 
Art. 116. Em se tratando de ato infracional com reflexos patrimoniais, a autoridade 
poderá determinar, se for o caso, que o adolescente restitua a coisa, promova o 
ressarcimento do dano, ou, por outra forma, compense o prejuízo da vítima. 
Parágrafo único. Havendo manifesta impossibilidade, a medida poderá ser substituída 
por outra adequada. 
 
A medida da reparação do dano tem como função pedagógica de criar no menor 
infrator o senso de responsabilidade, consequentemente promover a compensação da vítima, 
restituindo o prejuízo causado pelo infrator, seja pela restituição por sua reparação seja por 
outro meio para que se possa compensar. Trata-se de infrações com reflexos patrimoniais, como 
exemplo, homicídio culposo, delitos em trânsito, falta de habilitação, etc. (LIBERATI, 1993, 
p.80). 
De acordo com Liberati (1993, p.81) a prestação de serviço como forma de 
compensação dos prejuízos causados a vítima só terá validade se o adolescente concordar, não 
admitindo assim o trabalho forçado conforme §2º do art. 112 conforme o Estatuto. 
Dessa feita, diferentemente do item anteriormente estudado, a reparação do Dano 
para que seja aplicada, é imprescindível que haja comprovação da autoria e materialidade da 
infração, não se contendo apenas com indícios de autoria como ocorre na advertência. Essa 
modalidade é considerada como medida por tarefa e não por desenvolvimento, haja vista que 
uma vez reparado o dano causado, não haverá motivos para a continuidade da medida 
(ROSSATO; LÉPORE; SANCHES, 2013, p.353). 
De acordo com LIBERATI (1993, p.83): 
 
 38 
Sendo ás medidas aplicadas apenas aos adolescentes, pois a compensação de prejuízo 
causado por criança terá seu foro comum. Posto isso, que verificamos que a medida 
obrigacional, originada por atos ilícitos, tem seu fundamento primeiro no art.1521, l 
e ll, do CC, quando determina que '' também são considerados responsáveis pela 
reparação civil: l- Os pais que possua a responsabilidade do menor e que se encontra 
em sua companhia; e ll- o tutor ou curador, que também possuir a responsabilidade 
sobre ele. 
Combinado com o disposto acima, o art.156, do mesmo diploma legal determina '' o 
menor, entre 16 e 18 anos, equipara-se ao maior quanto ás obrigações resultantes de 
atos ilícitos, em que for culpado'' 
 
Portanto, quando tratar-se do indivíduo absolutamente inimputável, ou seja, menor 
de 16 (dezesseis) anos, culpado e obrigado a reparar o dano causado, segundo a autora 
responsabilidade dessa compensação caberá exclusivamente, aos pais ou responsável. Acima 
de 16 e abaixo de 18 anos, o adolescente ser solidário com os pais ou responsável quanto ás 
obrigações resultantes dos atos ilícitos por eles praticados (LIBERATI, 1993, p.83). 
No trilhar do entendimento Jurisprudencial direcionou-se a fim de admitir a 
responsabilidade juris tantum dos pai.11No qual reiterou entendimento de ambos os genitores, 
inclusive o que não detém a guarda, são responsáveis Nesse sentido: (REsp 777.327-RS,j. 17-
11-2009).RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PAIS PELOS ATOS ILÍCITOS DE FILHO 
MENOR - PRESUNÇÃO DE CULPA - LEGITIMIDADE PASSIVA, EM SOLIDARIEDADE, 
DO GENITOR QUE NÃO DETÉM A GUARDA - POSSIBILIDADE - NÃO OCORRÊNCIA 
IN CASU - RECURSO ESPECIAL DESPROVIDO. 
 
 
3.2.3 Prestação de serviço à comunidade 
 
A terceira medida a ser aplicada está patenteada no artigo 112 do ECA, segundo o 
que dispõe o art. 117: 
 
Art. 117. A prestação de serviços comunitários consiste na realização de tarefas 
gratuitas de interesse geral, por período não excedente a seis meses, junto a entidades 
assistenciais, hospitais, escolas e outros estabelecimentos congêneres, bem como em 
programas comunitários ou governamentais. Parágrafo único. As tarefas serão 
atribuídas conforme as aptidões do adolescente, devendo ser cumpridas durante 
jornada máxima de oito horas semanais, aos sábados, domingos e feriados ou em dias 
úteis, de modo a não prejudicar a frequência à escola ou à jornada normal de trabalho. 
 
 
11RTJ, 62/108 Ainda que o filho menor púbere seja emancipado, o pai, não obstante, é responsável pela reparação 
do dano por ele causado () 
 39 
Prestação de Serviço à Comunidade consiste no desenvolvimento de tarefas 
gratuitas para benefício geral da sociedade, no qual o agente será responsabilizado para 
prestação de serviço junto a hospitais, escolas, bem como programas comunitários ou 
governamentais (DUPRET, 2015, p.203). 
Insta salientar que as tarefas a serem aplicadas dependerão de cada caso concreto, 
com a finalidade de acordo com a aptidão do próprio adolescente. Ademais, tal medida deve 
ser aplicada e cumprida de maneira que não tenha risco de prejudicar a jornada ou o trabalho 
do agente, a qual serve para ressocialização do menor infrator em frente a sociedade, a fim de 
que a tarefa a ser desenvolvida venha ter um plus socioeducativo e importar a soma de 
conhecimentos e oportunidades. Sendo assim, a prestação de serviços a sociedade deve ser 
expressamente aceita pelo agente, afim de que não caracterize prestação de serviço forçados. 
 
Lembramos ao leitor que a medida em análise não pode ser equivocar-se o descrito 
no Código Penal, pois a prestação de serviços à comunidade segundo o artigo 43 do 
Código Penal possui natureza de pena alternativa, substitutiva da privativa de 
liberdade. No ECA, a prestação de serviço à comunidade é medida socioeducativa 
que somente poderá ser aplicada ao adolescente em conflito com a lei por meio de 
processo judicial pela prática do ato, sendo diretamente aplicada na sentença 
(DUPRET, 2015, p.204). 
 
Conforme Nogueira (1988, p.182) o ideal que a prestação de serviço pudesse ser 
aplicada na proporção que o ato infracional praticado. A título de ilustração, o pichador de 
parede ficaria vinculado a limpá-las o causador de dano repará-los etc. 
Por fim, para que esse tipo de medida seja pleno e eficaz, é indispensável a 
colaboração da sociedade para sua aplicação, porquanto a simples estipulação da medida, sem 
fiscalização, tornaria ineficaz tal medida. 
 
 
3.2.4 Liberdade assistida 
 
A Liberdade Assistida é uma medida que se trata em meio aberto a sendo 
considerado uma das mais graves, posto que, além de restringir direitos, possui o prazo mínimo 
de 6 (seis) meses, podendo, a qualquer tempo, ser prorrogado ou alterado por outra. Não 
obstante o legislador não se ateve a estabelecer qual seria o tempo máximo para efetivação da 
medida, estipulou o prazo máximo para o cumprimento da medida, interpreta-se que poderá ser 
aplicada enquanto o adolescente necessitar da contribuição e orientação. Conforme o que 
preceitua o art. 118 ECA: 
 40 
 
Art. 118. A liberdade assistida será adotada sempre que se afigurar a medida mais 
adequada para o fim de acompanhar, auxiliar e orientar o adolescente. 
§ 1º A autoridade designará pessoa capacitada

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