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AV2 resumo civil

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Defeitos do Negócio Jurídico
A declaração de vontade é elemento principal do negócio jurídico. Para que o negocio existe, é necessário que exista uma manifestação livre e consciente de vontade. Se essa vontade não é a verdadeira, esse negócio esta sujeito a nulidade ou anulação.
Art. 171. Além dos casos expressamente declarados na lei, é anulável o negócio jurídico:
I - por incapacidade relativa do agente;
II - por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra credores.
#Do Erro
O indivíduo engana-se sozinho em relação a uma pessoa, negócio, objeto ou direito. 
Quanto ao objeto: o sujeito compra um lote na planta quando na verdade queria outro.
Quanto à pessoa: o sujeito acha que esta tratando com uma pessoa que não é legitima. Casamento, doação, testamento
Quanto ao negócio: O sujeito acredita estar comprando, mas na verdade esta alugando.
Quanto a qualidade do objeto: o indivíduo acha que esta comprando uma bolsa de couro mas na vdd é de couro sintético.
Quanto ao direito: 
Art. 139. O erro é substancial quando:
I - interessa à natureza do negócio, ao objeto principal da declaração, ou a alguma das qualidades a ele essenciais;
II - concerne à identidade ou à qualidade essencial da pessoa a quem se refira a declaração de vontade, desde que tenha influído nesta de modo relevante;
III - sendo de direito e não implicando recusa à aplicação da lei, for o motivo único ou principal do negócio jurídico.
Como a hipótese do erro é de nulidade relativa, nem sempre será possível desconstituir o negocio jurídico se houver possibilidade de retificação.
Teoria da Actio Nata: o prazo para anulação do negócio é de 04 anos e deve ser contado a partir do efetivo conhecimento do erro.
#Do Dolo
No dolo o indivíduo é levado a erro por maldade de outro. Se esse sujeito tivesse completa noção do que estava se passando, teria agido de outra maneira.
Substancial: permite a anulação e fica caracterizado que o indivíduo só contratou porque foi induzido.
Acidental: o indivíduo contrataria de qualquer forma, mas cai num erro secundário.
Ação: uma conduta que convence o outro
Omissão: uma informação que deveria ter sido levada ao contratante, mas é omitida. Causa de anulação.
Art. 146. O dolo acidental só obriga à satisfação das perdas e danos, e é acidental quando, a seu despeito, o negócio seria realizado, embora por outro modo.
Art. 147. Nos negócios jurídicos bilaterais, o silêncio intencional de uma das partes a respeito de fato ou qualidade que a outra parte haja ignorado, constitui omissão dolosa, provando-se que sem ela o negócio não se teria celebrado.
Dolo Bônus: trata-se de uma conduta lícita. Quando a pessoa exalta todas as qualidades daquele negocio jurídico e omite os defeitos levando o outro a contratar
Dolo Malus: parecido com o bônus, mas a conduta é mentirosa e maliciosa. Enseja em invalidade do negócio e perdas e danos se for acidental.
Dolo recíproco: 2 pessoas atuam dolosamente um com o outro. Um engano o outro. Ambas as partes não poderão reclamar uma da outra. João (corretor) vende a casa de Marcos para Ana com rachadura. Após 1 ano, Ana percebe a rachadura e reclama a ação anulatória contra Marcos, dono da casa. Mas foi João que sabia do problema e vendeu assim mesmo. Cabe anulação e perdas e danos em face de Marcos e João se o dono da casa sabia dessa negociação enganosa e concordou. Mas se Marcos não sabia do engano, o negócio é mantido e Ana exigirá perdas e danos somente contra João.
Art. 148. Pode também ser anulado o negócio jurídico por dolo de terceiro, se a parte a quem aproveite dele tivesse ou devesse ter conhecimento; em caso contrário, ainda que subsista o negócio jurídico, o terceiro responderá por todas as perdas e danos da parte a quem ludibriou.
Art. 150. Se ambas as partes procederem com dolo, nenhuma pode alegá-lo para anular o negócio, ou reclamar indenização.
#Dolo do Representante
O representante pratica negócio jurídico próprio que atinge diretamente a esfera jurídica do representado. Ana possui um terreno que tem 50% de área protegida. João representante de Ana vende esse terreno a Pedro, que desmata o terreno todo. O IBAMA e MP propõem ação e multa contra Pedro. Constatado o vicio de consentimento, o negocio é anulado e será investigada qual modalidade de representação se aplica.
Representação legal: tutor, curador, pais, síndico. Perdas e danos apenas contra o representante.
Representação convencional: procurador. Perdas e danos contra o representante e representado. Culpa in eligendo: má escolha do representante.
Caso Concreto Aula 12
Maria Sofia Silva, analfabeta, recebeu, pelo IDHAB, um imóvel situado na quadra 46, conjunto I, lote 24, do Novo Assentamento, Brazilândia, Distrito Federal. Ainda sem planos para o imóvel, Maria Sofia aceitou proposta de Cecílio Monteiro, que trabalha com corretagem de imóveis e pretendia alugar dela um cômodo que se localizava na parte posterior do lote, à frente do cômodo onde morava Maria Sofia, com o objetivo de transferir para aquele cômodo, um bar que tinha nas proximidades. Cecílio, então, providenciou os documentos e entregou o contrato já redigido a Maria Sofia, que, por não saber ler, apenas assinou o seu nome. Poucos meses depois, uma terceira pessoa, Celita Ribeiro foi até o lote de Maria Sofia a fim de comprá - lo, pois havia recebido proposta de Cecílio. Maria Sofia afirmou, com espanto, que o imóvel era seu e que não estava à venda, e que, além do mais, estava alugado para Cecílio. Celita, advogada, conversou novamente com Cecílio e pediu para ver o título de propriedade do imóvel, ocasião em que descobriu que, na realidade, Maria Sofia havia assinado um contrato de cessão de direitos e uma procuração, transferindo para Cecílio todos os direitos sobre o referido imóvel. Diante desta situação e, com base no Código Civil, analise JUSTIFICADA E FUNDAMENTADAMENTE a possibilidade de anulação do negócio celebrado entre Maria Sofia e Cecílio.
Dolo essencial por ação, pois Cecílio convenceu Maria Sofia de assinar o contrato (obter uma declaração de vontade). E erro essencial quanto o negócio, ela acreditava estar celebrando um negocio, mas na verdade era outro. Prazo de 04 anos a partir do conhecimento do vício.
#Da Coação Moral (Vis Compulsiva)
Vem acompanhada de ameaça psicológica para ceder a algum negocio jurídico que leve o ameaçado a prejuízo. Ameaça atual ou iminente, e séria.
O prazo é contado a partir da cessação da coação. 
Art. 151. A coação, para viciar a declaração da vontade, há de ser tal que incuta ao paciente fundado temor de dano iminente e considerável à sua pessoa, à sua família, ou aos seus bens.
Coação exercida por 3º
A pessoa que ameaça é um indivíduo estranho ao negocio jurídico. A solução é idêntica ao dolo. Se a pessoa que contrata sabia ou não sabia, recebe as conseqüências devidas. O que coage uma pessoa não coage outra. E o que coage se aproveita dos fatos que sabe da vitima. 
Art. 154. Vicia o negócio jurídico a coação exercida por terceiro, se dela tivesse ou devesse ter conhecimento a parte a que aproveite, e esta responderá solidariamente com aquele por perdas e danos.
Respeito obtido através de relações de hierarquia não é coação, só se for abuso (cobrar cheque pra passar aluno)
Art. 153. Não se considera coação a ameaça do exercício normal de um direito, nem o simples temor reverencial.
#Do Estado de Perigo
Exige 3 requisitos para que o interessado requeira a anulação do negócio jurídico
Objetivo: excessiva desproporção entre as obrigações. O magistrado julga o que seria desproporção. 
Subjetivo: contração de negócio muito prejudicial quando estiver comprovado que com o negócio salvará a si ou a sua família (afilhado, amigo íntimo)
Dolo de aproveitamento: a pessoa eu contratou com o sujeito em estado de perigo sabia dessa necessidade e dela tirou proveito
Art. 156. Configura-se o estado de perigo quando alguém, premido da necessidade de salvar-se, ou a pessoa de sua família, de grave dano conhecidopela outra parte, assume obrigação excessivamente onerosa.
Caso Concreto Aula 12
José Roberto sofreu grave acidente de carro e foi imediatamente levado a hospital. Chegando ao hospital, a família de José Roberto foi informada que a cirurgia apenas seria realizada se fosse prestada caução no valor de R$ 50.000,00. Neste caso:
É válida a exigência de caução? 
Não. É conduta criminosa
 prevista
 no art. 137-A 
CP
Art. 135-A.  Exigir cheque-caução, nota promissória ou qualquer garantia, bem como o preenchimento prévio de formulários administrativos, como condição para o atendimento médico-hospitalar emergencial:
b) 
O defeito do negócio e sua potencial anulabilidade confere
 a José Roberto o direito a não pagar as despesas hospitalares? 
Não. 
É estado de perigo, pois o hospital exigiu o cheque sabendo que o indivíduo estava em situação alarmante e 
existe
 uma desproporção entre o serviço e o valor exigido.
 Mas isso não dá direito ao paciente de não pagar o hospital. Ele precisará pagar sim,
 mas o valor justo.
#Da Lesão
Art. 157. Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta.
 Semelhante a teoria do estado de necessidade, deve-se observar o requisito objetivo, se existe uma desproporção entre as prestações e o requisito subjetivo, se existe a premente necessidade de contratar (necessidade de contratar um arquiteto para fazer obra) ou inexperiência. Quando num acordo de contratação de negocio houver um exagero na cobrança pelo serviço, o autor poderá ingressar ao judiciário. Ao ser proposta a ação anulatória, a outra parte evita o desfazimento do negocio e concorda em reduzir o valor. 
Não existe dolo de aproveitamento na LESÃO. Nos casos em tudo indica que seja estado de perigo, mas não é possível configurar dolo de aproveitamento, o caso é LESÃO.
Os valores devem ser observados de acordo com os valores vigentes à época em que foi celebrado o negócio jurídico. Se houver um desequilíbrio superveniente, aquele que foi prejudicado com esse desequilíbrio poderá pedir a revisão do negócio e excepcionalmente a sua extinção.
Art. 478. Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma das partes se tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do contrato. Os efeitos da sentença que a decretar retroagirão à data da citação.
Uma vez caracterizada a lesão, é assegurada a revisão do contrato para evitar o enriquecimento sem causa.
CASO CONCRETO 12
Rogério, em razão da necessidade de custear tratamento médico no exterior para o filho que contraíra grave enfermidade, vendeu a Jorge um apartamento de dois quartos, por R$ 200 mil, enquanto seu valor de mercado correspondia a R$ 400 mil. Jorge não tinha conhecimento da situação de necessidade do alienante e dela não se aproveitara, mas Rogério, após dois meses, com a melhora do filho, refletiu sobre o negócio e, sentindo-se prejudicado, procurou escritório de advocacia para se informar acerca da validade do negócio. Em face dessa situação hipotética, na qualidade de advogado (a) contratado (a) por Rogério, esclareça, com o devido fundamento jurídico, se existe algum vício no negócio celebrado e indique a solução mais adequada para proteger os interesses de seu cliente, APONTANDO A OPÇÃO EXATA:
A pessoa que contratou com o lesado não sabia do tratamento medico, não existe dolo de aproveitamento, então não é possível alegar estado de perigo. É, portanto, lesão.
#Da Fraude contra Credores (art. 158) PRAZO 
Vicio social e não de consentimento, tanto a fraude quanto a simulação. O devedor aliena um bem de sua propriedade com vontade de alienar e se coloca em situação de insolvência ou agrava a situação de insolvência existente. É vicio social, pois coletividade entende como reprovável. O credor ajuíza uma ação contra o devedor e se for descoberta algum negócio jurídico feito após a contração da divida, o credor pode ajuizar outra ação contra o devedor e o terceiro para anular a alienação feita entre os dois. O patrimônio voltará para o devedor para que seja utilizado para saldar as dividas do devedor.
BANCOArt. 158. Os negócios de transmissão gratuita de bens ou remissão de dívida, se os praticar o devedor já insolvente, ou por eles reduzido à insolvência, ainda quando o ignore, poderão ser anulados pelos credores quirografários, como lesivos dos seus direitos.
Ana
Financeira
JOÃO
(DEVEDOR)
João deve ao banco e a financeira, mas alienou bens para Ana. Nesse caso, cabe Ação Pauliana (ou revocatória). Essa ação é movida pelos credores para anular negócios jurídicos feitos pelo insolvente, o patrimônio volta ao devedor e poderá ser usado para saldar suas dívidas. Essa ação só pode ser proposta por quem já era credor quando o devedor contraiu negócios jurídicos com terceiros (o indivíduo já tinha divida quando fez alienou bens). 
§ 2o Só os credores que já o eram ao tempo daqueles atos podem pleitear a anulação deles.
Para que a ação Pauliana seja proposta, é necessário verificar se a alienação foi feita a título oneroso ou gratuito.
→ Se a alienação foi feita a titulo oneroso...
O adquirente sairá no prejuízo, pois não conseguirá reaver o valor dispensado no negocio, uma vez que o desfazimento do negocio aconteceu por decreto judicial. Se o adquirente agiu de boa-fé, ou seja, ele não sabia que adquiriu um bem de alguém insolvente, a Ação Pauliana será improcedente. Maaaaaaas, se ficar provado que o adquirente sabia da situação de dívidas do sujeito (era amigo íntimo, irmão, ou o valor da transação foi feito muito abaixo do mercado), a Ação Pauliana será procedente e o adquirente passará a ser credor também, junto com o autor da ação e outros credores. Se o adquirente fez negócio, mas ainda não tinha começado a pagar pelo bem adquirido, ele depositará o pagamento em conta judicial (valor de mercado!!! O carro era 40 mil, ele comprou por 20 mil, terá que depositar os 40 mil, que é o valor de mercado), e o valor será usado para saldar as dividas e manterá seu negocio. 
→ Se a alienação foi feita a título gratuito...
Eventus damni → Se a alienação foi uma doação, a ação Pauliana será acolhida se proposta dentro do prazo (4 anos), e o adquirente não terá qualquer tipo de prejuízo (ele ganhou, não pagou nada por aquele bem). Justamente por isso pouco importa se o adquirente agiu de má ou boa-fé, ele só terá deixará de ganhar algum bem patrimonial. 
Credor Quirografário
Quando o credor exige uma garantia ao devedor, ele não tem porque ajuizar uma ação Pauliana, basta somente executar aquela garantia. Se o bem entregue como garantia não for suficiente para saldar a divida, o credor passa a ser quirografário. Ou seja, ele não tem a garantia do pagamento da divida e se torna legítimo para ajuizar a ação Pauliana. 
Art. 158. Os negócios de transmissão gratuita de bens ou remissão de dívida, se os praticar o devedor já insolvente, ou por eles reduzido à insolvência, ainda quando o ignore, poderão ser anulados pelos credores quirografários, como lesivos dos seus direitos.
Quem pode ajuizar a ação?
Aquele que se tornou credor antes da alienação ser concretizada. Se os débitos foram realizados em 2015 e em 2016 a alienação foi feita comprometendo o pagamento anterior o credor pode ajuizar a ação Pauliana. É fraude se o devedor antecipa o pagamento de um dos credores ou oferece uma garantia apenas a um, colocando os credores em desigualdade 
Para caracterizar a fraude, é necessário observar 2 requisitos:
Objetivo → Eventus Damni → a alienação realizada compromete o pagamento dos credores e deve estar provado em toda a ação Pauliana, já que o ser humano é livre para alienar seus bens.
Subjetivo → Consilium Fraudis → O alienante sabia da situação trágica de dívidas do devedor e o devedor sabe que se alienar vai causar prejuízo ao credor, e mesmo assim negociam. Aexceção ao conluio é a doação, perdão de dívidas antecipadas.
Negócios que não podem ser alcançados pela Ação Pauliana
Art. 164. Presumem-se, porém, de boa-fé e valem os negócios ordinários indispensáveis à manutenção de estabelecimento mercantil, rural, ou industrial, ou à subsistência do devedor e de sua família.

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